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participação dos camponeses de Água Branca - AL no Programa Nacional de Alimentação Escolar; entre avanços e contradições

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS SERTÃO CURSO DE GEOGRAFIA LICENCIATURA. MARIA VILMA DA SILVA LOPES CARVALHO. A PARTICIPAÇÃO DOS CAMPONESES DE ÁGUA BRANCA – AL NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: ENTRE AVANÇOS E CONTRADIÇÕES.. DELMIRO GOUVEIA – AL 2019.

(2) MARIA VILMA DA SILVA LOPES CARVALHO. A PARTICIPAÇÃO DOS CAMPONESES DE ÁGUA BRANCA – AL NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: ENTRE AVANÇOS E CONTRADIÇÕES.. Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão, como requisito para a obtenção do título de Graduada em Geografia Licenciatura. Orientador: Prof. Dr. Lucas Gama Lima. DELMIRO GOUVEIA – AL 2019.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia Bibliotecária responsável: Renata Oliveira de Souza – CRB-4/2209 C331p Carvalho, Maria Vilma da Silva Lopes A participação dos camponeses de Água Branca – AL, no Programa Nacional de Alimentação Escolar: entre avanços e contradições / Maria Vilma da Silva Lopes Carvalho. – 2019. 56 f. : il. Orientação: Prof. Dr. Lucas Gama Lima. Monografia (Licenciatura em Geografia) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de Geografia. Delmiro Gouveia, 2019. 1. Geografia humana. 2. Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. 3. Políticas públicas. 4. Campesinato. 5. Água Branca – Alagoas. I. Título.. CDU: 911.3.

(4) SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO CURSO: GEOGRAFIA - LICENCIATURA FOLHA DE APROVAÇÃO AUTOR(A): Maria Vilma da Silva Lopes Carvalho. "A participação dos camponeses de Água Branca — AL no Programa Nacional de Alimentação Escolar: entre avanços e contradições" - Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Geografia - Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas — UFAL Campus do Sertão.. Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente do Curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas e aprovado em 08 de julho de 2019. Banca Examinadora:. (Prof. Dr. Lucas Gama Lima — UFAL /Campus do Sertão) (Orientador(a)). (Prof. Dr. José Alegnoberto Leite Fechine — UFAL/Campus do Sertão) (1 0 Examinador(a)). (Profa. Dra. Carla Taciane Figueiredo — UFAL/Campus do Sertão) (20 Examinador(a)).

(5) Dedico este trabalho primeiramente a Deus, meu guia que promove tudo em minha vida, ao meu pai Cicero Pedro, a minha mãe Francisca Luiza, ao meu esposo Junior Carvalho e aos meus irmãos que juntos me ajudaram a realizar mais essa etapa na minha história..

(6) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter mim concedido a sabedoria de desenvolver esse trabalho, pela força e pela oportunidade de evoluir na vida. Agradeço a minha família principalmente aos meus país, meus irmãos e irmãs pelo apoio e pela ajuda que sempre mim deram para continuar com a graduação. Agradeço ao meu esposo Junior Carvalho pelo apoio, pela companhia nos dias de trabalho e pesquisa de campo, agradeço também a sua paciência e compreensão comigo, sou muito grata por tudo. Te amo! As minhas primas que sempre estavam mim dando força mesmo que de longe, mas mim incentivando para continuar meus estudos. Aos meus colegas da turma “N” da Geografia, principalmente a Lidiane, Aline e em especial a amiga Laiz, elas que sempre estavam comigo compartilhando todos os momentos vividos da graduação, meus sinceros agradecimentos a vocês por fazerem parte dessa conquista em minha vida. Agradeço a direção da UFAL do Campus Sertão, aos colaboradores que fazem parte dessa história que se constrói dia apos dia. Agradeço aos meus professores da Geografia pelos conhecimentos passados. Agradeço aos meus amigos que de forma direta ou indireta contribuíram para realização desse sonho. Agradeço aos camponeses participantes da minha pesquisa em Água Branca – AL, pela enorme contribuição nesse trabalho. Agradeço ao meu Orientador Dr. Lucas Gama, pelo conhecimento, pela paciência, pelo seu tempo disponibilizado ao meu trabalho, obrigado por tudo. Meus sinceros agradecimentos. A todos, muito obrigada..

(7) RESUMO O presente trabalho trata da participação dos camponeses de Água Branca – AL no Programa Nacional de Alimentação Escolar: entre avanços e contradições. É importante compreender a temática no município e entender essa participação dos camponeses locais na alimentação escolar de alunos da rede municipal. A pesquisa possibilita conhecer melhor a história dos camponeses e suas lutas diárias, assim, a metodologia utilizada foi o estudo de caso, com aplicação de questionários gerando dados qualitativos e quantitativos. A pesquisa teve como objetivo geral analisar a participação do campesinato de Água Branca no Programa de Alimentação Escolar, identificando seus avanços e contradições. A aplicação dessa pesquisa obteve resultados significantes para o estudo, o avanço dos camponeses corresponde à oportunidade de fornecer alimentos de qualidade para a merenda escolar do município, as contradições implicam nas burocracias admitidas pelo processo licitatório para participar do programa, a ausência de incentivo e apoio técnico do Estado, as dificuldades do plantio e colheita em razão das contradições edafoclimáticas da região, ameaças sofridas ao território e o endividamento dos camponeses. Palavras Chaves: Lutas. Politicas Públicas. PNAE..

(8) ABSTRACT The present work deals with the participation of the peasants of Água Branca - AL in the National School Feeding Program: between advances and contradictions. It is important to understand the theme in the municipality and to understand this participation of the local peasants in the school feeding of students of the municipal network. The research allows a better understanding of the history of peasants and their daily struggles, thus, the methodology used was the case study, with the application of questionnaires generating qualitative and quantitative data. The objective of the research was to analyze the participation of the peasantry of Água Branca in the School Feeding Program, identifying their advances and contradictions. The application of this research obtained significant results for the study, the advance of the peasants corresponds to the opportunity to provide quality food for school lunch in the municipality, the contradictions imply in the bureaucracies admitted by the bidding process to participate in the program, lack of incentive and support technical difficulties of the State and the difficulties of planting and harvesting due to the edaphoclimatic contradictions of the region, threats suffered to the territory and the indebtedness of the peasants. Key words: Fights. Public Policy. PNAE..

(9) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Mapa 01: Localização Geográfica do Município de Água Branca...........................................33 Foto 01: Igreja Nossa Senhora da Conceição...........................................................................35 Foto 02: Casa Histórica do Barão de Água Branca..................................................................35 Foto 03: Igreja Nossa senhora do Rosário.................................................................................36 Foto 04: Calçamento da Praça Fernandes Lima.........................................................................36 Mapa 02: Localização dos Povoados Rurais em Água branca – AL........................................ 41 Coleção de Fotos 05: Plantação dos agricultores camponeses ................................................. 42 Gráfico 01: Anos de Participação (Programa PNAE)...............................................................44 Fluxograma 01: Relação de produtos produzidos pelos camponeses e os fornecidos ao programaPNAE.........................................................................................................................45 Fotos 06: Produtos alimentícios fornecidos por meio do PNAE..............................................46 Foto 07: Alimentos da Agricultura Camponosa.......................................................................47 Foto 08: Barragem....................................................................................................................48.

