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Execução de alimentos pelo rito procedimental coercitivo pessoal e sua eficácia: análise doutrinária e jurisprudencial

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Academic year: 2021

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ALINE DENISE DE CHRISTO

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS PELO RITO PROCEDIMENTAL COERCITIVO PESSOAL E SUA EFICÁCIA: ANALISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL

Três Passos (RS) 2013

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ALINE DENISE DE CHRISTO

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS PELO RITO PROCEDIMENTAL COERCITIVO PESSOAL E SUA EFICÁCIA: ANALISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Lisiane Beatriz Wickert

Três Passos (RS) 2013

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Dedico a minha família por todo amor, carinho, compreensão e incentivo, pelos momentos de angústia e preocupações causadas por mim, pelas minhas ausências durante a realização deste trabalho, dedico-lhes essa conquista com muito amor e gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Professora Orientadora MSc. Lisiane Beatriz Wickert, pela paciência, pelas sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais.

Também aos professores, colegas e todos os integrantes do curso de graduação que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desse trabalho.

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“Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.”

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz um estudo de forma exploratória da execução de alimentos pelo rito procedimental coercitivo pessoal, buscando os diversos posicionamento doutrinário e jurisprudencial, e qual é a efetividade e eficácia desse procedimento. Assim, por meio hipotético dedutivo analisa o conceito de alimentos e a suas principais características e classificações. Apresenta as diversas opções de procedimento de execução de alimentos. Expõe o procedimento da prisão civil, e suas peculiaridades.

Palavras-Chave: Alimentos. Execução de Alimentos. Prisão Civil. Coerção Pessoal.

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ABSTRACT

This work of monographic research is to study in an exploratory manner, the implementation of food by staff coercive procedural rite, seeking the treatened doctrinal and jurisprudential position, and what is the effectiveness and efficacy of this procedure. Thus, through hypothetical deductive analyzes the concept of food and its main characteristics and ratings. Presents the treatened options for implementing registry-based food procedure. Exposes the procedure of civil imprisonment, and its peculiarities.

Keywords: Food. Running Food. Civil Prison. Personal coercion

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 09

1 DOS ALIMENTOS – ASPECTOS GENÉRICOS ... 11

1.1 Origem e conceito de alimentos ... 11

1.2 Obrigação alimentar ... 13

1.3 Características ... 16

1.4 Classificação ... 19

1.5 Transmissão, exoneração e extinção dos alimentos ... 21

2 A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS – ESPÉCIES ... 23

2.1 Desconto em folha (art. 734 do CPC)... 23

2.2 Expropriação ... 26

2.2.1 Cumprimento de sentença (art. 475-J do CPC) ... 27

2.2.2. Execução de título judicial ou extrajudicial (art. 732 do CPC) ... 29

2.3 Prisão civil (art. 733 do CPC) ... 33

3 A PRISÃO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ... 33

3.1 As possibilidades de prisão civil previstas na Constituição Federal ... 33

3.2 Cabimento e aplicação... 35

3.3 Eficácia do procedimento da prisão civil ... 38

3.4 Divergências doutrinárias ... 40

3.5 Entendimentos jurisprudenciais ... 44

CONCLUSÃO ... 49

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo sobre a prisão civil do devedor de alimentos, que é uma das formas de executar alimentos.

Através desse trabalho pretende-se analisar tal procedimento, buscando os diversos posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais, bem como ver qual a efetividade e eficácia desse método. Para isso se torna necessário saber à importância dos alimentos na vida daqueles que necessitam, e que não podem por si provê-los. Sendo eles normalmente filhos (criança), mas podendo ser também pais, ex-companheiros, entre outros, esses dependem de uma prestação alimentícia, a qual é prestada por um devedor obrigado com tal prestação. Tal obrigação decorre pelo vínculo ou pela responsabilidade que tem com o necessitado.

Essa prestação após uma sentença judicial ou acordo tanto judicial como extrajudicial, se torna um crédito alimentar, o qual muitas vezes não é prestado pelo devedor. Não se trata apenas de uma inadimplência, mas também de expor o credor a uma necessidade.

Como forma de garantir que o crédito seja pago, bem como os valores inadimplentes, existem diversos meios para assegurar o cumprimento da prestação. São eles: o desconto em folha, a expropriação e a prisão civil. A prisão civil é um meio que se aplica unicamente em casos de dívida por alimentos, não sendo admissível em nossa constituição em nenhum outro caso, tornando-a assim meio exclusivo para a execução de alimentos.

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O primeiro capítulo tem-se por finalidade estudar o conceito e origem dos alimentos, suas características e classificações, bem como a obrigação de alimentar, sua transmissão, exoneração e extinção.

No segundo capítulo, serão analisados os diversos meios para executar alimentos. Pois cada um deles se aplica melhor para cada caso específico, e também apresentam procedimentos diferentes.

Por fim, será realizado um estudo específico do procedimento da prisão civil, demonstrando a sua previsão constitucional e suas divergências doutrinárias, e ainda qual o entendimento atual jurisprudencial acerca do tema.

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1 DOS ALIMENTOS - ASPECTOS GENÉRICOS

Desde que nascemos até a nossa morte vamos depender de alimentos. Desta forma torna-se imprescindível a sua compreensão, definição e representação em nossa existência.

Sendo os alimentos a condição essencial para a subsistência, é necessário conhecer a amplitude do que esses significam e compreendem em nossas vidas, uma vez que apresentam diferentes características, e podem ser classificados de diversas formas.

Dessa forma o Código Civil de 2002 regulamenta esse tema no subtítulo III, artigos 1.694 à 1.710, dizendo dos direitos e dos deveres de ser alimentado e alimentar. Com essa regulamentação, que atende a necessidade do tempo em que vivemos a doutrina juntamente com a jurisprudência estabelece alguns direitos e deveres.

Neste sentido, este capítulo traz o conceito e a origem dos alimentos, bem com apresenta suas características, classificações, obrigação de alimentar e ainda sua transmissão, exoneração e extinção.

1.1 Origem e conceito de Alimentos

O conceito de alimentos, não tem divergências entre os doutrinadores, pois esse veio juntamente com a evolução da humanidade, modificando- se e formando- se no que se conhece hoje, com uma abrangência muito maior.

Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2011, p. 673, grifo dos autores), “os alimentos significam o conjunto das prestações necessarias para a vida digna do individuo.

Nesse sentido, completa Sílvio de Salvo Venosa (2011, p. 358), dizendo que os:

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Alimentos, na linguagem jurídica, possuem significado bem mais amplo do que no sentido comum, compreendendo, além da alimentação, também o que for necessário para moradia, vestuário, assistencia médica e instrução.

Essa interpretação apresentada pelo Codigo Civil de 2002, o qual aumenta a obrigação de alimentar.

Esse conceito está diretamente ligado com o conceito de família e de suas responsabilidades, a qual socialmente vem se modificando em virtude da “evolução” social, o que consequentemente abrange o conceito de alimentos e aumenta a obrigação alimentícia.

De acordo com Venosa (2011, grifo nosso), no Direito Romano clássico não se tinha uma concepção de obrigação de alimentar, e sim uma visão de uma família monogâmica com um chefe da família, denominado pater, que conduzia todo os demais membro, sendo o responsável por esses.

