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TRABALHOS NED.VET.MILITAR

MEDICINA VETERINÁRIA MILITAR - 12 TRABALHOS

APROVADOS

BIOSSEGURANÇA 2

OUTROS 1

PROTEÇÃO Á ÁGUA E AOS ALIMENTOS 3

SAÚDE ANIMAL 6

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1. A POSSIBILIDADE DE EMPREGO DE CÃES PARA DETECÇÃO DE AMEAÇAS QBRN

RENATA SIMÕES BARROS1, OTAVIO AUGUSTO BRIOSCHI SOARES2, HEITOR

FREDMAN RAMOS FRUTUOSO GUIMARÃES 3

11° Batalhãode Guardas, Exército Brasileiro, Rio de Janeiro-RJ 22º Batalhão de Polícia do Exército, Exército Brasileiro, Osasco-SP

3Escola de Instrução Especializada, Exército Brasileiro, Rio de Janeiro-RJ

RESUMO:

Ações de defesa química, biológica, radiológica e nuclear (DQBRN) estão inseridas nos eixos de atuação das Forças Armadas do Brasil,

especialmente no que tange aos grandes eventos internacionais, como os Jogos Olímpicos de 2016. Assim, objetivou-se discutir o possível emprego de cães de faro na detecção de agentes QBRN. Através do levantamento documental realizado, percebeu-se que o cão reúne características que se aplicam a um detector QBRN, além de ser uma ferramenta de baixo custo. Após estabelecidas e empregadas as técnicas para seu treinamento, ele poderia ser utilizado para a detecção de ameaças QBRN pelas Forças Armadas.

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INTRODUÇÃO:

Defesa química, biológica, radiológica e nuclear (defesa QBRN ou DQBRN) são medidas de proteção adotadas em situações nas quais ameaças

químicas, biológicas, radiológicas ou nucleares (incluindo o terrorismo) podem estar presentes. A detecção QBRN consiste na identificação, reporte e demarcação de áreas possivelmente contaminadas, tão logo haja a suspeita de contaminação. Diversos tipos de detectores para agentes QBRN dotados de sofisticação e tecnologias adequados estão disponíveis no mercado e vêm sendo empregados, mas nem todas

tecnologias estão disponíveis para todos os agentes. Por outro lado, cães, por possuírem um olfato apurado, são atualmente utilizados para

detecção de substâncias entorpecentes e explosivos, na busca e resgate de feridos e na busca e captura de fugitivos. No entanto, pouco se tem estudado e empregado esses animais em um cenário de DQBRN. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi discutir a possibilidade de utilização de cães de guerra (cães de emprego militar) para a detecção de agentes QBRN.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foi realizado o levantamento documental e bibliográfico, incluindo as doutrinas militares do nosso e de outros países, tanto no intuito de verificar a existência do emprego de cães na detecção de agentes QBRN como de avaliar a necessidade e aplicabilidade dessa ferramenta no contexto atual.

RESULTADOS:

Conforme a pesquisa realizada, pôde-se verificar que atualmente o cão de faro é muito pouco empregado como ferramenta na detecção de agentes QBRN. No entanto, animais sentinelas já são utilizados e os cães,

justamente por seu olfato apurado, poderiam ser incluídos nos atuais sistemas de detecção QBRN (Jopling, 2005).

No mesmo contexto, cães detectores de explosivos vêm sendo

empregados em varreduras, simultaneamente às atividades de detecção de agentes QBRN realizadas por detectores eletrônicos (European

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Para a atuação de cães em DQBRN, alguns passos precisariam ser definidos. O primeiro deles, de forma básica, se refere à técnica de treinamento de faro utilizada. Considerando o alto risco imposto pela atividade, pode-se pensar em aplicar as técnicas já estabelecidas para o treinamento de cães detectores de explosivos, incluindo a escolha do animal conforme seu temperamento e a formação do cão através da indicação passiva. Em segundo plano, está a separação química de forma individualizada do material (odor) para o treino. Grande parte dos agentes químicos possuem odores conhecidos, que se assemelham a odores de substâncias encontradas na natureza (Weerth, 2009). Já agentes

biológicos parecem ser de difícil detecção, por serem em sua maioria incolores e inodoros (Jopling, 2005).

E há pouca informação sobre odores de agentes radiológicos e nucleares. Nesses casos, poderia ser verificada a possibilidade do cão farejar não o agente QBRN, mas outros materiais específicos envolvidos na produção da arma.

A manipulação e proteção desse odor, através de filtros ou dispositivos semelhantes, também devem ser levadas em consideração. Poderia ser avaliada a possibilidade de emprego de sintéticos com odores

semelhantes, que apresentassem menores riscos de acidentes,

protegendo assim a saúde do cão e do treinador. Inclusive essa tecnologia já está disponível no mercado para outras substâncias.

Por fim, se concretizaria a inserção do cão no campo operacional com a descrição das técnicas utilizadas para a realização da varredura. Convém a associação dessa etapa com ao emprego de cães detectores de explosivos, em vista de um possível atentado com as “bombas sujas”, uma

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Equipamentos de proteção, como máscara, roupa de proteção e botas, devem fazer parte da proteção individual dos animais conforme o risco estimado, além de equipamentos acessórios, como câmera e GPS, visando principalmente a localização da fonte do odor em locais de difícil acesso. Também deve-se considerar a montagem de um posto de

descontaminação para o animal ser descontaminado após a varredura, visando reduzir a possibilidade de dissipação de um agente com o qual o cão possa ter tido contato, especialmente aqueles encontrados na forma de pó.

DISCUSSÃO:

A detecção na defesa QBRN é um componente essencial no trabalho de resposta de emergência. Os detectores precisam fornecer detecção

confiável e capacidade de identificação da ampla variedade dos diferentes componentes QBRN, aplicáveis a campo. Tais pré-requisitos parecem se enquadrar nas características já apresentadas pelos cães militares

empregados atualmente nas atividades de detecção. Uma limitação do uso de cães para essa atividade seria a enorme quantidade de agentes que podem ser empregados em um cenário QBRN. Além disso, muitos agentes QBRN são inodoros e representam uma ameaça à vida. Terroristas

geralmente utilizam as formas líquidas ou gasosas de armas químicas, por exemplo, que sejam inodoras, objetivando despistar seu alvo (Weerth, 2009). Em contrapartida, cães vêm sendo considerados como uma tecnologia eficiente na detecção de substâncias e são capazes de identificar uma grande diversidade de odores, além de se mostrarem como uma ferramenta de baixo custo, quando comparado ao custo de um detector.

CONCLUSÃO:

A partir da definição e aplicação dos métodos mais eficientes de treinamento, o emprego de cães de guerra em atividades de DQBRN

poderia contribuir como ferramenta auxiliar na detecção de agentes QBRN pelas Forças Armadas.

REFERÊNCIAS:

EUROPEAN COMISSION. Communication from the Comission to the European Parliament, the Council, the European Economic and Social Committee and the Committee of the Regions on a new EU approach to the detection and mitigation of CBRN-e risks. 2014.

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JOPLING, L. Chemical, biological, radiological or nuclear (CBRN) detection: a technological review (167 CDS 05E). NATO Parliament Assembly

Committee Reports, 2005.

WEERTH, C. The cross-border detection of radiological, biological and chemical active and harmful terrorists devices. World Customs Journal, v. 3, n. 2, 2009.

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2. ABORTO SEM CAUSA EVIDENTE EM UMA ÉGUA DA POLÍCIA MILITAR DO PARÁ: RELATO DE CASO

MILLER DE SOUSA SILVA1, FRANCILMA MENDES DUTRA2, ALEXANDRE DA

SILVA CORRÊA3, RAIMUNDO NONATO RAIOL DA SILVA JUNIOR3,

ALEXANDRE DO ROSÁRIO CASSEB1, FERNANDA MARTINS-HATANO1. 1Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

2Mestre em Saúde e Produção Animal na Amazônia

3Regimento de Polícia Montada, Polícia Militar do Pará (PMPA)

RESUMO:

Relata-se um caso de aborto equino de uma égua com dez meses de gestação, pertencente ao plantel da Polícia Militar do Pará. O diagnóstico se deu através no exame clínico do animal, achados de necropsia, cultivo microbiológico e investigação de fatores ambientais. Foi notada formação normal do feto, sem indicações, macroscopicamente, dos fatores

etiológicos prováveis. O cultivo de amostras da placenta não revelou crescimento bacteriano. Nenhum dado esclarecedor foi coletado durante a anamnese. Através dos dados o caso foi considerado uma possibilidade de um aborto esporádico sem causa específica.

