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Manual - 6576 Cuidados Na Saúde Do Idoso

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Academic year: 2021

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6576

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Índice

Objetivos... 3 Carga horária... 4 1.Análise demográfica...5 1.1.Conceito e características...5 1.2.Envelhecimento demográfico...6

2. A problemática da prestação de cuidados ao idoso...8

2.1.A família como cuidadora informal...8

2.2.O isolamento... 10

3.Serviços de apoio à saúde do idoso emergente no mercado...12

3.1.Tipologia de serviços...12

3.2.Redes de suporte e recursos da comunidade (cuidados domiciliários)....16

3.3.O voluntariado e as redes informais de apoio...18

4.O processo do envelhecimento...21

4.1.Teorias do envelhecimento...21

4.2.Dimensões biofisiológicas do envelhecimento humano...25

4.3.Dimensões psicológicas do envelhecimento...27

4.4.Contexto social do envelhecimento...28

4.5.Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao processo de envelhecimento... 31

4.5.1.Comportamentos e atitudes...31

4.5.2.Estereótipos...32

5.Alterações na saúde do idoso...34

5.1.Alterações fisiológicas...34

5.2.Alterações psicossociais...36

5.3.Alterações nos hábitos de higiene...37

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5.5.Alterações na mobilidade...39

6.Características das situações de doença mais frequentes na pessoa idosa... 41

6.1.Doenças físicas...41

6.2.Alterações de Comportamento...43

6.3.Doenças degenerativas (demências)...44

7.Acompanhamento do idoso nas atividades diárias, promovendo a autonomia / independência da pessoa idosa...47

7.1.Alimentação... 47

7.2.Eliminação... 49

7.3.Higiene e hidratação...51

7.4.Sono e repouso...53

7.5.Controlo da dor e outros sintomas...54

7.6.A relação com o idoso (estratégias de comunicação)...56

7.7.A promoção da autonomia e independência...58

7.8.A prevenção de acidentes: quarto, cozinha, casa de banho, escadas...59

7.9.A importância da ocupação dos tempos livres e de ócio...62

7.10.A Higienização em casa...63

8.Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde...66

8.1.Tarefas que, sob orientação de um Enfermeiro, tem de executar sob sua supervisão direta... 66

8.2.Tarefas que, sob orientação e supervisão de um Enfermeiro, pode executar sozinho/a...68

Bibliografia... 71

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 Identificar noções básicas associadas ao envelhecimento demográfico e ao processo de envelhecimento.

 Caracterizar as novas estruturas de apoio à saúde do idoso emergente no mercado e respetiva oferta de serviços.

 Caracterizar os princípios fundamentais do processo de envelhecimento tendo em conta as dimensões biofisiológicas, psicológicas e sociais.

 Identificar as principais características das situações de doença mais frequentes na pessoa idosa.

 Identificar as especificidades a ter em conta nas atividades diárias do idoso.

 Reconhecer os fatores que contribuem para a promoção da saúde na pessoa idosa.

 Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e supervisão de um profissional de saúde.

 Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do profissional de saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.

 Explicar a importância de demonstrar interesse e disponibilidade na interação com utentes.

 Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite.

 Explicar o dever de agir em função das orientações do profissional de saúde.

 Explicar o impacte das suas ações na interação e bem-estar emocional de terceiros.

 Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar.

 Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua da qualidade, no âmbito da sua ação profissional.

 Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e saúde no trabalho assim como preservar a sua apresentação pessoal.

 Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos no âmbito das suas atividades.

 Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes públicos e culturas.

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 Explicar a importância de demonstrar segurança durante a execução das suas tarefas.

 Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas.

 Explicar a importância de desenvolver as suas atividades promovendo a humanização do serviço.

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1.1.Conceito e características

Se o envelhecimento biológico é irreversível nos seres humanos, também o envelhecimento demográfico o é, num mundo em que a esperança de vida continua a aumentar e a taxa de natalidade permanece em decréscimo.

Na ótica da análise demográfica, o envelhecimento é entendido como um fenómeno coletivo, possivelmente de natureza cíclica e não totalmente irreversível. Neste sentido, o envelhecimento encontra-se intimamente ligado à idade da população, não à idade cronológica mas sim à idade duma população, entendida como o resultado da distribuição por idades dos seus membros. O envelhecimento demográfico refere-se ao aumento progressivo dos indivíduos com idades avançadas relativamente ao grupo total de idosos. Neste contexto, uma população jovem será aquela que apresenta uma grande proporção de jovens e uma baixa idade média e uma população velha será aquela que apresenta uma grande proporção de velhos e uma elevada idade média.

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Contudo podemos considerar uma população velha quando a mesma apresenta uma forte proporção de velhos, mas também podemos considerar uma população envelhecida quando a proporção de jovens diminui.

1.2.Envelhecimento demográfico

O envelhecimento demográfico é um processo que não passa desapercebido à sociedade. Os idosos estão a tornar-se na Europa, e também em Portugal, uma população cada vez mais crescente. Este grupo adquire mais espaço, densidade, organização e força.

Esta força pode ser considerada em: força social, devido ao número de idosos, força cultural, pelos seus conhecimentos e experiência, força económica, pelo seus gastos e consumos, força política, pelo seu peso nas votações, força de intervenção, práticas de intervenção e desenvolvimento de atividades físicas pela sua disponibilidade e força ética, pelo seus (des)compromissos com determinados grupos étnicos.

Em primeiro lugar podemos referir que o envelhecimento demográfico é considerado um fenómeno social, em segundo lugar, um fenómeno biológico, tendo a marginalização, a rejeição social, a inatividade e a insegurança papéis marcantes no desenvolvimento do processo biológico do envelhecimento. O processo de envelhecimento demográfico encontra-se em crescimento. As razões apontadas para este aumento são: a redução da fecundidade, a diminuição da mortalidade e a migração.

Em Portugal, verifica-se uma redução da dimensão média da família portuguesa. Este facto está diretamente associado à redução dos índices de fecundidade, à diminuição do número de membros dos agregados familiares, refletindo uma importante alteração na composição das famílias e produzindo consequentemente alterações no domínio das relações pessoais, sociais e económicas e afetivas entre os seus membros, particularmente entre as gerações mais jovens e as mais idosas.

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Como consequência desta alteração, o cuidar das pessoas idosas, que anteriormente era uma “obrigação” dos familiares mais diretos passou progressivamente para as instituições de solidariedade social e para instituições privadas.

Se analisarmos as previsões para o ano de 2025, verificamos que o efeito da conjugação dos níveis de fecundidade, da esperança de vida e dos saldos migratórios condicionam o envelhecimento demográfico, com maior incidência na base da pirâmide.

Confirma-se o evidente fenómeno de envelhecimento até 2050, com igual evidência tanto na base como no topo da pirâmide, agravado pelo efeito do aumento da esperança de vida.

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Como o envelhecimento populacional é uma pretensão natural de todas as sociedades e estando estas sistematicamente a procurar estratégias para prolongar a vida humana, é da máxima importância proporcionar condições adequadas aos nossos idosos, fazendo com que eles se sintam ativos e importantes no meio em que estão inseridos.

2. A problemática da prestação de cuidados ao

idoso

2.1.A família como cuidadora informal

Os familiares e amigos são quem melhor conhece o idoso, tendo, por este motivo, maior probabilidade de corresponder às suas necessidades.

Organizado numa base informal, o apoio é influenciado pela evolução da estrutura e dinâmica familiares na sociedade atual, em que as relações são constituídas de modo a privilegiar valores como a autonomia e o individualismo, valorizando-se a realização pessoal/profissional de cada um e respeitando-se a sua privacidade.

