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UM OLHAR ALÉM DA ORTOGRAFIA

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Academic year: 2021

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LETRAS

UM OLHAR ALÉM DA ORTOGRAFIA

Érika Pereira da Cunha

APARECIDA DE GOIÂNIA DEZEMBRO/2010

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ERIKA PEREIRA DA CUNHA

UM OLHAR ALÉM DA ORTOGRAFIA

Trabalho apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser Como requisito para obtenção do título de licenciada em Letras, com habilitação em português, inglês e suas respectivas literaturas, sob a orientação da professora Dra. Luciane Silva de Souza Carneiro.

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UM OLHAR ALÉM DA ORTOGRAFIA

Aparecida de Goiânia, ____ de dezembro de 2010. EXAMINADORES

Orientadora – Profª. Dra. Luciane Silva de Souza Carneiro.

– Nota: ______ / 70 Primeiro examinador – __________________________ – Nota: ______ / 70 Segundo examinador – __________________________ – Nota: ______ / 70 Média parcial – Avaliação da produção do Trabalho: ______ / 70

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UM OLHAR ALÉM DA ORTOGRAFIA

Érika Pereira da Cunha1 Luciane Silva de Souza Carneiro2

RESUMO: Este artigo tem como objetivo tratar do Acordo Ortográfico sob uma perspectiva sociológica, isto é, refletir sobre os aspectos

políticos e sociais que este documento implica. Para concretizar o

desenvolvimento deste projeto, os seguintes objetivos foram elaborados: Investigar se a trajetória dos acordos ortográficos entre os países lusófonos que se sucederam até hoje foram de interesses

linguísticos ou ligados ao capitalismo e à política. Propõem- se aqui

além do objetivo geral, o objetivo especifico desta pesquisa: analisar que por trás de toda uma história de Acordos para fazer da língua portuguesa uma língua de grafia única entre todos os países

lusófonos, existem interesses ligados ao capitalismo e às políticas.A

proposta deste estudo é de investigar a relação entre o Acordo Ortográfico e os interesses políticos encontram justificativas na necessidade que a sociedade tem de compreender os motivos da mudança de regras de sua língua. Tendo em vista que, tais estudos são de suma importância para esclarecer todo esse processo do Acordo Ortográfico e suas razões políticas. A metodologia utilizada é a bibliográfica e todo conteúdo teórico será elaborado conforme livros sobre o assunto, artigos científicos, revistas, jornais, e toda fonte que fizer um apanhado sobre o problema proposto.

PALAVRAS-CHAVE: Acordo ortográfico. Língua portuguesa. Política.

1. Introdução

Recentemente alguns dos países falantes de língua portuguesa assinaram o documento que permite a reforma ortográfica. Entre eles, figura o Brasil, que ainda está no período de adaptação das novas mudanças. Mas o que vem a ser esta reforma? Que reflexos ela terá no ensino? E, antes de tudo, e mais importante; quais as influências políticas e os reflexos destas no país? Estas são as perguntas foco deste trabalho, em especial, a última, a qual da margem para as principais reflexões e indagações deste trabalho.

A unificação da Língua Portuguesa não é mais uma novidade. Em 1943 ocorreu àprimeira „Reforma Ortográfica‟. Ao todo, somam-se três reformas até os dias de hoje, em que, todas com um propósito e uma explicação diferenciada para ser adota pelos países lusófonos.

1 Acadêmica do 8º período do curso de Letras da Faculdade Alfredo Nasser.

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Embora haja muitas pesquisas sobre a temática do acordo ortográfico e ainda seja um assunto de conhecimentos de um todo, poucos são os esclarecimentos de que este processo ultrapassou os limites considerados como: de interesse de valores culturais, históricos e ortográficos, para tornar-se uma questão de mero interesse político e capitalista.

O número de falantes de língua portuguesa ultrapassa a marca de 260 milhões de falantes distribuídos em sete países. Sendo assim, é a quinta língua mais falada no mundo. E o que se pretende com a união da ortografia entre os países falantes do português é transformar a língua em uma identidade comum. Por esta razão, pode-se considerar a unificação ortográfica como „simbolista‟.

