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Um olhar pedagógico sobre a afetividade na educação infantil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO

NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DHE- DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

JESSICA CAMILA RICHTER WÜNSCH LIPKE

UM OLHAR PEDAGÓGICO SOBRE A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado

do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ para obtenção do

grau de Pedagoga.

Orientadora: Profª Dra. Hedi Maria Luft

SANTA ROSA 2015

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UM OLHAR PEDAGÓGICO SOBRE A AFETIVIDADE NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

JÉSSICA CAMILA RICHTER WÜNSCH LIPKE

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ para obtenção do grau de

Pedagoga.

Aprovada em: _____ / ____________ / _____

Banca Examinadora:

________________________________________ Profª. Dr. Hedi Maria Luft

________________________________________ Profª Ms. Cláudia Maria Seger Cunegatti

________________________________________ Nota

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Dedico este trabalho à toda minha família, principalmente aоs meus pais, que, cоm muito amor, carinho е apoio, nãо mediram esforços para qυе еυ chegasse аté esta etapa dе minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pela minha vida, família, amigos e por permitir qυе este sonho esteja se realizando.

Agradeço à minha família por estarem sempre me apoiando, por confiarem em mim e na minha responsabilidade. Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. Ao meu marido que esteve sempre do meu lado me dando todo seu apoio e confiança.

Com muito carinho agradeço a minha orientadora, professora Hedi Maria Luft, pela paciência, atenção e dedicação, que me possibilitaram superar meus próprios limites e adquirir confiança no meu potencial e crescimento pessoal.

Agradeço a todos os professores e funcionários da UNIJUÍ que contribuíram para que se tornasse realidade a conclusão desse curso. Aos professores, pоr compartilharem seus ricos conhecimentos, terão meus eternos agradecimentos.

Agradeço, igualmente, aos meus colegas com quem pude compartilhar momentos significativos de minha formação intelectual e construir efetivas relações de amizades.

Agradeço às professoras entrevistadas por se disponibilizarem a compartilhar seus conhecimentos e pela ajuda dada na construção deste trabalho. Agradeço também à direção da Escola de educação infantil de Horizontina por abrirem as portas e disponibilizarem o espaço e as turmas para as pesquisas, entrevistas e observações. Um muito obrigado também às crianças da escola, com as quais interagi e que também são coautoras deste trabalho.

E a todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado!

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RESUMO

Este é um estudo sobre o papel da afetividade na aprendizagem de crianças, e tem como objetivo analisar uma escola de educação infantil, em que quatro professoras de educação infantil, da rede municipal da cidade de Horizontina – RS foram entrevistadas e questionadas sobre a importância da afetividade na educação infantil. Problematiza as consequências positivas e negativas da presença ou da falta de afetividade nesta etapa da vida das crianças, que é quando se desenvolverá a sua base afetiva. Foram realizadas observações das crianças em vários momentos para verificar a relação afetiva entre professor e aluno e assim identificar suas contribuições no processo de aprendizagem das crianças. Este trabalho traz, também, um resgate histórico da infância e aborda sobre o papel da escola, da sua importância para a constituição dos sujeitos. Portanto, a afetividade influencia na construção do conhecimento, na aprendizagem das crianças, e o papel dos professores nesta questão é muito importante. Conclui que a falta de afetividade na primeira infância pode ocasionar em adultos com dificuldades de relacionamentos afetivos, insegurança e sem amor ao próximo.

Palavras-chave: Afetividade, aprendizagem, educação infantil, crianças, escola.

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ABSTRACT

This is a study on the role of affectivity in the learning of children, and aims to analyze a kindergarten education, where four teachers of early childhood education, the municipal system of the city of Horizontina - RS were interviewed and asked about the importance of affection in early childhood education. Discusses the positive and negative consequences of the presence or lack of affection at this stage of children's lives, that's when you develop your emotional base. Children observations were made at various times to verify the affective relationship between teacher and student and thus identify their contributions in the learning process of children. This work also brings a history of childhood rescue and addresses on the role of school, its importance to the constitution of subjects. Therefore, affection influence the construction of knowledge in children's learning, and the role of teachers in this matter is very important. It concludes that the lack of affection in infancy may result in adults with difficulties in affective relationships, insecurity and without love of neighbor. KEYWORDS: Affectivity , learning, early childhood education, children, school .

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 O SER HUMANO E A AFETIVIDADE ... ....10

1.1 A INFÂNCIA EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA...12

1.2 ESCOLA: AMBIENTE DE SOCIALIZAÇÃO...14

2 AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM ... 17

2.1 O PROFESSOR E A ALEGRIA DE ENSINAR E APRENDER ... 21

2.2 A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO ... 24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 28

REFERÊNCIAS ... 29

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INTRODUÇÃO

O intuito deste estudo é evidenciar o papel da afetividade na

aprendizagem de crianças na educação infantil, analisar a relação afetiva entre professor/aluno e concepções a respeito da afetividade nos processos de ensino e de aprendizagem. São muitas as preocupações referentes à educação que surgem na atualidade, e uma delas é de como criar oportunidades que efetivamente favoreçam a construção do conhecimento no contexto escolar. Neste sentido, entende-se que as relações afetivas são essenciais neste processo, especialmente na educação infantil, pois é nesta fase que a criança desenvolve a sua base afetiva, influenciando na constituição do ser.

