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A formalização das micro e pequenas empresas de artesanato no Município De Cerro Largo - RS

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CAMPUS CERRO LARGO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

RAQUEL BARRAGAN MINOSSO

A FORMALIZAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE ARTESANATO NO MUNICÍPIO DE CERRO LARGO - RS

CERRO LARGO 2017

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RAQUEL BARRAGAN MINOSSO

A FORMALIZAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE ARTESANATO NO MUNICÍPIO DE CERRO LARGO - RS

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao curso de Administração da Universidade Federal da Fronteira Sul, como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profa. Dra. Denise Medianeira Mariotti Fernandes

CERRO LARGO 2017

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a DEUS, que nos deu a oportunidade da vida e que foi a minha força para enfrentar todas as dificuldades encontradas no desenvolvimento deste trabalho. Agradeço ainda porque sei que todas as conquistas e realizações de minha vida são alcançadas pela graça d’Ele.

Aos meus pais, Jane e Airton, que foram os primeiros a acreditar no meu sonho e que me ensinaram o valor do conhecimento. Agradeço aos meus queridos irmãos Janice, Gelson e Regina, por acreditarem em mim, desde que comecei o Curso de Administração.

Ao meu amado esposo, Eduardo, que me apoiou e incentivou, na busca por um futuro melhor, que compreendeu e compartilhou comigo todas as angústias. Essa conquista é nossa, meu amor!

Aos meus queridos sogros, Nelson e Leila, pelo encorajamento que me deram. Agradeço às minhas queridas amigas Fabíola, Seméia e Tatiane pelo companheirismo e amizade.

Sou grata pela oportunidade de realizar este curso e à Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS. Agradeço em especial à orientadora do presente estudo, Profa. Dra. Denise Medianeira Mariotti Fernandes, pela dedicação e auxílio na sua realização. Agradeço pela sua imensa compreensão e atenção dedicada em todas as orientações para a construção deste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre as vantagens e desvantagens que as empresas têm de formalizar seus empreendimentos. Nesse contexto, identificou-se como objetivo de pesquisa analisar a influência da formalização das micro e pequenas empresas de artesanato no município de Cerro Largo – RS, no aumento do número de clientes e no crescimento da produção sob a percepção do gestor. Considerando o objeto de estudo, verificou-se a possibilidade de realizar uma pesquisa de abordagem qualitativa e de natureza descritiva, feita através de uma entrevista para verificar a percepção dos gestores. Constatou-se, junto à Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos de Cerro Largo (APCEL), que existem no município vinte e duas empresas de artesanato legalizadas, dentre as quais optou-se, de maneira convencional, por realizar a pesquisa em todas as empresas localizadas no centro do município, que são cinco. Os resultados obtidos demonstram que a formalização das micro e pequenas empresas de artesanato no município refletiram, conforme estimativa feita pelos artesãos, influência na produção e no aumento de clientes atingidos por elas. De modo geral, observa-se que os gestores podem explorar e usar, de maneira mais ampla, documentos de controle interno para obter uma profissionalização de seu empreendimento e, assim, crescer com solidez e êxito no seu ramo de atividade.

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ABSTRACT

This paper presents a study about the advantages and disadvantages that companies have to formalize their enterprises. In this context, it was identified as a research objective to analyze the influence of the formalization of micro and small handicraft companies in the municipality of Cerro Largo - RS, in the increase of the number of clients and in the growth of production under the manager's perception. Considering the object of study, it was verified the possibility of conducting a qualitative approach research and of the descriptive nature, done through an interview to verify the perception of the managers. It was found, together with the Association of Artisans and Plastic Artists of the Cerro Largo (APCEL), that there are twenty-two legalized handicraft companies in the municipality, among which it was decided, in a conventional manner, to carry out the research in all companies located in the center of the municipality, which are five. The results obtained show that the formalization of micro and small handicraft companies in the municipality reflected, as estimated by the artisans, influence on the production and the increase of clients reached by them. In general, it is observed that managers can more widely explore and use internal control documents to obtain a professionalization of their enterprise and thus grow solidly and successfully in their activity field.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Funções Organizativas e Definições... 19

Quadro 2 – Elementos que influenciam a demanda do consumidor ... 21

Quadro 3 – Fatores que influenciam a oferta ... 22

Quadro 4 – Valores do empreendedor ... 25

Quadro 5 – Classificação de empresas por pessoas ocupadas ... 27

Quadro 6 – Classificação das empresas por receita operacional bruta anual ... 28

Quadro 7 – Vantagens e desvantagens da formalização para o MEI ... 30

Quadro 8 – Principais partes da entrevista aos gestores das empresas de artesanato ... 36

Quadro 9 – Definição e perspectiva do artesanato para o futuro, conforme percepção dos empreendedores entrevistados. ... 40

Quadro 10 – Artesanatos comercializados pelas empresas ... 39

Quadro 11 – Motivo que levou o empreendedor a ser um (a) artesão (ã) ... 42

Quadro 12 – Tempo de atuação e formalização no ramo de artesanato ... 43

Quadro 13 – Crescimento de clientes em períodos específicos do ano ... 45

Quadro 14 – Fatores que influenciaram o artesão a buscar a formalização da empresa ... 46

Quadro 15 – Vantagens percebidas pelo gestor da formalização ... 47

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porte das empresas. ... 39

Gráfico 2 – Escolaridade dos gestores. ... 39

Gráfico 3 – Percepção do(a) artesão(ã) em relação ao número de clientes. ... 44

Gráfico 4 – Aumento do número de clientes em períodos específicos do ano. ... 46

Gráfico 5 – Estimativa da quantidade de produtos produzidos após a formalização. .... 50

Gráfico 6 – Número de trabalhadores após a formalização da empresa. ... 49

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 1.1 TEMA ...13 1.2 PROBLEMA ...13 1.3 OBJETIVOS ...14 1.3.1 Objetivo Geral...14 1.3.2 Objetivos Específicos...14 1.4 JUSTIFICATIVA ...14 2 REFERENCIAL TEÓRICO...16

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ARTESANATO E O ARTESANATO NO RIO GRANDE DO SUL ... 16

2.2 PROGRAMA GAÚCHO DO ARTESANATO (PGA) ... 17

2.3 ADMINISTRAÇÃO ... 18

2.4 A ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS ... 22

2.5 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDOR NO BRASIL ... 24

2.6 FORMALIZAÇÃO DAS EMPRESAS ... 26

2.7 CLASSIFICAÇÃO DE EMPRESAS NO BRASIL ... 27

2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA FORMALIZAÇÃO ... 29

3 METODOLOGIA...32

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 32

3.2 NATUREZA DA PESQUISA ... 33

3.3 POPULAÇÃO-ALVO DA PESQUISA ... 34

3.4 PLANO DE COLETA DE DADOS ... 35

3.5 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS ... 36

3.6 ASPECTOS ÉTICOS ... 37

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS...38

4.1 DESCRIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS E DOS ARTESÃOS EMPREENDEDORES ... 38

4.2 DESCRIÇÃO DA IMPORTÂNCIA DO ARTESANATO A PARTIR DA PERCEPÇÃO DO EMPREENDEDOR ... 42

4.3 EFEITO DA FORMALIZAÇÃO NO AUMENTO DO PERCENTUAL DE CLIENTES DAS EMPRESAS DE ARTESANATO SOB A PERCEPÇÃO DO GESTOR ... 43

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4.4 FATORES QUE INFLUÊNCIAM O ARTESÃO A BUSCAR A

FORMALIZAÇÃO E AS VANTAGENS E DESVANTAGENS PERCEBIDAS APÓS

A FORMALIZAÇÃO. ...46

4.5 ESTIMATIVA RELACIONADA À PRODUÇÃO DE PRODUTOS ARTESANAIS ... ...50

4.6 INFLUÊNCIA NO NÚMERO DE TRABALHADORES CONTRATADOS ANTES E APÓS A FORMALIZAÇÃO ... ...51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...54

REFERÊNCIAS... 55

APÊNDICE A - Entrevista para o (a) artesão (ã)...61

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, há um grande número de empreendimentos informais, tanto que nem o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE consegue registrar com precisão (SILVEIRA e TEIXEIRA, 2011). Os motivos dessa informalidade são diversos e as áreas ocupadas por empreendedores informais são variadas, abrangendo os mais distintos modelos de negócio.

