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QUANDO CHEGA A HORA DO BRINCAR E DA BRINCADEIRA? CULTURAS DA INFÂNCIA NOS ESPAÇOS-TEMPOS DA ESCOLA

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ÁGORA Revista Eletrônica

Ano IX nº 17 Dez/2013 ISSN 1809 4589 P. 34 – 42

QUANDO CHEGA A HORA DO BRINCAR E DA BRINCADEIRA? CULTURAS DA INFÂNCIA NOS ESPAÇOS-TEMPOS DA ESCOLA

Tatiani Rabelo Lapa Santos1

RESUMO:

Este trabalho apresenta resultados de uma investigação sobre as formas de interação das crianças no cotidiano de uma Escola de Educação Infantil. As discussões teóricas priorizadas pautaram-se nos estudos da Sociologia da Infância, sistematizados por autores que entendem a criança como um sujeito social, cultural e histórico, como Sarmento (2004, 2005), Corsaro (1997, 2005), Alderson (2005), Montandon (2005), Muller (2005), dentre outros. Posteriormente, buscou-se compreender como as crianças, nas relações que estabelecem com seus pares, criam suas brincadeiras, como se socializam com outros sujeitos durante o brincar, considerar suas falas e atitudes, seus gestos e conhecer os elementos da cultura que emergem no cotidiano da instituição de educação infantil. As análises apresentadas relacionam-se com o trabalho educativo em que realizamos coleta de imagens e o registro escrito de situações vivenciadas com uma turma de 26 crianças com três anos de idade. No cotidiano da escola constatamos que as crianças se manifestam e interagem entre si, com os adultos durante as brincadeiras realizadas, apresentam saberes próprios para estruturar ou recomeçar uma nova brincadeira, manifestando-se em sua espontaneidade e criatividade, transformando situações rotineiras, ou seja, nas mãos das crianças muitos objetos ou pensamentos se transformam de maneira significativa. A partir das situações observadas é possível refletir que o universo infantil tem valor e razão de ser como é, que as crianças são produtoras originais de conhecimento e cultura, também nos permite entender como as crianças são muitas em uma só, usam diferentes modos para se expressarem e são capazes de nos surpreender a cada momento com suas falas, gestos e atitudes.

Palavras-chave: infâncias; crianças; educação infantil; brincadeiras; sociologia da Infância.

INTRODUÇÃO

Ora, se trabalhamos com crianças pequenas, se dizemos compreendê-las enquanto sujeitos autônomos, de direitos, se desejamos construir

1

- Mestranda em Educação pela Faculdade de Educação na Universidade Federal de Uberlândia - Programa de Pós-Graduação em Educação, com ênfase nos estudos sobre criança, cultura lúdica infantil, brincar e brinquedoteca. Professora da Rede Municipal de Ensino do Município de Uberlândia-MG. tatianirabelo@hotmail.com

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uma Pedagogia que considere sua especificidade, o que sabemos a respeito do que constitui a infância para as próprias crianças? Como elas significam seu viver? Muitas vezes paramos na frente das crianças, com as quais trabalhamos diariamente, e silenciosamente nos perguntamos: afinal, quem é você, criança?

(Oliveira)

O que sabemos sobre as crianças e as infâncias? Como elas interagem e se manifestam nos espaços de Educação Infantil? Do que gostam de brincar? Como criam suas brincadeiras e se socializam com seus pares? Suas falas, gestos e atitudes são consideradas pelos outros com os quais convivem? Do que mais gostam na escola? Como ir ao encontro das crianças, ouvi-las e realizar um trabalho comas crianças e não apenas sobre ou para crianças?

Estas questões que nortearam a escrita deste artigo nasceram da prática como professora de crianças nos espaços de Educação Infantil, na convivência com elas, durante os momentos de brincadeira, interação e socialização.

A partir da vivência no cotidiano escolar, das reflexões teóricas e levantamento bibliográfico realizado foi possível constatar que as pesquisas com crianças têm aumentado nas últimas décadas, que as crianças têm ganhado cada vez mais lugar nos estudos sobre a infância, como apontam Montandon (2005), Muller (2005), Corsaro (1997), Sarmento (2005), Sirota (2005). Educadores e pesquisadores da área da Educação Infantil procuram compreender cada vez mais as temáticas de estudos que tangem a faixa etária de 0 a 5 anos, trabalhando com práticas de pesquisa que as tratam como sujeito, possibilitando conhecer suas infâncias nas várias formas de ser criança. Esse crescente interesse tem levado pesquisadores e educadores a buscar teóricos que tratam a criança como um sujeito social, histórico e cultural.