A afetividade é um elemento importante, pois possibilita a formação integral da criança, e uma prática pedagógica pautada nestes elementos

propiciará este desenvolvimento. Considerando a importância das emoções na

vida da criança e no seu desenvolvimento pleno, e que as pessoas são individuais e únicas, no coletivo, essas diferenças são importantes e devem ser respeitadas. A afetividade está presente no desenvolvimento e faz parte do ser humano. As relações afetivas estabelecidas na escola não podem ser ignoradas, são indispensáveis para um bom relacionamento.

A afetividade na educação infantil, onde as crianças são pequenas e veem na professora uma figura maternal, tem grande importância para que estas se sintam acolhidas, protegidas e seguras. O educador afetivo propiciará excelentes oportunidades das crianças se sentirem mais seguras e confiantes na sua capacidade de aprender, além de terem mais facilidade na construção do conhecimento, a aprendizagem será mais agradável e produtiva.

Para investigar e analisar o assunto, foram realizadas entrevistas não estruturadas e de cunho qualitativo, com quatro professoras de educação

infantil, da rede municipal da cidade de Horizontina – RS, que serão

identificadas com nomes fictícios. Os critérios de escolha das professoras entrevistadas foram de que, desta maneira, consegui abranger todas as etapas da educação infantil, por serem professoras do Berçário ao Jardim. Outro

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critério usado foi o de que meu objetivo era ouvir a opinião não apenas de pedagogas, mas também de professoras de outra área de formação, sendo duas pedagogas e duas graduadas em ciências biológicas.

Para obter conhecimentos na prática e perceber efetivamente como a criança pode construir conhecimento e se desenvolver, foram realizadas observações em uma turma de Berçário III. O trabalho foi organizado em três capítulos, sendo que no primeiro inicio conceituando o ser humano e suas relações com a educação. Realizo um resgate histórico da infância, conceituando e situando a infância e a criança, estabelecendo uma relação com o passado e o presente e como se deu o seu reconhecimento.

No segundo capítulo, trago qual o papel, a importância e a influência da escola, que é o lugar onde a criança irá se desenvolver integralmente. Seguindo, conceituo afetividade e aprendizagem, analiso quais são os seus papeis e como se dá o processo de aprendizagem, considerando a influência do professor.

No último capítulo, argumento sobre o ser professor, a importância desta profissão tão digna, a influência deste profissional sobre as crianças. Exponho algumas atitudes positivas do professor afetuoso e complemento trazendo as contribuições para o aprendizado da criança que a relação, o vínculo professor/aluno podem trazer.

Esta pesquisa contribuirá muito para a formação de professores que se preocupam com a aprendizagem das crianças, mas que, acima de tudo, estão preocupados com a formação humana, a constituição de seres humanos, em uma época em que isto não é visto com o mais importante. Este estudo também vem a acrescentar conhecimentos importantes para pais que possuem filhos pequenos na escola e para todos os profissionais da educação. Boa leitura!

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1 O SER HUMANO E A AFETIVIDADE

“Não há educação sem amor. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar” (FREIRE, 2001, p.29).

A nossa vida, sempre corrida, cheia de compromissos e repleta de dificuldades, por vezes, nos leva a esquecer dos valores mais simples. As pessoas valorizam muito os bens materiais, mas necessitam, cada dia mais, de afeto. A afetividade é uma prática simples, humana, não é necessário investimento financeiro algum, ela se dá de modo natural. Porém, mesmo simples, possui uma grande força, pois é nas coisas mais simples que o homem é capaz de demonstrar toda a sua grandiosidade.

A afetividade e a aprendizagem se complementam , pois a afetividade está ligada à educação. Existem muitas pesquisas que buscam entender de que formas elas se relacionam. As crianças precisam de um mundo que as respeite, que as acolha num clima de confiança e segurança. Na educação há dois caminhos: o prazeroso, o que dá aconchego e amor, e o que desafia, impõe, limita e muitas vezes frustra. Porém, vivenciamos os dois, não podemos evitar, pois a educação se dá através do equilíbrio dos dois caminhos. Não se pode educar uma criança sem contrariá-la em maior ou menor grau. Ser professor é fazer enfrentamentos. Neste contexto, estão presentes a emoção, os sentimentos e desejos, que são manifestações da vida e têm um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Mas, quem é o ser humano?

O homem é um ser no mundo, que se difere dos outros animais pela capacidade intelectual. O ser humano pensa, tem consciência, inteligência e é um ser sócio-histórico, ou seja, ele vem evoluindo, se constituindo através do tempo. Não podemos ver o ser humano como um ser isolado, porque ele só se

torna humano ao se relacionar com outros seres humanos, portanto, o homem

é o conjunto de suas relações sociais. As relações sociais e as atividades do homem no mundo são as responsáveis pela sua configuração como ser. Para Bock; Furtado; Teixeira:

As propriedades que fazem do homem um ser particular, que fazem deste animal um ser humano, são um suporte biológico específico, o

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trabalho e os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos sentimentos e emoções e pelo inconsciente. Com isso, queremos dizer que o humano é determinado por todos esses elementos. Ele é multideterminado (2002, p.177).

O ser humano necessita ter a oportunidade de estabelecer vínculos afetivos significativos. São estas ligações emocionais com as outras pessoas que permitem o desenvolvimento dos sujeitos em seus aspectos físico e mental, importantes formadores da identidade e modos de viver. Para que relações de afeto possam ser estabelecidas é necessário que as pessoas convivam com respeito e carinho, cultivando valores positivos. Desta forma, a afetividade vem a exercer um papel fundamental nas relações humanas, além de influenciar decisivamente a percepção, a memória, o pensamento, a vontade e as ações da criança.

