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Memoria sobre a cultura dos algodoeiros e sobre o methodo de o escolher, e ensacar, etc.

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M E M Ó R I A

SOBRE A CULTURA DOS /LGODOEIROS,

E SOBRE O METHODO DE O ESCOLHER, E ENSACAR, ETC. E M Q U E SE P R O P Õ E M A L G U N 6 PLANOS NOVOS, P A R A O SEU M E L H O R A M E N T O , OFFERECIDA

A S. A. R E A L ,

o P R Í N C I P E R E G E N T E

N O S S O S E N H O R .

POR MANUEL ARRUDA DA CÂMARA,

Formado em .Medicina, e Filosophia, e Sócio de varias Academias, etc.

I M P R E S S A

D E O R D E M D O MESMO S E N H O R

POR Fa. JOZE MARIANO DA CONCEIÇÃO VELLOSO.

L I S B O A ,

N A O F F I C I N A D A C A S A L I T T E R A R I A DO ARCO DO CEGO,

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Quidquid praecipies, esto brébis, ut cito per-cipiant animi dociles' teneantque /idéies.

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S E N H O R

N

AÕ he a vaidade de me querer inculcar útil aos meus compatriotas, o que me obriga a levar ao Supedaneo do throno de V A. R. estas primei-ras observações agronômicas sobre a interessan-te cultura do Algodão, que interessan-tenho feito, mas sim a nova obrigação, em que V.A. R. me poz, tendo sido servido de me encarregar do exame das pro-ducçôes naturaes deste Paiz, em que nasci, e em que habito, e em que tenho aindizivel honra de receber as ordens de V. A. R.

Tendo ouvido na Universidade de Coimbra os Mestres comrnuns da Nação, e na de Moh-pelher os dous Sábios, assás conhecidos na Re-publica Litteraria, quero dizer, a Antônio Gouan,

em Botânica , e a Jõaò Antônio Chaptal em, Chymica, me recolhi ao meu lar, ardendo nos desejos de poder ser útil à minha Nação pelos conhecimentos, que tinha adquirido em as

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en-encias Naturaes. Embaraçarão porem o meupro-jecto as grandes seccas, que nessa época assollárão

toda esta Capitania, e me determinarão a reparar toda a perda, que tinha experimentado a minha casa, por huma grande plantação do Algodão, • que estabeleci nas margens do Rio Paraíba do

Nor-te , a que assisti constanNor-te. J5u me appliquei então cuidadosamente a fazer todas as observações , de que era capaz, segundo as luzes, ainda que tê-nues , que eu tinha adquirida, para que meus pa-trícios tivessem alguma cousa, que lhes fosse pró-pria , e não mendigassem de livros estranhos, que

são raros, as noções que necessitavão. Quando completava , por terem já decorrido alguns an-nos, as minhas observações, ouvi a imperiosa voz de V.A.R., que, do alto do Throno, que, com tan-ta gloria de toda a Nação, rege, fortificou o meu desalento, determinando seguisse 6' meu

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grande, que não espero ter outra maior na mi-nha vida, e que só a poderia ter, se eu fosse tão feliz, que satisfizesse cabalmente a tudo de quanto

sou encarregado por V. A. R. Eu conhecendo a minha pequenhez, já mais presumi , que o meu Soberano me houvesse de honrar d* huma tal maneira.

Cego, Senhor, desta gloria , corro aos pés do Throno de V^.A. R., a appresentar o que até então tinha adquirido de conhecimentos, sem olhar pa-ra a mesquinheza delles, e papa-ra a gpa-randeza de

íf. A. R., a quem os offereço. A mesma mão

po-derosa, que me levanta do nada, e me appresen-ta a face de toda a Nação, e do mundo todo , como hum cidadão útil, e hum fiel vasssallo, queira dar-lhe aquella grandeza, e importância , que a condignifique em a sua Augusta presença.

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Este he o trabalho , que ora apresento a T^. A. R., em quanto as minhas diligencias vão ser empregadas pelos Sertões desta Capitania : treparei, para credito dellas, o mais empinado das suas montanhas; descerei ao mais abatido dos seus Valles; penetrarei o interior do seu terre-no, e o esviscerarei: desde o musgo mais aviltado, até o mais corpulento cedro ; desde o mais vil in-secto, até o grosso Tapyra; desde a mais estéril ter-ra, até o mais precioso metal, todos serão objectos dos meus exames, das minhas analyses. Como Fi-losopho mostrarei a efficada da voz do meu Sobe-rano . e como vassal/o darei a prova de ser com toda a devorão e ternura.

De V A. R. o mais obediente e humilde

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. $ $ 3 G & « 8 ^ ^

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INTRODUCCAO.

XVEFLEXOES geraes sobre agricultura do Bra-sil, e seu comraercio, pouco podem influir n o augmento real dos gêneros, que fazem a nossa riqueza: são obras de gabinete, em que só po-dem seus Auctores pôr na presença do Ministé-rio erro6 introduzidos no sistema do commer-cio : isto he muito , quando ha felicidade de pro-duzir bom effeito a verdade, que as mais das ve-zes encontra grandes obstáculos.

A experiência he a única linguagem, que o povo entende: na verdade quem disser que nas çircumstancias presentes podemos Iter grande van-tagem nos preços dos nossos gêneros, ainda a pe-zar do risco, pode desenvolver o germen da am-bição no fundo dos corações ^ e influir-lhes no-va coragem para melhor soffrerem os fatigantes trabalhos da agricultura, os soes ardentes, as chuvas, os ventos desabridos, e t c ; pois á q u e não obriga a malvada sede de ouro! Porém nem por isso aprenderão a trabalhar por mais fácil me-thodo, não abreviarão as suas operações, e ca-minharão finalmente pelo trilho antigo dos mes-mos prejuízos, em que viverão seus maiores.

Ao contrario todos estes obstáculos se aplai-narão pelo trabalho daquelle, que no mesmo lu-gar , onde produz, o gênero, sobre que quer ins-

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trui-l i trui-lNTftODCCeA.&

t r u i r , fazer repetidas experiências á respeito dás influencias; Ho. clima mais vantajosas, das diver-sas qualidades, e mistura de terras mais próprias, dos meios mais fáceis de plantar , colher : b e n e -ficiar a colheita, diminuindo a mão d ' o b r a , e au-g m e n t a n d o por conseqüência o lucro.

Estas vantajens sào tào interessantes , que t e m obrigado a h o m e n s de h u m merecimento as-eignalado a viverem nos c a m p o s , a fim de obser-v a r e m d e mais perto a natureza , escreobser-verem c o m acerto as instrucções aos seus semelhantes: o s mais pequenos objectos de agricultura na Eu-r o p a tiveEu-raõ e m todo o t e m p o , ainda o mais Eu- rè-anoto, gênios r a r o s , grandes h o m e n s , q u e escre-verão e trabalharão por ensinar aos seus colonos' os mais preferíveis, e proveitosos methodos de sua cultura. D e s d e que tempo senão escreve das Oliveiras, das U v a s , do T r i g o ? E ainda de plan-tas menos interessantes ? A' Columela , e PEnio, se tem seguido innumeraveis outros, que escre-verão sobre estes objectos; e ainda assim mes-m o á proporção que se augmes-mentào os conheci-m e n t o s da Fysica, e Chyconheci-mica, a cujo lado anda e e m p r e a Agricultura , achão os m o d e r n o s , que a d i c c i o n a r , abolir , e mudar.

Daqui se pôde inferir quam infinito será o n u m e r o de imperfeições, e de erros introduzidos n a cultura dos gêneros do Brasil, e mais Domí-nios , sendo todos novos a respeito dos da Euro-pa , e não tendo tido, como os desta , homens sá-bios , que tratassem do seu m e l h o r a m e n t o . A cul-tura da cana, por exemplo , e a preparaçãq do as-s u o a r , 6endo hurna daas-s o p e r a ç õ e as-s , que exigem

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os mais profundos conhecimentos da Fysica, e da Chymica, tanto para o acerto das mais justa» proporções na construcçào das fornalhas, de que depende grande diminuição da mão d'obra, co-mo na mesma manipulação do a^sucar, se acha inteiramente abandonada á homens néscios, e es-túpidos, em cujas mãos põe o Senhor de engenho a sua fortuna; dellas sahe o dado, que o faz per-der , ou ganhar; o successò fortuito de huma ho-ra , paho-ra assim dizer, decide do tho-rabalho de huin anuo inteiro; vai malograr os suores, que rega-rão seus campos, e quebrar as forças de tantos braços, que tudo soffrerão na esperança de hum doce lucro. O mesmo Senhor de engenho corta, e conduz a lenha para o lugar do sacrifício, on-de haon-de ver queimar a sua safra. Todas as vezes, que tenho a desgraça de presenciar esta catástro-f e , parece-me ver hum catástro-filho dissipador, e pródi-go .consumir em poucas horas a riqueza, que o pai do laborioso tirou da terra com a força do seu braço.

Estás reflexões me nzerão, desde que tornei

no Brasil, arder no-desejo de empregar-me na

fa-bricação do ássucar, a ver, se por meio de repeti-das experiências, pode»ia achar regras,quando nào exactas todas, ao menos approximadas, que servis-sem de guia, e constituísservis-sem afte, o que até aqui tem sido rota cega; mas até ao presente, "não me tem sido possível conseguir a inteira

exe-cução deste projecto, e o maior obstáculo, que tenho encontrado, he não ter tido ainda a oppor-tunidade dè possuir hum engenho, onde sem pre-juízo de outro, podesse fazer as minhas

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i v INTRODUCÇAÔ.