Já na Idade Média, como explica Alessandro Marques de Siqueira (2010), surge como dever da família, o amparo aos seus membros doentes, inválidos e impossibilitados de prover o próprio sustento. Essa idéia é influenciada pela Igreja Católica, que zelava por uma estrutura familiar, em que se dava pelo casamento religioso, sob domínio da figura masculina com a função exclusiva de reprodução. E assim com o casamento e a formação da família, se garantia assistência recíproca entre seus membros, que era dada entre ascendentes e descendentes em linha reta.

Com o Direito Moderno, que se dá com o fim do sistema feudal e a perda do poder da igreja, passa-se a ter influencia das diversas manifestações sociais, como a revolução industrial e francesa, surgindo a idéia de Estado, o qual passa a interferir na família, criando os direitos fundamentais como a dignidade da pessoa humana e passa aceitar novas modalidades de estrutura familiar.

A família deixa de ser uma unidade de produção, sob o comando de seu chefe, passando cada membro a trabalhar dentro das fábricas. A família, antes produtora dos bens para a sua própria subsistência, passa a exercer função econômica, auferindo o seu sustento da

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produção, ora como proprietária, ora como proletária. (SIQUEIRA, 2010, p. 7).

A modernidade trouxe consigo além de dos avanços, problemas sociais, pois com a industrialização, economia e conseqüente a concorrência, o surgimento de uma divisão bem acentuada de classes sociais, na qual a classe proletária apresentava dificuldades em se manter, passando assim depender da proteção do Estado. Proteção essa que era dada pela criação de leis, mas que não regulamentavam as diversas modalidades de família (SIQUEIRA, 2010, p. 7).

No Brasil, somente se trouxe para a legislação essas diversas modalidades de família, com a Constituição Federal de 1988, a qual passou a entender o direito entre homens e mulheres como igual. E pelo Código Civil de 2002, quando regulamenta a União Estável.

Essas legislações passaram a ser interpretadas de forma em que se abrangeram os obrigados à prestação alimentícia, e conseqüentemente com os direitos fundamentais e sociais, o rol de necessidades para a subsistência digna.

1.2 Obrigação alimentar

A obrigação alimentar, como qualquer outra obrigação do direito de família, deriva de um fato, neste caso do grau de parentesco. Esse por sua vez pode criar uma obrigação por apenas ser um dever familiar, ou ainda por ser uma obrigação por necessidade de ser alimentado.

Prescreve o artigo 1.695 do Código Civil que:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

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Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

[...]

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades

do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

A partir do texto regulamentado pela lei, a doutrina estabeleceu pressupostos para a fixação de alimentos.

Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 674) dizem que:

Um binômio é tomado como pressuposto fundamental para a fixação de alimentos: necessidade-possibilidade [...] Todavia, a doutrina mais moderna permite-se ir além da mera remissão legal, considerando que o respaldo fático da fixação estará calcado, em verdade, em um trinômio.

São pressupostos fundamentais: a Necessidade do alimentado que não promove seu próprio sustento, em que se deve levar “em conta, para apurar a indigência do alimentário, suas condições sociais, sua idade, sua saúde e outros fatores espaciotemporais que influem na própria medida.” (DINIZ, 2005, p. 539).

Também a Possibilidade econômica do alimentante, eis que deve fornecer alimentos de forma que não prejudique o seu próprio sustento. E o pressuposto da Proporcionalidade que fica entre os outros dois pressupostos, pois se deve fazer em cada caso específico um balanço entre a necessidade e a condição econômica do alimentante.

A partir desses pressupostos fica bem claro que a obrigação de alimentar é recíproca entre “ascendentes e descendentes, não há limites de grau para fixação da tal obrigação, podendo ser estendido a avós, bisavós e outros, indefinidamente, enquanto houver atendimento aos pressupostos.” (GAGLIANO; FILHO, 2011, p.677).

Cabendo ainda a solidariedade familiar, ou seja, se o parente em grau imediato não tiver condições, o artigo 1.698 do Código Civil:

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Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Referente aos sujeitos devedores de alimentos e aqueles que têm o direito e ou a necessidade dessa prestação, o doutrinador Venosa (2011, p.373- 383), separou esses em grupos, sendo eles:

a) Alimentos aos filhos menores, e à mulher gestante, esse conhecido como alimentos gravídicos – esse grupo considera a necessidade apenas como uma qualificadora para pleitear alimentos, pois o que mais pesa é o dever dos pais com os filhos menores, ou seja, o dever de família;

b) Alimentos aos filhos maiores, pais e irmãos – serve para os parentes carentes, apenas quando houver a necessidade de ser alimentado, poder exigir reciprocamente alimentos;

c) Alimentos decorrentes do casamento – em caso de separação, e divorcio, a lei assegura pensão alimentícia à mulher. Completa ainda Venosa (201, p. 378) que “com a igualdade de direitos entre os cônjuges, estabelecidas no ordenamento constitucional, nada obsta, perante os pressupostos legais, que o homem venha pedir alimentos à mulher.”;

d) Alimentos decorrentes da união estável - passa se aplicar as mesmas disposições, aplicadas para o casamento.

Dentro desses grupos percebe-se aqueles que têm o direito à alimentos, independentemente da necessidade, e aqueles que a quem a obrigação é devida somente em caso de necessitar desse. Nesse sentido Carlos Roberto Gonçalves (apud GOMES, 2011, p. 507, grifo do autor) enfatiza que:

Não se deve, realmente, confundir a obrigação de prestar alimentos “com certos deveres familiares, de sustento, assistência e socorro, como os que têm o marido em relação à mulher e os pais para com os filhos, enquanto menores- deveres que devem ser cumpridos incondicionalmente. A obrigação de prestar alimentos ‘stricto sensu’ tem pressupostos que a diferenciam de tais deveres. Ao contrário desses deveres familiares, é recíproca, depende das possibilidades do devedor e somente se torna exigível se o credor potencial estiver necessitado.”

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Tornando-se assim, essencial considerar os pressupostos para a fixação de alimentos. Mas também se torna fundamental conhecer as características da obrigação de alimentar que contribuem para essa fixação.

1.3 Características

A doutrina estabeleceu características da obrigação de alimentar, as quais ajudam a explicar tal obrigação. Passa-se a análise de cada uma delas.

Essa é uma obrigação em que o direito é considerado personalíssimo, pois a “sua titularidade não se transfere, nem se cede a outrem. Embora da natureza pública, o direito é personalíssimo, pois visa preservar a vida do necessitado.” (VENOSA, 2011, p. 366, grifo do autor).

Em caso de falecimento do obrigado, esse direito pode se tornar transmissível passando assim a obrigação a um herdeiro. Neste sentido se estabelece uma segunda característica:

É transmissível - essa é uma característica disposta no art. 1.700 do Código Civil “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor” podendo:

Reclamá-los de quem estiver obrigado a pagá-los, podendo exigir dos herdeiros do devedor, se este falece, porque a estes se transmite a obrigação alimentar, passando, assim, os alimentos a ser considerados como divida do falecido, cabendo aos herdeiros a respectiva solução até as forças da herança [...] no limite do quinhão que a cada um deles couber. (DINIZ, 2005, p. 540).

É também uma prestação irrenunciável, não podendo ser renunciada, dada sua previsão legal, mas, pode-se deixar de exigir, dispensando- a. Porém se comprovada a necessidade pode-se voltar a exigi-la.

