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A SUBORDINAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR AO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL. UMA ABORDAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA

REGIÃO CENTRO-OESTE.

Felipe Comitre

Mestrando em Geografia – Organização do Espaço – UNESP Rio Claro Bolsista CAPES

Email: felipe.comitre@hotmail.com

Gabriela Bortolozzo Geógrafa – UNESP Rio Claro Email: gbortolozzo@gmail.com

RESUMO

Este trabalho visa analisar a subordinação da produção familiar ao complexo agroindustrial, relacionando-a com o desenvolvimento drelacionando-a região Centro-Oeste do Brrelacionando-asil. Deste modo, o enfoque é drelacionando-ado relacionando-a prelacionando-artir drelacionando-a modernização da agricultura no país e o conseqüente direcionamento da produção no país. Tendo como objetivo demonstrar a interferência do complexo agroindustrial, especialmente da soja, nas relações de produção existentes na agricultura familiar. Caracterizando a integração destes produtores à lógica do grande capital, relacionando-a com a proletarização dos pequenos produtores, bem como questionando as ações das empresas capitalistas neste modo de produção. Debatendo, enfim, a viabilidade da modernização agrícola, que privilegia exclusivamente os setores voltados ao mercado global em detrimento dos pequenos produtores, afetando assim, na dinâmica de produção de alimentos no país.

PALAVRAS-CHAVE: modernização da agricultura; produção familiar; complexo agroindustrial.

INTRODUÇÃO

A modernização da agricultura no Brasil obteve grande crescimento no decorrer da década de 70, sendo os fatores propulsores para isto, principalmente, o “credito rural”, que consistia em um sistema de crédito subsidiado, bem como a ação do governo via implantação de planos que visavam à integração do país, este último sendo promovido, mais precisamente, na década de 60.

É dentro deste contexto que a região Centro-Oeste apresenta significativo desenvolvimento, momento este em que Santos (2005) denomina “O Processo de Integração”, no qual o governo nacional elaborou planos para integrar as regiões que até outrora não se relacionavam, visando, sobretudo a unificação do país, periodizando o meio técnico científico informacional.

Com o objetivo de efetivar esta política, a medida estratégica adotada pelo governo de Juscelino Kubitschek, foi de transferir a capital do Rio de Janeiro para Brasília.

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“Em decorrência dessas políticas explicitamente regionais, houve certa tendência à descentralização da produção, da indústria e da modernização da agricultura. No caso da região centro-oeste este movimento foi especialmente favorecido a partir da década de 1960, pela implantação do Distrito Federal e da construção de Brasília com a transferência da capital nacional. Essa região passou a ter um crescimento mais dinâmico e integrado-intersetorialmente com as necessidades do parque industrial brasileiro e, principalmente, com o agrobussines internacional.” (p. 195)

Porém, para melhor compreensão da conquista do estágio do meio técnico científico informacional e ao ideal de integração do país é necessário apresentar o contexto mundial da época e quais suas influências sobre o território brasileiro. Sendo assim, os autores Milton Santos e Maria Laura Silveira (2005) explicam a ideologia pós-segunda Guerra Mundial, situando este período no país:

“A ideologia do consumo, do crescimento econômico e do planejamento foram os grandes instrumentos políticos e os grandes provedores das idéias que iriam guiar a reconstrução ou a remodelação dos espaços nacionais, justamente com a da economia, da sociedade e, portanto, da política. Para realizar qualquer desses desígnios impunha-se equipar o território, integrá-lo mediante recursos modernos.” (2005: p.47)

Desta maneira, a partir dos anos 70 se inicia um novo processo mundial, a nova divisão territorial do trabalho, que no Brasil se deu a partir da produção voltada à exportação, através de extração de minérios, derivados do petróleo e a pequena criação de alguns setores de circulação. Notadamente, o Estado estimulou tais transformações com o intuito de alcançar a integração do território, bem como estimular o crescimento econômico.

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“Após a Segunda Guerra Mundial aprofundam-se as ações modernizantes dos sistemas de atividades agrícolas, com mudanças na base técnica da produção, como a introdução de máquinas (tratores importados), elementos químicos (fertilizantes, defensivos, etc.) e de novas variedades de culturas. Ocorre um adensamento técnico-científico do meio geográfico nacional. Esta empreitada modernizadora da agricultura brasileira deu-se, inicialmente, sob a responsabilidade e o ônus do Estado. O poder público liderou as ações e as estratégias pioneiras para a transformação das bases técnicas da atividade agrícola para conferir eficiência econômica à agricultura nacional.” (TOLEDO, 2009, p. 54)

Esta modernização agrícola no país ocorreu, portanto, primeiramente com a introdução de insumos químicos voltados a necessidade de preparação do solo, acarretando assim, em um maior custo para produção agrícola, bem como no direcionamento da produção.