O acaso porém m e t e m posto nas circumstan-cias de fazer experiêncircumstan-cias, o b s e r v a ç õ e s , e algumas descubertas úteis em outra c u l t u r a , não m e nos interessante ao c o m m e r c i o , tanto d e P o r t u -gal , como de Paranãbuc; pois q u e nestes últimos* dez annos tem feito entrar para esta Capitania a q u a n t i a , que se pôde ver no Mappa I, e I I , que

a junto aqui. ^ Esta cultura , de que fallo, h e a do Algodão:

nella m e t e n h o empregado nas margens do Rio Paraíba com sufficiente fabrica, pelo que tenho tido t e m p o , e vagar, para fazer muitas experiên-cias, e observações; não m e t e n d o poupado em nada a fim do melhoramento tanto da c u l t u r a , c o m o do beneficio , que deve r e c e b e r antes de c o r r e r no commercio: para isto t e n h o construído; differentes m a q u i n a s , e a q u e mais útil m e pa-r e c e , a d e e n s a c c a pa-r , pela qual cheguei a pou-par a mão d' obra quasi na razão d e a o : 1. Este m e u methodo t e m sido geralmente a p p l a u d i d o , porque alem da e c o n o m i a , r e ú n e outras circums>-tancias úteis, que no seu lugar referirei; e tenho tido o c o n s o l o , q u e o p o v o , e m cuja opinião sempre pezâo mais os prejuízos, do que mesmo a conveniência de novas, y r v e n ç õ e s , se decidisse a adoptalla. A minha tenção, ao principio, foi de dar simplesmente h u m a Memória á Academia Real das Sciencias, descrevendo a dita maquina; mas como tenhão corrido t e m p o s , e nelles tives.* se eu occasiões de fazer muitas observações a favor da cultura do algodão, decidi-me a ajun-talla aqui na ordem, que m e p a r e c e o mais coa-v e m e n t e , persuadido que poderiào ser de muita,

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iNTRODTTCÇAdj

utilidade, para os que tratão deste objecto. O bem commum he o edifício, para cuja cons-trucção todos os particulares tem obrigação de trazerem os materiaes, conforme os seus talen-tos : a minha gloria será se esta porção, que te-nho a honra de appresentar ao Publico, poder con-tribuir paia o fim, que me proponho: o meu

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M E M Ó R I A

Sobre o melhor methodo de cultivar os algodoei-ros na Capitania de Paranãbuc , e suas

annexas.

C A P I T U L O I.

fia antigüidade do uzo do algodão, e da van-tagem , que tem resultado a Portugal, e

a Paranãbuc a sua cultura.

H

E huma espécie de mania, que allucina os> Escritores menos Filósofos, o quererem attri-buir á Sciencia, ou á Arte de que tratão, huma antigüidade , que date quazi com a do primeiro homem. Se he certo , como devemos, crer, que Adão teve sciencia infusa , pouco menos idosas são quasi todas as Artes que elle ; mas o pouco progresso, que ellas tem tido mostrão , que as suas origens não remontão tão alto : Adão seria

muito sábio , mas seusfilhos tem sido muito nés-cios ; porque ou nada aprenderão daquelle pri-meiro P a i , ou se aprenderão , depressa se deixa-rão esquecer, tanto assim , que para descobrir-mos as origens de algumas Artes, he necessário desandarmos os longos caminhos, que tem corri-do os séculos, e procurarmos apalpancorri-do pela obs-curidade dos tempos alguns mal distinctos vesti-jjios, dando aos seus primeiros inventores hon-ras , e louvores quasi Divinos : as Sciencias são como estes grandes rios , que conduzem sober-bamente immensa quantidade de agoa, navegue

fluem quiser por eües acima, buscando a sua

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gem , chegará a ficar em seco , sem saber ver-dadeiramente donde n a s c e m ; pois abrindo-se pou-co a poupou-co e m pequenos , e insignificantes re-g a t o s , vem estes a acabar em humidades tão di-m i n u t a s , que n e di-m c o b r e di-m a areia , sobre que correm.

A neccessidade, e o a c a s o sào as duas prin-cipaes m a i s , ou fontes d o n d e n a s c e m as Scien-cias , e as A r t e s : as necessidades c r e s c e m , e se multiplicào á proporção , que civüizão os povos; os h o m e n s , que v i v e m r u s t i c a m e n t e , p e r t o , pa-r a assim d i z e pa-r , d e h u m a vida selvagem , as suas neccessidades não se e x t e n d e m a muito : assim as mais antigas Artes , e Sciencias d e v e m ser aquel-l a s , que interessassem a existência , e o commo-do tal qual podiào ter os primeiros homens , vi-v e n d o frugalmente , formando quando muito pe-quenos a r r a i a e s , de costumes simples como el-les mesmos , sahidos á pouco das mãos da

Na-tureza. '' Pelo que a Agricultura dos alimentos , a

Me-dicina , a Cirurgia, que interessavão immediata-m e n t e a sua saúde , e a sua existência , deverião occupar o primeiro lugar na ordem dos tempos'; a invenção de t e c e r pannós , creio que deve ser m u i t o posterior , não só a estas , mas ainda a ou-tras Artes de primeira neccessidade ; porque os primeiros descendentes de Adão habitando hum paiz , e clima benigno , as injurias do tempo nào erão assaz fortes para os obrigar com tanta

{

os nào passariào elles c o n t e n t e s , e satisfeitos westeza a inventar vestiduras ; e quantos

secu-com os saiotes da mesma fábrica , e feitio da-quelle, que Adão p o s s u i o : assim só o luxo teria

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Sobre o algodão. 3 parte nesta i n v e n ç ã o , que depois passou a

neces-sidade. ( i )

Seja como for , h u m discurso bem simples nos pôde persuadir, que o algodão foi a

primeira substancia do Reino vegetal , de que os h o -mens se serviriâo para fabricar os seus primeiros pannos ; porque a natureza já a produz apta pa-r a se podepa-r fiapa-r, como todo o m u n d o s a b e , o q u e não acontece a respeito do l i n h o , e da s e d a , as quaes exigem longas , e p e n i v e i s preparações an-tes de se p o r e m no estado de se fiar , o que s ó h u m a longa serie de tempos , experiências , e casualidades poderião ensinar.

A ii Bem ( i ) O pudor, que hoje nos parece tão

natu-ral em hum, e outro sexo , não podia decidir o homem a inventar, nem dar o mínimo passo pa-ra a invenção da arte de tecer; porque a maior parte do povo Selvagem que vive nos bosques do Brazil em hum estado bem vizinho ao natural, anda inteiramente nua: eu vi na Aldeia de São C-onçalo, na minha viagem do Piauhí, cento ç sessenta índios Pamelas de nação , desentranha-dos à pouco daquelles vastos matos , andarem inteiramente nus , e tão despejados,. queseapre-sentavão assim mesmo á maior publicidade, tan-to mulheres, como homens. Se apontan-to só os cen-to e sessenta índios, não he porque deste peque-no numero queira fazer huma regra tão geral $ mas porque só estes são os que eu vi, e os que os immensos bosques do Poente nos encobrem sâq infinitos , que como aquelles andão todos nus. Não pode ter lugar o argumento da sabida de Adão do Paraizo f o qual cobrio as partes

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na-Bem se v e , que este discurso não prova d e facto , e só faz ver h u m a probabilidade , pela qual podia ser o algodão empregado primeiro , que t o d a outra qualquer substancia nas vestiduras. E u tenho procurado pela obscuridade dos séculos passados, a ver se acho a é p o c a , em que prin-cipiou o uso do algodão, e o mais , a que tenho chegado , h e descobrir , que muito antes de Moi-sés se elle vestia, e que já naquelle t e m p o se fa-bricavão tão primorosos pannos de algodão, bri-

lhan-turaes com folhas , porque só por dois podia ella ser visto , ou porEva , oupor Deos ; se porEva , que vergonha deveria ter de sua mulher? Sepor Deos , que pannos , ou folhas poderiâo haver, que o occultassem á penetrante vista do Creadorl Eu penso que esta passagem, como outras mui-tas da Escritura Santa, deve ter outra interpre-tação , fora do sentido litteral. Moisés, homem são , e modesto , acostumado a promulgar leis ci-vis de mistura com as Divinas, não faltaria as-sim para inculcar a modéstia tão louvável? Ou em fim não deverão os nossos Theologos, a quem isto pertence, interpretar de outro modo melhor? A Natureza darnos-hia partes tão essenciaes , e precizas ,, de donde depende a continuação da sua obra para termos vergonha de as fazer apparen-tes, não nos dando natural cobertura para ellas ? Eu penso, que esta vergonha, que parece natu<* ral a pessoas menos instruídas , he meramente obra da opinião dos homens juntos em socieda-de , que he tão extravagante, que em huma par-te faz que seja virtude . o que em outra he vi? cio abominável.