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Mesmo que tenha havido a desistência dos alimentos - quer na separação quer por ocasião do divorcio - possível buscar o alimento se comprovada à necessidade. Porém, quando houver a renuncia, a tendência da jurisprudência é descumprir a lei, reconhecendo a

carência da ação de quem pleiteia alimentos depois de a eles ter

renunciado [...] Mas é incontroverso que os alimentos decorrentes do poder familiar a favor são irrenunciáveis. O representante dos menores não pode desistir da ação, sendo admissível, somente, transação em sede de execução, mas de modo a não prejudicar o interesse da prole. (DIAS, 2011, p. 523, grifo da autora).

O direito de cobrar é imprescritível, podendo ser cobrado posteriormente à existência do credito alimentar. Porem deve-se observar o prazo de execução, porque poderão ser cobrado apenas os dois últimos anos.

Esse também é um credito impenhorável, pois como se “destina para a promover a mantença do necessitado, não pode, de modo algum, responder pelas suas dividas.” (DINIZ, 2005, p. 546).

Com a mesma justificativa da impenhorabilidade, a Lei diz que também é incompensável a prestação alimentícia como forma de proteção a esta, que é destinada a subsistência do necessitado.

É também uma obrigação intransacionável. Nesse sentido Gonçalves (2011, p. 522, grifo do autor) explica:

Sendo indisponível e personalíssimo, o direito a alimentos não pode ser objeto de transação (CC, art. 841). Em conseqüência, não pode ser objeto do juízo arbitral ou de compromisso. A regra aplica-se somente ao direito de pedir alimentos, pois a jurisprudência considera transacionável o quantum das prestações, tanto vencidas como vincendas.

É também uma obrigação que visa à necessidade atual, ou seja, a necessidade passada jamais poderá ser requerida, assim somente pode satisfazer as necessidades presentes e futuras.

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Assim Diniz (2005, p. 547) completa dizendo que “alimentos atrasados só são devidos se fundados em convenção, testamento ou ato ilícito, quer dizer, por título estranho ao direito de família.”

Nesse sentido, é também uma obrigação irrestituível, pois sendo eles provisórios ou definitivos, uma vez pagos, não serão devolvidos, mesmo que a ação que requer alimentos seja improcedente.

Venosa (2011, p. 368) diz ainda que “o pagamento dos alimentos é sempre bom e perfeito [...] No entanto [...] nos casos patológicos, com pagamentos feitos com evidente erro quanto à pessoa [...] terá direito a restituição.”

É também uma característica bem importante para essa obrigação, à variabilidade, que está presente durante todo o tempo que essa é devida. Pois desde o momento inicial, com a fixação de um determinado valor, essa ficará submetida à modificações à qualquer tempo, por todas as circunstâncias em que as partes estão submissas. Assim sendo permitido “revisão, redução, majoração ou exoneração da obrigação alimentar, conforme haja alteração da situação econômica e da necessidade dos envolvidos.” (DINIZ, 2005, p. 547).

Nesse mesmo sentido é uma obrigação alimentar divisível:

entre os vários parentes, de acordo com os arts. 1.696 e 1.697. Desse modo, vários parentes podem contribuir com uma quota para os alimentos, de acordo com sua capacidade econômica, sem que ocorra solidariedade entre eles.” (VENOSA, 2011, p. 370).

Assim sendo devida de forma periódica, ou seja, deve ser estabelecido um período de pagamento. Normalmente é mensal, mas nada impede que sejam estabelecidas outras formas como semanalmente, quinzenalmente, semestralmente, etc., desde que esse acordado entre as partes e rigorosamente cumprida.

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E por fim, e não menos importante, a característica da reciprocidade, que tem por fundamento o dever de solidariedade, o dever da mútua assistência. Vale lembrar:

Com relação aos alimentos decorrentes de poder familiar, não há falar em reciprocidade (CF 1.696). Porem no momento em que os filhos atingem a maioridade cessa o poder familiar e surge, entre pais e filhos, obrigação recíproca em decorrência do vinculo parentesco. (DIAS, 2011, p. 518).

Esse é um exemplo explicativo que demonstra muito bem que o dever alimentar não é apenas de pai com filhos, e sim de quem deles precisar, ou seja mesmo o filho que recebia alimentos do pai quando menor, poderá esse se tornar devedor do pai, se esse necessitar.

1.4 Classificação

A doutrina traz diversas classificações referentes ao tema alimentos, merecendo destaque as seguintes:

A primeira classificação diz a respeito quanto à natureza dos alimentos, sendo divididos ainda em naturais e civis:

a) Naturais - são os alimentos que se restringem as necessidades básicas do alimentado como alimentação, vestuário, remédio e moradia;

b) Civis – também conhecido por alguns doutrinadores como Côngruos, vão alem dos naturais, pois esses compreendem “os gastos necessários para a manutenção da condição social” (GAGLIANO; FILHO, 2011, p. 683).

A segunda classificação traz as finalidades que podem ser definitivas ou provisórias:

a) Definitivas – são os determinados por sentença judicial ou acordo judicial homologado, podendo ser revisados a qualquer tempo;

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b) Provisórios – esses, que até a lei que alterou o Código de Processo Civil, lei nº 10.444 de 2002, os alimentos que até então eram pleiteados pelo procedimento cautelar, passou a ser concedido por antecipação de tutela, quando esses são cumulados como, por exemplo, com ação de divórcio, ou separação judicial.

Esse é um instituto que serve para garantir o recebimento de prestação alimentícia quando demonstrada à necessidade antes de uma sentença definitiva, para que o alimentado não passe necessidades.

A classificação quanto à causa jurídica podem ser legais, convencionais e indenizatórios:

a) Os Legais ou Legítimos como também chamados, são definidos por Gonçalves (2011, p. 502, grifo do autor), como sendo “devidos em virtude de uma obrigação legal, que pode decorrer do parentesco (iure sanguinis), do casamento ou do companheirismo.” podendo somente esses ser objeto de prisão civil (procedimento a ser trabalhado no 3º capítulo);

b) Já os Convencionais ou Voluntários, “decorrem da autonomia da vontade, assumindo-se uma obrigação de prestar alimentos, mesmo não tendo obrigação legal para tal mister.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 683);

c) E os indenizatórios ou Ressarcíveis – resultam da responsabilidade civil do devedor, Gagliano e Pamplona Filho (apud TARTUCE; SIMÃO, 2011, p. 683) dizem que:

São aqueles devidos em virtude de pratica de um ato ilícito como, por exemplo, o homicídio, hipótese em que as pessoas que do morto dependiam podem pleiteá-los. Estão previstos no art. 948, II, do CC, tendo fundamento à responsabilidade civil e lucros cessantes [...]

A quarta classificação diz a respeito do tempo ou momento, podendo ser eles futuros, presenciais e pretéritos:

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a) Os pretéritos – como o próprio nome diz são anteriores ao momento do ajuizamento da ação são os alimentos vencidos. Esses não são admitidos em nosso ordenamento;

b) Atuais – são devidos a partir do ajuizamento, admitidos pelo nosso ordenamento jurídico. Podem esses ser motivo de prisão civil, no caso em que, o devedor não efetuar as ultimas três prestações;

c) E os futuros - são devidos, só a partir da sentença.

A última classificação refere-se quanto à forma de pagamento, que pode ser própria ou imprópria:

a) Própria – “aqueles prestados in natura, abrangendo as necessidades do alimentado.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 684, grifo do autor), ou seja, são prestados de forma natural, como por exemplo, comida ao filho, roupa ao filho;

c) Imprópria – “os pagamentos de natureza pecuniária (em dinheiro) são a forma mais comum de prestação de alimentos” segundo Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 684). Pois essa forma é muito mais pratica de ser estabelecida.