A falta de oportunidade no mercado de trabalho contribui para que a informalidade venha a atingir essa proporção. Dessa falta de oportunidade surgem empreendedores que buscam não somente uma nova ocasião favorável, mas que também querem algo inovador e capaz de transformar realidades. Diante disso, Mendes (2009) observa que, geralmente, o espírito empreendedor, inovador e transformador é despertado quando há uma experiência negativa que as pessoas enfrentam no mercado de trabalho.

Para Dornelas (2008, p. 23) “o processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas com a criação de novas empresas”. Compreende-se, dessa forma, que a criação de novos mercados, de algo novo e único é uma particularidade dos empreendedores.

O difícil no Brasil não é abrir um novo negócio por conta própria, mas sim, como ressalta Mendes (2009, p. 86), “enfrentar a concorrência, a carga tributária, a pressão dos consumidores por preços menores e mais qualidade, a falta de capital de giro e a insatisfação dos funcionários com salários e benefícios”. No entanto, é possível encontrar diversos empreendedores dispostos a resolver todos esses problemas com certa facilidade, por sua dedicação.

Segundo Silveira e Teixeira (2011, p. 226) existem fatores que são determinantes para que os pequenos empreendedores se sintam desestimulados para se formalizarem, como “alto custo da legalização, a falta de informações, baixa capacidade para arcar com os custos de impostos”. Esses fatores, muitas vezes, tornam-se, um fator negativo para as empresas brasileiras, pois exigem das empresas organização e planejamento, o que acaba por dificultar o trabalho e se apresentar como uma barreira para ser superada.

No entanto, conforme Dos Santos Estuman e Santos (2015), essa informalidade gera impacto para a economia brasileira e afeta diretamente as empresas que trabalham na formalidade, pois se estabelece uma situação de concorrência desleal. Sendo assim, o fator

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informalidade gera para as empresas formalizadas um desfalque na hora de comercializar seus produtos ou serviços, posto que um empreendimento informal não trabalha com as mesmas condições das empresas formais. Frente a isso, verifica-se que há vantagens em ser uma empresa formalizada, contudo as desvantagens também se fazem presentes no contexto.

Por se tornar difícil a formalização dessas empresas, tanto do ponto de vista financeiro como do ponto de vista burocrático, o Governo Federal criou a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que dispõe sobre normas gerais referentes ao tratamento singularizado e beneficiado a ser dispensado às empresas de menor porte. Essa Lei evidencia o que é e como se enquadram as Micro Empresas - MEs e as Pequenas Empresas - PEs, definindo o abarcamento no Simples Nacional que, por sua vez, é um sistema de simplificação no arrecadamento de impostos, que visa facilitar o recolhimento de tributos.

No estado do Rio Grande do Sul, as pequenas empresas prosseguem com resultados positivos de empregos formais (SEBRAE, 2013). Verifica-se que no município de Cerro Largo - RS, a maioria dos empreendimentos é de Micro e Pequenas Empresas, como as empresas de artesãos, costureiras, agronegócios, cabeleireiros, entre outros.

Diante disso, observa-se a necessidade de verificar as vantagens e as desvantagens que as empresas têm ao formalizar seu empreendimento. Buscou-se, ainda, analisar a influência da formalização no aumento do número de clientes e no crescimento da produção, sob a percepção do gestor do empreendimento.

Com o intuito de identificar essas situações, a proposta foi de buscar, em campo, informações necessárias para desenvolver um estudo de caso, observando uma classe específica de trabalhadores. A classe analisada foi a dos artesãos, pois, além de ser uma fonte de renda, em boa parte da região Noroeste do estado, é também uma maneira de expressão cultural.

O artesanato consiste, segundo o Programa do Artesanato Brasileiro (2012), em toda produção que resulta da transformação de matéria prima, através de trabalho manual, por indivíduos que detenham habilidade e criatividade para tal. As peças de artesanato representam uma forma de expressão cultural, uma vez que proporcionam o reconhecimento de comportamentos de determinada região.

Sendo assim, o trabalho teve o propósito de investigar como acontece o processo de formalização das empresas de artesanato. Para isso, foi indispensável a concretização de um

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detalhado estudo, buscando sanar e criar caminhos para elucidar o problema do objeto de estudo.

O presente trabalho divide-se em seções para facilitar a compreensão, entendimento e apresentar uma sequência lógica dos fatos pesquisados. A primeira seção é a introdução, que aborda o tema de maneira geral, a segunda é a caracterização das organizações que se pretende estudar, enquanto o referencial teórico, que traz embasamento conceitual para o tema discutido é tratado na terceira parte; e a quarta seção demonstra a metodologia utilizada para a realização do trabalho. A seção cinco trata da análise dos resultados, na qual são discutidas as informações mais relevantes constatadas por meio da pesquisa; por fim, são abordadas as considerações finais obtidas através do trabalho.

1.1 TEMA

Cervo e Bervian (2002, p. 81) afirmam que “o tema de uma pesquisa é qualquer assunto que necessite melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo”. Dessa maneira, a pesquisa foi fundamentada partir do tema, que é a formalização das micro e pequenas empresas do setor de artesanato no município de Cerro Largo - RS.

1.2 PROBLEMA

Observando o fato de que existem, ainda, muitas empresas que não estão devidamente formalizadas ou atuando de maneira legal, surge a necessidade de observar alguns fatores que a formalização proporciona para as empresas, tais como vantagens, desvantagens, entre outros aspectos.

Com isso, tratou-se como problema de pesquisa: qual a influência da formalização das micro e pequenas empresas de artesanato no crescimento da produção, no aumento de clientes e na geração de empregos no município de Cerro Largo - RS, de acordo com a percepção do gestor do empreendimento?

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1.3 OBJETIVOS

Para a realização do trabalho de curso foram elencados objetivos que serviram como o norte da pesquisa, dessa forma toda a pesquisa buscou responder a esses objetivos, aos quais a pesquisadora se propôs investigar.

1.3.1 Objetivo Geral

Lakatos e Marconi (1989, p. 102) definem que o objetivo geral “está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas. Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta no projeto”.

O objetivo geral deste trabalho foi analisar a influência da formalização das micro e pequenas empresas no aumento do número de clientes e no crescimento da produção das empresas de artesanato, na percepção do gestor do empreendimento.

1.3.2 Objetivos Específicos

Conforme Lakatos e Marconi (1989, p. 102), os objetivos específicos “apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares”. Dessa forma, os objetivos específicos do trabalho de pesquisa foram:

 Verificar a influência da formalização sobre os clientes de produtos artesanais;  Descrever o efeito da formalização sobre a produção das empresas de artesanato;

 Verificar a influência do aumento de clientes e da produção após a formalização das MEs e das PEs do setor de artesanato na geração de empregos no município de Cerro Largo.