Temos então, a irradiação do meio técnico científico informacional, que nos anos 70, se torna visível devido ao aumento da união entre a ciência e a técnica. Estes, por sua vez irão, juntamente com a informação, se tornar os grandes responsáveis pela concretização do mercado global, o que fortifica a idéia de exportação, e, portanto, acaba por dirigir os investimentos apenas para aqueles setores onde se presencia a possibilidade do comércio estrangeiro.

Neste contexto, o trabalho visa elucidar e questionar a situação dos pequenos produtores no cenário da prática agrícola presente na região Centro-Oeste, demonstrando que o desenvolvimento da região se deu mediante as necessidades de reprodução do capital por meio da produção voltada para o mercado global, dificultando, assim como impondo limites para a prática da agricultura familiar nestas áreas. Além disso, serão apresentados os instrumentos e políticas adotadas pelo poder público que ocasionaram a integração do Centro-Oeste com as demais regiões do país, mas que também contribuíram para o acréscimo das contradições socioeconômicas nesta área.

PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS METODOLÓGICAS

Com o intuito de conquistar os objetivos proposto pelo trabalho, tornou-se fundamental a utilização de alguns procedimentos metodológicos. Destacando-se o

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levantamento bibliográfico sobre o tema, isto é, uma aproximação pautada na pesquisa detalhada e do estudo sobre os fatores que induziram o desenvolvimento da região Centro-Oeste, com o enfoque para as ações realizadas pelo poder público em conjunto com o crescimento das práticas agrícolas voltadas ao mercado externo, representada, especialmente, pelo cultivo da soja. Deste modo, procurou-se fazer uma análise entre o aumento do cultivo das commodities e o declínio da produção de alimentos básicos realizados, sobretudo, pela agricultura familiar.

Também foram avaliados alguns dados estatísticos, com o objetivo de confirmar o aumento dos índices de produção de soja na região Centro-Oeste. Portanto, a junção destes procedimentos foi de grande serventia para uma compreensão mais elaborada sobre o tema proposto, unindo alguns dados teóricos com dados estatísticos que comprovam a realidade presente nesta região.

O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO-OESTE

É no Centro-Oeste brasileiro que o governo, e as forças hegemônicas, visualizam uma grande oportunidade da criação de um país moderno, justamente porque é ali que a modernização da agricultura oferece maior propriedade para se efetivar, o que de fato ocorre: “As frentes pioneira no Brasil contemporâneo associam-se sobre tudo a ocupação da região centro-oeste e Amazônia. É a ocupação periférica, onde o uso intenso do território é moderno” (SANTOS, 2005, p.130).

Neste momento que é possível presenciar a questão do novo uso do território que se inicia no período técnico-científico-informacional. O governo dirige seus investimentos para a intensificação agrícola principalmente para soja e o milho, as tecnologias são usadas a favor do desenvolvimento moderno agrícola e o setor da agricultura passa a ser um dos principais meios de inserção da economia do país no mercado globalizado.

A difusão da modernização na agricultura juntamente com o avanço na produção de commodities interfere significamente na produção familiar, culminando em sua deterioração. Já que esta não consegue se modernizar, especialmente devido à incompatibilidade entre a escala mínima de produção requerida pelo padrão tecnológico, além da insuficiência de recursos produtivos. Ocorrendo assim, uma abrupta diferença de produtividade entre pequeno produtor e complexo agroindustrial. (GRAZIANO DA SILVA, 2003)

Reconhecendo a dificuldade dos pequenos produtores conquistarem certo grau de modernização agrícola, torna-se fundamental analisar e questionar as ações

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realizadas pelo poder público que visam atenuar esta disparidade entre pequenos produtores e complexos agroindustriais.