Os alimentos in natura normalmente são complementares a prestação pecuniária, pois a necessidade de ser alimentado não são unicamente de roupa ou de comida e sim de um conjunto, que é melhor prestado em dinheiro.

1.5 Transmissão, exoneração e extinção dos alimentos

Conforme apresentaram as características da obrigação de alimentar, essa é uma obrigação variável, que está sujeita à alterações q que também pode se cessar, seja por meio da transmissão, exoneração e extinção dos alimentos.

A transmissão se da com a morte do devedor, sendo transferida ao herdeiro a obrigação de alimentar até as forças da herança. Nesse sentido diz Venosa (2011,

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p. 387) “a transmissão da obrigação de alimentar no texto projetado fica restrita apenas aos alimentos decorrentes do casamento e da união estável, o que por si não se justifica.”

Já a “exoneração não se confunde, porém, com a extinção do dever de alimentos [...]” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 700):

Esta regra encontra-se assentada no artigo 1.708 do Código Civil:

Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.

Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.

O caput do artigo 1.708 do Código Civil, diz respeito à causa de exoneração, que “é, portanto, ato de reconhecimento da cessação da obrigação alimentar. Assim se o credor não mais necessita ou o devedor não tem mais condições, a hipótese é de aplicação de mencionado instituto.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 699).

Já o parágrafo único desse artigo, refere-se as causas de extinção da obrigação de alimentar. Que por conclusão de Gagliano e Pamplona Filho (2011, p. 700) se da por causa indigna do credor com o devedor, essa “expressão pode ensejar varias outras contextualizações, o que deve ser objeto do prudente e fundamentado arbítrio do julgador.”

O único modo para dar fim à obrigação de alimentar é através da transmissão, exoneração e extinção, é de forma judicial, com uma sentença.

Da mesma forma, judicialmente, se tem meios de garantir a prestação alimentícia. Os mais conhecidos e usados, são: a determinação de desconto em folha (art. 734 do CPC); a expropriação; e pela prisão Civil (art. 733 do CPC), pontos esse que serão tema do próximo capítulo.

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2 A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS- ESPÉCIES

Os alimentos, como se observou no Primeiro Capítulo, são devidos normalmente decorrem de vínculo familiar, ou seja, pela obrigação que se tem com quem necessita, mas devem ser considerados também, os pressupostos da necessidade/ possibilidade.

Existindo então o crédito alimentar, que pode ser tanto fixado em uma sentença ou acordo judicial em uma ação que pleiteia alimentos, bem como por qualquer tipo de documento público, que transaciona crédito alimentício, estes podem ser executados em casos de inadimplência.

Para tal demanda, existem meios para tentar garantir o pagamento dos alimentos, sendo as seguintes formas: pela penhora de bem, ou dinheiro, também conhecida como expropriação, ou com o desconto em folha de pagamento de salário do devedor e ainda pela prisão civil do devedor. Apesar de todas essas práticas possuírem um procedimento diferenciado, vislumbra-se nelas o mesmo objetivo, ou seja, garantir o pagamento.

Araken de Assis (2011, p. 95) classifica ainda essas modalidades em duas espécies: a primeira como meio executório de sub-rogação, ou seja, o patrimônio irá responder pela inadimplência. Essa espécie corresponde às modalidades de desconto em folha e de expropriação. E a segunda espécie, é o meio executório de coerção, em que recai a obrigação na pessoa do devedor sendo essa a modalidade da prisão civil.

Frente a essa variedade de opções, cada uma delas se aplica melhor para casos específicos, fazendo com que tenham um procedimento diferenciado um do outro. Passa-se então a análise de cada um desses procedimentos.

2.1 Desconto em folha (art. 734 do CPC)

O desconto em folha é um meio de garantir o pagamento da prestação alimentícia de forma bem pontual. Serve principalmente para os devedores que não

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costumam pagar na data certa, ou seja, que atrasam o pagamento e até mesmo para aqueles que não pagam.

Muitas vezes os próprios devedores optam por essa modalidade, pois ela torna-se muito prática para aquele que deve pagar, podendo ser estabelecida pelas partes no próprio acordo judicial.

O único requisito para que se opte por essa modalidade, é que o devedor seja empregado ou funcionário público, até mesmo quando tiver como renda benefício previdenciário para que possa acontecer o desconto.

Nesse sentido o art. 16 e 17 da Lei nº 5478/68:

Art. 16. Na execução da sentença ou do acordo nas ações de alimentos será observado o disposto no artigo 734 e seu parágrafo único do Código de Processo Civil.

Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz.

Combinado com o art. 734 do Código de Processo Civil , o qual dispõe o seguinte:

Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.

Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o tempo de sua duração.

Poderão também, na falta de um salário, ser cobrados sobre qualquer outro tipo de rendimento do devedor, como aluguéis por exemplo. Basta ser informado ao juiz, “que serão recebidos diretamente pelo alimentado ou por depositário nomeado pelo juiz.” (BUENO, 2010, p. 409).

Então, sendo possível ocorrer o desconto e demonstrada a necessidade nos casos em que essa modalidade não foi acordada, ou seja, quando o devedor não

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optou por essa modalidade, pode ser usada para garantir pagamento, sendo cabível então o pedido de desconto em folha do devedor de alimentos.

Nesse sentido Maria Berenice Dias (2011, p. 573) diz:

Mesmo que não convencionada no acordo ou determinada judicialmente essa modalidade de pagamento, mediante a alegação de impontualidade pode o credor solicitar ao juiz que oficie ao responsável pelo pagamento do salário do devedor, solicitando o desconto. Para essa providencia, não é necessária propositura de ação para alterar a forma de pagamento. Não se trata de modificação, mas de simples busca de cumprimento da obrigação alimentar [...] Mesmo que os autos já se encontrem arquivados, basta simples requerimento ao juízo.

Feito esse requerimento judicial, tanto em um processo que se encontra em fase de cumprimento de sentença, como em qualquer momento do processo, o devedor será:

Citado/intimado para o cumprimento voluntario da obrigação, no prazo de três dias, se titulo extrajudicial, no prazo de quinze dias, se titulo judicial, aplicando-se subsidiariamente os arts. 475-J e 652 do CPC- sob pena de expedição de oficio determinando desconto na fonte pagadora. Neste oficio, constarão os nomes do credor, do devedor, o valor da prestação e o tempo de sua duração, conforme o art. 734, parágrafo único, CPC. (FREDIE DIDIER JUNIOR, 2011, p. 701)

Poderá ainda o devedor impugnar ou embargar, porém o credor mesmo assim terá o direito de receber, alimentos, “diretamente da fonte pagadora, independentemente de caução.” (DIDIER JUNIOR, 2011, p 701). Nesse sentido o Código do Processo Civil dispõe:

Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.

Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação.

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Isso quer dizer que, mesmo oferecendo defesa, as prestações são devidas, até que se discuta essa obrigação podendo ela continuar em caso de procedência, ou ser encerrada em caso de improcedência.

Recentemente o Superior Tribunal de Justiça abriu a possibilidade da devolução de alimentos, estabelecidos por antecipação de tutela, quando esses posteriormente revogados. Essa possibilidade se deu em um julgamento em que o INSS era o devedor, conforme matéria pública no site do Superior Tribunal de Justiça (2013, p.01)

Dessa forma, a Primeira Seção decidiu que, no processo de devolução dos valores recebidos pelo segurado por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até dez por cento da remuneração dos benefícios previdenciários recebidos pelo segurado, até a satisfação do crédito.