1.4 JUSTIFICATIVA

O estudo sobre o tema é distinto, porque se trata de contexto pouco explorado, podendo, desse modo, tornar-se fonte de investigação futura para o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos na área em questão. Justifica-se, então, a realização deste trabalho, por trazer a estudos acadêmicos um assunto de ordem prática do dia a dia do processo de

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legalização e formalização de empreendimentos. Quando o assunto “formalização” é abordado, algumas dificuldades são encontradas no que tange à quantidade de material preparado para a realização de um estudo aprofundado.

Um aspecto relevante que levou ao desenvolvimento desta pesquisa é que, segundo Marolli (2011), as MEs e PEs ganham força no Brasil com o surgimento da globalização, que traz muitos avanços tecnológicos. Com esses avanços tecnológicos, a mão de obra humana passa a ser substituída. Muitas dessas pessoas que saem do mercado formal criam novas empresas.

Observando o fato de que novas empresas vêm surgindo a cada dia, é possível questionar: quantas dessas empresas realizam o processo de formalização? Segundo Dolabela (2008), o empreendedor é um ser ávido, que transforma seu inconformismo em inovação e propostas positivas para si mesmo e para outros. Sendo assim, quando há falta de oportunidades no mercado de trabalho, alguns indivíduos decidem investir em sua própria ideia, criando seu próprio negócio. Porém, muitos deles, por diversos motivos, não conseguem legalizar ao mesmo tempo em que abrem seu negócio, o que origina um número exorbitante de empresas informais.

Na intenção de ponderar sobre as vantagens e desvantagens da formalização das empresas de artesanato no município de Cerro Largo é que se torna relevante o desenvolvimento deste estudo, para que possa ser investigado, então, se há influência nas vendas ou no aumento da produção. Disso decorre a necessidade de descrever e contextualizar o processo de formalização, apontando suas vantagens e desvantagens, elencando fatores das organizações e seu ambiente.

Nesse sentido, esse estudo visou proporcionar maiores informações quanto ao processo de formalização, além de descrever os benefícios que esse processo trouxe para as micro e pequenas empresas do setor de artesanato no município de Cerro Largo - RS, na percepção do gestor.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo foi desenvolvido no desígnio de promover sustentação teórica sobre os assuntos abordados no decorrer da pesquisa, possibilitando uma contextualização através de conceitos e definições. Para isso, o capítulo foi fragmentado em subcapítulos, explorando detalhadamente conteúdos associados ao estudo em questão.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ARTESANATO E O ARTESANATO NO RIO GRANDE DO SUL

Para tratar o histórico do artesanato e definir o artesão, discorre-se sobre alguns aspectos relevantes do artesanato. Além disso, buscou-se evidenciar, brevemente, sobre os incentivos proporcionados à classe artesã.

O artesanato pode ser apresentado, inicialmente, como uma fonte de renda por meio do trabalho manual e transformação da matéria-prima. Conforme a obra Artesanato Gaúcho (2010, p. 21), o artesanato:

É a técnica, prática ou arte do artesão. É um conjunto de objetos utilitários e decorativos para o cotidiano do homem, produzidos de maneira independente, usando matéria prima em seu estado natural e/ou processados industrialmente. Mesmo que as obras sejam criadas com instrumentos e máquinas, a destreza manual do homem é que dará ao objeto uma característica própria e criativa, refletindo a personalidade do artesão e a relação deste, com o contexto sociocultural do qual emerge.

Sendo assim, percebe-se que o artesanato é uma forma de expressão cultural, pois além de trazer traços próprios do artesão, carrega em sua essência características do local de origem. O artesão, por sua vez, pode ser caracterizado, segundo o Artesanato Gaúcho (2010), como o artista que exerce uma atividade produtiva, por conta própria.

O Rio Grande do Sul é o Estado que mais possui artesãos profissionalizados adequadamente. A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social1, que atua através do Programa Gaúcho do Artesanato (PGA), possui a finalidade de incentivar, fomentar e coordenar as atividades desse segmento. O Programa Gaúcho do Artesanato (PGA), por sua vez, é regulamentado por leis e decretos estaduais e federais (ARTESANATO GAÚCHO, 2010).

1 A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) é a instituição responsável pelo artesanato e pela

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O PGA é sustentado pelo tripé profissionalização, orientação/informação e comercialização/mercado. Desses, o primeiro esteio diz respeito às atividades e políticas referentes à identificação do artesão e à legalização da profissão; o segundo se responsabiliza pela formação e qualificação dos profissionais da área em questão, de modo que eles possam viver da atividade e produzir um artesanato de qualidade; enquanto o último se refere aos aspectos de comercialização, gestão e mercado, de modo que o artesanato por ele produzido seja capaz de sustentá-lo com dignidade, bem como divulgar a cultura, sendo aceito e desejado como atrativo turístico (ARTESANATO GAÚCHO, 2010).

Visto isso, identifica-se aqui a necessidade de apresentar e discorrer sobre o Programa Gaúcho do Artesanato (PGA). Pretende-se com isso evidenciar seu funcionamento, seus objetivos e outras ações especificas.

2.2 PROGRAMA GAÚCHO DO ARTESANATO (PGA)

O Programa Gaúcho do Artesanato (PGA) foi instituído através da Lei nº 13.518, de 13 de setembro de 2010, trazendo em sua essência a proposição de estender aos artesãos caminhos para facilitar a questão legal e empresarial.

Art. 1° Fica instituído no Estado do Rio Grande do Sul o Programa Gaúcho de Artesanato − PGA −, com a finalidade de promover a execução das políticas públicas voltadas às ações de desenvolvimento da produção artesanal como atividade econômica, cultural e social, coordenado pela Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social − SJDS.

Nesse sentido, verifica-se que no quesito incentivo, há programas que zelam pelos artesãos na busca de que eles possam dar segmento às suas atividades. Observa-se, ainda, que o objetivo principal do PGA é profissionalizar os artesãos que produzem de forma amadora e informal, a fim de inseri-los legalmente no mercado de trabalho (ARTESANATO GAÚCHO, 2010).

Basicamente, o PGA possui as seguintes diretrizes: determinar, coordenar e supervisionar as normas norteadoras do Programa, proporcionar políticas públicas que incentivem a produção artesanal, divulgar o artesanato do Estado e promover a integração dos artesãos gaúchos com os artesãos de outras regiões do país. Ainda há de se levar em conta a busca constante que o PGA empreende para difundir a importância do artesanato como fonte de educação e cultura (ARTESANATO GAÚCHO, 2010).

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As ações específicas do PGA são voltadas a levar ao artesão a informação inicial e, posteriormente, dar apoio para que o profissional venha a continuar sua atividade. Essas ações visam, além disso, proporcionar conhecimento sobre direitos que o artesão possui, mostrar e evidenciar as normas que regulam a profissão do artesão.

A partir do contexto apresentado, percebe-se que as MEs e PEs voltadas às práticas de artesanato no Estado do Rio Grande do Sul possuem programas que norteiam suas ações e provisionam atendimento especificado para que o artesão disponha das mesmas condições que qualquer outro empreendedor. Por fim, salienta-se que o PGA traz aos artesãos a profissionalização, orientação, e habilitação para que continuem desenvolvendo sua arte com qualidade e legalidade para circular no comércio. Para que isso ocorra de maneira eficaz as empresas precisam administrar seus empreendimentos.

2.3 ADMINISTRAÇÃO

A administração é o modo pelo qual são utilizadas as provisões disponíveis para desenvolver as atividades corriqueiras do dia a dia, tanto de empresas, quanto de organizações. Chiavenato (2007) afirma que o homem convive com a administração desde o início dos tempos, na sua busca incansável por melhorias e melhores condições de sobrevivência e novos inventos.

