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AVALIAÇÃO DA INTERPRETATIVIDADE AMBIENTAL E INTEGRIDADE BIÓTICA EM TRILHA AQUÁTICA NO RIO OLHOS D ÁGUA, JARDIM, MATO GROSSO DO SUL

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AVALIAÇÃO DA INTERPRETATIVIDADE AMBIENTAL E INTEGRIDADE BIÓTICA EM TRILHA AQUÁTICA NO RIO OLHOS D ÁGUA, JARDIM,

MATO GROSSO DO SUL

Marianne Nunes Ferreira ¹ ; Luciana Paes de Andrade 2 1

Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Anhanguera-Uniderp 2

Docente do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Anhanguera-Uniderp Projeto Peixes de Bonito, Rua Alexandre Herculano, 1400 - Jd Veraneio

79037-280 Campo Grande - MS Brasil. mary_anne_bio@hotmail.com; andradelp@uol.com.br

RESUMO

A região de Bonito, Mato Grosso do Sul, desponta no Brasil como referência nacional no ecoturismo. A atividade mais procurada é a trilha aquática por flutuação que promove contemplação da fauna e interação do turista com a natureza. Por causa dessa procura são necessárias metodologias que reduzam os impactos da atividade turística. O presente estudo teve como objetivo determinar a melhor forma de transmitir ao turista a interpretatividade das trilhas aquáticas fluviais. Foi realizada amostragem por meio de questionários aplicados aos turistas que fizerem a flutuação. A análise foi qualitativa e quantitativa e deverá dimensionar e propor soluções o problema da deficiência de interpretatividade ambiental nas trilhas de flutuação aquática. Através dos resultados tivemos várias sugestões feitas pelos próprios visitantes, enriquecendo esse trabalho e mostrando como é importante o uso da interpretatividade como ferramenta para melhor conversar o ambiente.

Palavras-chave: Ecoturismo; Impactos; Flutuação; Ambiente.

INTRODUÇÂO

O Ecoturismo tem sido apontado, pelas estatísticas da Organização Mundial do Turismo, como o segmento do turismo que mais cresce em todo o mundo. Conforme Lindberg e Hawkins (1999), o ecoturismo provoca e satisfaz o desejo que temos de estar em contato com a natureza .

A região do Planalto da Bodoquena é caracterizada por rios de águas cristalinas, formadores da Bacia do Rio Formoso e do Rio da Prata, entre outros, e é localizada na porção central do município de Bonito (BOGGIANI, 1999). A região apresenta potencial turístico e crescentes pressões decorrentes da visitação carecem de abordagens científicas para ampliar a sustentabilidade do sistema (SABINO e ANDRADE, 2003).

Dentre as atividades que compõem o ecoturismo, encontra-se a prática da exploração de trilhas terrestres e trilhas aquáticas, que devem ser planejadas de modo a permitir a contemplação da fauna, da flora e de todos os pontos que sejam dignos de interpretatividade ambiental (ANDRADE, 2004; SABINO e ANDRADE, 2003).

As trilhas aquáticas de flutuação apresentam maior dificuldade, especialmente por apresentarem limitações para reunir o grupo e estabelecer comunicação entre os visitantes e o guia. Esse fatos trazem dificuldade para a total satisfação do turista, pois conforme cita Ross (2002), um aspecto de importância fundamental na interpretação do meio ambiente é uma comunicação efetiva . Nesse contexto, perde-se a experiência interpretativa, pois as informações sobre o conhecimento do ambiente natural não são transmitidas integramente e em tempo hábil.

Desse modo, o importante é garantir a disponibilidade de instrumentos eficazes de interpretação ambiental aos usuários dos passeios de flutuação das trilhas aquáticas fluviais, contribuindo para aprofundar o conhecimento sobre a biodiversidade aquática e evitando-se impactos no local.

Este projeto teve como objetivo principal determinar a melhor forma de transmitir ao turista a interpretatividade das trilhas aquáticas fluviais, além disso, aumentar a gama de produtos e processos que registrem e disseminem as experiências interpretativas das trilhas aquáticas fluviais, e elaborar conceitos e produtos replicáveis para outros

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sítios turísticos não pesquisados, mas que tenham a mesma formatação na Serra da Bodoquena.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido na Fazenda Cabeceira do Prata localizada as margens da Rodovia BR-267, km 518, município de Jardim, Mato Grosso do Sul.

O Rio Olho D Água insere-se na sub-bacia do Rio Miranda (BRASIL, 1997), possui 1450 m de extensão, localiza-se inteiramente dentro da RPPN, sendo afluente da margem direita do Rio da Prata

Com a finalidade de elaboração deste trabalho, foram utilizadas pesquisas bibliográficas de caráter histórico, das quais foram extraídas as evoluções da atividade turística no tempo e nos espaços delimitados pela região em estudo.