É importante ainda dizer que é possível desconto em folha de parcelas vencidas de pensão alimentícia. O STJ publicou a seguinte noticia em seu site (2013, p. 01):

É possível o desconto em folha de pagamento de parcelas vencidas de pensão alimentícia, desde que em montante razoável e valor que não impeça a própria subsistência do executado [...]

Para o STJ, o desconto é legítimo desde que em montante razoável e de modo que não impeça a própria subsistência do alimentante. A Súmula 309 do STJ dispõe que "o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo". Dessa forma, segundo o relator, ministro Luis Felipe Salomão, parcelas vencidas no curso da ação de alimentos têm também a natureza de crédito alimentar.

De acordo com o ministro, os artigos 16 da Lei 5.478/68 e 734 do Código de Processo Civil (CPC) prevêem, preferencialmente, o desconto em folha para pagamento da dívida. Como não há na lei ressalva quanto ao tempo limite em que perdura o débito para a determinação do desconto em folha, não é razoável restringir o alcance da norma para proteger o inadimplente, segundo o relator.

Percebe-se que essa modalidade de desconto em folha do devedor, é muito utilizada, tanto pela sua praticidade, como por sua eficácia.

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2.2 Expropriação

A expropriação, bem como o desconto em folha, são meios de executar alimentos que recairão sobre o patrimônio do devedor em caso de inadimplência.

Nesse sentido, Assis (2011, p.105) diz que:

A execução das obrigações pecuniárias consiste no corte do patrimônio do obrigado correspondente ao valor da dívida. Inicia através de ato de afetação de semelhante parcela aos destinos do processo executivo, que é a penhora [...] se, porém, a constrição atinge coisa diferente da prestação (dinheiro), o que nunca ocorre no desconto, a expropriação (art. 646 do CPC) se desenvolve de quatro maneiras (art. 647, I a IV), que denotam técnicas de conversão da coisa penhorada em dinheiro: adjudicação, alienação por iniciativa particular, alienação em hasta publica e usufruto. O art. 475-J, que só contempla a ato inicial da expropriação, remeta a tais técnicas (art. 475- R)

Ou seja, tanto pelo cumprimento de sentença ou pela execução de título judicial ou extrajudicial, a expropriação se concretizará.

Inicialmente esses dois meios têm o seu procedimento diferenciado, que é a forma de ingressar com ele. O cumprimento de sentença será uma continuação do processo e a execução necessita de um novo processo. Já a maneira de desenvolver os atos que garantiram o crédito alimentar são os mesmos, tanto que o art. 475-J do CPC que remete ao procedimento da execução.

Ocorre que a regra trazida pela Lei 11.232/05, que acrescenta o cumprimento de sentença, estabelece que se deve utilizá-la sempre que possível. Essa é apresentada a seguir, e logo após o procedimento da execução que também se utiliza em alguns casos.

2.2.1 Cumprimento de sentença

Essa é uma fase conseqüente de uma sentença, seja ela definitiva ou não. Segundo Gonçalves (2010, p.105) é uma “fase, sem a formação de um novo processo.”

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Essa fase foi incluída pela Lei nº 11.232/05, em que passou a ser eliminado o processo de execução, e sim utilizar-se após se ter uma sentença transitada e julgada, o seu cumprimento. Essa lei partiu da idéia do sincretismo processual, o qual torna o processo mais célere e efetivo.

Concluída a fase decisória do procedimento que pleiteia alimentos, ou também após um acordo judicial, inicia-se o cumprimento de sentença. Primeiramente se deverá apurar o valor devido, se esse ainda não definitivo.

Tendo o valor definido, ou seja, certo, liquido e exigível, deverá a parte credora requerer em juízo o pagamento espontâneo no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% do valor da condenação. “A execução depende, portanto, de requerimento de exeqüente, inclusive seu silêncio por seis meses implica arquivamento dos autos, sem prejuízo.” (SANTOS, 2010, p. 234).

Sendo intimado o devedor/executado, e esse não cumprir com a obrigação, aplicação às disposições do art. 475-J do CPC, que remete a aplicação de execução por quantia certa.

Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Já o artigo 614, inciso II do mesmo dispositivo legal, diz que:

Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:

II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;

Da mesma forma o Capítulo V, do Livro II Execuções, que traz as modalidades de execução de alimentos no seu capítulo V, remetem ao

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procedimento de execução por quantia certa, assunto esse que será abortado no próximo ponto.

Sendo assim ambos os procedimentos do cumprimento de sentença como da execução tem seu procedimento semelhante. O que altera é que o cumprimento de sentença continuará no mesmo processo, já a execução depende da propositura de novo processo.

2.2.2 Execução de título judicial ou extrajudicial pelo rito do art. 732 do CPC

Essa forma de execução de alimentos, que se da a partir de títulos judiciais, como por exemplo, um acordo, ou sentença, bem como por títulos extrajudiciais que tem como exemplo, aquele feito por escritura pública, traz a possibilidade de cobrar dívida alimentar superior ao período de 3 meses.

Dentro disso há devedores solventes, ou seja, os que têm bens passíveis de serem executados e os insolventes que não apresentam bens.

Tal procedimento de execução de título judicial ou extrajudicial se dá pela disposição da execução por quantia certa, bem como o cumprimento de sentença descrito no ponto anterior.

Sendo assim, o devedor não tendo adimplido seu débito:

Pede-se ao Estado que intervenha para receber esse crédito, através de uma petição inicial. É uma petição simples (não se requer provas no processo de execução), qualifica as partes, coloca o juiz competente, fundamenta os fatos e diz o que se quer. Pedido mediato do processo de execução: o principal + juros e correção monetária daquilo que não foi pago. Por isso, tem que levar anexo, uma planilha de cálculo. Pedido imediato: o pedido de tutela executiva. Se o devedor não cumpre espontaneamente, pede-se a tutela judiciária. Os honorários advocatícios são pedidos que o juiz arbitra. (CARRARO, 2005, p. 1)

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Feito isso, o juiz fará a admissibilidade da inicial, sendo ela recebida, mandará citar o executado. De regra a citação deve ser pessoal, mas em caso dessa não ser positiva, poderá ser feita por edital ou hora certa.

Após a citação (desde que não haja o pagamento voluntário da dívida em três dias, naturalmente), abrem-se dois caminhos paralelos:

I) por um lado o credor continua a execução, com a penhora, avaliação, alienação e entrega do produto ao credor, como veremos adiante;

II) por outro, o executado irá pedir parcelamento da dívida ou se defender, ficando esclarecido que somente suspendem os atos executórios, isto é, abrem parênteses na execução. (REIS,2007, p. 2, grifo do autor)

O meio de defesa do executado são os Embargos, o qual deverá ser apresentado no prazo de 15 dias. Tendo a parte requerido o efeito suspensivo, o magistrado poderá conceder, se esse demonstrar o grave dano ou a difícil reparação da medida da execução, desde que esse ofereça caução, ou tenha bens penhorados.

Não tendo feito o pagamento, nem sido oferecido embargos com efeito suspensivo, procede-se com a expropriação quando o oficial de justiça fará a penhora, avaliação e intimação de penhora.