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Tradicionalmente, cabia aos filhos tratar dos pais quando estes envelheciam. Posteriormente o Estado assumiu-se como promotor do bem-estar social, sendo os cuidados mediados por instituições e agentes com formação e especialização na área, com o objetivo de melhorar as condições de vida dos mais desfavorecidos e cujas redes de apoio informal se revelam fracas ou inexistentes.

Este conjunto de serviços e equipamentos pretende abranger as diferentes necessidades ou níveis de carência da população.

Inicialmente, as instituições apresentavam-se como detentoras de um conhecimento não acessível aos familiares, impondo os cuidados sem qualquer tipo de justificação.

Por volta dos anos 1970/1980, houve uma viragem: são revalorizados os programas centrados nos agregados familiares e num contexto comunitário, o que facilita o empenho geral e esbate a autoridade simbolizada pelos contextos oficiais.

No entanto, a intervenção tende a ser pensada e dirigida a uma só pessoa, mesmo assumindo que existem outros envolvidos: a família continua a ter de obedecer às prescrições profissionais, o que a torna “colaborante”, sem que as suas necessidades sejam de facto ouvidas e muito menos atendidas.

Estão definidos quatro modelos de articulação entre profissionais do apoio formal e família:

• Especialista - clássico, em que o técnico é a autoridade e a família tem a função de fornecer informação para que ele decida, devendo, depois, cumprir as indicações;

• Transplante - os técnicos partilham e transferem alguns dos seus saberes para os clientes, agindo como instrutores e consultores que guiam a vida dos outros;

• Negociação - baseada na abordagem consumista, coloca o cliente no papel de consumidor, reconhecendo-lhe direitos e exigências sobre o serviço prestado. Frequentemente estas são depois desvalorizadas e os

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clientes inferiorizados. É neste âmbito que, por exemplo, os familiares colaboram nas atividades num centro de dia;

• Parceria - a parceria implica uma associação de pessoas numa relação de igualdade, reconhecendo reciprocamente conhecimentos, capacidades e partilhando as tomadas de decisão na procura de consensos.

2.2.O isolamento

Ao acompanhar pessoas idosas, deve-se criar estratégias de cuidados, no sentido de desenvolver ao máximo, as características e comportamentos, que permitam um bom e adaptado desenvolvimento nesta faixa etária. Para o conseguir, deve-se ter em conta o seguinte:

Criar um clima de confiança e de segurança emocional. Esta atitude, encoraja as pessoas idosas a manterem uma imagem positiva deles próprios. Os cuidados prestados, devem ter por base o respeito pela pessoa idosa.

A pessoa idosa tem o direito de ser feliz, de praticar livremente a sua religião, de manter os seus valores espirituais e as suas relações sociais, sem que lhe sejam feitos juízos de valor. As pessoas de idade devem, portanto, ser encorajadas e valorizadas em todos os seus empreendimentos, sem serem substituídas nas funções que ainda podem desempenhar sozinhas, de forma a não criar situações de dependência que levam a uma diminuição da autoestima.

Deve-se evitar o isolamento da pessoa idosa. Muitas vezes, dadas as características da sua personalidade, é importante incentivá-lo a tomar iniciativas de relacionamento com os familiares e amigos.

Quando se acompanham pessoas idosas, há que tentar a todo o custo, trabalhar com a família, de forma a que colabore nos cuidados prestados. Muitas vezes, as pessoas idosas, fazem dos que os cuidam seus confidentes.

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Nestas situações há que saber respeitar a sua vontade, assegurando a confidencialidade.

Esta confidencialidade só poderá ser quebrada, através de um pedido de ajuda a um técnico de saúde, que saberá como encaminhar a situação, e ainda assim apenas se o facto de não se tomarem medidas atempadamente, essa situação puser em risco a vida do próprio, a vida da pessoa idosa ou a vida de um familiar

.

3.Serviços de apoio à saúde do idoso emergente

no mercado

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Apresenta-se em seguida uma caracterização sumária das várias modalidades existentes:

CENTRO DE CONVÍVIO

Conceito:

 Resposta social, desenvolvida em equipamento, de apoio a atividades sócio recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa das pessoas idosas de uma comunidade.

Objetivos:

 Prevenir a solidão e o isolamento;

 Incentivar a participação e potenciar a inclusão social;

 Fomentar as relações interpessoais e intergeracionais;

 Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização. Destinatários:

 Pessoas residentes numa determinada comunidade, prioritariamente com 65 e mais anos.

CENTRO DE DIA

Conceito:

 Resposta social, desenvolvida em equipamento, que presta um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sociofamiliar.

Objetivos:

 Proporcionar serviços adequados à satisfação das necessidades dos utentes;

 Contribuir para a estabilização ou retardamento das consequências nefastas do envelhecimento;

 Prestar apoio psicossocial;

 Fomentar relações interpessoais e intergeracionais;

 Favorecer a permanência da pessoa idosa no seu meio habitual de vida;

 Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização;

 Contribuir para a prevenção de situações de dependência, promovendo a autonomia.

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 Pessoas que necessitem dos serviços prestados pelo Centro de Dia, prioritariamente pessoas com 65 e mais anos.

CENTRO DE NOITE

Conceito:

 Resposta social, desenvolvida em equipamento, que tem por finalidade o acolhimento noturno, prioritariamente para pessoas idosas com autonomia que, por vivenciarem situações de solidão, isolamento ou insegurança necessitam de suporte de acompanhamento durante a noite.

Objetivos:

 Acolher, durante a noite, pessoas idosas com autonomia;

 Assegurar bem-estar e segurança;

 Favorecer a permanência no seu meio habitual de vida;

 Evitar ou retardar a institucionalização. Destinatários:

 Prioritariamente pessoas de 65 e mais anos com autonomia ou, em condições excecionais, com idade inferior, a considerar caso a caso.

RESIDÊNCIA

Conceito:

 Resposta social, desenvolvida em equipamento, constituída por um conjunto de apartamentos com espaços e/ou serviços de utilização comum, para pessoas idosas, ou outras, com autonomia total ou parcial. Objetivos:

 Proporcionar alojamento (temporário ou permanente);

 Garantir à pessoa idosa uma vida confortável e um ambiente calmo e humanizado;

 Proporcionar serviços adequados à problemática biopsicossocial das pessoas idosas;

 Contribuir para a estabilização ou retardamento das consequências nefastas do envelhecimento;

 Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação inter-familiar.

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Destinatários:

 Pessoas de 65 e mais anos ou de idade inferior em condições excecionais, a considerar caso a caso.

LAR DE IDOSOS

Conceito:

 Resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada a alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras em situação de maior risco de perda de independência e/ ou de autonomia.

Objetivos:

 Acolher pessoas idosas, ou outras, cuja situação social, familiar, económica e /ou de saúde, não lhes permite permanecer no seu meio habitual de vida;

 Assegurar a prestação dos cuidados adequados à satisfação das necessidades, tendo em vista a manutenção da autonomia e independência;

 Proporcionar alojamento temporário, como forma de apoio à família;

 Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação intrafamiliar;

 Encaminhar e acompanhar as pessoas idosas para soluções adequadas à sua situação.

Destinatários:

 Pessoas de 65 e mais anos ou de idade inferior em condições excecionais, a considerar caso a caso.

3.2.Redes de suporte e recursos da comunidade

(cuidados domiciliários)

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Existem, ao nível formal, centenas de instituições que disponibilizam serviços de apoio a idosos, públicas e privadas. Mediante as necessidades de cada caso e a análise de outros fatores poderá ser tomada uma decisão.

