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UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO DAS USUÁRIAS DO PROJETO LAÇOS MATERNOS NO MUNICIPIO DE VÁRZEA GRANDE: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

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EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

Patrícia Magalhães Pereira¹; Leicy Lucas de Miranda Vitório²

¹ Estudante do curso de Serviço Social do Centro Universitário de Várzea

Grande. Email: patiez11@hotmail.com; ² Professora Orientadora. Email:

leicyvitorio@hotmail.com

Resumo:

Este estudo apresenta uma análise da participação das usuárias do Projeto Laços Maternos. O projeto é uma iniciativa municipal que se destina ao atendimento de mulheres gestantes atendidas pelos benefícios eventuais proteção social básica, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), previstos pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Intencionamos dialogar junto às usuárias sobre sua participação, o índice de satisfação, nível de assiduidade, entre outros. A partir de observações e intervenções realizadas durante o estágio supervisionado em Serviço Social na Secretaria Municipal de Assistência

Social de Várzea Grande – Mato Grosso (SMAS), setor de Proteção Social Básica no

período de Agosto de 2015 á Junho de 2016.

Palavras-Chave: Usuárias; Assistência Social; Benefícios eventuais; Participação; Serviço Social.

INTRODUÇÃO

Este artigo discorre sobre um dos eixos estruturantes do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a participação popular do cidadão usuário. Constrói-se aqui, o conceito como primordial e estratégico para a organização da Política de Assistência Social, perspectiva esta que exige um novo olhar que permita a compreensão dos fatores que levam diferentes grupos a situações de vulnerabilidade e risco social.

O conceito de participação vai além do significado aplicado a um grupo ou movimento social, mas nela deve se apoiar uma perspectiva de análise e intervenção que o tome como um campo de forças e relações sociais que visem também o fortalecimento da cidadania além de garantir direitos e deveres que a participação dos mesmos como sujeitos do processo democrático. A participação também deve ser reconhecida como um direito aos usuários da política no processo de expansão da cidadania, fazendo assim necessária a participação dos mesmos logo que para que se alcance a democratização do Estado e a garantia dos direitos, os usuários devem romper com o estigma de despolitizada e estabelecer ações para que o real significado de participação seja alcançado.

Este estudo, portanto, tem por objetivo relatar também as experiências de aprendizado e suas vivencias de estágio curricular obrigatório, realizado na Secretaria

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Municipal de Assistência Social (SMAS) de Várzea Grande-MT, a oportunidade de conhecer e refletir a realidade da profissão e reconhecer também as possibilidades e limites das respostas profissionais mediante o enfrentamento das expressões da questão social, tendo como intuito o de conquistar a capacitação ao exercício profissional do trabalho.

1 METODOLOGIA

Este estudo é de natureza qualitativa com caráter exploratório e bibliográfico, tendo como principais fontes bibliográficas os autores Boschetti (2003), Bovolenta (2011), Fernandes; Hellmann (2016), Lopes (2006), dentre outros, que se dedicam ao estudo e a pesquisa abordada neste artigo.

A utilização da pesquisa bibliográfica é indicada, pois “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não recomenda-se trabalhos oriundos da internet (GIL, 2008).

Adotou-se ainda, a pesquisa documental, recorrendo a relatórios e documentos oficiais disponibilizados pelo setor de Proteção Social Básica de Várzea Grande. Pois:

É muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas etc. (GIL, 2008, p.70)

Quanto ao tipo de instrumento utilizado na pesquisa, optou-se pela entrevista, com questionário semi estruturado, aplicados junto às participantes do Projeto Laços Maternos no período de Março a Abril de 2016.

O questionário foi aplicado em duas unidades do CRAS do município de Várzea Grande, pois a primeira unidade não contava com um índice de participação esperado.

O estágio compreende o período de Agosto de 2015 á Junho de 2016, período o qual oportunizou o conhecimento e acompanhamento das ações do referido projeto.

Em Minayo (2009, p.14), entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Sendo assim, após observação, analise institucional, o levantamento teórico e documental, o cotidiano socio-ocupacional nos conduz as ações interventivas em campo de estágio.

Utilizou-se a pesquisa documental, realizada através das fichas de inscrição disponibilizadas pelas oficinas do projeto, quantas gestantes participam das oficinas e em quais unidades do CRAS, e se as mesmas residem próximas às unidades. Durante os

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encontros são realizadas roda de conversa e/ou dinâmicas em grupo com as mulheres a fim de levantar um debate sobre determinado tema, aonde se tem a possibilidade de permitir que as mesmas reflitam acerca da temática já definida.

Assim, iremos apresentar algumas das informações e dados levantados durante a intervenção no estágio curricular.

2. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E OS BENEFICIOS EVENTUAIS

A instalação da Seguridade Social Brasileira, e nesta a inclusão da Assistência Social como política constitutiva, aponta um novo cenário para o sistema de proteção social brasileiro, que foi o seu afastamento do assistencialismo, em que repousa a sua origem na assistência social. A inclusão da assistência social na Constituição Federal aprovada em 1988 (CF/88), revela o tardio, mas necessário reconhecimento desta política como direito do cidadão e dever do Estado.

Como vimos o caráter inicial e apontado na história da Assistência Social, foi, portanto, o da não obrigatoriedade estatal, que acabou gerando uma enorme persistência do Estado e da sociedade em geral, entendê-la como direito, sendo corrente a sua interpretação como ajuda, mesmo depois da CF/88.

Desse modo, afirma-se que:

Desfalcada de uma legislação que a amparasse, carente de normas e procedimentos claros de planejamento e gestão, utilizada como moeda clientelista e facilmente apropriada pela filantropia voluntarista, a assistência constituiu-se, historicamente, como “parente pobre” das demais políticas sociais brasileiras, destinando suas ações a categorias específicas, configurando-se como política não obrigatória e sendo constantemente subalternizada (BOSCHETTI apud YAZBEK, 2003, p. 78).

Portanto, a CF/88 configurou um marco no processo de emergência e compreensão de uma nova concepção de Assistência Social, embora, do ponto de vista concreto isto se dê com, mais clareza a partir do estabelecimento e construção de bases legais e reais para a legitimidade e operacionalidade dessa política a partir da década de 1990.

Desse modo, destaca-se a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), n° 8.742, promulgada em 1993, que diz respeito à legislação que regulamenta a assistência enquanto política social.

Contemporaneamente, damos destaque, a edição da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004, que apresenta de forma elaborada o conteúdo da assistência social enquanto um dos pilares da seguridade social. E traz, ainda, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em 2005, que materializa o conteúdo da LOAS e da PNAS, viabilizando “uma normatização, organização, racionalização e padronização dos

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serviços prestados, inclusive considerando as particularidades regionais e locais” (MOTA; MARANHÃO; SITCOVSKY, 2006, p. 171).

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi instituído em 2005 e é caracterizado como modelo de gestão utilizado no Brasil que visa operacionalizar as ações de assistência social. Tem caráter descentralizado e participativo, e tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira.

Consolida o modelo de gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os três entes federativos que de maneira articulada, operam a proteção social no campo da Assistência Social.

Vale destacar que tanto a PNAS, quanto o SUAS foram criação de deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social realizada em dezembro de 2003.

Percorrido mais de cinco anos de SUAS, a LOAS de 1993 já não, mas atendia na sua integridade o novo cenário da Assistência Social, daí houve a aprovação da Lei nº 12.435 em 2011, garantindo a continuidade e reconhecimento do SUAS em legislação social. Neste sentido, enfatiza-se que:

O Sistema Único de Assistência Social, em construção no país, é a materialização de uma agenda democrática cuja biografia tem raízes históricas nas lutas e contradições que compõem esse direito social, que foram e são objeto da atenção de intelectuais, da atuação de militantes e da ação de trabalhadores sociais em todo o país. Esse processo histórico de alguma duração, perto de quatro décadas, continua a requisitar muita atenção, já que aparece como referência para a montagem da nova condição da política de assistência social em curso. Esta justa “retrovisão” assessora o enfrentamento dos desafios colossais que envolvem o projeto e o processo desse inédito sistema e garante a manutenção do seu compromisso central, que é solapar o flagrante desmonte do sistema de direitos sociais arduamente conquistados, que andava em curso no Brasil até 2003. (LOPES, 2006, p. 77).

O SUAS organiza seus serviços socioassistenciais de proteção em dois níveis: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial.

A Proteção Social Básica destina-se à prevenção de riscos sociais e pessoais, através da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias que

se encontram em situação de vulnerabilidade social. (BRASIL, 2004, p. 34).

Já a Proteção especial é destinada as famílias e a indivíduos que já se encontram em situação de risco e/ou tiveram seus direitos violados por motivos de abandono, abuso

sexual, maus-tratos, entre outros aspectos. (BRASIL, 2004, p. 37-38). Vale destaque que

nesse nível de proteção, esta de subdivide em Proteção Social Especial de Media Complexidade e Proteção Social Especial de Alta Complexidade.