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1.1A INFÂNCIA EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA

A criança, há alguns séculos atrás, era vista como um ser indefinido. Segundo Postman (1999), as crianças exerciam as mesmas atividades dos adultos e frequentavam os mesmos espaços. À elas só eram repassados conhecimentos, e estas também deveriam repassar para seus ancestrais. Não era estabelecido nenhum vínculo afetivo entre ela e seus pais. Porém, com o passar do tempo, houve muitas mudanças em todo o mundo, modificando hábitos de vida de adultos e crianças. As mulheres, por exemplo, passaram a deixar seus lares por um período para entrarem no mercado de trabalho, porém ainda eram cumpridoras de seus afazeres de criação dos filhos e dos deveres domésticos. Até então a educação e os estudos das crianças ficavam sob a responsabilidade e a critério da família.

A criança não nasce em um mundo dela, mas sim no mundo dos adultos. Isto é, ela começa a sua vida imersa em práticas e objetos criados pelas gerações mais velhas, e vai aos poucos se apropriando desses elementos ao compartilhar com seus pais, avós e outras pessoas modos de viver, de fazer as coisas, de dizer e de pensar, integrando-se aos significados

que foram historicamente produzidos e acumulados. A educação da criança era

responsabilidade das famílias ou do grupo social ao que pertencia. Era no convívio com os adultos e outras crianças que ela aprendia a se tornar membro desse grupo. Atualmente, a criança é vista como um ser sócio-histórico, indivíduo com direitos, e capaz de estabelecer relações.

Segundo Vygotsky (1989) é a partir de suas relações com o outro que a criança reconstrói internamente formas culturais de ação e pensamento, internalizando também as significações e os usos da palavra que foram com ela compartilhados. Sendo assim, a abordagem histórico-cultural considera que toda função psicológica se desenvolve em dois planos: primeiro na relação entre indivíduos e depois no próprio indivíduo.

Com base na trajetória da educação infantil, é possível perceber como a infância demorou a ser reconhecida pelos adultos, uma vez que não se dava importância ao fato de que as crianças se desenvolvem em todos os aspectos.

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9394/96, art. 29. “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” E ainda no art. 30. “A educação infantil será

oferecida em: parágrafo I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças

de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.” Com a aprovação destas e outras leis importantes para a educação, a valorização da criança e da infância dá um grande passo, considerando sua história. Assim, percebemos que os governantes e a sociedade em geral estão olhando para a infância com mais atenção e preocupação.

Na infância é imprescindível ter alguém que acompanhe seu desenvolvimento, que lhe dê carinho, mantenha sua inocência de criança e base familiar. Crianças são sujeitos de direitos, incluindo o de expressar sua vontade, suas emoções e de participar da sociedade. Como sabemos, a criança faz parte e influencia a ordem e a vida social. Faz parte da sua natureza ser criança, mas nos deparamos, por vezes, com ações e pensamentos que veem uma infância não- infantilizada, tratando-a como se fosse um adulto, com responsabilidades, obrigações, compromissos, desnaturalizando a criança. Esta, por sua vez, é produzida na e produtora de cultura. Quando a recebemos na porta da escola, precisamos ter em mente que esta já vem com uma bagagem cultural, conhecimentos próprios, informações, vivências e experiências boas ou não.

Em geral, desde o nascimento, as crianças se orientam a partir do outro, primeiramente dos adultos mais próximos, que lhes garantem a sobrevivência, proporcionando cuidados de higiene, alimentação e conforto. O adulto em contato com o bebê possibilita o acesso ao mundo. Desta maneira, as pessoas que brincam, cuidam e interagem com a criança, estabelecem uma relação afetiva, envolvendo sentimentos de ligações fortes como encantamento, amor, carinho, raiva, frustração e outros. Geralmente, as pessoas com quem as crianças mantiveram um vínculo afetivo são suas principais referências, seus guias na inserção de uma cultura específica, na formação da sua personalidade e caráter.

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1.2 ESCOLA: AMBIENTE DE SOCIALIZAÇÃO

Atualmente, a escola tem sido o lugar onde as crianças, desde muito pequenas, tem passado grande parte do seu tempo. Sendo assim, torna-se um espaço onde a criança vive intensamente, brinca, se expressa, conquista amizades, tem conhecimento dos seus limites e principalmente demonstra seus sentimentos. A escola é um dos meios de influência externa, é um espaço que contribui para a construção da afetividade. Segundo Rossini (2003), a escola é uma organização e também uma instituição de ensino onde o grande desafio é construir conhecimentos para que as pessoas possam pensar, raciocinar, levantar hipóteses. Precisamos nos preocupar coma aprendizagem sempre, para que esta seja eficaz e que os alunos aprendam a aprender com interesse e prazer.

O espaço educacional é normalmente o primeiro lugar com o intuito de socializar que a criança irá frequentar fora da sua casa e do círculo familiar. Se oferecer as condições necessárias para que meninos e meninas se sintam seguros e protegidos, se tornará a base da aprendizagem. Portanto, é de extrema importância a presença de um ambiente escolar que tenha consciência de sua importância, com uma visão crítica e transformadora da

realidade. Para Luíza1 (31 anos):

Considero a afetividade muito importante, principalmente nesta fase, pois é o primeiro contato com a escola, longe da mãe. É um ambiente totalmente novo para eles, e a afetividade trará segurança. Será importante também para vencerem a fase do egocentrismo e para sua integração com os colegas e professores. Se eles recebem afeto, brigam menos, choram menos.

