NO ESTRANGEIRO
DEFESA E REND
A
N
A
C
I
ON
A
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De acôrdo com uma opinião muito generalizada, os gastos mundiais com a defesa nacional tendem a aumentar constantemente. Acredita-se que a situação política internacional com seus nume-rosos pontos :1evrálgicos conduz inevitàvelmente a um acréscimo dos orçamentos militares - no sentido mais amplo da palavra, in-cluindo ajuda aos aliados, despesas com tropas de ocupação etc. Além disso, a alta universal dos preços deve refletir-se também nas despesas com pessoal e material das fôrças armadas.
Com efeito, os orçamentos mi-litares crescem quase por tôda parte; apenas no dia seguinte a uma forte desvalorização pare -cem às vêzes em recuo, mas des-de que se faça a contabilidades-de em dólares. Contudo a diminuição das despesas tem em geral curta duração: desaparece à medida que os preços internos das na-ções em foco se adaptam à nova taxa cambial. Nos países que não dispõem de uma indústria de ar-mamento moderna e que, por conseguinte, são obrigados a pro-curar um volume mais ou
me-MARÇ0/1966
nos importante 'de armas no es -trangeiro e pagá-lo em divisas, o processo de adaptação é parti-cularmente rápido.
É certo que calculadas tanto em moeda nacional como em dó-lares, as despesas militares cres-ceram em quase todos os países do mundo nos últimos 12 anos. Mas, as estatísticas que se
limi-tam a comparar a evolução dos gastos militares de um exercício com os do exercício seguinte, são uma forma de verificação equí-voca e, até mesmo, falaciosa. 87
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um produto da COMPANHIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO IPIRANGAComo as despesas de natureza militar têm objetivo nitidamente determinado, o que importa é ve -rificar qual a fração da renda na-cional que deve ser destinada à segurança do país. É como dizia, no século passado, na Inglater-ra, um Ministro da Fazenda: "as despesas militares representam o prêmio de seguro da Nação".
Por conseguinte, uma compa-ração adequada dos gastos com a defesa nacional não deve limitar--se à evolução dos orçamentos militares em cifras absolutas. Será preciso calcular a porcenta-gem do produto ou da renda na -cional absorvida por tais despe-sas. Assim apresentada a
ques-.s
tão, chega-se a resultados inteira-mente diversos dos que represen-tam a opinião corrente do públi-co sôbre a contínua expansão dêsses gastos.
AUMENTA MAIS RAplDAMENTE o
PRODUTO NACIONAL
o
estudo da OTAN limita-se a 14 países membros dessa Organi-zação, já que o 15.°, a Islândia. não mantém fôrças armadas pró-prias, nem possui orçamento mi-litar. A cobertura estatística do estudo não abrange os países da Europa Ocidental, que estão fora da OTAN, em especial os países da América Latina. Tampouco são considerados os dados sôbre a União Soviética, China e seus satélites. Os países do chamado Terceiro Mundo, da Ásia e da África, também não estão incluí-dos. É bem possível que para di-versos países não abrangidos pelo estudo da OTAN, especialmente em áreas do bloco comunista, os resultados de uma comparação semelhante viessem a ser diferen-tes. Em outras palavras, que nesses países as despesas de na-tureza militar tenham aumenta -do mais que a expansão do pro-duto nacional.Uma outra insuficiência da es-tatística estabelecida pela OTAN
reside em que comparam-se as despesas militares de 1953 com as de 1963, quando se sabe que CONJUNTURA ECONôMICA
nos dois últimos anos os orça-mentos militares foram
substan-cialmente aumentados em alguns
países da Europa (França,
Ale-manha Ocidental etc.).
Contu-do, como os montantes do PNB
e as despesas para a defesa
na-cional são, em 1964, conhecidos
para todos os países membros da OTAN e, em 1965. para boa par-te dêspar-tes, não seria difícil
com-pletar a estatística. Eis, no
en-tanto, O arrolamento dos dados
com base na comparação decenal
da OTAN.
O QUADRO I mostra que a
di-minuição mais sensível das
des-pesas militares - sempre em
têrmos de proporção do produto
nacional bruto - se verifica nos
Estados Unidos. No Canadá, a
relação diminuiu para a metade,
baixando de 9 para 4,5%.
lNFLU~NCIA DA DESCOLONIZAÇÃO
A evolução dos países
euro-peus foi grandemente
influencia-da pela descolonização. Os
paí-ses que deram a seus antigos
ter-ritórios de além-mar a
in:lepen-dência completa, ou pelo menos
ampla autonomia, isto é,
Grã-Bretanha, França, Países-Baixos
e Bélgica, acusam todos forte
di-minuição da relação CD/PNB. A
regressão é particularmente
acen-tuada na França (6,4 % em
1963 contra
ll'
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;
.