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INTRODUÇÃO:

Numerosos fatores etiológicos são responsáveis por doenças fetais e aborto subsequente em equinos. Segundo Swerczek & Caudle (2007), estes fatores podem ser: i) infeccioso bacteriano não contagioso; ii) infeccioso bacteriano contagioso; iii) infeccioso viral; iv) infeccioso fúngico; v) não infeccioso com causa evidente e vi) não infeccioso sem causa evidente ou postulado. Entretanto, em alguns casos, pode-se encontrar a confluência desses fatores.

Em equinos, o aborto esporádico tem sido atribuído a causas infecciosas (34%), não infecciosas (26%), e 40% desses abortos ficam com diagnóstico inconclusivo. O exame do feto e da placenta em uma necropsia aumenta a probabilidade de determinação da causa do aborto. No entanto, devido às restrições de tempo, dinheiro e disponibilidade dos serviços, o veterinário é, frequentemente, obrigado a realizar uma necropsia a campo (Acland, 1987).

Na região Norte, o número de relatos de abortos é muito baixo, quando comparado com resto do país. Provavelmente isso ocorra não pela falta de casos, mas pela falta de registros, pois existem poucos profissionais

voltados à equideocultura, levando a uma baixa contribuição para a prevalência de doenças e para a disseminação de informações científicas (Moreira et al., 1998; Vasconcellos, 1987).

Tendo em vista a escassez de estudos sobre o aborto equino no Pará e o fato de que apenas com o conhecimento completo das causas é possível reduzir as perdas nos planteis de equinos, o presente estudo buscou contribuir com a disseminação da informação a partir de um relato de caso de aborto equino.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foi feito o acompanhamento de uma égua que abortou no décimo mês de gestação em setembro de 2012. O animal, nomeado Afrodite, sem raça definida, era pertencente ao plantel de equinos da Clínica Médica de Reprodução Animal da Polícia Militar do Pará (CMRA-PMPA), no município de Castanhal.

O diagnóstico baseou-se na anamnese, exame clínico da égua, achados de necropsia, cultivo microbiológico e investigação de fatores ambientais. O animal foi submetido à fluidoterapia, antibioticoterapia com benzil

penicilina (Benzil Pronto®), também foi aplicado flunixina meglumina

(Banamine®), apara ação anti-inflamatória e analgésica.

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Conforme anamnese, a égua vivia conjuntamente com cinco éguas em atividade de reprodução que ficavam alocadas na Fazenda Itaqui,

localizada próximo ao município de Castanhal, Pará, sendo cruzadas com garanhões da propriedade. O grupo não tinha contato com os outros animais da propriedade. Não havendo ainda registros frequentes de casos esporádicos de aborto na propriedade.

O animal não era alimentado com produtos de origem animal, e os alimentos, de acordo com a investigação do manejo, não foram

contaminados com secreções e/ou excreções de outros animais, ainda sobre o manejo preventivo, todo o plantel era vacinado contra as

principais agentes causadores de abortamentos em equinos, como EHV-1, leptospirose e outros menos importantes, como anemia infecciosa equina e artrite viral equina.

A partir do exame clínico da égua observou-se, normalidade na condição do animal (16 mpm e 35 bpm). Contudo, o paciente apresentava leve desidratação, escoriações vulvares e secreções vaginais intervalares de muco e sangue. Não apresentava anemia ou sinais de trauma, já havia expulsado toda a placenta alimentava-se normalmente. Segundo a

anamnese, esta foi a segunda gestação abortiva consecutiva ocorrida nos últimos meses de gestação no animal.

Durante a necropsia, o feto de aproximadamente 60 kg, não apresentou fatores etiológicos prováveis. Segundo Swerczek & Caudle (2007), as lesões macroscópicas encontradas em casos de aborto não são de grande valor.

As culturas em ágar (sangue e Mac Conkey) também não apresentaram crescimento de colônia.

Ferraz & Vicente (2006) relatam que o aborto ocorre em qualquer fase, sendo comum após o sétimo mês e que na égua por muitas vezes não é possível determinar a etiologia do aborto. De acordo Brown, 2006; Moreira et al., 1998, 54% dos casos de abortos equinos no estado do Paraná, não se chegou a diagnóstico algum.

A partir das análises realizadas para obtenção do diagnóstico, o presente caso foi diagnosticado como um aborto não infeccioso sem causa evidente (postulado).

(10)

O presente caso foi diagnosticado como um aborto esporádico sem causa específica (postulado). É necessário que análises acuradas relacionadas às patologias do sistema reprodutivo em equinos sejam realizadas, para que as causas de aborto sejam mais bem compreendidas.

REFERÊNCIAS:

ACLAND, H. M. Abortion in mares: diagnosis and prevention. Compendium Equine, v.9, n.3, p.318-324, 1987.

BROWN, C. M; BERTONE, J. J. Consulta Veterinária em 5 Minutos: Espécie Equina. Barueri: Manole, 2006.

MOREIRA, N; KRÜGER, E.R; WARTH, J.F.G; BIESDORF.S.M; MARIELA M.M. GOULARTE2; WEISS, R.R [1998]. Aspectos etiológicos e epidemiológicos do aborto equino. Arch. Vet. Scienc., v.3, n.1, 1998. Disponível em:

<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/veterinary/article/view/3735>. Acesso em 23 Ago. 2015.

SWERCZEK T.W.; CAUDLE A.B. Bacterial causes of subfertility and abortion in the mare. In: YOUNGQUIST R.S. & THRELFALL W.R. Current Therapy in Large Animal Theriogenology. 1.ed. Saunders Elsevier, St Louis, Missouri. 2007, p.168-175.

VASCONCELLOS, S.A.; ITO, F.H.; CÔRTES, J.A. Bases para a prevenção da brucelose animal. Comum. Cient. Fac. Med. Vet. Zootec. USP, v.1, p.25-36, 1987.

FERRAZ, L.E.S.; VICENTE, W.R.R. Influência do momento da cobrição, em relação à ovulação, na fertilidade e na ocorrência de morte embrionária precoce em equinos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e

Zootecnia, v.58, n.4, p.537-543, 2006. Disponível em:

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3. AUDITORIA DE SEGURANÇA DE ALIMENTOS EM TRÊS GUARNIÇÕES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, 2005 A 2014

DE ANDRADE LIMA, J.R.P.1,2

1Exercito Brasileiro - EsFCEx / 2University of Florida, EGH Dep. - PHHP

College

jose_roberto70@hotmail.com

RESUMO:

As gastroenterites são agravos comuns em operações militares, sendo importante redutor da operacionalidade das tropas. Alimentos são importante via de transmissão, tornando fundamentais ações como o Programa de Auditoria de Segurança de Alimentos (PASA), implantado pelo Exército Brasileiro (EB) em 2010. O presente estudo analisou

experiências recentes de auditoria de segurança de alimentos em quartéis do EB. É um estudo descritivo retrospectivo quantitativo. Nas 17

auditorias de SA realizadas nas guarnições de Salvador (Bahia), Boa Vista (Roraima) e Porto Príncipe (Haiti), entre 2005 e 2014, 88% das cozinhas ficaram fora da meta do PASA e algumas áreas como: higiene do pessoal e preparo/manipulação, apresentaram elevada incidência de não

conformidade. Novas estratégias são necessárias para implementar mudanças duradouras e sustentáveis nos setores de aprovisionamento militar, como capacitação e profissionalização do pessoal.

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INTRODUÇÃO:

Gastroenterites são um desafio maior para militares em operações, tendo incidência cumulativa mensal estimada em 30% do efetivo, portanto com impacto direto na operacionalidade das tropas (Connor et al, 2012). Por exemplo, nas Forças Armadas da França, entre os cerca de 240 mil militares ativos se registrou, em 2013, incidência cumulativa anual de diarreia de 173 casos/1.000 militares, a maioria dos casos nas tropas desdobradas no exterior, em especial na África e Ásia (Michel et al, 2014). Uma importante via de transmissão destas infecções são os alimentos contaminados, sendo fundamental a implementação de Programas de Segurança de Alimentos no ambiente operacional das tropas, seja em tempo de paz ou em campanha. O presente estudo buscou analisar

experiências recentes na área de auditoria de segurança de alimentos em quartéis do Exército Brasileiro.

MATERIAL E MÉTODOS:

Este e um estudo descritivo retrospectivo quantitativo, que empregou as pesquisas bibliográfica e documental. Foram revisadas publicações

disponíveis em bases de periódicos, assim como analisados registros de Auditorias de Segurança de Alimentos realizadas em quartéis do Exército Brasileiro nas guarnições de Salvador/Bahia, Porto Príncipe/Haiti e Boa Vista/Roraima, entre 2005 e 2014.

