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Academic year: 2021

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TÍTULO: PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E SUA RELAÇÃO COM A

ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE EM UM GRUPO DE PACIENTES SOB TRATAMENTO DE DIÁLISE PERITONEAL.

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: PSICOLOGIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): RENATA DE OLIVEIRA PIMENTA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): CLÉRIA MARIA LOBO BITTAR ORIENTADOR(ES):

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Resumo

O estudo do impacto da espiritualidade na saúde humana vem ganhando notoriedade, em função de inúmeras pesquisas que têm apontado o valor da espiritualidade diante de situações difíceis como as enfermidades, perdas e tragédias pessoais e coletivas. Algumas pessoas adoecem e desenvolvem comportamentos típicos, deixando-se abater psíquica e fisicamente. Entretanto há aqueles a quem as adversidades são vivenciadas com maior naturalidade, até mesmo como uma etapa necessária para o desenvolvimento da plenitude e capacidade humanas. A espiritualidade/religiosidade torna-se uma aliada no processo de enfrentamento do adoecer. Este estudo buscou conhecer qual o papel que a espiritualidade teve no enfrentamento do problema renal crônico em pacientes sob tratamento de hemodiálise peritoneal. Participaram seis pacientes de ambos os sexos, com idades que variavam entre 54 e 75 anos, em tratamento em um hospital do município de Franca, SP, que responderam a uma entrevista que foi posteriormente transcrita e categorizada. Os relatos demonstraram que para estes participantes, a espiritualidade foi importante apoio para o enfrentamento da doença e do tratamento, assim como na manutenção da qualidade de vida e atitude de adesão ao tratamento e aceitação.

Palavras chave: espiritualidade – saúde – hemodiálise – enfrentamento

INTRODUÇÃO

Diversos estudos (Panzini, Rocha, Bandeira & Fleck, 2007; Rocha & Fleck, 2011; Viftrup, Hvidt & Buus, 2013; Lucchetti, Lucchetti & Junior, 2011.) têm apontado o valor da espiritualidade diante de situações difíceis, tais como: as enfermidades, tragédias pessoais e coletivas e perdas significativas, como a morte de entes queridos. Outros têm mostrado resultados do impacto positivo que a espiritualidade tem sobre a saúde humana (Rusa et. al, 2014; Lucchetti, Lucchetti & Vallada, 2013; Ottaviani et. al, 2014; Silva, Santos, Andrade-Barbosa, Silva & Xavier Gomes,

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2014.), especificamente em relação a situações de tratamento de enfermidades de longa ou difícil recuperação ou tratamento.

Algumas pessoas adoecem e desenvolvem comportamentos típicos, deixando-se abater psíquica e fisicamente, comprometendo a saúde como um todo. Entretanto há aqueles a quem as adversidades são vivenciadas com maior naturalidade, até mesmo como uma etapa necessária para o desenvolvimento da plenitude e capacidade humanas. Em muitos casos a vivencia da espiritualidade/religiosidade torna-se uma aliada no processo de enfrentamento de situações adversas, tais como os problemas relacionados à saúde.

OBJETIVOS

Este estudo buscou conhecer o papel que a espiritualidade teve para o enfrentamento do problema renal crônico em pacientes sob tratamento de hemodiálise peritoneal.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de natureza descritiva-qualitativa, realizada com pacientes que estavam em tratamento de hemodiálise em um hospital particular do município de Franca, SP. Utilizou-se a entrevista semi-dirigida, que seguiu um roteiro previamente elaborado com a finalidade de conhecer o papel que a espiritualidade desempenhava no processo de enfrentamento da insuficiência renal crônica terminal, para este grupo de pacientes em tratamento de hemodiálise peritoneal.

Inicialmente foi feito um contato prévio com a instituição para explicar os objetivos da pesquisa, e após a anuência desta, o projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Franca, recebendo a aprovação em 16 de dezembro de 2014 sob o protocolo de nº 37866714.0.0000.5495, em conformidade com a Resolução 466/12.

