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*Se/<&í*v&34/
&IUAAH§
TELOS
QUAES
SE POOERECONHECER
O CANCRO DO ÚTERO,
E
O
DIAGNOSTICO
DIFFERENCIAL
ENTREAS
ulcerações;,
e
o
cancro DO
MESMO
OiíGÂO,THÈSE
APRESENTADA,
E
SUSTENTADA
NO
DIAl6 DE
NOVEMBRO
DE
1843
PERANTE
JURY
DA
FACULDADE
DE MEDICINA
DA BAHIA
NO
CONCURSO PARA O LOGARDE
SUBSTITUTO DA
SECÇÃO
CIRÚRGICA
POR
António
José
Ozori)
Doutor
em
Medicina
, Bibliothecarioda
Escolade Medicina
é
Membro
Effectivoda Sociedade Einulaçáo
Liltcrariadesta
'
Cidade.
Citrandi rationem
verom nemo
umquam
polerit melhodo, aUt ipsemet hiventre, aut
abalio donri,
antcquam
tialuramaffeclio-i
nis cognvveril.
Baglivi iacomentar, de arlictilis.
©ATOA
a
uai
a
ju
'uwnuusuiu:
lIWWWI
Os
SRS. DOCTORES, F.deP. A
eAlmeida
M.
M.
Reboliças
. V. F.de
Magalhães
E
F.França
. . J.Abbott
.IW. L,
Aranha
Dantas
F.
M.
Gest^ira . J J d*Alencastre . J. A. d'A.Chaves.
>.P
Cabral . . J. 1\Ue Almeida
. Directorda Facu1dnde,Prcsiden*
te
do
Jury, eProlessor de
Phi-siologia
Professor
de
Botânica.Professor
de
Physica.Professor
de
Chi
mica.
Professor
de
Anatomia.
Professor
de
Pathologia externaProfessor
de
Partos.Professor
de
Operações.
Professor
de
Clinica Cirúrgica.Professor
de
ClinicaMedica.
Professor
de Medicina
Legal.SIPFLENTES. E. J.
Pedroza
» • J.de S
Velho
M.
A
dosSantos
. . .A
J de^Queiróes. J. V.de
tf. Ar.igâo Ataliba.Substituto
da Secção
Cirurgica.Substituto íla
Secção
Medica.
Substituto da Secção
Accessorla.'Substituto
da Secção Medica.
Professor
de
Pathologia interna.'SECRKTA.RIO.
P.
J.de
S. B. Cotcgipc. . . Secretarioda Faculdade
e
do
A'
Meo
Cunhado
e
Amigo
O
111.mDSenhor Tenente
Coronel
Joaquim
José'
de
Vasconcellos*
Signal de sincera e affcctuosa amisade.
AOS
MEOS VERDADEIROS AMIGOS
SIGXAES
TELOS
QUAES
SE PODEKECONHECER
O
CANCRO DO ÚTERO,
E
O
DIAGNOSTICO
DÍFFERENCIAL
ENTREAS ULCERAÇÕES., E
O CA3CR0 DO
MESMO
OUGÀO.
O
útero, orgâo (ãoimportanteo dotanta utilidade e proveito, nãosópara *mulher
como
lambera para a Sociedade, puis quesem
elle decerto ipropa-gação do género
humano
nãose effeituaria, nauestá ao abrigo das alteraçõesmorbosas.
Com
efloito percorrendocom
avista ovastoquadro nosologicodas
lesões, que o
podem
aíTectar, viremos no conhecimentodeque nãohe
possí-vel haver na
economia
animalum
órgão maissujeito a adoecer, qualsejaamadre.
A
rasao desta susceptibilidade, oufacilidade
em
contrahir esatdospathol.ogicos he fundada
sem
duvida na importância dopapel,queelie-epre-Senta noorganismo, e nos
immensos
e multiplicados laços, que o ligáo ato-dos osmais órgãos.
He
cm
virtude destasymp.alhia, que toda a economiaressente mais ou
menos
uma
influencia desfavorável emesmo
peritro«a das suas enfermidades.Porém
dentre todas asque tem excitado a atlencâu dos
médicos de todos ostempos, nao ha alguma de mais interesse para
a si
ien-na, epara a pratica
como
soja o canoro E>la terrívelenfermidade, desdeostempos os mais remotos, tem oceupadoosauthores
, que apesar de
recor-rerem ao luminoso facho d'Anatomia Pathologica, o de lerem
com
oescal-pelo dividido eseparado
com
demasiado escrúpulo os tecidosdoortfo
af-fecladoem
todas as phasesou períodosda lesão, ainda hoje discordaos,,broa natu.rcsa das alterações pathologicas próprias do
ranço
propriamentedilo,
ou
sobre os estados mórbidos que eliecomprchende
Assim uns cori-sulerao, ecom
rasao, o scirrho, ooc
'ncro ulceradocomo
estados mórbidos do cauçrn ; outros Considcrâo cadaum
destesestadoscomo
affeccôo*
de-lineias. DiíTercntestem sidolambem
asopiniões dos pralicnss*,bre analu-resa , asede , c
modo
de desenvolvimento d,: o- fermidadeem
questãoOni-n.oes
maisou menos
engenhosas, ou absurdos, emiti idos sobro esteai
sumulo
(ao transcendente para a arte do curar , pouco tom adiantadooconhecimento intimodocancro.
Porém sem
nosdemorarmos
em
apresei
ar a
enumeração
dosnomes
dos authores dístinclos, queexprofeL
te„.aia o, da matéria, sem
entramos
em uma
analysedas diversas theona,
que temservidoa explicar oponto essencial da historia do cancro
-
Tmk
jaturesa-, oq,,e nos hc vedado pela faltade tempo, e
mesmo
por oioZr
essencial aonossoponto, que versa sobre o diagnostico do cancro
o ,o
edasulcerações desteórgão, limitar-nos-
hemos
a dizer, que quasiilodoí osaulboresconcordâoem
consideraresta enfermidadecomo
diversasat or cooc organ.cas. cujaqaturesa intima he desconhecida, deformaeaspecto
Wh
dossendo semprea
mesma
lesão, e lendo por caractercommum
nu
d
et
£™í
_
6
-M.
M
Colomb.it, Téallier, e muitos outros , admittcm que o cancro<)oútero possa tomardifferentes formas,
sem
que
constituadiflWentes espécies,e deixe de conservar a unidade pathologica, necessária natheoria, e na
pra-tica. Segundoestesauthoreso cancro scirrhoso,outuberoso,ocancroulcero»
so, o cancro eucephaloide,o fungoso ouhypersarcosieo.ohematoide ou san-guíneo,que formãooutros tantosgéneros ou classesconforme aopinião do
Mr. hupareque, nao saomais do que diversas modificações do
mesmo
mal,partindo lodosdo
mesmo
principio. Mr. Colombataccrescenla,queestadivi-sãoestabelecidapor algunspráticos deve ser rejeitada, porissoque todas
es-tas formas decancro
seachao
reunidas algumas vezesem
totalidade ouem
parle no
mesmo
utero.Adoptando
aopinião destes authores. quenos pare-cea melhorno estadoactual da sciencia, principalmente pela simplicidadee f.cilidade, que seencontra no estudodesta moléstia, passaremos atractar
dos signaes, ou
symptomas
que caraclerisãoo cancrodo
utero.SIGNAES PELOS
QUAES
SE
PODE
RECONHECER O CANCRO
DO
UTERO.
O
utero,maisdoque
todososoutros órgãos,heexpostoásdegenerescências cancerosasprovavelmentepor causada naluresa de suas fuocçOcs, de suaes-truetura densaecompacta, e principalmente dagrande abundância de teci-dos fihro cellulosos, 1 queexistem
mormente
no seocollo.Esta enfermidadepôdedesenvolver se
em
todas asidades, partindodaépo-ca da puberdiíde Todaviaella se observa
com
maisfrequência na épocacri-tica da vida da mulher, quer antes, quer depois da cessaçãodoscatamenios.
Conforme
as indagações estatísticas, resultado da praticaparticularde Mr.Colombat e muitos outros práticos, se vè quea
ordem
de frequência desta;terrível enfermidade, relativa aos annos, he a seguinte; 1 de 40 a45 ânuos; 2jie30a io. de íoa 50, de20 a30, de 15a 20, de 50a60, 3 emíirn de <i0
n*"0 Estae pecie dequadroestatísticomostra, que as affecçõescancerosas doutero *aotantomais fiequentes, quantoeste órgãoseacha
em
um
período»de actividade maior, ou
quando começa
a cahir na inércia physiologicada
i(};nlecritica
Esta moléstia
começa
de ordinário pelocollo do utero, c oseolábiopos-teriot he«(Tecladomais vezesdo que oanterior. Quasi sempre, diz Mr. Begin,
ella começa pela iuduraçaoeoscirrho;
porém
algumas vezestambém,
assimcomo
nos I bios. na língua, eem
todos os outros orgaos, forrados pelamem-brana mucosa, a parte affectada seamollece, eulcera se primeiramente.