RESULTADOS:

Em 2005, as Forças Armadas do Brasil adotaram legislação de Boas Praticas de Fabricação nas cozinhas militares (Brasil, 2005), seguindo as normas nacionais e internacionais sobre segurança de alimentos. Em 2010, o Exército Brasileiro (EB) implantou o Programa de Auditoria de Segurança de Alimentos (PASA) nas suas mais de 392 cozinhas, como forma de tornar efetiva a legislação. Passados cinco anos, todas as cozinhas foram auditadas e apenas onze (2,8% do total) obtiveram a certificação de 85% de conformidade com as normas de Boas Práticas de Fabricação (BPF). A Figura 1, a seguir, sumariza os resultados finais de 17 auditorias realizadas nas três guarnições militares em estudo e as notas médias por blocos da avaliação de boas práticas, tendo por base o “checklist” de BPF nas cozinhas militares (Brasil, 2005).

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Os resultados indicam que 88% das unidades militares avaliadas estavam fora da faixa de conformidade meta do PASA (80-100% de conformidade), o que significa risco de contaminação dos alimentos e surtos periódicos de gastroenterite. Dentre as áreas especificas da auditoria de BPF (Fig 1/B), as com maior incidência de não conformidade foram: a)

preparo/manipulação; b) higiene do pessoal; c) documentação e d) gestão de resíduos, resultados similares aos apontados por Silva (2009) em

unidades militares do exército de Portugal. A análise do contexto de cada Organização Militar (OM), comparando aquelas que atingiram índices acima de 70% de conformidade com as demais, revela os seguintes fatores determinantes para as falhas: a) frequente rotatividade do pessoal das cozinhas; b) falta de comprometimento dos responsáveis por implementar as recomendações dos auditores; c) dificuldades administrativas para aquisição de novos equipamentos e realização de serviços de

engenharia/reformas; e d) carência de treinamentos/atualizações.

CONCLUSÃO:

Os resultados deste estudo mostram que a transformação do paradigma da segurança de alimentos nas cozinhas do Exército é um processo lento e complexo. São necessárias novas estratégias para implementar mudanças duradouras e sustentáveis nos setores de aprovisionamento do Exército Brasileiro, sendo algumas delas capacitação e profissionalização de todo pessoal envolvido nas OM.

AGRADECIMENTO:

Aos auditores que participaram do processo de avaliação das OM.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Defesa. Portaria nº 854, de 4 de julho de 2005. Aprova o Regulamento Técnico de Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares. Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 28, 2005. CONNOR, P.; PORTER, C.K.; SWIERCZEWSKI, B. et al, Diarrhoea during military deployment: current concepts and future directions Curr Opin Infect Dis, v. 25, n. 5, p. 546–554, 2012.

MICHEL, R.; DEMONCHEAUX, J.P.; CRÉACH, M.A. et al Prevention of infectious diseases during military deployments: A review of the French armed forces strategy, Travel Medicine and Infectious Disease, v 12, n. 4, p.330–340, 2014.

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SILVA, P. M. T., Os sistemas de alimentação e a segurança alimentar em unidades do Exército Português, Universidade Técnica de Lisboa, MSc., 2009.

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4. CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE MANIPULADORES DE COMÉRCIO AMBULANTE DE ALIMENTOS EM ÁREA SOB JURISDIÇÃO MILITAR

BEATRIZ HELENA FELÍCIO FUCK TELLES FERREIRA1, CARLOS HENRIQUE

COELHO DE CAMPOS2 RUBENS FABIANO SOARES PRADO1, ADRIANA

APARECIDA DOS REIS PEREIRA3, MARIA CECÍLIA FREITAS ALMEIDA3,

SAIMON PINHEIRO ARANTES1

1 Seção Veterinária da Academia Militar das Agulhas Negras 2Instituto de Biologia do Exército

3Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Militar de Resende

RESUMO:

Com o intuito de avaliar possíveis riscos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) foram coletadas amostras das mãos de 18 manipuladores de comércio ambulante durante uma atividade festiva em área sob

jurisdição militar. Houve crescimento bacteriano em 38,9% das amostras, apesar da coleta ter sido realizada após a higienização das mãos dos voluntários a coleta.

INTRODUÇÃO:

As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados por micro-organismos patogênicos (BRASIL, 2015). Nesse contexto, os manipuladores de alimentos possuem importante papel na veiculação de microrganismos para o alimento manipulado, pois são indicados como responsáveis diretos ou indiretos por até 26% dos surtos de DTA (Silva et al., 2006).

Em muitos países, a compra e a venda de alimentos nas vias públicas constitui uma atividade cotidiana e para muitos habitantes das cidades são fonte de emprego e renda, representando parte importante do

consumo diário de alimentos pela população (FAO, 1991). São alimentos e bebidas prontos para o consumo, preparados e vendidos nas ruas ou outros lugares públicos para consumo imediato ou posterior (Okura, 2005). Caracterizam-se pelo baixo preço, familiaridade, conveniência e fácil acesso (De Sá et al., 2010). Entretanto, a venda de alimentos por comerciantes ambulantes nas ruas representa, em grande parte, uma ameaça à saúde do consumidor devido a deficiências de infra-estrutura somadas às inadequadas técnicas de higiene e manipulação dos alimentos (Farias et al., 2015).

O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de contaminação por

(16)

numa ação de biossegurança visando a preservação da saúde da família militar que freqüentou uma festividade realizada em área sob jurisdição militar.

MATERIAL E MÉTODOS:

Para a coleta de amostras foi utilizado um swab umedecido em meio de transporte Stwart. O swab foi passado por toda superfície da mão direita, dedos e unhas dos manipuladores, logo após a higienização de suas mãos por meio de lavagem com sabonete líquido e álcool gel 70%. Os swabs foi colocado em tubo contendo meio de transporte Stwart e transportado ao laboratório em caixa térmica contendo gelo. No laboratório as amostras foram semeadas em meios de cultura Mac Conkey e Manitol através de espraiamento do material do swab com alça descartável estéril. Em

seguida as amostras foram submetidas a incubação em estufa durante 24 h, a 37°C.

RESULTADOS:

Entre os 18 manipuladores avaliados, 38,9% (7) apresentaram resultado positivo para Staphylococcus sp, dos quais 5,5% (1) positivo para

Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativa, 16,6% (3)

positivos para Staphylococcus aureus e 27% (5) apresentaram resultado positivo para Staphylococcus coagulase negativa. Em 61% (11) das

amostras avaliadas não houve crescimento bacteriano. Em nenhuma das amostras houve crescimento de enterobactérias.

DISCUSSÃO:

Os resultados encontrados demonstram que a maioria dos manipuladores, 61%, não apresentaram crescimento de micro-organismos indicadores, que, quando presentes, podem fornecer informações sobre a ocorrência de contaminação de origem fecal, sobre a provável presença de

patógenos, além de indicar condições sanitárias inadequadas (Franco e Landgraf, 1996). Além disso, 100% das amostras coletadas não tiveram crescimento de enterobactérias, indicando uma condição higiênico-sanitária satisfatória, provavelmente devido adequada higienização das mãos antes da coleta de amostras. Resultados diferentes foram

encontrados por Souza et.al. (2015), que constatou a presença de

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que detectaram coliformes totais em 41,16% de manipuladores de uma cozinha industrial em Cascavel – PR.

Quanto a presença Staphylococcus sp, 38,9% das amostras testadas apresentaram-se positivas. Deste percentual, somente 16,6% (3), foram positivas para Staphylococcus aureus, resultado inferior ao encontrado por Couto et.al. (2015), 25%, nas mãos de manipuladores de um

restaurante comercial.

Staphylococcus aureus são bactérias capazes de produzir enterotoxinas

(A,B,C,D,E, F, G e H) termoresistentes, capazes de produzir uma

intoxicação alimentar (Rey e Silvestre, 2009). Trata-se de uma bactéria encontrada na pele e nas mucosas de 25 a 30% de pessoas saudáveis e de animais (Rey e Silvestre, 2009).

Staphylococcus coagulase negativa não são tão estudados quanto Staphylococcus aureus, mas pelo menos 10 espécies são produtoras de

enterotoxinas e podem contaminar alimentos (Jay, 2005). Portanto

resultado 27% (5) positivo para Staphylococcus coagulase negativa indica a presença de risco de ocorrência de DTA.

