Hueder Paulo Moisés de Oliveira
hueder.paulo@ufabc.edu.br
BC0102: ESTRUTURA DA MATÉRIA
DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA
Calendário
Semana Aulas expositivas 1
07/06 • Introdução ao curso (Informações sobre provas, conceitos); • Macro ao micro; • Teoria atômica. 2 11/06 14/06
• Teoria atômica (continuação).
• Hipótese atômica;
• Equações químicas;
• Substâncias químicas.
3
Calendário
3
Semana Aulas expositivas 4 25/06 28/06 • Evidências do elétron. • Revisão de ondas; • Radioatividade; • Modelos atômicos. 5 05/07 • Dualidade onda-partícula; • Função de onda;
Calendário
Semana Aulas expositivas 6
09/07
12/07
• Orbitais atômicos;
• Spin do elétron, princípio da exclusão de Pauli e regras de seleção; • Prova 1 7 19/07 • Átomos multi-eletrônicos; • Distribuição eletrônica; • Tabela periódica. 8
Calendário
5
Semana Aulas expositivas 9
02/08 • Ligações Químicas (Parte II): TLV e TOM.
10 06/08 09/08 • Prova 2 • Prova Substitutiva 11 16/08 • REC
Revisão Espectro do Corpo Negro
Um corpo negro absorve toda a radiação incidente, então não pode ser visualizado (daí o nome). Eles emitem radiação permitindo determinar sua temperatura.
Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887)
1861: Lei da emissão de radiação térmica
1. Um objeto sólido aquecido produz luz com espectro contínuo;
2. Um gás ténue produz luz com linhas espectrais em comprimentos de onda discretos que dependem da composição química do gás;
3. Um objeto sólido a alta temperatura rodeado de um gás ténue a temperaturas inferiores produz luz num espectro contínuo com vazios em comprimentos de onda discretos cujas posições dependem da composição química do gás.
7
Revisão Espectro do Corpo Negro
1899: Corpo negro e distribuição espectral
Todos os corpos negros emitem, a uma mesma temperatura, o mesmo espectro de radiação.
i. Como aumento da temperatura há um deslocamento para menores comprimentos de onda ou maiores frequências de radiação.
c
ii. A distribuição da radiação fica cada vez mais concentrada em radiação de alta potência, para cada vez menores
Revisão Espectro do Corpo Negro
1900-1905: Lei de Rayleigh
‐Jeans
A lei falha em descrever comprimentos de ondas
“menores” e para temperaturas altas,
frequentemente da região do UV.
Quanto mais experimentos são realizados, mas desvios são encontrados entre os dados observados e os previstos pelas Leis
9
Revisão Espectro do Corpo Negro
1900: Teoria Quântica
Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) Nobel (Física): 1918
A teoria clássica prevê que a energia média é independente da frequência da radiação.
Analisando os resultados experimentais relacionados à radiação do corpo negro, Planck chegou à conclusão que a energia média das ondas emitidas pela radiação era uma função da frequência desta radiação, ou do seu respectivo comprimento de onda
“Como e de emissão são dependentes de temperaturas específicas, a variação da energia (ΔE) deve ter comportamento discreto e não contínuo.” máximo
máximo 340,1,2,3,...
6,626 10
E
E
nh
n
h
J s
Mas e a natureza da
matéria e das
partículas?
Fatos que a Física Clássica não podia explicar
A.
A estrutura do átomo (por que o elétron não “cai” no
núcleo?);
B.
Observação de linhas nos espectros atômicos;
C.
Espectro do corpo negro;
1887: Efeito Fotoelétrico
Efeito Fotoelétrico
11 Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894)Superfície metálica emite elétrons devido à incidência de radiação eletromagnética.
Efeito Fotoelétrico
Resultados:
Nenhum elétron é ejetado até que a radiação tenha uma frequência acima de radiação tenha uma frequência acima de um valor característico do metal;
Elétrons são ejetados imediatamente, por mais baixa que seja a intensidade de radiação;
A energia cinética dos elétrons ejetados varia linearmente com a frequência de radiação incidente.
13
Há três aspectos principais do efeito
fotoelétrico que
NÃO
podem ser
explicados em termos da teoria
ondulatória clássica da luz...
...Primeiro Aspecto:
Previsão da teoria clássica:
A energia cinética dos elétrons
emitidos deveria aumentar com a intensidade da luz (ou seja, em
função da amplitude do campo elétrico oscilante).
amplitude
Observação experimental:
A energia cinética máxima dos
elétrons emitidos não depende da intensidade da luz.