Os principais órgãos públicos responsáveis pela difusão e geração de tecnologia agrícola no país são a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER). Entretanto, estes órgãos acabam centralizando os recursos disponíveis, implantando assim, uma política tecnológica que não favorece os pequenos produtores. (GRAZIANO DA SILVA, 2003)

Portanto, a presença da tecnologia no campo afeta diretamente os pequenos produtores. Promovendo alterações quanto ao seu processo de produção, já que a produção familiar é pautada na divisão do trabalho entre os membros da família, entretanto, com a atuação do padrão tecnológico se presencia uma sujeição destes trabalhadores ao capital, sobretudo, no seu assalariamento para as grandes empresas de produção agrícola.

Neves (1981) elucida a singularidade da produção familiar demonstrando as características de seu modo de produção, pautando, sobretudo, em seu distanciamento com as relações capitalistas.

“O processo de produção não se apresenta como um processo de reprodução do capital, não se funda no trabalho assalariado e na apropriação da mais-valia. O trabalho familiar imprime funcionamentos e movimentos particulares às unidades familiares de produção, em função do ciclo de desenvolvimento doméstico, do uso e da apropriação do produto final. O cálculo econômico destes produtores não é ditado basicamente pela busca de lucro no seu sentido estrito.” (NEVES, 1981, p. 18)

Então, a atuação tecnológica na esfera dos pequenos produtores camponeses gera transformações dinâmicas em seu setor, podendo destruir, manter ou elevar a economia camponesa a um patamar mais alto de integração com a economia global. (GRAZIANO DA SILVA, 2003). Neste caso, a destruição da produção do pequeno produtor rural estaria associada à extinção das características deste modo de produção explicitada anteriormente por Neves.

Dentre as formas de atuação da pequena produção nas áreas envolvidas pela fronteira agrícola, destacam-se as subordinadas ao proprietário fundiário, bem como as subordinadas ao capital comercial. Para Graziano da Silva (2003), no primeiro caso:

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“(...) a extração do excedente ocorre através do pagamento da renda da terra por parte do parceiro (sob a forma de uma porcentagem da produção comercial ou de subsistência); pagamento da renda numa quantidade fixa da produção ou de dinheiro pelos arrendatários; obrigação por parte do parceiro ou arrendatário de trabalhar na propriedade em certos serviços por salários inferiores aos regionais.” (p. 141)

Já no segundo caso:

“As formas de extração do excedente podem ser assim resumidas: capacidade de financiamento controlada pelo comerciante, que repassa o crédito aos produtores a taxas de juros mais elevadas que as do sistema financeiro oficial; abastecimento de produtos (alimentos e insumos) aos pequenos produtores cobrando-lhes preços superiores aos do mercado; compra antecipada da produção a preços inferiores aos do mercado. Deve-se notar que em muitos casos o próprio proprietário da terra cumpre o papel de capitalista comercial.” (GRAZIANO DA SILVA, 2003, p. 141)

Como foram demonstradas, as principais relações subordinadas ao proprietário fundiário são a parceria e o arrendamento, porém, existem grandes diferenças entre estas formas de produção. Assim, a parceria consiste basicamente em uma atividade em que o parceiro e o dono da terra, normalmente, dividem os ganhos e as perdas com a produção. Já no caso do arrendamento é estipulado um valor fixo em que o arrendatário paga ao dono da terra, independente de o produtor obter ou não lucros.

Com relação à subordinação dos pequenos produtores ao capital comercial, podem-se presenciar estes casos mais facilmente no setor agropecuário brasileiro. Em que grandes empresas, muitas delas multinacionais, compram a produção antecipada pagando preços mais baixos aos produtores. Além do crédito agrícola, que consiste no comando das decisões sendo realizado pelos grandes produtores, como na comercialização dos produtos e dos preços dos insumos.

A produção de soja no Centro-Oeste brasileiro também possui algumas dessas relações de subordinação do pequeno produtor ao grande capital. Entre as principais ações realizadas na produção deste produto destaca-se o poder das empresas capitalistas transnacionais, que não participam fundamentalmente na produção em si, mas que se apoderam dessa produção e, conseqüentemente, as beneficiam, transformando a soja em produtos que agregam valores, como o óleo e o farelo. A partir disto, as empresas multinacionais passam a comercializar estes produtos no mercado global, utilizando muitas vezes, de mecanismos como a especulação.

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Outra forma de subordinação dos pequenos produtores na produção de soja é que além da posse da terra, este plantio envolve o uso de instrumentos de trabalho mais complexos e, portanto, de custos mais elevados. Sendo assim, a produção de soja se torna viável por meio de um grande investimento de recursos financeiros para a posse ou aluguel destes equipamentos. Fato este que solidifica a dependência dos pequenos produtores em relação a outros agentes, como os demonstrados anteriormente.