São igualmente relevantes medidas intersectoriais que têm vindo a ser implementadas para promover a segurança e qualidade de vida da população geriátrica:

Programa “Apoio 65 - Idosos em Segurança”

Em vigor desde 1996, visa promover a segurança dos idosos mais isolados através do policiamento de proximidade que valoriza a comunicação polícia--cidadão (em colaboração com a PSP).

Programa Idosos em lar (PILAR)

Criado por Despacho do Secretário de Estado da Inserção Social de 20 de Fevereiro de 1997, procura desenvolver e intensificar a oferta de lares para idosos, através, por exemplo, do realojamento de idosos oriundos de lares lucrativos sem condições de financiamento; do aumento da oferta em zonas com baixa cobertura deste serviço; da criação/remodelação de lugares dirigidos a utentes de Instituições Particulares de Solidariedade Social sem condições de financiamento.

Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII)

Criado por despacho Conjunto de 1 de Julho de 1994, dos Ministros da Saúde e do Emprego e Segurança Social, contempla um número significativo de serviços:

 Serviços de Apoio Domiciliário;

 Centros de Apoio a Dependentes/Centros Pluridisciplinares de Recursos -apoio temporário com vista à reabilitação de pessoas com dependência, assegurando cuidados diversificados com base em estruturas já existentes;

 Formação de Recursos Humanos – habilitar agentes, formais e informais para a prestação de cuidados; tecnologias, pretende diminuir o isolamento devido a problemas de saúde, questões geográficas, barreiras arquitetónicas. Através de uma central, permite a intervenção atempada em caso de emergência;

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 Saúde e Termalismo - permitir à população idosa o acesso a tratamentos termais e o contacto com meio social diferente, prevenindo o isolamento social;

 Passes para a terceira idade - sem restrições horárias para a população com mais de 65 anos, fomentando a sua mobilidade, integração social e participação na vida ativa.

Respostas Integradas que resultam da Articulação entre a Saúde e a Acão Social

Por Despacho Conjunto 407/98, de 15 de Maio, que estão na origem de:

 Unidades de Apoio Integrado (UAI) - centros que asseguram apoio ao longo de 24 horas a pessoas que necessitem de cuidados multidisciplinares que não podem ser prestados no domicílio;

 Apoio Domiciliário Integrado - (ADI) - que assegura a prestação de cuidados médicos e de enfermagem e a prestação de apoio social no domicílio visando a promoção do autocuidado.

Plano Gerontológico Local

Planeamento de serviços e projetos em função de grupos e zonas de intervenção prioritárias, feito por equipas multidisciplinares e intersectoriais, mediante as suas orientações de intervenção.

Programa de Conforto Habitacional dos Idosos

Inserida no âmbito do Programa Nacional de Acão para a Inclusão, começou a ser implementada no distrito de Bragança, com a reparação de 137 residências. As obras passam pela substituição dos telhados, chão, paredes, adaptação de cozinhas ou instalações sanitárias. Melhorando as condições básicas de habitabilidade, pretende-se possibilitar o serviço de apoio domiciliário e evitar a institucionalização e dependência.

Contratos Locais de Desenvolvimento Social

Pretendem combater a pobreza, aumentar os níveis de qualificação e prevenir situações que conduzam à exclusão social em áreas desqualificadas, industrializadas ou atingidas por calamidades, através do estabelecimento de parcerias de âmbito local, que podem envolver os serviços de emprego, de Acão social e instituições.

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Complemento solidário para idosos

Constitui-se num apoio financeiro de até 250 euros por cada período de três anos, destinado a medicamentos, óculos, lentes e próteses dentárias removíveis.

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Aprovado em Conselho de Ministros a 16 de Março de 2006, tem como público beneficiário as pessoas com dependência, visando diminuir o número de internamentos.

Os serviços disponibilizados incluem unidades de internamento (para convalescença, média duração/reabilitação, longa duração/manutenção e cuidados paliativos), ambulatório (unidade de dia e de promoção da autonomia), equipas hospitalares e equipas domiciliárias (de cuidados continuados integrados e comunitárias de suporte paliativo).

Prevê, inclusivamente, a possibilidade de institucionalização temporária em unidades de cuidados continuados de longa duração para que o cuidador possa descansar.

3.3.O voluntariado e as redes informais de apoio

A sociedade portuguesa continua a caracterizar-se pelos fortes laços de solidariedade familiar e comunitária. No entanto, os cuidados prestados pelas redes informais são muitas vezes resultantes de um sentimento de obrigação: a pressão social acentua o carácter negativo da institucionalização.

A retribuição do sacrifício dos pais, o querer corresponder a expectativas, transmitir o exemplo aos filhos ou não suportar a censura dos vizinhos, são, muitas vezes os principais motivos para reorganizar a vida familiar e integrar o idoso.

O cuidador informal será respeitado pelas concessões que fará perante as novas exigências do seu papel, embora raramente o assuma voluntariamente:

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estudos demonstraram que mais facilmente há ajuda quando não existe a perspetiva de encargo e dependência.

A contínua perda de autonomia do sénior ou a desistência de um antecessor, a viuvez, uma doença ou acidente inesperados, poderão despoletar a necessidade e o envolvimento progressivo.

A carreira de cuidador informal envolve 3 estádios:

 Preparação e aquisição do papel;

 Assunção das tarefas e responsabilidades relacionadas com os cuidados em casa e, eventualmente, numa instituição formal;

 Libertação da prestação de cuidados em resultado do falecimento do idoso.

Prestar apoio envolve sentimentos contraditórios, momentos de angústia, stresse e frustração. É um processo dinâmico que evolui reestruturando as relações prévias mediante as necessidades.

Embora todos tenham os seus contextos vivenciais, a dependência implica uma nova perceção de si e do outro, para todos os elementos do grupo familiar, alterando-se os poderes: para o idoso, esta é a sua incapacidade para realizar determinadas atividades básicas, enquanto que para o cuidador é o dever de o substituir nessas mesmas atividades.

Este sentimento é particularmente presente quando se entra na esfera da intimidade, sendo agravado pelo constrangimento mútuo.

Sendo a família um sistema, assumir a prestação de cuidados tem um impacto enorme sobre a sua estrutura e restantes relações. A nova divisão das tarefas, a reorganização de horários, responsabilidades e rotinas traz transtornos e poderá ser fonte de conflitos, quer para o cônjuge de quem cuida, quer para os filhos.

Por outro lado, a própria rede de cuidados tem carácter dinâmico, criando inclusões e exclusões, hierarquias e subordinações, definindo obrigações em função da proximidade subjetiva ou em termos de género, geracionais, nacionais, étnicos, raciais ou de classe e de estilo de vida.

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Conclui-se que as redes informais com base na família são limitadas em termos de eficácia e de resposta dado o seu carácter restrito: funciona pelos conhecimentos. Daí que seja essencial alargá-las, envolvendo amigos e vizinhos, sempre que possível, repartindo a sobrecarga e aliviando a pressão geral.

Em suma, em todo este processo, é essencial a proatividade. Do idoso, dos cuidadores, da família, dos amigos e da comunidade.

4.O processo do envelhecimento

4.1.Teorias do envelhecimento

A abordagem psicológica do envelhecimento considera que nem todas as mudanças que têm lugar se relacionam com o padrão biológico de envelhecimento, pelo que não é possível somente estabelecer-se uma relação

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linear entre a componente biológica e o envelhecimento global do indivíduo. Nesta linha, também as teorias que aqui se incluem não são justificativas das mudanças decorrentes da passagem do tempo, mas descritivas.