Quando a criança chega à escola pela primeira vez, precisa ser muito bem recebida, pois está se separando da família temporariamente para iniciar

1 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UNIJUÍ – Campus Ijuí - RS; Pós graduada em Gestão Ambiental pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

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uma nova experiência, e esta precisa ser agradável para que se tenha uma boa adaptação. Assim, quando a criança percebe que o professor gosta dela, e que apresenta certas qualidades como paciência, dedicação, vontade de ajudar, respeito por ela, a aprendizagem torna-se mais facilitada. Como nos diz

Roberta2 (33 anos): “Para mim, a afetividade é o número 1 da educação

infantil. Se a criança não sente essa relação de afeto, ela não vai querer ficar na escola.”

Acredito que a influência da escola é importante para o crescimento emocional da criança, dada a importância das suas primeiras experiências. Se estas forem saudáveis, a criança terá segurança, tomará consciência do seu valor, aceitando-se pelo que é. A escola favorece o processo de desenvolvimento quando oferece aos alunos oportunidades de aprender, contato com instrumentos, materiais que visam o conhecimento, preparando, assim, os alunos para viver o agora em sociedade. Em concordância com estas ideias, Marlise3 (42 anos) acredita que: “A afetividade vai auxiliá-los a criar

autonomia, identidade, de uma maneira tranquila.” E para Paula4 (27 anos): “É

importante sim, essencial. Nos dias de hoje está difícil de trabalhar, e se falta afetividade, piora.”

A educação é muito importante no âmbito da afetividade, pois é na escola que a criança desenvolve grande parte da sua autonomia, nas relações com o ambiente e com as pessoas que a envolve, construindo um conhecimento global. Para Freire (1996), educar é um ato de amor a si e ao próximo, portanto, existe amor na relação entre professor e aluno, e nesta relação de dar e receber, todos crescem como pessoas, pois quem educa não apenas ensina, mas também aprende. Chalita descreve muito bem a escola:

2 Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa - RS; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

3 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UFSM; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

4 – Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; – Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

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A escola deve ser um espaço sagrado, no qual a convivência seja prazerosa. É o sonho e a realidade que se misturam na nobre missão de construir uma sociedade iluminada. A revolução da Educação é a revolução da humanidade. Colheita de uma semeadura corajosa e competente. Luz que poderá fazer germinar uma geração sem preconceitos e discriminações; com menos violência e apatia. A revelação do melhor, a essência do bem, o encontro da felicidade (2001, p. 10).

Na escola, as relações de conhecimento são intencionais e planejadas, e a criança sabe que está ali para aprender. Na relação com o professor, a criança aprende significados, modos de agir e de pensar, começa a elaborá-los e também a ressignificar e reestruturar o conhecimento. Entendo que é na escola, assim como em casa, que a criança vive suas maiores emoções, como a alegria, felicidade, amor, tristezas, brigas, ciúmes, medos e ódios. É nestes lugares e situações que se aprende a linguagem mais complicada da vida, a linguagem da afetividade.

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2 AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM

Afetividade é a capacidade individual de experimentar o conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções, paixões, sentimentos). A afetividade consiste na força exercida por esses fenômenos no caráter de um indivíduo. A afetividade tem um papel crucial no processo de aprendizagem do ser humano, porque está presente em todas as áreas da vida, influenciando profundamente o crescimento cognitivo. A afetividade potencializa o ser humano a revelar os seus sentimentos em relação a outros seres e objetos. Para Wallon:

As influências afetivas que rodeiam a criança desde o berço têm uma ação determinante sobre sua evolução mental. Não que elas criem completamente suas atitudes e maneiras de sentir, mas, justamente ao contrário, porque se dirigem, a medida em que despertam, a automatismos que o desenvolvimento espontâneo das estruturas conserva em potência e por seu intermédio a reações de ordem íntima e fundamental ( 1989, p 136).

Seguidamente, usamos as palavras aprender e aprendizagem, mas o que elas realmente significam? É frequente usarmos a palavra aprender quando percebemos que conseguimos fazer algo que antes não conseguíamos, então dizemos que aprendemos. A aprendizagem acontece quando é incorporada à nossa vida, como resultado das tentativas que o ser humano faz para satisfazer seus motivos internos. No entanto, o conceito de aprendizagem não é tão simples assim, há diversos fatores e possibilidades que nos levam a aprender. Uma delas é de que:

Aprendizagem é a conexão entre o estímulo e a resposta. Completada a aprendizagem, estímulo e resposta estão de tal modo unidos, que o aparecimento do estímulo evoca a resposta. [...a aprendizagem é um elemento que provém de uma comunicação com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos cognitivos. É o processo de organização de informações e integração do material pela estrutura cognitiva. O indivíduo adquire, assim, um número crescente de novas ações como forma de inserção em seu meio ( Bock; Furtado; Teixeira, 2002, p.115).