Em complementação aos dados inicialmente obtidos, foi realizada uma viagem experimental à referida fazenda em setembro de 2009, onde foi realizado o passeio de flutuação, a fim de estabelecer contato com o ambiente a ser estudado, propiciando a observação direta do problema.

A amostragem foi obtida por meio de questionários aplicados a 82 turistas que fizerem à flutuação, no período de outubro de 2009 e março de 2010, incluindo os indivíduos não-brasileiros.

A finalidade do questionário é obter, de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que intervêm em uma investigação, em relação a uma população ou amostra determinada (DENKER, 2002).

A análise dos questionários foi de caráter qualitativo e quantitativo, com interpretações descritivas e analíticas devidamente confrontadas com o referencial teórico. O estudo pode dimensionar e solucionar o problema da deficiência de interpretatividade ambiental nas trilhas de flutuação aquática fluvial com base nas respostas às seguintes hipóteses: se a percepção destituída de interpretatividade causa níveis variados de satisfação e se o aumento de informações interpretativas traz maior satisfação ao turista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os questionários aplicados aos 82 visitantes, no período de outubro de 2009 a março de 2010, no Recanto Ecológico Rio da Prata, 56% são do sexo masculino e 44% feminino.

Quanto ao estado de origem, 29% foram provenientes do Mato Grosso do Sul, 22% do Rio de Janeiro, 14% de Santa Catarina e 12% do Paraná e 3% da Paraíba. Os visitantes de origem internacional representaram 15%. E os visitantes dos estados de São Paulo, Maranhão, Ceará, Minas Gerais e Distrito Federal, 1% cada.

Em relação à faixa etária e grau de escolaridade a maioria, 36% teve de 25 a 35 anos, seguidos por 29% de 35 a 45 anos, de 0 a 25 anos somados 17% assim como acima 45 anos. Já o grau de escolaridade 61% possui ensino superior, 23% ensino médio, especialização e mestrado somados 12% e apenas 4% ensino fundamental.

Através desses resultados podemos visualizar a heterogeneidade do grupo de turistas que responderam os questionários, onde teve representantes de todas as faixas etárias e de grau de escolaridade.

Foi possível saber através dos questionários que os visitantes da fazenda já haviam feito outras viagens para terem contato com o meio ambiente; isso demonstra como tem aumentado a necessidade de estar mais próximo da natureza.

Em relação às principais motivações na hora de escolher os lugares para viajar, o item que foi escolhido como mais importante foi paisagem natural e como menos importante foi a opção facilidade de acesso . Comparando os questionários dos brasileiros e dos não-brasileiros houve diferença na opção do que eles consideram mais importante quando escolhem seus roteiros, os estrangeiros consideram a oportunidade de observar muitos animais como mais importante, mostrando uma

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diferença de interesses entre os visitantes, isso pode ser pelo fato da importância que dos estrangeiros em observar e querer saber mais sobre a fauna e flora, por acompanhar alguns grupos pude notar melhor essa diferença.

Sobre o interesse do visitante por informações complementares da biodiversidade de plantas e animais contida na RPPN, os meios mais interessantes para receber informações foram: 28% fotos, 19% mini-museu e 12% painéis.

Mesmo com painéis de animais encontrados na RPPN expostos na sede da fazenda, os visitantes acham essas informações insuficientes, já que eles querem reconhecer melhor a fauna e flora encontrada. Muitos ainda deram sugestão de que tivesse na sede um totem eletrônico, assim haveria uma maior interatividade para se conhecer a biodiversidade local.

Foi possível saber se os turistas costumam adquirir itens relacionados aos locais visitados durante suas viagens, 55% eventualmente adquirem itens apenas quando encontrar algo interessante, 29% sempre compram itens por gostarem de colecionar, 13% responderam que compram somente para presentear e 3% nunca. Isso mostra que a atividade turística também movimenta a economia na cidade, favorecendo a população local que mantém lojas com itens referentes à cidade.

Identificaram-se quais itens motivaram os turistas a visitar a região da Serra da Bodoquena, e o que mais motiva esses turistas é a presença de rios cristalinos que é a característica marcante dos rios da Serra da Bodoquena.

Indagou-se também se as informações dadas pelos guias foram suficientes para a compreensão da importância da fauna e flora na conservação da RPPN durante a trilha terrestre, 83% responderam sim e 17% responderam não. Dos que responderam que as informações dadas pelos guias foram insuficientes, alegou-se falta de tempo e que foram informações muito vagas e rápidas, sugerindo informações mais completas. Para isso seria necessária uma preparação melhor desses guias e, para quem quisesse uma opção de trilha terrestre mais longa e mais detalhada, já que essa foi uma das sugestões dadas pelos visitantes.

Ainda sobre a trilha terrestre, queria saber se as informações sobre fauna e flora dispostas na trilha auxiliaram na compreensão sobre o ecossistema visitado: 88% responderam que sim e 12% assinalaram não , alegando que as informações não ajudaram na compreensão da biodiversidade presente na trilha.