A proposta deste estudo foi de investigar a relação entre o Acordo Ortográfico e os interesses políticos encontram justificativa na necessidade que a sociedade tem de compreender os motivos da mudança de regras de sua língua. Tendo em vista que tais estudos são de suma importância para esclarecer todo esse processo do Acordo Ortográfico e suas razões políticas.

2. CPLC- Comunidade de Países de Língua Portuguesa: organização política

Com sede em Lisboa, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa foi criada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em 17 de julho de 1996, o principal objetivo da organização dos países falantes da língua portuguesa é pôr em prática os objetivos de integração dos territorios lusófonos. A organização é regida pelo Secretariado Executivo que estuda, implementa e escolhe planos políticos para a Organização, o Secretário Executivo tem mandato de 02 anos, passível de reeleição.

Em um dos encontros desses países, em 2005, criaram o dia 05 de maio como o Dia da Cultura Lusófona que seria comemorada em todo o mundo. Os objetivos da CPLC são: Cooperação econômica, social, cultural, jurídica, técnico-científica e difusão da língua portuguesa.

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A organização é formada por oito Estados Soberanos, cuja língua oficial é a Língua Portuguesa, espalhados nos cinco continentes. Além dos membros plenos e efetivos, há três observadores associados que são a República da Guiné Equatorial, a República de Maurícia e a República de Senegal.

A CPLC possui também o que a organização considera como “observadores consultivos”, que compreendem entre entidades e organizações civis, dentre as quais estão às brasileiras: Fundação Bial, Fundação Eduardo dos Santos, Fundação Roberto Marinho, Fundação Oswaldo Cruz, Fundação Luso-Brasileira para o Desenvolvimento de Língua Portuguesa, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Na lista de países observadores consultivos encontram-se países que não são falantes da língua portuguesa, alguns são países com línguas originárias do latim, assim como a língua portuguesa, dentre os países estão: Andorra, Marrocos, Filipinas, Macau, Galiza, Malaca, Goa, Croácia, Romênia, Indonésia, Ucrânia e Venezuela. Quatro desses países só dependem da aprovação do governo para serem aceitos na organização, os outros já tem datas previstas para participarem das Criméias a serem realizadas em 2010 e 2012. Todos esses países possuem dentro do seu território histórias de falantes do português, ou são descendentes, ou foram países colonizados por falantes da língua portuguesa ou como é o caso do Uruguai já foi território de países falantes da língua como o Brasil.

A CPLP, também é definida por Winter (2009, p.22) como uma organização, uma convenção política:

A CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, foi criada em Lisboa, em julho de 1996, com a finalidade de reunir os sete países lusófonos então existentes- Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Monçambique, Portugal e São Tomé e Principe- em torno de três objetivos gerais, definidos nos estatutos da Comunidade: a concertação politica- diplomática entre os seus membros; a cooperação economica, social, cultural, jurídica e técnico- científica; e a promoção e difusão da Língua Portuguesa.

Nota-se que a organização nada mais é que comparado ao partido político, os países são os seus aliados, mas a criação da organização não foi

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bem aceita, perante a visão de alguns sociólogos e críticos, um dos fatores é que nenhum dos países aliados à organização estão na listagem dos 20 países mais humanamente desenvolvidos, outra crítica é que a CPLC tem como centro de articulações Brasil e Portugal, sob esses dois países correm acusações de neocolonialismo.

3. Academia Brasileira de Letras

A academia é composta por membros considerados na Língua Portuguesa em nosso País, composta por 40 membros efetivos e perpétuos e 20 sócios estrangeiros, o objetivo da academia segundo Silvio (2009, p. 166), “é a defesa da língua portuguesa.”