A primeira oferta atendimento especializado a famílias e indivíduos que se encontram em situações de vulnerabilidade, com direitos violados, geralmente inseridos no núcleo

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familiar. É importante salientar que a convivência familiar está mantida, embora os vínculos possam estar fragilizados ou ameaçados. (BRASIL, 2004, p. 34-36)

Já a segunda oferece atendimento a famílias e a indivíduos que se encontram em situação de abandono, ameaça, ou violação de direitos, que necessitem que acolhimento provisório, que seja fora do seu núcleo familiar. Ou seja, esses serviços visam a garantir proteção integral a famílias ou indivíduos que estejam em situação de risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados. (BRASIL, 2004. p. 37-39)

Outro grande avanço apresentado pelo SUAS, é o estabelecimento de unidades de proteção social, sendo que na Básica temos como unidade de atendimento e proteção o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), e na Especial destaca-se o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

Neste estudo, no entanto, daremos maior destaque, a Proteção Social Básica, por ter sido, o universo o qual mantivemos, mas aproximação durante o estágio curricular em Serviço Social.

Os Benefícios Assistenciais, também são parte do complexo arcabouço de serviços e benefícios assistências destinados ao atendimento da população usuária. Estas integram o SUAS e subdividem em modalidades: O Beneficio de Prestação Continuada (BPC) e os Benefícios Eventuais. Sendo o primeiro um beneficio que integra a Proteção Social Básica no âmbito do SUAS. É caracterizado como sendo um beneficio individual, não vitalício, além de intransferível, que assegura a transferência de um salário mínimo á pessoa idosa, que possui sessenta e cinco anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade. Em ambos os casos, os requerentes devem comprovar que não possuem meios de garantir o próprio sustento, e nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal per capita deve ser

inferior a um quarto do salário mínimo. (FREITAS, 2016, p. 33 apud FERNANDES;

HELLMANN, 2016).

Esse benefício é um direito assegurado constitucionalmente, sendo assim constituído em direito de cidadania. É o primeiro beneficio de prestação continuada instituído no âmbito do sistema de proteção social com caráter não contributivo.

Até chegar ao formato vigente, esses benefícios passaram por importantes transições. Em 1954, através do Decreto n° 35.448, foram criados como benefícios provisórios e suplementares no contexto da Previdência Social. Assim os Benefícios Eventuais vieram substituir o Auxilio Natalidade e o Auxilio Funeral, sendo esses destinados aos segurados e dependentes. Assim, a Política de Assistência Social define benefícios eventuais como sendo:

de caráter suplementar e provisório, prestados aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e

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de calamidade pública. Os Benefícios Eventuais são assegurados pelo art. 22 da Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, e integram organicamente as garantias do SUAS. (BRASIL, 2015, p. 2)

A LOAS/2011 já no cenário do SUAS, prevê quatro modalidades de Benefícios Eventuais a serem oferecidos a população, sendo elas: Natalidade, Funeral, Vulnerabilidades Temporárias e Calamidade Pública.

Independente da modalidade como afirmado por Bovolenta (2011) “os benefícios eventuais constituem um direito social legalmente assegurado aos cidadãos brasileiros no âmbito da Proteção Social Básica, conforme preconiza o SUAS”.

De maneira objetiva, cabe-nos descrever que a modalidade Vulnerabilidades Temporárias destinado ao atendimento e enfrentamento de situações de risco, perdas e danos á integridade da família e/ou individuo. Na LOAS, estão previstas quatro modalidades de Benefícios Eventuais, sendo elas:

[...]do tipo calamidade pública presta atendimento às vitimas de calamidades públicas, garantindo assim a sobrevivência e a reconstrução da autonomia das vitimas; já o Funeral oferta atender despesas do funeral, velório e sepultamento; famílias que se encontram em situações urgentes advindas da morte de seus membros e/ou provedores; além de ressarcir caso haja ausência do beneficio no momento necessário; e por fim, o de Natalidade que oferta atendimentos preferencialmente a apoiar á família no caso onde ocorre morte da mãe; aonde o bebê que vai nascer possua alguma necessidade, além de ofertar apoio à mãe nos casos em que o bebê nasce morto ou morre após o nascimento. (BRASIL, 2015, p.2)

Damos destaque ao Beneficio Eventual do tipo Natalidade, que nos deu a motivação para que pudéssemos aprofundar neste estudo, pois, o Projeto Laços Maternos, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social do Município de Várzea Grande apresenta e vincula esta atividade à modalidade Natalidade, a qual é centralidade neste estudo.

Para realizar uma analise, mas qualificada, é essencial decifrarmos inicialmente, o conceito de participação a partir dos usuários do SUAS, e sua importância para a qualificação dos serviços e benefícios socioassistenciais.

3. PARTICIPAÇÃO DAS USUÁRIAS DO PROJETO LAÇOS MATERNOS

Este item irá abordar o conceito de participação, logo que este estudo tem como temática a análise da participação das usuárias do Projeto Laços Maternos.

No conceito geral participação é caracterizada como ação ou efeito de participar (tomar parte, intervir, ser parte de). Assim, ao abordar o tema da participação popular,

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parte-se da concepção de participação como “fazer saber; informar, anunciar, comunicar; ter ou tomar parte” (FERREIRA, 2004, p. 1498).