Teoria Psicossocial do Desenvolvimento da Personalidade (Erikson)

Esta teoria considera que o desenvolvimento resulta da interação dos fatores individuais e culturais, e que se processa ao longo de oito estádios. Representam momentos críticos no desenvolvimento do indivíduo ao nível do crescimento físico e sexual, da maturidade cognitiva e da adaptação e integração exigidas pelas constantes solicitações sociais.

São eles:

(i) Pequena infância (até aos 12/18meses); (ii) Primeira infância (12/18 meses - 3 anos); (iii) Idade do jogo (3 - 6anos);

(iv) Idade escolar (6 - 12 anos); (v) Adolescência (12 - 18 anos); (vi) Jovem adulto (18 - 35 anos);

(vii) Maturidade (35 - 65 anos; vida adulta); (viii) Velhice (após os 65 anos; vida adulta tardia).

Em cada um desses estádios há um conflito normativo, perante o qual o indivíduo tem que optar por uma de duas posições antagónicas (momento de crise).

A resolução ou não desse conflito contribui para a formação da sua identidade, apesar de cada estádio despontar de forma independente da natureza da resolução do estádio anterior.

Se resolvido com sucesso, surge o que Erikson denomina virtude. Considera-se que o desenvolvimento das crianças e adolescentes é relativamente universal, enquanto o dos adultos é díspar, dependendo muito mais das suas experiências pessoais.

Reflexo desta conceção é o facto de 3/4 do ciclo de vida estarem incluídos nos três últimos estádios propostos pela sua teoria.

Esta última fase corresponde à integridade do ego ou o desespero. Os adultos mais velhos (segundo Erikson, a partir dos 60 anos) precisam avaliar as suas vidas, resumi-las e aceitá-las, para aceitar a aproximação da morte.

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Aqueles que, ao fazerem esta análise, não encontram grandes motivos para orgulho pessoal e satisfação, tenderão ao desespero, por verem que o tempo já passou e não há mais condições para concretizar novos projetos e metas. Erikson argumenta que a pessoa não deve chegar a esta fase com o tormento de que “deveria ter feito” mais ou “poderia ter sido” melhor. A certeza de que viveu uma vida produtiva trará uma maior aceitação da hora da morte, que se avizinha.

Todavia, Erikson defende que um pouco de desespero é inevitável. Ele diz que as pessoas precisam de se “lamentar” – não apenas pelos próprios infortúnios e oportunidades pessoais perdidas, mas também pela “vulnerabilidade e transição da vida”.

Teoria psicossocial de Peck

Outro estudioso desta etapa do desenvolvimento psicossocial, Robert Peck, expande a teoria de Erikson, e descreve três ajustes psicológicos importantes para a fase final da vida:

1.Definições mais amplas do ego contra uma preocupação com papéis de trabalho

São aqueles que definiram suas vidas pelo trabalho, direcionando seu tempo à conquista de méritos profissionais pessoais;

2. Superioridade do corpo contra preocupação com o corpo

Aqueles para quem o bem-estar físico é primordial à existência feliz poderão ficar mergulhados no desespero ao enfrentarem a diminuição progressiva da saúde, com a chegada da terceira idade, e o surgimento das dores e limitações físicas.

Peck afirma que ao longo da vida, as pessoas precisam cultivar faculdades mentais e sociais que cresçam com a idade;

3. Superioridade do ego contra uma preocupação com o ego

Provavelmente o mais duro e mais importante ajuste para o idoso seja a preocupação com a morte próxima.

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O reconhecimento do significado duradouro de tudo que fizeram ajudará a superar a preocupação com o ego, e continuarem a contribuir para o bem-estar próprio e dos outros.

A vida deve encaminhar-se de tal forma que as preocupações com trabalho, bem-estar físico e mera existência não suplantem a mais importante reflexão que todos devem ter antes de chegar à velhice: entender-se a si mesmo e dar um propósito à vida.

Só assim, a velhice chegará sem traumas e será um período de orgulho das realizações e livre de frustrações, medos e desespero.

Teoria psicossocial de Bühler

CHARLOTTE BÜHLER propôs em 1943 um modelo psicológico pioneiro, precursor de ideias mais contemporâneas, como a teoria do curso da vida. A autora baseou-se em estudos de biografias analisadas segundo uma metodologia desenvolvida para revelar uma progressão ordenada de etapas, procurou determinar as várias fases do desenvolvimento humano desde o nascimento até à morte.

A primeira conclusão a que rapidamente chegou é que a vida da pessoa está em constante alteração devido a fatores biológicos, psicológicos e sociais. Cada fase caracteriza-se por mudanças em termos de acontecimentos, atitudes e realizações durante o ciclo de vida.

O desenvolvimento da vida humana processa-se por fases, que abrangem toda a sua extensão, conjugando a idade cronológica com processos que marcam momentos de expansão (infância), culminância (vida adulta) e contração (velhice), sendo o amadurecimento psicológico orientado e organizado por metas ao longo de todo o processo.

A quinta fase, que começa por volta dos 65 anos, é marcada, conforme os indivíduos, por um período de calma após a vida ativa, e a que corresponde também uma nítida decadência física e de elasticidade mental.

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É a época em que as profissões primitivas são substituídas por profissões parciais ou hobbies e em que muitas vezes se verifica a perda de um dos cônjuges.

Neste momento é clara a consciência que não mais lugar à realização de grandes objetivos e metas pessoais, por isso, o idoso muitas vezes reformula os seus objetivos restringindo-os a um plano mais concreto e imediato.

A autora concluiu, a partir dos seus estudos, que a sensação de não se ter alcançado e cumprido de forma satisfatória os seus objetivos era um fator mais importante que o declínio físico no desencadear de problemas de adaptação na velhice.

Neste aspeto, a teoria de Bühler vai ao encontro dos resultados da investigação mais recente no campo do desenvolvimento do adulto e idoso.

4.2.Dimensões biofisiológicas do envelhecimento

humano

As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do envelhecimento resultam de interações complexas entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se através de mudanças estruturais e funcionais:

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Com todo este leque de alterações, há inevitavelmente entidades patológicas que se tornam mais frequentes nos idosos.

Apesar de uma importante parcela deste grupo etário relatar estar bem de saúde e de se verificar alguma variabilidade de opinião relativamente às alterações mais prevalentes nos idosos, persiste a ideia que a maioria dos problemas de saúde são de carácter crónico e que, portanto, vão perdurar 15, 20 ou mais anos.

Outra ideia comum, e que tem sido confirmada por vários estudos, é que em relação a outras faixas etárias os idosos consomem muito mais do nosso sistema de saúde e que este maior custo não tem revertido em seu benefício. Isto leva-nos a pensar que o modelo existente de assistência aos idosos não se adequa à satisfação das suas necessidades. Os problemas de saúde dos mais velhos, além de serem de longa duração, requerem pessoal qualificado, equipas multidisciplinares, equipamentos próprios e exames complementares mais esclarecedores.

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O conhecimento desta problemática permite-nos perceber que os clássicos modelos de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, não podem ser mecanicamente transportados para os idosos sem que significativas e importantes adaptações sejam executadas.

Nesta perspetiva, torna-se urgente que as instituições promotoras de saúde se organizem no sentido de responder adequadamente às necessidades de saúde da população idosa.

4.3.Dimensões psicológicas do envelhecimento

O processo de envelhecimento envolve alterações ao nível dos processos mentais, da personalidade, das motivações, das aptidões sociais e aos contextos biográficos do sujeito.

Quer isto dizer que o envelhecimento, do ponto de vista psicológico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica (doenças e/ou lesões), de potencialidades individuais (processamento de informação, memoria, desempenho cognitivo, entre outras), com interferência do meio ambiente e do contexto sociocultural.