Alguns autores estudados se destacaram pela forma como compreendem as infâncias, as crianças, o brincar e os processos de socialização, com destaque para Sarmento (2004), Corsaro (2005), dentre outros estudiosos das culturas da infância. Para a realização deste trabalho foi utilizado o conceito de socialização apresentado por Belloni (2007),

Processo essencialmente ativo que se desenrola durante toda a infância e adolescência por meio das práticas e das experiências vividas, não se limitando de modo algum a um simples treinamento realizado pela família, escola e outras instituições especializadas. Este processo, extremamente complexo e dinâmico,

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integra a influência de todos os elementos presentes no meio ambiente e exige a participação ativa da criança. (p. 58).

Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo compreender como as crianças, nas relações que estabelecem com seus pares, criam suas brincadeiras; como se socializam e interagem com outros sujeitos durante o brincar, por isso é considerado suas falas e atitudes, seus gestos e buscou-se conhecer também os elementos da cultura que emergem nas atividades cotidianas de uma instituição de Educação Infantil no município de Uberlândia-MG.

Após a definição dos objetivos, buscou-se observar como se dão as diversas formas de socialização e manifestações culturais das crianças em suas infâncias, apoiadas principalmente nos estudos da Sociologia da Infância, os quais ajudam a entender as crianças como sujeitos históricos, sujeitos de direitos que produzem e ressignificam a cultura e as infâncias como construção social.

A Sociologia da Infância é um campo que abriu novas possibilidades de entendimento das infâncias e das crianças, tendo como objeto de investigação as infâncias consideradas como construções sociais que se transformam ao longo do tempo, em diferentes espaços, sendo possível afirmar, portanto, que existem várias e distintas infâncias; tais análises buscam mostrar que as crianças participam de forma coletiva da sociedade como sujeitos ativos.

Esta é uma nova maneira de estudar a infância, deixando de lado o adultocentrismo e concebendo a criança como um ser capaz e criativo, valorizando a realização de pesquisas com as crianças e não apenas sobre as crianças.

A partir da Sociologia da Infância autores como Sarmento (2004, 2005), Corsaro (2005), dentre outros, concebem as crianças como seres completos, culturais e indivisíveis, valorizada em todos os seus aspectos. Para Sarmento (2005),

A infância é historicamente construída, a partir de um processo de longa duração que lhe atribuiu um estatuto social e que elaborou as bases ideológicas, normativas e referenciais do seu lugar na sociedade. Fazem parte do processo as variações demográficas, as relações econômicas e os seus impactos diferenciados nos diferentes grupos etários e as políticas públicas, tanto quanto os dispositivos simbólicos, as práticas sociais e os estilos de vida de crianças e de adultos (p. 365- 366).

Nesta mesma linha de pensamento, Corsaro (2005) afirma que o desenvolvimento das crianças não é algo individual, e sim um processo cultural e, portanto, coletivo, que acontece continuamente através das relações das crianças com seus pares. Para este autor a criança é

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um ser capaz que produz sua própria cultura e não apenas incorpora a do adulto; a criança recebe a cultura oferecida pelo adulto, se apropria e modifica-a produzindo uma cultura própria em um processo denominado reprodução interpretativa (Corsaro, 2005).

Partindo dos conceitos apresentados acima, é possível dizer que o lugar das crianças como sujeitos são as culturas reestruturadas de tempos em tempos devido a mudanças de condições sociais que definem as gerações em cada período histórico.

De acordo com Corsaro (1997, p.83-103, citado por Sarmento, 2005) “as crianças são consideradas agentes ativos que constroem suas próprias culturas e contribuem para a produção do mundo adulto”. Assim, pode-se verificar que as crianças produzem e realizam processos de significação que são específicos e diferentes daqueles produzidos por adultos. Müller e Delgado (2005), em um dos seus trabalhos intitulado “Em busca de metodologias investigativas com as crianças e suas culturas” afirmam que as crianças criam atividades fundamentadas no ato de brincar, através da imaginação e na interpretação da realidade de uma forma própria dos grupos infantis, socializando-se e criando sua própria cultura.