A instituição foi fundada no estado do Rio de Janeiro em 20 de julho de 1987, pelo imortal escritor do famoso livro Dom Casmurro, Machado de Assis. Ao fundar a academia, Machado de Assis teve a ajuda de Lúcio de Mendonça, a intenção era criar uma academia com o mesmo perfil da Academia Francesa.

O que a nação brasileira espera da Academia Brasileira de Letras é a defensoria da identidade da nação através da língua portuguesa e suas características peculiares, as quais retratam a figura do bom brasileiro através da mistura de raças. A instituição não assume o papel devido e esperado, o que se sabe é que críticos da Academia não medem esforços ao pronunciarem suas opiniões relacionadas às atitudes da academia no que se trata de escolha de membros, por deixarem de fora escritores como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Mário Quintana e Monteiro Lobato e, por tornar imortal, figuras como Paulo Coelho que não tem um grande valor literário para a Academia.

4. Acordo Ortográfico

A história da Língua Portuguesa deu-se início desde o latim, a partir do século XVI, conforme relata Coutinho (1976, p. 65), a Língua Portuguesa entra na era moderna e deixa o português Arcaico: “Não é sem razão que se toma o

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século XVI por marco divisório das duas mais importantes fases do idioma: o arcaico e a moderna”.

O mesmo autor afirma que: “as diferenças entre o português arcaico e moderno podem ser assinaladas no vocabulário, na fonética, na morfologia e na sintaxe”.(COUTINHO: 1976, p. 66)

A partir do século XVI, a língua portuguesa é impactada por movimentos literários. É a literatura que colabora para essa mudança da língua portuguesa. Após as grandes navegações portuguesas, o Brasil é inserido no quadro de falantes da língua portuguesa, o país foi colonizado e alfabetizado pelos portugueses que trouxeram sua língua e cultura para o Brasil.

O Brasil, por influência de outros colonizadores, fez uma miscigenação de raças e língua diferenciando assim o português brasileiro do português de Portugal, tanto no dialeto quanto na escrita, assim nasce à incansável briga de duas nações políticas pelo território lusófono.

Bechara (2009, p.14), afirma que o problema entre os “distintos idiomas”, surge no emprego dos sinais: “Os problemas surgiram quando o sistema tentou fixar o emprego dos sinais diacríticos, a começar do acento agudo e circunflexo marcadores de vogais tônicas e timbre aberto e fechado”.

O problema fonético de timbre na vogal tônica é um dos fatores que causa a dupla grafia entre a ortografia brasileira e portuguesa. Enquanto em Portugal acentua-se: António, no Brasil a mesma palavra é grafada: Antônio. Outro exemplo citável é a conjugação dos verbos com terminação: AMOS, do pretérito perfeito do indicativo da 1ª conjugação, na ortografia portuguesa essas palavras recebem o acento agudo, ex.: falámos. No Brasil, a acentuação da mesma palavra perante a mesma conjugação não é acentuada.

Essas divergências acarretaram nos quatro acordos ortográficos ratificados pelos países falantes da língua portuguesa até hoje. Dando início a rumores de reforma no final do século XIX, mas consolidando-se no século XX. Kemmler (2009, p.53), afirma que o primeiro destes projetos foi a da ortografia sônica, proposto pelo português José Barbosa Leão e pela chamada Comissão do Porto.

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As primeiras mudanças foi somente uma retratação nos campos etimológicos e fonéticos. Propunha-se a eliminação dos grupos ph, rh, th, y, e do uso das consoantes dobradas como: rr e ss; consoantes que não são pronunciadas e não influenciam na pronúncia da vogal, propunha ainda a regulamentação da acentuação gráfica.

O segundo acordo ortográfico deu-se rumores em 1929, a ideia era estabelecer um modelo ortográfico que trouxesse benefícios tanto para o Brasil quanto para Portugal, mas o fechamento do acordo foi somente em 1931 em Lisboa, a capital do país.