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Foi agendado um dia para que a pesquisadora pudesse fazer o convite aos pacientes da clínica, apresentando-lhes a proposta do projeto. Neste dia estavam presentes 10 pacientes, dos quais oito consentiram em participar do estudo, que foi agendado para a semana seguinte.

No dia aprazado, após as explicações dos objetivos do estudo, estavam presentes os oito pacientes que haviam se proposto a participar do mesmo, entretanto apenas seis deram seus consentimentos expressos, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Participaram portanto, deste estudo oito pessoas de ambos sexos, com idades entre 54 e 75 anos em tratamento de hemodiálise peritoneal. As entrevistas foram realizadas no dia 04 de março de 2015, na Clínica Nefrológica de um hospital privado em Franca – SP.

Os participantes expressaram que não gostariam que a entrevista fosse gravada, sendo assim, o desejo dos mesmos foi acatado e a pesquisadora transcreveu manualmente o relato destes.

Os participantes desta pesquisa obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: pacientes com problemas renais em tratamento de hemodiálise peritoneal de um hospital do município, de ambos os sexos e diferentes idades. Foram excluídos os pacientes que se submetiam à diálise feita em domicilio ou aqueles que tivessem algum comprometimento cognitivo que prejudicasse na compreensão dos propósitos deste estudo.

DESENVOLVIMENTO

A insuficiência renal crônica terminal (IRCT) é uma manifestação da doença renal crônica conhecida por seu caráter crônico e de estágio progressivo, que debilita o seu portador. Para melhor entendimento, a doença renal crônica (DRC) compreende seis estágios, sendo eles: fase de função normal sem lesão renal, fase de lesão com função renal normal, fase de insuficiência renal funcional ou leve, fase de insuficiência renal laboratorial ou moderada, fase da insuficiência renal clínica ou severa e, por último a fase terminal da insuficiência renal crônica, no qual os rins já não executam eficazmente suas funções comprometendo o controle do meio interno.

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Sendo assim, as terapêuticas utilizadas para esses pacientes são: diálise peritoneal, hemodiálise ou transplante renal (Romão Jr, 2004).

Alguns estudos têm apontado alta incidência da doença no Brasil (Marques, Botelho, Marcon & Pupulim, 2014; Nogueira et. al, 2011) tanto pela procura tardia para o tratamento da insuficiência renal quanto pelo alto índice no envelhecimento da população. As modalidades de tratamento para paciente com IRCT são: diálise, que será dividida em: diálise peritoneal e hemodiálise e, também, o transplante renal. Comumente, a hemodiálise é o tratamento mais utilizado, sendo realizadas em três sessões semanais, com variação de três a cinco horas (Kusumoto, Marques, Haas & Rodrigues, 2008).

O descobrimento da IRCT pode delimitar o indivíduo, pois durante o tratamento os pacientes nefrológicos estão suscetíveis à alteração da qualidade de vida, dado que todo o processo gera ansiedade, dificuldade em entender o tratamento e a doença em si, limitação para realizar tarefas diárias, a perda da autonomia etc. (Terra, 2010). Nesse sentido, é importante ressaltar que esses indivíduos recorrem a diversas estratégias de enfrentamento, na qual a espiritualidade/religiosidade ocupa papel vital em todo processo.

A espiritualidade, muitas vezes, foi colocada de lado tanto no processo de adoecimento quanto na recuperação do mesmo. A concepção anterior sobre ser humano, partia do princípio de que ele é um ser biopsicossocial, e portanto toda e qualquer ação que visasse aumentar ou garantir sua qualidade de vida deveria ter o foco nestas três dimensões da vida.

A Carta de Sundsvall inovou, no âmbito da promoção da saúde, reconhecendo o papel da espiritualidade como um recurso para melhorar a qualidade de vida das pessoas, devendo esta ser garantida em ações ou iniciativas que abarquem as diversas dimensões humanas: a social, a física, a econômico-política e a espiritual (BRASIL, 2002).

É comumente percebido em alguns estudos (Espíndula, Do Valle & Bello, 2010; Silva & Silva, 2014) que os termos espiritualidade e religião são considerados sinônimos. Nesse sentido, é importante salientar o significado difere um do outro.