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Sobre o algodão 5 lhando tanto a Arte , que os Príncipes fazifío

del-les mimo precioso : para prova disto basta dei-t a r m o s h u m golpe de visdei-ta para a Hisdei-toria , que o m e s m o Moisés nos conta de José ; ahi vemos , q u e os presentes , qne F a r a ó lhe fez , quando i n t e r p r e t o u os seus sonhos misteriosos , entregan-do-lhe as rédeas do governo do E g i p t o , e fazen-do-o subir na sua c a r r u a g e m , foi h u m annel d e pedras preciosas, e h u m a t ú n i c a , ou vestido d e p a n n o de algodão. ( 1 )

Para finalmente formarmos h u m juizo a r e s -peito de q u a n t o he antigo o u z o do a l g o d ã o , bast a reflecbastirmos , que os mais anbastigos povos bast r a -íicavâo com elle , desde muito antes cie Pitago-ras os F e n i c i o s , e os G r e g o s , não só hião b e b e r as Sciencias , e as Artes á sua f o n t e , quero di-z e r na índia ; mas tão bem hião lá comprar fazendas de algodão , para as virem depois r e v e n -d e r ( 1 ) Donavit illum stola byssina. Genes.

rAindaque tomavão b^ssus em diversas accepções ,

porque humas vezes chamavão hyssns hum gê-nero de planta parasitica, que Lineo arranja na

Classe Criptogamia bem ajfine com a conferva ; outras vezes entendião pela seda, outras pelo al-godão. Com tudo se devemos dar credito ao que Polux , e Filostrato nos dizem doByssus do Egi-r pto, não podemos deixar de crer, que era de

al-godão o vestido , que Faraó deu a Jozè: porque dizem elles , que se chama B/ssus a hum arbus-to que cresce no Egiparbus-to , que produz cápsulas , as quaes abrindo-se lanção de si huma substancia lanoza , que se fiava, e de que se fabricavão, pannos.

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der pelo resto do m u n d o então sabido. Naquelle t e m p o a Arte já tinha tocado h u m gráo superior de perfeição nessas remotas paragens ; mas que séculos cleveriào correr antes que lá chegasse , c o m o acontece a outras muitas Artes que nospa-r e c e m mais fáceis?

fyi* A nossa mestra , a n e c c e s s i d a d e , já acordou

a I n g l a t e r r a , e as mais Nações civilizadas da Eu-ropa , e dentro destes três últimos séculos lhes t e m ensinado a rivalizar c o m a í n d i a na arte de t e c e r pannos de a l g o d ã o , e t e m cortado em par-t e aquelle rio de d i n h e i r o , que corria conpar-tinua- continua-d a m e n t e para o O r i e n t e . Portugal m e s m o aincontinua-da atordoado do veneno d a i g n o r a n c i a , q u e lhecom-m u n i c o u Hespanha no telhecom-mpo da nossa infeliz su-geição a esse R e i n o , t e m erigido fábricas , que trabalhão á c o m p e t ê n c i a , e que se vão aperfei-çoando cada vez mais.

Depois dos sólidos estabelecimentos da Eu-ropa neste g ê n e r o , de diversas partes do mundo c o n c o r r e r ã o algodões a fornecerem às suas fábri-c a s a matéria prima , da Ásia forão Smirna, C h i p r e , Alexandria, A c r e , Surrate , Sião ; da America as que forneciào algodões, erãoSurinam, Martinica , Caiena , Guadalupe , Cartagena : Ma-r a n h ã o antigamente não deitava algodão algum para Europa , e só o cultivava para gasto d o p a i z , q u e era tão pobre , que o fio que seus habitan-tes fiavão do algodão , era a moeda Provincial, servindo-se délla para comprar o que precisavão, d e sorte que até nos açougues a c a r n e era

com-f

irada a troco de novellos de fio; até que o Il-ustríssimo Senhor General Teles animou os Agri-cultores , obrigando a Companhia a fiar de mui-tos

(26)

Sobre o algodão. 7 tos escravatura , ferramentas , e t c . e desde então

principiou Maranhão a e n r i q u e c e r , e augmentar. Paranãbuc nesse tempo ainda nào pensa-v a , que este gênero seria capaz de pensa-vipensa-viíicar o seu p o r t o , e procurar-lhe h u m a subsistência igual á do assucar , que então o disvelava. Na Paraíba foi onde primeiro sonharão em mandar algodão para Portugal ; mas o estimulo da ambição não picava muito os ânimos amortecidos , e encolhi-dos debaixo da pobreza a cultivarem-no com a energia de que erão capazes : a noticia do gran-d e l u c r o , que pogran-dia gran-dar o algogran-dão, a quem o culti-vasse , foi penetrando pouco a pouco os matos , e despertando os Agricultores. N o s a n n o s de 1777 a t é 1781 animárão-se os povos de h u m a nova força , então he que se virão os interiores dos Certões mais habitados , e cultivados , e t e m - s e d e tal modo fomentado a c u l t u r a , e o negocio do algodão , que admira ,: e para se t e r h u m a idéia a esse respeito , vou por á vista h u m a taboa Sy-n o p t i c a , Sy-não só do algodão que de P a r a Sy-n ã b u c . t e m sahido desde 1786 até 1796, mas ainda do* mais g ê n e r o s , por onde h e fácil calcular o pro-veito , que delle t e m resultado ao Agricultor, aos N e g o c i a n t e s , que com elíe traficão , e á Nossa Soberana.

Aindaque a primeira porção de algodão, q u e d e Paranãbuc se mandou para P o r t u g a l , foi e m 1778, com tudo o n u m e r o das arrobas desde en-tão athe 1781 foi muito d i m i n u t o , e desse a n n o por diante h e que se foi augnientando mais con-sideravelmente este gênero.

D a q u i se vé , quanto h e i m p o r t a n t e a cultu-r a do algodão e m Pacultu-ranãbuc , pois o gcultu-rande lu-cro

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cro que p r o m e t t e , impelle a todos ao trabalho , tirando-os da ociosidade, dá valor ás terras que dantes o não tinhão , com summo proveito do proprietário ; anima o Negociante ao mais vivo t r a n c o , fazendo mais importante o nosso pOrto, e mais freqüentado o de Lisboa pelos Estrangei-ros , que dão todo o consumo ; os donos de Na-vios tem avultado lucro nos seus fretes ; pois q u e t e m chegado a 1200 por cada arroba ; Sua Magestade mesmo p e r c e b e direitos, que não são d e desprezar-se.

Athe aqui t e n h o fallado do uso que t e m esto gênero no Commercio para as fábricas de pannos; agora tocarei de passagem n'outros usos que se p o d e m estender m u i t o , tanto n a e c o n o m i a , co-, m o no uso medicinal.

As sementes do algodoeiro são compostas de h u m a fecula de m u c i l a g e m , e de h u m ó l e o , co-m o tenho verificado co-muitas vezes por via de ana-l i s e : a doze de azeite , que t e n h o extrahido dos

caroços do algodão, t e m differido m u i t o , de sor-t e , que h u m a experiência nunca condiz insor-teira- inteira-m e n t e cointeira-m o u t r a ; poreinteira-m t e n h o verificado, qua se aproxima mais á razão de 8 : 1 , ou íj

A qualidade deste óleo h e excellente para l u z e s , porque dá h u m a luz muito clara , e não h e tão sugeito a f u m a r , e a fazer murrão ; mas as experiências que tenho feito , h e tendo o tra-balho de descascar os caroços h u m por h u m , e pisando unicamente a a m ê n d o a , o que h e impra-ticável em g r a n d e ; e a maior dificuldade', que

me parece ter para execução do trabalho em

gran-de , he serem as cascas, ou pelles gran-destes

caro-ços

(28)

Sobre o algodão. 9 ços elásticas , pelo que antes se amassão debaixo

do estilo, ou mão de p i l ã o , do que quebrão ; pa-ra adquirirem a fpa-ragilidade sufficien t e , h e neces-sário levarem h u m sol extraordinário , o que faz esta prática difficil , e quasi supérflua em hum. paiz , como o nosso, onde temos grãos , ou pevi-cles muito mais convenientes do que e s t a , para a fabricação do azeite. ( 1 )

A casca do arbusto , que nos dá o algodão , h e filamentosa, e c o n t e m l i n h o , bem como

to-B das ( 1 ) Temos na verdade outras sementes , de

que com mais facilidade se pôde extrahir azeite, como são as de Carrapato, ouMamona Ricinus ,

palma Christi Lin.,Nhandyroba corrupto vocábulo

gendiroba Fevilea cordifolia , e desta fruta se ex-trahe o azeite com tanta facilidade , que basta deitar-lhe agoa fria depois de pizada, e sem hir ao fogo todo se apresenta na superfície , e delle tenho feito bom. sabão para os usos domésticos . fazendo unicamente alixivia, ou decoada

cáusti-ca por meio da cáusti-cal virgem., cujo annuncio já fiz a hum dos Editores do Palladio Portuguez , e muitas pessoas já usão delle por minha insinua-ção , e espero que se vá vulgarizando cada vez mais. Temos outro óleo, que se extrahe com fa-cilidade , da fruta de hum arbusto , chamado vulgarmente Uvatiputá , a que ainda não tive oc-casião de o reduzir ao Systema de Lin., por não o ver florente; alem disto temos duas espécies d? jimendoim Arachis h^pogea Lin. que dão muito

azeite bom até para a meza. O azeite de coco

C o c u s n u c i f e r a , e de outras espécies de palmeiras,

(29)

das as plantas malvaceas , a cuja família natural p e r t e n c e ; pelo que , bem podia servir ao menos para cordas , para es t o p a , e t c . porem também no nosso paiz não temos necessidade , e n e m deve-mos applicar esta casca a estes usos por duas ra-zões : primeira , porque extrahida a cas-ca deste arbusto , elle m o r r e , e não nos dá o l u c r o , para que principalmente o c u l t i v a m o s ; se-gunda , porque o linho que d á , não he tão for-t e , como o do caruhà , caraguafor-tá , ( 2 )caraguafor-tà

guassu, ou p i t e i r a , ( 3 ) embira branca, embira vermelha, jangada, mororó de espinho, barrigui

da, Lin. O pichi-y, que por ser gênero novo lhe dei o nome. ( Palladio Portuguez )