Em
algunsrasos raros
começa
pelocorpo doorgao, enestecaso he por suasu-perfície interna que piincipiao seos estrago». Os pathologislas tem dividido sua
marcha
em
três períodos, segundo ogrãode duvida, de probabilidade,ou
de certeza, que a naturezae intensidadedos siguaes fornecem.Sejao quaes forem ascausas e aorigem da degenerescência cancerosa
do
utero, os primeiros
symptomas
do mal escapão geralmente à sagacidadedo
medico, que quasi sempre he consultado,
quando
as desordens eosestragostem progredido de tal sorteque jà nao he possível sustar o seo curso
com
ossoccorros propriamente médicos, enem mesmo
cirúrgicos. (1)Mr
Cruveilhier tem provado porum
grandenumero
d'observacõcs e ind giçoes que o tecido fibro-celluloso he oelemento orgânicoprinci-palmente affectadono cancro, eque esta degenerescência parece ter
uma
predilecção particular para os órgãos,
cm
cuja composição entra grandoquantidade deste tecido;
como
são o utero, asmamas
," ostestículos,
e
De
maisosdesarranjos que asmulheres experimcnlão no principio sao asveses tão pouco sen-iveis, (|ue nao lhes
merecem
amenor
allcnçao ,O
menor
appreço ; ealgumas vesesacontecetambém
, que o mal podeche-gar á
um
gráo deincremento considerável ,sem
quea sua existência teuíiasido denunciada por algum
fenómeno
precursor.Com
effeito existemmur
lheres
moças
, que pela sua physionomia parecem gosar de todos osattriba-tos
d'uma
vigorosa saúde,em quem
ocancro tem lançado profundasrairses , ecujo utero acha-se redusido ó
uma
massa molle, podre e fétida:o
que he
comprovado
por muitos factos de authoresmodernos
, taescomo
llccamier, Lisfranc, Téallier, c outros. Mr. Téallier, na sua obra sobre o
cancro do utero, falia d'uma mulherde mais de 40 apnos deidade, que o
consultou sobre
um
corrimento vaginal , o qual era de tal sorte fétido, quepor espaçode muitas horas inficciouou oar, quecirculava no seo quarto.
Tocando-a, odedo mergulhou-se
em
untamassa pulrilaginosa, queoceupa-\a o lugar docoilo, cpenetrou profundamente no corpo doutero através
d'uma
espéciede papa cancerosasem
excitar amenor
dòr. Esta infeliz,vo-tadaà
uma
morte certa,c pouco distante, ignorava a gravidade de suaposi-ção; eavançao
mesmo
aulhor que, se elle se limitasse ao aspecto exterior,que
uada de funestoeaterrador apresentava, poisquea doente, alémdebem
parecida,e disposta não aceusava o
menor
soffrimento, decerto naopode-ria formar
uma
idéa do seo estado Ella fazia remontar áum
annopouco
mais ou
menos
ocorrimento sanioso purulento, que experimentava;porém
confessou
também
que dea muitos annos era sujeita a corrimentos desan-gue irregulares, á perdas d'agua pelo utero, c a desarranjos nasfuneçoes di-gestivas. Attribuindo estes accideutes á idade critica, nao lhes tinha dadoa
menor
atlenção, até que no fim de alguns meses tinha chegado ao ultimogrão decachexia cancerosa
Mr. Lisfranc refere
uma
observação quasi semelhanteem
seos cursos deClinica Cirúrgica. «Eu fui
chamado
, diz este professor, para ver amulhic
d'um
artista Jyrico, esta dama, ainda moça,era fresca, e brilhante, e podia passar poruma
das maisbellas mulheres de Pariz. Mr, o professorMoreau, que jà atinha examinado, desejava teromeo
voto.Eu
a toquei; o utero, rc* dusidoauma
matéria putrilaginosa nao oflerecia senãoum
lodaçal fétido ,em
queseenterrava odedo; naohavia mais recursos; passados algunsnic-zes adoente linha suecumbido.»
Os
symptomas
particularesao primeiro período são geralmente muito obs^ euros-, nao offerecem nada de especial, cpodem
pertencerà qualquer outraenfermidade do utero.
O
erroem
qnepodem
fazer cahir o pratico, diz Mr.Téallier, he tanto mais fácil,quarto elles naosflo constantes, e a
enfermida-de pôde existir, marchar,e chegar a
um
grão adiantado,sem
que poralgum-indicio se deva suspeilal-a. Estes
symptomas
sao osda metrite chronica, dizMr. Sanson, e nada apresenlao de particular, que possa fazerconhecer qual
asua terminação,sehe pormeio deresolução, ou se passará£íidegeneração
carcioomatosa
Em
geral irregularidades no fluxo menstrual são os primeirossympotmas, quese apresenlao nasmulheresainda regradasUmas
vezes sãodemoras mais oumenos
prolongadas, ouvollasfrequentes dasregras, outras vezesum
cor-rimento sanguíneo porespaço de muitos mezes,e
mesmo
annos. as vezesap-parecem terríveishcmorrhagias.
Quando
a mulher tem passadoa idadecri-tica, e por conseguinte jà não he visitada pelos catamenios. apparece
um
corrimentosanguíneo, ora d'uma maneira irregular, oque he mais
frequen-te;e he quasi sempre
em
consequênciaduma
impressão moral viva,d'uma
contrariedade, dizMr. Nauche, que istoseobserva. Flores brancas alternao
—
8—
on sabem
debaixo da forma d'ummonco
espesso, que vem. da covi«f»«I<S, misturado
com
algumas-cstrias sanguíneas. Os prlmcifossymptnmas, diz .Mr. Téallier,
m
o sfloacompanhados
de dôr , salvo seest;ihedespertada pela marcha, pela posição
cm
po prolongada, ou polo tiso deBiuacarruagem. As mais das veses
também
a mulher experiment ium
sen*limcritode pressão ou de peso no anus, e no hypogastrio
acompanhado
om
alguns casos da sensação
dum
corpo , que rola ua bacia , todas as vesesque estandodeitada sobro
um
dos lados , cila se volta para o outro;repu-xos nas \iriihjs , e n.s regiões lombares ,
uma
espécie de tenesmovesical, c
uma
sensação dolorosa durante a expulsão da urina, e defecarão : estesúltimos fcnoti) n s lomao-se ainda mais
íncommodos
pela necessidade fre-quente, ou desejoscontínuosde.ira banca.Algumas
mulheresexperimen-tao nas partes gcnilaes, c principalmente na vulva
um
prurido voluptuoso,que iiies faz nppelecer o
bommercio
dos homens, ou scontregao ámanobras
illicitas. Estesymptoma
observa se as vesesem
urna época bastante adian-tada da enfermidade. As mais das vesesoacto conjugal determina doresmais ou
menos
\i\as, asquaesem
alguns casos sao muito pouco notáveis,e são nuílas
Mr
Téallier diz, que lhe parece ter observado na sua pratica,q'H-
quando
esta dor era muito aguda, se prolongava, e fazia temer ocom-mercioconjuga] denotavaantes inflammaçoes, ou simples ulcerações do
collo uterino , do que
uma
affciçaocancerosaO mesmo
pensaà respeito dealguma*gotas do sangue, queas vesesescapão-se depois do acto venéreo, c
que tem sua origem tanto n'uina ,
como
n'oulra lesão; oque tira á estegymploma
o caracter de especialidade Neste primeiro período da enferrai*(1uleaiif:aiecem dòies vivas e passageiras
em
diversas regiõesdo
corpo, emormente
nosseios, que adquirem maior volume, e dureza ; as mulheres
ciípcrimcntao
uma
indisposição inexplicável, que as fazmudar
de posição à cada instante; alternativasde tensão, emolleza das paredes abdoniinacs',urna invencível repugnância para03 alimentos,
uma
profunda melancolia,accessos d'nysteria. appeíites extragavantes,
om
fim um,i perturbação singu-lar de todasas funeçoes, cuja explicação nao sepôde dar,em
quantoexis-tem duvidas acerca da existincia do mal.