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Amatuzzi (2005) vem em nosso auxílio relatando que a religião é um sistema de crenças que leva em consideração os rituais, símbolos, bem como tentam trazer uma explicação da vida e da morte em si. Ainda com o mesmo autor, ele destaca que a religião também é um campo de experiência, em que é possível tecer indagações sobre o estado em que o sujeito está. Para que uma pessoa alcance a dimensão espiritual, não é necessário que a mesma esteja ligada a uma religião. (Bruscagin, 2004; Guimarães & Avezum, 2007).

Por espiritualidade entende-se que é o processo de busca do ser humano a um sentido, cuja dimensão é transcendente, bem como propicia um sentido de pertença maior (Kovács, 2007).

Tanto a espiritualidade quanto a religiosidade podem ser utilizadas como estratégia de enfrentamento para as situações adversas da vida, uma vez que é possível que senso de propósito e de busca por Deus torna-se um importante aliado no enfrentamento da doença (Panzini, Rocha, Bandeira & Fleck, 2007).

RESULTADOS

Após a transcrição das entrevistas, iniciou-se a construção das categorias que ocorreu após a leitura dos relatos dos participantes, sendo identificadas duas categorias: 1) a aceitação frente ao processo de tratamento; 2) Deus - fonte da espiritualidade.

1. Aceitação frente ao processo de tratamento

Esta categoria foi formada a partir das respostas dadas às questões um e dois (1- Descreva o seu quadro clínico; 2- Qual foi sua reação inicial ao

diagnóstico?)

De acordo com alguns participantes deste estudo, a aceitação apresentada pela maioria advém da realidade de que o tratamento é para o resto da vida, que se

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o mesmo não for realizado de forma correta, poderá ter prejuízos na sua saúde, podendo levar à morte.

Foi possível perceber que a descoberta precoce da doença ajuda no processo de aceitação, bem como na busca, adaptação e adequação ao tratamento, como, por exemplo, a realização de hemodiálise três vezes por semana, dieta nutricional e modificação de hábitos de vida em geral.

Sobre a reação frente ao diagnóstico e a aceitação, os participantes relataram:

“Eu reagi bem porque desde pequena eu já tinha, não foi uma coisa que eu peguei, né?...”(P1)

“Ou você aceita ou você aceita. Não tem muito o que fazer, é uma condição.” (P5)

“Não tive reação ruim, a vida me deu isso e eu não posso fazer nada. Eu vou fazer o quê?” (P6)

Para estes participantes, a condição crônica da doença é uma justificativa para a aceitação da condição patológica. Estudos apontam que a aceitação pode ser um fator de adesão ao tratamento quando este se responsabiliza pelo tratamento, em uma atitude ativa e suportando seus efeitos colaterais, (Maldoner et al, 2008; Silva et al, 2002) entretanto pode ser também uma situação que esconde uma passividade diante da doença, o que pode representar risco para os paciente que não aderem ao tratamento, agindo como se a patologia não interferisse em sua qualidade de vida (Barbosa , Aguillar & Boemer, 1999).

2. Deus - fonte de espiritualidade

Esta categoria foi formada a partir das respostas dadas pelas questões três e quatro (3- Como vem encontrando força para superar a enfermidade?. 4- Que papel

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diferenciou o papel da religião e da espiritualidade, reconhecendo quem ambas as fazem estar em contato com Deus auxiliando-os a enfrentar o problema de saúde e o tratamento que é prolongado e incômodo.