...o Acordo Ortográfico foi concluído no dia 30 de Abril de 1931, na 10ª Sessão da Conferencia Interamericana, realizada em Lisboa. Na prática, o Acordo era uma espécie de ratificação que fora proposto em 1911,... (OLIVEIRA, 2009, p.18)

O Brasil se opôs em primeira instância, ao segundo acordo, proposto pelos portugueses, este que não solucionava os problemas ortográficos, mas criava duas grafias oficiais. Diante deste problema, o Acordo contradiz sua finalidade. O Brasil só oficializou a nova grafia após Laudelino Freire ter elaborado um formulário de mudanças ortográficas que a Academia Brasileira julgava necessária que foi enviado à Academia de Ciências de Lisboa onde fora aprovada. Assim, em 1933 foi publicado o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

Mesmo após a oficialização do Acordo de 31, ambos os países não resolveram os seus problemas de grafia, principalmente quando o assunto é o uso de consoantes mudas, tanto Portugal quanto o Brasil, começaram a dar uma interpretação individual à resolução do acordo.

... o resultado das consoantes mudas foi resolvido através do seguinte desentendimento: “Ainda bem que o Acordo de não era acordo, e que nos Entendimentos posteriores se resolveu que cada uma das nações fizesse, neste ponto grave, o que entendesse. (LEÃO, 1934, p. 187)

Mesmo após toda tentativa do Brasil de adequar-se ao novo acordo de 31, em 1934, estabelece a Ortografia de 1981, com a oficial no país. Serviço de Publicidade da Imprensa Nacional, (1934, p.62):

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art.26. Esta constituição escripta na mesma orthographia da de 1891 e que fica adoptada no paiz, será promulgada, pela mesa da Assembléia depois de assignada, pelos Deputados presentes e entrará em vigor na data da sua publicação.

Em 1938, o Decreto-Lei Nº 292 decretou que fosse novamente estabelecido o Acordo de 1931, criado no mesmo ano o 1º Pequeno Vocabulário da Língua Portuguesa (PVOLP), criado pelo Ministério da Educação e Saúde, esse Decreto-Lei revisava principalmente o uso da acentuação gráfica.

Perante a insatisfação de ambas as nações lusófonas, Portugal também mostrou sua insatisfação para com o acordo de 1931, e criou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que definiria o que continuaria e o que seria anulado do acordo de 1931, uma das principais características desse Vocabulário Ortográfico foi a „reoficialização‟, assim tratada pelos portugueses, do uso das consoantes mudas. O Vocabulário Ortográfico foi oficializado em 1940.

Antes da oficialização do Vocabulário Ortográfico de 1940, Portugal ainda tentou um novo acordo em 1939, quando enviou uma proposta à Academia Brasileira de Letras propondo mudanças no acordo de 31, esta que consentiu com as mudanças, mas foi barrada pelo governo brasileiro.

Em 1943, a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira foi oficializada no Brasil, pelo então presidente Getúlio Vargas, com a criação da Convenção tanto a Academia Brasileira de Letras quanto a Academia das Ciências de Portugal, estavam autorizadas pelo governo a resolverem qualquer assunto relacionado à ortografia. Sendo assim, em 1945, as duas nações assinaram um novo Acordo Ortográfico, tendo este sido oficializado no mesmo ano por Brasil e Portugal.

Mas a „guerra‟ não parou por aí. Em 1971, não satisfeitos com o uso da acentuação gráfica Portugal e Brasil, respectivamente a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Portugal elaboraram um novo projeto de Acordo, que se deu em 1975, mas que foi concluído somente no ano de 1986, durante o Encontro de Unificação Ortográfica em que se fizeram presentes todos os demais países falantes da língua portuguesa- Angola, Brasil, Cabo

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Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, estabelecendo um acordo ortográfico que abrange agora todas as nações lusófonas. As principais mudanças foram no uso do hífen, acentuação gráfica e o uso das consoantes mudas.

O acordo de 1986 causou revolta aos países lusófonos, consequentemente o acordo não foi ratificado provocando quatro anos depois, em 1990, uma nova proposta do acordo ortográfico sendo ratificado por Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Portugal. Em 2000 e 2004 ainda houve encontros da CPLP que discutiram possíveis mudanças no acordo de 1990, formulando-se dois Protocolos Modificativos que fizeram com que o acordo só passasse a vigorar agora em 2010.