Deste fruto , de cuja polpa se extrahe azei-te comestível,e muito saboroso,delicias dos habitam* tes do Certão, e da amêndoa de caroço extrahi ex-cellente sebo. O azeite degergilim Sesamum

Ori-entale também he excellente, e esta semente

ren-de muito. O óleo da Uvciticica-, que entra na clas-se octandria , mas ainda não está descripto o gê-nero , e nem eu o descrevi por estar a for im-perfeita. Não fali o em outros muitos frutos, de

que se pôde extrahir óleo, como da castanha do acajú Ánacardium O c c i d e n t a l e , o jucá não dês" cripto , e t c . e sobre este objecto estou preparando huma dissertação, que falta pouco , para lhe dar a ultima mão.

( 2 ) Em quanto a mim, este caraguatá não

he o Tilandsia utriculata , nem outros deste gêne-ro , como vulgarmente se cre ; mas he huma es-pécie do gênero Bromelia.

(30)

Sobre o algodão. 11

da , macaiba , araticuns, caranaubas , tucuns , carrapixo, guaxumas , e t c . das /quaes plantas a

maior parte nào foi ainda descripta por Botânico algum ; e que deverião m e r e c e r ao Ministério hu-ma indagação a respeito das suas tenacidades , e mais qualidades próprias p a r a c o r d o a r i a , e eu nào vejo trabalho feito neste g ê n e r o , que nos p o n h a debaixo dos olhos h u m a taboa Sjoioptica , q u e pela comparação nos possamos desenganar de ter-mos o gosto , e a conveniência de usarter-mos n a nossa marinha , dos l i n h o s , que o nosso paiz nos offerece n a t u r a l m e n t e com tanta a b u n d â n c i a , d e preferencia ao canamo : ( 1 ) e u ao menos n a s duas dissertações , que leio n a collecção da Aca-d e m i a , não vejo n e n h u m a que t e n h a preenchi-do d i g n a m e n t e , e c o m o deve s e r , e s t e o b j e c t o ; h u m a que trata da guaxuma , n e m ao menos n o s diz de que genéro n e esta planta , n e m nos dá meios sistemáticos de a c o n h e c e r : a segunda omittio as principaes p l a n t a s , que julgo se apro-ximào mais á satisfação do nosso interesse. E u não tenho até agora podido occuparme inteiram e n t e deste o b j e c t o ; porque as o c c u p à ç õ e s , t e n -d e n t e s à minha subsistência, m e -divertião -destas

indagações , ainda que próprias do m e u g ê n i o ; mas agora que t e n h o a honra de ser empregado n o Serviço de S u a M a g e s t a d e , na indagação dos produtos da Historia Natural do m e u paiz , n ã o deixarei de lançar mão deste Artigo com brevi-dade ; pois o a c h o de muita importância , e o t r a t a r e i , conforme permittirem as minhas poucas forças.

B ii H u m - — i ^ _ . . i i . ii i iii .

(31)

H u m ' q u a r t o uso do algodoeiro , que h a no nosso paiz , principalmente nas partes remotas , h e o medicinal. A necessidade t e m ensinado aos nossos rústicos a virtude vulneraria , que possuem

o c a l i s , e as folhas desta planta,' elles pizão qual-q u e r destas partes , e e s p r e m e m o sueco sobre as suas feridas , e obtém h u m prompto effeito deste m e d i c a m e n t o : eu não só t e n h o visto esta prática , mas t e n h o - m e visto n a precisão de usar delle em muitas oceasiões , e em feridas muito consideráveis , e estou tão persuadido desta vir-t u d e do algodoeiro , que , ainda na concorrência d e outros vulnerarios , prefiro s e m p r e este. Eu attribuo esta virtude a h u m balsamo , que contém t a n t o as cápsulas , como o caliz ,e as folhas em pe-q u e n o s foliculos espalhados na superfície destas p a r t e s , o que lhe dà a vista de pequenos pontos d e n e g r i d o s ; bem como o óleo essencial da laran-ja , e do limão , que h e igualmente contido em p e q u e n o s folicuios na superfície da casca. Eu te-n h o obtido algumas porções desta substate-ncia, raspando , e espremendo com a lamina de huma faca a superficie da cápsula. O cheiro , e a pro-priedade de se dissolver no espirito de vinho me d i z e m , que se pôde arranjar no n u m e r o dasresfc

nas cheirosas, ou balsamos»

(32)

CA-Sobre o algodão. i 3 C A P I T U L O I I .

Da Descripção do algodoeiro.

D

Epois de ter escrito a historia da antigüidade do algodoeiro , do "-seu uso , e da importância da sua c u l t u r a , segue-se para a boa ordem a Dcripção S i s t e m á t i c a do seu g ê n e r o , das suas es-pécies , e das suas variedades.

D E S C R I P Ç Ã O .

C L A S S E MONADELr-HIA. O R D E M TOLYANDRIA.

G Ê N E R O : ALGODOEIRO.

CAL. Periancio , duplicado: o exterior he maior T

d'huma folha , partido em três partes , e estas laciniadas. O interior h e d'huma folha, mais pequeno , de feitio de h u m copo.

COR. Sinco petalos , que pouco se abrem. E S T . Filamentos , muitos , curtos ,nascidos da

Corolia c o m a n t h e r a s em fôrma de rins. P I S T . O v a d o , a c u m i n a d o .

P E R I C . Ovado-acuminado , ( 1 ) com três r e g o s , ou ( 1 ) Observ. O pericarpio do algodoeiro da

Ásia , he inteiramente redondo , ou espherico ; o da America, ao contrario ,' he sempre ovado-a-cuminado ; pelo que não se deve notar como er-ro ,.o dizer mLineo Gener. plant. que opericarpio do algodoeiro he redondo ; porque afrutificaçtlot

(33)

ou quatro , .que notão o n u m e r o das vál-vulas , ou alojamentos ; o calis interior rodeia a base do fruto.

SEM. Muitas envolvidas e m lã. E S P É C I E S .

I . Herva. Algod. as folhas de cin-c o lobos,o troncin-co herbacin-ceo. I I . De Barbadas. Algod. as folhas de três

l o b o s , n a pagina inferior, c o m três glândulas.

I I I . Arvore. Algod. as rolhas espalmadas c o m os lobos lanceolados o tronco fruticoso.

IV Felpudo, Algod. as folhas 3-5 loba-d a s , a g u loba-d a s , o tronco

mui-to ramoso. V A R I E D A D E S .

Estas são as quatro espécies distinctas , e c o n h e c i d a s ; mas hà muitas v a r i e d a d e s , que tem provindo, segundo c r e i o , do c l i m a , da differen-ça do t e r r e n o , e da cultura.

I. H e o Algodoeiro bravo , q u e os Francezes c h a m ã o Cotonier morron \Xilon sylvestre ;elle cres-c e da mesma altura do d o m é s t i cres-c o , ou do manso; as suas folhas são trilobadas , as flores são intei-r a m e n t e , como as do algodoeiintei-ro manso , com a differença somente de serem p e q u e n a s ; o fruto t a m b é m he mais p e q u e n o ; a lã c u r t a , e áspera; as sementes p e q u e n a s , e muito a d h e r e n t e s .

II. Algodoeiro bravo, comfolhas de cinco lo-bos»

(34)

Sobre o algodão. i 5 bos , as sementes mui desunidas , e separadas

húmus das outras.

I I I . Algodão macaco, que os F r a n c e z e s c h a

-rvíl o verdadeiro algodoeiro de Sifio Cotonier de Sianfcinc. Xilonsativum filo croceo : os galhos

são prostrados , a lã he de côr de ganga , e ain-da mais fechaain-da , macia , e fina , estimaain-da para certas obras , pela sua côr natural.

IV- Hà outra variedade de algodoeiro bravo , com o fruto m a i o r , com a lã da m e s m a côr d e ganga: tanto e s t a , como a v a r i e d a d e , c h a m a d a de macaco, nào pôde servir para chitas , n e m ou-tras obras , que levem t i n t a ; porque esta côr par-da he tão a d h e r e n t e , que resiste à operação do e m b r a n q u e c i m e n t o , e n e m aceita outra côr artifi-cial , sem se lhe tirar aquella natural.

V Algodoeiro da índia ; e s t e h e o nome , que n e s t e paiz dão ao algodoeiro , que vou descrever agora : elle tem a m e s m a fôrma do algodoeiro manso arbóreo , com as folhas somente num tan-to pilosas, mais macias ao tan-tocar a planta , os fru-tos , e flores mais pequenos ; as sementes pouco adherentes ; a lã muito fina , muito macia , e h e preferido ao outro para se fiar, o fio he mais fi-n o , mais d e l i c a d o , serve fi-no paiz só para fiar li-nhas , deste nào cultivão para o Commercio , e somente para gasto do paiz.

