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Participaram do presente julgamento os Conselheiros Susy Gomes Hoffmann, Judith do Amaral Marcondes Armando, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo

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nte Cai Marcos Cândido - Presi

Susy Gyies_Hof ma atora

CSRF-T3 Fl.

7,1

MINISTÉRIO DA FAZENDA

CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS

CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS

Processo n° 12466.004582/2002-85

Recurso n° 333.101 Especial do Procurador Acórdão n° 9303-01.355 — 3a Turma Sessão de 02 de fevereiro de 2011 Matéria Classificação Fiscal Recorrente FAZENDA NACIONAL

Interessado DSF IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA.

ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/01/1998, 17/12/1999

CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CONTRIBUINTE. ENTENDIMENTO FIXADO PELA PRÓPRIA FISCALIZAÇÃO EM OUTRO AUTO DE INFRAÇÃO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 100, PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. PROIBIÇÃO DO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM.

Não procede a autuação, com base em errônea classificação fiscal de produto importado pelo contribuinte, quando esta classificação se baseia em entendimento fixado pela própria fiscalização em outra autuação, relativa ao mesmo produto. Incidência do principio da proibição do "venire contra factum proprium", que veda que as partes, numa da relação jurídica, adote

comportamentos contraditórios.

Recurso Especial do Procurador Negado.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo da Costa Pôssas e Gilson Macedo Rosenburg Filho.

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Participaram do presente julgamento os Conselheiros Susy Gomes Hoffmann, Judith do Amaral Marcondes Armando, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo

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Siade Manzan, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Nanci Gama, Maria Teresa Martinez L6pez e Caio Marcos Cândido.

Relatório

Trata-se de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, com base em contrariedade à evidência das provas dos autos.

Lavrou-se auto de infração contra o contribuinte, promovendo-se revisão

aduaneira de diversas declarações de importação. Concluiu-se que, no lugar da classificação

fiscal perpetrada pelo contribuinte, em que se apontou o código NCM n° 9008.30.00, o código

correto era o de n° 8528.30.00 da TEC (projetores de video). Considerou-se que "com base nas características, retiradas dos ditos manuais, sob a denominação de 'input', 'input signals', 'source' ou 'input sources' notamos que as mercadorias importadas apresentam entradas para sinais de video. Assim, as mesmas não seriam simplesmente "Projetores de imagens fixas

como foram descritas inicialmente das DI's, divergindo do procedimento para classificação explicado abaixo".

Exigiu-se, destarte, o valor de R$ 150.626,44, a titulo de II, de R$

112.249,44, relativos a 1PI, ambos acrescido de multa de oficio e juros de mora, além do valor de R$ 441.835,06, a titulo de multa de controle administrativo de informações, nos termos do artigo 526, inciso II, do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85.

0 contribuinte apresentou impugnação As fls. 553/589 dos autos.

Argumentou, em síntese, que procedeu à classificação no código NCM n° 9008.30.00, tendo em vista autuação sofrida anteriormente, em outras importações, em que se entendeu como correta referida classificação. Alegou que, a partir de 1997, efetuou diversas

importações do equipamento em questão, adotando tal classificação. Ressaltou que passou a

adotá-la a partir de uma autuação fiscal sofrida. Antes, relatou, adotava o código 9013.80.10.

Desta forma, o contribuinte aduziu a ilegalidade de alteração dos critérios

jurídicos de classificação pelo Fisco.

A Delegacia da Receita federal de Julgamento, As fls. 619/629, julgou procedente o lançamento.

As fls. 637/659, o contribuinte interpôs recurso voluntário. Reiterou, em linhas gerais, os seus argumentos já expendidos na impugnação.

A antiga Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes converteu o

julgamento em diligencia (fls. 701/710). Diante da controvérsia entre o contribuinte e a

fiscalização no que se refere A correta classificação da mercadoria importada, determinou-se a

realização de perícia técnica pelo Instituto Nacional de Tecnologia.

As fls. 735, o contribuinte informou não mais possuir, para a realização da

diligência, exemplares do produto para a sua verificação fisica. Ressaltou, porém, que há farta

documentação, suficiente para a resposta aos quesitos.

Conforme Relatório de Diligência Fiscal, não foi possível proceder-se A

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Processo n° 12466.004582/2002-85 CSRF-T3

Acórdão n.° 9303-01.355 Fl.

em vista mudança de endereço da empresa. Depois da realização do contato com o

contribuinte, este demorou a comparecer ao órgão fiscal para tomar ciência do Termo de

Intimação e do Termo de Constatação. Quando finalmente o fez, relatou não dispor de amostras fisicas do produto para a realização da perícia. Diante disso, concluiu-se que: "Em consonância com a informação prestada pelo contribuinte, notamos que, até a presente data deste relatório, não houve interesse por parte daquela em adotar quaisquer ações ou procedimentos para cumprimento das intimações, efetuadas nos termos da referida Diligencia,

embora tenha tomado ciência pessoal de todos os termos lavrados pelas autoridades Alfândega no curso do procedimento fiscal".