“Não tenho religião, acredito apenas em Deus. Deus não tem casa, ele

tá em todos os lugares. É nisso que penso.” (P6)

“A religião ajuda, a oração também, Deus.” (P3)

“A religião tem papel principal na minha vida, sem ela eu não seria nada. Sem Deus eu não seria nada, eu não ia passar por isso.” (P4)

“Encontro força em Deus. Sem ele não sou nada. Eu sou católica e isso ajuda muito.” (P5)

“A religião tem papel importante, a espiritualidade eu já não sei.” (P5)

Diversos estudos têm apontado a importância das redes de apoio para a adesão ao tratamento, aceitação da enfermidade e atitude pró ativa ante o enfrentamento da doença, e a espiritualidade é uma importante fonte de apoio (Silva et al, 2009; Paula, Nascimento & Rocha, 2009; Otaviani et al, 2014). Os participantes trouxeram o quanto o processo de aceitação interfere no modo de vida, e o papel que a espiritualidade desempenha para esta assume importância na construção e manutenção de sua qualidade de vida.

A aceitação não é sinônimo de resignação; e antes uma consciência do processo de adoecer e do tratamento que vai gerar uma nova perspectiva de possibilidades de vida e recursos de enfrentamento (Kovacs, 2007).

Constatou-se também que a descoberta precoce auxilia o paciente na adoção de atitude resolutiva para que consiga manter sua qualidade vida.

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O estudo demonstrou que a espiritualidade atua principalmente para a aceitação do adoecimento, tanto como representa a força necessária para continuar levar adiante o tratamento.

Mesmo para alguns que diziam não seguir alguma crença religiosa especifica, a compreensão sobre Deus exerce um efeito positivo frente à situação de adversidade, auxiliando-os a manter qualidade de vida mesmo diante da impossibilidade de uma cura absoluta.

Para estes participantes a crença em algo do mundo espiritual, a espiritualidade em si, lhes oferecia a esperança, conforto e equilíbrio, um apoio ou suporte necessário para dar prosseguimento aos procedimentos técnicos que são muitas vezes doloridos e invasivos.

Diante deste fato, torna-se necessário pensar na formação dos profissionais que lidam com estes pacientes, no intuito de que valorizem na espiritualidade a dimensão subjetiva, reconhecendo seu valor tanto para o tratamento em si, como para os padrões de enfrentamento do adoecimento e a manutenção de uma atitude pró ativa tão necessária para a qualidade de vida.

AGRADECIMENTOS

Ao programa de bolsa de Iniciação Científica da UNIFRAN e aos pacientes da Clínica Nefrológica do Hospital Regional, da cidade de Franca – SP

FONTES CONSULTADAS

Amatuzzi, M.M. (2005). Psicologia e Espiritualidade. São Paulo: Paulus.

Barbosa, J.C., Aguillar, O.M. & Boemer, M.R. (1999).O significado de conviver com insuficiência renal crônica. Revista Brasileira de Enfermagem;52(2):293-302. Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71671999000200016&scriptAcesso em 10 ago. 2105.

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Brasil. M.S. (2002). Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde.

Kovács, M. J. (2007). Espiritualidade e Psicologia – cuidados compartilhados. Revista O Mundo da Saúde. São Paulo. Abr/Jun 31(2):246-255. Disponível em:

http://saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/53/12_Espiritualidade.pdf. Acesso em: 21

de agosto de 2015.

Kusumoto, L., Marques, S., Haas, V.J., & Rodrigues, R.A.P. (2008). Adultos e idosos em hemodiálise: avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde. Acta Paulista de Enfermagem. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v21nspe/a03v21ns.pdf.

Acesso em: 22 de agosto de 2015.

Panzini, R.G., Rocha, N.S., Bandeira, D.R., & Fleck, M.P.A. (2007). Qualidade de vida e espiritualidade. Revista Psiquiatria Clínica. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34s1/a14v34s1.pdf. Acesso em: 25 de agosto de 2015.

Romão Jr, J. E. (2004). Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. Jornal Brasileiro de Nefrologia. Disponível em:

http://www.jbn.org.br/detalhe_artigo.asp?id=1183. Acesso em: 20 de agosto de

2015.

Terra, F.S. (2010). Avaliação da qualidade de vida do paciente renal crônico submetido à hemodiálise e sua adesão ao tratamento farmacológico de uso diário. Revista Brasileira de Clínica Médica. Disponível em: files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2010/v8n2/a006.pdf. Acesso em: 23 de agosto de 2015.

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