Tudo aquilo que é inventado, criado, desenvolvido, realizado, comercializado pelo homem ou pelas organizações faz parte da administração, isso porque ela é a forma pela qual as coisas acontecem, conforme define Chiavenato (2007). Dessa maneira, identifica-se que a administração é “imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações”, uma vez que sem ela, “jamais teriam condições de existir e de crescer” (CHIAVENATO, 2003, p. 2).

Dentro da administração existem algumas funções básicas que orientam o administrador, conforme o Quadro 1, sendo elas: planejar, organizar, dirigir e controlar; porém, além disso, contempla atividades de integração, conjunção, arranjo, foco e impulsionamento. Em outras palavras, pode-se afirmar que administrar é a maneira de acumular competências e recursos para alcançar objetivos e metas (CHIAVENATO, 2007).

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Quadro 1 – Funções Organizativas e Definições

Função

Organizativa Planejar Organizar Liderar/Dirigir Controlar

Definição/Autores  Trigueiro; Marques (2009); Significa escolher ou estabelecer a missão da organização, seus propósitos e objetivos, e depois determinar diretrizes, projetos, programas, procedimentos, métodos, sistemas, orçamentos, padrões e estratégias necessárias para atingi-los.

É determinar os recursos e atividades necessárias para se atingir os objetivos da organização, combinar esses recursos e atividades em grupos práticos, designar a responsabilidade de atingir os objetivos a empregados responsáveis e delegar a esses indivíduos a autoridade necessária para realizar essas tarefas.

É conseguir dos empregados que eles façam as coisas que você deseja que eles façam.

É delinear os meios para ter certeza de que o desempenho planejado seja realmente atingido.  Maximiano (2009) É a ferramenta para administrar as relações com o futuro.

É o processo de dispor os recursos em uma estrutura que facilite a realização dos objetivos. É o processo de trabalhar com pessoas para possibilitar a realização de objetivos. Procura assegurar a realização de objetivos. É a função que consiste em comparar as atividades realizadas com as atividades planejadas, para possibilitar a realização dos objetivos. Stoner; Freeman (2010);

São os planos que dão a organização seus objetivos e que definem o melhor procedimento para alcançá-los. É o processo de arrumar e alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre os membros de uma organização de modo que eles possam alcançar eficientemente os objetivos da mesma. Significa dirigir, influenciar e motivar os empregados a realizar tarefas essenciais. Se certificar de que os atos dos membros da organização levam-na de fato em direção aos objetivos estabelecidos.

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos autores citados, 2017.

Assim, verifica-se, conforme o Quadro 1, que é através da administração que as organizações funcionam, isso porque necessitam de diretrizes, ações estratégias e instrumentos para que os resultados possam ser controlados, a fim de obter o desempenho pretendido (TRIGUEIRO; MARQUES, 2009). Nesse sentido, observa-se, que é necessária a ação de algum indivíduo para determinar o objetivo e a meta que a empresa irá seguir; esse

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alguém é o administrador, que, para Stoner e Freeman (2010), é descrito como o planejador, organizador, líder e controlador das organizações.

Para Chiavenato (2007, p. 67), o administrador é “muito mais do que um mero supervisor de atividades do negócio ou de pessoas”. O administrador é realmente, o transportador do negócio e o navegador em um oceano de oportunidades e ameaças que constituem o entorno do negócio. Sendo assim, quer dizer que o administrador necessita muito além de apenas supervisionar as atividades da empresa, ele precisa estar prevenido para tudo que está acontecendo à sua volta, porque é ele quem vai identificar as oportunidades e os riscos que a empresa irá enfrentar.

Conforme Trigueiro e Marques (2009), vive-se em um período em que a velocidade e a abrangência das transformações sociais, que resultam dos mais diversos fatores, são tão intensas, que a competitividade ocorre de maneira mais clara e acirrada. Sendo assim, muitos dos administradores passam a descobrir em si um espírito empreendedor, que para Robbins (2000, p. 9) “é um verdadeiro divisor de águas no mundo dos negócios”; isso porque com essa nova realidade as pessoas passam a criar seu próprio negócio, ou mesmo redefini-los.

Para Baggio e Baggio (2014, p. 25), “não haverá desenvolvimento econômico sem que na sua base existam líderes empreendedores”, pois eles buscam compreender os valores sociais, nos quais é fundamental o comportamento individual de cada integrante. Diante da competitividade que o mercado apresenta, é essencial que haja profissionalismo e diferenciação nas organizações, pois os clientes procuram satisfazer suas necessidades de consumo.

A quantidade de um bem que o consumidor deseja adquirir por um determinado tempo pode ser definida como demanda, segundo ensinam Viceconti e Neves (2010). A demanda ou procura por um bem/serviço é influenciada por alguns elementos, dentre eles destacam-se o preço do bem; a renda ou salário do consumidor; o gosto e preferência do consumidor; o preço dos bens relacionados; e as expectativas sobre preços, rendas ou disponibilidade, conforme o Quadro 2 (PASSOS e NOGAMI, 2011).

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Quadro 2 – Elementos que influenciam a demanda do consumidor

Elementos Definição

O preço do bem; Normalmente é de se imaginar que quanto maior for o preço de um bem

menor a quantidade adquirida desse bem pelo consumidor; inversamente, quanto menor for o preço de um bem maior a quantidade adquirida do bem pelo consumidor.

A renda, ou o salário do consumidor;

Geralmente quando há uma elevação na renda do consumidor, ele passa a adquirir maior quantidade dos bens considerados normais, que são roupas, alimentos, aparelhos domésticos, entre outros. Essa regra geral não é aplicada para os bens inferiores (pão, batata, carne de segunda, roupas usadas, etc.) e, bens de consumo saciado.

O gosto e preferência do consumidor;

A demanda depende de hábitos e preferência do consumidor, que por sua vez depende de uma série de circunstâncias, tais como idade, sexo, tradições culturais, religiões e até educação.

O preço dos bens

relacionados;

A demanda de um produto pode ser afetada pela variação no preço de outros bens. Isso ocorre em relação aos denominados bens complementares (aqueles que tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto, por exemplo, o pão e a manteiga) e bens substitutos (aqueles cujo consumo de um substitui o consumo de outro, por exemplo, a manteiga e a margarina).

E as expectativas sobre

preços, rendas ou

disponibilidade.

São as expectativas que as pessoas têm em relação ao futuro de seus rendimentos e em relação ao comportamento dos preços também exerce papel fundamental na demanda por bens e serviços.

Fonte: Elaborado pela autora, com referência em Passos e Nogami (2011, p. 77, 78), 2017.

Sendo assim, a quantidade de demanda de um bem/serviço é definida pelo preço. Dessa forma, segundo a lei geral da demanda, sempre que o preço (P) aumenta, consequentemente a quantidade de demanda por um bem/serviço (Qd) diminui; semelhantemente, sempre que o preço (P) diminuir, a quantidade de demanda por um bem/serviço (Qd) aumenta (PASSOS e NOGAMI, 2011).

Já a oferta, segundo Vasconcellos (2011), é a quantidade de um bem/serviço que os produtores ou vendedores desejam vender em determinado período. Assim como na demanda, a oferta é influenciada por alguns fatores, dentre eles destacam-se o preço do bem; os preços dos fatores de produção; a tecnologia; o preço dos outros bens; as expectativas e as condições climáticas; o que pode ser visualizado no Quadro 3, (PASSOS e NOGAMI, 2011).

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Quadro 3 – Fatores que influenciam a oferta

Fatores Definição

O preço do bem; Quanto maior for o preço de um bem/serviço, maior deverá ser sua quantidade

ofertada no mercado; da mesma forma, quanto menor for o preço de um bem/serviço, menor deverá ser a quantidade ofertada no mercado.