Recorrendo a outra definição de participação, entendemos ainda como:

[...] processo complexo e contraditório entre sociedade civil, Estado e mercado, em que os papéis se redefinem pelo fortalecimento dessa sociedade civil mediante a atuação organizada dos indivíduos, grupos e associações. Esse fortalecimento dá-se, por um lado, com a assunção de deveres e responsabilidade políticas específicas e, por outro, com a criação e exercício de direitos. Implica também o controle social do Estado e do mercado, segundo parâmetros definidos e negociados nos espaços públicos. (TEIXEIRA, 2002, p.30)

Para Gohn (2008) entende a participação como um processo de vivência que imprime sentido e significado a um grupo ou movimento social, tornando-o protagonista de sua história, desenvolvendo uma consciência crítica desalienadora, agregando forças sociopolíticas a esse grupo ou ação coletiva, e gerando novos valores e uma cultura política nova. A autora deixa claro que não está se referindo a qualquer tipo de participação, mas a uma forma específica, que leva à mudança e à transformação social.

Demo (2009) segue a mesma linha de Gohn (2008) entendendo a participação como processo em constante construção.

Neste sentido, a participação é um conceito que simboliza a influência de indivíduos na organização de uma sociedade. Além disso, é essencial para a construção e consolidação de um processo de mudança em prol de ambos os grupos que compõem a sociedade.

Assim, a participação além de se referir a uma capacidade concreta de determinada realidade, contribui também para o fortalecimento da cidadania, além da garantia de direitos e deveres que asseguram a participação de cada cidadão como sujeito do processo democrático.

Essa discussão de participação dos usuários/as, no âmbito da Política de Assistência Social, está muito voltada nos espaços de controle social e nos serviços e benefícios socioassistenciais (reuniões, palestras, grupos socioeducativos), que nesse caso, tem se mostrado ainda de forma fragilizada, o que nos faz acreditar que isso acaba por reforçar somente a cultura da solicitação do benefício e/ou serviço. São décadas de tais práticas que não podem ser rompidas imediatamente, mas é preciso estabelecer novas culturas organizacionais para que a lógica pela primazia da real participação seja alcançada.

Por isso, é preciso promover ações junto aos usuários afim de ampliar a compreensão de sujeito de direito, de potencialidades, não só como sujeito de

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necessidades. Esses direitos, para serem garantidos, exigem um movimento coletivo que envolve não só os trabalhadores das políticas, os conselhos, mas usuários:

O SUAS deve proporcionar condições objetivas para que a população usuária da Assistência Social rompa com o estigma de desorganizada, despolitizada e disponível para as manobras eleitorais, como comumente é apresentada à população que tradicionalmente aciona os atendimentos da política (COUTO et al, 2010, p. 49).

O SUAS se propõe, por principio, a ser participativo. Responsabilidade que acaba se recaindo as equipes de referência fomentar a participação, ou seja, criar estratégias que promovam ambientes e espaços de debate, entendendo que quanto mais você ampliar os espaços de debate, mais você vai incentivando e estimulando. Assim, a participação é um processo dinâmico que vai se dando na prática democrática. Dessa maneira, o SUAS coloca os usuários da política com centralidade no processo de expansão da cidadania e organiza como eixos que estruturam o sistema:

A Matricialidade Sociofamiliar; a Descentralização político-administrativa e Territorialização; as Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil; o Financiamento; o Controle Social; O desafio da participação

popular/cidadão usuário; A Política de Recursos Humanos; A Informação,

o Monitoramento e a Avaliação. (BRASIL, 2004, p.8 – grifo nosso)

De fato, efetivamente, deve-se a partir do SUAS, a partir dos trabalhadores romper com práticas pontuais na concessão dos benefícios e serviços, que acabam reafirmando a lógica mecânica da concessão e não a integração de serviços, programas e benefícios em rede como prevê o SUAS, e garantido ao o desenvolvimento de seu protagonismo.

Segundo a Tipificação Nacional/2009, os Serviços Socioassistenciais devem garantir aquisições e resultar em:

[...] medidas da resolutividade e efetividade dos serviços, a serem aferidas pelos níveis de participação e satisfação dos usuários e pelas mudanças efetivas e duradouras em sua condição de vida, na perspectiva do fortalecimento de sua autonomia e cidadania. As aquisições específicas de cada serviço estão organizadas segundo as seguranças sociais que devem garantir. (BRASIL, 2009, p. 07)

Por isso, acredita-se que a participação é um grande termômetro de satisfação ou não das ações desenvolvidas, e, portanto, deve ser dialogada com, mas frequência nas políticas públicas.

Para além da presença em determinado espaço, a participação está voltada às reais condições de incidir na construção e deliberação sobre um tema, a partir de processos construídos coletivamente, pois, segundo Díaz Bordenave (1994, p. 22-23), “[...] a prova de fogo da participação não é o quanto se toma parte, mas como se toma parte”.