(10) LISTA DE TABELAS. Tabela 01: Produção Agrícola Municipal 2017 ........................................................................ 37 Quadro 01: Apresentação dos Resultados ................................................................................ 48.

(11) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. BCS. Bancos Comunitários de Sementes. CAE. Conselho de Alimentação Escolar. CGU. Controladoria Geral da União. CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CPT. Comissão Pastoral da Terra. FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. PNAE. Programa Nacional de Alimentação Escolar. TCU. Tribunal de Contas da União.

(12) SUMÁRIO 1.. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 13. 2.. LUTAS E CONTRADIÇÕES AO LONGO DA HISTORIA CAMPESINA ......................... 16 2.1 CAMPONESES E O PNAE: POLÍTICA PÚBLICA COMO DIMENSÃO DA REPRODUÇÃO DESSES SUJEITOS ......................................................................................................................... 27. 3.. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNÍCIPIO DE ÁGUA BRANCA ALAGOAS E A. PARTICIPAÇÃO DOS CAMPONESES DO MUNICÍPIO NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE. ............................................................................................ 32 3.1 LOCALIZAÇÃO É ACESSO ..................................................................................................... 32 3.2 ASPECTOS GERAIS ................................................................................................................. 33 3.3 PARTICIPAÇÃO DOS CAMPONESES DE ÁGUA BRANCA – AL NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - PNAE ................................................................ 39 3.4 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................................ 40 3.5 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS CAMPONESES PARA PARTICIPAR DO PROGRAMA PNAE ......................................................................................................................... 47 4.. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 51. 5.. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 53. 6.. APÊNDICE .................................................................................................................................. 55.

(13) 13. 1.. INTRODUÇÃO. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um programa que oferece às escolas alimentação de qualidade, visando à nutrição alimentar dos estudantes de redes públicas. É de inteira responsabilidade do governo federal efetuar o repasse de valores financeiros para as escolas municipais, estaduais e federais, são valores complementares que varia de acordo com a modalidade de ensino, sendo destinado a cada aluno um valor considerável por mês até completar os 200 dias letivos. Esse programa tem como órgão fiscalizador o Ministério Público, a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), são esses órgãos que acompanham diretamente o programa. O repasse é baseado no Censo Escolar do ano anterior, sendo destinado por meio da Lei nº 11.947, de 16/6/2009, 30% de todo valor para compra de produtos derivados da agricultura familiar, com o objetivo também de desenvolver de modo econômico e sustentável as comunidades. Contudo, os camponeses que participam do PNAE enfrentam vários problemas, pela falta da propriedade da terra, isso resulta nas lutas e manifestações ocorridas em todo o país. O Estado por meio de algumas leis prioriza investimentos para o agronegócio aumentando a circulação da mercadoria e o crescimento do capital. É de fundamental importância estudar e pesquisar a história dos camponeses, são trabalhadores que batalham diariamente para se reproduzirem, fazem parte do espaço agrário brasileiro, das lutas e resistência contra a classe opressora e da formação territorial do país, por meio de diversos marcos históricos que edifica a classe camponesa que hoje persistem lutando pela reforma agrária. Desse modo, se faz necessário um estudo sobre os camponeses e sua participação no programa PNAE, sendo assim, o recorte espacial escolhido para a investigação foi o município de Água Branca localizado no sertão de Alagoas, a pesquisa foca especificamente nos camponeses desse município, que contribuem com alimentação escolar através de suas produções alimentícias. Com base no Programa Nacional de Alimentação Escolar os camponeses de Água Branca têm a oportunidade de fornecer seus produtos para as escolas municipais da região, são vários participantes localizados na zona rural e na zona urbana que contribuem para a alimentação nutricional de diversos alunos da rede pública municipal..

(14) 14. No decorre da participação dos camponeses no Programa Nacional de Alimentação Escolar surge o questionamento de possíveis desenvolvimentos da classe, um avanço na economia dessas famílias fornecedoras de seus produtos, mas há contradições como a falta de apoio governamental, o endividamento dos mesmos com o banco, a dificuldade que enfrentam por não ter apoio técnico para o plantio e colheita das sementes, as ameaças sofridas ao território camponês. Pois são diversas causas que provocam essa relação de avanço e contradição de um possível desenvolvimento dos camponeses mediante a criação de programas governamentais. Nesse sentido, a pesquisa foi elaborada dentro dessa perspectiva de estudo tendo como objetivo geral: Analisar a participação do campesinato de Água Branca no Programa de Alimentação Escolar, identificando seus avanços e contradições. Em face do objetivo geral os seguintes objetivos específicos: refletir sobre a importância da oferta de alimentos da produção camponesa para as escolas públicas; analisar o Programa Nacional de Alimentação Escolar; identificar as dificuldades do plantio e colheita das sementes. Optou-se para uma metodologia voltada para o estudo de caso, através da realização de entrevistas com perguntas abertas e fechadas e por meio da observação direta, as visitas in loco permitiram a coleta de dados e informações possibilitando o desenvolvimento da pesquisa e o entendimento do real desenvolvimento e contradições do fenômeno, “o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo - com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados” (YIN, 2001, p. 33). As entrevistas se materializaram por meio da aplicação de questionários a 10 camponeses. Durante as entrevistas foi possível acompanhar a rotina laboral dos camponeses. A reflexão teórica deriva de revisão bibliográfica, mediante consultas de livros e artigos, do campesinato e de sua inserção na história. Além disso, a revisão bibliográfica permitiu a leitura de textos que abordam os avanços e as contradições do PNAE. Dentre os autores utilizados como suporte teórico estão: Ariovaldo Umbelino Oliveira; Teodor Shanin; João Pedro Stedile; Marta Inez Medeiros Marques; Lucas Gama Lima e Flávio Santos; Lucas Gama Lima, Genilda Maria Silva e Gleiton do Nascimento Feitoza; Edvaldo de Araújo Feitosa. Como também a pesquisa de campo realizada com questões exploratória, validando de técnicas qualitativas e quantitativas que facilitou compreender as hipóteses. Para melhor compreender essa pesquisa, o trabalho está estruturado em dois capítulos. O primeiro capítulo aborda as Lutas e Contradições ao Longo da História Campesina. No segundo capítulo são apresentadas as Características gerais do munícipio de Água Branca – AL.

(15) 15. e a Participação dos camponeses do município no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE..