A aprendizagem está presente no nosso dia a dia, desde sempre e para sempre. Aprender é um processo que se dá no decorrer da vida, e permite-nos

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adquirir novos conhecimentos em qualquer idade. Um dos primeiros lugares onde aprendemos é em casa, em meio à nossa família, que é onde começamos a ter contato com as pessoas, com a natureza, objetos, enfim, com tudo que nos rodeia. Na antiguidade, o conhecimento era transmitido de forma informal. As pessoas se reuniam em várias situações e apenas conversavam, trocavam ideias. Sem perceber, umas ensinavam às outras aquilo que sabiam de forma natural. De acordo com Rossini (2003), a partir de então, a sociedade foi se complexando, as informações se acumulando e a educação se instrumentalizou. Então surgiram as escolas, os alunos, os professores, orientadores, coordenadores. Há aprendizagem e construção de conhecimento em todos os lugares, porém a escola é o lugar onde isso se dá mais

fortemente, pois é esse o objetivo da escola. Luíza5 (31 anos) acredita que:

A afetividade influencia no desenvolvimento das crianças, principalmente na sua socialização. Na turma de berçário, o trabalho é mais individualizado,e realizo atividades que estimulem a afetividade entre eles. Uma delas é o ‘creme da amizade’, a qual eu passo um creme nas mãos das crianças, e estas devem espalhar o creme nas suas mãos e também nas mãos de um colega. Devem compartilhar o creme, e desta forma, também realizam o contato físico com outro colega.

A dimensão afetiva é fundamental para a formação de personalidade do educando e para o tipo de cidadão que irá surgir a partir dessas relações. A escola precisa compreender a necessidade de tratar a criança para além de um mero receptador do conhecimento, mas interagir com afetividade para que ela mesma possa construir relações de confiança e construir os conhecimentos trabalhados na escola. Para isso, tenta-se demonstrar o quanto ela está presente em todo o ambiente escolar das crianças, e o quanto isso afeta em

sua escolarização. Para Roberta6 (33 anos): “O professor precisa conquistar o

aluno. Se eles gostam do professor, eles fazem as atividades, participam, ajudam, brincam.”

5 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UNIJUÍ – Campus Ijuí - RS; Pós graduada em Gestão Ambiental pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

6 Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa - RS; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

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Acredito que quando o professor se propõe a ensinar de modo afetivo vão se formando elos entre educador e educando, de modo que até mesmo o cumprimento dos deveres acaba deixando de ser uma tarefa árdua para o aluno. Acredito que tal aspecto influi positivamente no seu desenvolvimento. As crianças percebem a amorosidade vinda de seus educadores, a afetividade no ar, o que faz com que se sintam queridas e amadas. Assim, em um espaço harmonioso, o conhecimento passa a ser produzido de modo muito mais leve,

alegre e enriquecedor. Segundo Marlise7 (42 anos): “As pessoas só aprendem

se tiverem interesse e quando estão se sentido bem, e nesta fase em que estão iniciando o afastamento temporário da família, as crianças se sentirão bem se recebidas com afeto.”

Acredito que sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação e, sendo assim, ninguém nunca questionaria ou perguntaria nada, e então não haveria inteligência ou reflexão. Desta forma, a afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência. O desenvolvimento da inteligência, do conhecimento, está diretamente ligado ao mundo da afetividade, da paixão e da curiosidade. Entendo e concordo com a visão desta educadora, acredito que suas formas de ser e de expressar afetividade são capazes de favorecer significativamente na construção do conhecimento por parte dos alunos. Assim, a possibilidade de estabelecer efetivas relações entre professor e aluno acontece quando o educador gosta de seu educando e estabelece com ele um vínculo afetivo.

É importante que a aprendizagem seja prazerosa, que faça com que o educando sinta vontade de aprender e queira aprender sempre mais. Se na escola lhes é proporcionado um ambiente acolhedor, de confiança, de comunicação e aceitação, certamente a criança responderá positivamente e ocorrerá a aprendizagem. É na educação que a interação se dá em sua forma mais plena. Há uma aproximação, o toque físico, identificação de ideias, desejos, realizações. Levando em consideração a relação entre os sujeitos,

7 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UFSM; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

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Paula8 (27 anos) acrescenta: “Procuro realizar atividades que proporcionem o contato aluno/aluno, para que desenvolvam uma relação de afeto com os colegas. O trabalho renderia mais se houvesse mais afeto na sala.”

Não apenas na relação aluno/aluno, mas é também no vínculo afetivo professor/aluno, no interagir, que ocorrem situações de aprendizagem, assim como o desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social. O aprendizado não pode ocorrer de forma isolada dos sentimentos. Para aprender precisamos desenvolver-nos integralmente, porque, como nos diz Freire (1996), educar é um ato de amor ao próximo e a si mesmo. É na aprendizagem que se reflete toda a dinâmica social e familiar dos sujeitos, sendo tarefa fundamental do professor saber olhar e escutar para além do que é visível. Investir na afetividade pode ser uma saída para um futuro melhor, mais justo e mais humano.

8 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; – Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

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2.1 O PROFESSOR E A ALEGRIA DE ENSINAR E APRENDER

Não desmerecendo nenhuma outra profissão, a prática docente exige muita responsabilidade, pois trabalha com gente e não com coisas. Por isso o professor não pode atender seus alunos de forma desigual, dando sua atenção dedicada e amorosa para alguns, e para outros não. Isso não significa que, por ser professor, deve-se gostar de todos os alunos de maneira igual. A afetividade é uma prática humana, e não é preciso fugir dela. Para Freire (1996):

É preciso, por outro lado, reinsistir em que não se pense que a prática educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda da formação científica séria e da clareza política dos educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje (p. 142 - 143).