4.1- Língua e Poder

A questão do uso da língua como marco de poder, riqueza e domínio tornou-se centro de uma inevitável discussão nos últimos anos, a Lusófonia associada à língua portuguesa e suas quatro reformas até hoje.

O assunto Língua Portuguesa, especificamente a temática do Acordo

Ortográfico como questão essencialmente política e geoestratégica é o excelente exemplo do que conhecemos como "globalização". Só a título de esclarecimento - O que se conhece por Globalização, se não uma palavra de caráter geopolítico, econômico e social. Logo, a Língua Portuguesa associa-se a uma eterna política e o acordo ortográfico mais um fruto desse fenômeno: A Globalização.

A língua como ciência também é um fato social de ordem política e

econômica, sendo assim, o Acordo Ortográfico, também é uma decisão de „partidários‟. É como considera Morais (2009, p.26): "Tudo em ortografia é fruto

de um acordo social, isto é, tudo foi arbitrário..."

Não é a toa que temos a CPL e a Academia Brasileira de Letras, que

são duas convenções sociais da língua, e tudo que conhecemos hoje como social está ligado à palavra poder. Não só hoje, mas, desde os primórdios,

narrados no grande Livro Sagrado, a Bíblia.

A Bíblia relata a história da torre de Babel, enquanto Deus soberano estava no controle do povo: “em toda a Terra, havia somente uma língua e empregavam-se as mesmas palavras”.Foi quando o povo resolveu construir

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uma torre alta até aos “céus”, Deus parou este projeto ao confundir a sua linguagem e espalhar o povo sobre a terra. Então o poder foi dividido em povos, língua e poder.

Quando se estuda as grandes civilizações associa-se a poder e Língua. Os povos das grandes civilizações tinham por índole a natureza de guerreiros, saíam em busca de expansão de território e como marcação desse território deixavam a cultura e a língua como herança aos povos conquistados. Exemplo desses feitos é o povo grego, a Grécia que conquistou os povos do Oriente fundindo sua cultura e língua. O povo hebreu e egípcio também foram marcos nas grandes civilizações conquistando povos, dominando territórios amplos e disseminando sua língua e cultura.

Outro exemplo de língua como sinônimo de poder é a língua do povo Persa. Os persas, durante anos, tiveram o controle da região onde hoje é o Irã, antigamente, povos de poder, por isso, a língua persa foi por muito tempo a língua Franca do Planalto Iraniano.

Como língua de domínio amplo podemos recordar do Latim, uma das grandes línguas quando se analisa a relação de língua e poder. O Latim foi a língua mais disseminada no antigo Império Romano, está que até hoje é sinônimo de poder dentro da Igreja Católica, o latim é a língua falada pelos vaticanos.

Chega-se ao principal assunto em pauta: A Língua Portuguesa. Esta derivada da língua latina, entre os séculos XV e XVI conhecido como a Era das Grandes Navegações, Portugal era pioneiro, e seu principal objetivo era descobrir novas terras em busca de especiarias, foi durante uma dessas navegações dos portugueses que chegaram à terra de Vera Cruz, o Brasil, e como foi feito com todas as outras terras „descobertas‟, sem nenhuma cerimônia invadiram as terras, catequizaram o povo e ensinaram sua língua como sinônimo de poder e conquista. Coutinho (1976, p.323), descreve a chegada dos portugueses às terras brasileiras:

Com a mira posta na catequese dos selvagens, eram forçados a estudar-lhes a língua, para maior fruto de seu apostolado. E não se contentaram apenas de conhecê-la praticamente, mas levaram o seu

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empenho tão longe neste particular que chegaram a compor-lhe a gramática e o dicionário.

Até hoje, após 500 anos de descobrimento pelos portugueses das terras brasileiras, que a imagem do Brasil ainda é ligada a Portugal.