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Por isso, a participação, no âmbito das políticas públicas, neste caso, na Política de Assistência Social, significa “intervenção cotidiana e consciente de cidadãos...” (DIAS, 2007, p. 46), com vistas “ à elaboração, à implementação ou à fiscalização das atividades do poder público (DIAS, 2007, p. 46).

Diante do exposto, nota-se que a participação dos usuários, é necessária para que possamos realmente alcançar à democratização do Estado e garantia de direitos, que nos exige dentre tantas coisas, a motivação de todos os cidadãos e usuários em participar.

Portanto, a partir desse entendimento e conhecendo a realidade observada no estágio supervisionado, quanto ao Projeto Laços Maternos, definiu-se a importância de dialogar e aprofundar de como a participação das usuárias no referido projeto tem se dado, até para que possamos dinamizar e ampliar suas ações, diante da baixa porcentagem de usuárias que pudemos constatar durante as oficinas e buscar através de instrumentos informativos, ampliar constantemente o número de usuárias que participem do projeto. No item a seguir, abordaremos mais sobre o assunto.

4. PROJETO LAÇOS MATERNOS SEUS DESDOBRAMENTOS E REPRESENTAÇÕES NO PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

A Política Municipal de Assistência Social (PMAS) vem demonstrar o empenho na implementação e concretização da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e do

Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em Várzea Grande – MT, entendendo a

Política de Assistência Social como direito da população e dever do Estado, e ao mesmo tempo, respeitando as especificidades e particularidades do município. Esta política garante serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e/ou especial para famílias, indivíduos e grupos que dele necessitarem.

Diante da realidade apresentada no cotidiano das unidades de proteção social básica, surge a necessidade de uma atuação intersetorial que garanta atendimento social as gestantes usuárias dos serviços da Assistência Social e Saúde. Desta forma, as ações são realizadas de forma integrada entre as referidas secretarias, para atender as gestantes em situação de vulnerabilidade social, previamente inseridas no Cadastro Único, oferecendo também serviços continuados de proteção básica as suas famílias, através dos CRAS. Conforme mencionado anteriormente, as ações oferecidas pelo Projeto Laços Maternos se relacionam com a modalidade Natalidade dos benefícios, logo que o público elegido para atendimento é de mulheres gestantes. Esses benefícios são de caráter provisório, prestados aos cidadãos e famílias, sendo ele o de Natalidade, que atende preferencialmente: as necessidades do bebê que vai nascer; apoio à mãe nos casos em que o bebê nasce morto ou morre logo após o nascimento; apoio à família no caso de morte da mãe.

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A equipe técnica do projeto conta atualmente com a presença de 8 (oito) profissionais, entre eles assistentes sociais, articuladoras, professoras/monitoras e estagiárias que realizam o acompanhamento e monitoramento do projeto com a finalidade de mensurar o alcance das ações realizando as intervenções de acordo com as necessidades encontradas.

O Projeto é ofertado nas unidades de CRAS, do município de Várzea Grande existentes em quatro regiões distintas. Porém, o estágio supervisionado curricular, foi realizado no CRAS Jardim Potiguar e a intervenção na mesma unidade, além da unidade do CRAS Santa Maria.

Tendo como um dos objetivos do Estágio Curricular Obrigatório do curso de Serviço Social possibilitar ao estagiário o desenvolvimento das competências teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa que orientem a prática profissional do Assistente Social, possibilitando o desenvolvimento de suas habilidades e competências na aplicação das atividades. Neste sentido, a Lei Nº 11.788 de 2008 que dispõe sobre o estágio de estudantes, resolve em seu Art. 1º que:

Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. (BRASIL, Lei Nº 11.788, 2008 p. 1 de 6).

Logo na realização da observação e analise institucional, pode-se aproximar dos objetivos do projeto, que visa realizar prestações de serviços eventuais na modalidade de provisão e proteção social que integra organicamente as garantias do SUAS. Tem como público alvo, mulheres gestantes com idades entre 15 e 45 anos moradoras de Várzea Grande.

É importante frisar que a vivência no campo de estágio proporciona um aprendizado que se constrói por meio do acompanhamento, orientação, reflexão além de possibilitar a articulação da tríade (supervisor acadêmico, supervisor de campo e aluno) durante o processo de ensino-aprendizagem do estagiário, capacitá-lo para qualificar e exercitar a prática interventiva, a fim de possibilitar a elaboração da síntese do processo de ensino-aprendizagem, a formação de um profissional que tenha postura investigativa e de um posicionamento crítico e propositivo frente á realidade social. Uma vez que,

O estágio é concebido como um campo de treinamento, um espaço de aprendizagem do fazer concreto do Serviço Social, onde um leque de situações, de atividades de aprendizagem profissional se manifestam para o estagiário, tendo em vista a sua formação. O estágio é o lócus onde a