V I . Algodão de Maranhão, assim o chamão a q u i ; mas talvez que em Maranhão o nào h a j a ; a sua arvore he algum tanto maior do que o al-godoeiro ordinário; as folhas maiores , mais bem. n u t r i d a s , o c a p u c h o maior duas vezes que o ou-tro , as sementes são até o n u m e r o 17 em cada capucho , ao mesmo t e m p o que as do algodoeiro

(35)

or-ordinário são só 7 , a l a he mais rendosa , de sor-te que ires arrobas dessor-te algodão , e m caroço, r e n d e m h u m a de là ; sendo necessárias^ quatro arrobas do ordinário, para dar h u m a d e l a : o an-n o passado de 1796 h e que se prian-ncipiou a culti-var este algodão , e ainda hà muito pouco.

VIL O que os Naturalistas Francezes chamão

Cotonier blanc de Sião , differe mui pouco , do que

nós chamamos algodão da índia , a única diffe-rença consiste n a s s e m e n t e s ; porque este as tem d e s u n i d a s , e aquelle as t e m muito adherentes.

Outras variedades podia contar ; mas as suas differenças são tão teimes , que quasi não mere-c e m distinmere-cçào : a mere-c ó r das flores , amarellas , bran-c a s , etbran-c. nào deve bran-carabran-cterizar variedades , nem espécies em vegetal a l g u m , m o r m e n t e no algo-doeiro , pois que as deste são amarellas no pri-meiro dia que a b r e m , no segundo mudão a cór para v e r m e l h o , e vai fechando cada vez mais a c ó r , até cahir.

H A B I T A Ç Ã O .

O paiz próprio do algodoeiro h é debaixo dos Trópicos , ou nas partes mais visinhas. A Ásia foi, onde primeiro se fez uso desta p l a n t a : tanto là, c o m o na America cresce esta planta naturalmen-t e sem a minima culnaturalmen-tura : logo ella h e nanaturalmen-tural destes dois paizes.

Inúteis serão sempre os projectos, de alguns Europeos , d e naturalisarem esta planta no seu paiz: Rozier suppôem ser possível cultivar-scvan-tajosamente esta planta na P r o v e n c a , e Langue-doc ; mas quanto se engana elle , e outros da

(36)

mes-Sobre o algodão. i y mesma opinião ! Là só vi cultivar nos jardins o

algodoeiro herbaceo , e apenas frutificava , vinha o Inverno,e o destruía t o t a l m e n t e , e às vezes n e m c h e g a v a a sazonar o seu fruto ; e nem jamais elle poderá servir ahi , senão para satisfazer a curiosidade dos Botânicos. A natureza c o n c e d e o a cada paiz , ou a cada clima seus privilégios ex-clusivos , e q u e s e m p r e gozaràõ , a pezar de to-d o o esforço to-d ' A r t e .

Os q u e pensão , q u e esta planta se pôde na-turalisar e m E u r o p a , b e m se podiào desenganar, s e lessem a Memória de Mr. Q u a t r e m e r e , lida n a Academia das Sciencias d e Pariz , nella faz ver o seu a u t o r , q u e pela d i f e r e n ç a dos climas d e g e n e r a pouco a p o u c o , passando do estado d e arvore elevada ao de herva r a s t e i r a , e de frutíf e r a a infrutífrutífrutífera. Elle d i z , e n a verdade se v e

-rifica, que esta degeneração t e m l u g a r , t a n t o ' n a Á s i a , como na America , c a m i n h a n d o do m e i o dia ao Septentrião. N o antigo m u n d o d e g e n e r a , à proporção que se c a m i n h a de Siâo para Sur-T a t e , A g r a , Alexandria , ' A c r e , C h i p r e , S m i r n a , Tessalonica. No novo m u n d o observa-seNa m e s

-m a differença , ca-minhando de M a r a n h ã o , Caie-•*ia, Surinào , Cartagena , Martinica , G u a d a l u p e ,

São Domingos , Carolina , etc. E m quanLo a m i m , até posso affirmar , que o de M a r a n h ã o

jà, d e g e n e r a m u i t o a respeito do d e P a r a n ã b u c .

(37)

-C A P I T U L O I I I .

Da terra mais própria , ou mais conveniente pa* ra a cultura dos algodoeiros.

i

F

Altão as chuvas , m u r c h ã o as plantas , e nao medrão ; principia-se a desbotar o tapete ver-d e , que cobre a n u ver-d e z ver-da t e r r a : chove , rever? d e c e t u d o , vigora-se a vegetação , crescem as plantas. Nas margens dos rios s e m p r e estão ver-des ,e alegres,dão-se m u i t a s , q u e vegetào excelen-t e m e n excelen-t e só com agoa , c o m o são as bulbosas, c h e g a n d o a brotar frutos , o que claramente tem mostrado as bellas experiências , q u e fizerão mui-tos Sábios F í s i c o s : ( 1 ) os mesmos n o s t e m mos-t r a d o , q u e a mos-t e r r a n a d a conmos-tribue por si ao nu-t r i m e n nu-t o dos v e g e nu-t a e s , isnu-to h e q u e a nu-terra nada dava de sua própria s u b s t a n c i a ; e de tal modo t e m produzido as suas p r o v a s , fundadas nas ex-periências , que não deixâo lugar d e duvida.

Poder-se-ha por v e n t u r a , partindo desteí princípios , affirmar, q u e hayendo agoa , toda a t e r r a h e própria , e a p t a , igualmente para a

\e-getação de qualquer planta que seja ? Não pode* remos c e r t a m e n t e tirar esta conseqüência., sem h i r m o s c o n t r a a observação quotidiana ;<.porque vemos , que tal t e r r a n u t r e , e cria excellenter m e n t e h u m a p l a n t a , e que m a t a , e enfraquece outra ; o velame , v. g. Broterea purgãs ( 2 ) as mangabeiras , . e o u t r a s , não p o d e m vegetar bem na ( 1 ) Duhamel, Galoi, Kan-helmont, etc. ( a ) Esta he huma planta, cuja raiz hepur*

(38)

Sobre o algodão. i § na t e r r a de v a r g e m , própria para cannas de a s

-sucar Saccharumo/ficinarum. Hà plantas habita-doras das pjraiaS , ou m a r í t i m a s , como a flor d e cristal Salsola Kali, a e s c a m o n e a , Convolvulus

Scamonea, o p a n c r a c i o , Pancratiummaritimum.

Outras são próprias da agoa d o c e , como a herva cavalinha, Equisetum,os golfôes, Nynphaea alba, e lutea , etc. outras de terras areentas , c o m o as piteiras , Agave Americana, os coqueiros Coccus

nucifera, e em geral as plantas carnozas ; outras

d e terras argilosas , c o m o as cannas de assucar,

Saccharum o/ficinarum;outra.s de terras calcareas,

c o m o , alfavaca de cobra, Parietaria, e e m geral as plantas n i t r o s a s , que c o n t é m n i t r o , outras fi-n a l m e fi-n t e , das terras maruosas.

A rasão deste p h e n o m e n o só p ô d e c o n h e c e ? o Chjymico , q u e indaga as propriedades dos c o r p o s , por meio de a n a l i s e s , e s^ntheses. H e c e r t o , que as únicas substancias , que entrão no n u -t r i m e n -t o da plan-ta , são a a g o a , e o ar ; ( 1 ) m a s h e necessário q u e m distribua estes n u t r i m e n t o s

C ii aos

gativa , eqüe , não tendo sido descrita porLineo, a descrevi , e lhe dei o nome genérico do meu amigo , o illustre "Botânico Felix Avellar Brotero.

( i ) A agoa, sendo absorvida, e entrando no

corpo do vegetal, decompòe-sé em hydrogeno , e

oxigeno ; e o ar, sendo do mesmo modo

absorvi-do , e circulanabsorvi-do nos seus vasos^ he igualmente decomposto em oxigeno Azotó , ou base fio gaz

snefitico, e em ácido carbônico , o qual ainda

he composto de "oxigeno , c a r b ô n i c o , e calorico. Estes quatro 'princípios unicamente elaborados^,

(39)

aos vègetaes ; para esse fim destinou a Naturezas a mesma t e r r a , pelo que ella serve , não só de. alicerce para a planta se ter e m p e , mas.também de díspenseira , permitta-se-me esta expressão i h e evidente que , sendo de differentes naturezas a s terras , ou , servindo-nos da m e s m a metapho-r a , sendo de diffemetapho-rentes natumetapho-rezas as dispensei-, ras , h u m i s serão mais liberaes que outras , na distribuição do m a n t i m e n t o , ou n u t r i m e n t o dos vègetaes; na v e r d a d e , h u m a indagação, hum tan-t o mais profunda sobre as propriedades das tan- ter-ras , nos pôde fazer ver esta verdade : a terra a r e è n t a t e m a propriedade de deixar passar pelos seus poros toda a a g o a , que lhe cahe em

ei-T II i - - ii

tes qualidades de vasos, que compõe o vegetal ,• fòrmão todas, quantas substancias produz, o reino

vegetal, como óleos, resinas, gommas , balsa-mos , mucilagens , emulções , ou leite dos vège-taes , partes colorantes, jeculas , amidoens, car-vão, assu^ar, ácidos vègetaes, saes neutros ,,e eu- penso , .jjute.maté. as mesmos metaes., eo enxo* fre, que se a^hão naspLantas , não devem ser,

senão compostos de alguns destes princípios., pela que acho possível, não só a transmutação , co-mo também afactura dos metaes ; se os Chymi-cos tivessem seguido exactamente a marcha da, Natureza nesta operação, teriãasem duvida acha* do esta pedra filosofal ; mas nem tem atinada

com a verdadeira vereda, que guia esta descober-ta tão impordescober-tantç, e descober-talvez mesmo, que nunca atinem ; pois pôde ser, que seja esta Jiuma das couzas, que a Natureza tenha encerrada no sei)

