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ESCUTA MUSICAL E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL

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Academic year: 2021

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ESCUTA MUSICAL E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO

MUSICAL

Helcio de Lima Maroni * Ailen Rose Balog de Lima†

Resumo:

Esse texto tem como objetivo discorrer brevemente sobre o que é escuta musical e a sua importância para a educação musical. Uma vez que não temos controle sobre a audição é o único sentido que não descansa, esse texto fala quais são os tipos de escuta, baseado em um artigo das autoras Souza e Torres. Após falar dos tipos de escuta, o texto fala sobre a escuta musical nos dias atuais, em que a tecnologia digital faz parte do nosso cotidiano, tendo como referência o texto de Daniel Gohn, bem como o desenvolvimento da apreciação musical. Conclui-se então que o acesso ao mundo musical, hoje é muito fácil, porém nem sempre esse acesso é de qualidade, sendo assim é necessário, como educadores musicais, desenvolver em nossos alunos a escuta musical.

Palavras-chave: Educação Musical; Apreciação Musical; Escuta Musical;

Musicalização.

INTRODUÇÃO

Temos o controle sobre todos os sentidos, exceto a audição. O paladar não é usado a menos que ingerimos algo na boca; a visão é desativada quando fechamos nossos olhos; o olfato pode ser interrompido ao taparmos o nariz ou quando prendemos a respiração; o tato não é usado se não encostarmos em nada. Mas e a audição? Mesmo se taparmos nossos ouvidos iremos ouvir sons, na melhor das hipóteses ouviremos zumbidos, mas nunca deixaremos de ouvir, obviamente em condições normais e saudáveis. De acordo com Souza e Torres (2009) há diversas maneiras de ouvir música, que serão apresentadas, de forma breve, ao longo desse texto.

De acordo com Popolin (2010), é pressuposto que aprendizagem musical se dá por meio de vivências musicais. Popolin (2010, apud Swanwick 2003) afirma que a aprendizagem é fruto da vivência. De acordo com o mesmo educador, a vivência se dá por meio da apreciação musical, ou seja, a escuta musical.

O autor ainda fala da proposta de ensino musical, desenvolvido por Swanwick

* Aluno do Curso de Licenciatura em Música no Centro Universitário Adventista de São Paulo

(Unasp). E-mail: h_lciomaroni@hotmail.com

Mestre em educação, Centro Católico Salesiano Auxilium, UNISALESIANO, Brasil. Professora do

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Campus Engenheiro Coelho. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7467857120324543. E-mail: ailen.lima@hotmail.com

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(1979), em que a “Composição”, “Apreciação” e “Performance” são as bases para uma aprendizagem musical efetiva, sendo essas auxiliadas pela “Literatura” e “Aquisição de Técnica”. Vale aqui ressaltar mais uma vez que o ponto de apreciação envolve a escuta musical. Por fim, Popolin concorda com Swanwick ao dizer que a aprendizagem musical se dá da mesma forma que a linguagem oral, ou seja, primeiro se vivencia ouvindo, depois de um tempo aprende-se a falar e só depois é ensinado as partes técnicas e literárias.

Sendo assim, esse texto tem como objetivo mostrar a importância da apreciação nas aulas de musicalização, seja infantil, jovem ou adulta.

Cabe aqui dizer que o termo usado nesse texto para se referir à apreciação/percepção musical será a expressão “escuta musical”, pois segundo Popolin (2010, apud Granja, 2006; Brito, 2003 e Behne, 1997), “sugere uma experiência mais complexa, apurada, profunda e densa que atinge o corpo como um todo, diferente de ser simplesmente uma perturbação vibratória no órgão auditivo ou apenas um processo fisiológico natural. É que além disso, envolve intencionalidade, atenção, concentração não exprimindo uma ação involuntária de captar sons e/ou contra a vontade”.

1. Formas de ouvir música

É fato a presença da música em todos os lugares e situações. Podemos dizer até que a música é uma arte onipresente, seja qual for a comunidade ou status do indivíduo. Uma vez que existem várias “tribos musicais” e que cada tribo tem a sua música, cada música será escutada de forma diferente (SOUZA e TORRES, 2009).

As autoras, Souza e Torres (2009) apontam que existe o [1] ouvir motoricamente, ou seja, o ouvir que desafia ou solicita ao corpo o movimento. As autoras ainda falam que essas músicas geralmente são de andamentos mais agitados. “Juventude e corpo, música e dança são temas que estão entrelaçados, pois os jovens têm um corpo, e esse corpo deve ser colocado ou está em determinados lugares, sendo observado e controlado bem como realizado diferentes movimentos” (2009). [2] Ouvir música como função compensatória é a escuta musical em que tem como objetivo “suplantar outro sentimento, como o de solidão” (idem); [3] Ouvir para relaxar, ou seja, a escuta musical que tem como objetivo desligar das tensões, provocando um estado de relaxamento; [4] Ouvir música como “pano de fundo” é quando o indivíduo usa a música como ferramenta para concentrar-se em outras atividades; [5] Ouvir emocional, “a maioria dos jovens

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necessita da música não apenas como fundo musical, por assim dizer, como elemento do cotidiano vivido, do qual ele não pode ser distinguido”; [6] Ouvir associativo, é quando ouvimos uma música e associamos a algum produto, geralmente. Pode ser associativa a algum lugar, pessoa ou situação; [7] por fim, o ouvir analítico e combinado com outros sentidos “decorre de uma experiência mais atenta da audição musical em direção a uma escuta analítica.