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identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado sistematicamente. (BURIOLLA, 2001, p. 13)

Um dos grandes destaques em relação ao Projeto Laços Maternos é a ação intersetorial entre as políticas públicas de Saúde e Assistência Social, pois, propicia atendimento das usuárias na política de saúde durante o pré-natal, recebendo orientações preventivas, através de rodas de conversa, encontros motivacionais, bem como participação de cursos para confecção do kit enxoval, contendo roupinhas para as primeiras semanas de vida do recém-nascido, fraldas, lenços umedecidos, fraldas de pano, além de uma bolsa aonde o kit se encontra, como também em outras modalidades visando aumentar a renda familiar nas unidades de atendimento da Assistencia Social. Por isso, destacamos que:

A Assistência Social, enquanto política pública que compõe o tripé da Seguridade Social, e considerando as características da população atendida por ela, deve fundamentalmente inserir-se na articulação intersetorial com outras políticas sociais, particularmente, as públicas de Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Emprego, Habitação, entre outras, para que as ações não sejam fragmentadas e se mantenha o acesso e a qualidade dos serviços para todas as famílias e indivíduos. (BRASIL, 2004, p. 43)

Observamos ainda, que após o nascimento do bebê, a SMAS e o CRAS realizam o acompanhamento através de visitas domiciliares até que o bebê complete seis meses de vida. Os encontros semanais para realização das oficinas ocorrem de maneira distinta em cada pólo do CRAS, variando de segunda á sexta, nos períodos matutino e vespertino. As atividades são realizadas em torno de 3 (três) horas/semanais. Caso alguma usuária falte 2 (dois) encontros seguidos, as assistentes sociais do projeto entram em contato com a mesma para saber o motivo da ausência. Se na semana seguinte, a situação se repetir novamente, uma visita domiciliar é realizada com o intuito de identificar a real situação e buscar possíveis soluções.

As assistentes sociais do projeto são responsáveis por orientar às mulheres gestantes do Projeto, bem como, realizam visitas domiciliares as usuárias durante o período gestacional e após o nascimento do bebê. A necessidade de um assistente social no projeto surgiu pela necessidade viabilizar direitos até então não acessados pelas mesmas, buscando transformações da realidade posta e garantindo os direitos as usuárias atendidas.

Durante a experiência do estágio supervisionado enfrentamos inúmeros e constantes desafios, como o fator locomoção, locais de realizações de oficinas inadequados, falta de público para realizar a intervenção, dificuldades de acesso aos materiais para oficina, realização de visitas domiciliares, acesso ás políticas públicas entre outros que com muito esforço e persistência foram superadas. E que mesmo enquanto estagiária pude articular e

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exercer muitos dos conhecimentos adquiridos na academia em busca das objetivações e na intervenção do real.

Como afirma Lima (2004 apud ASSIS; ROSADO, 2012, p.206), o estágio não é a “hora da prática”, mas um espaço de unidade, por possibilitar uma prática fundamentada numa teoria em confronto com a realidade, numa relação dialética que as inter relaciona, recriando-as no cotidiano.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante dos dados coletados a partir da intervenção no estágio, realizados com10

(dez) usuárias do Projeto Laços Maternos de 2 unidades do CRAS durante o período de

Março a Abril de 2016, foi possível identificar o resultado valioso deste estudo para o setor de Proteção Social Básica da Secretaria Municipal de Assistência Social de Várzea Grande, no sentido de melhor compreender a relação entre o Serviço Social e as políticas públicas, bem como, reavaliar intervenções realizadas junto as usuárias.

A primeira informação levantada junto às usuárias do Projeto foi o estado civil, que nos auxiliou no entendimento da relação familiar das mesmas.

Gráfico 1 – Estado Civil das usuárias

Fonte: Própria da pesquisa, Várzea Grande, 2016.

Em relação ao estado civil das usuárias, 60% das entrevistadas responderam que são casadas e que residem com marido e filhos; 40% se declararam solteiras e moram com seus familiares. Enquanto as outras opções não pontuaram. Dentre as usuárias, somente duas categorizações, sendo: usuárias casadas e solteiras; e as declaradas solteiras, declararam que moram com seus familiares e não recebem ajuda do pai da criança.

Desse universo, apenas 10% ou seja, 01 das entrevistadas relatou ser adolescente gestante, as demais são maiores de 18 anos. Ambas as entrevistadas no momento da entrevista afirmaram não possuem nenhum vínculo de trabalho formal.

