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Evolução da sustentabilidade corporativa no Brasil: um estudo multicaso através de informações do índice de sustentabilidade empresarial

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LUIZ CLAUDIO TEODOSO DE CASTRO

EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO BRASIL: UM ESTUDO MULTICASO ATRAVÉS DE INFORMAÇÕES DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE

EMPRESARIAL

FORTALEZA

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LUIZ CLAUDIO TEODOSO DE CASTRO

EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO BRASIL: UM ESTUDO MULTICASO ATRAVÉS DE INFORMAÇÕES DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE

EMPRESARIAL

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis do Departamento de Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Vicente Lima Crisóstomo.

FORTALEZA

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LUIZ CLAUDIO TEODOSO DE CASTRO

EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO BRASIL: UM ESTUDO MULTICASO ATRAVÉS DE INFORMAÇÕES DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE

EMPRESARIAL

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis do Departamento de Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Vicente Lima Crisóstomo.

Aprovado em: 31/07/2013

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ Prof. Dr. Vicente Lima Crisóstomo (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________________________ Profª. Drª. Célia Maria Braga Carneiro

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________________________ Profª. MSc Cíntia de Almeida

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Aos meus pais e irmãos, que sempre me ofereceram o apoio necessário em todas as decisões.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Vicente Crisóstomo, pela excelente orientação, por toda dedicação e paciência, tornando possível a conclusão deste trabalho.

Aos meus familiares, amigos e colegas, pelo apoio e incentivo dado nos momentos mais difíceis.

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RESUMO

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um tema recente, cujo debate vem ganhando cada vez mais destaque dentro das empresas. O Índice de Sustentabilidade Empresarial da

BM&Fbovespa (ISE) tem se demonstrado uma forma de medir as iniciativas de responsabilildade social corporativa de uma empresa. O objetivo deste trabalho é analisar a evolução da RSC da empresa brasileira, através de informações do ISE. Para esse fim, obteve-se uma amostra composta por oito empresas participantes do ISE, que autorizaram a publicação de seus formulários de participação no processo de seleção. Para levantar as informações necessárias, coletou-se dados dos formulários com as perguntas respondidas pelas empresas e submetidos a avaliação pelo conselho do ISE, e disponíveis para consulta pública, nos anos de 2011 e 2012, no site do ISE. Procedeu-se a uma análise completa de todas as perguntas nos dois anos. Os resultados mostram que o número de mudanças negativas no período de foi pequeno, em relação às mudanças positivas. A grande maioria das respostas indicaram manutenção de situação. Neste grupo de situações mantidas, verificou-se que a maior parte deles trata-se de situações nas quais as empresas já apresentavam bom nível de RSC e sustentabilidade. Em função deste quadro de manutenção de situações positivas e mudanças positivas superiores às negativas, pode-se considerar que estas empresas têm incorporado um alto nível de preocupação com RSC e sustentabilidade. Merece menção que, dentre as dimensões que compõem o questionário do ISE, a dimensão mudanças climáticas apresentou mais avanços, tendo a dimensão ambiental mostrado mais fragilidade com mais mudanças negativas.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa, Sustentabilidade, Índice de Sustentabilidade Empresarial, Brasil.

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ABSTRACT

Corporate Social Responsibility (CSR) is a recent theme, which the debate is gaining more prominence within companies. The Corporate Sustainability Index of BM & FBovespa (ISE) has demonstrated a way of measuring corporate social initiatives responsabilildade a company. The objective of this work is to analyze the evolution of the Brazilian company CSN, through information ISE. To this end, we obtained a sample of eight companies participating in the ISE, which authorized the publication of their forms of participation in the selection process. To raise the necessary information, data were collected from forms with questions answered by the companies and submitted for evaluation by the board of the ISE, and available for public consultation in 2011 and 2012 at the site of the ISE. The authors conducted a comprehensive analysis of all questions in both years. The results show that the number of negative changes in period was small compared to positive changes. The vast majority of respondents indicated maintenance situation. In this group of conditions maintained, it was found that most of them is in situations where businesses have had a good level of CSR and sustainability. According to this framework of maintaining positive situations and negative to positive changes above, it can be considered that these companies have built a high level of concern for CSR and sustainability. It is worth mentioning that among the dimensions that comprise the ISE questionnaire, the scale climate change presented more advances, and the environmental dimension shown more fragile with more negative changes.

Keywords: Corporate Social Responsibility, Sustainability, Corporate Sustainability Index, Brazil.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 11

2.1 Responsabilidade Social Corporativa ... 11

2.1.1 Conceito de Responsabilidade Social Corporativa ... 11

2.1.2 Histórico da Responsabilidade Social Corporativa ... 17

2.1.3 Responsabilidade Social Corporativa no Brasil ... 19

2.2 Índices e Fundos de Sustentabilidade Social ... 19

2.2.1 O Dow Jones Sustainability Index ... 21

2.2.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ... 21

3 METODOLOGIA ... 26

3.1 Amostra ... 26

4 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA ... 30

4.1 Dimensão Ambiental ... 30

4.2 Dimensão Mudanças Climáticas ... 32

4.3 Dimensão Governança Corporativa ... 33

4.4 Dimensão Econômico-financeira ... 34

4.5 Dimensão Geral ... 35

4.6 Dimensão Natureza do produto ... 36

4.7 Dimensão Social ... 36

4.8 Análise dos dados do questionário por empresa ... 38

4.9 Análise geral dos dados do questionário ... 39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 41

REFERÊNCIAS ... 43

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1 INTRODUÇÃO

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um tema relativamente recente. A quantidade de estudos relacionados ao tema, apesar da pouca expressividade, cresce a cada dia, e também cresce o interesse da sociedade, dos empresários e do Governo. A RSC envolve a responsabilidade dos gestores e também se relaciona com a maneira como as empresas agem, sua postura ética e preocupação com questões socioambientais. A preocupação da sociedade em encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento econômico, meio ambiente e justiça social é crescente. Coloca-se em questão o papel das empresas no contexto humano e social, reforçando alternativas conceituais administrativas que destaquem a importância estratégica de atender aos interesses dos principais stakeholders, ou seja, dos diversos públicos envolvidos com a organização (FREEMAN, 1984). A divulgação das práticas sociais pode favorecer aos interesses de gestores e membros do conselho de administração, além de contribuir com a melhoria da percepção da imagem institucional da empresa (MILANI FILHO, 2007).

Na tentativa de estimular e manter o interesse das empresas em empreender ações sociais e de sustentabilidade, Governo e órgãos não governamentais promovem incentivos através de premiações ou selos de qualidade, para aquelas empresas que demonstrem qualidade e transparências em suas ações sociais. Neste contexto, surgiram também avaliações destas ações por partes de entidades externas o que fez surgir índices de RSC e de sustentabilidade.

Neste cenário e também buscando atender a crescente demanda e interesse dos investidores, os mercados financeiros criaram nos últimos tempos vários índices e fundos cujo requisito básico para participação de uma empresa é o seu diferencial em relação às questões de sustentabilidade empresarial. Tais Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR), ou Social Responsible Investments (SRI), introduzidos na última década, refletem valores morais da sociedade, através da crescente preocupação dos investidores em questões sociais. Esses investidores estão interessados nesse tipo de ativo, por comprometimento pessoal, ou porque acreditam que essas empresas geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais (BOVESPA, 2013).