(Juandose
ma
nifestão estes fenómenos , e se prolongao além do termod sirritações passageiras, he da maior importância explorar os órgãos
rMiae-
á lim de cooheccr-sea oaturesa do mal; o que deve lerlugar o maisi possível, para se nao expor a doente á
um
perigo irremediável, emetter-sea honra d'arte. e reputação do medico.
Nesle primeiro período, segundo
M
M. Bcgin, Sanson, Colombat, e outrosaotliores, o toque faz reconhecer, que a boca de tença tem
angmentado
devolume, he dura, quente, mais ou
menos
dolorosa, desigual, eluda desali-ências ou elevações; algumas vezes amollecida
em
diversos pontos ; o lábiorios' bc meiisalientee volumoso , do que o anterior ; o orifício he
de-il, irregular, e meio aberto
cm
uns casosc muito dilatadoem
outros ;o lii'o, retirado da vagina, apresentaa sua extremidade coberta de
mucosi-(i lies sanguinolentas, semelhantes às que sao segregadas no acto da
co-pula. Examinados por meio do especulo, as partes percorridas pelo
dedo
y.Mtrào-setensas. I«isentes, as veses
como
vespoujosas, ed'uma
cor verme*
Itn carregada, ou trigueira, além d'cntumeeidas.
Se a enfermidade tem a sua sede no corpo do útero, esta
víscera he
mui-to mafe elevada do que no estado ordinário : scocollo he
menos
volumo-muitas veses quasique tem desapparecido de todo; o corpohe, pelo
contrario, mais desenvolvido, maispesado, mais movei ;apreseuta-se de
baixodo dedo
como
osegmento d*uma esphera,e formauma
saliênciaestende-—
9
~
«p ao abdómen. IntroJusindo
um
dedo indicador no anus,eo
outro rirtcollu do útero, estando esteorgáo fixado pela
mao
d'urn ajudante, que;•aterá applicadosobrea região hypogastrica, se reconheceasede principal
•da enfermidade, pelo lugar
em
<juc se manifestaa sensação dolorosa ( 1 )O
toquee o especulosao, conforme os práticos, emormente
segundoa opinião de Mr. Téallier, depouca utilidade nos princípios da moléstia,ser-vindo o sco usotão somente para esclarecer porsignaes negativos
relati-vamente
ao cancro, e perroittindo distinguir os que poderião pertencer à outraslesões, que não são enem
tovnão-se cancerosas.Acontece de ordiuario queas mulheres, quesoflrem estas diversas
alte-rações
em
sua saúde sórecorrem ás pessoas da nossa profissão ,quando
aenfermidadejátem chegado ao seo segundo período, edepois de haver
de-corrido muito tempo. Outras vezes o mal liça estacionário noprimeiro grão
durante
um
espaço detempo
variável, atéqueuma
nova causainapprecia-vel, orgânica, ou accidental lhe dènovo impulso, ca incitea fazer rápidos progressos. Cessão logo as incertezasdodiagnostico , novos accHcnlcs
re-unem-se aos primeiros, que augmeutão rapidamente de intensidade As
do-restornao-selancinantes, pungitivas, fazem-scsentir uao sóna região uteri-na,
como
também
nas virilhas, coxas, região lombar, ena partea maises-pessa das nádegas, ao longodotrajecto dos nervos cruraes,e seialicos.
Al-gumas
veses parecera nao provirda bacia,porém
irradiando-seeradifieren-tesregiões, ellassão de tal sorte vivas nas diversas articulações dos
mem-brosinferiores,quosimulâo
maisoumenos
o rheumatismo. De ordinário foncentrão-se no útero,donde
irradião-se ou propagão-sc aos scosli-gamentos, onde são mais fortes e mais constantes. Os corrimentos
bran-cos sao mais abundantes, as veses são sorosos, e misturados de sangue.
O
toqueempregado
neste segundo período, conjunctamenlecom
a ex-ploração por meio do especulo, fazem reconhecer, queo útero temaug-mentado
de pesoc devolume
, pelo ofiluxo do liquido , que entootem
augmentado
, diz Mr. Téallier , entretanto que pelamesma
causa seosligamentos relachão-se, e este órgão
approximase
do perineo, ou scocollo drrige-se para traz, e apoia sobre o septo rccto-vaginal
em
conse-quência
duma
ligeira anlevcrsão,A
marcha
o a posiçãoem
pêaugmen-tno as dores dos lombos, das virilhas, e
mesmo
as doutoro pelos at-tritos, quesco coílo experimentasobre o perineo, ou sobre o recto (\n*tostino). Neste caso dizem os authores, queo
volume
do útero hc igualao que elle apresenta no segundo
mez
da prenhez.O
orifício do collo,segundo Mr. Colombat, apresenta se
como
um
botão duro, desigual,cheio de relevos, mais ou
menos
vermelho, ccoberto ,d'um fluidomu-coso sanguinolento, ou banhado por sangue puro. Se o collo he a sede
do mal, diz: Mr. Nauche, lorna-se mais volumoso, mais alongado,
ar-redondado, duro, renitente, e as veses chega atéo oriGcio da vagina. Se a
enfermidade
começa
pelo corpo, o toque pelo recto faz descobrir aliy-pertrophia de suas paredes, suas desigualdades, eseo grão de
sensibilida-de.
Do
mesmo modo
pòde-se reconhecer a existência do mal ,quando
tem accommettido todo o órgão, devendo-se notar que
também
se chegaao
mesmo
conhecimento pelo toquo bypogastrico, e vaginal. As perdaslornáo-se mais abundantes emais frequentes, à medida que os estragos
>ão-se tornando
também
mais profundos, e mais extensos.Ossymptornas , que acabamosdereferir, equepertencera aosegundo
pe-ríodo do cancro do útero ,
começão sem
duvida a esclarecer a naturc&a[1J Nauche, moléstia das mulheres, artigo
—cancro
doulero.—
10—
desta terrível enfermidade;
porém
toda aduvida tende a se dissipar inteira*mente
pelo desenvolvimentode novos fenómenos, resultantes d<> progres*so dasdiversas alterações , que o orgao experimenta
cm
seos tecidos,que
seamollecem
, esedesorganisao completamente. As dores , que Bio eniaoquasi permanentes, sao muitas vezes surdas e roedoras,
porem
sempre
acompanhadas
de picadas tao fortes, que tem sido comparadaspeta
en-fermas à picadas d'agulhas, a golpes de canivete, eà dòr da
queimadura
e de maior frequência, e duração.
Nao
se limiláo ao útero,estendem-se aos lombos, à região posterior dosacro, à parte superior das coxas, nas regiões iliacas, emuitas vezes ellas sao mais intensas nc*tas
difleren-tes partes do que
mesmo
no útero. As funeçoes dos órgãos visinhos se alterao; a constipação de ventre he obstinada; as necessidades de urinar são continuas, e a excreção das urinas hc muitas veses seguida ouacom-panhada de dores; as flores brancas
augmeotáo
em
quantidade, saofor-madas
poruma
matéria ichorosa que acarretauma
grande quantidade de coalhos de sangue denegridos, misturadoscom
pequenas porções detecido anoitecido pela degeneração , que exhalao
um
fedor próprio dasuppuracáocancerosa, eque seive para caracterisar aenfermidade: as
he-worrhagias tornaose mais frequentes econsideráveis, e muitas veses sâo
permanentes,
quando
se tem desenvolvido fungosidades, e vegetações so-bre o collo uterino. Se se procede aoexame
das partes quer pormeio
do toque, quer do especulo, achar-se-ha
uma
ulcera, de bordas verme-lha, tensas, endurecidas e reviradas, de seo fundo, de toda a suasu-perfícieelevâo se botões fungosos, de densidade e
volume
variáveis,que
sangrao ao
menor
contacto, c fornecendoum
ichor pútrido,dum
chei-ro anaioge ao da podridão d'hospilal; algumas veses
em
lugar destas ve*getaçoes, que se elevâo debaixo da forma de cogumelos , nota-se
uma
destruição extensa e profunda de todos os tecidos.
O
collotem
desap-parecido, ou he confundido
em
om
detritus completo de todos osteci-dos
ou a ulceraçãorompendo
primitivamente oorifício uterino tem roido, destruído, e redusido ãuma
espécie de papa as paredes deste órgão,tento as de seo orifício, as do collo,
como também
as docorpo: nestecaso a enfermidade tem sido
denominada
—
cancro terebrante—
.Intro-duzindo-se o dedo n'esse orifício , cujo fundo se acha transformado
em
lima espeeie de lodaçal, penetra facilmente na cavidade uterina, e sahe
coberto d'uma matéria ichorosa e sanguinolenta,
dum
cheiro repulsivo.Admira, diz !Wr. Teallier, que estas indagações, que são
acompanhadas
d'cffusão do sangue, e corrimentos purulentos era abundância, não
des-pertem a menor, dòr na generalidade dos casos.