(16) 16. 2. LUTAS E CONTRADIÇÕES AO LONGO DA HISTORIA CAMPONESA Os camponeses são sujeitos que trabalham em uma parcela de terra, cuja produção para alguns é utilizada para o consumo próprio e para comercialização, para outros apenas para o mercado, conta com o apoio familiar, praticam um trabalho de atividades agrícolas diversas, geralmente exercem as atividades com seus próprios instrumentos de trabalho. A classe camponesa estava presente nos processos ocorridos de produção na agricultura durante o período de povoamento em vários países, de início eram tratados como servos, se mantinham a disposição da classe dominante, por exemplo, na Europa possuíam pequenas parcelas de terras que foram entregues a igreja ou a um nobre feudal, devido as constantes ameaças sofridas na época, alguns deixaram suas terras e outros passaram a servir os senhores. “Os camponeses, que antes dispunham em comum dos bosques, tiveram que passar a comprar tudo o que lá outrora buscavam gratuitamente” (OLIVEIRA, 2007, p. 16). No Brasil a classe social surgiu no seio das fazendas, trabalhadores camponeses que exerciam atividades nos engenhos de cana-de-açúcar na produção cafeeira e algodoeira, residiam no interior da propriedade, produziam nas terras livres aos arredores das propriedades formando núcleos de camponeses, no entanto em situações precárias de acesso a terra, de acordo com Wanderley (2014, p. 27) [...] à terra consistia na instalação de famílias de trabalhadores, em uma pequena área (“sítio”), no interior das fazendas – de cana de açúcar, de café etc – autorizada pelos próprios proprietários, onde podiam cultivar alguns produtos alimentares em volta da casa de moradia. O trabalhador, no entanto, era obrigado a trabalhar na cultura principal, recebendo ou não um pagamento monetário complementar, sob a forma de salário.. Esse surgimento dos camponeses nas fazendas se deu mediante a aprovação da Lei Áurea, de 1888 liberando todos os trabalhadores escravizados, “aprofunda-se, então, a crise do modelo agroexportador. O modelo plantation chega ao fim com a abolição do trabalho escravo” (STEDILE, 2011, p.24). Diante da ausência de mão de obra escrava na agricultura as elites recorreram à migração de camponeses da Europa para trabalharem nas regiões Sul e Sudeste do país no final do século XIX, como afirma Stedile (2011, p.25).. A saída encontrada pelas elites para substituir a mão de obra escrava foi realizar uma intensa propaganda na Europa, em especial na Itália, na Alemanha e na Espanha, para atrair os camponeses pobres excluídos pelo avanço do capitalismo industrial no final do século 19 na Europa..

(17) 17. Essa prática estava substituindo no momento a mão de obra que faltava nas fazendas. “A crise segue até 1930 e a migração de camponeses europeus é interrompida na I Guerra Mundial (1914), quando também é interrompido o uso de navios para transporte dos migrantes. Nesse período de crise, nasceu, no campo brasileiro, o campesinato” (STEDILE, 2011, p.26). Portanto, o surgimento do campesinato no país se deu com a vinda dos camponeses pobres da Europa, logo após, a origem no interior do Brasil aconteceu ao longo dos anos como explica Stedile (2011, p. 27).. A formação do campesinato brasileiro teve origem nas populações mestiças que foram se formando ao longo dos 400 anos de colonização, com a miscigenação entre brancos e negros, negros e índios, índios e brancos, e seus descendentes. Essa população, em geral, não se submetia ao trabalho escravo e, ao mesmo tempo, não era capitalista, eram trabalhadores pobres, nascidos aqui.. Por não possuírem propriedades os camponeses começaram a migrar para algumas regiões do país atrás de um novo território, realizando as atividades de produção agrícola de subsistência e povoando a área, mesmo sem a posse da terra eles ocupavam um vasto espaço dando surgimento às comunidades. Desta forma o campesinato é considerado uma classe social localizada em diversos espaços geográficos que ocupam uma determinada parcela do espaço rural, no qual a prática do cultivo de várias sementes é realizada anualmente por eles, um sujeito, que se destaca na sua forma de organização, de transformação e de adaptação desse modo de vida. São trabalhadores que passaram por lutas históricas persistindo e resistindo à ofensiva do capital pela monopolização da terra e do Estado para o fim do campesinato, visto que, batalhando pela terra conseguiriam o seu próprio espaço, sempre continuaram firmes nas manifestações que ocorriam e ocorrem diariamente em inúmeros lugares. Houve algumas alterações dos camponeses ao longo da construção da sociedade, eles foram se aperfeiçoando e desenvolvendo novas habilidades de se reproduzirem no campo, desempenhando formas diferentes de trabalhar, como também atividades diversas que contribuíram na diferenciação do trabalho camponês. De acordo com Shanin (2008, p.24-25). Outra importante característica a ser destacada a partir dos acontecimentos dos séculos XX e XXI é que as comunidades camponesas demonstram uma real habilidade para se ajustar a novas condições e também uma grande flexibilidade para encontrar novas formas de se adaptar e ganhar a vida..

(18) 18. Além da produção na terra que o camponês realiza, ele pode exercer outras opções de trabalho fora ou na mesma comunidade onde reside, continuam sendo camponeses mesmo realizando essas atividades diferentes, ou seja, as comunidades campesinas em determinados lugares trabalham com ocupações diversas uma das outras, em prol do desenvolvimento individual e coletivo, isso acontece pela necessidade de manter a sobrevivência desses sujeitos no campo. Segundo Shanin (2008, p. 25). Em alguns lugares, há comunidades de camponeses que hoje vivem principalmente do turismo. Há lugares onde as comunidades camponesas ganham a vida com novos métodos de produção e, em outros, os camponeses ganham a vida por meio da combinação do trabalho camponês e do trabalho não-camponês.. Isso ocorre nos espaços geográficos ocupados pelos camponeses do mundo todo, em determinado tempo da história surgiu a preocupação de inovar e buscar conhecimentos diferentes que mantenha viva a cultura de produção na terra. São flexíveis e criativos para desenvolver soluções que resolvam os problemas que afetam as comunidades camponesas durante períodos de crises, isso faz com que a classe se reproduza. Os camponeses têm uma característica muito forte de encontrar alternativas para solucionar os problemas que ameaçam a comunidade e sua vida particular. Essas alterações decorrem da extrema necessidade imposta pelas novas formas de movimentação do capital, requer do campesinato novos meios de produção, além de contar com as habilidades e experiências próprias de cada indivíduo. O campesinato se espalha por todos os lugares do mundo, desenvolvendo técnicas de sobrevivência no campo, no Brasil não foi diferente, no início eles viviam nos engenhos servindo a elite agrária. Com muitos acontecimentos ao longo da história brasileira a Lei de Terras de 1850 tem fundamental importância para caracterizar o rumo que o território passaria a tomar, pois foi uma lei criada para dar direito à propriedade da terra, privatiza-la, por meio da qual o lote privado da mesma só poderia ser realizado por meio da compra, só quem tinha um poder econômico mais elevado na época era quem poderia adquirir a terra, normatizando-a e usandoa como equivalente de valor..