Neves (1981) complementa esclarecendo que:

“A funcionalidade da integração do pequeno produtor à lógica da reprodução do capital é acentuada pela redução desse produtor a um proprietário formal do solo e pela sua capacidade de adaptação à apropriação do sobretrabalho, através da intensificação da produção mercantil.” (p. 16)

A necessidade de se integrar com a lógica do mercado, faz o pequeno produtor se afastar de suas condições e características básicas. Tornando-se notável este distanciamento por meio da transformação da divisão do trabalho em sua produção, que deixa de ser realizada pelos membros da família. Assim como a mudança na finalidade da produção, que não é mais voltada a subsistência da família, e sim para o mercado comercial.

Estes fatores estimulam e ampliam a dependência dos pequenos produtores a lógica do mercado, pois eles passam a necessitar cada vez mais do mercado de trabalho para conquistarem o acesso aos empregos, como também para compra dos meios de subsistência.

É assim que ocorre a deterioração do pequeno produtor, isto é, o avanço da modernização agrícola em conjunto com a necessidade de produzir commodities para exportação afeta diretamente no ciclo produtivo do pequeno produtor. Já que este apresenta outro modo de produção, moderado por outra lógica além de outra necessidade.

Com esta interferência na produção agrícola, Neves acredita que:

“A partir da expansão da produção industrial, os pequenos produtores devem-se adaptar à utilização de instrumentos mecanizados e outras técnicas de cultivo, ampliando a produção voltada para o mercado e o uso do crédito para financiamento do capital a ser investido na produção.” (NEVES, 1981, p. 20)

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Neste contexto, ocorre o decréscimo na produção de alimentos, que via de regra é realizada pelos pequenos produtores. E, em contrapartida, gera um fomento na produção de produtos agrícolas que apresentam cotações e interesses no mercado global, como a soja. Assim, ocorre a expulsão gradativa do pequeno produtor na produção agrícola nacional, promovendo também, a concentração fundiária no país. Pois a produção agrícola se realiza cada vez mais por poucas empresas que detém poder aquisitivo compatível com a necessidade de modernização, fundamentais para o plantio de produtos agrícolas que representam viabilidade no comércio com o mercado global.

Fatores estes presenciados na região Centro-Oeste, na qual a atuação dos pequenos produtores é quase nula, comparada com a dinâmica de produção dos complexos agroindustriais, especialmente, a soja. Portanto, nesta região brasileira os pequenos produtores são “expulsos” em prol da produção de commodities.

Desta forma, toda essa revolução na agricultura brasileira é feita para intensificar a exportação, que reforça a divisão territorial do trabalho mundial, limita as produções múltiplas dentro do território e acaba com a agricultura alimentar básica e/ou tradicional do mesmo.

Com isso, os pequenos produtores das regiões que sofrem a modernização da agricultura, vão perdendo seu espaço e muitas vezes são transferidos de suas áreas de origem ou obrigados a modificar suas culturas, tão importantes para o mercado interno, que é deixado para segundo plano.

Assim, como já vimos, a região Centro-Oeste foi formada com as características de uma sociedade globalizada, com seu desenvolvimento impulsionado pelas inovações tecnológicas que visaram o avanço da produção, bem como da produtividade das atividades agropecuárias. Evidenciando assim, as atuações do governo para consolidação de um mercado nacional regulado por uma nova Divisão Territorial do Trabalho.

Portanto, é importante salientar que foi a partir da década de 1970, que o governo promoveu programas de desenvolvimento amparados na região Centro-Oeste pautado no Programa de Corredores de Exportação, com o objetivo de abastecer os centros urbanos e, principalmente, incentivar a produção de commodities, especialmente a soja.

Bernardes (1996) defende que:

“As transformações mais recentes do sistema capitalista no contexto da globalização revelam novas formas de articulação espaço/tempo. O modelo de acumulação, impulsionado pelo progresso técnico-científico, busca a reprodução ampliada do capital, o que implica a superação de barreiras espaciais.” (p. 326)

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Deste modo, a região Centro-Oeste também passou a oferecer inúmeros atrativos para as empresas, como melhores condições de equipamentos técnicos, importantes recursos de capital e estoques para o armazenamento. Assim, as empresas obtiveram vantagens que resultou no aumento considerável dos volumes de produção e de negócios, culminando no deslocamento de inúmeras empresas da região Centro-Sul para o Centro-Oeste, principalmente devido à possibilidade de maior produtividade.