A
desorganisação,ga-lihando as paredes do útero, as amollcce, as perfura, e desta sorte
es-tabelece
uma
cornmuuicaçâocom
a cavidade pcritoneal; os órgãosvisi-nhos não escapão
em
muitos casos aos seos estragos; a bexiga, ointes-tino recto, a vagina e
mesmo
as parles anteriores da geração participãoda itfi-struiçao, resultando
uma
mistura,uma
confusão da ourioa e dasírn crias
ah
incascom
a matéria cancerosa.O
cancro propaga-se algumasveses aos ovários , trompas, e vasos lymphaticos da bacia , e forma
o
amolecimento, a inchação, o abcesso, e o pus sahe ora pelo útero, ora
pelo recto.
Algumas
veses a matéria fornecida pela ulcera he análogaá borra do vinho. Neste ultimo gráo d'affecçáo cancerosa a violência das
dôn»s, e a abundância das hemorrhagias chegáo a tal ponto de apuro,
que
as doentes anciosamente desejãoa morte
como
o único allivioá seos in-toleráveis soffrimentos.Porém
este allivio faz-se esperar por muitocaa-terosa, c a perda da enferma. Ainda que as doiMltftS snccumttòo de or-«iinario pouco depois do
começo
do mal, ouquando
ello se conservaainda no eslado de cancro local, todavia acontece algumas veses ,
que
se desenvolvem accidentes novos, que mostrão haver
uma
alteraçãoge-ral no organismo. Assim
como
todos os oufros cancros, o do útero seapresenta primeiramente debaixo da forma d
uma
aflecção puramentelo-cal;
porém
em uma
época mais oumenos
tardia, ellecomeça
aexercersua influencia sobre o sysleina da economia animal , e a couiplicar-se
de
symptomas
geraes da cachexia cancerosa. /Quando
asmulheres tom chegado á este período terríveldocancro, apre* sentao o quadroo mais cruel eaflliclivo das misériashumanas
;com
ef-feito as funeçoes assimiladoras são deterioradas, e enfraquecidas, da
mes-ma
sorte que as funeçoes seosoriaes. As doentes perdem o appetite, suasdigestões sao lentas e difficeis; a magresa he mais ou
menos
rápida, apelle torna-sc pallida, e amarclleota, as carnes são flaccidas, as forças
diminuem
progressivamente;quando
o systema ósseo partilha da lesão, torna-se friável, frágil equebra-secomo
por simesmo;
a altitude offe-receuma
expressão particular a este eslado pathologico; o olhar triste e abatido tem a impressão do sofrimento, e do desalento, os olhos en-terrados nas orbitas, os lábios lívidos, e circularmente rontrahidos, os dentes fuliginosos, a face hippocratica, enrugada, daoá doente o aspectod'um
cadáver; a respiração he muitas veses difheil; o pulso frequentecfraco; algumas veses ha convulsões, syncopes , suores nocturnos muito
fétidos,
emtim
as diarrhéas colliqualivas, symptomaticas d'ulceraçoes in-testinaes, os vomilos, as náuseas continuas, oedema
dosmembros
in-feriores, as insomnias, a febre hectica, os soffrimentos intoleráveis, ashemorihagias abundantes, o desespero, ea morte corupletão este lúgubre
quadro.
He
de notar, que alguns destessymptomas
manifestão-se desde ose-gundo
período daenfermidade, tornando-sccom
tudo mais pronunciados ao passo que o mal vai progredindo.Se não ha a
menor
diííiculdade era reconhecer a nnturesa daenfer-midade
em
queslao ,quando
esta tem chegado áuma
época adiantadade sua
marcha,
quando
etnfim tem chegado aosseos ullimos períodos,não acontece o
mesmo,
quando
ella esta no seo principio.No
primei-ro caso os signaes geraes são tão pronunciados, osdados fornecidospelotoque são tão positivos, que o praticose considera plenamente
esclareci-do, entre tanto que no segundo
em
consequência daanalogia, queexis-te entre ella e outras enfermidades, he na maior parte dos casos dif-ficillimo assignar seo verdadeiro caracter.
He
verdade que se pôdeto-car o útero enfermo,
porém
não se pôde penetrarem
seos tecidos,di-\idindo-os, a fim de conhecer-se as differeneas d'organisação, estabele-cidas pelo mal entre as partes sãase as alleradas.
Todos os aulhores concordão
em
reconhecer a grande diííiculdade, emesmo
a impossibilidade dedistinguir o scirrUo doutero do simples en-gorgitamonlo, e da induração de seo tecido. Tanto n'um,como
n'outrocaso. o collo he mais volumoso e mais denso, sua superfície he lisa, e
polida; se alguns pontos parecem proeminentes, se apresentão
uma
in-duração mais pronunciada, estes caracteres
podem
perlencer igualmenteao scirro, ou á indurações parciacs, provenientes dMnflammações, ou de
sub-inflammaçõcs parciaes
com
hypertrophia dostecidos;cm
fim asdo-res
podem
faltar inteiramente, moslrar-seem
um
grào pouco intenso,ou
mesmo com
ocaracter delauoiuautes,em
ambos
os casos.O
toque»—
12—
diz Mr. Lisfranc, faz reconhecer
um
útero , cujovolume
heaugmen*
tudo, quer
em
totalidade, querem
seu collo somente, ou no corpo «toorgào ; este
volume
pôde ser elevado à dimensões enormes: que pelasua grande experiência
tem
podido estabelecer os seguintes caracteresdiíTerenciaes.
t Io.
O
engorgitamento simples hemenos
duro, e offerece ao toqueuma
superfície igual, entretanto que oscirrlio oíTercce desigualdades c relevos. >« 2.°
No
scirrho amembrana
mucosa
do collo lied'um
branco escuro,o
que não existe nos engorgitamentos simples >« 3o
.
O
scirrho desenvolve-secom
mais lentidão; assimquando
oen-gorgitamento data
dum
á dous meses, se principalmente sucoede aum
aborto, àum
puto
ordinário, áuma
rápida suppressão dos menstruo»» julgamos, dizo illuslre professor, que náo he de naluresa seirrboga. »« 4°.
Em
flm o engorgitamento simples exigeem
geralum
tratamentosimples
d'um
mez
u seis semanas, entretanto quecom
uma
medicaçãomelhor appropriada a scirrho he d'uma cura mais louga. »
Mr. Colombat accrcsccnta aos caracteres, assigoalados pelo hábil
Ci-rurgião da Piedade ao engorgitamento scirrhoso, que o engorgitamento
he
em
geralmenos
sensível ,menos
quente, e mais circumscrilo que aínduraçao simples; que sua formação nao he
acompanhada
desympto-mas
tao pronunciados, e nao determiuacm
seo principio accidenles tao terríveis, e fenómenos geraes tão apparcntcs;emOrn
que debaixo da in-fluencia das sangrias, da dieta, do repouso, dos anlipblogislicos, e dosfundentes, o engorgitamento simples do útero di.minue ordinariamente
muito
depressa, o que não tem. lugar na degenerescência seinIrosames-mo
em
seo principio; que todas as veses que a induração docollo naoapresentar (1'uioa maneira notável os signaes caracterislicos doscirrho ,
dever-seha crer na ausência desta alteração, c conduzir-sc
como
se setivesse verificado positivamente
um
engorgitamento duro simples.Mr. Téallier, analysando os diversos caracteres, considerados
como
dístinctivos n peculiares ao scirrho , segundo a opinião de Mr, Lisfranc,
diz, que a superfície doscirrho he
também
igual, e aselevaçõespodem
depender d'hypcrlrophias parciacs, devidas às sub-intlamm;.cocs dos
te-cidos; que lein-sc \i>to simples engorgitamentos do utero
durarem
raui-los annos,sem
que adquirao poreste fado o caracter scirrhoso, enem
mesmo
o tenhao; assimcomo
he muito diíTlcil reconhecer a data certado
principio da enfermidade, por que muitas veses precede às causas,que
parecem tel-a produsido, e sua origem remonta àum
tempo
mui-to remoto; e não se pôde pois negar seo caracter scirrhoso, por isso
que
se a considera recente e de causa fortuita; e que quer a enfermidade
seja scirrhosa ou nao os meios therapeuticos são sempre os
mesmos;
eque
cmíim
oemprasamento
não satisfaznem
á doente enem
ao pratico.Segundoeste
mesmo
auetor asinduracoes nãoscirrhosassaomaisfrequen-tescomparativamente, do^que osengorgitamentos scirrhosos,o queelle
ex-plica dizendo que a experiência lhe tem mostrado, queocancro do utero
começa de ordinário pela ulcerarão, cujosprogressos seestendem sucessi*
vãmente aos tecidos profundos doórgão.