Segundo esta perspetiva, é necessário perceber a importância das formas de compensação, que cada um de nós utiliza/prepara para fazer face às perdas associadas ao envelhecimento, pois estas vão influenciar significativamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico do idoso.

A emoção é uma reação súbita de todo o nosso organismo, com componentes fisiológicas, cognitivas e comportamentais que permite ao sujeito se libertar das suas tensões.

Emoções de Fundo

São detetadas através de pormenores como a velocidade dos movimentos ou até a contração dos músculos faciais, pois comporta interferências de incitadores internos. Estas podem ser relatadas como o entusiasmo, tensão, calma, bem-estar e mal-estar

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Emoções Primárias

São universais e estão associadas a estados físicos. Podem ser relatadas como a alegria, tristeza, felicidade, medo, cólera, surpresa, raiva e repugnância. Emoções Sociais

Emergem devido à relação sociocultural e podem manifestar-se como a simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, inveja, ciúme, admiração e desprezo.

Características do envelhecimento emocional:

 Redução da tolerância a estímulos;

 Vulnerabilidade à ansiedade e depressão;

 Acentuação de traços obsessivos;

 Sintomas hipocondríacos, depreciativos ou de passividade;

 Conservadorismo de carácter e de ideias (rigidez mental)

 Atitude hostil diante do novo;

 Diminuição da vontade, das aspirações, da iniciativa;

 Estreitamento da afetividade.

É frequente que os idosos associem à idade avançada a melancolia e a tristeza devido a perdas afetivas, económicas, sociais e doenças crónicas.

4.4.Contexto social do envelhecimento

É comum ouvir que o estatuto do idoso na sociedade se alterou significativamente nos últimos anos, estando conotado de forma negativa, sendo o seu papel descurado e desvalorizado.

As comparações sociais vão traduzir-se numa hierarquia que pode ser de indivíduos no mesmo grupo (por exemplo, a família), ou dos vários grupos na sociedade (os jovens e os idosos, a população ativa profissionalmente e a inativa).

Quando se fala do estatuto do idoso, refere-se uma posição hierárquica que este ocupa no meio em que se movimenta. Se esta for elevada, a sua identidade social é positiva e tida como modelo.

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É esperado que a pessoa (ou grupo) se comporte de determinada forma, assegurando funções específicas. A uma alteração de estatuto poderá corresponder uma modificação considerável no papel que a pessoa desempenha para as redes sociais em que se movimenta.

Segundo a importância e repercussão que envelhecer tem numa determinada sociedade, assim são atribuídos em termos sociais diferentes significados ao que é ‘ser novo’ ou ‘ser velho’.

Esses significados diferem de cultura para cultura e de época para época, o que conduz ao surgimento de diferentes interpretações sobre a velhice.

Essas interpretações, construídas socialmente, têm relevância nas relações pessoais e sociais, tornando-se num indicador que diferencia os indivíduos: implicam a identificação ou a atribuição de características relacionadas com a idade que um indivíduo deverá possuir.

Esse processo funciona como uma ‘ferramenta de diagnóstico social’, com a qual se inferem as competências sociais, cognitivas, crenças religiosas e capacidades funcionais que devem estar presentes no indivíduo em função da sua faixa etária.

O indivíduo é, deste modo, caracterizado em várias dimensões:

Dimensão cognitiva

Qual o tipo de raciocínio, de preocupações e de sensibilidade do indivíduo.

Dimensão ideológica/normativa

Quais as obrigações e deveres que deverá ter. A maioria das sociedades possui ‘relógios sociais’, normas relativas a acontecimentos que devem ocorrer no ciclo vital do indivíduo e que regulam em que altura da vida deve realizar determinada ação ou deixar de exercer uma outra (entre os 20 e os 30 anos deve casar, ter filhos, assumir responsabilidades).

Dimensão interaccional

Qual o tipo de relações que deve estabelecer com os indivíduos da sua e outras faixas etárias.

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Qual a possibilidade de ser admitido ou não numa determinada organização em função da idade (aos 40 anos pertencer a uma coletividade para adolescentes ou a um de grupo de reformados).

Será o posicionamento do indivíduo nestas quatro dimensões (consequente da sua idade cronológica) que determinará a sua idade em termos sociais (se ‘ainda é novo para’ ou se ‘já é velho para’, na sociedade em que vive).

Esse mesmo posicionamento influenciará, também, a forma como o indivíduo se perceciona, resultante da comparação que faz entre si e os outros indivíduos do seu grupo etário.

4.5.Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao

processo de envelhecimento

4.5.1.Comportamentos e atitudes

Nas sociedades ocidentais, as atitudes sociais em relação aos idosos são predominantemente negativas, resultando na formação de preconceitos e que tendem a relegar os idosos a condições de incapacidade, improdutividade, dependência e senilidade, assumidas como características comuns da velhice. As atitudes que se tomam face ao idoso e á velhice são sobretudo de negatividade e em parte são responsáveis pela:

 Imagem que eles têm de si próprios

 Das condições e circunstâncias que envolvem o envelhecimento.

As atitudes negativas face aos idosos existem em todos os níveis sociais: intervenientes, beneficiários, governantes etc.

A falta de conhecimento científico dos profissionais da educação e da saúde, bem como a falta de esclarecimento às pessoas sobre os fatos inerentes ao

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envelhecimento, impedem a transformação de atitudes e de comportamentos em relação à velhice.

Enquanto que ontem:

 O idoso tinha um papel preponderante na estrutura social

 O idoso era considerado um depósito de sabedoria e cultura

 O idoso para além da autoridade familiar, era o transmissor de usos e costumes de geração em geração

 O idoso era respeitado e venerado por todos e mesmo depois de abandonar a sua atividade profissional, que mantinha até quase ao fim da vida, continuava a gozar de elevado “ Estatuto Social”;

Hoje verifica-se que:

 O idoso perde o seu estatuto social

 O idoso perde o lugar na família

 O idoso é visto como um ser indesejável numa sociedade de competição e de consumo

 O idoso é considerado um ser consumidor, porque não produz

 Os idosos são afastados dos planos sociais, culturais, económicos e políticos.

4.5.2.Estereótipos

O desconhecimento sobre o envelhecimento, por parte sociedade, conduz a falsas perceções que acabam por associar a velhice à doença, ao aborrecimento, ao egoísmo, à dependência, à perda de estatuto social, às rugas e cabelos brancos que acabam por levar os idosos à solidão, acelerando o processo de envelhecimento.

A Gerontologia tem vindo, recentemente, nas suas investigações, a dissipar alguns destes estereótipos face ao idoso, enquanto pessoa frágil, dependente, pobre, assexuado, esquecido, infantil, e contribuído para uma descrição mais realista do que é o adulto na última fase do ciclo vital.

Os mitos e estereótipos relativos à terceira idade são muitos e apresentam-se em frases, expressões que estão tão enraizados que por vezes se tornam numa realidade.

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Alguns dos mitos da velhice por parte da sociedade estão associados:

 Ao processo cronológico - progressivo, contrastando com a vitalidade de alguns idosos;

 À improdutividade - alguns idosos ainda mostram ter capacidade para fazer grandes obras;

 À senilidade - confundir velhice com doença;

 À inexistência de interesse e desejo sexual - realização de casamentos e vida a dois;

 Ao estado serenidade - conflitos e angústias/força e vontade de acompanhar a família;

 À deterioração da inteligência - o idoso apresenta várias formas de pensar e nostalgia;

 À desvinculação com o futuro - alguns têm interesse em aprender coisas novas, úteis;

 Ao isolamento e alienação - gosto pela convivência intergeracional e pela socialização;

 À inutilidade do viver - colaboração com os outros e com a comunidade, pela descoberta.