(19) 19. Desse modo alguns indivíduos que tinham liberdade de comprar a terra, não podiam, por não possuírem recursos ou bens de valores, esses era preciso trabalhar no interior das fazendas para produzirem nas terras de fazendeiros. Com isso as oligarquias escravocratas envolvidas com a atividade agrícola monocultora se torna proprietária de grande parte das terras brasileiras. “A lei n° 601, de 1850, foi então o batistério do latifúndio no Brasil. Ela regulamentou e consolidou o modelo da grande propriedade rural, que é a base legal, até os dias atuais, para a estrutura injusta da propriedade de terras no Brasil” (STEDILE, 2011, p.23). Do mesmo modo a Lei de Terras beneficiou a elite que com isso permanecia no poder, com grandes propriedades de terras e pessoas que trabalhavam em seus latifúndios. No período final do regime imperial no país, se destaca a abolição da escravidão em 1888, tornam-se livres os indivíduos que eram submetidos ao trabalho compulsório e aviltante, desencadeando problemas sociais, pois houve o aumento do número de desempregados, migrando para as grandes cidades dando origem as periferias e favelas, outros por não terem terras e bens, passaram a residir nos engenhos e fazendas de todo o país, principalmente no Nordeste. A transição do período escravocrata para o trabalho livre no país deu origem a uma grande massa de trabalhadores que eram constituídos “principalmente de imigrantes, estrangeiros, particularmente italianos, espanhóis, portugueses e alemães” (MARTINS, 2010, p. 194). Esses trabalhadores contribuíram fortemente com a expansão do café, alguns exerciam outras funções na indústria no comércio e em atividades culturais, com poucas habilidades operárias o processo foi liderado para assegurar o avanço da economia, porém esses trabalhadores tinham apenas experiências adquiridas no meio rural, denominados camponeses. Os trabalhadores ao passarem por muitos momentos vividos nos interiores das fazendas, explorados e sem reconhecimento do seu trabalho, coordenaram uma grande revolta, principalmente aqueles que se sentiam lesados pelas leis e pela alta sociedade, por meio de várias organizações os conflitos se aprofundaram contra a elite, segundo Oliveira, (2007, p. 104).. A sociedade nacional que, desde 30, marchava na direção da industrialização e da urbanização, continuava a conviver, no lado oposto das elites, com o aprofundamento dos conflitos no campo. Parte desses conflitos derivavam das tentativas de organização dos camponeses e trabalhadores assalariados rurais buscada pelo então, Partido Comunista do Brasil, fruto de sua curtíssima legalidade pós Constituição de 1946. Assim, o final da década de 40, os anos.

(20) 20. 50 e o início da década de 60 foram marcados por este processo de organização, reivindicação e luta no campo brasileiro. No Nordeste esse processo ficou conhecido com a criação das “Ligas Camponesas”, cuja luta pela terra e contra a exploração do trabalho marcou significativamente sua ação.. Ao passar dos anos surgem as organizações dos camponeses desencadeando mobilizações que acarretaram na conscientização de muitos que ainda viviam oprimidos pelo sistema dominante das classes opressoras, aumentando o número de participantes, reivindicando o direito à terra e a posse da mesma, como também a liberdade dos trabalhadores rurais, questionando vários assuntos como a estrutura agrária e a dominação de latifúndios nas mãos de poucas famílias, que privava o camponês do acesso a terra. Os camponeses passam a pleitear melhores condições de trabalho recorrendo a manifestações e resistindo ao Estado que procura afetar a classe camponesa e sua relação com a terra. Os anos se passaram e em 1960 os grandes proprietários de terra, beneficiados com a chegada de tecnologias em suas propriedades, expulsam os camponeses de suas terras. Em razão disso muitos camponeses migraram para outras regiões, uns para as grandes metrópoles se fixando nas periferias, outros ainda se submetendo ao trabalho árduo e pesado nos canaviais. Como afirma Wanderley (2014, p. 28) que As grandes propriedades expulsaram massivamente os trabalhadores residentes em seu interior, passando a contratá-los apenas nos momentos de necessidade de trabalho. Enquanto as fases de preparo da terra e de cuidados com a plantação foram mecanizadas e impulsionadas pelo uso de insumos modernos, a colheita permanecia, na maioria das culturas, como uma atividade manual. Não havia, portanto, mais razão para o proprietário reter, em suas terras, a mão de obra durante todo o ano.. Diante do exposto que se sucedia o processo de expulsão dos trabalhadores rurais é criado o Estatuto do Trabalhador Rural (lei n. 4.212, de 02 de março de 1963), orientando e fornecendo os direitos trabalhistas do trabalhador rural de modo social e fortalecendo os movimentos sindicais do campo, incentivando as organizações camponesas em todas as regiões brasileiras em decorrência da luta pela posse da terra, que se intensifica nas regiões do Norte e do Centro-Oeste do país. A questão agrária brasileira passou por momentos de turbulência, por exemplo, quando houve “[...] o golpe militar de 1964 o projeto de reforma agrária de Goulart foi liquidado e.

(21) 21. procedeu-se a uma verdadeira caçada às lideranças sindicais que militavam nas Ligas Camponesas” (OLIVEIRA, 2007, p. 120). Diante dessa calamidade os grupos se dispersaram e alguns mudaram o nome, em razão disso “coube ao primeiro governo militar — do Marechal Castelo Branco — ainda em 1964, a tarefa de assinar o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30/11/64)” (OLIVEIRA, 2007, p. 121). O Estado com a lei passava esperança que iria sair a tão sonhada reforma agrária via documentação burocrática, mas, quem o aprovava eram os congressistas latifundiários, por isso o fato foi concretizado apenas no papel, visto que ela não é aplicada na prática. Oliveira (2007, p. 121) afirma que A história dos 20 anos de governos militares mostrou que tudo não passou de “uma farsa histórica”, pois, apenas na década de 1980, foi que o governo elaborou o Plano Nacional da Reforma Agrária — instrumento definidor da política de implementação da reforma agrária.. Desse modo é importante destacar, que as tentativas de obstruir a relação dos camponeses enfraquecendo seus movimentos e lutas são imensas por parte do Estado tentando quebrar os laços familiares que os unem por meio do seu convívio no território, fazendo com que muitos migrem para outras regiões em busca de trabalho e melhores condições de vida, porém esses que vão para outros lugares não perdem sua relação com a terra muito menos sua identidade camponesa. Durante todo o período da ditadura militar que durou 21 anos, os camponeses sofreram rigorosamente com perseguições, impedindo a continuidade das Ligas Camponesas. Porém, nos anos finais da ditadura militar os camponeses se unem dando surgimento a movimentos e organizações sindicais, como afirma Wanderley (2014, p. 29).. O momento da redemocratização, que se institucionaliza com o fim dos governos militares e a promulgação da Constituição de 1988, significou a (re)emergência dos movimentos sociais, que puderam, assim, construir publicamente suas análises da realidade brasileira, em oposição às visões até então dominantes e impositivas e formular suas demandas políticas e suas estratégias de luta.. Mediante as batalhas enfrentadas pelos camponeses, eles não desistiram e continuaram lutando, com apoio de vários movimentos e organizações sindicais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores.