Essas constatações nos fazem refletir que além da pobreza enfrentada pela maioria das famílias, principalmente, as que têm que buscar meios de sobrevivência como essas do

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Projeto Laços Maternos, também enfrentam a desagregação familiar, situação estas, que

contribuem para o aumento das desigualdades sociais. Podemos assim, afirmar que “[...]

com a pauperização dos trabalhadores, a desagregação do grupo familiar e a falta de empregos gerada pela condição do sistema capitalista, as famílias já não possuem meios para sustentar seus filhos.” (FALEIROS, 1996, p. 45)

Assim, a falta de empregos criada pela condição do sistema capitalista, as famílias tem cada vez mais encontrado dificuldades para inserir no mercado de trabalho e conseguentemente condições favoráveis e dignas para criar e sustentar seus filhos.

Gráfico 2 – Possui filhos

Fonte: Própria da pesquisa, Várzea Grande, 2016.

Conforme resultado do questionário aplicado constata-se que 100% das participantes possuem filhos. É importante salientar que dentre os motivos que nos levam a acreditar que são dificultadores da ampla participação das usuárias nos encontros semanais, é que todas já possuem filhos e não conseguem ser, mas atuantes e presentes nas atividades do Projeto. Apenas em alguns casos, as participantes acabavam levando seus filhos às oficinas e isso dificultava a locomoção de ambos. Dessa forma, há que se pensarem novas estratégias de intervenção junto às usuárias. Pois,

[...] as propostas de trabalho com famílias devem priorizar metodologias que lhes permitam sair do lugar solitário que hoje ocupam para um espaço que gere solidariedade e seja facilitador de formas de enfrentamento das condições econômicas, sociais e políticas: um espaço político no qual a ética seja o valor fundante. (GUIMARÃES; ALMEIDA, 2005, p. 134)

Assim, os procedimentos metodológicos e interventivos deverão ser adaptados conforme a demanda apresentada pelas usuárias para que consiga avançar com mais profundidade na totalidade das expressões das questões sociais que envolvem a realidade vivida pelas usuárias e suas famílias.

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Fonte: Própria da pesquisa, Várzea Grande, 2016.

Em relação ao meio de locomoção utilizado pelas participantes as respostas variaram entre uma e outra. Cerca de 40%, que corresponde ao quantitativo de 04, relataram que o meio de locomoção que utilizaram para se deslocar até as oficinas realizadas nas unidades do CRAS é o transporte coletivo. Destaca-se que o principal fator que ocasionou as evasões é o de locomoção.

Apesar dos idealizadores do projeto estimularem a presença semanal das usuárias oferecendo oficinas dos mais variados cursos, não há um estimulo financeiro para que as mesmas compareçam. Para se deslocarem de suas residências até os pólos do CRAS é necessário que as mesmas desembolsem uma determinada quantia própria.

Já 40% das entrevistadas não responderam. Questionadas as mesmas relataram que residem em bairros próximos e por este motivo se deslocam a pé. Apenas 20%, que corresponde ao quantitativo de 02 mencionaram que utilizam como meio de locomoção a motocicleta. Acrescentaram também que suas residências são próximas a unidade.

Gráfico 4 – Motiva a participação do Projeto Laços Maternos

Fonte: Própria da pesquisa, Várzea Grande, 2016.

Conforme gráfico percebe-se que cerca de 70% das usuárias entrevistadas optaram por participar do projeto com o intuito de confeccionar o kit enxoval do seu bebê; 20% relataram que tiveram interesse em participar do projeto para preencher o tempo livre, logo que a maioria das usuárias não possuía nenhum vinculo de trabalho; 10% das entrevistadas participaram porque tinham o desejo de aprimorar o bordado.

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É importante destacar que 100% das usuárias entrevistadas, que corresponde ao quantitativo de 10 (dez) tomaram conhecimento do projeto através das idas ao CRAS onde as mesmas realizam outras atividades e/ou buscam orientações.

Gráfico 5 – Recebe algum beneficio

Fonte: Própria da pesquisa, Várzea Grande, 2016.

De acordo com a análise do gráfico, cerca de 50% das entrevistadas, que corresponde ao quantitativo de 05 responderam que o beneficio que recebem é o Programa

de Transferência de Renda – Bolsa Família. Programa esse direcionado as famílias em

situação de pobreza e extrema pobreza com condicionalidades nas áreas de saúde e educação.

Hellmann (2016, p. 221) enfatiza que “o Sistema Único da Assistência Social (SUAS) é o ambiente institucional onde se dá o contato direto com as famílias beneficiárias bem como a implementação do Cadastro Único, por meio de suas equipes e equipamentos públicos, em especial nos CRAS”.