A antiga Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, desta forma, As fls. 740/745, deu parcial provimento ao recurso voluntário do contribuinte, para excluir a imputação das penalidades e dos juros moratórios, entendendo-se que não houve por parte da fiscalização, alteração do critério jurídico, com base nos termos do artigo 146 do

Código Tributário Nacional, mas apenas correção de erro anterior. Tendo vista, no entanto, que

o contribuinte seguiu, na sua classificação fiscal, entendimento anteriormente externado pelo

próprio Fisco, aplicou-se o artigo 100 do CTN.

O órgão julgador, nos termos do voto do relator, reputou como correta a

classificação fiscal determinada pelo Fisco no presente processo. Aduziu-se que:

"Pelo que depreendi dos autos, inclusive culminando nas razões de decidir expostas acima, fica evidente que a fiscalização federal, ao lavrar o auto de infra cão em 23/10/97, incorreu em erro na interpretação da correta classificação fiscal das mercadorias objeto daquela e desta autuação.

Entretanto, corrigir o equivoco anterior, não me parece ser

caracterizado como alteração do critério jurídico. Este se dá

quando a aplicador da lei, podendo escolher uma ou outra interpretação possível, hora escolhe uma, hora alberga outra ".

Ressalvou-se, no entanto, que, ainda que não se tenha caracterizada a

alteração do critério jurídico, o contribuinte agiu em conformidade com anterior decisão do

próprio fisco, de modo que se entendeu aplicável o artigo 100, parágrafo único, do CTN, excluindo-se as penalidades, juros de mora e a atualização do valor monetário da base de

cálculo do tributo. Entendeu-se que a decisão anterior da fiscalização, no outro auto de

infração, que ensejou a classificação adotada pelo contribuinte, constituiu-se em verdadeiro ato normativo entre o Fisco e o contribuinte.

A Procuradoria da Fazenda Nacional, então, interpôs o presente recurso especial (fls. 751/764), com base em contrariedade da decisão recorrida A, evidência das provas dos autos.

Discorreu, primeiramente, sobre a inocorrência de alteração de critério

jurídico por parte da autoridade fiscal. Sustentou que a classificação fiscal 6, de fato, a correta,

e que:

"(..) resta claro que os projetores de mesa de cristal liquido importados pela interessada, que funcionam acoplados a computadores e a equipamentos de video, projetam imagens animadas, atributo amplamente utilizado nas apresentações

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profissionais, conectados diretamente a aparelhos como videocassetes ou por meio da movimentação de textos e imagens na tela do computador, que visam a tornar a exposição dos temas mais dinâmica.

Considerando que a classificação fiscal de um produto é

determinada pelos textos das posições (RGI I), conclui-se que a

posição 9008 é inadequada para o produto em questão, pois

engloba unicamente os projetores de imagem fixa, sem recursos

de animação".

Destacou que tal entendimento fora corroborado pela IN SRF no 60/2000.

Assim, sustentou, como tese recursal, que "a descrição das mercadorias constantes das DIs foi inexata, haja vista ter o importador consignado os produtos importados como sendo "Projetores de Imagem Fixa", impedindo a sua correta identificação".

Suscitou o ADN COSIT n° 12/97, aduzindo que, para o afastamento da

"infração administrativa ao controle das importações (importar mercadoria do exterior sem Guia de Importação ou documento equivalente), seria imprescindível que os produtos em

questão houvessem sido corretamente descritos, com todos os elementos necessários á. sua

identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado".

Diante disso, defendeu a aplicação da multa por infração ao controle administrativo das importações, nos termos do artigo 526, inciso II, do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 91.030/85). Repeliu a incidência do artigo 100 do CTN, para a exclusão

das multas e juros.

0 contribuinte apresentou suas contrarrazões ás fis. 777/788 dos autos. Ressaltou que a classificação afastada pela fiscalização no presente processo

é a mesma por ela determinada em outro auto de infração, e que o produto importado é o

mesmo. Alegou que restou caracterizada a mudança do critério jurídico. o Relatório.

Voto

Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Relatora

0 presente recurso especial é tempestivo. Preenche, também, os demais requisitos de admissibilidade, tendo em vista que a decisão recorrida fora tomada por maioria de votos, e a recorrente baseou-se na violação à evidencia das provas dos autos.