...Segundo Aspecto:
Efeito Fotoelétrico
15
Previsão da teoria clássica:
O efeito fotoelétrico deveria ocorrer
para qualquer frequência da luz, desde que ela fosse intensa o
suficiente para fornecer a energia necessária para ejetar elétrons.
Observação experimental:
Para cada material, existe uma
frequência mínima
0abaixo da qual o efeito fotoelétrico não
acontece, independente da intensidade da luz.
e n e rg ia cin é tica má x im a do s elé tron s ej eta do s
...Terceiro Aspecto:
Efeito Fotoelétrico
Previsão da teoria clássica:
Se a intensidade da luz incidente é
baixa, deve haver um intervalo de tempo mensurável durante o
qual o elétron
“acumula” a energia recebida até atingir o valor da
energia necessária para ser ejetado.
Observação experimental:
Nenhum retardamento detectável
jamais foi medido, a emissão do elétron é praticamente
instantânea mediante incidência de radiação luminosa.
1905: Interpretação de Einstein: Primórdios da
Física Quântica
A luz é formada por um conjunto de pequenas partículas chamadas “fótons”;
Cada fóton carrega uma quantidade definida de energia que é diretamente proporcional à frequência da luz. A energia é transportada em “pacotes”, ou seja, em
quantidades discretas.
E = h (h é a constante de Planck)
A energia transportada por um fóton individualmente não depende da intensidade e sim da frequência. A intensidade está relacionada apenas ao número total de fótons. 17
Efeito Fotoelétrico
Albert Einstein (1879-1955) Nobel (Física): 1921 h = 6,626 ×10−34 J·s = 4,14 ×10−15 eV·s 1 eV = 1,60 × 10-19 JInterpretação de Einstein
I.
A energia absorvida por um elétron individual no metal
provém da colisão com um fóton;
II.
O elétron será ejetado apenas se o
pacote de energia
transportado pelo fóton (h
)
for superior à
energia
necessária para ejetar o elétron, a chamada função
trabalho (
ϕ
0)
;
III.
A diferença entre os dois valores é convertida em
energia cinética dos elétrons ejetados (K
max).
K
max
= h
-
ϕ
0
h
=
ϕ
K
max
= h
-
ϕ
0
=
0=
ϕ
0/h
K
max
h
0
=
ϕ
0
0
coeficiente angular
da reta: h
19Efeito Fotoelétrico
Interpretação de Einstein
Função trabalho de alguns metais
Metal Função trabalho (eV) Sódio 2,36 Alumínio 4,06 - 4,26 Chumbo 4,25 Zinco 3,63 - 4,90 Ferro 4,67 - 4,81 Cobre 4,53 - 5,10 Prata 4,52 - 4,74 Níquel 5,04 - 5,35 Ouro 5,10 – 5,47
Efeito Fotoelétrico
1 eV = 1,60 × 10-19 J Dobrando a intensidade (I), o número de elétrons ejetados dobra, mas sua energia cinética não muda.
K
max= h
-
ϕ
0
K
max 0
corr
ente elétrica
0I
1> I
2> I
3I
1I
2I
3I
1I
2I
3Efeito Fotoelétrico
Interpretação de Einstein
21Considerações de Einstein (Nobel 1921)
h
elétrons
Analogia: bola em um buraco.
Energia Cinética da Bola = Energia do chute – mgh.
Quanto mais forte o chute, maior a probabilidade da bola sair. O chute deve ter uma energia mínima para que a bola saia!
Chutes sem
“energia suficiente” chute “bem-sucedido”
Equação de Einstein
Φ = função trabalho
(energia necessária para
“arrancar” o elétron)
característica do material
h
eV
mv
0 max 22
1
Energia cinética do elétron Potencial de frenamento“chute”
Efeito Fotoelétrico
Considerações de Einstein (Nobel 1921)
23
No metal temos:
Dentro do
metal
En
ergi
a
Po
tentia
l
do el
étron
Função trabalho (
)
Elétrons - precisam do “empurrão” mínimo
Elétrons fortemente ligados,
precisam de muita energia
fora do metal
25
Efeito Fotoelétrico
Clinton Joseph Davisson (1881-1958) Nobel (Física): 1937 Lester Halbert Germer (1896-1971)
Difração de Elétrons
1927: Experimentos de Davisson e Germer
A radiação eletromagnética consiste de fótons que se
comportam como
partículas
.