O primeiro índice a avaliar o desempenho financeiro das empresas líderes em sustentabilidade, criado nos EUA em 1999, foi o Dow Jones Sustainability (DSJI) – Índice de Sustentabilidade Dow Jones. No Brasil, o Unibanco lançou o primeiro serviço de pesquisa para fundos verde, em 2001, sendo a primeira experiência brasileira em SRI. Ainda este ano, o Banco Real ABN Amro lançou os Fundos Ethical FIA, passando a ser o primeiro fundo SRI

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em mercados emergentes. Em 2004, o Banco Itaú lançou o fundo Itaú Excelência Social, com foco no desempenho na área de responsabilidade social corporativa. E em 2005, a Bovespa lançou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), indicador composto de ações emitidas por empresas que apresentam alto grau de comprometimento com sustentabilidade e responsabilidade social. Estudos indicam que os stakeholders passam a se preocupar mais com causas socioambientais, buscando constantemente associar as variáveis meio ambiente e sociedade às atividades da empresa, incorporando os conceitos do Triple-Bottom-Line (TBL). Desta maneira, cresce cada vez mais o número de gestores tradicionais de ativos financeiros que buscam alternativas para a inclusão dos aspectos sociais e ambientais na seleção de carteiras de investimentos, incorporando conceitos de TBL e SRI.

O ISE, criado nos moldes do DJSI, provoca no mercado de ações, a cada ano, mais compromentimento por parte das empresas e transparência de informações, bem como compromisso com a divulgação, conforme dados do último período analisado nesse trabalho (ano de 2012). No ano de 2012 verifica-se o aumento de 8 para 14 empresas divulgando suas respostas às perguntas do questionário de participação, e também o fato de o processo de seleção para a carteira 2013 ter sido auditado pela KPMG. O ISE é um índice composto somente por ações de empresas brasileiras de capital aberto que se destacam em responsabilidade social e sustentabilidade, com processo de elaboração, seleção e publicação anual, e possui metodologia própria. O site do ISE destaca sua característica principal, que são os questionários, compostos por sete dimensões que avaliam diferentes aspectos da sustentabilidade, respondidos nos formulários, que servem como base para o processo de seleção das empresas.

Este estudo visa responder a seguinte questão-problema: qual o nível de comprometimento da empresa brasileira com a sustentabilidade?

Este trabalho tem como objetivo geral mostrar a evolução da RSC na empresa brasileira. Para tanto, utilizou-se dados do ISE e as respostas dos questionários respondidos pelas empresas participantes do referido índice nos últimos dois anos (2011 a 2012). Para esse fim, obteve-se uma amostra composta por oito empresas participantes do ISE, que autorizaram a publicação de seus formulários de participação no processo de seleção. Os objetivos específicos dessa pesquisa são: identificar empresas participantes do ISE no Brasil que autorizaram a publicação de suas respostas aos questionários componentes do processo de seleção para a carteira; analisar as informações do ISE, através dos questionários respondidos nos dois últimos períodos (ano de 2011 e 2012); e analisar modificações ocorridas nas respostas dos questionários de participação das empresas nos dois períodos.

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O presente trabalho realiza um estudo multicaso, no qual foi analisado uma amostra de dados composta por oito empresas que autorizaram a divulgação no site do ISE de suas respostas aos questionários que servem de base fundamental para elaboração do índice.

Cada vez mais a RSC se enriquece de elementos teóricos para suas bases concentuais, através de estudos acadêmicos e de debates no meio empresarial, demonstrando sua importância. A RSC poderia tornar-se um elemento presente nas variáveis a serem consideradas na análise da imagem de uma empresa, através de uma compreensão mais detalhada dos incentivos presentes na atuação dos administradores. Diante disso, essa pesquisa se justifica pela discussão sobre o tema RSC e sobre as formas que as empresas no Brasil utilizam para demonstrar suas preocupações com as questões socioambientais.

Os resultados encontrados indicam que este grupo de empresas componentes do ISE, de fato, apresenta uma alta preocupação com as ações de RSC e de sustentabilidade. Há uma manutenção na maioria dos aspectos pesquisados de cada dimensão no questionário do ISE. A análise deste quadro mantido indica uma situação favorável em termos de preocupação com RSC e sustentabilidade. Analisando as mudanças, pode-se observar que o número de mudanças negativas no período foi pequeno, em relação às mudanças positivas. Em função deste quadro de manutenção de situações positivas e mudanças positivas superiores às negativas, pode-se considerar que estas empresas têm incorporado um alto nível de preocupação com RSC e sustentabilidade.

Este trabalho está dividido, além dessa seção de introdução, de mais três seções. A seção 2 apresenta o referencial teórico abordando o tema Responsabilidade Social Corporativa, com seus conceitos, características, histórico, e questões relacionadas a fundos e índices SRI internacionais e no Brasil. A seguir, na seção 3, é apresentada a metodologia utilizada. A seção 4 apresenta a análise dos dados obtidos através dos questionários e respostas das empresas participantes do ISE, que autorizaram publicação, e a análise dos resultados. Finalmente, na seção 5, são apresentadas as considerações finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Responsabilidade Social Corporativa

2.1.1 Conceito de Responsabilidade Social Corporativa

Apesar de não existir uma definição universalmente aceita, Almeida (2003) define RSC como o compromisso que as empresas assumem com objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade de vida da sociedade, sendo este compromisso desenvolvido juntamente com empregados, sócios e com a sociedade em geral.

Carroll (1979) definiu RSC como desempenho corporativo em 4 categorias de responsabilidade: econômica, legal, ética e discricionária, não sendo essas categorias mutuamente exclusivas, e nem retratando preocupação econômica de um lado e as preocupações sociais de outro, e também não cumulativas nem aditivas.

Carroll (1979) define as responsabilidades econômicas como fundamentais e base para as outras responsabilidades, uma vez que a instituição é a unidade econômica basica da sociedade; responsabilidades legais são parte do contrato social entre a empresa e sociedade, já que a sociedade espera que os negócios cumpram sua missão econômica dentro da estrutura de requisitos legais; as responsabilidades éticas são as responsabilidades esperadas pelos membros da sociedade em relação às empresas, pois a sociedade possui expectativas acima dos requisitos legais em relação aos negócios; e as responsabilidade discricionárias são as responsabilidades em que os negócios tem a liberdade de assumir ou não, pois não há imposição legal ou ética, ou seja, são a natureza voluntária por parte das empresas.

Bowen (1953 apud CARROLL, 1999) definiu responsabilidade social como a obrigação dos homens de negócios de adotar diretrizes, decisões e linhas de ações desejáveis no âmbito dos objetivos e valores de nossa sociedade. A partir de então, observou-se surgimento de mais estudos abordando o assunto, revelando cada vez mais a importância da relação entre as empresas e sociedade e o impacto que uma tem sobre a outra, bem como a importância do papel da empresa na sociedade.

Para Machado Filho e Zylbersztajn (2004) a RSC está relacionada a decisões de negócios tomadas com base em valores éticos que incorporam as dimensões legais, o respeito pelas pessoas, pelas comunidades e pelo meio ambiente.

Nos Estados Unidos, os primeiros conceitos relacionavam a RSC com a filantropia, uma vez que, naquela época, empresários bem sucedidos tentavam impressionar a sociedade

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retribuindo o lucro obtido nos negócios, através de doações e atos de caridade (HOLANDA, 2012). Para Shrivastava (1995) a RSC deve buscar soluções para problemas relacionados à discriminação racial e às minorias, à ética, à filantropia corporativa, ao bem-estar da comunidade e às necessidades dos stakeholders.