em 1953).Entretanto, o recuo relativo dos MARÇ0/1966
I
-
CUSTO DA DEFESA NACIONALEM % DO PRODUTO NACIONAL PRUTO Países-Membros 1953 1963 1963: 1953 da OTAN
-
-E~tados UnidolO 14,8 •. 8 5,0
rnglatE!1'ra 1l,3 7.2 4,1 Portugal 4.5 6.8 2.3 França 11.0 6.4 54 Alemanha ( ri i,~:"I' <aI 4 .• 6.1 1,2 Tu~quia 5.4 S •• 0,5 Paíse'-Baix, 6.2 4,. 1.3 Grécia 6.1 4,7 1,4 Canadá •. 0 4.5 - 4,5 Itália 4.6 4,2 -<1,4 Noruega 5.6 4.1 1.5 Bélgica 5.2 3.7 1,5 Dinamarca 3.7 3,5 0,2 Luxembl'rg) 0,3 1,4 1,1
gastos para a defesa nacional da
França provém em boa parte do
desenvolvimento econômico e do
crescimento do PNB a partir de
1959. Entre os países europeus
altamente industrializados, a
Ale-manha Ocidental é o ú n i c o
cujas despesas militares
cresce-ram mais do que o PNB, embora
êste também haja subido
bas-tante,
Quanto aos países de menor
envergadura econômica, cu j a s
despesas militares aumentaram
mais que o PNB, Portugal ocupa
o primeiro lugar; provàvelmente,
foi uma das causas dessa
expan-são a ampliação das fôrças
arma-das portuguêsas em suas grandes possessões africanas. Todavia,
apesar do acréscimo sensível, as
despesas militares da população
metropolitana remeteram, ainda
em 1964/65 (8 dólares per
ca-pita), as menores de todos os
países membros da OTAN (com
exceção da Islândia). As da
Tur-quia foram um pouco mais altas
(10 dólares per capita), em
-bora a renda per capÍta fôsse
menor que a de Portugal (189
dólares, contra 263 em Portugal, segundo a estimativa para o ano
de 1963).
;1 BILHÓES DE DÓLARES PARA A DEFESA
o
estudo da OTAN junta à suacomparação com o PNB as cifras
absolutas dos orçamentos
milita-res para 1964/65, assim como o
aumento ou a diminuição em
re-lação ao orçamento anterior. Sem
dúvida, as despesas efetivas nem
sempre são idênticas aos montan-tes previstos no orçamento.
Fre-qüentemente, há no transcurso do exercício um orçamento su-plementar: em alguns países eu-ropeus isto já se tornou quase a
regra geral. mas nos outros tam
-bém as despesas realizadas são comumente maiores que as
ins-critas no orçamento principal.
Ainda que se admita o PNB
como têrmo de .... eferência mais 90
importante e significativo para as despesas militares, as cifras
abso-lutas do orçamento guardam sua
validade quando se trata de dar
uma idéia sôbre as repercussões
econômico-financeiras de ta i s gastos. Elas compreendem não
só os bens de consumo das
fôr-ças armadas, os investimentos para a construção de casernas e outras instalações destinadas a
longa duração, como constituem a principal e mesmo única fonte
de encomendas para numerosas
indústrias privadas. Os orçamen-tos miJitares - como aliás os ou-tros capítulos do orçamento tam
-bém - não absorvem apenas
uma parte da renda nacional,
mas redistribuem as receitas do
Estado e geram assim uma
par-cela da renda nacional. Através dêste processo de
re-distribuição, os orçamentos mili-tares exercem considerável
influ-ência sôbre a marcha da
conjun-tura, pelo menos sôbre certos
se-tores da economia nacional. Por
êste motivo reproduzimos aqui outro QUADRO da OTAN sôbre os orçamentos da defesa nacional
em 1964/65 e as diferenças em
relação ao exercício anterior. Os dois países lnembros norte--americanos do continente, Esta
-tados Unidos e Canadá, foram Of únicos cujo orçamento nacional
em 1964/65 se apresentou
me-nor que no exercício precedente.
Entretanto, os Estados Unidos
mantêm, sob o aspecto
financei-ro, um lugar especial entre os
países associados da OTAN. OS
orçamentos da defesa totalizaram
para o exercicio 1964/65 o m on-tante de 70872 milhões de d
ó-lares, Desta cifra, os Estados Unidos figuraram com 50450 milhões, ou 71,2%, enquanto os outros 13 países membros não ul-trapassam, em conjunto, 20422 milhões de dólares. Dêste último montante, a Grã-Bretanha, Al e-manha Ocidental e França par
ti-ciparam com cêrca de três quar-tas partes.
11 ORÇAMENTOS DA DEFESA
NACIONAL oos PAiSES DA OTAN (Em milhões de dólares)
1964 65 PAíSES-MEMBROS DA OTAN 1964 65 1963 64 (0'0) Estados Unidos 50450 3,5 Inglaterra 5596 8,_ Ale:nanha GC'iden-.. I 5054 4,5 França 4270 5,. ltalil 1741 15,3 Canadá 1413 4,5 Pais€: -Baixos 725 10,9 Bélgiç[l 504 13,6 Tu quis 322 4,. Norueg.l 269 10,2 Oinam:lrça 238 5,8 Grécia 210 15,8 Portugal 72 7,5 LuxemburiO 8 10,0
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MARÇO/1966