As induracoes docorpo, edocollo do utero sãosusceptíveis de resolução,
ou de ficarem estacionarias por espaço de
tempo
indeterminado, ese fazemprogressos he
em
volume edensidade,sem
passarem ao estadodeamolleci-mento,por onde acabãoasinduracoesscirrhosas.
Algumas
vesesterminao sesecre-1
1
-rio e c rtleceio do pus.fícoja evacuação lieseguida d'umacicatrizarão
dura-doura <l;i cavidade, que ocontinha.
A ia11animação chronica do útero pôdeser confundida
com
o cancrodesteórgão ; seos
symptomas
sao muitas vesesanálogos ; pôde ser circumsoriUtinalguns ponto»ou oceupar todo o órgão,
tomando
o seo peso evolume
mais consideráveis. Ella distingue-sedoscirrho pelas variações frequeoles,
que
apresenta o engorgitamento, quer apozduma
nova excitação, ed*um
aggravo do mal, quer na época das regras,ou debaixo da influencia do
tra-tamento. (Téallier
)
Na
rnetritechronica, diz Mr. Rover, a doente experimenta dor na região hypogaslrica, nos lombos, nasvirilhas o parte superior dascoxas, cum
pesoiiicommodo no anus; tem
uma
leucorrhéadecôrvariada, as veses muitofeti-tía ; a região hypogaslrica he dolorosa ápressão , o volume do
ulcroaug-inentado. desarranjos na menstruação , ete, porém não ha dores
lancinan-tes,
nem
shinaesdodiathese cancerosa ; o collo uterino pôdeestarinchado*mas
não onerece dureza parcial ; o corrimento não be sanioso, c atermina-rão da moléstia he ordinariamente feiiz.
Os polypòs uterinos
lambem
tein sido muitasvesesconfundidos porgran-des práticos
com
o scirrho destoorgao. ilecom
elTeito muito difliciidistin-guirestes dousgéneros d'alterações
cm uma
época approximada de suaori-gem, pelaanalogia dosfenómenos morbosos,q' os caracterisâo
A
ausência donlgnns
symptomas
próprios aoscirrho, tacscomo
ador, casalteraçõesdiver-sas no organismo be o único meio, que estáao alcancedo pratico.
Quando
por seos progressos temdilatadoo collo doútero, cbegáo a franqueal-o, ese
pfferecem
em
sco orifícioaoexame
do pratico, então toda a duvida dodiag-nostieoiem cessado do existir, e se osreconhece por suas superfícies lisas,
por suas formas regulares e arredondadas, por sua elasticidade , muitas
veses por sua disposição pediçulada , e limitesdos tecidos sãos, que
cootras-tão
com
as saliências globulosas, desiguacs, mais oumenos
sensíveis,com
;ís adhcreficias intimas, c principalmente
com
aduresa pesada, e pcdrego'sadoscirrho. (1 )
. lia
uma
espécie de polypos, denominados cellulo-vasculares, queoflerc-cem
symptomas
análogos aos do cancro doc;>llo uterino, ou da boca deten-èa,e l3o*pe<fuenos, quo escapãoàs indagações as maisattentas,e fazem o
desespero dos médicos, o das doentes, feio toque e pelo especulo se
po-do vir no conhecimento da verdadeira naturesa do m.il , Introduzindo-se o
dedo ai*'- a boca de lenca , c no circulo formado por esta parle, encontrar
se-hao
um,
dous. três , ou maiornumero
de pequenos 'corpos alongadospediculados, c implantados na extremidade inferior da cavidade docollo uterino, listes pequenos corpos tem uni volume variável , desde
uma
ervilha até o
dum
feijão, e sangráo aomenor
toque. Usando-se does-peculo, acha-se collo o a boca de tença vermelhos, dilatados-. e
oceu-pados por pequenos corpos avermelhados , alongados, pediculados, e
in-seridos no collo do útero. (2)
Os tumores fibrosos, desenvolvidos na espessura das paredes do collo
do
útero,lambem
se distinguem do cancro, segundo a opinião dosau-thores, por sua duresa, insensibilidade, sua forma arredondada, e não
lobulosa, e seo
volume
considerável.Mr. o professor Lallcmend descreveo
uma
outra enfermidade doútero, (1J Begin , !>icc. deMedic, c de Cirurg. praticas, artigo-cancro—<(á) Dupuytrcn, Clinica Cirúrgica ,
tomo
4.4--
i4-que tom lignina analogia
em
seos syroplômascom
o cancro deste orítfctyqueremos fTllir do alongamento do eoilo uterino
acompanhado
deflo-res brancas. Basti estar prevenido, do que algumas veses se nota esta
disposição
do
coito, para nao'sor confundido cora a enfermidadeeui
questão' Ilc de itotar, quo a grossura da boca de tença he variável no> estado phv^iologico, nos differentes indivíduos, c
mormente
nopartoque
,quando
lie muito frequente, deixa nesta parle saliência? c fenda*,quo
com
facilidade se distinguem dos tumores cancerosos.\Inumas mulheres apreseotâo-se
com
leucorrlièas de fal sorte fétidas,c
acompanhadas deinchação desigual , e molloza docollo do útero, e
irregu-laridades era seoorifício, que a primeira vista fariao crer
na existência de
lima âffeccáocancerosa, principalmente se aenferma he d'
uma
idadeadi-antada. Nestecaso, diz Mr. Boyer, he prudente que o Cirurgião suspenda seojuiso,
mormente
se a moléstialie pouco antiga, atè quea marcha, eo
desenvolvimento dos fenómenos morhosos possão esclarecerá respeito.
Todavia casosha,
em
quese pôde ter acerteza da naturesado
mal pelanarração
commemoraliva
da enferma , e peloemprego
do especulo,oto*quo.
Tacs sãoas enfermidades, que
podem
ser confundidascom
o cancrodo
útero, ecujo diagnosticodifíerencial adquire
um
certo gráo de claresá, Oevidencia
quando
seos fenómenos morhosos tem chegadoáum
gràodede-senvolvimento considerável.
lie
quando
oscirrho, ou cancro uterino, tendopercorrido seos diversospenodos, chega ao estado de amollecimento, o ulceração, que não se
pode
ter a
menor
duvida a respeito da naturesa do mal. Chegada á este período»ia ;iia marcha, a enfermidade tem sido denominadi pelos IVithologistas
—
cancro confirmado, scirrhoulcerado , encephaioide ulcerado, e c
ircinw-ma
—
.MM:
f&iltier, Begin . Dugôs,Nauche
, M.me Boaviti , e muitos ou»|.ros authores, que tem tratado das moléstias cancerosas do ulcro,
dizem
liSs suas obras, que as ulcerações são na maior parte dos casospriori-e n.io consecutivas ao engorgita
mento
scirrhoso,e muitos d'entr«iS tem confundido os caracteres da ulcera cancerosa propriamente
dita
com
os da ulcera earciuomatosa. Ainda que seja difueil, diz Mr.Sanson, estabelecer urna linha de demarcação entre estas dual
enfer-midades, todavia são duas enfermidades differentes, das quaes
uma
[<>scirrho) começa por
mu
estudo de endurecimento dos tecidos, apresen-ta caracteres anatómicos, que lhe sao particulares, se amoílece, seul-cera, c toma o
nome
de cancro ; c aoutra (ocarcinoma ó\i ulceraroe-dora)
começa
sempre porum
amollecimento do orgâo, prothptamcntaseguido de sua ulceração, e nao se
acompanha
necessariamente descir-rho; a primeira suecede quasi sempreà metrite chronica, raras veses lio
acompanhada,
mormente
uos princípios de Corrimento sanguíneo aome-nor toque, produz frequentemente picadas dolorosas, e erá fim nos
pri-meiros tempos pôde ceder
sem
operação cirúrgica, entretanto quease-gu»!,\ deschvolvc-sé de ortfinario
d'um
modo
surdo , esem
causaap-prcciavel , hè
acompanhada
de corrimento de sangue aomenor
contacto,as doentes experimentão
uma
sensação de roedura, que naopodem
de-finir, ora dolorosa, ora agradável,emfim
não pôde. ceder sen» opera-ção desde o princípio.He
da maior importância distinguir a ulcera carcinomatosa do cancroiado, dous estados pathologicos, tanto mais fácil de confundir-se,
cm
pêra! he mais larga do que profunda; repousa sobreuma
base én-durectda. qtie r?o cstécm
rolarãoçom
sua extensão, ehe sempre mais1delgada do que a cio scirrho ulcerado.