Os preços dos fatores de produção;

Os preços pagos pela utilização dos fatores de produção, juntamente com a tecnologia empregada, determina o custo de produção.

A tecnologia; Avanços tecnológicos que permitem obter um volume maior de produção a

custos menores aumentarão a lucratividade da empresa produtora do bem cujo processo foi beneficiado pela evolução tecnológica.

O preço dos outros bens;

A oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos preços dos bens que sejam substitutos (produzidos com os mesmos recursos, por exemplo, o milho e a soja) ou complementares (alteração na produção em virtude da variação de preço de outro bem, por exemplo, carne e couro) na produção.

As expectativas; O produtor, na sua decisão de produção atual, também leva em conta as

alterações esperadas de preço.

As condições

climáticas.

Relativamente a alguns produtos, especialmente produtos agrícolas, as condições climáticas exercem grande influência na oferta.

Fonte: Elaborado pela autora, com referência em Passos e Nogami (2011, p. 88, 89), 2017.

A oferta de um bem/serviço é definida diretamente pela variação do preço. Dessa forma, segundo a lei geral da oferta, sempre que o preço (P) aumenta, consequentemente a quantidade de oferta por um bem/serviço (Qo) aumenta; semelhantemente, sempre que o preço (P) diminuir, a quantidade de oferta por um bem/serviço (Qo) diminui (PASSOS e NOGAMI, 2011).

Visto isso, destaca-se a necessidade de entender as organizações, pois o mundo é constituído por elas. Sabendo disso, busca-se compreender como as empresas são organizadas e como elas se adaptam ao contexto em que estão inseridas.

2.4 A ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Atualmente, vive-se em um contexto no qual há muitas empresas e a cada dia surgem novas. Por esse motivo, verifica-se que tudo o que é necessário para suprir as carências sociais pode com muita facilidade ser alcançado, através da inovação, da tecnologia e da ação de empreendedores que estão em uma busca constante por melhoria e por novas ideias, que sejam capazes de gerir e manter o desenvolvimento humano.

(24)

Conforme definição de Chiavenato (2007, p. 81), “As empresas constituem organizações inventadas pelo homem para se adaptarem continuamente às mutáveis circunstâncias ambientais e, assim, alcançarem objetivos”. Uma empresa ou uma organização surge, justamente, no momento em que se precisa adequar uma conveniência.

As mudanças que ocorrem nos ambientes organizacionais serão consideradas eficazes a partir do instante em que for possível observar que os objetivos foram alcançados, o que, por sua vez, dará condições de manter a sobrevivência e o crescimento da empresa. Contudo, o ambiente ao qual a empresa precisa se adequar é amplo e complexo.

Sobre esse aspecto Chiavenato (2007, p. 82), argumenta que:

As empresas não são capazes de absorver e compreender todas as condições variáveis e mutáveis do ambiente de uma só vez, principalmente pelo fato de algumas delas estarem sujeitas a múltiplas influências que as empresas não podem sequer visualizar, entender, prever ou controlar.

Por esse motivo, as empresas passam a observar e analisar somente alguns dos inúmeros aspectos e variáveis que as cercam. O modelo natural é conhecido, também, como seleção ambiental, no qual irá predominar para avaliação aspectos que possibilitam o real conhecimento e compreensão do ambiente externo.

A percepção ambiental se dará de acordo com seus objetivos, expectativas, experiências, desafios, convicções e motivações (CHIAVENATO, 2007). Portanto, uma empresa não percebe o ambiente da mesma maneira que a outra, pois as informações selecionadas como sendo úteis para determinada empresa, nem sempre é de valia para as demais empresas.

Outro aspecto interessante que as empresas apresentam é o fato de que, ao analisarem seu ambiente interno e externo, pontuam suas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades na busca de adaptarem-se ao que seu público-alvo necessita, fazendo isso de forma qualificada. Isso é interessante, pois, sob o ponto de vista de Dolabela (2008), não se pode esquecer que a concorrência é mundial.

Enfim, pode-se constatar que as empresas geralmente são constituídas a partir de oportunidades observadas no ambiente em que estão inseridas, por indivíduos que estão em busca de empreender. Portanto, faz-se necessário arguir sobre o empreendedorismo e o processo empreendedor.

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2.5 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDOR NO BRASIL

O empreendedorismo, no Brasil, conforme Dornelas (2008), passou a disseminar-se a partir do ano de 2000, podendo ser definido como uma ação inovadora, algo que busque melhorar a relação do homem com o outro e com a natureza. Observa-se que o empreendedorismo traz como agente o empreendedor, que para Dornelas (2008) é aquele que traz em seu interior uma característica única, a de conhecer como poucos o negócio em que atua, e para isso é necessário experiência e tempo. O autor ressalta, ainda, que o que diferencia o empreendedor de sucesso do administrador comum é o contínuo planejamento, com base em uma visão de futuro.

É notável que o que move o empreendedor é a inovação. O diferencial desses indivíduos é que eles não se preocupam muito com os resultados, pois têm consigo a certeza que mediante uma série de precauções e análises de risco, seu negócio será próspero. O foco no objetivo é parte integrante de sua estratégia para manter o negócio.

Incrementando essa abordagem, Mendes (2009, p. 9) traz um conceito significativo sobre o empreendedor:

O legítimo empreendedor move o mundo, faz girar a economia, sente prazer em contribuir e inovar. É um ser movido a realizações de toda ordem e não mede esforços para alcançar seus objetivos. Indiferente aos resultados, e crendo que resultados surgem por consequência, os empreendedores são realizadores.

Para obter sucesso em um pequeno negócio, como também em grandes negócios, ou mesmo para manter a sobrevivência da empresa é imprescindível que os atributos e procedimentos dos empreendedores sejam inovadores. Entre as características que potencializam o empreendedor, Mendes (2009), cita algumas que podem variar de empreendedor para empreendedor, aspectos como a inovação, criatividade, autonomia, autoconfiança, otimismo, aceitar e assumir riscos e possibilidades de fracassar, comprometimento, determinados, dinâmicos, entre outros.

Notabiliza-se, além dessas características, que o empreendedor é capaz de transformar uma ideia (oportunidade) em uma realização concreta. O empreendedorismo é um ato de ousadia que se dá em virtude de uma necessidade ou por um sonho inovador; no entanto, o empreendedor adota alguns valores para estabelecer um modelo de vida, condizente com sua forma de pensar e agir, conforme o Quadro 4 (MENDES, 2009).

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Quadro 4 – Valores do empreendedor

Valores Conceito

Felicidade

A felicidade é um estado de espírito, transitório, que se alterna de acordo com o desenrolar dos acontecimentos na vida de uma pessoa, com sentidos diferentes atrelados aos modelos mentais de cada um. No caso do empreendedor, é fundamentada pelas realizações positivas, planejadas ou não, com resultado efetivo e aparente, e ofuscada em alguns momentos por fracassos temporários.

Liberdade

Dá asas ao espírito empreendedor. No sentido literal da palavra, é o sentimento de se poder fazer o que quiser, sem restrições ou impedimentos de qualquer natureza, para se conseguir o que se deseja. Liberdade é o estado de espírito alcançado pelo elevado grau de confiança em si mesmo.

Plenitude

É a sensação de viver com total intensidade e paixão, experimentando cada momento como se fosse único. A plenitude implica uma boa dose de energia e comprometimento por parte dos empreendedores e deve ser associada a uma conquista, uma meta a ser perseguida.

Excelência

É o compromisso com a efetividade e o aprendizado, operada em harmonia com os demais valores. O empreendedor eficaz é motivado pela excelência, pela obtenção dos melhores resultados.

Autonomia e

Independência É a capacidade de assumir o protagonismo na determinação dos valores e objetivos pessoais.