Após a queda do „Império Português‟, a língua que alcançou o topo da pirâmide em questões políticas e econômicas foi a Língua Inglesa, chegou a esse marco pelo único motivo de que Estados Unidos um país falante nato da língua inglesa, agora é a Grande Potência do século XX e XXI.

Ao traçarmos essa trajetória da língua e do poder que ela representa, percebe-se que hoje a briga da grande sociedade é a busca pelo poder econômico, isto significa expandir nos termos cultura e língua. A criação de blocos econômicos são todos de países falantes de uma língua, então podemos considerar que „ num mundo formado por blocos, a lusofonia pode ser mais um deles‟.

Diante dessas declarações e conclusões como tratar-se então a convenção de países falantes da Língua Portuguesa se não como uma formação de bloco econômico, com visões políticas e econômicas?

Na história dos acordos ortográficos, percebe-se que todos aconteceram em tempos marcados por grandes acontecimentos que mexiam com a sociedade, acontecimentos que marcaram e fizeram a história da humanidade e também marcavam o surgimento de novas potências econômicas e industriais. Todos os acordos, se pode assim considerar, foram fechados com visão em futuro próximo de mudar o cenário político mundial, fazer história. Lembra-se sempre de fatores históricos como, no século XX, foi o mais marcante da Era Moderna, guerras e avanços tecnológicos e durante 400 anos o Brasil permaneceu com o seu dialeto da Língua Portuguesa inquestionável quanto as suas características peculiares em se tratando de dialeto e escrita, justo no século marcado por grandes acontecimentos entre eles a derrota de uma potência Européia, Antiga União Soviética, para um país americano colonizado os Estados Unidos na Guerra Fria. Resolve-se discutir sobre as variantes lingüísticas de uma „ex-potência européia‟ e a de um país colonizado

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americano, fala-se aqui do Brasil e Portugal respectivamente. Deixaremos fluir como meras coincidências? Não.

Rumores para o primeiro Acordo Ortográfico começam em 1907, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elaborou um projeto de reformulação ortográfica. Já em 1911, Portugal oficializa a reforma, em que no Brasil não houve mudanças já em Portugal passou a ter uma ortografia reformada, mais fonética. Data de 1915, por resolução, o Brasil decide acompanhar a ortografia de Portugal, quando em 1917, revogou-se a resolução de 1915.

Durante esse período de 1907 a 1915, muita coisa aconteceu no cenário mundial, governos como China e Pequim assinaram o acordo e o mais comentado de todos França, Bélgica e Grã-Bretanha declararam guerra mundial, Grã-Bretanha declararam guerra mundial, essa guerra gerou instabilidade política na Europa, causando o declínio do poder da Alemanha no cenário político econômico.

Em 1924, Brasil e Portugal começaram a discutir a união da grafia e, em 1929, a Academia Brasileira de Letras lançou um novo sistema gráfico. Os acontecimentos históricos entre 1924 e 1929, foi marcado pelo período pós-guerra e o início da Grande Crise de 1929 que persistiu ao longo da década de 1930. Os efeitos da crise foram sentidos no mundo todo, no Brasil, a crise ajudou no desenvolvimento industrial já que o país enfrentou uma crise na sua maior exportação, o café. Os demais países acarretaram o desemprego, várias instituições bancárias foram fechadas, as produções industriais caíram pela metade e a deflação. Todos esses acontecimentos entre Brasil e Portugal, tratando de ortografia com o objetivo de formarem uma grafia única de força, parece estratégia política para uma futura ascensão de Portugal e crescimento Brasileiro?

Brasil e Portugal, em 1931, aprovaram o Primeiro Acordo Ortográfico. Em 1943, doze anos depois os dois países fazem um novo Acordo, chamado de Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado e colocado em prática. Em 1945, novo acordo, posterior ao Formulário regido em 1943, em Portugal tornou-se lei, no Brasil não foi ratificado pelo Congresso Brasileiro,

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permanecendo o acordo de 1943. Assim, gerou diferenças entre a ortografia brasileira e a portuguesa.