(40)

Sobre o algodão. 21 cima com a maior facilidade; a argilosa pelo

con-trario a r e t é m t e n a s m e n t e e m s i , e ní.o admitt e , senão pouco a pouco ; logo nas admitterras a r admitt c n -tas só vegetaràõ b e m todas aquellas plamas , que não tiverem necessidade de m u i t a agoa para vi-v e r e m ; n a argilosa p o r é m só poderàõ vi-vivi-ver , e n u t r i r - s e bem , as q u e necessitarem de muita agoa p a r a vegetarem , e h e e v i d e n t e , que aqueiles vè-getaes, que viverem b e m nas terras a r e e n t a s , mor-r ã o nas amor-rgilosas , ou ao m e n o s minomor-rem de vigomor-r, e vice versa.

Por este modo tão simples obriga a N a t u r e -za os vègetaes a habitarem em diversos l u g a r e s , sem p o d e r e m m u d a r as suas habitações próprias , e consignadas , debaixo de pena de m o r t e em s i , " p u n a sua descendência.

N ã o se isentão desta lei geral os algodoei-ros , q u e , em razão de v e g e t a l , devem ter a sua habitação destinada pela N a t u r e z a , esta he a q u e

m e proponho assignar, fundado n a experiência. L e n d o as Obras dos Naturalistas , que fallão n o algodoeiro , vejo que se enganarão a respeito do t e r r e n o mais a p t o para a melhor producção des-t e g e n e r o de plandes-tas des-tão impordes-tandes-te ; e, medides-tando profundamente na causa d i s t o , não posso deixar d e suppôr , que escreverão por noticias de via-jantes , e h o m e n s , q u e não tratarão ex professo desta cultura.

T o d o s , que t e n h o l i d o , d i z e m , que o algo-doeiro produz melhor nos terrenos arenosos,e áridos , e que n à o durão mais de t r e s a n n o s , ao m e s -m o t e -m p o , que n e -m a terra arenosa convé-m ao algodoeiro , e n e m a sua verdadeira idade deve limitar-se só a três annos. Se n a Ilha de S- Do*

(41)

min:-m i n g o s , e outras paragens sitas n a min:-m e s min:-m a lati-» t u d , o algodoeiro nào chega a idade mais avan-çada, ou h é por ser plantado em t e r r e n o impró-p r i o , tal como o arenoso , ou impró-p o r q u e ainclemen-cia do clima lhe e n c u r t a a vida.

Nesta Província de P a r a n ã b u c , onde cul-tivo este gênero , h a veia de t e r r a , e m que o al-godoeiro vive dez , doze a n n o s , e mais , frutifi-c a n d o sempre frutifi-c o m o maior proveito do Agrifrutifi-cul- Agricul-t o r : eu os Agricul-t e n h o desAgricul-ta idade , p o u c o m a i s , ou m e n o s . Não conheço paiz a l g u m , o n d e o algodão c h e g u e a estes annos : logo a qualidade deste ter-r e n o deve-seter-r consideter-rada como a mais pter-rópter-ria pa-r a esta cultupa-ra. T e n h o obsepa-rvado , q u e as papa-rtes •*que melhor produzem o algodão , constão de

hu-m a hu-mistura ^ . . b a r r o , ( a r g i l a ) e t e r r a arenosa, quasi e m proporções iguaes , e caso d e haver con-siderável excesso e m algum destes dois compo-n e compo-n t e s , acompo-ntes seja a favor d a argila, do que da t e r r a arenosa , a qual sem esta mistura nunca c o n v é m à vegetação do algodoeiro : alguns Agri-cultores escolhem a t e r r a de barro ( argila ) ver-m e l h o ; ver-mas esta cór não deve servir de sinal c e r t o para julgar da sua b o n d a d e ; pois que a côr v e r m e l h a h e devida, a h u m pouco de oxido

ver-melho de ferro , o essencial h e que predomine

o barro , ou argila, seja esta colorada, ou não. Distinguem-se três qualidades d e t e r r e n o , e m que se costuma plantar algodoeiros; primei-r o , vaprimei-rgem , s e g u n d o , catinga, t e primei-r c e i primei-r o , aprimei-reiscol Chamào vargem às planícies que bordão os rios, e ribeiros; logra t a m b é m o n o m e d e vargem hu-m a planície sehu-m lohu-mbo alguhu-m ~ ainda que não se-j a retalhada de rio ; mas as primeiras são comra-zão

(42)

Sobre o algodão. 23 s ã o preferidas a estas pela sua melhor

producçâo. Catinga, e m todo o rigor do t e r m o , e n t e n d e -s e por h u m t e r r e n o cheio , ou cuberto de h u m a espécie de cássia , não descrita ainda por L i n e o , a que eu t e n h o dado o n o m e de moscata * m a s

lato modo t a m b é m se c h a m a catinga h u m

terre-n o c u b e r t o de outro qualquer arbusto baixo, co-m o h e olnarco-meleiro , velaco-me , Broterea velaco-me, e tem-se generalisadq- t a n t o este n o m e , que a t é c h a m à o hoje catinga e m algumas partes tudo o q u e não h e vargem , inda q u e seja c u b e r t o d e m a t a virgem : as catingas desta natureza são

pre-feríveis a todas as outras para a cultivaçâo do alg o d ã o , e pouco inferiores às varalgens; mas a c a -tinga de m a r m e l e i r o , ( 1 ) e as outras só servem, aos q u e não t e m outra qualidade de t e r r e n o , e m q u e p l a n t e m ; p o r q u e os algôdoeiros, plantados ahi, nào costumâo produzir mais de três annos , e ain-d a assim não pagâo ain-d i g n a m e n t e os ain-disvélos ain-d o Agricultor.

Areisco , como o n o m e o está i n d i c a n d o , cha-mào aquelle t e r r e n o quasi i n t e i r a m e n t e a r e n o s o , ou seja cuberto d e m a t o , ou calvo ; este dos t r ê s h e o peior.

E m tudo h e preferida a v a r g e m ; p o r q u e além d e outras bondades, conserva a frescura por m u i t o t e m p o , ainda depois d e acabadas as c h u v a s , qua-lidade , q u e não t e m os outros t e r r e n o s ; p o r q u e os altos, ainda que sejão de barro , dessecão l o -go , por s e r e m mais açoutados dos v e n t o s , e por-q u e • i •

-( 1 ) Esta planta também he huma espécie

de Broterea, a que os Európeos chamarão mar-* meleiro. pela apparçnçia de sua folha.

(43)

q u e as agoas depressa se escôão:os areiscoá , por-q u e , sendo de terra arenosa , deixa filtrar-se a agoa a través dos seus p o r o s , sem o mínimo em-baraço , e r e c e b e com a maior facilidade o calor dos raios do Sol.

Com tudo h e útil aos que cultivão com fà--brica grande , plantarem nos altos, e nas vargèns, p o r q u e os algodoeiros plantados n o alto chegao a o ponto de sua maturação p r i m e i r o do que os das v a r g e n s , cujo fruto h e s e m p r e mais tardio, e m razão da frescura do mesmo t e r r e n o , e por isso t e m o Agricultor t e m p o de o colher , em quan-t o esquan-te se p õ e m n o esquan-tado de madureza.

C A P I T U L O

IV-Do clima, ou temperatura doar, mais conveniente à vegetação do algodoeiro.

A

S regras , q u e a t é aqui t e n h o dado a respeito das qualidades do t e r r e n o , de nada aprovei-t a r i â o , se não ajunaprovei-tassemos aprovei-t a m b é m algumas re-flexões sobre o c l i m a , isto h e , sobre atemperie d a atmosfera mais c o n v e n i e n t e à cultura da nos-^sa p l a n t a ; pois q u e , plantando-se algodoeiros nas

qualidades de t e r r a s , que no capitulo anteceden* t e indiquei por melhores , sendo o clima , ou tem-perie do ar d e s c o n v e n i e n t e , não p o d e m dar lucro avultado.