Significa assumir o comando de si mesmo e dar vazão à criação para os desejos mais duradouros.

Sentimento de Realização/Re conhecimento

O sentimento de realização vai além da necessidade de sobrevivência e reflete a extrema ansiedade humana por reconhecimento perante a sociedade. Os seres empreendedores são automaticamente recompensados pela excelência de seus resultados.

Fonte: Elaborado pela autora, com base em Mendes (2009), 2017.

Esses valores, apresentados no Quadro 4, norteiam o empreendedor na busca de seus resultados. Além de valores, o empreendedor deve adotar princípios e virtudes para conviver na sociedade de maneira sadia e eficaz. Alguns desses valores são: a responsabilidade, a disciplina, a honestidade, a humildade, a integridade, o respeito, entre outros, conforme expõe Mendes (2009).

O empreendedor, além de estar comprometido com a sociedade, proporciona, mesmo que indiretamente, benefícios à economia. De modo geral todo empreendimento visa à lucratividade e geração de riqueza.

Em razão disso, Lacerda e Teixeira (2012, p. 5) argumentam que:

O empreendedorismo é fundamental para a economia e o desenvolvimento do país e exerce um papel social imensurável, agregando valor à sociedade, como geração de empregos, moldagem da nova cultura empreendedora do país, além de produzir transformações econômicas, sociais e ambientais.

Nesse sentido, o empreendedorismo tende a contribuir com a sociedade de maneira geral, isso porque suas inovações se refletem em todo o contexto em que o empreendedor está

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inserido. Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 36) consideram que “o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico envolve mais do que apenas o aumento de produção e renda per capita; envolve iniciar e construir mudanças na estrutura do negócio e da sociedade”.

Dessa maneira, verifica-se que, na percepção dos autores, o empreendedorismo é essencial para colaborar com a economia do país de maneira geral. Outro fator que contribui para o avanço desse movimento é a divulgação positiva que leva a outros empresários a se aventurar e produzir mudanças para a cultura do país. Contudo, muitos empreendedores identificam a oportunidade, partem atrás da criação efetiva do negócio, mas se mantêm na informalidade, daí surge à necessidade de abordar a formalização das empresas no Brasil.

2.6 FORMALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A formalização é tratada por empresários e empreendedores, no Brasil, como um alto custo para as empresas, o que acaba por alavancar o número de informalidade no país. Isso ocorre devido a variados fatores, dentre eles destacam-se a carga tributária elevada que incide sobre as empresas, quando muitas delas não têm condições de arcar com as taxas, impostos, juros; além disso, representa uma vasta limitação, seja ela física, psicológica ou mercadológica (SILVEIRA e TEIXEIRA, 2011).

Verifica-se que “[...] um dos grandes fatores para o surgimento de negócios informais no país é o desemprego, que cresce cada vez mais no Brasil, obrigando os trabalhadores a criarem empresas informais para sua sobrevivência” (SILVEIRA e TEIXEIRA, 2011, p. 226). São trabalhadores que com a falta de oportunidade no mercado de trabalho e, por não apresentarem outro meio de sobrevivência, investem seu capital em empreendimentos que consideram razoáveis para manter seu próprio sustento.

Não obstante, pode-se mencionar o histórico de problemas que a economia do país enfrenta e que acentuam ainda mais a falta de oportunidades. Vale ressaltar que os maiores números de informalidade são encontrados no segmento de pequenos negócios; é um fenômeno que alcança parcela expressiva de empregadores brasileiros, desenvolvendo atividades de pequena escala em estabelecimentos sem contribuição previdenciária, sem o CNPJ e sem outras exigências legais (SANTOS, KREIN e CALIXTRE, 2012).

O avanço na formalização possui como ponto de partida o crescimento econômico, uma vez que oportuniza espaço para os que se encontram fora do mercado de trabalho. A

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regulação igualitária do trabalho coopera na estruturação do mercado de trabalho. Frente a esses fatores, faz-se necessária a construção de uma abordagem que trate do sistema legal, que possibilita a formalização de pequenos empreendimentos.

Observando essa necessidade, hoje as empresas menores podem contar com a Lei Complementar Nº 123/2006, que institui o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, conhecido como Simples Nacional. Esse sistema apresenta, como conveniência, aos que optam por ele, a possibilidade de menor tributação do que no lucro real ou presumido.

Além do Simples Nacional, há para as empresas gaúchas o PGA, como já mencionado anteriormente, que disponibiliza o cadastro de novos artesãos, emitindo a Carteira de Identidade de Artesão, a qual contém todas as informações pertinentes à profissão no Rio Grande do Sul, e também o Programa de Artesanato Brasileiro (PAB), cujo principal objetivo a geração de trabalho e renda e a valorização do profissional artesão. Sendo assim, observa-se que esforços estão sendo empreendidos para facilitar a adesão das MEs e PES ao quadro de empresas devidamente formalizadas. Nessa linha de raciocínio, salienta-se aqui a necessidade de discorrer sobre as modalidades de empresas existentes no Brasil.

2.7 CLASSIFICAÇÃO DE EMPRESAS NO BRASIL

No Brasil existem diversas modalidades de empresas, dentre elas estão: as grandes empresas, as empresas de médio porte, as pequenas empresas e as microempresas. Conforme uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2014), a definição dessas empresas pode ser feita de duas formas: por número de pessoas ocupadas na empresa ou pela receita auferida, conforme o Quadro 5.

Quadro 5 – Classificação de empresas por pessoas ocupadas

Porte

Atividade de atuação

Serviço e Comércio Indústria

Grande Empresa Acima de 100 pessoas ocupadas Acima de 500 pessoas ocupadas

Média Empresa De 50 a 99 pessoas ocupadas De 100 a 499 pessoas ocupadas

Pequena Empresa De 10 a 49 pessoas ocupadas De 20 a 99 pessoas ocupadas

Microempresa Até 9 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas

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Quanto às organizações definidas por número de pessoas ocupadas na empresa, conforme Quadro 5, segundo SEBRAE (2014), são classificadas, no setor de serviço e comércio, como grande empresa as que possuem acima de 100 pessoas ocupadas; como média empresa as que possuem entre 50 e 99 pessoas ocupadas; como pequena empresa as que possuem de 10 a 49 pessoas ocupadas; e, como microempresa as que contam com até 9 pessoas ocupadas. Já as empresas nas atividades industriais são classificadas: como grande empresa as que possuem acima de 500 pessoas ocupadas; como média empresa as que possuem de 100 a 499 pessoas ocupadas; como pequena empresa as que possuem de 20 a 99 pessoas ocupadas; e, como microempresa, as que contam com até 19 pessoas ocupadas.

As empresas são classificadas, segundo o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - (2016), pela receita operacional bruta anual auferida, conforme o Quadro 6. Considera-se, pelo BNDES, por receita bruta a receita auferida no ano-calendário, com o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria; preço dos serviços prestados; e o resultado nas operações em conta alheia.

Quadro 6 – Classificação das empresas por receita operacional bruta anual

Classificação Receita operacional bruta anual

Grande Empresa Maior que R$ 300 milhões

Média Empresa Maior que 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões

Pequena Empresa Maior que 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões

Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões

Fonte: Elaborado pela autora, a partir de dados obtidos junto ao BNDES (2016), 2017.

Sendo assim, conforme o Quadro 6, de acordo com o BNDES (2016) para serem consideradas grandes empresas, por sua receita operacional bruta anual, sua receita deve ser maior do que R$ 300 milhões; para ser média empresa sua receita deve ser maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões; para ser uma pequena empresa sua receita deve ficar entre R$ 2,4 e R$ 16 milhões; e para ser uma microempresa sua receita deve ser menor ou igual a R$ 2,4 milhões. No entanto, sabe-se que existem outras classificações que são feitas a partir da receita das empresas.