Apesar disso, filantropia e RSC não se relacionam. Segundo Wood (1991), a filantropia ou desenvolvimento de comunidades não está no âmbito da RSC, a não ser em países em desenvolvimento, onde esses aspectos ganham importância. Segundo a autora, as empresas existem dentro de um contexto social e não como um sistema autônomo independente.

O Instituto Ethos (2013), caracteriza Responsabilidade Social e filantropia de formas diferentes:

A filantropia é basicamente uma ação social externa à empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias) e organizações. A responsabilidade social é focada na cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cuja demanda e necessidade a empresa deve buscar entender e incorporar aos negócios. Assim, a responsabilidade social trata diretamente dos negócios da empresa e de como ela os conduz.

A filantropia está voltada para ações de caridade tendo como alvo o público externo à empresa, não se relacionando com o desenvolvimento da mesma. Enquanto que a RSC focaliza tanto o público externo, como também o público interno, sem se desprender dos negócios da empresa. Para Melo Neto e Froes (2001), a responsabilidade social e filantropia são conceitos diferentes, estando a RSC relacionada à consciência social, ao dever cívico e representando ações coletivas, baseadas em decisões estratégicas e consensuais, visando retorno econômico social; e a filantropia tendo como foco ações individuais de caráter assistencialista que não buscam retorno para empresa, mas sim apenas o conforto pessoal e moral de quem as pratica.

Segundo Machado et al. (2009), a responsabilidade social envolve questões de gestão empresarial, que dizem respeito à maneira como as empresas agem, sua postura ética e preocupação com causas socioambientais. Um comportamento ético e preocupado com causas socioambientais, por parte das empresas, passa a ser uma atitude cada vez mais esperada pela sociedade em geral (HOLANDA, 2012). Devido ao interesse da sociedade em atitudes éticas por parte das empresas, percebe-se a necessidade de estudos a respeito do assunto em questão, para que se chegue a resultados mais conclusivos. Existe algum consenso de que a dimensão

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ética está inserida no mundo dos negócios assim como a dimensão econômica e a dimensão legal, todavia não existe esse mesmo consenso quanto à natureza da dimensão ética e sobre quem deva ser responsabilizado pela mesma (NUNES; TEIXEIRA et al, 2010). Para Machado Filho (2002), as empresas têm uma função social a cumprir na sociedade e, dessa forma, possuem atribuições éticas, mas a discordância fundamental é sobre a natureza das atribuições éticas e quem se beneficiará com elas. Portanto, há uma expectativa da sociedade de que as empresas exerçam seu papel, não por mera preocupação em cumprir determinações legais, mas sim pela preocupação com o bem estar coletivo.

O Instituto Ethos (2012), aborda a conduta ética das empresas nas práticas de RSC: A responsabilidade social das empresas tem como principal característica a coerência ética nas práticas e relações com seus diversos públicos, contribuindo para o desenvolvimento contínuo das pessoas, das comunidades e dos relacionamentos entre si e com o meio ambiente. Ao adicionar às suas competências básicas a conduta ética e socialmente responsável, as empresas conquistam o respeito das pessoas e das comunidades atingidas por suas atividades, o engajamento de seus colaboradores e a preferência dos consumidores.

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem se tornado nos últimos tempos alvo de grandes debates no meio acadêmico (MACHADO FILHO; ZYLBERSZTAJN, 2004). Um dos fatores que levam a esse crescente debate seria a dificuldade de avaliação e mensuração da RSC. Nesse aspecto, Crisóstomo, Freire et al. (2011), afirmam que “A relação entre a RSC e a criação de valor para a empresa, assim como com o desempenho, encontra argumentos controversos, que somados à evidência empírica inconclusiva, leva à situação atual da pesquisa de continuidade de busca de respostas.” Mas seria esse interesse em torno da RSC por parte dos principais stakeholders, relacionado a questões éticas, ou apenas por cumprimento de questões legais? Os interessados necessitam cada vez mais de informações que fundamentem seus investimentos. O aumento da expectativa dos stakeholders em relação à questão da RSC e a crescente importância do gerenciamento de riscos relacionados a fatores ambientais e sociais trazem um novo desafio para a organização econômica, com implicações a serem consideradas tanto pelas empresas quanto pelos gestores de carteiras de ativos financeiros (CAMPOS; LEMME, 2007).

Conceitualmente, embora não exista um consenso acadêmico e empresarial sobre a definição e abrangência da responsabilidade social, basicamente, as práticas sociais empresariais buscam atender aos interesses ou às expectativas de diferentes stakeholders, ou seja, dos diversos públicos envolvidos com a organização (MACEDO et al, 2011). Para Crisóstomo, Freire e Soares (2012), existe alguma convergência no sentido de considerar-se a

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RSC como a integração entre preocupações sociais e ambientais e a operação e estratégia corporativa, apontando para uma tentativa de integração entre o meio ambiente, o objetivo dos negócios da empresa e sua preocupação com a sociedade.

Segundo Ashley; Coutinho e Tomei (2000), várias tendências de abordagem sobre RSC apresentam-se em processo de maturação, o que requer para sua construção teórica e aplicação prática, o desenvolvimento de seus respectivos constructos para a sua definição. Deve-se levar em consideração alguns fatores na construção de suas definições, como a interação da empresa com a sociedade, o meio ambiente e os diversos stakeholders. A ausência de bases conceituais, ainda presente, é substituida pela construção de indicadores associados às variáveis relacionadas às respectivas dimensões e relações da empresa com seus diversos grupos de stakeholders. (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000).

Para Nunes e Teixeira (2010), na visão dos stakeholders, a relação entre RSC e desempenho financeiro das empresas deveria ser positiva, pois demonstra que quanto maior o nível de responsabilidade social, melhor seria o desempenho financeiro da empresa, revelando a eficiência da administração.

Na visão dos shareholders, ocorre uma relação negativa entre RSC e desempenho financeiro, pois a RSC pode ocasionar uma redução de valor da empresa caso o nível de responsabilidade social seja alto (MCGUIRE et al., 1988). Para Friedman (1970), clientes e empregados são reconhecidos como legítimos e importantes stakeholders da empresa, porém a RSC é redutora de valor para a empresa pois investimentos, ou gastos, em atividades não associadas ao objetivo principal da empresa representam desvio de recursos de investimento ou de remuneração aos acionistas e contribuem para a depreciação de valor para a empresa.

Estudos apontam para um conflito de idéias entre a posição dos stakeholders confrontada com os interesses dos shareholders (NUNES, TEIXEIRA, 2010; CRISÓSTOMO et al, 2011). Enquanto a teoria dos shareholders está voltada exclusivamente para interesses de sócios e acionistas, a teoria dos stakeholders enfatiza que a alocação de recursos organizacionais e a consideração dos impactos dessa alocação devem considerar todos os interessados dentro e fora da organização (MACHADO et al, 2009). Este conflito pode ficar ainda mais evidente, se confrontarmos os maiores defensores dessas duas correntes, quer sejam a dos shareholders que tem como defensor, o economista Milton Friedman, o qual diz que a responsabilidade das empresas é o seu crescimento e a geração de lucros aos acionistas não devendo, portanto, atuar em outras áreas, e a dos stakeholders que tem como interlocutor R. Edward Freeman, cuja doutrina baseia-se na idéia de que o resultado final da atividade de uma organização empresarial deve levar em consideração os retornos que otimizam os

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resultados de todos os stakeholders envolvidos, e não apenas os resultados dos acionistas (FREEMAN, 1984).