Não quer dizer que um professor severo, frio, rude seja melhor do que outro. Como se a alegria fosse inimiga da rigorosidade. A atividade docente é alegre por natureza. Embora o desrespeito e a desvalorização da educação e dos educadores, muitas vezes, fecham as portas e não dá abertura à alegria de ensinar e aprender. No cumprimento ético do professor, no exercício de sua autoridade, na hora de avaliar os alunos, por exemplo, não é pertinente levar em conta os afetos e sentimentos que se tenha por eles. Freire ainda diz que:

Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura reacionalista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse o rigor em que se geraa necessária disciplina intelectual (p. 145 – 146).

Através destes aspectos, podemos refletir e perceber quão rica e complexa é a relação professor/aluno. Existem muitas maneiras de se estabelecer essa comunicação, afinal, cada professor tem o seu modo de agir e pensar. Mas, sem dúvida, existem alguns aspectos e atitudes que podem melhorar ou piorar essa relação e afetar o ensino/aprendizagem. Uma atitude positiva do professor seria a de oferecer materiais, ajuda, possibilidades de

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aprendizagem ao aluno e deixar que este produza uma compreensão própria sobre o conteúdo ao invés de receber tudo pronto e pensado pelo professor. Essa é a comunicação verdadeira entre docente e discente, pois, segundo Freire, ensinar não é transferir conhecimento, mas sim instigá-lo, e aprender não é memorizar, mas compreender, entender.

Outra atitude positiva é a de saber ouvir. Saber ouvir é estar disposto a dar abertura à fala do outro, ouvindo suas opiniões e diferenças. Quando ouvimos o outro, não precisamos necessariamente concordar com o que estão dizendo, mas sim respeitar. Quem tem o que dizer pode motivar, desafiar quem escuta, mas com o intuito de que o ouvinte também fale e responda. Escutando, o professor pode falar com os alunos, e não somente para os alunos, pois ninguém é o dono da verdade. Freire contribui dizendo:

É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógica progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica (1996 p. 120).

Preocupados com a educação em todos os aspectos, autoridades mundiais se reuniram para criar um conceito que serviria de base aos educadores. Rossini nos explica:

A Unesco, por meio do Relatório Jacques Delors, aponta para esta realidade contemporânea, complexa e desafiadora, uma “ nova ordem mundial”, que propõe um novo conceito de educação. Este novo conceito destaca quatro pilares básicos e essenciais para a educação: - Aprender a conhecer; - Aprender a conviver;- Aprender a fazer; - Aprender a ser ( 2003, p.12).

De acordo com Rossini (2003), aprender a conhecer para obter possibilidades de “aprender a aprender”. A conviver para estabelecer relações interpessoais para conviver em grupo. A fazer porque conhecimento só é conhecimento quando se transforma em ação. Aprender a ser para que haja autocrítica, autoestima, etc.

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Segundo Freire (1996), um educador pode ferir um educando sem bater

nele fisicamente, prejudicando o processo de sua aprendizagem. Isso pode

acontecer quando o educador desrespeita seu aluno de alguma forma. O desrespeito do professor, por exemplo, pelo conhecimento e leitura de mundo com que o aluno chega à escola pode ser um obstáculo à aprendizagem. Respeitando o conhecimento que o aluno já possui, o professor reconhece a historicidade do saber e dá importância à cultura em que estão inseridos. Também o ajuda a reconhecer-se como autor e arquiteto da sua própria cultura e aprendizagem.

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2.2 A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO

Na relação entre professores e alunos, em especial na Educação Infantil, acredito ser importante a valorização do olhar, do toque, do abraço, do carinho, do sorriso e do beijo fraternal. Esta proximidade ajudará o educador a

conquistar e a tocar o coração da criança, dando origem a vínculos importantes para a aprendizagem. Considero o professor como um mediador entre a

criança e o mundo, auxiliando-os rumo à construção do seu conhecimento e cidadania.

O Referencial Curricular Nacional para a educação infantil (RCNEI) afirma que, no primeiro ano de vida da criança, predomina a dimensão subjetiva do movimento, sendo as emoções o canal privilegiado de interação do bebê com outras crianças e com o adulto.

O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto, caracterizado pelo toque corporal, pelas modulações da voz, por expressões cada vez mais cheias de sentido, constitui-se em espaço privilegiado de aprendizagem (BRASIL,1998,p.21).

As crianças pequenas adoram, ficam encantadas quando alguém canta para elas. A forma lúdica de trabalhar em sala de aula também é uma forma de afeto. Atitudes como essa contribuem para o desenvolvimento cognitivo dos bebês. Eles se sentem acolhidos, importantes, percebem que a professora se importa com eles e lhes dá atenção. Ressalta ainda o RCNEI, que neste período a criança imita o parceiro e cria suas reações próprias como: balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça, etc. Wallon contribui para esta constatação:

As influências afetivas que rodeiam a criança desde o berço têm uma ação determinante sobre sua evolução mental. Não que elas criem completamente suas atitudes e maneiras de sentir, mas, justamente ao contrário, porque se dirigem, a medida em que despertam, a automatismos que o desenvolvimento espontâneo das estruturas conserva em potência e por seu intermédio a reações de ordem íntima e fundamental (1989, p. 136).