A penhora deverá seguir uma ordem (art. 655 do CPC). A primeira opção é o dinheiro, que pode ser penhorado de forma online. Atualmente se utiliza o sistema do Bacenjud, que é um instrumento que o poder judiciário utiliza para se comunicar com os bancos e assim penhorar quantia em dinheiro diretamente na conta do executado.

Não existindo essa disposição em dinheiro, buscam-se bens. Esses bens poderão ser indicados pelo próprio executado, bem como podem ser apreendidos pelo oficial de justiça. Nesses casos pode também o poder judiciário utilizar de outro instrumento muito prático, o Renajud, que possibilita a penhora ou apreensão de veículos diretamente com o Departamento Estadual de Transito (DENETRAN) e o Registro Nacional de Veículos (RENAVAM). Para tanto a Consulta Base Nacional (BIN), possibilita obter informações em tempo real, sobre o que consta no cadastro

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de cada veículo, ou seja, informações que constam no DENATRAN e no RENAVAM. .

Tendo os bens para serem penhorados, de forma equivalente com a obrigação, passa-se a adjudicação do bem. A qual pela força da Lei n 11.382/06 estabeleceu uma nova sistemática para esse procedimento, o que antes era a última fase do processo de execução, passa agora como primeira.

Então o juiz, de oficio ou a requerimento das partes abre prazo para a parte exeqüente, adjudicar/ ficar com o bem. Tendo a parte exeqüente interesse, esse adjudica o bem, o qual será desapropriado do executado, passando então ao patrimônio do exeqüente. Assim conclui-se a execução.

Não tendo o interesse em adjudicar o bem, poderá ainda ser o bem alienado por iniciativa particular, quando:

O exeqüente providenciará por sua conta, ou através do concurso de corretor credenciado perante o juízo da execução, localização de interessado em adquirir o bem penhorado. Cabe ao juiz fixar, previamente as condições do negocio e a forma da publicidade (art.685, § 1º). (ASSIS, 2011, p. 106).

Se o exequente não adjudicar o bem nem o alienar por iniciativa particular, passa-se a alienação por Hasta Pública, nessa etapa é feito uma nova avaliação do bem, após são publicados editais:

Ou modo assemelhado de publicidade, pois a alienação realizar-se-á em certame publico e a qualquer interessado; e da arrematação, na qual o órgão judiciário aceita a proposta mais vantajosa, à vista ou prazo, e transfere o domínio da coisa, pertencente ao executado, ao adquirente. (ASSIS, 2011, p.107)

Sendo o bem arrematado conclui-se a execução.

Pode ocorrer também a satisfação do crédito, mediante o usufruto, ou seja, o exeqüente adjudica o bem, por período determinado até a satisfação do seu crédito e o devolve.

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Concluindo, percebe-se que a fase do cumprimento da sentença, bem como a ação de execução, quando não pagas voluntariamente passa-se a expropriação do bem para a satisfação do crédito alimentar, que por sua vez, passa por fases (adjudicação, alienação por iniciativa particular e ou pública, e ainda do usufruto). Fases essas, que também apresentam um procedimento autônomo um do outro, que por si só pode concluir com a execução.

2.3 Prisão civil

A prisão civil, como modalidade de execução de alimentos, apesar de ter o mesmo objetivo das demais modalidades executórias, que utilizam meios que recaiam sobre o patrimônio do devedor, utiliza-se nesse a coerção pessoal, ou seja, a obrigação não recai sobre dinheiro ou bens e sim sobre o próprio individuo do devedor.

Esse meio executório é previsto constitucionalmente (art. 5º, LXVII), e traz um procedimento específico no art. 733 do CPC. Dentro disso cabe uma análise da aplicação e dos requisitos desse procedimento, o qual demonstra a sua eficácia.

Por essa sua apresentação merece ser analisado esse ponto que será tema do próximo capítulo, abordando-o de forma detalhada.

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3 A PRISÃO CIVIL NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Até agora, analisou-se quando os alimentos são devidos e as formas de exigir a sua prestação, quando esses não são pagos corretamente. Porém, analisaram-se as formas de garantir a prestação alimentícia apenas naquelas modalidades em que o patrimônio responde pela dívida.

Sendo assim, torna-se objeto de estudo desse Terceiro Capítulo, o meio executório da prisão civil. Modalidade essa, que recai sobre a pessoa devedora e não sobre seus bens. Aplica-se então, quando não for possível o desconto em folha.

Esse meio não é bem uma forma de executar credito alimentício, mas sim uma coação sobre o devedor para que pague de forma mais rápida pois, mesmo sendo preso, esse continuará devedor até que pague, ou seja, se for preso e não pagar, esse pode ser executado por outra modalidade que recairá agora sobre seus bens.

Frente a isso passa-se a uma análise do procedimento da prisão civil, para ver a sua aplicação e efetividade e qual a posição doutrinária e jurisprudencial.

3.1 As possibilidades de prisão civil previstas na Constituição Federal

Essa modalidade como meio de executar alimentos, se apresenta como medida excepcional, ou seja, é usada apenas em casos que a Constituição Federal de 1988 autorizar como dispõe o inciso LXVII do seu artigo 5º:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (grifo nosso)

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Nesse sentido, percebe-se que essa medida autoriza a prisão civil nos casos citados pela CF., ou seja, para o depositário infiel e o devedor de alimentos. Porém a Convenção Americana De Direitos Humanos de 1969 - Pacto De San José Da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 678/92, reduz o entendimento, estabelecendo a aplicação dessa medida apenas para o devedor de alimentos.

O Supremo Tribunal Federal se manifestou a respeito, através da Súmula Vinculante nº 25, dizendo que “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”, assim pacificando esse entendimento.

Dessa forma a Lei nº 5.478/68- Lei dos Alimentos, trás as primeiras disposições sobre essa medida em seus artigos 18 e 19:

Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito, poderá o credor requerer a execução da sentença na forma dos artigos 732, 733 e 735 do Código de Processo Civil.

Art. 19. O juiz, para instrução da causa ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as providências necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias.

Assim, o Código de Processo Civil, regula tal procedimento:

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a

prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento

das prestações vencidas e vincendas.

§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento

da ordem de prisão.

Partindo desse entendimento que a legislação apresenta, passa-se a considerar, segundo Humberto Theodoro Júnior (2011p. 400, grifo do autor) que:

Essa prisão civil não é meio de execução, mas apenas de coação, de maneira que não impede a penhora de bens do devedor e o prosseguimento dos atos executivos propriamente ditos. Por isso

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mesmo, o cumprimento da pena privativa de liberdade “não exime o devedor do pagamento das prestações vencida e vincendas”.

Nesse mesmo sentido, Fredie Didier Junior (2011, p. 698), completa dizendo:

A prisão não é uma pena, sanção ou punição, ostentando a função de medida coercitiva, destinada a forçar o cumprimento da obrigação por parte do devedor. Cumprida a obrigação, a prisão atende à finalidade que se pretendia alcançar, que era o pagamento da divida. Assim, paga a divida, não deve mais subsistir a ordem da prisão.

Vale salientar aqui, que as prestações alimentícias atrasadas, que serão fruto desse procedimento, devem ser voluntárias e inescusáveis conforme a CF., ou seja, se deixará de pagar por vontade própria e sem um motivo justificável. Também deve-se observar o caráter dessas prestações devidas, pois só é cabível esse meio se tiver caráter de necessidade, o que quer dizer, que não basta à inadimplência, mas é preciso demonstrar também urgência em receber a prestação. Por isso, que essa forma de execução se limita apenas a cobrança de “três meses”, como apresenta o próximo ponto.