(22) 22. na Agricultura (CONTAG) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que surgiram nos anos finais da ditadura militar, reivindicando a realização de uma reforma agrária como justiça social. De acordo com Wanderley (2014, p. 29). ”São estes movimentos, cada um a seu modo, que reinscrevem no debate da sociedade, a atualidade da questão fundiária e a pertinência das lutas pela terra pelos camponeses expropriados ou com pouca terra”. Diante da situação agrária brasileira os camponeses sofrem sem apoio governamental e financeiro, sem o acesso à terra e uma alimentação de qualidade, já os grandes proprietários produzem em grande quantidade se apoiando em agrotóxicos para poder ter um produto aparentemente mais atrativo, ao contrário da maioria dos camponeses que defendem alimentos orgânicos. Alguns camponeses assim como os latifundiários procuram utilizar a prática de agroquímicos, dessa forma acabam prejudicando a saúde da população e a do solo. O uso de agrotóxico agrícola nas plantações é utilizado para produzir tipos de grãos que possa ser comercializado no mercado interno e externo. “Neste processo agroquímico dependente, os fazendeiros contaminam a lavoura, o produto, o ambiente, os trabalhadores rurais e a população do entorno com o objetivo de atingir o alvo, ou as pragas da lavoura” [...] (PIGNATI, 2016, p.18). Os camponeses às vezes tendem a compartilhar seu tempo de produção com atividades ligada as indústrias, fazendas e engenhos, são trabalhos acessórios que ajudam a manterem a família, muitos precisam se deslocar da sua comunidade para prestarem serviços a latifundiários, restando-o pouco tempo para se dedicar a sua própria produtividade agrícola. Desse modo os camponeses dividem seu tempo entre a produção do autoconsumo e a do mercado, uma relação complexa que existe entre as atividades, naturalmente aumenta-se o poder dos latifundiários gerando mais lucro e mantendo o domínio sobre os camponeses. Os camponeses reivindicam a igualdade territorial, buscam sempre desenvolver estratégias de permanência na terra, se organizam e promovem manifestações pelos seus direitos, segundo Silva (1980-1981 p.36). A reforma agrária que os trabalhadores em geral reivindicam não é a pulverização antieconômica das terras, é sim, uma redistribuição da renda, de poder e de direitos, aparecendo as formas multifamiliares e cooperativas como alternativas viáveis para o não fracionamento da propriedade.. A reforma agrária é voltada principalmente para privilegiar os grandes proprietários que, no entanto em sua estrutura deveria conter políticas de apoio aos camponeses [...] “como preços.

(23) 23. mínimos, comercialização, crédito e assistência técnica, políticas essas que, num regime democrático, poderiam estar voltadas para os pequenos proprietários/produtores” [...], (SILVA, 1980-1981, p.36), só que não existe interesse político de estabelecer medidas protetoras para os camponeses, sempre estão interessados no desenvolvimento dos latifundiários com políticas agrárias de assistência ao crédito, que favorece o banco e as indústrias. Desse modo, quem sempre acaba sendo beneficiado são os latifundiários, que conseguem o empréstimo, os bancos que ganham mais clientes e os fabricantes de objetos mecânicos modernos, destacando aí a exclusão do camponês no meio desse ciclo comercial que contempla apenas a classe dominante agrária. Nesta perspectiva os escritos de Pignati (2016, p. 18-19) afirmam essa realidade no avanço do agronegócio.. Não podemos dissociar a produção agrícola, os agrotóxicos, as sementes (principalmente transgênicas), os fertilizantes químicos, os equipamentos agrícolas e os financiamentos bancários. E uma longa cadeia, que recebe muitos financiamentos e benefícios do governo. Quando falamos em benefícios, estamos falando em isenções de impostos para a produção de fertilizantes químicos, para a compra de maquinas agrícolas e agrotóxicos.. As reinvindicações que os camponeses realizam são protestos contra essas políticas incoerentes que obscurece o avanço da classe, deixando-os desprovidos dos direitos sociais que os garante condições fundamentais para a existência e superação de situações difíceis na vida. O apoio que os camponeses recebem do Estado é quase que inviável para sua recriação, além do difícil acesso a terra, que na maioria das vezes os mesmos possuem pouca ou nenhuma, eles não têm recursos financeiros para investimentos. O campesinato tem características próprias, recriam novas possibilidades de conviver no campo, diferente do que é praticado pelo capitalismo, de modo que se opõem a seguir o modelo ideológico proposto no espaço agrário atual. Nas regiões brasileiras os camponeses produzem alimentos básicos, essa produção é destinada principalmente para a subsistência da família e da sua comunidade, eles trabalham em função de ter diariamente apenas o suficiente que possa suprir suas necessidades, no entanto o excedente é comercializado, diferentemente do capitalismo que visa ao acumulo de riquezas, o lucro da produção. Os camponeses, portanto, estão situados em uma relação social não capitalista de produção, haja vista que não produzem mais-valia, nem são meros vendedores de força-detrabalho..

(24) 24. Entretanto, esses camponeses podem se relacionar com o modo de produção capitalista quando submetem sua produção aos imperativos do capital. Como explica Oliveira (2007, p.40):. Na agricultura, esse processo de subordinação das relações não-capitalistas de produção se dá sobretudo, pela sujeição da renda da terra ao capital. O capital redefiniu a renda da terra pré-capitalista existente na agricultura. Ele agora apropria-se dela, transformando-a em renda capitalizada da terra. É neste contexto que se deve entender a produção camponesa: a renda camponesa é apropriada pelo capital monopolista, convertendo-se em capital.. Os produtos destinados às empresas, ao mercado capitalista mantém uma relação de monopolização da mercadoria camponesa, resultando em um avanço da produção camponesa por intermédio do capital. O modo de produção dos camponeses sempre é voltado para melhorias da família ou da sua comunidade onde reside diferente da produção capitalista que mantém a finalidade de lucro com a mercadoria, sendo assim acontece uma distinção entre o modo de produção capitalista da produção camponesa, segundo Oliveira (2007 p. 40):. Por isso é mister a distinção entre a produção camponesa e a produção capitalista. Na produção capitalista, ocorre o movimento de circulação do capital expresso nas fórmulas: D — M — D na sua versão simples, e D — M — D’ na sua versão ampliada. Já na produção camponesa, se está diante da seguinte fórmula M — D — M, ou seja, a forma simples de circulação das mercadorias, onde a conversão de mercadorias em dinheiro se faz com a finalidade de se poder obter os meios para adquirir outras mercadorias igualmente necessárias à satisfação de necessidades. É pois, um movimento do vender para comprar.. Percebe-se que a produção D-M-D’ é uma reprodução ampliada do capital que propicia o aumento do lucro, diferente da produção camponesa que mantém o lucro como centro da sua reprodução familiar ou comunitária, priorizando a mercadoria (M), com fins de poder contrair outras mercadorias necessárias para sua reprodução.1 Isso é necessário, para que os camponeses possam comprar outra mercadoria e dessa forma garantir o alimento para os demais integrantes da família, como também assegurar sua reprodução, Oliveira (2007, p. 42) explica que:. 1. A forma D-M-D significa Dinheiro, Mercadoria e Dinheiro, utilizada pelo capitalismo, a forma M-DM corresponde a Mercadoria, Dinheiro e Mercadoria utilizadas pelos camponeses..