2. Música como água

Hoje o despertador está nos celulares e colocamos como toque uma música que seja capaz de nos acordar. Para esperarmos o metrô e ônibus colocamos nosso fone de ouvido para ouvirmos nossa playlist. Essas músicas são compartilhadas com a mesma facilidade que se a água sai de uma torneira1. Gohn (2007), citando Kusek e Leonhard (2005) fala sobre pagar o consumo de música da mesma forma que se paga o consumo de água. Ele explica:

Similarmente, poderemos pagar taxas mensais baixas para ter acesso ao conteúdo musical que nos interessa, utilizando todos os mecanismos disponíveis para a individualização da experiência. Ou seja, teremos mais controle sobre a música que ouvimos, aceitando ou não as recomendações que recebemos, e o valor cobrado pelo acesso a um enorme repositório de informações será relativamente pequeno. Eventualmente, poderemos escolher músicas consideradas ‘especiais’, talvez performances reservadas a um grupo seleto, ou a mais recente produção de um artista que admiramos. Neste caso, como se estivéssemos comprando água Evian, pagaremos mais caro (p.4).

A partir dessa ideia pode-se perceber que o acesso à música não é o problema em questão, mas sim a qualidade desse acesso. O desenvolvimento de uma escuta analítica é de vital importância para a aprendizagem musical através da escuta (apreciação) musical.

3. Apreciação Musical: como desenvolvê-la?

Começamos essa seção citando França (2002), que diz que “o ouvir permeia toda experiência musical ativa, sendo um meio essencial para o desenvolvimento musical” (p.12). Dessa forma não desenvolvimento musical de fato se o ouvir não estiver sendo educado.

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Gonh cita um parágrafo de Flowers (2003) muito pertinente ao assunto, sendo assim será reproduzido originalmente:

Ouvir música é sem dúvida a forma mais comum de engajamento musical, inescapável em quase todos os aspectos da vida – de insípido a inoportuno a sublime – incluindo a música de fundo, a música que gera determinado estado de espírito e a música que demanda nosso completo foco e atenção. Ouvir é como respirar ou comer: a maioria das pessoas faz sem instruções diretas. Mas assim como especialistas no corpo humano têm sugestões para que possa respirar mais eficientemente e nutricionistas têm princípios sobre como comer bem, também os educadores musicais têm diretrizes sobre como ouvir mais efetivamente, para tirar o máximo da música, focando nossa atenção para o maior impacto musical possível (Gohn apud Flowes, 2003:28).

De acordo com Gohn, a apreciação musical pode ser desenvolvida desde que seja observado e identificado os comportamentos quando o indivíduo é submetido à determinada música ou estilo musical. O autor fala que temos pré-disposição para sermos capazes de ouvir música por mais ou menos tempo. Ele ainda fala que a diversidade musical que somos expostos varia de acordo com o meio que estamos.

Para que o universo musical do indivíduo seja expandido, o autor sugere três passos: (1) atribuir gestos corporais à música; (2) manter o foco na cultura e no seu contexto; (3) construir pontes que ligam peças musicais contrastantes, ou seja, “encontrar elementos comuns entre peças musicais distintas”.

De acordo com Gohn, “estratégias com estas despertam interesses que extrapolam a música e podem estender a capacidade de um indivíduo para permanecer ouvindo música, e para mais facilmente aceitar experiências com conteúdos musicais desconhecidos” (p. 5).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez que a escuta musical (apreciação) amplia os horizontes do universo musical do indivíduo, esse passa a conhecer novas características musicais, novos elementos que até então era desconhecido. Sendo assim, é papel do educador musical manter essa expansão para que assim seja possível ensinar cada vez mais novos elementos, mais conceitos que antes era “impossível” expor.

A apreciação musical provoca comportamentos diferenciados em cada indivíduo, sendo assim, a expansão desse universo também será de acordo com cada um. E é papel do professor respeitar esses limites musicais, sempre almejando sua expansão.

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O professor deve utilizar da facilidade de acesso às músicas para tornar essa “água” a mais pura possível, a mais livre de “bactérias”, proporcionando assim, uma experiência, uma vivência musical de qualidade.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Renata Mattos de. Sobre a criação da obra de arte musical e sua escuta:

o que se dá pra ouvir. Cógito, n.9, p. 94 – 99. Outubro, 2008. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cogito/v9/n9a21.pdf>. Acessado em 30/05/2016

FRANÇA, Cecília Cavalieri; Swanwick, Keith. Composição, Apreciação e Performance

na educação musical: teoria, pesquisa e prática. Em Pauta – v.13 – n.21 – dezembro

2002. Disponível em < https://scholar.google.com.br/citations?user=kHek0pUAAAAJ&hl=pt-PT&oi=sra > acessado em 31/08/2016

GOHN, Daniel. A apreciação musical na era das tecnologias digitais. Disponível em <http://antigo.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2007/educacao_musical/edmus_DGohn.pdf >. Acessado em 30/05/2016

POPOLIN, Álisson. O que os jovens do ensino médio aprendem de música através de

suas experiências diárias de escuta: Um estudo de caso. Rio de Janeiro, 2010

SOUZA, Jusamara e TORRES, Maria Cecília de Araújo. Maneiras de ouvir música: uma questão para a educação musical com jovens. Música na educação básica. Porto Alegre, v. 1, n. 1, outubro de 2009.

Referências

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