ESTEREÓTIPOS LIGADOS AOS IDOSOS

NEGATIVOS POSITIVOSDoençaMorte Solidão Perda de Memória Diminuição de Habilidades Físicas e Sensoriais  Sabedoria  Amabilidade  Generosidade  Solidariedade  Bondade

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5.1.Alterações fisiológicas

Os problemas associados ao envelhecimento biológico não têm que ser necessariamente corrigidos médica, cirúrgica ou farmacologicamente, visto fazerem parte do processo de adaptação. Embora os efeitos do envelhecimento sejam múltiplos e complexos podem, por vezes, serem modificados.

Para isso é necessário:

 Reconhecer as principais mudanças associadas ao envelhecimento biológico;

 Retardar os seus efeitos negativos ou diminuir o seu alcance;

 Evitar complicações mantendo uma higiene de vida revitalizante para o organismo.

Os idosos devem integrar os seus problemas físicos e as suas limitações na nova perceção de si próprios, e modificar o seu estilo de vida.

A prevenção é extremamente importante: os idosos têm de conservar uma atitude positiva quanto ao seu potencial de saúde, e as ajudantes de lar devem ajudá-los nesse sentido.

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O envelhecimento diferencial envolve preferencialmente os órgãos efetores e resulta de processos intrínsecos que se manifestam a nível dos órgãos, tecidos e células:

 A pele envelhece mais rapidamente que o fígado;

 As complicações vasculares afetarão principalmente o sistema cardíaco;

 A arteriosclerose acumulada por má alimentação, pelo stress e contaminação bacteriana, poderá ocorrer mais cedo ou mais tarde, de acordo com hábitos prevalecentes e resistência orgânica.

Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este não atinge simultaneamente todas as células e, consequentemente, todos os tecidos, órgãos e sistemas.

Cada sistema tem o seu tempo de envelhecimento, mas sem a interferência dos fatores ambientais há alterações que se dão mais cedo e se tornam mais evidentes quando o organismo é agredido pela doença.

A diminuição de função renal em cerca de 50% aos 80 anos - condiciona a farmacoterapia do idoso", "as alterações orgânicas a nível das mucosas digestivas, indiciam frequentemente problemas nutricionais.

A nível do sistema nervoso, existe fundamentalmente perda de neurónios substituídos por tecido glial, a diminuição do débito sanguíneo, com consequente diminuição da extração da glicose e do transporte do oxigénio e a diminuição de neuromodeladores que condicionam a lentificação dos processos mentais, alterações da memória, da atenção, da concentração, da inteligência e do pensamento.

Para além de tudo isto, temos ainda a considerar as diminuições orgânicas e funcionais, que originam significativas alterações na forma e na composição corporal com o decorre dos anos.

Talvez as condições mais relevantes a ter em consideração para a sobrevivência do idoso e para a sua qualidade de vida sejam, no entanto, a diminuição da sua reserva fisiológica e a consequente dificuldade na reposição do seu equilíbrio homeostático quando alterado.

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5.2.Alterações psicossociais

Infelizmente, muitos de nós quando falamos de pessoas idosas, temos imagens menos bonitas desta faixa etária, e facilmente confundimos a demência, que algumas pessoas idosas doentes apresentam, como uma sintomatologia inerente ao envelhecimento. Tal, no entanto, não corresponde à verdade.

Mas se existe um envelhecimento físico, que como já vimos é inevitável, será que existe um envelhecimento psicológico, cognitivo e social?

Sempre se acreditou que a velhice se traduzia por uma notável diminuição dos processos cognitivos. Nos últimos vinte anos, diversas investigações têm permitido matizar estas afirmações. Hoje podemos afirmar que é possível conservar a saúde mental até ao fim da vida, e que a maior parte das pessoas o conseguem.

A manutenção da saúde mental na pessoa idosa é, em parte, devida a um envelhecimento bem-sucedido, que a torna apta a controlar as tensões geradas pelo avançar da idade e pelas perdas que acompanham essa realidade.

Se envelhecer é tornar-se numa pessoa madura, conservar a maturidade adquirida no decorrer dos anos nem sempre é fácil. Os problemas psicológicos ligados ao envelhecimento raramente são causados pela diminuição das capacidades cognitivas. São sobretudo as perdas do papel social (ex.: reforma), as crises, as múltiplas situações de stress, a doença, a fadiga, o desenraizamento (ex.: colocação num lar), que diminuem a capacidade de concentração e de reflexão das pessoas idosas.

Envelhecer é também aceitar o inevitável, isto é, a perda gradual das funções orgânicas, a mutilação, a separação, o sofrimento, o confronto com o desconhecido e a morte.

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Adaptar-se ao envelhecimento, não é resignar-se, mas antes ter a inteligência de aproveitar tudo o que ainda se possui, para continuar em atividade e com um papel importante na família e na comunidade.

Envelhecer bem é aceitar a velhice e continuar a viver recorrendo a estratégias para conservar a auto estima é atingir a sabedoria e a serenidade para inventar uma nova maneira de viver.

Se a pessoa foi capaz de ao longo da sua vida ir-se adaptando às situações existentes, terá mais facilidade de entrar neste ciclo de vida, de uma forma mais saudável.

5.3.Alterações nos hábitos de higiene

A capacidade funcional corresponde a que o indivíduo possa cuidar de si próprio, desempenhando tarefas de cuidados pessoais e de adaptação ao meio em que vive. A capacidade funcional para desempenhar as tarefas do dia-a-dia, traz benefícios tanto para a saúde física e mental, como determina o bem-estar social.

Por mais independente que seja um idoso, os cuidados gerais que necessitam podem passar por alguma ou até muita ajuda externa. Um idoso pode precisar de ajuda para fazer a sua higiene pessoal, para ir às compras e/ou confecionar as suas refeições, para efetuar a limpeza da casa, para ir ao médico, ver o correio e pagar as contas, entre muitas outras tarefas do dia-a-dia.

A incorreta determinação do nível adequado de cuidados pode ter consequências potencialmente negativas. Se forem prestados cuidados mais intensos que os necessários, o idoso pode tornar-se mais dependente.

Por outro lado, se os cuidados forem menos do que os necessários, o idoso pode ser prejudicado na sua qualidade de vida. Não só os idosos sofrem consequências, mas também os prestadores de cuidados, que, de uma forma ou de outra, ficam sobrecarregados.

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O planeamento de intervenção deve ser feito de acordo com as necessidades reais. Para que o envelhecimento seja uma experiência bem-sucedida há que promover a autonomia e independência.

5.4.Alterações nos cuidados de alimentação

Muito embora o sistema gastrointestinal sofra muitas modificações ao longo do processo de envelhecimento, estas não alteram profundamente o seu funcionamento. A digestão e a mastigação poderão estar comprometidas devido ao mau estado dos dentes e dos maxilares.

O sentido do paladar altera-se, devido à diminuição do número de papilas gustativas, pelo que a comida deixa de ter tanto sabor, o que provoca muitas vezes falta de apetite. Verifica-se igualmente uma redução do olfato.

O reflexo de deglutição funciona menos bem, pelo que as pessoas idosas engasgam-se com muita facilidade. A diminuição da produção de saliva, contribui para que as pessoas idosas se queixem de sensação de secura da boca.

A produção das enzimas responsáveis pela digestão diminui. Esta situação, associada a uma má mastigação dos alimentos, leva ao aparecimento de dores epigástricas e a cãibras digestivas. O fígado atrofia-se levando a uma dificuldade na absorção das gorduras.

A capacidade de absorção intestinal altera-se, levando a uma diminuição efetiva da nutrição. A diminuição da mobilidade intestinal tem como consequência a obstipação muito usual nas pessoas idosas.