Friedman, como um dos principais defensores do ponto de vista dos shareholders, ressalta que se os administradores incrementam os lucros e utilizam-se deles para aumento do valor da empresa, eles estão respeitando os direitos de propriedade dos acionistas da empresa e, dessa forma, promovem de forma agregada o bem-estar social (NUNES, TEIXEIRA, 2010). Observa-se uma preocupação maior por parte dos administradores em agir no interesse dos proprietários, para maximizar sua própria riqueza (BREALEY; MYERS, 2000). Se os administradores dedicam mais tempo a problemas de cunho social, eles podem violar suas atribuições de defesa dos interesses da empresa e interferir na capacidade do mercado de promover o bem-estar social geral (FRIEDMAN, 1970). A visão dos shareholders, portanto, preocupa-se mais com os interesses internos da empresa, conforme Machado et al (2009, p.5): “os administradores devem incrementar o lucro para, assim, aumentar o valor da empresa, respeitando os direitos dos detentores de capital, sócios ou acionistas, e, desta forma, propiciando, indiretamente, o bem-estar social.”

Por outro lado, Freeman (1984) afirma que a teoria que trata da relação positiva entre RSC e desempenho financeiro é a teoria dos stakeholders, e a sua doutrina baseia-se na idéia de que o resultado final da atividade de uma organização empresarial deve levar em consideração os retornos que otimizam os resultados de todos os stakeholders envolvidos, e não apenas os resultados dos acionistas.

A teoria dos stakeholders converge para o conceito de RSC uma vez que identifica vantagens estratégicas para a adoção de uma administração voltada para os interesses de todos os grupos envolvidos direta e indiretamente nas atividades da empresa (CARROLL, 1979). Por outro lado, alguns autores criticam negativamente essa teoria, fundamentando-se principalmente na falta de um objetivo principal, com clara defesa da teoria dos shareholders, em que uma única função-objetivo prevalece: a maximização da riqueza dos sócios ou acionistas (STERNBERG, 1999; JENSEN, 2001).

Para Freeman (1984, apud WIJNBERG, 2000), existem dois tipos distintos de stakeholders: os primários e os secundários. Os stakeholders primários (acionistas e credores) são aqueles que possuem direitos legais sobre os recursos da empresa e cuja participação é essencial para a sobrevivência da corporação, enquanto que os stakeholders secundários (comunidade, funcionários, consumidores) são aqueles cujo direito sobre a sociedade não é tão claro ou é baseado em critérios de lealdade e ética e cuja sobrevivência não é necessária à

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corporação, embora as ações deles possam danificar ou beneficiar significativamente a corporação (MACHADO FILHO; ZYLBERSZTAJN, 2004).

Esta dicotomia acerca das duas teorias, parece convergir para a um mesmo objetivo comum, a partir do fato de que, cada vez mais, a credibilidade passa a ser um dos pontos cruciais nos negócios de uma empresa, fazendo-a começar a mudar a sua concepção de investimento e forma de produzir, à medida que a sociedade modifica sua mentalidade. Com relação a esta mudança de pensamento de shareholders e stakeholders, Oliveira (2005, p.8) afirma: “Consumidor e shareholders ou acionistas devem também seguir neste mesmo rumo, pois a queda das vendas de uma empresa, em decorrência da falta de responsabilidade social, ocasionará a queda do valor acionário de seus papéis.”

A credibilidade perante a sociedade passa a ser um fator de maior relevância dentro dos negócios da empresa, fazendo-a mudar suas concepções de investimento e de produção, pressionada por essa mudança de mentalidade da sociedade. Conforme Rodrigues e Mendes (2004, p. 40):

Os acionistas necessitam dos demais stakeholders, assim como esses últimos precisam dos shareholders (...) Não existe esta polaridade acionistas x parceiros. Todos são stakeholders. Cada parceiro com sua missão específica concorre, em processo cada vez mais integrado, para o sucesso global da empresa.

A empresa passa a tomar consciência do seu papel de responsabilidade na sociedade, tendo como um dos principais objetivos de seus negócios concilliar sua sobrevivência com as novas exigências da sociedade, fazendo-a atuar não só na área econômica, como também na área social e ambiental. Este novo cenário, no qual as empresas passam a atuar além do setor econômico, foi elaborado por John Elkington em 1994, em um estudo realizado chamado de Triple-Bottom-Line (TBL), ou Tripé da Sustentabilidade, considerado o princípio da responsabilidade social corporativa, no qual destaca o papel da empresa atuando também nas áreas social e ambiental. A idéia principal do TBL apoia-se no fato de que o sucesso e sobrevivência de uma empresa não devem ser somente avaliados pelas medidas financeiras tradicionais, mas também pela sua ética, responsabilidade social e desempenho ambiental (NORMAN; MACDONALD, 2003). Segundo Barbosa (2007), os componentes fundamentais do desenvolvimento sustentável, quer sejam crescimento econômico, proteção ao meio ambiente e igualdade social, juntamente com a mudança da atitude das empresas, que tinham como foco único o lucro, deram origem ao TBL.

Consolida-se, assim, cada vez mais, a difusão de idéias nas bases conceituais dos meios acadêmicos e empresariais, acerca do fato de que a empresa deve preocupar-se com os

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elementos da sociedade, na qual está inserida, e também com o meio ambiente. Conforme Zago (2007), na visão do TBL pressupõe-se que a empresa cresça, seja rentável e gere resultados econômicos, enquanto contribui para o desenvolvimento da sociedade e preservação do planeta, pois a sociedade depende da economia e a economia depende do ecossistema global.

2.1.2 Histórico da Responsabilidade Social Corporativa

Embora as primeiras noções de RSC tenham surgido há muito tempo, nos Estados Unidos, na época de sua monarquia quando os monarcas concediam alvarás de funcionamento para as corporações de capital aberto que prometessem realizar benefícios públicos, foi somente no século XX que o assunto começou a ganhar mais relevância no meio acadêmico e corporativo (Ashley, 2005). No início do século XX, nos EUA, a RSC surge ocasionada pela desilusão que tomou conta da população frente às promessas do liberalismo econômico devido ao crash da Bolsa de Nova Iorque (FARIA & SAUERBRONN, 2008). Para Bowen (1953 apud Duarte e Dias, 1986) os primeiros trabalhos sobre RSC surgiram nessa época (início do século XX). No entanto, esses primeiros estudos sobre RSC não receberam apoio por serem considerados de cunho socialistas, e suas idéias foram combatidas pela maioria dos empresários e pelo pensamento capitalista conservador predominante nos meios acadêmicos desse período citado (ZAGO, 2007).

Os debates em torno da RSC tornaram-se mais fortes nos ultimos 50 anos, mais especificamente na década de 1960. Nessa época, as empresas tornam-se o foco das reivindicações decorrentes do fortalecimento de princípios revolucionários e pela mobilização social que, posteriormente, proporcionaram o surgimento dos movimentos sociais (MACEDO et al., 2011).

Um dos primeiros autores a abordar o tema RSC em seus estudos foi Howard R. Bowen, sendo considerado por Carroll (1999), o pai da RSC. Segundo Carroll (1999), iniciam-se em 1953 os estudos sobre o tema, com a publicação do livro “Responsabilidade Social dos Homens de Negócios”, escrito por Howard R. Bowen, no qual questiona quais responsabilidades para com a sociedade se espera dos homens de negócios (BOWEN, 1953 apud CARROLL, 1999).