N e s t e paiz não se distinguem , como na Eu-ropa , as quatro Estações c o n s t a n t e s , apenas se m a r c ã o d u a s , Verão , e I n v e r n o : c h a m â o Verão àquelle t e m p o , e m que nào chove , e I n v e r n o , a q u e U e , e m q u e as chuvas são mui a b u n d a n t e s ,

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Sobre o algodão. a i aindaque não haja frio algum ;* m a s , além disto,

eu distingo dois climas bem differentes , por cau-sa da construcção física da superfície do t e r r e n o . O n d e a superfície do t e r r e n o h e cheia de

multi-plicadas serras , quer seja beira m a r , ou n ã o , ahi as chuvas são mais a b u n d a n t e s , principião mais c e d o , acabão mais t a r d e , o ar h e q u e n t e , e humido ', vem-se alagadiços, p a ú e s , rios peren-n e s , foperen-ntes abuperen-ndaperen-ntíssimas, e i s t o , pelas razões físicas , q u e os F í s i c o s explicão : desta natureza h e toda a borda do m a r , principiando do Rio G r a n d e , do N o r t e para o Sul , P a r a í b a , Goia-n a , R e c i f e , A l a g o a s , B a h i a , e t c . E m toda esta extenção , com largura de 1 0 , 1 6 , e 20 l é g u a s , observa-se c o n s t a n t e m e n t e este clima chuvoso , e. h u m i d o ; do mesmo modo , do Ciará para o N o r t e , e ainda no interior dos C e r t õ e s , onde o cordão da serra , c h a m a d a B r u b u r e m a , multi-plica , e encapella os seus innumeraveis c a b e ç o s , e o m o , o Ybiapába, Cariri-Novo , e todo Piauj^g ; porque a tal serra da Bruburema , que considero, como espinhaço da t e r r a de toda a Capitania d e P a r a n ã b u c , fôrma h u m cordão de muitos c e n t o s d e léguas , sem interrupção a l g u m a : este c l i m a , q u e até aqui t e n h o descrito , c h a m ã o agreste.

O n d e não há esta multiplicidade de serras , e os campos são mais espaçosos , as chuvas não são t a n t a s , a t e m p e r i e do ar h e s é c c a , e q u e n -t e , c h a m ã o mimoso. Es-te h e o clima , o mais conveniente para a plantação do algodoeiro, ahi c r e s c e b e m , produz a b u n d a n t e m e n t e , com tan-t o , q u e se escolha a tan-t e r r a , q u e inculquei por melhor no capitulo a n t e c e d e n t e , ahi finalmente dura o algodoeiro 10, 1 2 , 1 4 , e mais a n n o s ,

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vendo cuidado de O cultivar, e t r a t a r , como adian-t e indicarei.

Nào acontece assim no clima q u e n t e , e hu-m i d o , ehu-me acihu-ma d e s c r e v i , a que chahu-mãoagres- chamãoagres-te ; ahi os algodoeiros adquirem h u m a constitui-ção pletorica , crescem b e m frondosos , as folhas m u i g r a n d e s , de h u m verde e s c u r o , enchendo o Agricultor pouco esperto d e esperanças vãs; porque não corresponde o fruto ao trabalho da c u l t u r a ; por mais c u i d a d o , e disvellos , com que se t r a t e m , jamais chegão a tocar aquella idade, dos que se plantão é m mimoso.

C A P I T U L O V

Da melhor maneira de plantar os algodoeiros.-\

D

Epois de bem limpo o t e r r e n o , que se inten-ta e n c h e r de algodoeiros, o p e r a ç ã o , que se faz neste paiz , desde Setembro até fins de No-v e m b r o , segue-se plantallos ; desta primeira ope-, ração já d e p e n d e a futura felicidade do Agricul-tor ; pois que a d i s t a n c i a , em que fica o algodoei* r o hum do o u t r o , influe sobre maneira na vege-tação.

Não precisa ter grandes instrucções da Fí-sica dos v è g e t a e s , para vir no conhecimento des-t a verdade ; basdes-ta nào fechar os olhos aos fenô-m e n o s , que a Natureza nos fenô-mostra a cada pas-: so. Se c a n e m sobre a t e r r a muitas sementes de qualquer v e g e t a l , amontoadas , ou apinhoadas, e chegão a nascer , c r e s c e m sempre fanadas; porque o terreno , que apenas seria sufficientfii p a i a nutrir h u m a só p l a n t a , se emprega em fazer

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Sobre o algodão. 27 vegetar muitas ao mesmo tempo , além de que,

o ar , que também serve por s i , e pela agoa, e humidade , que comsigo traz em dissolução, não pôde circular livremente entre ellas.

Se a Natureza não tivesse prevenido esta de-sordem , brevemente se teria acabado a continua-ção da producçào dos entes vegetativos ; ainda digo mais : que não duraria mais de três vidas, logo depois da sua creaçào ; pelo Ente Supremo; porque chegando os frutos ao ponto de sua ma-turação , e cahiudo as sementes amontoadas ao pé da arvore, que as produzio , nasceriâo sim ; mas como não são dotadas de livre movimento ,

{

>ara poderem , bem como os animaes , hirem ao onge procurar o seu nutrimento, depressa

mor-reriào ; porque de huma parte opouco nutrimen-t o , que o pequeno espaço de nutrimen-terra subminisnutrimen-tras- subministras-6e a tantos, da outra parte a sombra da mesma mãi , e delles mesmos , deverião forçosamente apressar-lhes a morte : para obviar pois este in-conveniente , que meios não buscaria a Sábia Na-tureza? Aninhou as sementes de huns em polpa doce, e saborosa , para que os animaes , obriga-dos p e l a fome , e alheia obriga-dos pela gula, as tirassem, do lugar do seu nascimento, e comendo por di-versas partes a polpa, espalhasse ao mesmo tem-po , ou semeasse a sua semente; a outras dotou de membranas lateraes , como as do til ( Tilia Lin.) para com ellas poderem voar ; a outras deu felpas curtas (papus), para com ellas voarem , a outras finalmente armou de farpas (Bidens), etc. para que, pegando-se aos animaes, que passassem, Jòssem depois cahir por diversas partes.

Pois se a Natureza tem procurado todos

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ses meios para s e m e a r , e plantar em convenien-tes distancias as p l a n t a s ; porque rasão havemos desprezar os d i c t a m e s , que ella m e s m a nos está d a n d o ? Quanto se engana o Agricultor preguiço, s o , q u e , q u e r e n d o aproveitar melhor o seu suor, planta maior n u m e r o de vègetaes , ou de algo-doeiros no t e r r e n o , que a l i m p a , p e n s a n d o , que q u a n t o mais plantar, mais c o l h e r a ! H e v e r d a d e , q u e em quanto as plantas são p e q u e n a s , tem vi-g o r , vevi-getào l i v r e m e n t e , lisonvi-geando a esperan-ça do Agricultor ; mas apenas começão a ficar anais frondosas , e espalhar seus ramos mais ao longe , tomando maior campo , h u m a á outra, m u t u a m e n t e se offendem, o seu t r o n c o , faltan-do-lhe ás circumstancias sobreditas , fica delga-d o , sem substancia, e o seu fruto por conseqüên-c i a deve ser p o u conseqüên-c o , conseqüên-correspondendo á m ã i , que © produz , como t a m b é m , deve ser de má qua-lidade. Além destes damnos palpáveis , ainda a q u e m não e x p e r i m e n t o u , causa a plantação de algodoeiros muito juntos , outro muito maior dam-110. que h e o de se não poder colher esse mesmo m á o f r u t o ; porque enlaçando-se os ramos dos al-godoeiros , huns com os outros , obriga a pessoa, que o colhe , a andar curvado por baixo , cuja posição extraordinária , além de fadigar, faz com q u e nào sejào vistas as cápsulas , ( maçãs ) que se achão sobre o seu teçume , o que causa numa grande perda. E u já vi a b a n d o n a r e m algodoães, carregados de frutos, não se atrevendo a conti-n u a r e m a colheita , por ter sido placonti-ntado muito junto.

Se , pelo contrario, h e plantado demasiadamen-t e largo h u m do oudemasiadamen-tro , perde-se boa pardemasiadamen-te do

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Sobre o algo'dão. 29 t e r r e n o , que se preparou , o que t a m b é m he'

p e r d a considerável para o A g r i c u l t o r ; para evi-tar pois estes dois i n c o n v e n i e n t e s , h e necessa-i r i o , que elle a t t e n d a á qualidade* da t e r r a , q u e cultiva; p o r q u e , vegetando os algodoeiros melhor* e m h u m a s , do que em outras , deve por c o n s e -q ü ê n c i a variar a distancia , e m -que se planta. Eu' t e n h o verificado, que nas vargens do lugar, em q u e cultivo os m e u s algodoeiros , a distancia mais p r o -p o r c i o n a d a , h e de 14 -pés h u m do outro;, nas

ca-tingas dê mata 8 , nos arei§cos , e nos lugares d o agreste de 6 pés , ou h u m a toesa , e q u e , além disto, a melhor o r d e m , em q u e se pôde p l a n t a r , h e em quincunce ; pois quey além de fòtmosear © algodoal '; o feitor com pouco trabalho p õ e m debaiixío da vista os e s c r a v o s , q u e colhem,, e q ú è -mondão : a mesma monda fica mais fácil , sem. fallar ainda em outras utilidades menores , q u e disto resultaõ. ,

Não posso deixar de fallar em h u m abuso muito prejudicial, que se t e m introdusido e n t r e alguns Agricultores! d e algodões , e h e o seguinte : alguns Agricultores , c o n h e c e n d o , que o p l a n -tar os algodoeiros m u i t o distantes , era prejudi-cial ; porque se perdia o trabalho da preparação de h u m a boa parte do t e r r e n o , e que ao m e s m o tempo havia igual , ou maior prejuiso em plan-tallos muito juntos , pensarão , que remediavão' esses dois i n c o n v e n i e n t e s , e que ao mesmo tem-po redundava em grande proveito s e u , plantan-do os algoplantan-doeiros no primeiro anno muito j u n t o s , para ho segundo anno a r r a n c a r e m h u m a fileira intermedia de algodoeiros, tendo-lhes primeiram e n t e colhido o f r u t o , paraassiprimeiram ficar primeiramais e a primeiram

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po aos que restão : eu t a m b é m estive persuadido da vantagem deste m e t h o d o ; p o r é m repetidas ex-periências m e tem feito notar , que o seu cresci-m e n t o secresci-mpre h * a c a n h a d o , cresci-m a i o r cresci-m e n t e , deven-do-se-lhe plantar pelos intervallos legumes , como feijões , m i l h o , até mesmo m a n d i o c a ; o que tu-do deve plantar o Agricultor de algodão , para fartura de sua c a s a , e n e m estas plantações lhe damnificão o seu algodoal ; p o r q u e em pouco t e m p o se colhem,,, e ficão os algodoeiros desafo-: g a d o s ; mas isto deve e n t e n d e r - s e , sendo os al-i godoeiros plantados n a proporcionada distancia, q u e acima referi.