Ex.:
efeito fotoelétrico
;
A radiação eletromeganética é composta de
ondas
.
Ex.:
difração da luz
.
27
Como conciliar as duas visões?
Afinal, a luz é uma partícula ou uma
onda?
Dualidade Onda-Partícula
A propagação da luz entre dois pontos pode
ser descrita tratando-a como uma onda.
A interação da luz com a matéria pode ser
descrita tratando-a como partícula.
29 Louis V. P. R. de Broglie (1892-1987) Nobel (Física): 1929
Dualidade Onda-Partícula para o Elétron
“O elétron apresenta característica DUAL, ou seja, comporta-se como matéria e energia sendo uma partícula-onda.”
“Devido ao fato de o comportamento atômico ser tão diferente da experiência comum, é muito difícil se
acostumar a ele, e ele parece peculiar e misterioso para todos - tanto para o novato como para o físico experiente.” “Até mesmo os especialistas não o compreendem da forma como gostariam, e é perfeitamente razoável que não
devam, porque toda a experiência direta e intuição humanas se aplicam a objetos grandes.”
“Sabemos como objetos grandes atuarão, mas as coisas em pequena escala simplesmente não agem desta forma. Então temos que aprender sobre elas de um modo
abstrato ou imaginativo, e não pela conexão com a nossa experiência direta.”
Richard Feynman
Dualidade Onda-Partícula para o Elétron
Richard Philips Feynman (1918-1988) Nobel (Física): 1965
Experimento da dupla fenda com projéteis
Um experimento imaginário…
Feynman, R. P. The Feynman Lectures on Physics: Quantum Mechanics, cap. 1
31
I. Os projéteis chegam ao detector em unidades (“pacotes”) iguais; II. As balas que atravessam as fendas 1 e 2 podem atingir o
anteparo em diferentes posições x. A probabilidade de que uma bala atravesse as fendas 1 ou 2 e se aloje numa posição x do anteparo é dada por P1 ou P2, respectivamente;
III. O resultado do experimento feito com ambas as fendas abertas (P12) é igual à soma dos resultados experimentais obtidos quando cada uma das fendas isoladamente está aberta:
P
12
= P
1
+ P
2
NÃO É UM FENÔMENO DE INTERFERÊNCIA
Dualidade Onda-Partícula para a Matéria
Experimento da dupla fenda com projéteis
Experimento da dupla fenda com ondas
FONTE DA ONDA
DETECTOR
BARREIRA ANTEPARO
Feynman, R. P. The Feynman Lectures on Physics: Quantum Mechanics, cap. 1
Um experimento imaginário…
33
I. A intensidade das ondas pode ter qualquer valor, ou seja, elas não chegam ao detector como “pacotes”;
II. Ondas sofrem difração nas fendas, produzindo no anteparo um padrão de franjas conhecido como padrão de difração;
III. A distribuição de intensidades com ambas as fendas abertas não coincide com a soma dos resultados obtidos com apenas uma fenda aberta devido à existência de regiões com interferência construtiva e outras com interferência destrutiva:
I
12
≠ I
1
+ I
2
É UM FENÔMENO DE INTERFERÊNCIA
Dualidade Onda-Partícula para a Matéria
Experimento da dupla fenda com ondas
Experimento da dupla fenda com elétrons
FONTE DE ELÉTRONS
DETECTOR
BARREIRA ANTEPARO
Feynman, R. P. The Feynman Lectures on Physics: Quantum Mechanics, cap. 1
35 Um experimento imaginário…
Exemplo
Calcule o comprimento de onda da “partícula” nos seguintes casos:
(a) O serviço mais rápido no jogo de tênis é cerca de 68 m/s. Calcule o comprimento de onda associado a uma bola de tênis que pesa 6,0 x 10-2 kg movendo-se a essa velocidade.