3.2 Cabimento e aplicação

Referente ao cabimento e aplicação desse procedimento, verifica-se que esse, só é possível quando a prestação alimentícia derivar de alimentos legais (estabelecidos em uma sentença), ou convencionais (acordado entre as partes), como trouxe o Primeiro Capítulo, no ponto 1.4, quando se trabalhou a classificação dos alimentos, quanto a sua causa jurídica. Dessa forma, Didier Junior. (2011, p. 698, grifo do autor), se manifesta:

Só é cabível a prisão civil no caso dos alimentos legítimos ou convencionais. Não se permite a prisão civil, nem adoção do procedimento próprio da execução de alimentos, quando se tratar de alimentos indenizativos, ou seja, daqueles decorrentes de indenização por ato ilícito [...] Somente é possível se decretada a prisão civil na execução do art.733 do CPC. Não pagas as três

ultimas prestações anteriores ao ajuizamento da execução ou

qualquer outra que se vencer a partir do ajuizamento da execução, deverá ser decretada a prisão.

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Nesse sentido, Didier Junior. (2011) estabeleceu outro requisito essencial, a ser observado quanto ao cabimento desse procedimento. Além dos alimentos legítimos ou convencionais, é possível apenas ser decretada a prisão sobre as últimas três prestações não pagas quando de ajuizamento.

Referente a isso, o STJ manifestou-se na Súmula 309, dizendo o seguinte: “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.”

Dessa forma não deixa dúvida que devem ser observados os requisitos no momento da aplicação desse meio coercitivo de executar alimentos, sendo eles: 1) os alimentos devem ser legítimos ou convencionais; e 2) será decretada a prisão sobre as três ultimas prestações não pagas.

Estando então presente esses dois requisitos poderá o credor propor a execução por meio da prisão civil, cabendo então a aplicação desse procedimento, o qual Araken de Assis, descreve muito bem cada fase.

Inicialmente o credor deverá interpor junto ao foro competente, um pedido desse procedimento.

O alimentário poderá optar por três foros concorrentes: (a) o do lugar do juízo que processou a causa em primeiro grau (art.475- P, II); (b) o lugar da situação dos bens sujeitos à expropriação; (c) o lugar do atual domicilio do executado. Esqueceu-se o legislador de proclamar que, na execução de alimentos, o exeqüente também poderá optar pelo foro do seu domicilio [...] Por outro lado, a execução de alimentos é da competência da Justiça Comum, no que se designou, relevada a impropriedade, de competência de “jurisdição.” (ASSIS, 2011, p. 175).

Nesse sentido, tendo o credor escolhido qual foro irá utilizar, deverá elaborar petição inicial que deve seguir os requisitos do “art. 282 do CPC que é obrigatório na inicial da demanda executória”. (ASSIS, 2011, p. 176)

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Descrever o título exeqüendo; explicitar o valor do credito e dos seus eventuais consectários, conforme a planilha anexa (art. 614, II), o que informa o valor da causa; imputar inadimplemento ao obrigado; e; finalmente, pedir providencia executiva correspondente ao rito, requerendo a citação do devedor. (ASSIS, 2011. p. 176).

Na planilha citada acima pelo autor, deve conter o valor não pago, juros e correção monetária. “Não se pode, pois, incluir na cominação de prisão verbas como custas processuais e honorários de advogado.” (THEODORO JR., 2011, p. 401).

Protocolada a inicial e citado o devedor, “esse no prazo de 3 dias, efetuará pagamento, provar que o fez tempestivamente e satisfatoriamente ou justificar a impossibilidade- temporária! - de o fazer, sob pena de prisão” (ASSIS, 2011, p.177).

Contra a decisão que decretar a prisão, caberá recurso de agravo de instrumento, bem como habeas corpus, assim regulado por Dias (2011, p. 587-588, grifo do autor), que diz o seguinte:

Contra o decreto de prisão, além do habeas corpus, interpõe também

agravo de instrumento, vertendo a mesma linha de argumentação

[em caso de prisão] Vem se consolidando o entendimento de que a pena deve ser cumprida em regime aberto. Nas comarcas que não dispõem de prisão albergue, passou-se a admitir prisão domiciliar. Rolf Maldaleno sustenta ser valida essa alternativa por exercer, ao seu tempo e ao seu modo, aquilo que mais carrega

Dessa forma, a autora dispôs sobre a possibilidade do executado cumprir sua pena em regime aberto. No mesmo sentido, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, vem decidindo nessa mesma orientação.

Já quanto ao tempo que o executado ficará preso, há quatro correntes doutrinarias segundo Didier Jr. (2011). A primeira diz que o prazo máximo seria de sessenta dias, por ser a forma menos gravosa. Uma segunda corrente que diferencia o prazo para alimentos provisionais, que deveria ser três meses, e para os definitivos, que seria sessenta dias. A terceira, com força no art.733 do CPC, dizendo que deve ser de três meses. E a última e quarta corrente, que parece ser a mais forte, dispõe que não deve a prisão ultrapassar o prazo de sessenta dias, pois

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entende-se que o art. 19 da Lei 5.478/68, revoga a o § 1º do art. 733 do CPC, que dispõe sobre o prazo.

Porém tendo sido preso e não cumprido com a obrigação, vale lembrar que:

Ainda que o devedor não possa ser preso novamente pelo inadimplemento da mesma divida, o cumprimento da pena não dispensa do pagamento. Assim, no mesmo processo executório, pode prosseguir a cobrança do debito ou mediante cumprimento da sentença (CPC 475-J) ou pelo rito da expropriação (CPC 646), em ambas as hipóteses agregando o valor da multa (DIAS, 2011, p.589)

Assim conclui-se que se o executado pagar é solto imediatamente. Porém pode ele não pagar, o que quer dizer que esse procedimento não foi eficaz, assim precisará ser utilizado outro meio de execução para garantir o débito. Dessa forma fica mais bem demonstrada a idéia de que esse não é um meio de execução e sim de coação.

3.3 Eficácia do procedimento da prisão civil

Inicialmente cabe definir que um procedimento só será eficaz, quando esse cumprir com o seu objetivo. Isso quer dizer que nesse caso, da prisão civil, somente será eficaz, se o devedor pagar os valores referentes a essa execução no prazo de três dias, após ser citado ou durante o período que estiver preso.

Sendo assim, cabe uma discussão a respeito da eficácia desse procedimento pois ele diferentemente dos meios que tem por fim os bens materiais do executado, esse possui uma força determinante, que é a coação sobre a pessoa, ou seja, paga para não ser preso, ou se preso paga para ser solto.

Neste sentido Christiane Singh Bezerra e Leila Boukhezan (2013, p.18):

Em um primeiro momento é possível enxergar como lógico o fato de que a resposta estatal coercitiva, no caso em tela a prisão, gera, ao menos em tese, maior temor naquele que se vê incumbido de cumprir uma obrigação, ou seja, prevendo como punição a prisão o obrigado a prestar alimentos envidará os melhores esforços para cumprir sua obrigação.

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É esse, um meio que está diretamente ligado com a liberdade do indivíduo, ou seja, ataca um direito fundamental do indivíduo, pois a imagem deste tanto para a sociedade como para si mesmo, fica abalada, o que torna esse procedimento eficaz.