CONCLUSÃO:

A partir dos resultados encontrados conclui-se que apesar da ausência de resultados positivos para a pesquisa de enterobactérias nas mãos dos manipuladores testados, foi detectada a presença de Staphylococcus

aureus em 16,6% (3) e de Staphylococcus coagulase negativa em 27% (5),

configurando risco de contaminação dos alimentos por meio dos

manipuladores. Diante do exposto, recomenda-se a adoção de medidas para capacitação desses profissionais nas Boas Práticas de Fabricação (BPF), com ênfase na higiene das mãos, por tratar-se de uma medida de prevenção simples e de baixo custo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Ministério da Defesa. Portaria Normativa nº 753/MD, de 30 de março de 2015. Regulamento de Segurança dos Alimentos das Forças Armadas. D.O.U. nº 61, Brasília, 31 de março de 2015.

COUTO, S.M., SILVA, A.B.P., TÓRTORA, J.C.O. O controle microbiológico dos manipuladores como indicativo da necessidade de medidas corretivas higiênico-sanitárias em restaurante comercial. In: CONGRESSO BRASILEIRO

(18)

DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS, XIII., 2015, Búzios. Anais... Búzios: Colégio Brasileiro de Higienistas de Alimentos, 2015.

FAO. ORGANIZACION DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA ALIMENTACION. Reunión Del Cono Sur sobre venta de alimentos em

La via publica. Oficina Regional de La FAO para America Latina y El caribe.

São Paulo: Brasil, 1991.

FRANCO, B.D.G.M., LANDGRAF,M. Microbiologia dos Alimentos.1.ed.São Paulo: Editora Atheneu,1996.182

JAY, J.M. Microbiologia de Alimentos. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.711p.

OKURA,M.H. A Contaminação em salgados (coxinhas) encontrados no centro da cidade de Uberaba. Revista Higiene Alimentar v. 19, n. 132, p.65-68, 2005.

REY, A.M., SILVESTRE, A.A. Comer sem riscos 2: As doenças Transmitidas por Alimentos.1.ed. São Paulo: Livraria Varela, 2009.336p.

SILVA,S.Z., KOTTWITZL.B.M. Condições microbiológicas de mãos de

manipuladores de alimentos em cozinha industrial da cidade de Cascavel-PR. Revista Higiene Alimentar v. 25, n. 202/203, 2011.

SOUZA, L.T.de, MONTEIRO,A. de S., GODINHO, A.P., et. al. Pesquisa de Coliformes em mãos de manipuladores de alimentos em restaurantes comerciais de Governador Valadares – MG. Revista Higiene Alimentar, v.29, n.242/243,p.116-120, 2015.

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5. EPIDEMIOLOGIA DA SÍNDROME CÓLICA EM EQUINOS DE USO MILITAR ENTRE OS ANOS DE 2010 A 2014

RUBENS FABIANO SOARES PRADO¹*, CARLOS HENRIQUE COELHO DE CAMPOS², BEATRIZ HELENA FELÍCIO FUCK TELLES FERREIRA¹, RAFAEL NUNES COUTINHO¹, SAIMON PINHEIRO ARANTES¹, JOÃO ANTÔNIO EMÍDIO BICALHO¹.

¹ Oficiais Médicos Veterinários do Hospital Veterinário da Academia Militar das Agulhas Negras;

² Oficial Médico Veterinário do Instituto de Biologia do Exército.

RESUMO:

O correto manejo dos equinos, particularmente os de uso militar, é fator primordial na saúde destes animais no tocante às enfermidades

gastrointestinais, como a síndrome cólica. Este trabalho teve por objetivo analisar epidemiologicamente o comportamento da síndrome cólica num rebanho equino de uso militar e fatores pudessem contribuir para a ocorrência deste agravo. Foram registrados todos os casos da síndrome entre os anos de 2010 e 2014, calculou-se o coeficiente de incidência para o rebanho como um todo e, separadamente para os grupos de animais estabulados e semi-estabulados. Os coeficientes de incidência no rebanho variaram de 9 a 33 casos por 100 equinos. O Risco Relativo entre os

animais estabulados e semi-estabulados foi de 3,9, considerando-se todo o período de observação. Concluiu-se que animais estabulados

apresentaram maior incidência de síndrome cólica e estiveram sob maior risco de ocorrência do agravo.

INTRODUÇÃO:

Os equinos, em seu estado natural, vivem em grupos e passam cerca de 60% de seu tempo realizando o pastejo, sendo uma espécie que evoluiu e adaptou-se, física e mentalmente, para se alimentar ao longo do dia com frequentes e pequenas refeições ricas em fibras. Contrariamente, devido à estrutura particular do seu trato gastro-entérico, não estão adaptados para a digestão de grandes volumes de ração concentrada de uma só vez (Jordão et al., 2011).

Falhas no manejo nutricional, como a alimentação com baixa relação volumoso (forragem) / concentrado (ração), podem levar à ocorrência de síndrome cólica em equinos de uso militar (Laranjeira et al., 2009b).

(20)

Este estudo teve por objetivo traçar a distribuição da síndrome cólica em um rebanho de equinos de uso militar, ao longo de cinco anos, entre os anos de 2010 e 2014, assim como sugerir possíveis fatores que pudessem estar contribuindo para a ocorrência deste agravo nos animais.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foi realizado um estudo epidemiológico longitudinal do tipo coorte, onde foram acompanhados todos os casos de SCE de um rebanho de equinos de uso militar, durante cinco anos (entre 1° de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2014). O plantel foi analisado baseado em seus dois tipos de manejo, sendo um grupo de 45 animais submetidos a um regime

estabulado (Grupo E), e outro grupo de 134 animais submetidos a um regime semi-estabulado (Grupo SE), totalizando 179 animais. Para efeito de cálculos do coeficiente de incidência a população foi considerada constante no período.

Os animais do Grupo E permaneceram em baias durante a maior parte do dia (entre 20 e 24 horas por dia), com acesso esporádico a piquetes e ao convívio e interação social com outros equinos (entre zero e 4 horas por dia). Tal grupo também teve acesso restrito a volumoso (composto basicamente 5 kg de feno de alfafa divididos em duas porções diárias). Já o Grupo SE, permaneceu em baias durante períodos curtos do dia para seu arraçoamento e/ou previamente a seu emprego (entre 2 a 8 horas por dia), permanecendo solto a campo, exercendo o pastejo e o convívio social a maior parte do dia (entre 16 a 22 horas por dia). Em tal grupo os equinos não tiveram restrição de acesso a volumoso, por exercerem o livre pastejo. Ambos os grupos receberam uma porção diária, dividida em três refeições, de 5 Kg de ração ao longo do todo período em estudo. Foram considerados casos de síndrome cólica todos os animais, atendidos no Hospital Veterinário da instituição, com sinais clínicos de dor

abdominal e diagnosticados como dor de origem gastro-entérica. A coleta das informações específicas de cada caso foi padronizada por Fichas Clínicas de atendimento de Síndrome Cólica Equina, criada por Laranjeira et al. (2009a), em estudo anterior sobre síndrome cólica em equinos de uso militar.

Para a análise epidemiológica foram calculados os coeficientes de incidências e risco relativo, conforme preconizado por Pereira (2012).

(21)

O número de casos total de SCE, os Coeficientes de Incidência, e o Risco Relativo ocorrido no rebanho durante o período de cinco anos de estudo estão apresentados nas tabelas a seguir:

DISCUSSÃO:

Observou-se que, durante todo o período de observação, o Grupo E teve maior incidência de SCE comparado ao Grupo SE. O Risco Relativo do Grupo E, em relação ao Grupo SE, foi de 3,9. Tal fato denota que os equinos mantidos estabulados tiveram risco 3,9 vezes maior de

desenvolverem SCE quando comparados aos equinos em regime semi-estabulado. Tal achado corrobora o observado por Laranjeira et al. (2009a), que comprovou que a estabulação e a restrição de acesso a volumoso em equinos de uso militar eram fatores de risco para a SCE. Os equinos estabulados, além de poderem ter seu bem estar

comprometido por não exercerem o pastejo e convívio social, além de poderem estar submetidos a falhas de manejo nutricional. Tal fato vai de encontro ao observado por Leal (2007), que comprovou que equinos militares em regime estabulado sofrem de estresse crônico, ficando mais predispostos a desenvolver comportamentos anormais (vícios) e episódios de síndrome cólica.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que os equinos estabulados, durante o período de estudo, estiveram sob maior risco de desenvolver SCE em relação ao semi-estabulados. Desta forma, a estabulação foi um fator de risco para ocorrência de SCE no rebanho.

REFERÊNCIAS:

JORDÃO, L. R.; REZENDE, A. S. C.; NETO, H. M. A. et al. Considerações sobre anatomofisiologia de sistema digestório dos equinos: Aplicações no manejo nutricional. Revista Brasileira de Medicina Equina, a. 6, n. 34, p. 4-9, 2011.

LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q.; LOPES, M. A. F. et al . Síndrome cólica em equinos de uso militar: análise multivariável de fatores de risco.

Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 6, P. 1795-1800, 2009a.

LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q.; PEREIRA, M. J. S. et al. Perfil e distribuição da síndrome cólica em equinos em três unidades militares do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 4, p. 1108-111, 2009b.

(22)

LEAL, B. B. Avaliação do bem-estar dos equinos de cavalaria da Polícia

Militar de Minas. 2007. Belo Horizonte, 89p. Dissertação (Mestrado em

Medicina Veterinária) – Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais.

PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. 15. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, 596 p.

(23)

6. IDENTIFICAÇÃO DE CIATOSTOMÍNEOS (NEMATODA: STRONGYLIDAE) EM CAVALOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

JULIANA AZEVEDO GONÇALVES1, ALEX SOUZA CAMARGO1, RAFAEL

RODRIGUES2, PATRÍCIA BARBOSA DA SILVA3*,SANDRA MÁRCIA TIETZ

MARQUES4

1 Tenente - 3o Regimento de Cavalaria de Guarda, 2 Major - 3o Regimento

de Cavalaria de Guarda (Regimento Osório), Exército Brasileiro, POA/RS,3*

Capitão do 3° Batalhão da Polícia do Exército, POA/RS, 4 MV, Dra.,

Departamento de Patologia Clínica Veterinária, FAVET/UFRGS.

RESUMO:

O 3º Regimento de Cavalaria de Guarda do Exército Brasileiro da cidade de

Porto Alegre possui um efetivo eqüino de 200 animais. A Seção Veterinária trabalha com um protocolo sanitário que inclui exames parasitológicos e tratamento anti-helmíntico. O objetivo desta pesquisa foi identificar através da coprocultura os gêneros de helmintos da família Strongylidae, dando suporte às medicações anti-helmínticas. Amostras fecais positivas foram submetidas à coprocultura para a produção de larvas infectantes e identificação através de características morfológicas. Foram identificados pequenos estrôngilos dos gêneros Trichonema e Gyalocephalus. O presente estudo mostrou informações importantes que irão auxiliar no correto manejo da resistência.

INTRODUÇÃO

O 3º Regimento de Cavalaria de Guarda (RCG) ou Regimento Osório do

Exército Brasileiro, situado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, possui um efetivo eqüino para cumprir suas missões de representação, garantia da lei e da ordem, atividades de instrução eqüestre, adestramento, concursos e campeonatos de hipismo. São em média 200 animais em uma rotina diária de trabalho com o permanente convívio com o homem. A Seção Veterinária atua diuturnamente em inúmeras tarefas, incluindo o protocolo sanitário de controle de verminoses.

(24)

Os helmintos intestinais causam desconforto abdominal, diarreia, cólica, perda de peso e predisposição a outras infecções, provocam queda no desempenho do cavalo atleta, considerável morbidade e mortalidade quando os animais não são tratados. O controle destas infecções depende principalmente da utilização de produtos antiparasitários de forma

supressiva ou estratégica e, em menor escala, de forma curativa. Catorze espécies de Strongylinae são organizadas em cinco gêneros: Strongylus, Oesophagodontus, Triodontophorus, Bidentostomum e Craterostomum. Strongylus é representado por S. vulgaris, S. edentatus e S. equinus que causam sérios danos à mucosa intestinal, e os pequenos estrôngilos ou ciatostomíneos (tribo Cyathostominea), representada por 50 espécies e 14 gêneros (Lichtenfels et al., 2008). Ficam confinados no trato

gastrointestinal tornando o animal suscetível a infecções secundárias, são cosmopolitas e os mais comuns parasitos de equinos (Nielsen et al., 2014). O objetivo desta pesquisa foi identificar através da coprocultura os

gêneros de helmintos da família Strongylidae em fezes de cavalos para avaliar as estratégias do programa de desverminação em uso.

MATERIAL E MÉTODOS:

No primeiro semestre de 2015 foram realizadas coletas de fezes de 193 cavalos adultos, machos e fêmeas. Os equinos são desverminados semestralmente e/ou por conveniência. Em fevereiro e em maio foram desverminados com vermífugo à base de moxidectina e triclorfone, respectivamente. As amostras fecais foram obtidas diretamente da ampola retal e processadas pela técnica de Willis-Mollay (flutuação com solução saturada de NaCl). As amostras positivas foram organizadas em pool e processadas pelo método de Roberts e O'Sullivan (coprocultura) para a identificação de larvas infectantes(L3) (Hoffmann, 1987), sendo observadas com a adição de solução de lugol e identificadas através de características morfológicas pela chave taxonômica de Lichtenfels et al. (2008).

(25)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

À coprocultura foram identificados os gêneros Trichonema (60%) e

Gyalocephalus (40%). A visualização dos ovos não permite a diferenciação de gêneros e a coprocultura exerce esta função. O monitoramento

parasitológico tem ocorrido mensalmente. O resultado desta investigação mostrou, a despeito de desverminações regulares, a presença de

pequenos estrôngilos, cuja habilidade é de sobreviver no pasto por longos períodos, afetando o manejo e programas de tratamento. A classe dos ciatostomíneos é atualmente o principal parasito de cavalos, devido a sua alta prevalência e resistência apresentada a grande maioria dos produtos antiparasitários disponíveis no mercado (Corning, 2009; Canever, 2012). O mais devastador dano é causado pelo desenvolvimento do estágio L4 que emerge dos cistos e continua a se desenvolver até adulto no lúmen

intestinal, ocorrendo usualmente no final do inverno e início da

primavera, quando grande quantidade de larvas emergem em massa do lúmen intestinal, condição conhecida como ciatostominose larval,

causando dano severo na parede intestinal, resultando em diarreia, potencial cólica e colite granulomatosa (Corning, 2009). Os efetivos

programas de controle são focados na redução do número de L3 no pasto, no número de tratamentos anti-helmínticos e na resistência às drogas. As três classes de medicamentos disponíveis para o controle de

ciatostomíneos em cavalos são os benzimidazóis (fenbendazole e

oxfendazole), as tetrahidropirimidinas (pirantel, morantel e oxantel) e as lactonas macrocíclicas (LM) (ivermectina e moxidectina), que apresentam diferentes níveis de eficácia, duração da atividade e de espectro de

estágios parasitários que eles controlam. A classe LM tornou-se cada vez mais amplamente utilizada devido à sua potência, espectro de actividade, relativa segurança e ainda com poucos relatos de resistência;

fenbendazole na dose recomendada (5 mg/kg PV) irá controlar estirpes sensíveis de adultos e de estágios larvais de pequenos estrôngilos, com resistência reconhecida e difundida em todas as principais populações de cavalo pesquisados; o uso deste composto em qualquer um dos regimes de dosagem devem ser evitados sempre que ocorrer resistência (Corning, 2009).

CONCLUSÃO:

Os ciatostomíneos foram os únicos parasitos diagnosticados. O presente estudo mostrou informações importantes que irão auxiliar no correto manejo da resistência.

(26)

REFERÊNCIAS:

Canever, R.J. Diagnóstico da resistência anti-helmíntica em cíatostomineos de equinos por meio de testes in vivo e in vitro. 2012. Curitiba, 99p.

Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná.

Corning, S. Equine cyathostomins: a review of biology, clinical significance and therapy. Parasites & Vectors, supl.2, 2009. doi:10.1186/1756-3305-2-S2-S1

Hoffmann, R.P. Diagnóstico de parasitismo veterinário. Porto Alegre: Sulina, 1987. 156p.

Lichtenfels, J.A.; Kharchenko, V.A.; Dvojnos, G.M. Illustrated identification keys to strongylid parasites (Strongylidae: Nematoda) of horses, zebras and asses (Equidae). Veterinary Parasitology, v. 156, p. 4-161, 2008. Nielsen, M.K.; Reinemeyer, C.R.; Donecker, J.M. et al. Anthelmintic resistance in equine parasites - Current evidence and knowledge gaps. Veterinary Parasitology, v. 204, p. 55-63, 2014.

(27)

7. IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE ÁGUA E ALIMENTOS NO BATALHÃO BRASILEIRO DE FORÇA DE PAZ NO HAITI

JOSÉ ROBERTO PINHO DE ANDRADE LIMA1,2

1Exercito Brasileiro - EsFCEx / 2University of Florida

RESUMO:

Os surtos de gastroenterites constituem importantes desafios à

operacionalidade dos militares desdobrados em operações e missões de paz no exterior. O presente estudo buscou relatar as principais

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Sanitária de Água e Alimentos (VISA) no Batalhão Brasileiro de Infantaria de Força de Paz no Haiti (BRABATT), entre 2009 e 2010. É um estudo do tipo relato de caso descritivo, que empregou as pesquisas bibliográfica, documental e participante. A casuística de gastroenterite no Haiti é

elevada com 1500 casos em onze anos. São descritas as principais medidas que constituíram o Programa VISA e observou-se que após a implantação do programa não ocorreram surtos de gastroenterite. Os avanços na

doutrina de veterinária militar e da saúde em campanha devem incorporar estas experiências no planejamento, desdobramento e desmobilização das futuras operações.