(b) Calcule o comprimento de onda de um elétron (9,1094 x 10-31 kg) que se move à velocidade de 68 m/s.
mv
h
h = constante de Planck = 6,626 x 10-34 J.s (=m2 kg/s)
m
10
6
,
1
ms
68
)
kg
10
0
,
6
(
Js
10
63
,
6
34
1
2
34
x
mv
h
(a)Tamanho do átomo
(1 x 10
-10m)
37Dualidade Onda-Partícula para a Matéria
Resolução:
m
10
1
,
1
ms
68
)
kg
10
1094
,
9
(
Js
10
63
,
6
5
1
31
34
mv
h
(b)Infra-vermelho
(mensurável)
Dualidade Onda-Partícula para a Matéria
Resolução:
Tamanho do átomo
(1 x 10
-10m)
O padrão de interferência gerado por um corpo grande como uma bola ou um projétil teria franjas tão finas e próximas umas das outras, que não mais poderiam ser distinguidas pelo detector. O detector registraria uma curva „suave“ resultante da média entre diversas franjas.
39
Dualidade Onda-Partícula para a Matéria
Mas... a descoberta das propriedades ondulatórias da matéria levantou algumas questões novas e interessantes sobre a física clássica...
Caráter Determinístico da Física Clássica
Exemplo: bola descendo uma rampa:
Sabendo a posição e o momento iniciais, bem como as forças que atuam no sistema, podemos calcular (prever) com grande exatidão por meio das leis de Newton a posição e o momento em qualquer instante
t.
v (0)
v (t)
Não se pode definir a localização precisa de uma onda porque ela se estende no espaço.
Caráter Probabilístico da Física Quântica
Uma forma de “restringir” a onda a uma região do espaço e assim conhecer a sua posição com mais precisão é somar ondas de comprimentos de onda () diferentes. Se o número de ondas somadas for suficientemente grande, teremos um pacote de ondas.
Superposição de Ondas
comprimentos de onda ligeiramente
diferentes
Como está relacionado ao momento (p = mv) e como somamos diversos valores de diferentes, o valor do momento torna-se menos preciso.
43
1927: Princípio da Incerteza
Werner Karl Heisenberg (1901-1976) Nobel (Física): 1932 Não podemos determinar exatamente a posição e a
quantidade de movimento simultaneamente. Ou seja, se quisermos estudar uma partícula desta natureza em movimento, teremos sempre uma incerteza associada à medida:
4
x
h
x p
: incerteza na posição da partícula
: incerteza na quantidade de movimento (velocidade) da partícula
: constante de Planck
xx
p
h
x
x p
h
1928: Princípio da Complementariedade
45 “Se um experimento prova o caráter corpuscular da
radiação ou matéria, não será possível, com as mesmas condições provar o caráter ondulatório da mesma.”
Niels Henrick David Bohr (1885-1962) Nobel (Física): 1922
“There is no quantum world. There is only an abstract physical description. It is wrong to think that the task of physics is to find out how nature is. Physics concerns what we can say about nature...”
Niels Bohr
“Everything we call real is made of things that cannot be regarded as real. “
Niels Bohr
Caráter Probabilístico da Física Quântica
Conclusão, não é apropriado imaginar o elétron
movendo-se ao redor do núcleo em órbita bem definida.
34 9 31 4
.
4
(6,626 10
J s)
1 10 m
4
4 (9,11 10 kg)(5 10 m/s)
h
x mv
h
x
m v
Diâmetro médio de um átomo de hidrogênio (2 x 10-10 m)
Cálculo da incerteza na posição de um elétron do átomo de
hidrogênio (m = 9,11 x 10
-31kg) movendo-se a 5 x 10
6m/s
supondo , incerteza de 1% (Δv = 5 x 10
4m/s)
Caráter Probabilístico da Física Quântica
Exemplo:
Orbital
- zona em torno do núcleo onde é elevada a
probabilidade de se encontrar um elétron de uma
dada energia.
47
Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (1887-1961) Nobel (Física): 1933
Estudo do comportamento e das leis do movimento para
partículas microscópicas.
ANTECEDENTES:
Teoria da quantização da energia (Max Planck) e efeito fotoelétrico (Einstein): E = h
Dualidade onda-partícula (L.de Broglie): = h/p Principio de incerteza (Heisenberg):
x
h
ΔxΔp
4
Mecânica Quântica
Modelo Mecânico-Quântico do Átomo
Bohr
contribuiu
significativamente
para
nossa
compreensão dos átomos, e sua proposta de que
energia de um elétron em um átomo é quantizada
permanece válida. Entretanto, não fornece uma
descrição completa do comportamento eletrônico nos
átomos;
Devido ao Princípio da Incerteza, não é apropriado
imaginar o elétron movendo-se ao redor do núcleo numa
órbita bem definida, do modo como propunha o modelo
de Bohr;
O trabalho de Schrödinger forneceu uma descrição mais
apropriada do átomo em termos da mecânica quântica.