Para se estabelecer
um
bom
diagnostico deve-se terem
vista não sóos caracteres, que SSo próprios destas ulceras,
como
também
suaori-gem, marcha, profundidade, u espessura da induraçao , sobre que
re-pousâo.
A
ulcera carcinomatosa não heacompanhada
de inchaçãoconsiderá-vel,
nem
rTihduração profunda; sua superfície apresentauma
camada
cinzenta coiro' inorgânica, que se despega c se renova incessantemente; Segrega
um
lluido muito viscoso, que se concreta facilmente;porém
amedida que vae progredindo e atacando as partes visinhas, o fluido
tor-na ,e mais abundante, mais fétido, e
menos
viscoso, suas bordas são«Juras, clivadas, -vermelhas, e dolorosas; sangra ao
menor
toque.Taus sao os caracteres, que
MM.
Regia e Colombat, assignao ás ul-ceras phdgedenicaS ou carciuomafosas , c que dificremsem
duvida dosda ulcera verdadeiramente cancerosa, assim
como
o temos expostoaci-ma, descrevendo a
marcha
da enfermidade, que fazo objecto destetos-co trabalho, e sobre as quaes tornaremos,
quando
fallarmos das ulce-rações do ulcro, eseo diagnostico differencial.DIAGNOSTICO DIFFERENCIAL
ENTRE
AS
ULCERAÇÕES, E
O CANCRO
DO
ÚTERO.
A
importância e utilidade doestudo das ulcerações do utero não forãodesconhecidas aos práticos dos primeiros tempos, poisque Paulo
d'Egi-na , Aetío , Areteo, e Rodrigode Castro , conforme Mr. Blalin , tem
lon-gamente tratado destas lesões, principalmente Areteo,
em
cuja obra seencontra
uma
bella doscripçâo das ulceras superficiaes, e profundasPi
das phagedenicas , e cancerosas. Os outros tem inculcado o especulo
co-mo
o melhor meio de verificar a existência destas enfermidades, e dolevar sobre as partes affecladas os tópicos medicamentosos capazes do
túral-as.
Os
práticos, que lhes suecederâo, despresaudo o uso desteinstrumento explorador, limitarao-sea tocar as enfermas
Como
o melhorhieio de reconhecer a existência das ulceras. Deste
modo
de procederresultou grande atraso para a seiencia, pois que erâo tão somente co-nhecidas as ulcerações profuudas, qualquer que fosse sua naturesa, e
quando
acertavííocum
o seonumero
por apresentarem bordas elevadas e salientes, desconhecião a maior parle dos caracteres physicos, queservem a distinguir estas lesões tão numerosas e variadas.
A
Cirurgiaes-teve pois por espaço de muito
tempo
impossibilitada de prestar todos os soccorros precisos aos males da humanidade, até queum
grandepra-tico,
aquem
muito deve a seiencia do diagnostico destas enfermidades.Rir. Recamier, restabelecendo o
emprego
deste precioso instrumento ci-rúrgico,denominado
especulo, tornou mais perfeito, e mais clarooes-tudo das ulcerações superficiaes c profundas do collo uterino, ficando desfarte cheia a grande lacuna , que existia até então na arte do seo
diagnostico. Apparecerão depois
MM.
Ricord e Cullerier, queapplicandocom
perseverança este instrumentocm
(odas as mulheres, que se apre-sentavão no hospital dos venéreos de Pafiz, contribuirãoem
grandeparte a esclarecer o diagnostico das enfermidades reputadas
—
i6-Muitos, anthores tem considerado os ulcerações simples do utero,
como
origVm frequente eordinária de
cancro,
o que lieum
cr rn naopinião dèMM.
TóaUioi' , Blatin , Nivct, Colineau , Jacqoiro , que alirtnaolerirata-«!o de infinidade de muiheres ,
que
apreseutavao estas lesoes, já na suaprática particular, já
em
grandes hospitaes, eem
grandenumero
de casoslendo havido falta de accio, cale
mesmo
um
desleixo completo dapartedas enfermas , nno Liverão occasiáo de observar os caracteres das ulceras
cancerosas; edemais
que
as suas observações ííícs tem feito conhecer,qud
as muiheres , cujas ulcerações parecem entretidas pelo coito , ou o virus
venéreo,
ou
mesmo
devidas áuma
íaPiammaçSo ebronicado
útero, nAosao mais expostas do que asoutras aocancro deste órgão,
embora
seen-treguem à
uma
vida depravada , áuma
perfeita prostituição ;emfim
quesis verdadeiras ulceras cancerosas náo
começao
de ordinário poruma
ul-ceração superficial , quasi
sempre suecedem
ao scirrho do colloou
docorpo do utero.
M. M. Duparcque, Dupujircn , Dugès e M.mc Boivin , dizem que ,
ape-sar das erosões ou ulcerações simples do utero nao apresentarem prog-nostico grave , c muitas veses sararem
com
otempo
,com
tudo o praticodeve prestar muita attençao àsua
marcha
, porquepodem
oflerecerfe-nómenos
aterradores, querem
consequência demão
tratamento , querpelo simples facto de persistirem ate
uma
época adiantada da vida das mulheres.Sem
entrarmos noexame
desta questão, que pôde ser decidida antespela pratica do que peia theoria ; apesar de que esta pôde favorecer a
«•piniao dos partidistas de Mi\
Duparcque
, passaremos a apresentar aclas-sificação geralmente adoptada das ulcerações uterinas , descrevendo os
ca-racteres , que lhes sao próprios, afim de
podermos
chegar àdistingui-las do cancro uterino.
Notando a diversidade de causas produetoras das ulcerações uteriori , c
porconseguinte asmodificações,
que
nos meios iberapcutictstem
d<vidoexperimentar, RIM. Duparcque, c lilalin , as tem dividido
em
ulcerasMmplcs
, dartrosas ou herpeticas, vcuereas ou syphililicas, escrofulosas,cancerosas , e escorbuticas.
1. Ulcerações simples
—
Estas temsido divididasem
superficiaes cpro-fundas; no primeiro caso hasomente destruição doepithelio, e
entretan-to que no segundo, alem doepithelio, lia
também
destruiçãod'uma
por-ção
maior ou menor
do tecido próprio do orgao.As
primei'asconstitu-em
as simples erosões, e as outras saodenominadas
ulceras benignas. í. Erosões simples , ou ulceração granulada de certos aulhores—
Estasulcerações são sempre superficiaes, diz Mr.
Duparcque,
e parecem lerdestruído somente o epithelio, oua
camada mucosa
, que cobre o collouterino; pode estender-se ã Ioda .i superfície
d'um
lábio da boca do\> uca. Todavia he
menos
extensa eum
pouco
mais profunda,em
todos os casos a parte aiíectada não ofTerecc eogorgilamento notável , e estelie pouco profundo, e devido á
imttammaçao
,que
acompanha
aulce-ração: suas bordas são pouco salientes, c
como
cortadasem
facetas, ed'um
vermelho, que se estendeem
arcola decrescented'uma
meiali-nha
ou mais; sua superfície lie cobertad'uma
camada
amnrellenta,ou
delicadamente granulada, e neste caso he
dum
vermelho mais oume-nos carregado; delia transsuda
um
liquido puriforme , filamentoso ,al-gumas
veses sanguinolento. Esta ulceração pôde ser reconhecida pelotoque
com
muita difficuIdade. Passandoo
dedo sobre sua superfície ,consis-fenciae polida,'que se nota no collo no estado de saúde: excita-se
uma
viva dôr pelo altrito sobre o ponto alterado. Estos signaes, ajudados
do
especulo ,conduzem
na maior parte dos casos ao conhecimentodo mal.
Mr. Blatin admitle seis formas , ou variedades de ulcerações
super-ficiacs, que sao: l. a erosão, ou exulceração granulada, que
descreve-mos
ha pouco; 2. excoriaçoes, que dilTereni da precedente pelaausên-cia de granulações; 3. exuleeraçoes vegetantes , cuja superfície he
co-berta de botões carnosos muito salientes,
d'uma
cor vermelha maisou
menos
intensa; 4. exuleeraçoes lineares, que sao estreitascomo
seono-me
indica; 5. exuleeraçoes fungosas , que sao complicadas de inchaçãoe engorgitamento, mais extensas que as precedentes, cobertas de botões
molles, e curtos, sangrando
com
facilidade, e de cor roxa; 6. exuleera-çoes aphtosas, que coineçao por vesículas salientes,sem
còr , que,rom-pendo-se, apresenta o
uma
superfície rogosa, pálida, echeia de pequenospontos brancos ou cinzentos.