INTRODUÇÃO:

Dentre as enfermidades infecciosas que acometem militares desdobrados no exterior, estima-se que o agravo mais incidente seja a gastroenterite. Pesquisa que avaliou a saúde da tropa dos EUA que atuou no Iraque e Afeganistão estimou que 76% do efetivo desdobrado sofreu pelo menos um episodio de diarreia durante a missão, e 45% teve a operacionalidade comprometida por pelo menos três dias (Sanders et al, 2005). Entre 1999 e 2009, a incidência cumulativa de surtos de gastroenterites nas tropas francesas desdobradas fora do país foi estimada em 27 para cada 100 mil soldados, incidência dez vezes maior que a observada nas tropas

estacionadas na França (Mayet et al, 2011). O número de surtos de

gastroenterite em bases militares é crescente em diversos países, a maior parte causada pelos norovírus (NoV), que se propagam rapidamente, em especial pela água e alimentos contaminados (Ho et al, 2015). O presente estudo buscou relatar experiências no processo de implantação de

Programa de Vigilância Sanitária de Água e Alimentos (VISA) no Batalhão Brasileiro de Infantaria de Força de Paz no Haiti (BRABATT), entre 2009 e 2010.

MATERIAL E MÉTODOS:

Este é um estudo do tipo relato de caso descritivo. Foram analisados dados administrativos e anônimos geridos pela Unidade Médica (UM) do BRABATT, assim como publicações disponíveis em bases de periódicos.

(29)

Com base em dados de relatórios sobre logística e saúde na missão no Haiti, estima-se que tenham ocorrido, entre 2004 e 2011, cerca de 1500 casos de gastroenterites, com uma incidência cumulativa no período de 10 casos para cada 100 militares desdobrados no Haiti (10%). Analisando dados da UM do BRABATT, entre 2007 e 2010, observou-se que

Diarreia/gastroenterites foram a quarta causa de visita médica, com 12% dos atendimentos. A Figura 1, a seguir, mostra a distribuição mensal dos casos de gastroenterite na tropa brasileira no Haiti. A linha tracejada indica o limite aceitável de casos (2% do efetivo acometido a cada mês), com base no histórico do BRABATT e na incidência registrada em outras tropas desdobradas no exterior (Mayet et al, 2011).

As medidas que constituíram o Programa VISA, implantado no BRABATT em julho de 2009 pela equipe de Veterinária e Gestão Ambiental, foram: a) coleta e análise microbiológica de 10 amostras de agua por mês; b) verificação semanal dos níveis de cloro residual na água tratada; c)

monitoramento semanal dos casos de gastroenterite atendidos na UM do BRABATT; d) auditoria mensal de Boas Práticas de Fabricação (BPF) na cozinha do Batalhão; e) Inspeção semanal dos alimentos recebidos e armazenados; f) Programa mensal de educação em saúde visando bons hábitos de higiene por parte de militares consumidores e manipuladores de água e alimentos.

DISCUSSÃO:

Os recorrentes surtos de gastroenterite mostram a vulnerabilidade das tropas desdobradas e a importância da adoção de programas preventivos. Observa-se que após a implantação do programa, não ocorreram surtos (até a ocorrência do terremoto de 12 de janeiro de 2010), reforçando a importância do programa e da atuação do veterinário militar/gestor ambiental na proteção da saúde da tropa. O programa VISA está alinhado com a doutrina de forças armadas de países desenvolvidos com larga experiência em combate (US Army, Navy, and Air Force, 2010)

CONCLUSÃO:

Os resultados comprovam a efetividade de um programa de Programa de Vigilância Sanitária de Água e Alimentos como ferramenta de proteção da saúde e consequente operacionalidade da tropa. Os avanços na doutrina da Veterinária Militar e da Saúde em Campanha devem incorporar estas experiências no planejamento, desdobramento e desmobilização das futuras missões de paz e operações militares conjuntas.

(30)

HO, Z.J.; VITHIA, G.; NG, C.G.et al. Emergence of norovirus GI.2 outbreaks in military camps in Singapore. Int J Infect Dis. v.31, n.2 ,p.:23-30, 2015. MAYET, A.; MANET, G.; DECAM, C. et al. Epidemiology of food-borne disease outbreaks in the French armed forces: a review of investigations conducted from 1999 to 2009. J Infect., v. 63, n. 5, p.370-4, 2011.

SANDERS J.W.; PUTNAM S.D.; RIDDLE M.S.; TRIBBLE D.R. Military importance of diarrhea: lessons from the Middle East. Curr Opin Gastroenterol., v. 21, n. 1, p.9-14, 2005.

US ARMY, NAVY, AND AIR FORCE TB MED 577: Sanitary Control and Surveillance of Field Water Supplies, Washington D.C., 2010.

(31)

8. MONITORAMENTO PARASITOLÓGICO EM CÃES DO 3° BATALHÃO DA POLÍCIA DO EXÉRCITO, PORTO ALEGRE, RS

PATRÍCIA BARBOSA DA SILVA1, ANDRÉ SOUZA2 , SANDRA MÁRCIA TIETZ

MARQUES3

1Médica Veterinária, Capitão do 3° Batalhão da PE, Exército Brasileiro,

POA/RS; 2Graduando de Veterinária/UFRGS; 3Médica Veterinária, PhD,

Departamento de Patologia Clínica Veterinária/UFRGS

RESUMO:

Este estudo objetivou executar o controle parasitário em cães militares e tratamento intensivo para manutenção da performance sanitária.

(32)

Polícia do Exército Brasileiro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul no ano de 2015. O diagnóstico se baseou em três técnicas coprológicas. Foram diagnosticados os gêneros Ancylostoma, Toxocara, Trichuris, Giardia e

Cystoisospora, com maior ocorrência para Ancylostoma e Trichuris.

Ressalta-se a importância do diagnóstico parasitológico e tratamento dos cães, embora o controle de re-infecções é difícil pelas múltiplas missões executadas fora do quartel, sendo uma variável que dificulta a excelência do protocolo antiparasitário.

INTRODUÇÃO:

Cães de guerra adestrados fazem parte da força tarefa de unidades militares dando suporte para trabalhos peculiares à Polícia do Exército, como busca, apreensão de drogas e explosivos, proteção e segurança de ambientes públicos e operações de controle de distúrbios. As doenças parasitárias são cosmopolitas, de prevalência variada, dependendo da espécie de parasito e de variáveis epidemiológicas. Causam morbidade e mortalidade em animais e humanos e tem relevância em saúde pública. A eliminação de ovos e cistos/oocistos nas fezes, que permanecem viáveis por longos períodos no meio ambiente, poderá incorrer em infecções em outros animais e pessoas. Este estudo objetivou executar o controle de parasitos intestinais e tratamento intensivo para manutenção da melhor performance sanitária.

MATERIAL E MÉTODOS:

Um total de 20 cães adultos, das raças Pastor Alemão, Pastor Belga

Malinois, Rottweiler e Labrador, pertencentes ao plantel do 3o Batalhão de

Polícia do Exército, Porto Alegre, RS foram monitorados por exames coprológicos entre os meses de fevereiro a julho de 2015. A desinfecção do canil e a retirada das fezes são diárias, os cães utilizam boxes

individuais e são alimentados com ração comercial. As amostras fecais foram processadas pelos métodos de flutuação em solução saturada de cloreto de sódio, sedimentação espontânea e centrífugo-flutuação com solução de sulfato de zinco a 33% (Hoffmann, 1987).

(33)

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Foram identificados ovos de helmintos dos gêneros Ancylostoma, Trichuris e Toxocara e os protozoários dos gêneros Cystoisospora e Giardia.

Ancylostoma spp. e Trichuris sp. foram os mais frequentes. O primeiro

monitoramento parasitológico mostrou positividade de 70%. Os exames parasitológicos com resultado positivo impuseram desverminação

imediata. Após o tratamento, houve redução para 25% e no mês seguinte todos os exames foram negativos, entretanto em junho e julho 25% dos cães se re-infectaram e ocorreu porque os cães frequentam ambientes externos ao quartel, facilitando a interação com fontes de infecção; é o caso de um cão que apresentou isosporose após uma competição no estado de São Paulo. A relevância deste estudo diz respeito à resistência individual, caso de três cães saudáveis em todas as avaliações

coprológicas, ao tratamento da isosporose e da giardíase, que exigem princípios ativos distintos, ressaltando a importância do diagnóstico de protozoários, da conduta terapêutica correta e do manejo sanitário, pela longevidade de cistos/oocistos no ambiente. Conclui-se que variáveis epidemiológicas dificultam a excelência de protocolos antiparasitários.