O único instrumento agronômico , que deve servir na plantação dos algodoeiros , h e a encha-d a , e quatro pessoas, armaencha-das encha-deste instrumen-3 t o , bastão para plantar o maior campo d e algo-dão ; eu tenho simplesmente com este numero e m poucos dias plantado o c a m p o , q u e prepará-i rã o 5o trabalhadores e m h u m mez ; e n e m deve consentir maior n u m e r o , q u e m nâo.quizer intro-duzir ahi a confusão , e a desordem. Deve-se principiar por lhe fincar estacas distantes, humaa defronte das outras, naquella direcção, em que se quizer as ruas dos algodoeiros: de h u m a estaca a outra se e s t e n d a n u m a corda bastantemente c o m p r i d a , e hajão tantas, quantas são as enxadas; depois de estarem as cordas assim estendidas, devem principiar os das enxadas a abrirem as suas covas , que não devem ser mais profundas, do que quatro pollegadas , hindo c a m i n h a n d o to-dos na direcção das c o r d a s , cada h u m guiando-se pela sua , que escolheo ; logo sobre .os guiando-seusi passos devem seguir outros tantos plantadores,

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Sobre o algodão. 3 i ou s e m e a d o r e s , com h u m a vasilha , ou

escodel-la na m ã o , cheia de s e m e n t e de algodoeiro, e á proporção que os das enxadas forem abrindo as covas , estes devem hir deitando dentro os c a r o -ços , e cobrindo de terra com o pé , só quanta baste para cobrir s u f i c i e n t e m e n t e ; quando os das enxadas tiverem chegado ao fim das suas cordas , q u e os guiavâo, devem parar , e largando nesse lugar os seus instrumentos , d e v e m voltar para trás , para arrancar cada h u m a estaca , onde prin-cipiarão , e levalla c o m a ponta da corda , q u e nella estava a m a r r a d a , para diante , na m e s m a direcção , em que v i e r ã o , e depois de p o r e m as cordas na ordem , e modo , em que estavão, tor-narão aos seus i n s t r u m e n t o s , econtinuaráõ sem-p r e o seu trabalho , c o m este m e s m o m e t h o d o : q u e m m e t t e nos buracos á s e m e n t e , c o m m u m e n -t e são negras, por isso h e que m a n d o sempre , aos q u e andào com as enxadas , m u d a r as estacas ; p o r q u e èstès são n e g r o s , por isso mais ligeiros , q u e aquellas , q u a l i d a d e , que se r e q u e r para es-t e serviço não p a d e c e r demasiada demora. Mui-tos recusão plantar o seu algodoal por c o r d a , d o modo , q u e t e n h o d i t o , por não empregarem h u n s minutos de mais n a m u d a n ç a das estacas : mas e u t e n h o calculado que esta d e m o r a , no espaço d o trabalho de oito dias , vem á r e d u n d a r e m h u m dia de mais. Há Agricultores , q u e por isso recusão este m e t h o d o de plantar , mas estes são d o n u m e r o daquelles , que por evitarem hum pe-queno incómmodo p r e s e n t e , se privão de tantos bens futuros , funestos effeitos da preguiça, maior causa da p o b r e z a , e do descommodo da vida.

Muitas pessoas costumào plantar os seus ro-ça-.

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ç a d o s , ainda antes de chover alguns dias j*"quan-do a chuva não tarda mais de quinze dias , he b o m , porque nasce a semente quasi no mesmo d i a , e vão as plantas crescendo iguaes , o que não a c o n t e c e , quando se planta c o m c h u v a , ou es-tando já a terra molhada ; o algodoeiro commu-m e n t e gasta de 6 , 8 , até 1.0 dias ecommu-m nascer. Q u a n d o se planta em roçados n o v o s , ou de ma-t a virgem, e esma-tes ma-t e m sido b e m queimados , não t e m de ordinário neccessidade da primeira mon-d a ; porque, quanmon-do m u i t o , nasce n u m a espécie d e Convolvulus, c h a m a d a .vulgarmente Getirana, a qual deve-se arrancar á m ã o ; p o r q u e a enxada muitas vezes não faz, senão cortar r e n t e da ter-ra, o que não impede, que da raiz nasça nova ver-gontea, que, estendendo depois por cima dos no-: vos algodoeiros, lhes dá tão apertados garrotes, q u e chegão a quebrar os galhos , deitando muitas vezes o mesmo tronco sobre a terra , e quando n ã o há este estrago , h e para fazer ainda outro d a m n o m a i o r , que h e cobrillos com a sua folha-g e m , e, privallo das benifolha-gnas influenciais da luz, e d a atmosfera, vindo finalmente a m o r r e r abafa-dos desta herva inimiga ; pelo que deve o Agri-cultor; pôr o maior cuidado, em extirpar esta ruim casta dos seus roçados , logo desde que os plan-t a , e quando enconplan-tre algum algodoeiro , já aba-* fado c o m a Getirana, deve procurar, onde nasce o t r o n c o , para o arrancar , p o r q u e assim séccão os galhos, e folhas, ficando o algodoeiro livrei.

(52)

Sobre o algodão.' 33

C A P I T U L O VI.

Das operações , que se devem fazer aos algo-1

doeiros , para produzirem melhor qualidade , e maior abundância de algodão.

Tres operações- se devem praticar nos algodoei-ros , para os obrigar a produzir mais, e melhor fruto ; a primeira, he chamada Capação , a se-gunda, chamo Poda, a terceira , Decotação*

Da primeira operação, a que chamão

Ca-pação.

Q

Uando o algodoeiro novo chega á altura dei dois pés , ou dois pés e meio, cortão o olho , ou súmmidade das vergontas, principalmente as perpendiculares, para que os suecos nutriticios, ou ceva, retrocedào, e facão produzir galhosla-teraes , a esta operação chamão capar ; mas o Agricultor nào se deve contentar , jamais com capar huma só vez os algodoeiros ; porque então os ramos, que lanção, se elevão demasiadamen-te , pelo que , he de utilidade summa, repetir es-ta mesma operação, duas, ou tres vezes antes d e florecerem: o t e m p o , que deve mediar entre h u m a , e outra capação , he de dois mezes, cu-jo tempo he sufficiente , para que os galhos no-vamente produzidos , cheguem a huma altura proporcionada , e adquirào Imma consistência solida. .

Que utilidade pôde provir desta operação ? Eu descubro t r e s , muito essenciaes ; a primei-!

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r a , he de ficarem os algodoeiros ( quando se pra-tica esta operação , com todo o cuidado , que m e r e c e ) copados , e baixos , o que formoséa mui-to hum algodoal, formando h u m golpe de vista, t a n t o mais agradável, quanto h e i n g r a t o , sendo elles criados (deixe-me dizer a s s i m ) á sua vonta-d e , mostranvonta-do humas vergontas mais a l t a s , e ou-tras mais baixas , sem ordem.

A segunda utilidade , h e d e dar mais fruto, por meio desta o p e r a ç ã o ; porque , multiplican-do-se os ramos , forçosamente hão de produzir mais escapos, e por c o n s e q ü ê n c i a , mais cápsu-las , ( maçans, vulgarmente ) o que não aconte-c e , não sendo aconte-capados ; p o r q u e , ramifiaconte-cando me-nos , brotão mais diminuta quantidade de frutos.

A terceira utilidade , n ã o menos essencial, h e a facilidade , com q u e se escolhe o algodão nos algodoeiros c a p a d o s , por s e r e m baixos , ao contrario , a c o n t e c e , a respeito dos algodoeiros não capados , pois se elevâo até à altura de i 5 , o u 18 p é s , ao m e s m o t e m p o , q u e os primeiros não e x c e d e m a altura ordinária do h o m e m , con-forme a vontade , e cuidado de quem os culti-va: assim o Agricultor, sem o maior incommo-d o , ou t r a b a l h o , colhe os frutos incommo-d e s t e s , sem le-í são dos seus galhos. Bastão estas tres utilidades, para decidirem os Agricultores a capar os seus algodoeiros , da maneira indicada.

Muitos , ou para melhor d i z e r , a maior par-t e , espar-tão persuadidos das reaes upar-tilidades despar-ta operação ; mas a não executão como devem,

E

ois para economizarem dois , ou tres dias de tra-alho , ordenão aos escravos , quando mondào, que os- c a p e m ; estes , ou por d e s c u i d o , ou por.

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