As ulcerações superficiaes sao quasi sempre o resultado de irritações
ou infiammaçoes.
.
Um
sentimento de calor abrasaute , de pruridoincommodo
no fundo^dores agudas, despertadaspelo dedo, aoffusúo d'uma pequena porção de
san-gue depois do coito , ligeiras desigualdades reconhecidas pelo toque , o
corrimento d'
uma
mucosidade mais ou menos' espessa, filamentosa, oupu-riforme, misturada deestrias sanguinolentas são signaes, que fazem
suspei-tara existência d'oma ulceração simples superficialdo utero.
Ulceras benignas, ou ulcerações profundassimples.
—
Estas differem das precedentes por seremacompanhadas
de fenómenos muito mais agudos,deum
sentimentodo corrosão , capresentarem ao dedo,quando
as toca,uma
chanfradura mais ou
menos
profundaem
um
ponto da circumferencia dodo
oriGcionterino. Neste caso o corrimento he menor, eásveses naoexis-te.\
10
Quando
se trata de distinguir as ulcerações uterinas debaixo da relaçãode suaetiologia, encontrão-se as
mesmas
dificuldades, queseoppoem
mui-tas veses àdistiucçaodoscinho, c das indurações simplisno seo principio;
com
effeito no principio as ulcerações apresentao-se debaixo domesmo
aspecto, ha somente
uma
simples erosão damembrana
mucosa
, he depoisd'
uma
duração mais oumenos
longa , que do ordinário ellas se revestemde seoscaracteres própriose distinclivos. (2)
A' cima dissemos, que muitos aulhores, fundados nasua grande pratica* aíTirmaváo, q'as ulcerações simples,por mais antigas , e mal tratadas q'
fos-sem, não se tornavao cancerosas, equeo caracter de cancerosa era
primiti-vo
às ulcerações.Toda
adilíiculdadeem
estabolecero diagnostico differencialentreas ulcerações simples, que sempre ficão simples na opiniãod' alguns,
seja qual for otratamento applieado, e odesleixo era que são conservadas,
provém
de limitarmosnos no vivo aoexame
da superfície do órgão, quees-tá longe defornecer o
mesmo
grão d'ulilidade, que aquelle que seestendoà profundidade, útextura dos tecidos.
Com
effeito a Anatomia pathologicaministra osmeios dedistinguir
com
toda a evidenciaas alterações dotecido pertencentes às ulcerações cancerosas, dasq'rcsultão deinflammações chro-»(1) Duparcquc, Moléstias do utero, artigo
—
Ulcerações.—
IS—
nicas.
O
olhoe o tacto-nãopodem
certamentesercomparadoscom
ocscal*peloque , penetrando profundamente na textura dostecidos, descortina, por
assim diser, asalterações asmais insignificantes, que ellcstem sofTrido.
A
dor nas ulcerações simples, diz Mr, Téallier, tom parecido geralmente maisaguda,e mais faeil de serdespertada, doque na ulceração cancerosa ,à qual pertence mais particularmente o prurido incoHimotJo, e as voses agradável, queexcita aocoito. Esteacto he doloroso
em
ambos
oscasos,e seguido decorrimentosanguíneo,mormente
nos de ulcerassimples.A
ulce-raçãosimpleshe susceptível de cura espontânea, oque não suecedeàs
ulce-ras cancerosas, que continuâoa fazer estragos,
embora
íc lhesappliquemos meios curativos convenientes. Demais o
modo
dedesenvolvimento dasul-cerações simples, sua
marcha
benigna,ea
promptidãocom
quecicalrisão-se nãosao própriasda ulceracancerosaque, nâo obstante algumasveses ser
pouco
dolorosa , e poucoincommoda
para as doentes, conforme aobser-vaçãodos práticos,
com
tudo nâo tem amenor
tendência para a curaes-pontânea, antes pelo contrario apresenta grande disposição á estender-se tanto
em
larguracomo
cm
profundidade ,suas bordassão duras , elevadas,
coitadas verticalmente(1),oureviradas; sua superfície hedesigual,e coberta d'
uma
camada
cinzenta,que
se despega, creproduz-secom
muitafacilida-de.
Em
uma
época mais adiantada daenfermidade cancerosaapparccem
dores lancinantes, que não permittem confundir a ulceraçãosimples
com
acancerosa,que sedistingue de qualquer outra poreste caracter
pathogno-monico.
Uma
vez cicatrisada, a ulceração simplesfica curada parasempre,o
que nãoacontece ã cancerosa,que
tornaa apparecercom
amesma
persa*><rança
com
que he combatida ,eacaba por triutnpbar dosesforçosdathe-rapoutica, epor condusirsua victima ao tumulo. Estaobstinação da
enfer-midade
em
reproduzir-se, he o signal característico de sua naturesa. he aprova incontestável da diathese, deque depende./2
)
O
conhecimento damarcha
daenfermidade, ea suaobservação são ou-nico meio de distinguir o engorgitamento , que
acompanha
tãofrequente-mente
a ulceração damembrana
mucosa
docotio uterino, que he devido áuniairritação
ou
inflammação, doque he verdadeiramente scirrhoso. Se cl« lehe simples, se não depended'uma
diathesecancerosa , a cuia traz a suaresolução; entretanto que, no caso contrario, a ulceração sara, eo
engorgi-tamenío persiste, e ou mais tarde
ou
mais cedo manifcsião-scnovasul-cerações
em
sua superfície, as quaes fazem violentos e rápidos progtessos,oapparece o amollecimonto
em
seocentro, que termina poruma
largaaber-tura,
em
cuja circumferencia nolao-seamplas anfractuosidades.As
observações numerosas, feitas por váriosCirurgiões hábeisem
grandeshospitaes,
tem
provado a necessidade de reccorrer-se ao especulo,todas as\esesque se quizer formar
um
bom
diagnostico dasenfermidadesdo útero.Mr. Dupuytren dizia
em
suas liçõesoraes, que a ulceraçãodocotio uterinopôde
serdesconhecida, se o pratico se limitará exploraçãocom
o dedo, o poder-se-hia crer na existênciad'um
cancro profundo doórgão, seomal
não
fosse descoberto por meio doespeculo.Sendo
introdusidas na parte su-perior do instrumento a boca de tença,eocollo,
nota-seuma
ulceraçãosuperficial
em
um
ou outro lábio, ou na face externado
collo, ulceraçãoavermelhada, quejulgarse-hiafeito por
um
saca-bocado, limitada ámem-brana
mucosa.
(1)
Duparcque
, obra citada.As ulcerações simples
comerão
de ordinário ou por pequenospon-tos vermelhos análogos ás picadas de pulgas, ou por espécie de
mau-clias cslrelladas , ou por pequenas vesículasruiliares discretas,
ou
con-fluentes, ou por pequenos botões cristallinos, ou finalmente por pústulas phlyctenoides mais ou
menos
volumosas, c símilhantesásaphtas dabo-ca; eslas erupções nern sempre se ulcerao;
porém,
quando
isto
acon-tece, as ulcerações apreseutao os caraciercs acima mencionados.
ULCERAS HERPETICAS OU
DARTROSAS.
Tcm-se
dito, (1)que
o collo uterino podo ser a sede de ulceraçõeshorpeticas de differentes espécies, devidas de ordinárioà desapparição
dum
herpes cutâneo, é desapparecendotambém
quando
este tornaou-tra vez para o tegumento externo; que
uma
vez estabelecidas , eche-gados á
um
certo grão de desenvolvimento, nãopodem
mais distinguir-se das ulcerações simples; queumas
veses fornecemum
corrimentoabundante , e outras vezes, sao quasi seccas. Mr. Blalin considera
como
herpetica toda ulceração do útero, que se desenvolve
em
uma
mulher,
que
jà tem soffrido de erupção cutânea herpetica, ouquando
a ulcera lie rebelde aos mei>s ordinários e aconselha o uso das preparações deenxofre
como
a podia de toque da naturesa do mal , fundando-seem
um
exemplo. «Temos
observado, diz elle,uma
meretriz de Versailies,que linha no grande lábio esquerdo
uma
exulceraçãodotamanho d'uma
moeda
de cinco cêntimos. e que tinha resistido, duranle maisdum
anuo, aos tratamentos mercuriaes, e sudoríficos, aos tópicos mercuriaes
e adstringentes, á cauterização
com
o nitrato de prata, o nitrato acido demercúrio, e o ferro vermelho, c usando de banhos sulfurosos, e de
ce-roto enxofrado, a cicatrisaçao leve lugar
em
menos
d'uma
semana. >Parccc-nos, que a etiologia, a marcha, o
modo
de desenvolvimento,e os caracteres desla espécie de ulceras, que,
como
se sabe, são super-ficiaes,dum
fundo vermelho pálido, de superlicie sinuosa e desigual*do bordas notáveis, ede cor vermelha
bem
pronunciada, e rodeiadas d;»erupção que as caracterisa, sao circumstancias, que contribuem
pode-rosamente à distinguir estas ulcerações das cancerosas ,
ou
do cancroulcerado.