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As alterações ao nível do sistema osteoarticular são as que aparecem mais rapidamente e são responsáveis pelas alterações não só da aparência e da estrutura física, mas também, do funcionamento do organismo.

Todos os músculos do organismo se atrofiam com o tempo, levando a uma deterioração do tónus muscular e a uma perda de potência, de força e de agilidade. Esta deterioração é responsável pelo tremor das mãos, das mandíbulas e lábios, bem como dos membros inferiores.

Também as articulações sofrem mudanças, os ligamentos calcificam-se e as articulações tornam-se mais pequenas devido à erosão das superfícies articulares. Enquanto ao longo do processo de degeneração algumas articulações se tornam menos flexíveis, outras há que, pelo contrário, se tornam mais flexíveis e hiperelásticas.

A osteoporose, para além de provocar fraturas fáceis, é também responsável, pela perda de dentes. Esta perda relaciona-se com um processo de inflamação e de reabsorção do osso em torno do dente (parecido com a osteoporose). Esta reabsorção óssea dos maxilares e da mandíbula vai-se acentuando com a queda dos dentes, reduzindo a distância entre o queixo e o nariz. Estas alterações modificam com o tempo a fisionomia da pessoa idosa.

A redução da altura é também um fenómeno do envelhecimento, que consiste no “encolher” da coluna vertebral, de 1.2 cm a 5 cm, devido ao estreitamento das vértebras dorso-lombares associado também à osteoporose. Este “encolher” da coluna cria um efeito de desproporção, uma vez que os braços e as pernas mantêm o mesmo comprimento.

Por outro lado, provoca um desvio da parte superior do tórax e uma acentuação da curva natural da coluna vertebral, denominada “cifose”. Para manter o equilíbrio a pessoa idosa tem de se inclinar para a frente de forma a manter o centro de gravidade.

Com este encurvar de coluna, a caixa torácica diminui também de volume e as costelas deslocam-se para baixo e para a frente. Esta redução da caixa torácica, associada à atrofia dos músculos respiratórios, diminui a amplitude

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respiratória, e a largura dos ombros. É responsável pela posição do corpo inclinada para a frente, contrariada pela inclinação da cabeça para trás.

6.Características das situações de doença mais

frequentes na pessoa idosa

6.1.Doenças físicas

As alterações de estrutura e as perdas funcionais ocorrem em todos os órgãos e sistemas do corpo humano. No entanto, os principais problemas de saúde

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dão-se a nível de sistema nervoso central, aparelho locomotor, sistema cardiovascular e sistema respiratório.

Viver mais tempo aumenta as probabilidades em 80% de contrair uma ou mais doenças crónicas, bem como limitações físicas incapacitantes. Em muitos casos é difícil de distinguir quando se trata de alterações decorrentes do processo de envelhecimento ou se são manifestações patológicas.

De qualquer modo, os principais efeitos do processo de envelhecimento e/ou doença crónica manifestam-se ao nível:

 Cardiopulmonar;  Músculo-esquelético;  Cutâneo;  Neurológico;  Padrão do sono;  Função intestinal;  Função genito-urinária;  Função hepática;  Renal;  Endócrino.

Existe de facto uma relação estreita entre incapacidades e idosos, mas para as três condições mais frequentes dessas incapacidades em pessoas com mais de 65 anos são: artropatias, hipertensão arterial sistémica e cardiopatias, numa relação de prevalência de 47,2%, 41,4% e 30,4%, respetivamente.

Deve ser ressalvado que a presença de múltiplas afeções associadas na mesma pessoa (situação frequente nos idosos) aumenta a probabilidade de incapacidade para uma ou mais atividades de vida diária (AVD).

Estas incapacidades estão a tornar--se cada vez mais prevalentes e têm importância crucial, na medida em que não têm diagnóstico de resolubilidade rápida e absorvem grandes quantidades de recursos materiais e de profissionais especializados (nomeadamente de reabilitação).

Isto leva-nos a pensar que o modelo existente de assistência aos idosos não se adequa à satisfação das suas necessidades. Os problemas de saúde dos mais velhos, além de serem de longa duração, requerem pessoal qualificado,

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equipas multidisciplinares, equipamentos próprios e exames complementares mais esclarecedores.

6.2.Alterações de Comportamento

O funcionamento mental do ser humano liga-se às emoções e ao ambiente que o rodeia. Diversos fatores podem então influenciar de diferentes maneiras, o aparecimento de problemas emotivos nas pessoas idosas.

Os principais problemas de saúde mental que existem nas pessoas idosas são:

 A depressão  A ansiedade  O isolamento  O suicídio  Perturbações do sono  O alcoolismo.

Não podemos esquecer que existem também alterações mentais causadas por medicamentos ou outras intervenções que visam a cura ou o tratamento das pessoas idosas (causas iatrogénicas) assim como, devido ao stress relacionado com o internamento (hospital, lar).

Examinemos, mais profundamente alguns dos fatores que podem causar problemas psicológicos:

 O estado de saúde física - Existem pessoas que têm a capacidade de se julgarem saudáveis, ainda que apresentem algumas patologias crónicas ou agudas. Estas pessoas têm a capacidade de se adaptarem às suas limitações, não deixando de se divertirem ou participarem em atividades sociais. Outras há que se julgam doentes, mostrando tendência para ficarem em casa, na cama, caminhando rapidamente para uma situações de doença. Assim, mais importante do que o estado de saúde é a perceção que cada um tem da sua própria saúde.

 A mudança de papel - A passagem de um papel tradicional e utilitário tanto para a família como para a sociedade, para um papel mais passivo

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traz habitualmente problemas psicológicos. Para se ultrapassar esta fase é necessário que a pessoa idosa adquira novos papéis, mantendo-se ativa e útil. A falta de ocupação tem efeitos nefastos sobre a perceção de si, e pode conduzir à depressão.

 O estatuto familiar e conjugal – A família e os amigos constituem muitas vezes a principal rede de suporte das pessoas idosas. A sua separação da família ou dos amigos, qualquer que seja a causa, leva à solidão, que por sua vez vai aumentar a insegurança e bloquear seriamente a capacidade de adaptação.

 A personalidade - O indivíduo que ao longo da sua vida sempre demonstrou capacidades de adaptação continua a conseguir adaptar-se a situações de privação ou de stress.

Pessoas com personalidades menos fortes, reagem de forma diferente e vivem um sentimento de impotência face ao envelhecimento e ao impacto que tem na sua vida.

Uma vez que o cérebro é o órgão mais importante do nosso corpo, uma diminuição no seu desempenho é vivida de forma dramática pelo próprio e pela família. As mudanças intelectuais, relacionadas com o envelhecimento, têm a ver com alterações de certas funções e não com alterações da inteligência. As funções mais atingidas são: a memória, o tempo de reação e a perceção.

6.3.Doenças degenerativas (demências)

O termo demência é utilizado geralmente para a deterioração mental. Indica decadência das funções intelectuais tais como: memória, capacidade de julgamento, poder de decisão e as várias funções de perceção, associação e execução da mente.

Muitas vezes, os primeiros sinais de demência são tão discretos que passam despercebidos ao médico e à família. Geralmente inicia-se por um défice de memória, principalmente da memória a curto prazo. Pode-lhe estar associada a

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perda de iniciativa, irritabilidade, dificuldade em tomar decisões e incapacidade na realização de atos comuns.

As causas de demência podem ser várias: pode ocorrer após traumatismo, pode estar associada a lesões cerebrais, ou pode secundar a arteriosclerose, doenças tóxicas como o alcoolismo e a adição de drogas.