Isso pode ser observado de acordo com a Lei Complementar N° 123/2006, que considera como pequena empresa as empresas que aufiram receita bruta anual acima de R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões

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e seiscentos mil reais); e para as microempresas, igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). Por se tratar de um setor consideravelmente importante para a economia e sociabilidade do país, Santos, Silva e Neves (2011, p. 110) dizem que “a partir da constatação da importância das micro e pequenas empresas, no contexto mundial e brasileiro, especialistas têm aplicado esforços no desenvolvimento de estudos, na tentativa de levantar o máximo de informações possíveis sobre esse setor”.

Em seu estudo, Marolli (2011, p. 13) complementa essa informação dizendo que:

As micro e pequenas empresas tem se destacado no atual cenário socioeconômico, em várias faces, em sua participação nos processos produtivos, na geração de emprego e renda, ou junto ao total de empresas, mas sobre tudo ao gerar qualidade de vida e redução das desigualdades sociais e no desenvolvimento das regiões e municípios.

A Lei Complementar Nº 128, de 19 de dezembro de 2008, institui a figura jurídica do Micro Empreendedor Individual (MEI), que surgiu para beneficiar muitos empreendedores informais, proporcionando a eles a possibilidade de formalizar seu empreendimento de maneira fácil e rápida, reduzindo os altos custos e a burocracia para se constituir uma empresa (SILVA e ALVES, 2012). Segundo o Portal do Empreendedor, o MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e formaliza seu negócio.

Ainda, conforme o SEBRAE (2014), o MEI precisa faturar hoje até R$ 60.000,00 por ano ou R$ 5.000,00 por mês, não podendo ter participação em outra empresa como sócio ou titular, e ter no máximo um funcionário contratado. O MEI será enquadrado no regime de tributação Simples Nacional.

Verifica-se, dessa forma a importância que as micro e pequenas empresas representam para o desenvolvimento do país, pois os indivíduos que criam essas empresas buscam oportunidades de negócio, por meio da identificação de necessidades da sociedade. Sabendo disso, e compreendendo o processo de formalização, é relevante apontar algumas vantagens e desvantagens da formalização para as MEs e PEs empresas.

2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA FORMALIZAÇÃO

Existem algumas vantagens, bem como algumas desvantagens que podem ser observadas no contexto da formalização. Entre as vantagens encontradas em se formalizar, Lacerda e Teixeira (2012/2013) destacam em sua pesquisa: a possibilidade de diminuição na tributação, a emissão gratuita de notas fiscais, registros, alvarás, CNPJ, benefícios da

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previdência social, atuar em endereço comercial e programas diferenciados para empréstimos e financiamentos.

Através da Carteira de Artesão o profissional gaúcho de artesanato pode contar com as seguintes vantagens para atuar: “a identidade profissional; direito de contribuir para a Previdência Social; direito de gozo dos benefícios da Previdência Social; isenção do ICMS; declaração de renda fornecida pelo PGA; todos os benefícios do Programa Gaúcho de Artesanato” (ARTESANATO GAÚCHO, 2010, p. 27). Além disso, o artesão terá o direito de emitir notas fiscais; participar (formalmente) de feiras, exposições e eventos realizados no país e no exterior; acesso ao crédito; apoio à comercialização; e circular livremente com suas mercadorias, uma vez que são legalizadas.

Contudo, podem ser verificadas algumas desvantagens, como o fato de estar inserida no mesmo contexto de empresas informais (ULYSSEA, 2013). Sendo assim, tanto as empresas formais quanto as informais enfrentam os mesmos preços, por exemplo, para compra de matéria prima. No entanto, a empresa informal consegue se desviar do pagamento de impostos, o que faz com que seus preços de venda sejam menores do que os praticados por uma empresa formalizada.

Dos Santos Estuman e Dos Santos (2015) descrevem essa relação que se estabelece entre as vantagens e as desvantagens da formalização, observando a classificação do MEI. Isso pode ser visualizado no Quadro 7.

Quadro 7 – Vantagens e desvantagens da formalização para o MEI

Vantagens Desvantagens

Cobertura previdenciária Formalização sem custos

Contratação de um funcionário A contratação de apenas um funcionário Isenção de taxas para o registro da empresa A cobertura previdenciária não é completa Ausência de burocracia Alvará pela internet

Acesso a serviços bancários (inclusive o crédito) Contabilidade formal Redução da carga tributária

Emissão de alvará pela internet

Fonte: Elaborado pela autora, com referência em Dos Santos Estuman e Dos Santos (2015), 2017.

A partir disso, verifica-se que, de acordo com o Quadro 7, existem fatores que são apontados tanto como vantagens quanto como desvantagens. Isso porque o empreendedor, ao formalizar sua empresa, por exemplo, não encontrará nenhum custo, no entanto se quiser encerrar ou alterar, os custos serão mais elevados do que para uma empresa enquadrada em

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outro regime de tributação. Isso também acontece no caso do alvará pela internet, pois a concessão do alvará de funcionamento é de responsabilidade das prefeituras; portanto, a empresa deve se adaptar às leis municipais (DOS SANTOS ESTUMAN e SANTOS, 2015).

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3 METODOLOGIA

Partindo do ponto de vista de que o ser humano tende a não se conformar com a dúvida ou problemas sem resposta, a metodologia é um instrumento que serve para criar caminhos para conhecer o que ainda não foi explorado por outros. Para Malhotra (2012), a pesquisa em si é uma estrutura indispensável para a realização da investigação a que se propõe elaborar, sendo que ela especifica os detalhes dos procedimentos a serem seguidos para o alcance de informações imprescindíveis para elaborar ou resolver o problema encontrado.

Para que a execução da pesquisa fosse possível, foi necessário, além da predisposição do pesquisador, conhecimento sobre o assunto pesquisado, recursos humanos e financeiros (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Para o prosseguimento da pesquisa, foi preciso haver um planejamento detalhado de todos os passos a serem observados.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Primeiramente foi realizado um levantamento de referencial bibliográfico sobre o assunto em discussão, a partir de fontes como: revistas, livros, artigos, periódicos e sites, para a descrição de conceitos.

Considerando que o objeto de estudo foi investigar o processo de formalização das empresas de artesanato, optou-se pelo estudo de caso, buscando identificar as vantagens e as desvantagens da legalização e a sua influência na gestão do negócio, sob a percepção do gestor; e, contemplando-se a natureza do problema, verificou-se a possibilidade de realizar uma pesquisa de abordagem qualitativa.

A abordagem é realizada pelo método qualitativo, uma vez que se buscou qualificar a produção e geração de empregos a partir do momento em que as empresas passam a se formalizar. A pesquisa qualitativa, para Triviños (1987), proporciona a interpretação das informações de maneira ampla do que delimitada ao simples dado objetivo.

Nesse sentido, Gerhardt e Silveira (2009) ressaltam, sobre a pesquisa qualitativa, que ela se preocupa não com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da percepção de um grupo social, organização, entre outros. As autoras complementam dizendo que os pesquisadores que optam por métodos qualitativos buscam explicar os motivos das

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causas identificadas sobre seu objeto de pesquisa, explicitando o que convém ser feito, mas não quantificam os dados investigados, pois procuram relacioná-los com a realidade.