A RSC passa a ser entendida como a forma de uma empresa conduzir seus negócios, muito mais importante do que atitutudes isoladas de caridade para alguns grupos, ou seja, ela poderá ser dita como socialmente responsável se demonstrar interesse em desenvolver projetos sociais não somente para comunidade, como também preocupação com o meio

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ambiente, seus clientes, fornecedores e funcionários. Empresas socialmente responsáveis conduzem suas atividades seguindo princípios e valores que buscam a integração entre os aspectos econômico, social e ambiental, uma vez que tais aspectos analisados de forma isolada, tornam tais atitudes de pequeno valor, obrigando a empresa a difundir a boa conduta para todas as partes que se relacionam com o negócio da mesma (BOWEN 1953 apud CARROLL, 1999).

Ao longo da década de 1960, alguns pesquisadores observaram a importância da relação entre a empresa e a sociedade, o impacto de uma sobre a outra, bem como o papel da empresa dentro da sociedade (DAVIS, 1960 e MCGUIRE, 1963 apud CARROLL, 1999). Prevalece nessa época a visão de que a empresa deve ter suas responsabilidades extendidas para além da maximização do lucro e que os recursos devem ser utilizados para fins sociais e não somente os interesses privados dos indivíduos, ou seja, suas relações com o público externo passam a ser reconhecidas, sendo parte da responsabilidade dela o reconhecimento de suas decisões e ações sobre a sociedade na qual está inserida.

A década de 1970 desponta como o descobrimento por parte das empresas da importância estratégica da divulgação e publicidade de suas ações sociais, sendo os Estados Unidos o primeiro País que passou a prestar contas com o público, porém sendo a França o primeiro País a elaborar o Balanço Social em forma de obrigação (ZAGO, 2007).

Na década de 1980, em que poucas inovações conceituais foram associadas a RSC, merece destaque a perspectiva elaborada por Drucker (1984). Para o autor, a idéia de que a RSC exclui a maximização dos lucros é inconsistente. Ele vai mais além, quando afirma que RSC e lucratividade, além de serem compatíveis, colaboram para a transformação de responsabilidades sociais em oportunidades de negócio para a empresa.

Na década de 1990, outros temas alternativos surgiram no campo da RSC, fazendo com que o idéia de RSC servisse de base para outros conceitos e temas relacionados: ética nos negócios, cidadania corporativa, teoria dos stakeholders, modelos de operacionalização da RSC, etc. (CARROL, 1999; WOOD, 1991; KANTER, 1999).

Na década de 2000, pesquisas que tratam da relação entre desempenho social e financeiro corporativos passam a ganhar cada vez mais espaço. Segundo Borba (2005), estudos empíricos que tratam da relação entre desempenho social e financeiro corporativos ganham espaço ainda maior, uma vez que a construção de indicadores sociais nas décadas anterioes possilibitaram a formação de uma importante massa de dados para elaboração dos estudos. Para o autor, o maior desenvolvimento dos teste estatísticos e a evolução conceitual e

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operacional do termo desempenho social corporativo favoreceram o aperfeiçoamento dessas pesquisas.

2.1.3 Responsabilidade Social Corporativa no Brasil

No Brasil, a RSC também vem ganhando cada vez mais espaço na mídia, nos debates e no mundo dos negócios das empresas, fazendo-se presente na organização e atuação de diversas entidades da sociedade.

A RSC no Brasil consolida-se na década de 1960, com criação da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil), que já defendia a idéia de que as empresas, além de produzir bens e serviços, devem preocupar-se também com o bem estar da comunidade, de acordo com a “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas” (IBASE, 2008).

Na década de 1980, começa a se disseminar os conceitos de RSC nas empresas brasileiras, bem como a preocupação com práticas de ações sociais, como tendência das manifestações que vinham ocorrendo no cenário internacional, fazendo com que as empresas se adaptassem a esse cenário. Ao longo da década, os debates se intensificam, e surgem as fundações e institutos que tinham como debate principal a RSC, a exemplo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981 .

Na década de 1990, a idéia da RSC, no Brasil, consolida-se com a incorporação do tema responsabilidade social por parte de um conjunto de empresas que começaram a promover ações sociais. Vários fatores contribuíram para a difusão da RSC no Brasil, entre eles, pressões por parte de agências internacionais; campanhas de várias organizações de proteção da natureza para que empresas reduzissem impactos ambientais; a Constituição de 1988, que representou um grande avanço tanto em questões sociais como ambientais; realização de grandes eventos e programas sociais, esportivos e ambientais por parte de empresas multinacionais e a atuação de grandes empresas públicas nacionais (IBASE, 2008). E em 1998, foi criado o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que tem como objetivo ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável.

2.2 Índices e Fundos de Sustentabilidade Social

Atualmente, observa-se uma grande preocupação por parte das empresas com as causas ambientais, conforme Crisóstomo et al. (2011, p.2): “a empresa passa a vivenciar um ambiente com uma mais ampla gama de demandas sociais, comparativamente ao que se verificava algumas décadas atrás.” As empresas começam a incorporar preocupações sociais

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em suas estratégias, tendo uma relação de mais proximidade com a sociedade, e podendo modificar o seu modelo de gestão, e até mesmo interferir nas decisões que se relacionam às políticas estratégicas (GOLDSTEIN, 2007; PRAHALAD e HAMEL, 1994; MCWILLIAMS e SIEGEL, 2001; COCHRAN, 2007). Essa relevância dada ao tema RSC, no meio acadêmico e empresarial, fez surgir várias iniciativas com objetivo de incentivar a RSC nas empresas, ocasionando o surgimento de várias recomendações para essas práticas, bem como sugestões de formas de divulgação e de avaliações da RSC, como por exemplo Global Report Iniciative (GRI) e, no Brasil, o surgimento do IBASE e do instituto Ethos (CRISÓSTOMO et al., 2011). A GRI consiste numa tentativa de integração global das diversas tendências de publicações de informações socioambientais, através da difusão da importância de publicar-se balanços sociais, e da padronização mínima que os balanços devem ter para que sejam de utilidade aos diferentes stakeholders (GRI, 2003).

Observa-se uma constante elevação do grau de preocupação estratégica com a RSC por parte das empresas, uma vez que qualquer setor da mesma que tenha sua credibilidade posta em dúvida, pode acarretar consequências em seus rendimentos. A sociedade passa a exigir responsabilidade social das empresas, tornando-se assim, um fator relevante para escolha dos produtos, e fazendo surgir formas de convencer os shareholders a aceitarem essa nova visão imposta pela sociedade (BORBA, 2005). Entre essas formas, pode-se citar a GRI, o Instituto ETHOS, os fundos éticos ou de Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR), ou Social Responsible Investments (SRI), e índices SRI.

Os fundos éticos surgiram dessa preocupação do mercado acionário com as questões sociais, que antes não eram consideradas, e devido à sua natureza “altruísta” de interesse coletivo, para agregar valor acionário à empresa (OLIVEIRA, 2005). Os fundos SRI, reforçam a relação entre a valorização dos papéis da empresa e RSC, uma vez que esses fundos têm como objetivo duplo atingir retorno financeiro e social (REZENDE, 2005).

Os índices de sustentabilidade são papéis das bolsas de valores, que em conjunto com os fundos éticos compõem um novo tipo de investimento, os investimentos socialmente responsáveis (OLIVEIRA, 2005). Esses investimentos revelam a relação de preocupação dos investidores, analistas e gestores, com causas ambientais, com os indicadores de crescimento, mercado, margens, e principalmente, se essas questões ambientais influem nos resultados da empresa.