É o modelo atômico atualmente aceito e que veremos a
Equação de Schrödinger
Schrödinger propõe uma equação que incorpora tanto o
comportamento
ondulatório
como o
corpuscular
para o
elétron. A equação de Schrödinger é a base da Mecânica
Quântica assim como as equações de Newton são a base da
Mecânica Clássica.
E
H
ˆ
ψ(x,y,z): função de onda:
representa a onda associada ao
elétron e descreve o estado do elétron.
E:
energia total do elétron.
Operador hamiltoniano
Leva em consideração a energia cinética (T) e a energia potencial (V) do elétron:
Equação de Schrödinger
51
µ : massa reduzida;
e : massa do elétron;
ε0 : constante dielétrico do meio;
r : distância entre os elétrons.
1
2
12
1
2
m m
m
m
Operador Laplaciano Pierre-Simon Laplace (1749-1827)
2 2 2 2 2 2 2u
u
u
u
u
u
x
y
z
2
h
Operador hamiltoniano
A equação de Schrödinger é uma equação de conservação de energia. Ela leva em consideração o comportamento corpuscular, em termos de massa (m) e o comportamento ondulatório, em termo da função de onda (ψ).
E
H
ˆ
Equação de Schrödinger
número imaginárioSignificado físico da função de onda
ψ não tem significado físico
ψ2 densidade de probabilidade de encontrar um elétron em função da posição x
Equação de Schrödinger
Equação de Schrödinger
A seguir, mostraremos
qualitativamente algumas
previsões da Mecânica Quântica
para alguns casos simples
envolvendo partículas como o
elétron. As mesmas idéias serão
ampliadas para o átomo de
hidrogênio.
55
Uma onda estacionária é aquela em que a crista, ou a
posição de maior amplitude não se move. Da mesma
forma, pontos em que a amplitude é nula, conhecidos
como nós, não se movem;
Um exemplo de onde isso ocorre é numa corda de
violão. A corda está presa nas extremidades e, ao ser
tocada, vibra de acordo com um modo de vibração. Se
não houvesse atrito com o ar, ela vibraria
indefinidamente. Como há esse contato com o ar,
ouvimos um som de freqüência igual à da vibração.
Modos de Vibração numa Onda Unidimensional
n
L
para n = 1, 2, 3 …
2
L
2
2
L
2
3
L
2
4
L
primeiro harmônico
segundo harmônico
terceiro harmônico
quarto harmônico
O comprimento de onda de uma onda estacionária numa
corda depende do comprimento da corda e e do número
de ventres. A onda estacionária pode ter apenas alguns
valores específicos de
, que são dados por:
Modos de Vibração numa Onda Unidimensional
•
Vamos supor que um elétron esteja confinado em uma
caixa;
•
De acordo com a mecânica clássica, o elétron poderia
ter qualquer valor de energia (no caso, energia cinética);
•
Tratando o elétron como uma partícula-onda, veremos
que surge um resultado bem diferente...
Por que Estudar o Problema do “Elétron numa Caixa”???
A caixa significa que o movimento do elétron está restrito a uma
porção do espaço que chamamos de poço de potencial. No
átomo de hidrogênio, o potencial que “restringe” o movimento do
elétron e impede-o de escapar é o potencial coulombico. O
problema do hidrogênio é bem mais complexo que o do elétron
na caixa, mas os dois problemas têm algumas similaridades.
0
-∞
E
POTpoço de potencial
potencial de Coulomb
Tratando o elétron como
onda,
temos
o
mesmo
problema da corda de violão.
Devido à impossibilidade da
partícula estar fora do poço,
afirmamos que a função de
onda é nula no exterior. No
interior do poço, formam-se
ondas estacionárias.
Elétron Confinado numa Caixa (Poço de Potencial)
612
2 2
2 2
2
2
2
2
Como
2
Como
2
8
8
h
h
v
mv
m
L
hn
v
n
m L
mv
mh n
h n
E
E
m L
mL
No confinamento unidimensional (onda numa
corda), a energia possível do estado estacionário
depende do
número quântico
n!