Estes doentes, para além de terem necessidade de ter um acompanhamento médico, não deverão ser deixados sozinhos. No caso das pessoas idosas, muitas vezes, podem ocorrer situações graves, como por exemplo esquecerem-se de apagar o lume, saírem para a rua e perderem-esquecerem-se, ou ingerirem medicamentos em quantidade excessiva. O acompanhamento por uma pessoa de família ou quem a substitua é, portanto, indispensável.

Muito embora seja difícil e por vezes impossível ter uma conversa dita “normal” com uma pessoa demente, deve-se ter o cuidado de não alimentar o discurso incoerente que apresenta. Assim, deve-se sempre tentar trazer a pessoa para a realidade, explicando o que efetivamente se passa.

A doença de Alzheimer ou demência senil, é um distúrbio, do qual ainda não se conhecem as causas, caracterizado por uma perda gradual das funções intelectuais.

Esta doença tem um princípio insidioso, com evolução gradualmente progressiva e que atualmente é irreversível. A alteração da memória pode ser o único sintoma deficitário, numa fase inicial da doença. Pouco a pouco, discretas alterações da personalidade podem surgir e o doente vai-se tornando menos espontâneo, ou seja, mais apático.

Posteriormente aparecem alterações de comportamento, como fugir de casa e não saber o caminho de volta, como a falta de cuidado com a aparência e a higiene corporal. Mais tarde surge a depressão e em alguns casos o delírio. Não há tratamento específico para esta doença. O médico vai acompanhando a situação de forma a minorar ao máximo a sintomatologia presente.

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É fundamental o acompanhamento destes doentes, em todas as atividades de vida diária, não descurando nunca a atenção afetiva, extremamente importante para a não agudização da doença.

7.Acompanhamento do idoso nas atividades

diárias, promovendo a autonomia /

independência da pessoa idosa

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7.1.Alimentação

As refeições devem constituir-se como momentos de prazer e de convívio do cliente.

O responsável pelo processo deve definir as regras para o apoio na alimentação, segurança e promoção da autonomia dos clientes. As regras definidas deverão considerar as diversas necessidades e tipos de clientes. Os colaboradores deverão promover sempre a autonomia do cliente, entre outras formas, estimulando-o a decidir o que quer comer, de acordo com a ementa, e a tomar a refeição sozinho.

Sempre que o cliente necessite de ajuda de 3ª pessoa para tomar uma refeição, os responsáveis devem assegurar que os seus colaboradores estão qualificados para o exercício desta função, administrando sempre que necessário informação, formação e sensibilização adequada para cada caso particular, devendo:

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• Promover a autonomia do cliente e respeitar as suas preferências e necessidades individuais;

• Aquecer os alimentos que não se encontrem à temperatura indicada ou que não satisfaçam o cliente;

• O colaborador deve possuir uma atitude calma e pausada, respeitar o ritmo do cliente, não apressando a refeição e colocar pouca comida no garfo ou colher para salvaguardar uma boa mastigação e deglutição dos alimentos. O colaborador deverá limpar a boca do cliente, sempre que necessário e posicionar-se de frente para o cliente.

• Aumentar a consistência dos líquidos (p.e., chá, café, sumos, sopas, etc.), sempre que o cliente tenha dificuldades em engolir, através de espessantes, ou seja de produtos de preparação fácil e instantânea, sem paladar e que mantenham constante a espessura dos líquidos ao longo do tempo, não lhe retirando o seu aspeto atrativo;

• Ter especial atenção e formação nos casos em que os clientes necessitam de cuidados particulares como é o caso da alimentação nasogástrica;

• Apoiar o cliente após a refeição na higiene básica (p.e., limpar mãos e cara) e na higiene oral.

7.2.Eliminação

Para se manter saudável, o organismo, deve eliminar os produtos resultantes do metabolismo. A este processo chama-se eliminação. Existem dois tipos de eliminação a intestinal e a vesical.

No que diz respeito à eliminação intestinal, podem surgir duas situações distintas:

 Incontinência intestinal

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Por vezes, a primeira situação é provocada pela segunda, tendo como causa principal a hiperextensão (alargamento) do esfíncter anal, após longo tempo de passagem de fezes duras e grossas.

As pessoas idosas, normalmente, preocupam-se em excesso, com os seus hábitos intestinais e ficam muito preocupados quando não evacuam diariamente. Daí, recorrerem, com frequência, ao uso de laxantes.

Aquele uso e abuso, as alterações dos hábitos alimentares e a diminuição da atividade física, agravam a situação de obstipação.

É por isso, importante que a pessoa idosa adquira hábitos intestinais regulares, mas não só à custa do uso de laxantes.

Ações a desenvolver:

 Observação e registo das características das fezes (cheiro, cor, textura)

 Estimular a adequada ingestão de líquidos (a que a pessoa idosa, normalmente, não é muito recetiva).

 Incentivar a pessoa idosa para que tenha uma dieta equilibrada, e neste caso, rica em fibras (estas estimulam os movimentos dos intestinos).

 Estimular a pessoa idosa à atividade física, contrariando uma vida sedentária (parada).

 Ajudar a pessoa idosa a estabelecer um horário de eliminação das fezes. Muitos idosos apresentam incontinência urinária. Quer isto dizer, que há emissão involuntária de urina. Esta situação é muito desagradável para a pessoa idosa, que para além do desconforto físico, sente-se humilhada, diminuindo a sua autoestima.

Ações a desenvolver, para a incontinência irreversível:

 Ajudar a pessoa idosa a assumir a existência de um problema de incontinência, sem sentimentos de culpa, medos ou vergonha.

 Aceitar a verbalização da sua raiva e mudanças de humor, mostrando-lhe que o compreende e que se estivesse no seu lugar, teria as mesmas reações.

 Incentivar a pessoa idosa e família a manterem a participação social ativa, prevenindo o isolamento.

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 Aconselhar o uso de cuecas/fraldas para incontinência, pois evitará que molhe a roupa e sentir-se-á mais à vontade. Para além disso, esta precaução evitará a propagação do mau cheiro e permite à pessoa idosa manter a sua vida social.

 Arejar o quarto e mantê-lo sempre limpo, de forma a anular o cheiro intenso a urina.

Ações a desenvolver, para a incontinência reversível:

 Ajudar a pessoa idosa a assumir a existência de um problema de incontinência, sem sentimentos de culpa, medos ou vergonha.

 Aumentar o consumo de ingestão de água até 2l/dia, se o seu estado de saúde o consentir.

 Incentivar a pessoa idosa a fazer exercícios de tonificação do detrusor.

 Evitar a ingestão de líquidos diuréticos, como por exemplo: café, chá, sumo de toranja, cacau e álcool. Ter em atenção que deve ir à casa de banho cerca de meia hora depois de ingerir líquidos.

 Conduzir regularmente a pessoa idosa à casa de banho, particularmente ao acordar, antes ou depois das refeições, ao deitar e 30 minutos antes da hora habitual da incontinência. Isto implica a monitorização das micções involuntárias

7.3.Higiene e hidratação

A independência na satisfação da necessidade de estar limpo, cuidado e proteger os tegumentos permite ao ser humano manter a saúde física e emocional.

Pontos importantes a ter em atenção, quando se dá um banho:

 Se o banho for tomado na casa de banho, colocar um tapete de borracha na base da banheira, para evitar quedas.

 A temperatura da água deve ser ao gosto do idoso/doente.

 Manter uma temperatura do ambiente agradável e verificar que não existem correntes de ar.

 Se o idoso/doente preferir banho de chuveiro, não contrariar, uma vez que não possui contraindicações.

Referências

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