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2.2.1 O Dow Jones Sustainability Index

O Dow Jones Sustainability Index (DJSI), também chamado de Dow Jones Sustainability Index Family, fundado em 1999, foi o primeiro e mais importante, integrado por dois índices, o DJSI World, válido em todo mundo, e o DJSI Stoxx (europeu), com regras semelhantes. O DJSI World, dividido por setores ou áreas de atuação das empresas, é composto por 10% das empresas líderes em responsabilidade social corporativa do Índice Dow Jones Global, composto por 3.000 empresas de mais de trinta países, divididos por setor industrial. Em todo mundo, devido ao crescente destaque ao tema RSC, empresas e investidores passaram a levar em consideração a sustentabilidade como um novo indicador de gestão, fazendo surgir os Índices de Sustentabilidade, vinculados aos principais índices das bolsas de valores, e passando a serem utilizados como um instrumento a mais de análise de gestão.

Além do DJSI, internacionalmente, merecem destaques os seguintes índices: FTSE4Good Index; Ethibel Sustainability Index; Calvert Index; KLD Index e JSE SRI Index. Outras iniciativas de investidores institucionais têm acentuado a discussão sobre a incorporação de questões sociais e ambientais nas decisões de investimento, com destaque para o Carbon Disclosure Project, Investor Network on Climate Risk e os Princípios para o Investimento Responsável (CAMPOS; LEMME, 2007).

No Brasil, a primeira empresa a demonstrar preocupação com causas socioambientais, foi o Unibanco, que, em 2001, lançou o primeiro serviço de pesquisa para fundos verdes. A seguir o Banco Real ABN Amro lançou os Fundos Ethical FIA, os primeiros fundos SRI em mercados emergentes, e em 2004, o Banco Itaú lançou o fundo Itaú Excelência Social, que tinha como foco o desempenho na área de responsabilidade social corporativa.

2.2.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

Fundada em 1890, a BM&FBovespa S.A.- Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA, ou BOVESPA) é o único centro de negociação de ações no Brasil, sendo a maior bolsa de valores da América Latina, tendo atualmente listadas 400 companhias abertas, conforme o site BOVESPA (2013):

A BM&FBOVESPA é uma companhia que administra mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos derivativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação, atuando, principalmente, como contraparte central garantidora da liquidação financeira das operações realizadas em seus ambientes. A Bolsa oferece ampla gama de produtos e serviços, tais como: negociação de ações, títulos de renda fixa, câmbio pronto e contratos derivativos referenciados em ações,

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ativos financeiros, índices, taxas, mercadorias, moedas, entre outros; listagem de empresas e outros emissores de valores mobiliários; depositária de ativos; empréstimo de títulos; e licença de softwares.

No ano de 2000 foram criados os níveis diferenciados, uma tentativa de destacar companhias que exercem boas práticas de governança corporativa. No ano de 2004, foi criado um comitê para o desenvolvimento de um índice de sustentabilidade, a ser composto por empresas socialmente responsáveis e sustentáveis (ISE, 2013). Nesse cenário, observa-se que a Bolsa de Valores de São Paulo vinha preparando o lançamento do seu índice de sustentabilidade, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Para o surgimento do ISE, algumas questões foram levantadas por algumas empresas cujos produtos eram considerados antiéticos por sua natureza, de setores como de armamentos, álcool e tabaco, o que ocasionou algumas divergências no processo de definição dos critérios de sustentabilidade, uma vez que não poderiam fazer parte do processo, fazendo com que o índice fosse lançado no dia 1 de dezembro de 2005, um ano após o prazo previsto. Com relação a essas questões levantadas por essas empresas devido a seus produtos “anti-éticos”, o jornal Valor Econômico do dia trinta de março de 2005, comentou:

O ponto principal da polêmica é que algumas empresas não aceitam ficar de fora do índice e temem o impacto negativo sobre seus papéis e sua imagem. Elas argumentam que são companhias legalmente instaladas no país, geram milhares de empregos, pagam impostos e possuem programas exemplares de responsabilidade social. As empresas alegam que seria injusto, de largada, serem excluídas doindicador simplesmente por estarem em setores vistos por alguns como não socialmente responsáveis. Na opinião de quem é a favor da exclusão, porém, é contraditório ter em um referencial de instituições socialmente responsáveis empresas que fabricam produtos que, segundo eles, não seriam sustentáveis no longo prazo (CAMBA, 2005, p.1).

Essas discussões demonstram a preocupação das empresas que poderiam ficar fora do índice, o que poderia abalar sua imagem e sua credibilidade perante os acionistas no que se refere a programas de responsabilidade social. A questão da responsabilidade social passava a ser um tema de grande importância para os negócios da empresa, uma vez que além de conseguir atingir os consumidores, conseguiria atingir também o mercado acionário.

Com o objetivo de selecionar as empresas que comporiam o ISE, o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CES-FGV), contratado pelo Conselho do ISE, estabeleceu alguns critérios para essa seleção, baseados no conceito do TBL. A Bovespa estabeleceu um modelo composto pelos três fatores que integram o conceito do TBL e acrescenta outros 3 inidicadores para compor o ISE. Ao conceito do TBL foram acrescentados indicadores que avaliam a natureza do produto, as práticas de governança corporativa adotada,

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e as características gerais da empresa (BOVESPA, 2013). A Bovespa estabeleceu um modelo composto pelos três fatores que integram o conceito do TBL e acrescenta outros 3 inidicadores para compor o ISE.

O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa, diferenciando as empresas compromissadas com RSC em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas (ISE, 2013). A partir de 2011 foi adicionada outra categoria à estrutura de avaliação: dimensão mudanças climáticas. O índice busca refletir o retorno de uma carteira composta dos fundos SRI do mercado de capitais brasileiro, servindo como referência de desempenho dessas empresas e atendendo a demanda dos investidores ao funcionar como um selo de qualidade para empresas socialmente responsáveis e sustentáveis, além de estimular as demais empresas a utilizarem boas práticas de responsabilidade social e sustentabilidade (BOVESPA, 2013).

Um dos requisitos para participação de uma empresa na mais recente carteira ISE é a ação ser uma das 200 mais negociadas (líquidas) da Bolsa e ter sido negociada em pelo menos 50% dos pregões no período de um ano anterior a formação da carteira. Foram convidadas 183 companhias que detinham essas ações em dezembro de 2011, das quais 45 se inscreveram para participar do processo concorrendo ao ingresso da carteira (ISE, 2013).

O ISE é atualizado a partir de questionários que são distribuídos entre as empresas emissoras das ações mais líquidas da BM&FBovespa.

As perguntas do questionário do ISE são disponibilizadas para as empresas com instruções detalhadas de preenchimento, informações sobre os fundamentos legais para as perguntas e observações de caráter geral pertinentes a cada pergunta. No Anexo A encontra-se a relação das perguntas do questionário do ISE, contendo o texto na íntegra das perguntas propriamente ditas, que são as informações que servem de base para a elaboração do ISE e também para o presente trabalho.

O questionário é a base do processo de seleção das empresas que compõem a carteira do ISE. Desenvolvido pela equipe do CES-FGV, o questionário é composto por sete dimensões (categorias), que avaliam diferentes aspectos da sustentabilidade, conforme o Quadro 1:

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Quadro 1 – Dimensões do questionário do ISE

Dimensão Aspectos observados

Dimensão Geral: compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento às boas práticas de sustentabilidade, transparência das informações corporativas e práticas de combate à corrupção.

Dimensão Natureza do Produto:

impactos pessoais e difusos dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, adoção do princípio da precaução e disponibilização de informações ao consumidor.