E = E
nf
-E
ni
= h
Energia do fóton emitido por
Orbital: densidade de probabilidade de se encontrar o elétron
O modelo da mecânica quântica
não se refere a órbitas porque o
movimento do elétron em um
átomo não pode ser medido ou
localizado
com
precisão
(princípio
da
incerteza
de
Heisenberg).
Órbita ou camada (modelo de Bohr) Orbital (modelo da mecânica
quântica)
=
63
Orbitais Atômicos
a.
Vamos
supor
um
sistema com um próton
e um elétron;
b.
O próton cria uma
armadilha
para
o
elétron,
mantendo-o
confinado;
c.
Qualquer
tipo
de
confinamento faz surgir
estados estacionários.
Orbitais Atômicos
65 Representam os estados estacionários dos elétrons
ligados ao átomo e definem a região no espaço (3D), na qual é distribuida a probabilidade de se encontrar estes elétrons após ser realizada uma medida.
Jalaladim Maomé Rumi (1207-1273)
Look at me as many times as you wish, but you won’t get to know me! Since you have last seen me,
I’ve changed a hundred times!
n está associado a energia do elétron e define a sua
“proximidade” do núcleo
l está associado ao momento angular do elétron e
define o “tipo” de forma do orbital
m
lestá associado à projeção do momento angular
(número quântico magnético) do elétron e define a
“orientação” do orbital no espaço.
Orbitais Atômicos
Está relacionado à distância
média entre o elétron e o
núcleo,
ou
seja,
ao
“tamanho” do orbital;
Quanto maior for n, maior a
distância média entre o
elétron e o núcleo, portanto
menor será a força que
“prende” o elétron ao átomo;
Portanto, n indica o
NÍVEL
ELETRÔNICO
.
,...
3
,
2
,
1
n
67Número quântico principal (n)
No caso do átomo de hidrogênio, n está diretamente relacionado aos níveis de energia do elétron:
,...
3
,
2
,
1
2 H
n
n
hcR
E
nestados
excitados
estado
ionização
Número quântico principal (n)
Está relacionado ao formato do orbital;
l indica o
SUBNÍVEL ELETRÔNICO
;
O número de subníveis em cada nível é dado por:
1
,...,
2
,
1
,
0
n
l
0
1
2
3
s
p
d
f
l
nome do
subnível
69Número quântico angular (l)
Orbitais s
Orbitais Atômicos
Orbitais p
71
Orbitais Atômicos
Orbitais d
Orbitais Atômicos
Orbitais f
73
http://falstad.com/qmatom/
Está relacionado à orientação espacial do orbital dentro de
um determinado subnível;
Os orbitais individuais que compõe um determinado
subnível são dados por:
l
l
l
l
m
l
,
1
,
2
,...,
Exemplo:
se l = 1 (subnível p),
há 3 valores de m (+1,-1,0) e
portanto 3 orbitais (p
x, p
y, p
z).
Número quântico magnético (m
l)
níveis
subníveis
orbitais
75
Orbitais Atômicos
Exercícios
1) Quantos orbitais há no nível n = 2?
2) Quantos orbitais há no nível n = 4?
3) Um elétron num átomo de hidrogênio está num estado em
que n = 4 e l = 2. Em qual tipo de orbital está o elétron?
Lembrando que...
1
,...,
2
,
1
,
0
n
l
l
l
l
l
m
l
,
1
,
2
,...,
77Orbitais Atômicos
De acordo com a Mecânica
Quântica, o elétron possui dois
estados de spin diferentes;
O
spin
do
elétron
está
relacionado ao seu momento
angular (rotação em torno do
próprio eixo);
Cargas
em
rotação
geram
campo magnético, portanto os
elétrons responderão de forma
diferente à aplicação de um
campo magnético, dependendo
Número quântico do spin do elétron (m
s)
79
Número quântico do spin do elétron (m
s)
O conjunto de número quânticos associados a um elétron pode ser entedido como um “endereço”. Devido a característica dos elétrons, que são férmions, não existem dois eletrons no Universo que ocupem exatamente os mesmos números quânticos.
Por se tratar de um problema em 3
dimensões, teremos 3 números
quânticos associados aos estados
estacionários;
Os números quânticos do problema
da partícula na caixa estavam
associados
às
3
direções
cartesianas.
O
problema
do
hidrogênio possui uma simetria
diferente (simetria esférica), e o
tratamento matemático requer uma
transformação
de
coordenadas
cartesianas
para
coordenadas
esféricas. Isso faz com que cada
número
quântico
tenha
um
significado especial, como veremos
a seguir.