(25) 25. Em geral, o processo de reprodução da produção camponesa é simples, o que significa dizer que o camponês repõe, a cada ciclo da atividade produtiva, os meios de produção e a força de trabalho para a repetição pura e simples dessa atividade produtiva. E esse processo de reposição pode se dar por meio da produção direta ou por meio da troca monetária.. São situações diferentes e precisas que ajudam assegurar o modo de produção camponês, com variações na produção e nos diversos elementos que contribui com o desenvolvimento da classe. A produção camponesa ocorre precisamente no campo, destacando uma produção diversificada de alimentos, está presente nas áreas rurais brasileiras, sendo afetadas pelas políticas do Estado e pelos latifundiários. Os camponeses do sertão alagoano enfrentam problemas extremos durante sua produção, como a falta de apoio financeiro, equipamentos, sementes e terras, muitos ainda possuem alguma propriedade onde produzem nela, outros produzem em terras arrendadas. Em vista disso, é importante citar que as propriedades fundiárias no sertão de Alagoas são formadas hegemonicamente por minifúndios, embora o latifúndio ainda permaneça com o domínio de importantes áreas na região. Segundo Silva (2003, p.92-93). Em Alagoas, desde a época colonial, os pequenos produtores sofrem as duras consequências de estarem em uma formação social politicamente dominada pelo latifúndio. Apesar de sua situação subordinada e débil, a pequena lavoura seguiu sobrevivendo ao lado da grande propriedade (em grande medida “dentro” do próprio latifúndio, no caso dos “moradores”) [...]. A distribuição irregular das chuvas se destaca como um dos problemas que mais prejudica o processo de produção da comunidade camponesa, que associada à falta de apoio governamental e o acesso limitado às terras, faz com que alguns dos camponeses migrem para outras regiões por determinados períodos do ano, é inevitável impedir o processo migratório principalmente para o corte da cana de açúcar. Às vezes por não terem outras opções os camponeses se submetem ao trabalho árduo e pesado nos canaviais e em outras atividades pertencentes a latifundiários, os recursos financeiros não os permitem cultivar a terra em alguns períodos de estiagem durante o ano, em diversas situações se deparam com atividades exploratórias vivenciando o trabalho escravo. Lima, Silva e Feitosa afirmem que (2018, p. 18).

(26) 26. O trabalho escravo tem sujeitado hordas de trabalhadores móveis que deixam o Sertão de Alagoas para acompanhar os ciclos do capital. É o Sertão alagoano um lócus destacado de produção e exportação de redundantes para o exercício laboral em condições escravas algures, em virtude do impasse da questão fundiária, do monopólio do acesso à agua e da desigualdade social que lhe acometem.. Os latifundiários, principalmente em períodos de estiagem conseguem utilizar métodos tecnológicos e ferramentas modernas no processo de produção e colheita das sementes. Os camponeses por não terem recursos financeiros acabam sendo prejudicados, o Estado não oferece ajuda o suficiente para solucionar os problemas enfrentados no campo. Porém é importante destacar que os camponeses se reinventam e se recriam quando surge a necessidade de mostrar a sua classe fortemente presente e fortalecida. De acordo com Wanderley (2014, p.39) “Pode-se concluir desse quadro geral que esses agricultores vivenciam situações de extrema precariedade e que têm, efetivamente, uma enorme dificuldade para gerar renda monetária de sua atividade produtiva”. É considerado que os camponeses vivem em situações precárias na produção de seus alimentos, sem estabilidade territorial e financeira que os garanta a fixação em determinados espaços geográficos, eles fornecem seus produtos, mas com dificuldades no processo de produção e colheita dessas sementes. Existem alguns camponeses que tentam por meio de bancos de sementes comunitárias instaladas na própria comunidade, resgatar as sementes crioulas perdidas e em extinção, realizam a plantação para evitar a extinção total do grão. Portanto Lima e Santos (2018, p.196) afirma que. [...] os camponeses estabeleceram uma relação com a terra, mediada pelas sementes crioulas, que são transmitidas de geração em geração. As sementes crioulas, também chamadas de sementes da resistência, são cultivadas e trocadas pelas/entre as famílias camponesas, há séculos, e representam a garantia da agrobiodiversidade e fonte de produção de diversos gêneros agrícolas que integram o hábito alimentar do sertanejo: como o milho, o feijão e a mandioca.. Com isso os Bancos Comunitários de Sementes (BCS) armazenam alguns grãos considerados perdidos, dessa maneira os camponeses podem produzir alimentos sem alterações genéticas em laboratório. “Parte expressiva dos BCS’s se articula em rede, através de organizações como Cooperativas, Associações, Núcleos, dentre outras” (LIMA e SANTOS, 2018, p.207)..

(27) 27. 2.1 CAMPONESES E O PNAE: POLÍTICA PÚBLICA COMO DIMENSÃO DA REPRODUÇÃO DESSES SUJEITOS. As políticas públicas implantadas no país são voltadas para atender grupos específicos de pessoas. No entanto, a conquista de programas nas políticas públicas foi obtida mediante a mobilização da sociedade agrária, “resultado da correlação de forças entre instituições que são ou representam interesses de classes” (FERNANDES, 2015 p.382). Essas políticas públicas passam por alterações e mudanças em seu interior constantemente, somente apenas com a luta de classe e que se consegue a participação na elaboração e desenvolvimento de um programa voltado para os camponeses. De acordo com Fernandes (2015, p. 385),. Somente no final da ultima década do século XX e na primeira década deste século, os movimentos camponeses conseguiram influenciar os governos para criação de planos e politicas publicas. Elaborar uma proposta de politica pública e contribuir para construir um modelo de desenvolvimento para a agricultura camponesa continua sendo o grande desafio dos movimentos.. Por isso, é importante enfatizar que o aparecimento de políticas públicas e programas dedicados a grupos específicos da sociedade agrária derivam das reivindicações executadas pelos movimentos camponeses. Nessa perspectiva, um dos programas que expressa a participação ativa dos camponeses e que precisa ser ressaltado é o programa PNAE. O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE retrata uma forma de promover uma alimentação de caráter nutritivo e saudável, com isso desenvolve uma estratégia educativa nas escolas com o objetivo de proporcionar refeições diárias com produtos de qualidades que promova a segurança alimentar, como também a saúde e a nutrição. Trata-se de um projeto do governo federal que prioriza principalmente as regiões mais pobres do país. O PNAE foi criado em 1955 com fundamentos significativos para a categoria camponesa e para a alimentação escolar, sendo assim os alimentos adquiridos devem ser principalmente de agricultores municipais, categorias campesinas que, com ou sem cooperativas podem fornecer seus produtos. O PNAE como política pública vem avançando, atendendo seu público alvo nas escolas e auxiliando na reprodução social camponesa. Esse avanço é importante para agregar valor aos produtos dos camponeses propiciando uma evolução na produção..