3.2 NATUREZA DA PESQUISA

Quanto à natureza da pesquisa ela é descritiva, pois buscou-se descrever a realidade encontrada junto aos entrevistados das empresas de artesanato e da formalização dessas micro e pequenas empresas do município de Cerro Largo - RS. Estudos descritivos, segundo afirma Gil (2002), têm o objetivo fundamental de descrever as características do objeto de estudo, ou mesmo estabelecer relações entre as variáveis. Complementando essa definição, Triviños (1987, p. 110) destaca que “os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. [...] O estudo descritivo pretende descrever “com exatidão” os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Sobre a pesquisa descritiva, Triviños (1987, p. 128) avalia que a interpretação dos resultados tem como percepção um fenômeno visto em seu contexto. Para tanto, justifica que a pesquisa descritiva “[...] não é vazia, mas coerente, lógica e consistente” (TRIVIÑOS, 1987, p. 128).

Para Gil (1999), a pesquisa descritiva possui por objetivo principal descrever qualidades e características de uma população que está sendo estudada, de um fato ou mesmo de formar relações entre elas. No presente estudo foram estudados os aspectos da formalização e a sua relação com possíveis vantagens ou desvantagens da mesma.

A pesquisa é, também, caracterizada como estudo de caso, pois investigou um fenômeno atual e que pertence ao contexto real da sociedade. Para Yin (2001, p. 32), “a investigação de um estudo de caso baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados”.

Nesse sentido, Triviños (1987) ressalta que o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. É possível, ainda, verificar que:

Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto

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possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador Fonseca (2002, p. 33).

O estudo se caracteriza ainda como documental, pois foram analisados os documentos das empresas pesquisadas para assim responder aos objetivos do presente estudo. Para Lakatos e Marconi (2003, p. 174), “a característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”.

Nesse sentido, Gil (2008) argumenta que a pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, sendo a única diferença entre elas a natureza da fonte. E isso porque a pesquisa bibliográfica se utiliza essencialmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, e a pesquisa documental se utiliza de materiais que ainda não receberam nenhum tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados conforme os objetivos da pesquisa.

3.3 POPULAÇÃO-ALVO DA PESQUISA

A definição da população-alvo, conforme Mattar (2005, p. 67), é um dos passos mais importantes da pesquisa. A amostragem é não probabilística, pois para Mattar (2005, p. 271) é aquela em que a seleção dos elementos da população depende, ao menos em parte, do pensamento do pesquisador, e foi estabelecida de forma intencional, uma vez que a amostra foi escolhida visando satisfazer as necessidades da pesquisa, a partir de verificação feita junta ao banco de dados da Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos de Cerro Largo (APCEL). A população de empresas que atuam no segmento de artesanato no município de Cerro Largo é de vinte e duas (22) empresas formalizadas. Dentre essas, optou-se por realizar o estudo em cinco (5) empresas, a fim de analisar todas as empresas de artesanato localizadas no centro do município de Cerro Largo - RS. A escolha das empresas a serem investigadas com a pesquisa ocorreu de maneira convencional, pela proximidade da pesquisadora em se comunicar com essas empresas.

Além disso, essas empresas se disponibilizaram a dar as respostas necessárias para o desenvolvimento do estudo, mostrando-se viável realizar o estudo nelas, sem que atrapalhasse suas atividades cotidianas. Os artesãos demonstraram num primeiro contato a satisfação com a realização da pesquisa, por isso os dados puderam ser coletados de maneira fácil.

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Para atingir os objetivos propostos, delimitou-se um período de tempo para a realização da investigação. Buscou-se saber de quem se formalizou quais as vantagens e benefícios que essa formalização trouxe para seus empreendimentos, desde o ano de sua formalização, pois conforme os próprios gestores apontam foi a partir daí que os resultados puderam ser percebidos. Além disso, pode-se fazer um comparativo com o ano de criação da Lei Complementar nº 123 de 2006, a fim de verificar se ela pode ter exercido alguma influência sobre essas empresas.

3.4 PLANO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados, para Gerhardt e Silveira (2009) é um conjunto de operações que compreende o apanhado de informações úteis para posteriormente ser analisadas. O plano de coleta de dados foi realizado através de dados primários e dados secundários. Isso foi possível por meio da aplicação de uma entrevista para o gestor do empreendimento.

Mattar (2005) descreve dados primários como sendo aqueles que são consultados direto na fonte, portadores de dados brutos, isto é, dados que nunca foram coletados, tabulados e analisados. O instrumento da coleta de dados foi uma entrevista (APÊNDICE A).

Marconi e Lakatos (2010) definem a entrevista como um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações de um assunto. Essa entrevista foi realizada com um roteiro de perguntas previamente estabelecido; conforme Marconi e Lakatos (2010), esse tipo de pesquisa é conhecida como padronizada ou estruturada.

Com a aplicação da entrevista para os gestores, que ocorreu conforme o delineamento prévio traçado pelas perguntas que já estavam preparadas pela pesquisadora para isso, pode-se verificar que os empreendedores estavam dispostos a relatar tudo o que lhes era questionado, em nenhum momento se recusaram de responder. A entrevista, dessa forma, foi baseada em um roteiro semi-estruturado, o que facilitou a percepção dos gestores sobre o assunto pesquisado.

Os dados secundários, que para Mattar (2005) são fontes de dados indiretos, e que estão à disposição para consulta, para o presente estudo foram obtidos por meio de relatórios de produção e contábeis da empresa. A partir desses dados, pretendeu-se confirmar o que o gestor pode perceber na prática.

Os participantes da pesquisa foram expostos aos seguintes riscos e constrangimentos: disponibilizar informações e percepções a respeito das empresas e de sua percepção pessoal a respeito da formalização das mesmas. Para ocorrer uma redução do constrangimento, o

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respondente terá a opção de, a qualquer tempo, não responder a alguma questão/pergunta ou se recusar a participar da pesquisa. Todas essas informações são descritas no Termo de Consentimento Livre Esclarecido (APÊNDICE B), entregue para cada um dos gestores que participaram da pesquisa. Observa-se, ainda, que a partir da coleta e análise de dados, foi posteriormente feita a devolutiva aos participantes, por e-mail, para que os mesmos pudessem ter conhecimento sobre os resultados obtidos com a pesquisa.

Assim, a pesquisa e seus resultados possibilitaram benefícios aos participantes, uma vez que essas informações poderão servir de base para que esses participantes possam gerir de forma mais adequada os seus empreendimentos e para o entendimento dos esclarecimentos sobre as vantagens e desvantagens da formalização. Para as empresas de artesanato pesquisadas, o estudo possibilitará que se identifique em que medida a formalização desses empreendimentos representou vantagem ou desvantagem para tais empresas pesquisadas, e, também, trará informações que poderão auxiliar estudos futuros a respeito desse tema.

3.5 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

A etapa de escolha da estratégia utilizada para a análise e interpretação dos dados apurados deve levar em consideração as partes iniciais do processo (MALHOTRA, 2012). O autor conclui que “a análise de dados não é um fim em si mesma”, mas que seu objetivo principal é fornecer informações que contribuam na abordagem do problema em estudo. Para auxiliar a análise dos dados coletados foi utilizado o programa de Libre Office Calc e o Office

writer, no qual foi possível ordenar e comparar os resultados obtidos. O plano de análise dos

dados levou em consideração os autores citados no referencial teórico, isso pode ser visualizado no Quadro 8.

Quadro 8 - Principais partes da entrevista aos gestores das empresas de artesanato

Principais partes da entrevista Autores

Identificação do perfil dos artesãos (ãs) PGA (2010); SEBRAE (2014); e BNDES (2016). Motivação de exercer o artesanato PGA (2010); e PAB (2012).

Influência da formalização no crescimento de clientes Silveira e Teixeira (2011); e Santos, Krein e Calixtre (2012).

Influência da formalização no aumento da produção Silveira e Teixeira (2011); e Santos, Krein e Calixtre (2012).

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