0 objeto recursal refere-se à impossibilidade de aplicação do artigo 100 do

CTN, para a exclusão dos juros de mora e das multas, diante do conjunto probatório constante dos autos.

de se ter, antes que se passe A. análise do mérito recursal, que, malgrado o

contribuinte tenha tecido considerações a respeito, a questão referente à inocorrência de

alteração do critério jurídico já fora definitivamente resolvida no acórdão a quo. Não será

enfrentada aqui, até porque não houve interposição de recurso especial pelo contribuinte.

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Processo n° 12466.004582/2002-85 CSRF-T3

AcórcIdo n.° 9303-01.355 Fl93

0 que se deve analisar é se, nos termos do defendido pela recorrente, houve de fato descrição inexata da mercadoria por parte do contribuinte, o que ensejaria a aplicação da multa por infração ao controle administrativo das importações.

Realmente, a Procuradoria da Fazenda Nacional insurgiu-se contra o

afastamento das multas e dos juros, defendendo que teria havido descrição inexata do produto importado pelo contribuinte. Neste sentido, sustentou inafastável a multa por infração administrativa ao controle das infrações, com base no Ato Declaratório COSIT n° 12/1997.

Não houve, contudo, tal descrição inexata. Não há embasamento para a manutenção das multas e dos juros de mora.

Com efeito, conforme se depreende dos autos, fato que não se pode afastar é o de que a descrição feita do produto importado pelo contribuinte, no sentido de se tratar de "Projetores de Imagem Fixa", decorreu do entendimento externado pelo próprio fisco em outro auto de infração, que determinou a classificação fiscal no código em que se expressa em tais termos. Antes, o contribuinte, os classificava no código n° 9013.8010, quando, então, sofreu a primeira autuação.

Quanto ao produto classificado, é incontroverso nos autos de que se trata do mesmo importado e objeto do outro auto de infração, que levou o contribuinte a classificá-lo da maneira que se fez aqui, no código 9008.30.00.

A descrição do produto, desta forma, deu-se de acordo com os termos do referido código, consoante enquadramento da própria Fiscalização em autuação anterior.

Conforme se vê na decisão recorrida, ao se considerar como correta a classificação fiscal adotada pelo fisco no presente auto de infração, ressalvou-se que a classificação defendida pelo contribuinte fundamentou-se em decisão da própria autoridade fiscal em auto de infração anterior, nos termos de tal decisão.

Não seria razoável, nem legitima a aplicação de qualquer multa ou juros ao contribuinte, pois tal fato contraria o artigo 100 do CTN.

Ora, se o contribuinte, importando determinada mercadoria, é autuado com base em errônea classificação fiscal, e desde então passa a observar o entendimento da própria autoridade fiscal nas importações subseqüentes, não há como se pretender legitima a imposição de multas e juros de mora, quando o Fisco muda de posicionamento, reputando equivocada classificação antes por ele determinada.

Deve incidir, de fato, o artigo 100, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Este dispositivo visa dar guarida à boa-fé que se revela patente nos autos por parte do contribuinte. Este não pode ser onerado da forma que se pretende por ter seguido entendimento da Fiscalização.

Ademais, outras normas principiológicas que devem sempre ser observadas numa relação jurídica, sobretudo quando integrada, em um de seus pólos, pelo Estado, encontrar-se-iam maculadas se fosse admitida, em face das particularidades do presente caso concreto, a imposição de penalidades e de juros de mora.

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o caso, especialmente, do principio da proibição do "venire contra factum proprium", que veda que as partes, numa da relação jurídica, adote comportamentos

contraditórios. Tal principio é decorrência direta do principio da confiança. Cumpre trazer interessante definição do seu significado;

"(.) Pela teoria dos atos próprios ("venire contra factum proprium") significa que ninguém estaria autorizado a contrariar um comportamento por si mesmo praticado anteriormente, desde que este tenha função orientativa, ou seja, na medida em que dirija a conduta dos sujeitos ou implique na tomada de decisão por parte deles. Na exata proporção em que informação relevante e necessária para o agir, o ato próprio vincula, de modo que não pode ser contrariado sob pena de esta mudança quebrar a lealdade.

Nota-se uma verdadeira eficácia vinculativa de atos, ainda que não atos jurídicos em sentido estrito. A parte que os pratica gerando confiança na outra parte de que aquela orientação de conduta seria mantida, ao alterar o comportamento, imprimindo-lhe direção oposta àquela original, frustra a expectativa de confiança e viola a boa-fé objetiva(..)1"

Diante do exposto, nego provimento ao recurso especial da Fazenda, a fim de que se mantenha a decisão recorrida em todos os seus termos.

Referências

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