No espaço aberto para sugestões sobre quais mudanças na trilha poderiam melhorar a visita, uma das respostas mais lidas foi sobre as placas, que precisavam de mais informações e de tradução em outras línguas, argumento esse, da maioria dos turistas estrangeiros. Outra sugestão dada foi a opção de o turista poder escolher uma trilha mais curta e receber dicas de preservação das espécies encontradas durante o passeio.

Sobre a trilha aquática, queríamos saber se o percurso aquático foi longo ou cansativo tendo como resposta, sim 72% e não 28%, se os visitantes prefeririam mais pontos de parada ao longo da trilha: 61% disseram que sim e 39% responderam não, e se os turistas tiveram dificuldades em seguir as orientações dadas pelo guia sobre a conduta dentro do rio, 93% respondeu não e 7% sim. Os que assinalaram sim disseram que a dificuldade ocorreu por conta do nervosismo, já que era a primeira vez que realizavam flutuação, e também por causa do equipamento (snorkel e máscara) que os atrapalharam. Quando foi possível acompanhar os grupos durante a trilha, observou-se que na realidade muitos não obedeceram às regras dadas pelo guia antes do inicio da flutuação sobre a conduta que devemos ter dentro do Olho D água, que é um rio com muitas nascentes e bancos de macrófitas que podem abrigar muitos organismos, como não pisar no leito do rio, não nadar, não mergulhar e tomar cuidado para não levantar o sedimento, pois durante a trilha muitos se preocupavam em tirar fotos dos peixes ou se esqueciam das orientações dadas pelo guia e acabavam não cumprindo as regras. Sugere-se que os guias antes que começar a flutuação através dessas orientações indicasse aos turistas os impactos que podem ocorrer por causa das condutas erradas, sensibilizando o visitante a querer entender melhor o

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funcionamento do ecossistema aquático do local, mobilizando assim a conservação ambiental (SABINO, 2005)

No espaço deixado para comentários e sugestões no final do questionário a maioria dos turistas sugeriu uma maior divulgação, seguido por preço mais acessível do passeio, grupos menores para facilitar no percurso na trilha aquática. Alguns deram a sugestão de delimitar melhor o local de flutuação e outros disseram que facilitaria ter placas indicativas assim como há na trilha terrestre também nas trilhas aquáticas. Houve alguns visitantes não-brasileiros que sugeriram o uso de uma cartilha informativa para usar durante o passeio de flutuação com fotos e nomes de peixes para poder conhecer melhor a ictiofauna enquanto descem o rio.

CONCLUSÃO

É fato que o uso da interpretatividade ambiental traz uma ampla compreensão do ambiente natural, já que é evidente que o turismo e o meio ambiente tenham que encontrar um ponto de equilíbrio para que não haja impactos e, consequentemente, degradação dos recursos naturais.

Através dessa ferramenta, pode-se planejar melhor uma atividade turística sem que ocorram conflitos com o meio ambiente, aumentando a responsabilidade individual e mudando o comportamento dos visitantes. Para que isso ocorra, sugerem-se mudanças na fazenda e na própria trilha, e assim, essa interpretatividade trará melhorias para a conservação desse ambiente, mudanças que os próprios visitantes sugeriram ao longo dos questionários. Como por exemplo, a implantação de recursos de multimídia na sede para que os turistas conheçam melhor as espécies encontradas durante o trajeto, e também uso de cartilhas informativas durante a trilha aquática para que os visitantes saibam identificar os peixes ao longo do rio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, W. J. Manejo de trilhas. [S.l.] 2004. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/grupochaski/downloads/trilha.doc.>. Acesso em: 07 out. 2009.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal. Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai PCBAP: diagnóstico dos meios físico e biótico. Brasília, 1997, 2, tomo 2, 433p.

BOGGIANI, P. C. Nos jardins submersos da Bodoquena: guia para identificação de plantas aquáticas de Bonito e região. In: Scremin. Geologia da Bodoquena. Dias, E.; Pott, V. J.; Hora, R. C. & Souza, P. R. 1999. ED. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 1999. p. 10-23.

DENCKER, A. F. M. Método e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 1998.

LINDBERG, K.; HAWKINS, D. E. Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São Paulo: SENAC, 1999

ROSS, G. F. Psicologia do turismo. 2ed. São Paulo: Contexto, 2002, 174p.

SABINO, J. Descobrir e Respeitar os tesouros da Bodoquena. Educação Ambiental: Gotas de Saber. 1º ed. Campo Grande: Secretaria de Estado da Educação do Mato Grosso do Sul, v. 1, p. 1-12, 2005.

SABINO, J. ; ANDRADE, L. P. Uso e conservação da ictiofauna na região de Bonito, Mato Grosso do Sul: o mito da sustentabilidade ecológica no Rio Baía Bonita (Aquário Natural de Bonito). Biota Neotropica, 2003.

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