No ano de 1971, no Brasil por meio de decreto, foram promulgadas algumas alterações no acordo de 1943, referentes a acentuação gráfica, reduzindo as diferenças ortográficas com o Brasil. Quando em 1975, Portugal e Brasil elaboram um novo projeto de acordo ortográfico que não foi aprovado.

Volta-se brevemente ao contexto histórico entre as datas de formulação e aprovação do primeiro Acordo Ortográfico entre 1931 e 1943, relembra-se na passagem dessas duas décadas que foi marcada pela Segunda Guerra Mundial, foi a guerra mais ampla da história, o mundo encontrava-se em um estado de „Guerra Total‟ incluindo todas as grandes potências. Tanto na primeira tentativa de acordo quanto na formulação e aceitação do primeiro acordo por ambos os países, o mundo estava em guerra, as atenções de todo o mundo principais meios de imprensa da época, só tiveram conhecimentos das nações envolvidas, Brasil e Portugal, todo o resto do mundo voltado para guerras e declínio de economia, ou seja, o acordo foi desapercebido pelos demais, talvez esta seja uma das estratégias para se alcançar o êxito de grande potência sendo encabeçadas pela unificação da língua escrita e expandindo-a aos demais falantes da mesma, sorrateiramente aproveitando-se de fatos como esses .

Volta-se agora ao cronograma em que se deram os acordos ortográficos. No ano de 1990, Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe acertaram o acordo de unificação da Língua Portuguesa, o qual deveria ser ratificado por todos os sete países. A data prevista para o Acordo entrar em vigor era 1º de janeiro de 1994. Só Portugal, Brasil e Cabo Verde efetuaram a ratificação. Quatro anos mais tarde um Protocolo modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa retirou a data de início de vigência, porém manteve a necessidade de ratificação por parte de todos os países lusófonos. Outra vez, apenas Brasil, Portugal e Cabo Verde efetuaram a ratificação.

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Houve, em 2004, a aprovação de um

Segundo Protocolo Modificado ao Acordo Ortográfico. Timor-Leste

(independente em 1999) passou a integrar a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Conforme o protocolo se três países ratificassem o Acordo, este já se tornaria oficial, podendo entrar em vigor.

Brasil em 2004, Cabo Verde, em 2006, e São Tomé e Príncipe também, em 2006, ratificaram o acordo. Embora oficialmente aprovado não entrou em vigor nos três países. Em junho de 2008, Portugal ratificou o acordo. Prazo de seis anos para Portugal implantar o acordo e de quatro anos para o Brasil.

Percebe-se então, a partir destas observações ligadas à história que viveu a Língua Portuguesa que esta tem tomado rumos de unir forças políticas e culturais para manter-se a frente e em destaque, conquistando espaço através da união (CPLP). Esta união ortográfica consequentemente unifica os países falantes da língua portuguesa de forma não só gráfica, mas, também econômica cuja união colabora para a expansão da Língua Portuguesa, na qual, tem crescido e se destacado nos grandes encontros econômicos internacionais. Silva (1992, p.28), discorre sobre a expansão da língua portuguesa:

Dados revistos e as novas fontes disponíveis comprovam a vigorosa capacidade de expansão, permanência e crescimento da Língua Portuguesa em todos os continentes. O projeto de divulgação dos fatos e estatísticas pertinentes tornou-se, então, ainda mais profundo.

Ao analisar-se a língua a partir da perspectiva de Morais (2009, p.28), que define a língua como natureza de ordem social.

A visão que ultrapassa as regras da ortografia ampliando o campo para uma política econômica é citada por grandes gramáticos da língua portuguesa, mas nenhum chega a romper, apenas inserem em seus trabalhos pequenas observações. Winter (2009, p.25), também considera o acordo um ato político:

Esse Acordo é, na verdade, mais importante do ponto de vista político do que do lingüístico, uma vez que deve facilitar a redação de documentos internacionais, em uma única versão do português, e, consequentemente, permitir o ingresso da língua portuguesa nos organismos internacionais, como por exemplo, tornar-se a sétima

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língua oficial da ONU, juntamente com o árabe, o chinês, o espanhol, o francês, o inglês e o russo.