REFERÊNCIAS:

Hoffmann, R. P. Diagnóstico de parasitismo veterinário. Porto Alegre: Sulina, 1987. 156p.

(34)

9. PRINCIPAIS RISCOS AMBIENTAIS E ZOONOSES NA MISSÃO DE PAZ DA ONU NO HAITI: AMEAÇAS A OPERACIONALIDADE

JOSÉ ROBERTO PINHO DE ANDRADE LIMA1,2

1Exercito Brasileiro - EsFCEx / 2University of Florida

RESUMO:

Doenças infecciosas tem sido um desafio permanente para os militares

desdobrados em áreas de conflito e missões de paz, em especial as zoonoses. O presente estudo buscou levantar os principais riscos biológicos relacionados ao meio ambiente onde os militares brasileiros atuam na missão de paz da ONU no Haiti. É um estudo descritivo e bibliográfico que acessou dados de bases de periódicos e documentos institucionais. No contexto dos dados sobre risco e morbidade por doenças infecciosas, destacaram-se as casuísticas de diarreia e malária, que acometem recorrentemente os cerca de 30 mil militares que já integraram a missão no Haiti. Foram discutidos estes achados em relação a outras missões brasileiras e de outros países, evidenciando o papel estratégico do veterinário militar no contexto da “Saúde Única” nas

(35)

INTRODUÇÃO:

Doenças infecciosas relacionadas ao meio ambiente, como as veiculadas por água e alimentos contaminados, as transmitidas por vetores e as zoonoses influíram decisivamente no desfecho de algumas guerras devido ao elevado número de baixas e mortes (Ho et al, 2014). Nas Forças

Armadas dos EUA, entre 2000 e 2011, registraram-se cerca de 3200 casos de zoonoses e enfermidades transmitidas por vetores, principalmente, Doença de Lyme, Malária e Leishmaniose (AFHSC, 2012). Os riscos biológicos e ambientais estão também presentes nas missões

desencadeadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em geral desdobradas em áreas caracterizadas pela presença de doenças

endêmicas, precária infraestrutura de saúde e degradação ambiental. O Brasil tem participado de Missões de Paz da ONU desde 1957, porém o desdobramento de tropa no exterior se intensificou com a liderança assumida na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), iniciada em 2004, e que nos últimos onze anos envolveu mais de 30 mil militares, principalmente do Exército Brasileiro. O presente estudo buscou levantar os principais riscos biológicos relacionados ao meio ambiente onde os militares brasileiros atuam na missão de paz da ONU no Haiti.

MATERIAL E MÉTODOS:

Este e um estudo transversal retrospectivo que empregou a pesquisa bibliográfica e documental. Foram revisados documentos das Forças Armadas e do Batalhão Brasileiro de Infantaria de Força de Paz no Haiti (BRABATT), assim como publicações disponíveis em bases de periódicos.

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RESULTADOS:

Entre 2004 e 2015, ocorreram 25 mortes de militares no Haiti, 23 por acidentes (80% no terremoto de 2010). Analisando dados da Unidade Médica do BRABATT, entre 2007 e 2010, as principais causas de baixas temporárias em militares no contingente no Haiti foram: Infecção das Vias Respiratórias (21%), Problemas Dermatológicos (15%), Lesões

osteomusculares (15%), Diarreia/gastroenterites (12%) e Outros (37 %). Os principais riscos ambientais identificados foram ar, água e alimentos

contaminados, diversos insetos vetores de endemias, pragas e animais transmissores de zoonoses como roedores e cães. Dentre as doenças infecciosas ligadas ao ambiente as de maior magnitude foram Diarreia (1500 casos), Dengue (500 casos estimados) e Malária (com 400 casos estimados). Tiveram destaque ainda, porém sem registros médicos precisos: filariose, hepatites, sarna e chikungunya.

DISCUSSÃO:

Os resultados indicam a gravidade e importância das doenças infecciosas no contexto da saúde das tropas brasileiras desdobradas no Haiti, em especial as gastroenterites e a malária. Pesquisa com militares dos EUA no Afeganistão estimou que 76% da tropa desdobrada sofreu pelo menos um episódio de diarreia durante a missão (Sanders et al, 2005), portanto os dados mostrados aqui certamente ilustram uma pequena parte do problema, composta apenas dos casos mais graves e que necessitaram atendimento na Unidade Médica do BRABATT. Quanto à malária, as tropas francesas desdobradas no exterior registram 9.000 casos nos últimos 15 anos, com seis mortes (Migliani et al, 2014), enquanto o Brasil registrou a mortes de três soldados na missão de paz em Angola (Sanchez et al, 2000), evidenciando a importância e risco desta doença tropical.

CONCLUSÃO:

Os riscos biológicos aqui evidenciados ameaçam a operacionalidade da tropa, com afastamentos para tratamento e mesmo repatriamento por incapacidade física, mas ameaçam, em especial, a vida dos militares. A proteção da operacionalidade depende do aprimoramento da doutrina de saúde em campanha e do emprego efetivo dos conhecimentos da

veterinária militar no planejamento, desdobramento e desmobilização das futuras missões no terreno.

(37)

ARMED FORCES HEALTH SURVEILLANCE CENTER (AFHSC), Reported

Vectorborne and Zoonotic Diseases, U.S. Army and U.S. Navy, 2000-2011, MSMR. V. 19, n. 10, p.15-16, 2012.

HO Z.J.; HWANG Y.F.; LEE J.M. Emerging and re-emerging infectious diseases: challenges and opportunities for militaries. Mil Med Res. v. 1, n. 21, p. 1-10, 2014.

MIGLIANI, R.; PRADINES, B.; MICHEL, R. et al. Malaria control strategies in French armed forces. Travel Med Infect Dis. v. 12, n. 4, p.307-17, 2014. SANCHEZ, J. L.; BENDET, I.; GROGL, M.; et al. Malaria in Brazilian military personnel deployed to Angola, Journal of Travel Medicine, v. 7, n. 5, p. 275–282, 2000.

SANDERS J.W.; PUTNAM S.D.; RIDDLE M.S.; TRIBBLE D.R. Military importance of diarrhea: lessons from the Middle East. Curr Opin Gastroenterol., v. 21, n. 1, p.9-14, 2005.

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10. PROGRAMA DE CÃES DE TRABALHO DO EXÉRCITO BRASILEIRO: PROPOSTA EMBASADA EM METODOLOGIA DE ANÁLISE SWOT

OTAVIO AUGUSTO BRIOSCHI SOARES1, NÍVEA DE MATTOS GÓES VIEIRA1 1Seção de Cães de Guerra e Centro de Reprodução de Caninos, 2º

Batalhão de Polícia do Exército, Osasco-SP.

RESUMO:

Com a maior demanda operacional das Forças Armadas nacionais o emprego de cães dentro do Exército Brasileiro vem crescendo, sem no entanto haver um programa que contemple todas as atividades

envolvidas. O presente trabalho objetivou criar uma proposta de

programa de cães de trabalho utilizando-se de metodologia SWOT com embasamento. Pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas ao emprego de cães foram levantadas e uma proposta de programa foi feita com os seguintes itens: 1 – Responsabilidades e objetivos; 2 – Instalações e equipamentos; 3 – Organização

médico-veterinária; 4 - Capacitação de pessoal; 5 – Treinamento e certificações; 6 – Operações.

INTRODUÇÃO:

Nas últimas duas décadas, com o forte crescente da cinotecnia mundial e a maior demanda operacional das Forças Armadas nacionais, o emprego de cães em atividades militares e policiais passou por uma reformulação e vem aumentando seu nível técnico-profissional e de cultura institucional a cada ano. O objetivo do presente trabalho foi criar uma proposta de programa de cães de trabalho para o Exército Brasileiro (EB) considerando suas diversas atividades, peculiaridades, pontos fortes e carências

levantadas pela metodologia de análise SWOT.

MATERIAL E MÉTODOS:

Primeiramente foi feita revisão bibliográfica e documental sobre o tema, posteriormente, a metodologia de análise SWOT foi empregada e,

baseada nos resultados, uma proposta de programa de cães de trabalho para o Exército Brasileiro foi elaborada.