Dimensão Governança Corporativa:

relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do Conselho de Administração, processos de auditoria e fiscalização, práticas relacionadas à conduta e conflito de interesses.

Dimensões Econômico-Financeira, Ambiental e Social (TBL):

políticas corporativas, gestão, desempenho e cumprimento legal.

Dimensão Mudanças

Climáticas:

política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das informações sobre o tema.

Fonte: BOVESPA (2013)

As dimensões econômico-financeira, social e ambiental foram divididas em quatro conjuntos de critérios: Políticas (indicadores de comprometimento); Gestão (indicam planos, programas, metas e monitoramento); Desempenho (indicadores de performance) e Cumprimento Legal (avaliam o cumprimento de normas nas áreas de concorrência, consumidor, trabalhista, ambiental, entre outras) (ISE, 2013).

A dimensão Governança Corporativa apresenta indicadores de melhores práticas organizados nos seguintes critérios: Propriedade, Conselho de Administração, Gestão, Auditoria e Fiscalização, Conduta e Conflito de Interesses. Nesta dimensão, buscou-se respeitar de forma transversal os princípios de transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade empresarial, definidos pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) (ISE, 2013).

Anualmente as 200 empresas mais líquidas da bolsa recebem o convite para participar do processo de seleção, sendo que as instituições interessadas se inscrevem por meio eletrônico e ganham acesso ao sistema online no qual responderão o questionário que serve de base para avaliação das empresas (ISE, 2013).

Uma vez finalizada essa etapa, os questionários são submetidos à equipe técnica do CES-FGV que analisa as respostas das empresas e faz uma avaliação amostral de documentos enviados para comprovação das respostas. A decisão sobre a composição da carteira do ISE

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cabe ao Conselho do ISE e o resultado é anunciado ao final de cada ano. A nova carteira entra em vigor no início de janeiro do ano seguinte (ISE, 2013).

Este ano, o foco na transparência foi intensificado. Além do aumento de 8 para 14 empresas divulgando suas respostas para o questionário base do ISE, o processo de seleção para a carteira 2013 foi auditado pela KPMG (ISE, 2013).

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3 METODOLOGIA

No presente trabalho, a pesquisa adotada é de natureza exploratório-descritiva. Este trabalho tem característica de uma pesquisa exploratória pois aborda um tema relativamente recente, portanto possui intuito de proporcionar familiaridade com o assunto abordado; e possui características de uma pesquisa descritiva, com utilização de estatistica descritiva básica pois refere-se à coleta, organização, descrição de dados, cálculos e interpretação de coeficientes, com objetivo de descrever e caracterizar a evolução da RSC de um número de empresas. A abordagem do estudo é qualitativa. Quanto à metodologia é do tipo bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado para contextualizar a RSC; documental, pois foi elaborada a partir de material que não recebeu tratamento analítico; e estudo multicaso, pois limita-se a um conjunto de oito empresas.

Para Richardson (1985), o estudo de caso é o estudo de um fenômeno, o que neste estudo significa a análise da evolução da sustentabilidade corporativa nas empresas estudadas. Para Yin (2001) o estudo de caso ocorre por meio da coleta de evidências. Segundo o autor, essas evidências podem ser originadas de seis fontes distintas: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. Em função desses argumentos, o estudo multicaso demonstra ser estratégia adequada para o presente trabalho.

3.1 Amostra

A amostra selecionada é composta por oito empresas, de um universo de 37 empresas que compõem a carteira do ISE no ano de 2012. A razão para a escolha da amostra de oito empresas deve-se ao fato de que somente a partir do ano de 2011 o ISE permitiu que as empresas participantes do processo autorizassem ou não a divulgação das respostas dos questionários dos formulários no site ISE. Inicialmente, apenas oito empresas deram início à divulgalção dessas informações, sendo esse número aumentado para quatorze em 2012, estando incluído no último ano as oito empresas que divulgaram respostas em 2011. As oito empresas que compõem a amostra do estudo e que autorizaram a publicação de suas respostas no site ISE estão relacionadas no Quadro 2.

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Quadro 2 – Empresas que autorizaram publicação do questionário respondido no ISE

EMPRESA DESCRIÇÃO SETOR CLASSIFICAÇÃO

AMBIENTAL

E1 COELCE Distribuição de Energia Elétrica Impacto moderado

E2 BANCO DO BRASIL Instituições Financeiras Instituição financeira

E3 BIC (BICBANCO) Instituições Financeiras Instituição financeira

E4 NATURA Produtos de Uso Pessoal Alto impacto (Matérias primas e

insumos)

E5 ELETROPAULO Distribuição de Energia Elétrica Impacto moderado

E6 AES TIETÊ Energia Elétrica (Geração e

Transmissão)

Alto impacto (Aspecto Ambiental Crítico: Recursos Naturais

Renováveis)

E7 EDP (ENERGIAS DO BRASIL

S/A) Distribuição de Energia Elétrica Impacto moderado

E8 CCR RODOVIAS S/A

Exploração de Rodovias (considerando as atividades de

duplicação, manutenção, ampliação)

Alto impacto (Aspecto Ambiental Crítico: Matérias primas e

insumos) Fonte: ISE (2013)

Atendendo à crescente demanda do mercado e da sociedade por mais transparência, é facultado às empresas da carteira a publicação do seu questionário respondido (ISE, 2013). As empresas que respondem afirmativamente à questão de número 13A, da Dimensão Geral do questionário, têm suas respostas divulgadas no site do ISE. Nos últimos dois anos (2011 e 2012), o número de empresas que autorizaram a publicação de suas respostas foram 8 e 14, respectivamente, possibilitando a análise de dados das oito empresas que foram pioneiras nessa transparência de informações no primeiro ano (2011), com seus dados no ano seguinte (2012).

Os objetos de análise utilizados foram os questionários enviados eletronicamente em sistema online para as empresas participantes, que tem as perguntas respondidas e enviadas para análise da CES-FGV. Para a coleta de dados utilizou-se as informações obtidas através do acesso dos sites do ISE e da BM&FBOVESPA.

Para uma melhor compreensão da análise dos dados da pesquisa, torna-se necessário a idenfiticação das dimensões dos questionários, conforme descrito no Quadro 3.

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Quadro 3 – Dimensões do questionário ISE

DIMENSÃO DESCRIÇÃO

D1 Dimensão Ambiental

D2 Dimensão Mudanças Climáticas

D3 Dimensão Governança Corporativa D4 Dimensão Econômico-Financeira

D5 Dimensão Geral

D6 Dimensão Natureza do Produto

D7 Dimensão Social

Fonte: ISE (2013)

Para obter-se valores que permitissem uma análise de dados das respostas dos questionários, nessa pesquisa foram atribuídos valores às respostas que correspondessem às perguntas da seguinte maneira: se as respostas de uma mesma questão nos dois anos em estudo (2011 e 2012) forem iguais, então não houve mudança de posição da empresa em relação àquele quesito analisado no questionário, ou seja, houve uma “manutenção” de posição nos dois anos, podendo ainda essa manutenção representar um aspecto positivo ou negativo para a empresa, conforme leitura do conteúdo da pergunta.

Da mesma forma, se as respostas forem diferentes de um ano para o ano seguinte, significa que houve uma “mudança”, em relação ao quesito analisado que pode representar uma mudança positiva ou negativa de resposta, dependendo da leitura do conteúdo da pergunta e sua resposta.

Desta forma, têm-se três valores possíveis para a análise de cada resposta: uma mudança positiva de resposta, uma manutenção de posição de resposta, ou uma mudança negativa de resposta, conforme exposto no Quadro 4.

