A PROTEÇÃO
SOCIOASSISTENCIAL PARA
USUÁRIOS DE CRACK E
OUTRAS DROGAS E SUAS
FAMÍLIAS: OS DESAFIOS DA
Título:
A Proteção Socioassistencial
para Usuários de Crack e Outras
Drogas e suas Famílias: Os
Desafios da Intersetorialidade
Linha Temática: Assistência Social - A Política de
Assistência Social no Contexto do CRACK -
Potencialidades de Resposta, Desafios e Limites
Proponente: Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará – IFCE/Campus Iguatu
Endereço: Rodovia Iguatu - Várzea Alegre, Km 05, Iguatu/CE, Brasil. CEP: 63.500-000
COORDENAÇÃO
Profa. Me. Cynthia Studart Albuquerque
Prof. Me. André de Menezes Gonçalves
Pesquisadores Bolsistas (Serviço Social)
Ÿ
Ailton Alves Silva
Ÿ
Andressa de Oliveira Gregório
Ÿ
Italo Leonardo Pinheiro Jeronimo
ŸKamila Silva Pires
Ÿ
Leandro Sobral de Lima
Ÿ
Sandy Andreza de Lavor Araújo
Pesquisadores Colaboradores (
Serviço Social)
Ÿ
Marilia Bezerra Rodrigues
ŸMaria Wiliana Alves Lucas
ŸRai Vieira Soares
Ÿ
Samilly Elise de Souza Silva
ŸWanessa Maria Brandão
Município de Iguatu (CE):
Ÿ Médio Porte
Ÿ População: 96.495 habitantes (IBGE
2010)
Ÿ Projeção da população 2014: 100.733
habi-tantes (IBGE)
Ÿ IDH-M: 0,677 (IBGE 2010)
Ÿ Índice GINI: 0,522 (ODM 2015)
Ÿ Média de pessoas por domicílio: 3,35
(IBGE 2010)
Ÿ Famílias no CADÚNICO: 19.214 (MDS
2014)
Ÿ Famílias no Bolsa Família: 11.955 (MDS,
janeiro de 2015)
Ÿ Famílias em situação de extrema
A pesquisa teve como OBJETIVOS:
Ÿ Traçar diagnóstico situacional do município para
identificação das incidências dos riscos e vulne-rabilidades sociais relacionados ao uso abusivo e dependência de drogas.
Ÿ Conhecer a estrutura e a capacidade de
atendi-mento do público usuário e seus familiares na rede de proteção social, especificamente nos sistemas SUAS e SUS.
Ÿ Mapear estratégias, diretrizes teóricas, políticas
e práticas na construção das respostas instituci-onais às demandas relacionadas ao abuso e dependência de drogas no âmbito da
Assistência Social e suas articulações intersetori-ais para garantia dos direitos e da proteção soci-al.
PERCURSOS METODOLÓGICOS
Natureza da pesquisa: quanti-quanlitativa
Ÿ
Momento 01: Seleção de pesquisadores
ŸMomento 02: Pesquisa bibliográfica
Ÿ
Momento 03: Mapeamento da rede municipal
de proteção social
Ÿ
Momento 04: Parceria com a Extensão
Universitária ‘Rede Iguatu de Ações
Integradas Sobre o Crack e Outras Drogas’
ŸMomento 05: Amostra e Sujeitos da Pesquisa
Gestão: Secretária e Coordenadora da Vigilância
Socioassistencial
Serviços:
- 06 CRAS: 01 assistente social e 01 profissional
da equipe de referência
- 01 CREAS: 01 assistente social e 01 profissional
da equipe de referência
Ÿ
Momento 06: Grupo Focal: 20 profissionais
das redes SUAS e SUS (técnicos e nível médio)
ŸMomento 07: Pesquisa de campo; 15
operado-res da política de Assistência Social
- Técnica: entrevista semiestruturada com uso
de gravador
- Uso de três roteiros (gestores, assistentes
soci-ais e outros profissionsoci-ais)
Ÿ
Momento 08: Organização e análise dos
dados
Ÿ
Momento 09: Elaboração de produtos:
relató-rio técnico, artigo e livro
Ÿ
Momento 10: Devolutiva aos gestores e
profis-sionais das redes SUAS e SUS
ESTRUTURA DO RELATÓRIO FINAL
INTRODUÇÃO
01. PERCURSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 02. DROGAS, QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS SOCIAIS
03. CONFIGURAÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL AOS USUÁRIOS DE DROGAS: A REALIDADE DE IGUATU
03.1. Diagnóstico Socioeconômico do Município de Iguatu (CE) 03.2. A Rede e as Ações Socioassistenciais em Iguatu (CE)
03.2.1. Elementos para Compreender a Proteção Socioassistencial aos Usuários de Drogas e suas Famílias
03.3. A Rede de Atenção Psicossocial de Iguatu e suas Ações
03.3.1. Elementos para Compreender a Atenção Psicossocioal aos Usuários de Drogas e suas Famílias
04. DESAFIOS PARA A ATENÇÃO INTEGRAL E INTERSETORIAL AOS USUÁRIOS DE DROGAS E SUAS FAMÍLIAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS
REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL
Ÿ Rede Socioassistencial Equipamentos:
PSB
- 06 CRAS (04 cofinanciados pela União) PSE-MC
- 01 CREAS
- 01 Centro de Referência da Mulher PSE-AC