Amaral (1976, p.19) também considera o acordo ortográfico um movimento aceito pelas classes “privilegiadas”: “ Um sistema ortográfico só poderia ser aceito pelo critério de sua organização e pelo prestigio e autoridade cientifica dos que a elaboraram”.

Um dos grandes lingüistas da língua portuguesa, José Luiz Fiorin, escreveu um artigo para a revista eletrônica Linguagem, cujo linguista,”o alcance do acordo ortográfico não é propriamente lingüístico, mas político e, assim, ele deve ser analisado. Trata-se de uma decisão política lingüística dos países lusófonos.” Afirma ainda Fiorin, que:

Não são as necessidades reais de comunicação que pesam na definição de uma política linguística, mas considerações políticas, sociais, econômicas e religiosas. O estabelecimento de uma política linguística começa com a identificação de um problema, que não é de natureza linguística, mas de ordem política, econômica ou cultural.

O que não se pode deixar de evidenciar, é a grande diferença que existe entre os dialetos dos dois portugueses: do Brasil e de Portugal. O fato é que as duas línguas se diferem semanticamente e sintaticamente, Amaral(1976, p.8), já considerava esta diferença:

o português do Brasil é hoje uma coisa diferente do português de Portugal; nem pode deixar de ser; daqui a cem anos essas diferenças serão muito mais acusadas; e daqui a quinhentos é quase seguro que não nos entenderemos uns aos outros. Há, pois, em rigor, cientificamente, já impossibilidade de apertar as duas línguas num mesmíssimo colete.

Ou seja, a nossa língua portuguesa difere-se tanto dos portugueses que não podem ser equiparadas. Amaral (1976, p.8) defende a nossa gramática e as diferenças regionais da língua: “A nossa gramática não pode ser inteiramente a mesma dos portugueses. As diferenças regionais reclamam estilo e métodos diversos”.

Considerações finais

Ao final deste trabalho o que se espera do leitor é uma visão mais crítica, além senso comum, que ultrapasse o contexto dos acordos ortográficos,

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dando sentidos às entrelinhas. Enquanto falantes de um “dialeto português” defender nossa cultura, nossas origens, a nossa língua. Nota-se nas páginas aqui presentes, que até mesmo a língua é influenciada por questões políticas, econômicas e sociais, como foi em toda a trajetória do estudo das línguas. E, assim, prevalecerá por tempo que não podemos prever, e que hoje faz-se presente nas línguas, em especial, a aqui estudada o português, em que escreve uma trajetória forçada por mudança, de acunho político-econômico, conhecidos por: Acordo Ortográfico.

ABSTRACT: This article aims to address the Orthographic

Agreement on a sociological perspective, that is, reflect

on the political and social issues that this document implies.To

achieve the development of this project, the following

objectives were developed: To

investigate whether the trajectory of the agreements spelling among Lusophone countries that have taken place so far have been of

interest or language related to capitalism and politics. Are

proposed here in addition to the general objective, thespecific goal of

this research: look behind you a whole

history of agreements to makea Portuguese language spelling unique

among all speaking countries, there

areconcerns related to capitalism and policies. The purpose of

this study is to investigatethe relationship between the Orthographic Agreement and the political interests findjustification in the need that society has to understand the reasons for the change in the rules of

their language. Given that such studies are of

paramount importance to clarifythe whole process of the

Orthographic Agreement and its political

reasons. Themethodology used is the theoretical literature and all co

ntent will be produced asbooks on the subject,

papers, magazines, newspapers, and every source that you do asummary about the proposed problem.

Bibliografia

AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. São Paulo, HUCITEC, Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976.

COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. 7.ed. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1976.

FIORIN, José Luiz. O acordo ortográfico: uma questão de política lingüística.

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Referências

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