Curso Livre
“MULHERES
RUMO AO
PODER”
PRIMEIRA OFERTA
Formação Política para
Candidatas
Coordenação Geral: Profa.
Marlise Matos (UFMG)
ATENÇÃO !
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SÃO ELAS:
Esse curso é fruto da
parceria de diversas
organizações.
MULHERES NEGRAS, INDÍGENAS E QUILOMBOLAS:
PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Flavia Rios é bacharel e licenciada em Ciências Sociais, mestre e doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Foi bolsista da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo e Visiting Student Researcher Collaborator em Princeton University.
É associada à Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), à Latin American Association (LASA) e à Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), onde atua na área das relações raciais. Tem pesquisado e publicado livros e artigos sobre Movimentos Sociais, protestos políticos, desigualdades políticas e feminismos e intelectualidade negra.
É coordenadora do Núcleo Guerreiro Ramos, o Negra, e integra o Afro/Cebrap na qualidade de pesquisadora. Foi professora da Universidade Federal de Goiás e atualmente é quadro docente do Departamento de Sociologia e Metodologia da Universidade Federal Fluminense e Integra seu programa de pós-graduação. É coautora dos livros Lélia Gonzalez, publicado em 2010, e Negros nas Cidades Brasileiras (Intermeios/FAPESP,2018).
Mini Bio
FLAVIA RIOS
EMENTA
Problematizar os desafios relacionados ao desenho da
democracia no Brasil, a partir dos grupos indígenas e
negros. Discutir com as candidatas quais seriam os
principais impactos e consequências dessa exclusão
política, bem como apresentar as justificativas para a
importância dessa presença nos espaços de poder,
especialmente no espaço parlamentar. Sugerir estratégias
e alternativas de ação para enfrentar essa condição de
exclusão.
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
SUMÁRIO da AULA
1. Quem são e quantas são as Mulheres Negras no Brasil? 2. Quem são e quantas são as Mulheres Quilombolas no
Brasil?
3. Quem são e quantas são as Mulheres Indígenas no Brasil? 4. Participação das mulheres Quilombolas
5. Participação das mulheres Indígenas 6. Participação das mulheres Negras 7. REPRESENTAÇÃO POLITICA (I) 8. REPRESENTAÇÃO POLITICA (II)
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Quem são e quantas são as Mulheres Negras no
Brasil?
✓
Mulheres negras são a parcela da população brasileira que representa
o somatório das mulheres
AUTODECLARADAS
PRETAS e PARDAS no
Censo Demográfico do IBGE.
✓
Segundo o censo do IBGE de 2010, a maioria da população brasileira é
composta de pessoas pretas e pardas, ou seja, negras.
✓
As mulheres negras correspondem a ¼ da população brasileira,
segundo o censo brasileiro de 2010.
Quem são e quantas são as Mulheres Quilombolas
no Brasil?
✓
Mulheres quilombolas são a parcela da população brasileira que pertence às comunidades de quilombos, ou seja, aqueles grupos que estão arrolados no Ato das disposições constitucionais transitórias ( ADCT 68), que determinou: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva”.✓
O censo do IBGE de 2020, que foi adiado por conta da Pandemia da covid 19, já estava preparado para contar, pela primeira vez na História do Brasil, o número de pessoas quilombolas no território nacional.✓
Segundo organização Nacional Quilombola (CONAQ), no Brasil há cerca de 3.500 comunidades no Brasil hoje.Quem são e quantas são as Mulheres Indígenas no Brasil?
✓
Mulheres indígenas são aquelas que se autodeclaram indígena, segundo as categorias do IBGE, sendo estas aldeadas e não aldeadas que vivem emáreas
urbanas
erurais brasileiras.
✓
O censo demográfico de 2010 contou 305 etnias diferentes no Brasil e 274 línguas indígenas no território nacional.✓
Segundo censo de 2010, as mulheres indígenas estão mais concentradas nas zonas urbanas, enquanto os homens mais concentrados nas áreas rurais.Participação das mulheres quilombolas
Desde 1995, as comunidades negras, com forte presença das mulheres, passam a lutar pela visibilidade nacional desses sujeitos de direitos. É neste contexto que a questão quilombola ganha peso no cenário nacional, com a criação da Coordenação Nacional deArticulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). O reconhecimento legal de direitos específicos, no que diz respeito ao título de reconhecimento de domínio para as comunidades quilombolas, ensejou uma nova demanda, gerando proposições legislativas em âmbito federal e estadual, promovendo a edição de portarias e normas de procedimentos administrativos consoante à formulação de uma política para a garantia dos direitos das comunidades quilombolas.
CONAQ faz a seguinte definição
sobre as mulheres:
“Somos conhecedoras que nós, mulheres quilombolas, acumulamos ao longo da vida a função de ser mãe ou não, ser responsável pelo lar, cuidar da roça, dos animais, seja quebrando coco, torrando farinha ou fazendo carvão, na labuta diária dos afazeres, no cuidar da família, trabalhando no comércio, na saúde, na educação, estudando. Enfim, acumulando funções na tarefa diária que é ser mulher”
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Participação das mulheres indígenas
Especialmente a partir de 2000, intensificam-se as organizações autônomas de mulheres indígenas em âmbito local, estadual, regional. Além dos cursos e capacitações de lideranças e quadros de mulheres indígenas, a exemplo das oficinas voltadas para a juventude, para a formação de professoras e estudantes e participação política e administrativa.
Encontros de mulheres indígenas locais,
regionais e nacionais;
Participação em coletivos, atuação em
redes
sociais,
em
conselhos,
departamentos, manifestações, coletivos
e associações e nas comunidade e aldeias
são as formas mais flagrantes das lutas
dessas mulheres de diferentes etnias no
país
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Participação das mulheres negras
✓
Atuação
em
associações
de
empregadas domésticas;
✓
Associação
de
favelas,
de
periferias e comunidades rurais e
urbanas;
✓
Participação
em
comunidades
religiosas de base cristãs e
afro-brasileiras.
✓
Organizações de Mulheres Negras; ONGs, Movimentos Sociais e Protestos;✓
Redes nacionais e internacionais de ativismo✓
Coletivos feministas universitários eperiféricos;
✓
Coletivos artísticos e culturais;✓
Atuação em Blogs, redes sociais e outras áreas da Internet;✓
Movimento das crespas e cacheadas e movimentos interseccionais.MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
REPRESENTAÇÃO POLITICA (I)
Nas últimas eleições municipais (em 2016), foram eleitas 641
(11,57%) mulheres prefeitas no Brasil inteiro, contra 4.898
(88,43%) prefeitos homens, segundo dados do Tribunal Superior
Eleitoral. Em todo o país foram eleitas 2.880 vereadoras negras,
o equivalente a 4% do total de 57.843 vereadoras e vereadores
eleitos no país.
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
REPRESENTAÇÃO POLITICA (II)
SEGUNDO dados do TSE: entre as prefeitas eleitas, 454 são brancas, 168
pardas, 23 da raça amarela, 10 pretas e uma indígena. Entre as
vereadoras eleitas, 4.873 são brancas, 2.542 pardas, 329 pretas; 38 da
categoria amarela (de ascendência asiática); e 28 indígenas.
Em 2018, foi eleita a primeira mulher INDÍGENA DEPUTADA FEDERAL DO
BRASIL,
JOÊNIA WAPIXANA.
MULHERES NEGRAS , INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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