Quadro 4 – Valores atribuídos às respostas das perguntas.

Conteúdo da pergunta Resposta em 2011 Resposta em 2012 Valor atribuido

Aspecto positivo

(Exemplo: A companhia informa periodicamente o seu desempenho de saúde e segurança no trabalho?)

Sim Não Mudança negativa

Aspecto negativo

(Exemplo: a companhia sofreu ação judicial ambiental criminal?)

Sim Não Mudança positiva

Ambos aspectos Sim (Não) Sim (Não) Manutenção

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Os valores atribuídos às respostas foram registrados em planilhas do programa Excel, para que se fossem calculados os valores percentuais correspondentes às informações procuradas. O foco principal da pesquisa se concentra nas mudanças positivas ou negativas de um ano para o outro.

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4 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

Nesta seção, são apresentados os resultados dos dados obtidos na pesquisa, bem como análise do conteúdo das respostas que levaram aos mesmos, tanto nas mudanças positivas, como nos dados de manutenção de posição de resposta e mudanças negativas.

Os dados estão apresentados em quadros que mostram o número de ocorrências das respostas, valores médio, mínimo e máximo, e o respectivo valor percentual correspondente ao número de ocorrências, tornando possível a análise de dados através da comparação dos valores das taxas percentuais.

Os quadros apresentados referem-se as sete dimensões do questionário ISE, relacionando as empresas dentro de cada dimensão. Esta disposição de dados permite identificar as empresas que modificaram ou não os seus indicativos de resposta dentro da dimensão analisada.

4.1 Dimensão Ambiental

A dimensão ambiental considera a natureza dos negócios, dada a relevância e diferença de impactos sobre o meio ambiente dos diversos setores. As empresas listadas do setor financeiro têm um questionário ambiental diferenciado e adaptado às suas características (menos questões propostas). As demais empresas foram classificadas segundo dois níveis de impacto - alto e moderado -, mas respondem ao mesmo questionário. Os critérios da dimensão ambiental receberão ponderações diferentes na avaliação final segundo os dois níveis, fato que ocasiona um número total diferente de questões propostas entre as empresas, conforme pode ser visto no Quadro 5.

Quadro 5 – Aspecto Dimensão Ambiental, por empresas. D1 = Dimensão Ambiental

Mudança Positiva Manutenção Mudança Negativa Total Empresas Quant. (%) Quant. (%) Quant. (%) Quant (%)

Coelce 2 7,70 24 92,30 0 0,00 26 100 Banco do Brasil 0 0,00 14 100,00 0 0,00 14 100 BIC 1 7,14 12 85,71 1 7,14 14 100 Natura 0 0,00 27 96,42 1 3,57 28 100 Eletropaulo 1 3,84 25 96,15 0 0,00 26 100 Tietê 4 13,79 24 82,75 1 3,44 29 100 EDP 0 0,00 24 92,30 2 7,69 26 100 CCR 3 10,71 22 78,57 3 10,71 28 100 Média 1,38 5,40 21,50 90,52 1 4,07 23,87 100 Valor mínimo 0 0 12 78,57 0 0 14 100 Valor máximo 4 13,79 27 100,00 3 10,71 29 100

(32)

Na análise da Dimensão Ambiental, apresentada no Quadro 5, observou-se que o número de ocorrências de mudanças positivas apresentou um valor médio de 1,38, com valor mínimo de 0 e valor máximo de 4.

A empresa Tietê apresentou a maior taxa de mudanças positivas, com valor de 13,79%. Os aspectos que obtiveram mudanças positivas para a empresa Tietê estão relacionados a:

- AMB-A 6 - Aumento das situações para as quais os processos de gestão da companhia incorporam o uso sustentável dos recursos naturais renováveis como requisito prioritário

- AMB-A 17 - Aumento do desempenho da companhia em saúde e segurança no trabalho.

- AMB-A 29 -Melhora na gestão da situação da companhia em relação a eventuais passivos.

- AMB-A 31 - Redução de sanções administrativas de natureza ambiental.

Destaca-se o fator AMB-D 7 (aumento das práticas da companhia relacionadas à melhoria do desempenho ambiental na cadeia de valor, como por exemplo estímulo à obtenção de certificações ambientais emitidas por Organismo Certificador Acreditado (OCA) ou correlato) comum às empresas Coelce e Eletropaulo, o que demonstra preocupação das empresas com esse aspecto.

O número de ocorrências de mudanças negativas apresentou um valor médio de 1, com valor mínimo de 0 e valor máximo de 3. A CCR, com 10,71% de ocorrências, alcançou maior índice de mudanças negativas, devido a estes aspectos:

- AMB-C 6 - Aumento do percentual dos processos e atividades da companhia (PPA), considerados potencial ou efetivamente geradores de impactos ambientais significativos, que é orientado por procedimentos operacionais específicos.

- AMB-C 13 – A empresa deixou de informar periodicamente o seu desempenho de saúde e segurança no trabalho.

- AMB-C 21 - Aumento das condições de emissões atmosféricas da companhia. A empresa Banco do Brasil apresentou uma taxa de 100% de manutenção de posição, com todas as suas posições de indicativos positivos.

(33)

4.2 Dimensão Mudanças Climáticas

Na análise da Dimensão Mudanças Climáticas, conforme o Quadro 6, observou-se que o número de ocorrências de mudanças positivas apresentou um valor médio de 1,75, com valor mínimo de 0 e valor máximo de 3.

Quadro 6 – Aspecto Mudanças Climáticas, por empresas. D2 = Dimensão Mudanças Climáticas

Mudança Positiva Manutenção Mudança Negativa Total Empresas Quant. (%) Quant. (%) Quant. (%) Quant (%)

Coelce 2 13,33 13 86,66 0 0,00 15 100 Banco do Brasil 0 0,00 15 100,00 0 0,00 15 100 BIC 1 6,66 14 93,33 0 0,00 15 100 Natura 2 13,33 13 86,66 0 0,00 15 100 Eletropaulo 3 20,00 11 73,33 1 6,66 15 100 Tietê 2 13,33 12 80,00 1 6,66 15 100 EDP 1 6,66 13 86,66 1 6,66 15 100 CCR 3 20,00 12 80,00 0 0,00 15 100 Média 1,75 11,66 12,89 85,83 0,38 2,48 15 100 Valor mínimo 0 0,00 11 80 0 0,00 15 100 Valor máximo 3 20,00 15 100 1 6,66 15 100

Fonte: Elaboração própria.

As empresas Eletropaulo e CCR apresentaram maior taxa de mudanças positivas, com valor de 20,00%, com questões relacionadas a:

- CLI-2 - A empresa assumiu de compromissos públicos sobre metas de redução de gases do efeito estufa (GEE).

- CLI-4 - Conselho de Administração passou a assumir responsabilidade para a gestão das emissões de GEE.

- CLI-13 - Comprovação de melhora na redução da emissão de GEE no último ano.

- CLI-10 - A companhia passou a adotar política corporativa sobre mudanças climáticas.

Destaca-se o fator CLI-2 comum às empresas Coelce, Eletropaulo e Tietê, o que demonstra preocupação das empresas com esse aspecto.

O número de ocorrências de mudanças negativas apresentou um valor médio de 0,38, com valor mínimo de 0 e valor máximo de 1.

As empresas Eletropaulo, Tietê e EDP apresentaram 6,66% de ocorrências de mudanças negativas, devido a estes aspectos:

Referências

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