A importância da produção de soja para região Centro-Oeste pode ser avaliada compreendendo que entre 1980 e 1994 ocorreu um crescimento no volume de produção na região estimado em 570,86%, representando 40,66% da produção nacional (BERNARDES, 1996).

Para viabilizar este aumento da produção, torna-se indispensável à utilização de técnicas que permitem ampliar suas escalas, além de contribuir na superação das barreiras naturais, representadas pelo Cerrado. Entretanto, o uso intensivo de capitais e tecnologias para a produção agrícola apresenta como conseqüência a desigualdade na região, pois o desenvolvimento tecnológico atua fortemente em detrimento das lavouras tradicionais, representadas pelos pequenos produtores.

Ocorrendo assim, um conflito entre as áreas produtoras de alimentos e as produtoras de commodities que visam à exportação. Já que:

“No Centro-Oeste o voluntarismo hoje não tem lugar. O saber produzir em determinadas condições físicas, a utilização intensiva de tecnologia, ao mesmo tempo funciona como um mecanismo de inclusão e exclusão, do ponto de vista da competição, como parte das estratégias do capital no desenvolvimento do território.” (BERNARDES, 1996, p. 329)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação da região Centro-Oeste foi fortemente vinculada à atuação do Estado, portanto, a importância política transcende a econômica em seu desenvolvimento. Tornando-se evidente a atuação do Estado nos movimentos de localização e relocalização no desenvolvimento das redes produtivas e da expansão territorial.

Assim, os estímulos governamentais para região Centro-Oeste objetivavam amenizar as desigualdades entre as regiões e promover a unificação do país. Bem como

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proporcionar o desenvolvimento da mesma por meio do incentivo a produção agrícola voltada ao grande capital, isto é, a exportação de commodities.

Notadamente, o desenvolvimento desta região ocorreu devido à intensiva modernização de agricultura com a formação dos fronts e belts agrícolas, permitindo, portanto, a reprodução ampliada do capital e a concretização de uma nova Divisão Territorial do Trabalho. Sendo conquistada, sobretudo, com a ampliação do meio técnico científico informacional e a conseqüente fluidez das relações presentes no território, alterando-se as noções de espaço-tempo até outrora existente.

Entretanto, a forma adotada por essas políticas apesar de gerar prosperidade para a região acarretou uma inegável desigualdade intra-regional, sendo questionado deste modo, até que ponto a ação governamental gerou inclusão ou exclusão sócio-territorial para a região analisada. Já que o Centro-Oeste caracteriza-se atualmente pela forte desigualdade existente entre pequenos e grandes produtores.

Deve-se então analisar as conseqüências da modernização agrícola para a produção nacional, avaliando como ela interfere na dinâmica de produção de alimentos, assim como na transformação do modo de produção no país. Entendendo que a produção agrícola não pode contribuir exclusivamente com determinados produtores, como o abordado no Centro-Oeste, mas sim promover uma produção equilibrada que respeite as necessidades do país como um todo, não se atendo apenas pelo viés do mercado global nem pela produção tradicional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, J. A. As estratégias do Capital no Complexo da Soja. In: CASTRO, I. E., GOMES, P. C. C., CORRÊA, R. L. (org.). Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. p. 325 – 366.

GRAZIANO DA SILVA, J. F. Tecnologia e campesinato. In: Tecnologia e agricultura familiar. 2ª Ed. Porto Alegre: EDUFRGS, 2003. P. 137 – 174.

NEVES, D. P. Lavradores e Pequenos Produtores de Cana. Rio de Janeiro: Zahar Ed. 1981.

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PENNA, N. A. Empreendedorismo e Planejamento Urbano em Brasília: da máquina de morar à máquina de crescimento urbano. In: PEREIRA, E. M. (org.). Planejamento urbano no Brasil: conceitos, diálogos e práticas. Chapecó: Argos, 2008. p. 191-213.

SANTOS, M., SILVEIRA, M. L. Do meio natural ao meio técnico-científico informacional. In: O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro, Record, 2005.

TOLEDO, M. R. O mundo no lugar: o atual projeto de modernização no município de

Santarém (PA). 155f. Tese (Doutorado) - IGCE, Universidade Estadual Paulista. Rio Claro,

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