(28) 28. Embora esse programa seja fundamental para a segurança alimentar e para o desenvolvimento de agricultores locais, ele é colocado em prática apenas após um longo tempo de sua existência. O Programa de Alimentação Escolar é uma das políticas mais antigas no Brasil, segundo Triches e Grisa (2015,p.17).. Em 31 de março de 1955, é assinado o Decreto n.° 37.106, que institui a Campanha de Merenda Escolar (CME) subordinada ao Ministério da Educação. O Programa inicia-se articulado às organizações internacionais de ajuda alimentar criadas após II Guerra Mundial, tais como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).. O valor referente ao programa e destinado aos Municípios, Estados, Escolas Federais e ao Distrito Federal para compra direta dos produtos é um valor para ser utilizado com produtos derivados da agricultura. A transferência dos recursos financeiros é realizada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Os parágrafos 1° e 2° do Art. 5° da lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009 deixam claro que: “§ 1° A transferência dos recursos financeiros, objetivando a execução do PNAE, será efetivada automaticamente pelo FNDE, sem necessidade de convênio, ajuste, acordo ou contrato, mediante depósito em conta corrente específica” (BRASIL, 2009). “§ 2° Os recursos financeiros de que trata o § 1o deverão ser incluídos nos orçamentos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atendidos e serão utilizados exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios” (BRASIL, 2009).. O programa é uma política pública voltada principalmente para o fortalecimento da agricultura local e da alimentação escolar, contempla camponeses da região com a aquisição da compra de seus produtos alimentícios para suprir as necessidades nutricionais, dessa forma contribui com o desenvolvimento escolar, auxiliando os estudantes no crescimento saudável e no fortalecimento da educação. Os recursos financeiros destinados aos entes governamentais são calculados de acordo com a quantidade de alunos matriculados nas escolas da rede pública segundo os dados oficiais do censo escolar obtidos pelo Ministério da Educação. Do total no mínimo 30% (trinta por cento) do valor destinado ao PNAE deverá ser aplicado na obtenção de gêneros alimentícios provenientes da agricultura de acordo com o Art. 14 da lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009..

(29) 29. Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas (BRASIL, 2009).. Os camponeses com a implantação do PNAE passaram a fornecer seus produtos na sua própria região para ser consumidos nas escolas, porém uma política pública que não beneficia todos os camponeses. Diante do exposto esse tipo de política vem ao longo do tempo deixando de ser tão eficaz para os agricultores, pois a mesma vem sendo afetada pela crise econômica que ronda o país. Crise essa que, acaba prejudicando as políticas públicas que presta algum tipo de assistência aos camponeses, essas mudanças interferem na produção e desenvolvimento econômico dos agricultores. A conquista de programas voltados para os camponeses não se materializou aleatoriamente ou por uma simples vontade do Estado. Por detrás do programa está a força de manifestações de uma classe que luta incansavelmente por sua reprodução, pela valorização do seu trabalho e da sua cultura. Os camponeses detêm em mãos práticas significativas de plantio e cultivo das sementes, mantendo uma relação direta com a natureza que os permite alcançar a sabedoria, os valores culturais e a reprodução social, com isso eles produzem alimentos benéficos para a saúde humana e para o desenvolvimento do solo. O programa PNAE de alguma forma é positivo para a continuidade da reprodução dos camponeses, é uma possibilidade que alguns dos camponeses encontraram para plantar e comercializar seu produto, as crianças em idade escolar que recebem através da merenda esses produtos tem o privilégio de adquirir uma refeição mais nutritiva e higiênica. Além disso, Triches e Grisa (2015, p.18) destacam algumas mudanças que ocorreram no meio rural com a aplicação do PNAE, como:. [...] a garantia da venda dos alimentos produzidos pelos agricultores familiares, com o aumento da renda e, provavelmente, o auxílio na diminuição do êxodo rural; a promoção de formas de plantio e de produção diferenciados, a exemplo dos alimentos orgânicos e tradicionais; o incentivo à organização e à cooperação dos agricultores e à formalização destas iniciativas; e contribuições ambientais resultantes dos métodos e dos processos de produção mais sustentáveis e, principalmente, da diminuição das distâncias percorridas da produção até o consumo final.. Entretanto, a utilização do recurso público para determinados programas não são aplicados para seu verdadeiro fim, isso depende de quem elabora e de quem o utiliza, políticos.

(30) 30. administradores dos recursos manuseiam muitas vezes em favor da sua posição política, empregando de modo indevido e ilegal para favorecer sua equipe de governo, outros sequem a linha viável da legalização para utilizar de forma democrática e justa o recurso destinado para aplicação e andamento do projeto. Ou seja, a deliberação de recursos destinados à aquisição de alimentos para o PNAE na esfera pública fere alguns princípios da democracia, da legalidade, ameaçando gravemente o dinheiro público, onde Triches e Grisa (2015, p.22) frisam que:. Portanto, a legalidade e a burocracia da Lei de Licitações (Lei N. 8666/1994) são necessárias e devem ser endurecidas para o perfeito funcionamento da máquina pública, e que formas de flexibilizá-las só abririam mais possibilidades de corrupção, questão a ser ferrenhamente combatida e que estaria na gênese da construção da referida lei.. Com isso percebe-se neste quesito, as diversas formas que os responsáveis pelos programas encontram para praticar a irregularidade descumprindo a lei, usando os recursos públicos indevidamente. No entanto a chamada pública por meio de um processo licitatório e a forma mais viável de se promover a competição entre os candidatos, o preço é baseado na pesquisa de mercado, essa forma às vezes passa a ser inviável para muitos camponeses, pois requer uma série de documentação burocrática que muitas vezes os mesmos não possuem e não conseguem adquirir no tempo determinado pelo edital. Contudo, essas políticas públicas consideradas um avanço para os camponeses, não representa o que é proposto, sendo assim os governos determina mudanças apenas no que lhes é cabível, manuseando as regras do programa e controlando as formas de compras inapropriadas para aquisição de alimentos, beneficiando o agronegócio. Fernandes (2015, p. 383) ressalta que:. Esta mudança que pode ser observada nos processos de criação de políticas de desenvolvimento para o campo [...]. Elaboradas pelos governos, mas determinadas pelos interesses das corporações do agronegócio – que sustentam e são sustentadas pelo sistema hegemônico capitalista [...]. As disputas por modelos de desenvolvimento não são componentes dos planos e das politicas, porque estes são determinados pelos princípios do paradigma do capitalismo agrário.. As políticas públicas implantadas devem ter uma maior seriedade na construção de sua legislação, e fiscalização no uso do recurso disponível para sua aplicação, feito isso a.

(31) 31. implementação dos programas tomaria um rumo diferente, considerável para obter um maior resultado na sua utilização. Apesar de todas essas contradições alguns camponeses vêm sendo contemplados com a participação no PNAE, esse programa ajuda na organização coorporativa desses sujeitos, no seu desenvolvimento econômico, cultural e na diversidade de sementes cultivadas por eles. Portanto o PNAE quando bem aplicado pode provocar importantes resultados para a reprodução camponesa e para a alimentação escolar, onde os alunos passam a consumir em seu cardápio frutas, legumes e verduras diversificadas e nutritivas. No entanto, mesmo com os avanços existentes nas políticas públicas que beneficiem os campenses, ainda existem contradições e entraves no acesso aos benefícios. É notória a falta de interesse na criação dessas políticas, pois o olhar não se volta para o pequeno, e sim, para os latifundiários..