ULCERAS
ESCROFULOSAS,
OU
TUBERCULOSAS.
Os pathologistas modernos, o
mesmo
os antigos, tratãoem
suas obrasde certos tumores, de forma cspheroidal, euklstados ou nao, do
volume
d'um
grão de arèa aod'uma
ervilha,podendo
adquirir progressivamen-te od'um
ovo de gallinha , formados poruma
matéria opaca, de coramarellenta,
de
consistência quasicartilaginosa, que pelo decurso dotem-po
se amortecem do centro para a circumferencia, e se iransformãoerauma
matéria caseiforme ao principio, e depoishomogénea
ecomo
puri-forme, as quaes, rompeodo-se,
produsem
ulcerações, caracterisadas poruma
superfície irregular, de còr vermelha livida, de bordas duras,ele-vadase desgrudadas, fornecendo
um
pus soroso de cheiro desagradável^porém
diflercnle do das ulceras cancerosas.Esta espécie de ulceras uterinas he muito rara, apparcce
em
mulhe*
[1] Duparcque, Blatin, INiYet, Naucho, obras citadas.
—
20
—
res de temperamento lymphatico , c tem
uma
marcha muilo lenta.De
ordinário suspeita-se a existência dos tubérculos, depois queelles se leni Iraosforoiado
em
ulceras, porque antes d'esta época a menstruação, e asde mais fuucçocs do organismo, nao parecem experimentar modificarão
sensível.
A
indolência de.4as ulceras, o abcesso, que as precede, os líquidosque
fornecem, a forma da abertura no seo principio, a facilidadecom
que a ulcera sealimpa , e
mormente
a promptidao de sua cicatrisaçao,as distinguem dos cancros uterinos.
ULCERAS
ESCORBUTICAS.
Esta espécie de ulceras be muito rara,
conforme
affirmao todos os authores, sempre maniíesta-seem
mulheres escorbuticas, temuma
super-fície lívida , coberta de botões flingosos e flaccidos, sangra ao roenoftoque, e tem pouca tendência à cicatrisaçáo. Mr. Desvouves falia
d'uma
mulher, que foi admittida no hospital dos venéreos, esoffria de syphilis
constitucional. Examinando-lhe o collo uterino, achou
uma
ulceração denaturesu venérea, a qual cicatrisou pouco
tempo
depoisd'um
tratamen-to local e geral conveniente, ficando pústulas ulceradas nas pernas e
na face.
No
fim de tres meses appareceo o escorbuto, todas as ulcerastomarão a sua forma, e
examinando
o collo uterino , achouuma
largaulceração do
tamanho
duma
moeda
de trinta soldos, inteiramentese-melhante ás feridas externas; a parle estava inchada, de còr lívida, e
flaccida , a ulceração sangrava ao
menor
toque, e deitavaum
sangueuegro.
Parcce-nos de tal sorte evidente a linha de
demarcação
estabelecida entre as ulceras escorbuticas, e as cancerosas , que julgamos supérfluotodo o tempo, que se queira gastar
cm
discrimiual-as.ULCERAS
SYPHILITICAS.
MM.
Blalin, c Nivet na sua obra sobre as moléstias das mulheres,
admittem quatro variedades de ulcerações desta naturesa.
1. Exulcerações granuladas, que differem das erosões granuladas sim*
pies
em
serem contagiosas.2. Exulcerações vegelantes, que
também
differem das simples pelames-ma
rasao.3. Exulcerações papulosas que são muito raras.
4. Cancros do collo, que sâo mais frequentes do que se pensa.
Estas ulceras tem'forma arredondada bordas duras, dentadas, e
corta-das, verticalmente seguudo a espessura dostecidos, fundo cinzento ou
es-verdinhado, fornecem
um
fluido sero-mucoso puriforme, esverdinhado,sanguinolento, ede tal sorte irritante, que determina
um
pruridoincom-modo,
muitas veses doloroso , euma
espécie d'crylhema nas partescom
q' poe-se
em
contacto, edum
cheiro particular: sáoacompanhadas
dedoresterebrantes, abrasanles, roedoras
ou
lancinantes (1 ), quelançáo as doen-tesem
talestado d'anxiedade, quemudão
acadamomento
de posiçãoparaalliviarem;«stendem-se mais
em
largura doque
em
profundidade ; repou-»«tfo
em «ma
base cngorgitada,porém
eslecngorgitamcnto lieordinariamen-te pouco profundo, c proporcionado á extcnçao da ulcera.
Tem
parecido :iMr. Duparcqúe q' o toque nestas ulcerações he maissensível edoloroso, dd
que nas cancerosas, ó que
depende
, na sua opinião, deque nas primeiraso engorgitamento heessencialmente inflarnmatorio
com
todas assuasconse-quências d'exaltoçãoda sensibilidade,entre tanto que, nosegundo, o
eegor-gilamento
d'um
caracter friosó desperta a sensibilidadeaccidcntalmenle.A
causa , a forma destasulcerações, que sáo muitas veses caracterisadaspor outros symptoriías primitivos
ou
consecutivos d'infecçâo venérea,laes-como uma
blerioríhagia, pústulas, vegetações, cancros na vulva, etc , eossiguaes
commemorativos
permiltem distiuguil-as de qualquer outra espécie d' ulceração.ULCERAS
CANCEROSAS.
Debaixo desfa
denominação
tem-se confundido duas espéciesd'uloera-ções,
que
apresenlao differenças notáveis, que influem noseo prognostico,etratamento, taes sãoa.ulcera carcinomatosa,
eo
cancro ulcerado. Estasenfermidades não
seguem
sempre amesma
marcha, e nao aprosentaocons-lantemente os
mesmos
caracteres ;umas
vesescomoção
poruma
ulceraçãosimples, ( 1 ) que mais tarde complica-se d'engorgitarnento scirrhoso,
ou-tras veseso scirrho precede a ulceração, che oque acontece mais frequen-temente: a primeira destas affecçóes tem sido
denominada
ulcera cancerosa primitiva, a segunda consecutiva.
ULCERAS CANCEROSAS
PRIMITIVAS,
OU
ULCERA CARCINOMATOSA.
Alguns práticos tem observado* (2) queasulceras simples, dartrosas,
sy-philiticas, e escrofulosas, alargão-sc, roendo as partes visinhas,
cobrem
-sadi: botões carnosos de
mà
naturesa, seo fundose endurece, e fornecemlí-quidos de cheiroanálogo ao do cancro ulcerado ; se sua
marcha
nao heimpedida por
um
tratamento muitoenérgico,invadem
a totalidadedoútero»e lornáo-se tão perigosas
como
omesmo
cancro.Verdadeiro noli
me
langere da pelle, diííerindo apenas por sua sede, aulcera carcinomatosa,que oceupa o collo uíerino, apresentasse debaixo da
fornia d'
uma
ulceração larga de superfície desigual, tortuosa, sulcada , debordas duras, cortadas desigualmente, e
transsudandouma
matéria serosarn-osade tal sorte fétida, que o dedoexplorador, oos objectos íicão
impregna-dos por muito
tempo
; orahe coberta de botões carnosos, molles,desi^ua-es, avermelhados, roxos.ou pardacentos, ora de
uma
falsa menibrana, ou deuma
matéria inorgânica, que se despega, e renova-se incessantemente,dan-do aoseo
fundo oaspecto cinzento. Esta ulcerarão heacompanhada
dedores pouco intensas,
d'uma
sensação de prurido agradável, que excitaaoacto venéreo, apóz do qual appa recém dores agudas c lancinantes, e
uma
hemorrhagia mais oumenos
abundante: repousasobreuma
camada
muitodelgada de tecido scirrhoso ; a medida,
porém,
que a enfermidade\ai-se tornando mais antiga, ou seos progressos vão sendo cada vez
ma-isrápidos, acamada
scirrhosa adquire mais profundidade, as parlesvisi-(1) Colombat, moléstias das mulheres; Blafin e Nivet, idem.
[2) Dugès, Nauche, e