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Segundo o RCNEI, na fase de um a três anos, a criança fica encantada

com uma nova conquista e se locomove de um lado para outro sem um

objetivo específico e se diverte com isso. Nesta etapa acontece a grande independência para exploração do espaço, a criança nesta idade mexe em tudo, explora, pesquisa. Na medida em que explora, aprende gradativamente a adequar seus movimentos e gestos às próprias intenções. Nesta faixa também ocorre a imitação. Nessa fase, ela aprende a reconhecer as características físicas que integram a sua pessoa, o que é essencial para a construção de sua identidade.

Dentro da sala de aula o professor é a referência, o guia das crianças. Essa afirmação tem mais ênfase ainda com os bebês, pois são totalmente dependentes das professoras para sua alimentação, higiene, necessidades fisiológicas, locomoção, etc. Quando precisam de ajuda, sentem dor, fome ou sono, reagem através do choro e buscam a ajuda da professora. Eles se espelham nos adultos que convivem. A criança busca satisfazer suas necessidades de amor, afeto, acolhimento que, primeiramente, recebeu em casa, na relação entre ela, mãe e pai. Ela procura de imediato encontrar esses valores no professor e depois no grupo. A relação do professor com o grupo de alunos e com cada um individual deve ser constante, na sala e em todos os espaços da escola, pois é nesta proximidade afetiva que acontece a construção do conhecimento.

Entre a emoção e a atividade intelectual, existe a mesma evolução e o mesmo antagonismo. Antes de qualquer análise, o sentido de uma situação impõe-se pelas atividades que desperta, pelas disposições e atitudes que suscita (Wallon,1989, p. 139).

A prática docente exige uma formação muito ampla, sendo o professor também um aprendiz, reflexivo de sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com a comunidade e com as famílias e pesquisando informações imprescindíveis ao trabalho que desenvolve. Por isso é tão importante que o professor seja afetuoso nas suas atitudes, pois é um influenciador, e suas atitudes podem ser determinantes no desenvolvimento das crianças. Segundo Wallon (1986), a raiva, a alegria, o medo, a tristeza são os sentimentos mais

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profundos que a criança sente com o meio. Por isso, a emoção causa impacto no sujeito e no outro e tende a se propagar no meio social. Sendo assim, as relações de afeto entre adulto e criança ou a falta delas podem trazer

consequências positivas ou negativas. Para Luíza9 (31 anos):

Considero que a falta de afetividade pode trazer consequências negativas para o desenvolvimento da criança, como por exemplo, a agressividade. Uma criança pode demonstrar atitudes agressivas desde cedo, podendo se tornar futuramente uma pessoa agressiva também.

Para que não se chegue a esse extremo, acredito que não é válido que os professores ameacem os seus alunos com castigos e chantagens quando percebem atitudes de agressividade, pois isso geralmente leva a criança a se tornar ainda mais agressiva. Uma boa atitude é a compreensão, o fato da criança sentir-se compreendida leva a mesma a começar a agir de forma diferente, consequentemente diminui sua indisciplina. Uma criança quanto se sente amada e querida, mais disciplinada estará para participar das aulas. A

desatenção gera agressividade. Roberta10 (33 anos) salienta: “A falta de afeto

pode trazer dificuldades. Dificulta a adaptação, eles choram mais, não querem participar das atividades. Mas vão superando as dificuldades com o tempo na

medida que vão convivendo com outras professoras, outros colegas.” Para

Marlise11 (42 anos): “ Pode trazer bloqueios, traumas, pode retardar o

desenvolvimento de algumas habilidades, além de dificultar na socialização”. Todo ser humano tem necessidade de dar e receber afeto, carinho, amor em relações de reciprocidade. No início da vida, é muito importante que recebamos amor da família, para que mais tarde possamos incluir outras pessoas no nosso círculo afetivo. Muitas vezes vemos pessoas, na fase adulta,

9 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UNIJUÍ – Campus Ijuí - RS; Pós graduada em Gestão Ambiental pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

10 Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa - RS; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

11 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UFSM; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM.

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com total falta de amor ao próximo e aos seus semelhantes. Isto porque na infância, normalmente, foram rejeitados e não amados. Portanto, na primeira infância, todo cuidado é pouco, pois é aí que serão lançadas as bases afetivas para o resto da vida.

Paula12 (27 anos) acredita que: “Se falta afeto em casa, na escola a profª vai tentar dar atenção e carinho e a criança não aceita, fica agressiva”. Pais e professores precisam saber que, tão importante quanto a alimentação, é necessário que as crianças pequenas recebam amor, carinho, afeto. É comprovada a influência que o afeto exerce no desenvolvimento físico e até intelectual das crianças. É possível perceber que alunos com uma boa base afetiva conseguem desenvolver suas atividades com mais tranquilidade, de maneira mais produtiva.

Paula (27 anos) ainda acrescenta: “Os pais estão deixando muito para a escola a questão da afetividade e dos limites, e em função das turmas serem muito grandes, não é possível dar tanta atenção à todos”. Algumas pessoas, principalmente os pais, acreditam que dando muita atenção e carinho estão “estragando” seus filhos com excesso de mimo. Mas, para estes, Rossini diz: “É preciso saber que a criança só apresenta reações de ‘ mimada’ quando não tem certeza se é aceita ou rejeitada; se suas necessidades de afeto serão atendidas ou não” (2003, p. 27). É importante que se transmita segurança emocional e limites à criança, pois limite é sinal de amor.