(32) 32. 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNÍCIPIO DE ÁGUA BRANCA – AL E A PARTICIPAÇÃO DOS CAMPONESES DO MUNICÍPIO NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE.. 3.1 COSIDERAÇÔES GERAIS DE ÁGUA BRANCA. Água Branca é um município brasileiro localizado no Sertão extremo oeste do estado de Alagoas (MAPA 01), limitando-se ao norte com município de Mata Grande/AL e Tacaratu cidade do estado de Pernambuco, ao sul com Olho D’ Agua do Casado e Delmiro Gouveia, a leste com Inhapi e o município Olho D’ Agua do Casado, e a oeste com o município de Pariconha. A extensão territorial que o município ocupa é de 454,72 Km² que corresponde a 1,64% do estado de Alagoas.. A sede do município tem uma altitude aproximada de 570 m e coordenadas geográficas de 9°15’43,2’’ de latitude sul e 37°56’16,8’’ de longitude oeste. O acesso a partir de Maceió é feito através das rodovias pavimentadas BR316, BR-101, AL- 220 e AL-145, com percurso em torno de 304 km (CPRM, 2005).. Segundo dados do último censo do IBGE em 2010 o município tem aproximadamente uma população estimada em 19.377 pessoas com uma densidade demográfica [2010] de 42,62 hab/km², 5.101 na zona urbana e 14.276 na zona rural, tendo hoje de acordo com o IBGE 2018 uma população considerada em 20.162 hab..

(33) 33. Mapa. 01:. Localização. Geográfica. do. Município. de. Água. Branca. –. AL. Autor: CARVALHO, M. V. S. L ( 2018) Fonte: IBGE (2018).. 3.2 ASPECTOS GERAIS. O município de Água Branca foi fundado em 24 de abril de 1875 (144 anos) e encontrase:. geologicamente inserido na Província Borborema, abrangendo rochas do embasamento gnáissico-migmatítico, datadas do Arqueano ao Paleoproterozóico e a sequência metamórfica oriunda de eventos tectônicos ocorridos durante o Meso e NeoProterozóico (CPRM, 2005, p.01).. O município de Água Branca foi palco do coronelismo, a família Vieira Sandes oriunda de Portugal foram os primeiros desbravadores das terras, os três irmãos, capitão Faustino Vieira Sandes, José Vieira e João Vieira Sandes, oriundos de Porto Real do Colégio – AL, residiam em um povoado do município chamado de Itiúba, começaram a explorar a região dominando uma grande quantidade de terras, povoando-a com suas famílias e construindo patrimônios na cidade. De acordo com Feitosa (2014, p.21).

(34) 34. Os nobres portugueses, ao desenvolverem a região com a implantação de fazendas, criação de gado e construção de vilas e vilarejos, seguiram rumo ao Sertão de alagoano com o mesmo objetivo. Os irmãos Faustino Vieira Sandes, José Vieira Sandes e João Vieira Sandes, ao chegarem às sesmarias de Paulo Afonso, que à época era província de Alagoas, conhecida pela denominação de Mata Grande, uma área territorial imensa que compreendia os municípios de Delmiro Gouveia, Olho d’ Água do Casado, Piranhas, Inhapi, Canapi, Pariconha e Água Branca, fundaram este povoado, que foi chamado Mata Pequena, Matinha de Água Branca e, por último, Água Branca.. Água Branca também já testemunhou grandes acontecimentos históricos, como a rota do cangaço, o primeiro assalto de Lampião que ocorreu “em 26 de junho de 1922, lampião e seu bando invadiram, pela primeira vez, a vila de Água Branca, onde assaltaram a casa da Baronesa” (FEITOSA, 2014, p. 81). Além disso, Feitosa (2014, p. 70) destaca que. O município de Água Branca não foi só rota do cangaço, mas o ventre e o berço de Cristiano Gomes da Silva Cleto (Corisco), um dos cangaceiros mais temidos do Bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como Rei do Cangaço. Além desse vulto da história do cangaço, Água Branca foi também refúgio e moradia da família Ferreira, representada por José Ferreira da Silva e Maria Vieira da Soledade, pai e mãe de Lampião, [...]. Destacando também as gerações que habitaram o município, entre eles coronéis, grandes latifundiários e senhores de engenhos, além da negociação do couro que existia na região. As famílias existentes no passado deixaram grandes patrimônios históricos é artístico na cidade, construídos na época por mãos de obras escravas, essas obras são identificadas hoje (FOTOS 01, 02, 03, e 04) na Igreja Nossa Senhora da Conceição localizada no centro histórico da Praça da Matriz, na Casa do Barão de Água Branca, na Igrejinha do Rosário e no calçamento da Praça Fernandes Lima..

(35) 35. Foto 01: Igreja Nossa Senhora da Conceição. IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Fonte: Próprio autor (2018). Foto 02: Casa Histórica do Barão de Água Branca. CASA HISTÓRICA DO BARÃO DE ÁGUA BRANCA Fonte: Próprio autor (2018)..

(36) 36. Foto 03: Igreja Nossa senhora do Rosário. IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO. Fonte: Próprio autor (2018) Foto 04: Calçamento da Praça Fernandes Lima. CALÇAMENTO DA PRAÇA FERNANDES LIMA. Fonte: Próprio autor (2018). Esses locais carregam em suas estruturas físicas a construção e desenvolvimento da cidade, além disso, carregam traços das primeiras famílias a residirem no município..

(37) 37. A economia do município é baseada atualmente no comércio, na pecuária (bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves) e na agricultura (feijão, milho, mandioca, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas em geral), os grupos de camponês mantém suas origens culturais e econômicas de cultivar uma variedade de sementes na região.. Tabela 01: Produção Agrícola Municipal 2017. QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA DESTINADA À COLHEITA ÁREA COLHIDA RENDIMENTO MÉDIO. BANANA (CACHO) 39. t. 21,00. (x 1000) R$. 5. ha. 5. ha. 7.800. kg/ha. LARANJA QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA DESTINADA À COLHEITA ÁREA COLHIDA RENDIMENTO MÉDIO. 12. t. 7,00. (x 1000) R$. 4. ha. 4. ha. 3.000. kg/ha. CANA-DE-AÇÚCAR QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA PLANTADA ÁREA COLHIDA RENDIMENTO MÉDIO. 360. t. 29,00. (x 1000) R$. 9. ha. 9. ha. 40.000. kg/ha. FEIJÃO (GRÂO).

(38) 38. QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA PLANTADA. 151. t. 321,00. (x 1000) R$. 1.450. ha. ÁREA COLHIDA. 1.000. ha. 151. kg/ha. RENDIMENTO MÉDIO. MANDIOCA QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA PLANTADA ÁREA COLHIDA RENDIMENTO MÉDIO. 770. t. 335,00. (x 1000) R$. 97. ha. 97. ha. 7.938. kg/ha. MILHO (GRÃO) QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DA PRODUÇÃO ÁREA PLANTADA ÁREA COLHIDA. 259. t. 171,00. (x 1000) R$. 1.100. ha. 900. ha. RENDIMENTO 288 kg/ha MÉDIO Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2017. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Essa tabela representa uma parte da produção agrícola realizada no município no ano de 2017, dados do IBGE (2018), todos esses produtos estão presentes na alimentação da população que residem na região, contribuem também economicamente para o desenvolvimento dos camponeses que cultivam esses grãos, frutas e legumes. A vegetação natural é constituída principalmente por caatinga hiperxerófila, o ambiente seco e o baixo índice de precipitação atrapalha o desenvolvimento econômico da região, o longo processo de plantação e colheita das sementes necessita da chuva para germinar. Acerca disso, “o polígono das secas apresenta um regime pluviométrico marcado por extrema irregularidade.

Referências

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