- 01 Abrigo Domiciliar (12 crianças e adolescentes) Segurança Alimentar:
- 01 Cozinha Comunitária - 01 Banco de Alimentos Outros:
- Conselhos: Assistência Social; Criança e Adolescente; Pessoa Idosa; Segurança Alimentar; Mulher; Juventude
AÇÃO CAPACIDADE DE ATENDIMENTO
ATENDIMENTOS REALIZADOS (2014) PSB - PROGRAMAS
Programa Bolsa Família 11.289 famílias 11.955 famílias
Cadastro Único 15.563 famílias 19.214 famílias
Programa BPC na Escola 65 beneficiários 45 atendidos
Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (ACESSUAS)
1.792 usuários 1.528 usuários
PRONATEC Brasil sem Miséria Não há registros 617 vagas PSB - PROJETOS
Programa Leite Fome Zero 700 usuários 539 usuários
Estação Família Não há registros Não há registros Brinquedoteca Não há registros Não há registros Projeto de Inclusão Produtiva Não há registros Não há registros
PSB SERVIÇOS
Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)
4.000 famílias 3.493 famílias
494 famílias acompanhadas
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
960 usuários 1.079 usuários no SISC
980 usuários
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas
Não há registros Não há registros
PSB BENEFÍCIOS
Benefícios Eventuais Não há registros Não há registros Benefício de Prestação Continuada Não há registros 3.325 beneficiários PSE BENEFÍCIOS
Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI)
50 famílias / indivíduos 102 famílias / indivíduos
Serviço de Abordagem Social Não há registros Não há registros Serviço de Proteção Social a Adolescentes
em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) Não há registros* 2011-2012 13 adolescentes (LA) 03 adolescentes (PSC) 2013-2014 10 adolescentes (LA) 01 adolescente (PSC)
Há a prevalência das medidas de privação de liberdade direcionada aos adolescentes no Município de Iguatu (CE). Nos anos de 2011-2012 houve 202 casos de internação provisória, internação e semiliberdade. Estes números chegaram a 12 em 2013-2014.
SEGURANÇA ALIMENTAR
Cozinha Comunitária 200 famílias Não há registros Programa de Aquisição de Alimentos Em implantação Em implantação
ATENDIMENTOS PAEFI DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES - POR SEXO IGUATU – 2013-2014
TIPO DE VIOLAÇÃO SEXO 0 A 12 ANOS
13 A 17
ANOS TOTAL TOTAL 2013 2014 2013 2014 Violência intrafamiliar (física ou psicológica) Masculino 29 09 01 04 43 90 Feminino 21 11 11 04 47
Abuso sexual Masculino 00 02 00 00 02
20
Feminino 12 02 03 01 18
Exploração sexual Masculino 00 00 00 00 00
04
Feminino 00 00 04 00 04
Negligência ou abandono Masculino 49 05 06 03 63
141
Feminino 39 17 18 04 78
Situação de trabalho infantil Masculino 02 00 03 00 05
05
Feminino 00 00 00 00 00
Trajetória de rua Masculino 00 00 01 02 03
05
Feminino 00 00 01 01 02
Tráfico de seres humanos Masculino 00 00 03 02 05
07
Feminino 00 00 01 01 02
TOTAL 152 46 52 22
272
TOTAL GERAL 198 74
Fonte: Secretaria Municipal de Assistência Social, março de 2015.
CASOS DE VIOLÊNCIAS PRATICADOS CONTRA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS POR SEXO
IGUATU – 2010-2011
TIPO DE VIOLÊNCIA SEXO TOTAL
FEMININO MASCULINO
Sexual 06 19 25
Doméstica 76 55 131 Abandono 04 10 14 Uso de substâncias psicoativas 02 12 14
TOTAL 88 96 184
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Ÿ Atenção Básica
- 24 Unidades Básicas de Saúde
- 03 Núcleos de Apoio à Saúde da Família
Ÿ Atenção Psicossocial Estratégica
- 01 CAPS Geral III - 01 CAPS AD II - 01 CAPS Infantil
- 01 Unidade de Acolhimento Infantil (usuário de drogas até 18 anos)
- 01 Residência Terapêutica
Ÿ Atenção à Saúde em Média e Alta Complexidade
- 01 Unidade de Pronto Atendimento - 01 Hospital Regional de Iguatu
- 01 Hospital Maternidade
AVANÇOS
- Rede de proteção social estruturada com potencial
capacidade de atendimento no âmbito do SUAS e SUS.
- Profissionais das redes SUAS e SUS concursados. Na
Assistência Social as equipes de referência estão
completas, segundo o parâmetro mínimo.
- Melhorias realizadas na infraestrutura: aquisição de
veículos, mudanças de prédios, implantação de
brinquedoteca etc.
- Implantação da Vigilância Socioassistencial e do
processo de territorialização dos CRAS.