Coordenadas
Esféricas Polares
Átomo de Hidrogênio
83
Átomo de Hidrogênio
A equação de onda Schrödinger em três dimensões introduz três números que quantizam a energia:
A mesma energia pode ser obtida para diferentes conjuntos de números quânticos.
Um estado quântico é dito degenerado quando existe mais de uma função de onda para uma dada energia.
Degenerescência resulta de propriedades particulares da função de energia potencial que descreve o sistema. Uma perturbação na energia potencial pode remover esta degenerescência.
)
(
8
2 2 2 2 ,n x y nn
n
mL
h
E
y x
E
= E
Átomo de Hidrogênio
Estados degenerados
Elétron numa caixa bidimensional
No confinamento 2D, os estados estacionários dependem de 2 números quânticos (n , l) em função de três coordenadas espaciais (px , py , pz).
Exemplo: onda numa membrana (p. ex. na superfície de um tambor)
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Átomo de Hidrogênio
No confinamento 3D, os estados estacionários dependem de 3 números quânticos (n , l , ml) em função de três coordenadas espaciais (px , py , pz).
Elétron numa caixa tridimensional
p : operador do momento.
Assim, a equação de onda de Schrödinger tridimensional fica:
Átomo de Hidrogênio
Elétron numa caixa tridimensional
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Átomo de Hidrogênio
Se a caixa é um cubo:
Mais de uma função de onda podem ter a mesma energia (estados degenerados).
Elétron numa caixa tridimensional
A verificação experimental sobre a existência de estados estacionários no átomo de hidrogênio é através de experimentos de espectroscopia. Neles, átomos de hidrogênio absorvem ou emitem fótons cuja energia é igual a diferença entre os níveis.
Espectroscopia
Átomo de Hidrogênio
Espectroscopia
Estrutura do Átomo de Hidrogênio
Estado fundamental: n = 1 l = 0 m
l= 0
Primeiro estado excitado: n = 2 l = 0 m
l= 0
ou
n = 2 l = 1 m
l= 0,
±1
(todos com a mesma energia)
Ionização: H
→ H
++ e
-+ energia
+ energia
+ energia
+ energia
91 Elétrons em átomos multieletrônicos ocupam orbitais semelhantes aos do hidrogênio, porém suas energias são diferentes;
O núcleo de um átomo multieletrônico possui carga mais alta que a de um núcleo de hidrogênio, portanto atrai os elétrons mais fortemente, diminuindo sua energia;
Num átomo multieletrônico, os elétrons se repelem, o que aumenta sua energia.
Estrutura de Átomos Multieletrônicos
Energia cinetica dos elétrons Interações de Coulomb Interação – – e– Interação – – núcleo Interação núcleo – núcleo Energia cinética do núcleo Interações de Coulomb
Princípio da Construção
No
estado
fundamental
de
um
átomo
multieletrônico, os elétrons tendem a ocupar
preferencialmente os orbitais de menor energia. O
número máximo de elétrons que pode ocupar um
orbital é limitado de acordo com o
Princípio da
Exclusão de Pauli:
Energias relativas dos orbitais atômicos
93
Wolfgang Ernst Pauli (1900-1958) Nobel (Física): 1945
Estrutura de Átomos Multieletrônicos
“Dois elétrons de um mesmo átomo não
podem ter os quatros números quânticos
iguais.”
Princípio da exclusão de Pauli
i.
Cada
orbital
pode
ser
ocupado por no máximo dois
elétrons;
ii.
Quando dois elétrons ocupam
o mesmo orbital, seus spins
devem estar emparelhados.
emparelhados (
)
desemparelhados (
ou
)
m
S= + ½
m
S= - ½
Estrutura de Átomos Multieletrônicos
Distribuição eletrônica
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Estrutura de Átomos Multieletrônicos
Princípio da Construção
Se diversos orbitais com a mesma energia estão disponíveis, a configuração eletrônica segue a Regra de Hund: “Se um subnível contém mais de um orbital, os elétrons ocuparão orbitais vazios antes de se emparelharem em um deles. Na ausência de campo magnético, as energias de orbitais pertencentes ao mesmo subnível são iguais.”
Friedrich Hermann Hund (1896-1997)
Estrutura de Átomos Multieletrônicos
Distribuição eletrônica
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