Existem diversos conceitos de liberdade, mas a grande maioria tem o mesmo objeto, neste sentido “liberdade significa o direito de ir e vir, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa.” (WIKIPEDIA, 2013, p. 1).

A partir desse conceito pode-se ver que é apresentado dois pontos determinantes, a vontade do próprio indivíduo e que esse não prejudique outras pessoas com a sua liberdade. Assim entende-se que o indivíduo que por sua vontade deixe de pagar prestação alimentícia, está prejudicando outra pessoa, o alimentado. Neste sentido, cabe dizer que esse mesmo indivíduo que não usou adequadamente sua liberdade, por sua própria vontade, pois prejudicou outra pessoa, terá o seu direito de ir e vir restrito.

Nesse sentido, Yussef Cahali (1984, p. 625) diz:

a prisão civil é meio executivo de finalidade econômica; prende-se o executado, não para puni-lo, como se criminoso fosse, mas para forçá-lo indiretamente a pagar, supondo-se que tenha meios de cumprir a obrigação e queira evitar a prisão ou readquirir sua liberdade.

Assim como a própria CF. estabelece que se aplica esse procedimento apenas nos casos em que a pessoa por vontade própria deixar de pagar, e não cabe nos casos em que se tiver motivo justo.

Isso faz entender que as pessoas que por algum motivo não tiverem proventos para pagar a prestação alimentícia, não será cabível esse procedimento da prisão civil, pois essa é uma justificativa justa e considerável. Portanto servindo esse procedimento unicamente para os casos em que quem deixar de pagar, deixe por motivo irrelevante, ou seja, não para quem não tem dinheiro para pagar e sim quem tem e se escusa.

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Nesse sentido Sérgio Gischkow Pereira, (1996, p. 01) diz que:

em regra, a simples ameaça de prisão faz aparecer o dinheiro, o que é excelente, pois nada há de bom em ordenar a prisão de alguém. Todos devem querer que um dia a humanidade não mais precise de prisões.

Dessa forma, conclui-se que se o devedor, por esse meio, pagar a suas prestações em atraso, esse procedimento então cumpriu com a sua função, tornando-se assim um meio eficaz. Pois sem sombra de dúvida, esse procedimento tem força determinante nestes casos em que se entende ser cabível.

Como todos os demais procedimentos existentes, sempre há possibilidades de não obter um resultado que se era esperado. É claro que se também for aplicado para casos em que não seria cabível, também não terá o resultado esperado, como nos casos em que o devedor fica desempregado, esse com certeza terá um motivo justo para recurso de agravo e se for preso não terá proventos para pagar. Assim não terá esse procedimento efetividade nenhuma, mas não pelo procedimento ter problemas e sim por ser utilizado equivocadamente.

3.4 Divergências doutrinárias

Como em qualquer outro assunto, existem divergências doutrinárias também a respeito da prisão civil. Algumas delas são: se pode a parte optar entre os procedimentos, ou somente cabe em casos em que os demais meios não tiverem êxito; também sobre quais tipos de alimentos podem ser aplicados esse procedimento (provisionais e definitivos – Primeiro Capítulo, ponto 1.4); e o prazo da prisão, se este deve ser de até sessenta dias, ou de um a três meses. Para tratar sobre tais divergências, analisou-se o texto de Irandir Rocha Brito.

a) Divergência referente a possibilidade da parte exeqüente optar por esse procedimento.

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Em primeiro lugar, deve ser determinado o desconto em folha. Não sendo possível o desconto em folha, cumpre alcançar rendas auferidas pelo devedor com aluguel ou outro tipo de rendimento. Não havendo rendas a serem alcançadas, procede-se a expropriação de bens suficientes à satisfação do credito. Se, ainda assim, não for possível obter a satisfação da obrigação, restará a determinação de prisão civil com o medida coercitiva, destinada a forçar o pagamento.

Estabelece o autor que esse procedimento poderá ser utilizado, quando os demais procedimentos, não obtiverem êxito. Neste mesmo sentido, Luiz Guilherme Marinoni (apud BRITO, 2011, p. 4), diz o seguinte:

apesar de não concordar com a linha traçada, traz uma consideração bastante interessante, baseada nas decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que utiliza como pressuposto o princípio da intangibilidade física da pessoa humana. Naquele tribunal, entende-se “que o credor não pode optar entre a prisão e a expropriação, mas preferir obrigatoriamente a expropriação, restando a prisão para a hipótese de a expropriação não ser capaz de gerar efeitos”. Sem deixar de reconhecer as dificuldades advindas de um processo de expropriação de bens, concordamos plenamente com a linha adotada pelo TJ do Rio Grande do Sul. Entendemos que o processo de expropriação poderá e deverá ter nova dinâmica com as mudanças processadas no CPC a partir de 2005, o que acabará muito provavelmente minimizando a morosidade destes processos, visto que o rito de expropriação não seguirá somente o rito da alienação em hasta pública, havendo a possibilidade de adjudicação e alienação por iniciativa particular. Com isto será possível afastar cada vez mais o expediente da prisão do processo de execução do débito alimentar.

Existe também entendimento divergente a esse apresentado por Marinoni como sendo o posicionamento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Trata-se de Humberto Teodoro Junior (LUIZ GUILHERME MARINONI; apud BRITO, 2011, p. 4):

[...] Há, porém, doutrinadores com opiniões divergentes a exemplo CÂMARA (2009, p.320) e TEODORO JUNIOR (2007, p. 421) que entendem que a prisão pode ser decretada mesmo que ainda não se tenha esgotado os demais meios de se obter a satisfação do crédito exeqüendo. Assim também pensa Montenegro (2007, p. 441), para quem a utilização da prerrogativa de execução do artigo 732 ou 733 do CPC é opção do credor, porém para que a prisão seja imposta, é necessário que haja pedido expresso deste na petição inicial, não podendo o magistrado deferir pretensão aquém ou além do que foi pedido.

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Assim, se vê as posições doutrinárias a respeito de se poder ou não optar por esse procedimento da prisão civil, nessa mesma linha já houveram divergências referentes a possibilidade de poder a prisão ser de ofício decretada pelo juízo ou ser ela requerida pela parte exequente.

Sobre essa divergência de poder ou não, a prisão civil ser decretada de ofício, hoje os doutrinadores seguem como corrente majoritária e também considerada unânime, obedecendo a disposição do art. 2º do CPC: “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais”.

Nesta mesma linha o STJ, em suas jurisprudências tem o entendimento que não se deve decretar a prisão civil de ofício, dizendo que a escolha dessa medida cabe ao credor em virtude de se tratar de direito de família.

José Amir do Amaral (apud CORDEIRO, [S.d.], p. 01) sintetiza:

[...] incabe (sic) ao Juiz agir de ofício em relação à prisão do devedor alimentar, mesmo que fique evidenciado nos autos a extrema necessidade do credor. Cabe a ele, e somente a ele, pedi-la, até porque o direito de alimentar e, em decorrência, a sujeição do alimentante inadimplente à prisão, é personalíssimo.

Assis (2004, grifo nosso), que também segue esse entendimento, completa dizendo que nesses casos o devedor poderá interpor habeas corpus, pois trata-se de um error in procedendo decorrente da falta de pedido por parte do credor.

b) Divergências sobre quais tipos de alimentos podem ser aplicado o procedimento do art. 733 do CPC.

Pontes de Miranda e Nelson Nery Junior (2013, p. 4, grifo nosso) entendem conforme a disposição do art. 733 e 735 do CPC, que:

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os

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