Pais e professores precisam agir juntos, pois tanto no âmbito familiar quanto no escolar deve haver relações de afeto, pois é isto que ajudará a formar um ser humano psicologicamente saudável. E nesta relação, todos crescem e se humanizam. O ato de ensinar é maravilhoso. Pais e professores são educadores e têm uma missão: fazer surgir um ser humano completo, e isto se dará somente através da afetividade. A afetividade é um ótimo canal de comunicação entre a criança e as pessoas com quem convive. Por isso, o afeto é imprescindível desde a concepção da criança, durante seu crescimento e desenvolvimento e inclusive na fase adulta.

12 Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; – Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta escrita, que teve como objetivos evidenciar o papel da afetividade na aprendizagem de crianças na educação infantil, analisar a relação afetiva entre professor/aluno e concepções a respeito da afetividade nos processos de ensino e de aprendizagem, teve grande importância em minha formação acadêmica e profissional. Concluo que alcancei os meus objetivos iniciais e superei minhas expectativas, pois este estudo me proporcionou um grande crescimento pessoal.

Constatei que tanto no contexto familiar quanto no escolar é importante que haja relações de afeto, pois é isto que ajudará a construir os saberes e a formar um ser humano psicologicamente saudável. Neste sentido, verifica-se a necessidade da escola dar maior importância à afetividade em seu projeto político-pedagógico e demais planos, bem como repensar algumas atitudes tomadas por profissionais da educação. As coautoras deste trabalho, que foram as professoras entrevistadas, responderam as questões com entusiasmo e interesse pelo assunto, mostrando-se sinceras e cientes tanto dos benefícios que a afetividade proporciona, quanto da sua importância em sala de aula e os prejuízos ao processo ensino-aprendizagem acarretados pela falta de afetividade nos relacionamentos.

A afetividade está presente no desenvolvimento e faz parte do ser humano, portanto, é necessário que todos a valorizem, pois, como vimos, é na infância que formamos a nossa base afetiva que perdurará pra toda a vida. Sendo assim, se a criança não for amada, respeitada, querida bem pelos adultos que a cercam, esta se tornará um adulto inseguro, que poderá ter dificuldades de relacionamento e de estabelecer vínculos afetivos com outras pessoas.

Esta pesquisa proporcionou para mim um aprofundamento sobre os conhecimentos, um crescimento intelectual e profissional. É importante que outras pesquisas sobre a afetividade também sejam feitas, abordando outras perspectivas e abrindo novos horizontes de ideias ainda não exploradas para que novas descobertas sejam feitas deste assunto tão importante e encantador.

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REFERÊNCIAS

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo. 13. ed. Saraiva, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394

de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC/SEF, 1996.

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CHALITA, Gabriel. B. I. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. 24º. ed. São Paulo: Paz e Terra , 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: 21º.ed. Paz e Terra, 1996.

POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro. Graphia, 1999.

ROSSINI, Maria augusta Sanches. Aprender tem que ser

gostoso...Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

VYGOTSKY, Levs. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Tradução de Ana de Moura e Rui de Moura. Rio de Janeiro: 3.ed. Editorial Andes.

WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. Tradução de Doris Sanches Pinheiro, Fernanda Alves Braga. São Paulo: Manole, 1989.

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APÊNDICE

Dados e escolaridades das professoras entrevistadas:

Luíza, 31 anos, possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UNIJUÍ – Campus Ijuí - RS; Pós graduada em Gestão Ambiental pela UNIJUÍ – Campus Santa Rosa – RS, trabalha com uma turma de 10 meses à 2 anos.

Roberta, 33 anos, Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus

Santa Rosa - RS; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM, trabalha com crianças de 1 à 2 anos.

Marlise, 42 anos, possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de Horizontina – RS; Graduada em Ciências Biológicas pela UFSM; Pós graduada em Tecnologias de informação e comunicação aplicadas na educação pela UFSM, possui uma turma de 2 à 3 anos.

Paula, 27 anos, Possui Curso Normal pelo Colégio Cristo Rei de

Horizontina – RS; – Graduada em Pedagogia pela UNIJUÍ – Campus Santa

Rosa – RS, trabalha com uma turma de 4 a 5 anos.

Entrevista realizada com as professoras citadas:

1 - Você acredita que a afetividade é importante na educação infantil? Por quê?

2 - Você pensa que a afetividade pode auxiliar no desenvolvimento dos alunos? Como?

3 - Você considera que a falta de afetividade na sala de aula pode trazer consequências negativas para a criança, considerando seu desenvolvimento e aprendizagem?

Para obter os conhecimentos na prática e perceber efetivamente como a criança pode construir conhecimento e se desenvolver, foram realizadas observações em uma turma de Berçário III, com idades entre 10 meses e 2

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anos. Estas foram observadas em diferentes situações como: no momento do trabalho pedagógico, brincadeiras, na hora do lanche, as relações entre professor/aluno e aluno/aluno.

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DHE- DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

JÉSSICA CAMILA RICHTER WÜNSCH LIPKE

UM OLHAR PEDAGÓGICO SOBRE A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SANTA ROSA 2015 git e um a cita ção do doc um ent o ou o res um o de um po nto int ere ssa nte . Vo cê po de pos icio nar a cai xa de tex to em qu alq uer lug ar do doc um ent o. Us

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