AVANÇOS
- Significativa cobertura do Cadastro Único e do
Programa Bolsa Família no município.
- Início da articulação com o Sistema de Garantia de
Direitos: violações de direitos de crianças e adolescentes
e Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
- Início da articulação para atenção intersetorial: estudos
de casos e visitas conjuntas entre SUAS e SUS.
- Residência Multiprofissional em Saúde da Família e
Saúde Mental.
- Parceria IFCE (Pesquisa e Extensão) com Secretarias de
Assistência Social e Saúde.
FRAGILIDADES
- Inexistência de política de valorização de recursos humanos: ausência de Plano de Cargos, Carreira e Salários; quadro de pessoal insuficiente paras as demandas apresentadas; não implementação do Plano Municipal de Educação Permanente de Recursos Humanos do SUAS etc.
- Embora completas, as equipes de referência das redes SUAS e SUS não conseguem responder à totalidade das demandas apresentadas.
- Predominância da concepção sobre drogas (produção,
comércio e consumo) vinculada ao binômio ‘desvio/doença’ - segurança pública/saúde. Permanece no âmbito das políticas sociais a ideia do controle, da punição e da abstinência.
Focalização da atenção aos usuários e seus familiares no âmbito exclusivo do CAPS AD.
FRAGILIDADES
- Fragilidade na formação/qualificação do quadro de recursos humanos sobre as drogas, o que repercute na produção e reprodução de práticas estigmantizantes fundadas no medo, na negação e/ou desresponsabilização sobre o tema.
Prevalência da ‘cultura do encaminhamento’.
- ‘Invisibilidade’ da questão das drogas para a política de
Assistência Social, ao não incorporá-la como situação de risco, vulnerabilidade e violação de direitos. Nesse sentido, o abuso e a dependência de drogas não se convertem em demanda-ação para a Vigilância e para os serviços socioassistenciais nas metodologias, técnicas e procedimentos operacionais no
acompanhamento familiar / individual.
- Debilidade, no âmbito da gestão e dos serviços, dos proces-sos de identificação, registro, sistematização e produção de informação e conhecimento no que se refere aos riscos, vul-nerabilidades e atendimento, sobretudo em relação à questão da drogas.
FRAGILIDADES
- Fragilidade no acompanhamento, monitoramento e avalia-ção da política municipal de Assistência Social: aferiavalia-ção de
indicadores e mensuração de eficiência, efetividade e impacto das ações.
- Prevalência de ações pontuais, assistemáticas, imediatas e fragmentadas no que se refere à prevenção, redução de
danos, atendimento (referência e contrarreferência) e reinser-ção social sobre drogas na política de Assistência Social, bem como, na perspectiva da atenção integral intersetorial na rede de proteção social.
- Ausência de planejamento e pactuação acerca dos fluxos de trabalho conjunto na rede de proteção social.
FRAGILIDADES
- Reconhecimento da intersetorialidade como dimensão
necessária para garantia da integralidade da proteção social. No entanto, tanto a compreensão, como as práticas institucio-nais, registrem-se a ações de referência e contrarreferência e encaminhamentos.
- Inexistência de serviços especializados de atendimento e acolhimento à população em situação de rua na Assistência Social e na Saúde.
- Não reconhecimento da condição de sujeitos de direitos dos usuários de drogas; tanto por eles mesmos, quanto aos servi-ços socioassistenciais: negação de si mesmo (estigmas, pre-conceitos e segregação); não protagonismo social e político, associação da prática do uso como situação de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ÿ
Não podemos afirmar que as diversas situações de
risco e vulnerabilidade vinculadas à pobreza e
desi-gualdade social condicionam o uso e a dependência
de drogas. Porém, não podemos deixar de
conside-rá-las como determinações importantes para
vulne-rabilidade ao uso abusivo, aos agravos e danos
asso-ciados.
Ÿ
Compreendemos não haver necessidade de ações
específicas para os usuários de drogas no âmbito da
Assistência Social. Mas entendemos ser necessário
que os serviços socioassistenciais estejam
instru-mentalizados e capacitados para identificar, analisar
e dar respostas qualificadas, competentes e
resolu-tivas a essas demandas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ÿ
Necessidade de superação da visão
conserva-dora sobre o uso de drogas como ‘desvio’ e/ou
‘doença’ que ainda predomina na Assistência
Social por meio de práticas estigmatizantes de
controle e punição.
Ÿ
Incorporação da estratégia de redução de
danos à saúde e os riscos sociais na política de
Assistência Social, como diretriz às ações de
pre-venção, atendimento, reinserção social e
inter-setorialidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ÿ
Fortalecimento e consolidação da
intersetoriali-dade como princípio na garantia da proteção
social integral aos usuários de drogas e seus
familiares.
Ÿ
Reconstrução da política sobre drogas numa
perspectiva antiproibicionista e realista que
atenda às reais necessidades dos usuários e
seus familiares, garantindo seu protagonismo e
sua condição de sujeitos de direitos em respeito
às liberdades individuais e aos direitos humanos
e sociais. Crítica à centralidade do crack como
foco.
Muito Obrigada/o.
Profa. Cynthia Studart
cynthiastudart@yahoo.com.br