Em contrapartida, 50% das usuárias entrevistadas, ou seja, 05 relataram que não recebem nenhum beneficio e nem se encontram cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

O fator indicado pelas usuárias para o não referenciamento das mesmas e/ou cadastramento em algum Programa Social é a de que o Projeto Laços Maternos foi à primeira porta de entrada das mesmas no CRAS, e antes da inserção das usuárias no projeto, ambas não possuíam conhecimento das ações, programas, projetos existentes nas unidades em que realizavam as oficinas. Enfatiza- se que:

Articular a reflexão sobre a questão social com a política de assistência social é condição para que se possa compreender as origens do cenário sociopolítico das vulnerabilidades e dos riscos sociais, vivenciados por parte da população, em especial os usuários do SUAS. As manifestações de desproteções sociais, como expressões da questão social, requerem a primazia do Estado na provisão da proteção social, que, no âmbito do SUAS, materializam-se por um conjunto de programas, projetos, serviços e benefícios que irão atender a demandas específicas na perspectiva da

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garantia dos direitos socioassistenciais. Entretanto, não basta reconhecer ou identificar, em um território de ação, situações de pobreza, de fragilidades nas relações familiares, de abandonos, de situações de rua, de desemprego, enfim, de violações de direitos; é preciso que se compreendam as circunstâncias em que os sujeitos adentram nas zonas de vulnerabilidades sociais. (FERNANDES, 2010, p. 232)

Diante das ações realizadas durante o estágio obrigatório, obtivemos um resultado satisfatório garantindo assim o atendimento da meta proposta. Um dos destaques, foi o êxito na discussão referente à evasão e/ou pouca participação das usuárias e assim, detectamos o principal motivo que levaram as mulheres gestantes a deixarem de frequentar as oficinas semanais. As evasões ocasionadas pela pouca participação se deram pelo fator de locomoção, muitas utilizam o transporte coletivo como principal fator, e dificilmente tinham a chance de manter as frequências semanais. Percebemos através dos questionários aplicados e dos encontros semanais que a maioria das gestantes já possuíam outros filhos e acabavam levando os mesmos as oficinas, fato esse que dificultava ainda mais tanto a locomoção quanto a ida aos encontros semanais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim como todos os profissionais, o assistente social também tem seus instrumentos de trabalho, e sendo um trabalhador inserido na divisão social e técnica do trabalho, essas se constituem através do fazer profissional necessitando de bases teóricas, metodológicas, técnicas e ético-politica necessárias para o seu exercício profissional.

Diante dessa perspectiva o que se percebe é que a intervenção dos profissionais é permeada por inúmeros desafios, logo que tratar dessa temática é incursionar por questões complexas e por realidades que estão em constante transformação onde, a utilização dos instrumentais torna-se de fundamental importância para o cotidiano da prática profissional e é um fator preponderante para o assistente social.

As usuárias entrevistadas durante a aplicação do questionário expressaram suas opiniões, frustrações, tiveram a possibilidade de discorrer sobre o tema sem se prender a indagações. Desta forma, o resultado obtido durante este processo foi exitoso, superando assim as expectativas, satisfazendo não somente as usuárias como também os demais profissionais da equipe técnica presentes no acompanhamento e monitoramento do projeto quanto á colaboração no seu fazer profissional.

Considero um enorme privilégio poder realizar as ações que visem identificar as reais motivações das evasões, além de colaborar na realização do trabalho dos assistentes sociais, assim podendo atender as demandas com agilidade e precisão, pois a estratégia do assistente social é conseguir realmente modificar uma realidade, transformar o sujeito em ator e autor de sua própria história. Diante disso, pude observar a fragilidade das usuárias

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do projeto, além dos usuários que vão em busca de soluções e dificilmente conseguem, por conta da falta de recursos e/ou por conta da fragilidade da política. Porém, mesmo enfrentando dificuldades, os profissionais procuram encaminhar o usuário da melhor forma.

A relevância do conhecimento referente à participação é dada não apenas pelo fato deste se constituir em um eixo estruturante da gestão do SUAS, mas também porque a participação da sociedade e dos usuários é algo imprescindível além de contribuir para o desenvolvimento do ser humano enquanto ser social. Portanto, a participação representa muito mais do que se imagina. Ela requer que os cidadãos sejam motivados a participar, intervir, informar, comunicar na busca pela efetivação e garantia de direitos que levem a mudança e transformação da sociedade.

Para concluir, verificamos a existência de uma nítida fragilidade quanto aos verdadeiros objetivos propostos pelo projeto e que dificilmente serão solucionados. As ações e serviços destinados às usuárias são fragmentados, e necessitam de soluções emergenciais, os locais de realização das oficinas não oferecem comodidade às mesmas, as opções de cursos ofertadas são poucas, não dando a opção das usuárias de realizar outras modalidades de cursos, no local onde os encontros semanais são realizados não existe um espaço determinado à recreação de crianças, para que assim as participantes possam acessar integralmente seus direitos socioassistenciais.

Este estudo, portanto, merece mais debate e pesquisas futuras quanto à importância da participação popular do cidadão usuário como eixo central de atendimento da Política de Assistência Social no Município de Várzea Grande- MT.

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