(39)

Os pontos fortes documentados podem ser elencados como a ampla distribuição nacional – aproximadamente 350 cães em 52 canis - (Exército Brasileiro, 2015) e legislações específicas para a atividade (Exército

Brasileiro, 1972, 1982, 2010, 2013, 2014). As fraquezas apontadas foram: a necessidade de capacitação de recursos humanos; o aumento do efetivo canino para o melhor cumprimento das obrigações militares; a

necessidade de melhora e adequação de instalações e o afastamento da função de militares envolvidos com a Seção de Cães de Guerra para exercer outras funções dentro das unidades militaers (Soares, 2013). Adicionalmente foi levantada a falta de padronização de procedimentos para os diversos tipos de operações realizadas com cães no EB.

As oportunidades levantadas podem ser resumidas no crescimento e fomento da cinotecnia nacional nos últimos anos impulsionada pelos grandes eventos desportivos e religiosos que o país tomou parte e o crescente ambiente interagência instalado no país, o que permite trocas de experiências e colaborações operativas. As ameaças foram levantadas como a falta de cultura cinotécnica nacional, a não existência de provas de certificação de cães no país e as dificuldades de emprego de recursos disponibilizados pela União utilizando-se o sistema de licitações regular hoje no Brasil.

Após realizada a análise SWOT e análise dos programas da Marinha e Exército dos EUA (Department of the Army, 1993; Department of the Navy, 2012), um programa com os seguintes tópicos foi proposto: 1 – Responsabilidades e objetivos; 2 – Instalações e equipamentos; 3 – Organização médico-veterinária; 4 - Capacitação de pessoal; 5 – Treinamento e certificações; 6 – Operações.

DISCUSSÃO:

Apesar de marcos doutrinários, a atividade de emprego de cães ainda não se encontra sistematizada dentro do EB já que a legislação supracitada é incompleta, em alguns pontos obsoleta e não padornizada.

Adicionalemnte, a coordenação central e as práticas rotineiras, dentro dos diversos aquartelamentos carecem de equidade e padronização. Alguns problemas, como o alto grau de divergências fundamentais entre os manuais, a obsolescência de alguns textos e a não cobertura de algumas práticas importantes, como as atividades de faro de explosivos, podem ser identificados.

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As questões de divergência giram em torno das raças a serem

empregadas, o tipo de emprego, a estrutura física a ser construída para o funcionamento dos canis, o quadro de pessoal a ser empregado, dentre outras. Essas lacunas seriam sanadas com as diretrizes contidas nas partes do programa: 1, 2 e 3.

A não revisão de textos antigos, como os manuais de Cinotecnia e Canis Militares, faz com que as práticas de manejo executadas, hoje, pela evolução da medicina veterinária, divirjam muito das previstas nestes textos doutrinários. Adicionalmente, algumas práticas necessárias ao emprego de cães pelo EB não estão totalmente regulamentadas, como, por exemplo, a capacitação de pessoal para adestramento e emprego de cães para as diversas utilidades militares. Esses quesitos seriam

contemplados nos itens 3 e 4 do programa.

O treinamento a padronização operativa e a certificação de homens e cães, cujas faltas foram identificadas como fraquezas e ameaças nas análise SWOT seriam evitadas com os itens 5 e 6 do programa.

CONCLUSÃO

Uma proposta de programa de cães de trabalho do Exército Brasileiro abrangente foi possível de ser criada com o levantamento bibliográfico e a análise SWOT realizados.

REFERÊNCIAS:

DEPARTMENT OF THE ARMY. Military Working Dog Program (P190-12), de 30 de setembro de 1993.

DEPARTMENT OF THE NAVY. Military Working Dog Program (OPNAVINST 5585.2C), de 07 de setembro de 2012.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Cinotecnia (T 42-280), de 05 de abril de 1972. EXÉRCITO BRASILEIRO. Canis militares (T 42-281), de 23 de março de 1982. EXÉRCITO BRASILEIRO. Normas para controle de caninos do Exército

Brasileiro, de 17 de dezembro de 2010.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Emprego do cão de guerra (EB 70-CI-11.002), de 22 de novembro de 2013.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Normas gerais para reprodução e distribuição de caninos no Exército Brasileiro, de 14 de novembro de 2014.

EXÉRCITO BRASILEIRO. Comando Logístico. Diretoria de Abastecimento. Aditamento nº 09 – D Abst, ao Boletim Interno nº 036 da Diretoria de Abastecimento, de 14 de maio de 2015.

(41)

SOARES, O. A. B. Medicina Veterinária Militar: biossegurança e defesa. São Paulo: Editora PerSe, 2013. 212p.

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11. SOROPREVALÊNCIA DE Borrelia spp. EM EQUINOS DE USO MILITAR DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

CARLOS HENRIQUE COELHO DE CAMPOS 1, RUBENS FABIANO SOARES

PRADO 2, MATHEUS DIAS CORDEIRO 3, ADIVALDO HENRIQUE DA FONSECA 3, CLÁUDIO LÍSIAS MAFRA 4 , CARLOS LUIZ MASSARD 3.

1-Divisão de Ensino e Pesquisa, Instituto de Biologia do Exército, Ministério da Defesa, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

2-Hospital Veterinário, Academia Militar das Agulhas Negras, Ministério da Defesa, Resende, Rio de Janeiro, Brasil.

3-Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Rio de Janeiro, Brasil.

4-Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

RESUMO:

Com o objetivo de avaliar a ocorrência de Borrelia spp. em equinos mantidos em unidade militar no estado do Rio Grande do Sul, foram coletadas amostras de sangue. Verificou-se no soro, por ELISA, a ocorrência de anticorpos anti Borrelia burgdorferi cepa G39/40 e

diferentes níveis de infestação pelo carrapato Rhipicephalus (Boophillus)

microplus. Verificou-se soroprevalência de 44,66% (n=134/300). A

evidência de circulação de borrélias nos equinos reforça seu papel como sentinela, sendo fator de alerta para potencial ocorrência de casos humanos. Os resultados obtidos reforçam a importância da vigilância epidemiológica dos carrapatos vetores e sua associação com agentes infecciosos de risco para a saúde do efetivo militar humano e animal na região avaliada. Isto também realça a necessidade da adoção de medidas de proteção coletivas e individuais visando mitigar o risco de doenças transmitidas por carrapatos em atividades militares.

INTRODUÇÃO:

As borrélias são bactérias que promovem uma série de doenças zoonóticas, sendo transmitidas por carrapatos. No Brasil, casos de borreliose são descritos como uma enfermidade similar a Doença de Lyme, que ocorre no hemisfério Norte, mas com aspectos

clínico-epidemiológicos diferenciados, denominada Síndrome de Baggio-Yoshinari (SBY) (Yoshinari et al., 2010). Animais silvestres e domésticos parecem

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estar envolvidos na cadeia de transmissão desta doença, que ainda não foi completamente elucidada. Seu agente etiológico também ainda está por ser isolado e caracterizado. Entretanto, estudos sorológicos tem

demonstrado que Borrelia spp. circula entre equinos em diferentes regiões do país e é possível que os equinos, incluindo os de uso militar, além de sentinelas e carreadores de carrapatos, possam estar

funcionando como hospedeiros reservatórios. Há relatos sugestivos desta possibilidade, inclusive com relatos de casos humanos com relação e história epidemiológica de infecção por B. burdorferi à partir da infestação de carrapatos oriundos do contato com equinos doentes (Marcelis et al., 1987).

Assim, estudos soroepidemiológicos no Brasil podem auxiliar na elucidação do ciclo da borreliose brasileira e alertar sobre o risco da doença em humanos. Desta forma, este estudo teve por objetivo realizar o diagnóstico sorológico de Borrelia spp. em equinos de uso militar, mantidos no município de São Borja, estado do Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS:

Amostras de 300 equinos de uso militar, utilizados para reprodução, foram testadas através do ensaio de adsorção imunoenzimática indireta iELISA para Borrelia burgdorferi cepa G39/40. Todos os equinos tiveram todo o corpo inspecionado visualmente, com atenção nas regiões mais

comumente parasitadas por Ixodídeos. Como característica marcante no manejo dos equinos, está a utilização de pastagens consorciadas com o rebanho bovino, caracterizando o manejo como " pastejo misto".

RESULTADOS:

À partir das 300 amostras submetidas ao ELISA, foram detectados 134 (prevalência de 44,66%) animais sororreagentes e foi observada somente a espécie de carrapato Rhipicephalus (Boophillus) microplus realizando

parasitismo.

DISCUSSÃO:

Este resultado de soroprevalência é bastante similar ao encontrado por Salles et al. (2002) de 42,8% em equinos do município de Seropédica-RJ criados extensivamente e com altas infestações de carrapatos.

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