É neste sentido que o brincar e as brincadeiras aparecem como uma possibilidade de representação e expressão da cultura lúdica infantil. Brincar é forma de expressão, não só no sentido de “falar”, mas também envolvendo gestos, comportamentos e afetos; é uma atividade dinâmica que produz e resulta de transformações. Para compreender um pouco das culturas infantis e das brincadeiras presentes nos espaços-tempos das crianças a pesquisa dividiu-se em duas fases: No primeiro momento foi realizado estudos de cunho bibliográfico, em busca de sistematizar as discussões atuais acerca de temáticas relacionadas às crianças e infâncias, situá-las historicamente a partir das conquistas advindas da produção acadêmica desde as duas últimas décadas do século anterior até os dias atuais e da legislação produzida nesse mesmo período, buscando entender os resultados das pesquisas educacionais que nos levou a compreender as infâncias como espaços-tempos de vivências e produções culturais.

A segunda fase, volta-se para a análise do trabalho educativo desenvolvido numa escola de educação infantil através de coleta de imagens e do registro escrito de situações vivenciadas com uma turma de 26 crianças com três anos de idade em uma instituição de Educação Infantil do município de Uberlândia-MG. Para manter a privacidade desses sujeitos foi atribuído nomes fictícios. O mesmo procedimento foi adotado com relação às professoras e educadoras.

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Como as crianças ressignificam, socializam e interagem com seus pares nos espaços-tempos da escola?

A Escola Municipal de Educação Infantil, onde o trabalho foi realizado atende crianças de baixa condição socioeconômica, na faixa etária de 1 a 5 anos e localiza-se na periferia do município de Uberlândia – MG.

As práticas educativas desenvolvidas cotidianamente na escola apresentam uma forte presença da cultura escolar, refletida na valorização de uma rotina e em sua rígida manutenção: tempo para dormir, para ir ao banheiro, para brincar, para as refeições, para escovação dos dentes e para atividades dirigidas; no entanto, mesmo com esse cronograma que a direção exige que seja seguido pelas crianças e professoras, as brincadeiras e o faz de conta se encontram presentes em todos os momentos do dia das crianças.

As crianças, dentro da escola para se expressarem, interagirem e se socializarem usam as brincadeiras, o desenhar, a pintura, a alimentação e as histórias, pois querem participar e contribuir contando alguma coisa. Usam brinquedos, jogos, papéis, alimentação, livros como instrumentos para se relacionarem uns com os outros, uma vez que por meio destes instrumentos sempre se inicia novas brincadeiras ou o faz de conta.

Neste trabalho serão relatadas duas situações, dentre tantas outras encontradas, que revelam uma maneira criativa por meio da qual as crianças se organizam para brincar e assim constroem uma cultura lúdica, sem desconectar-se de acontecimentos sociais e sim a partir das ressignificações que fazem em seu cotidiano, expressando modos próprios de organização do tempo, do espaço e das vivências para além da rotina escolar.

Numa certa ocasião, foi trabalhada com as crianças a história “O marimbondo do quilombo2” de Heloisa Pires Lima, com objetivo de discutir de forma lúdica as questões étnico-raciais e culturais dando continuidade a um dos projetos desenvolvidos na escola, posteriormente à contação de história foi proposto a elas construir com cubos de gelo preparados anteriormente pelas crianças cavernas, tal como a que fora apresentada pela história contada. Enquanto a história e os personagens eram apresentados às crianças, houve um momento, em que o personagem Jurututu encontrou uma caverna cheia de cristal. Neste momento todas as crianças queriam falar sobre o cristal encontrado, quando uma das crianças levanta o braço e diz:

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Criança 1: Tia que tanto de cristal!? Como o falcão vai carregar? Eles tem pontas!!!

Para surpresa da professora uma das crianças fala o seguinte: Criança 2 : Tia minha mãe bebe cristal todo dia!!!

Professora: Como assim, como ela pode beber cristal?

Criança 2: É tia, a cerveja cristal, ela bebe todo dia. A professora explica para as crianças a diferença entre os dois, de qual cristal está falando, enquanto mostra as imagens do livro. Algumas crianças se distraem e iniciam novas brincadeiras com os colegas. Posteriormente as crianças começam a brincar de construir suas cavernas com cubos de gelo e algumas

explicam às crianças menores como construi-las e decidem quem vai

brincar ou não entre os grupos formados.

(Diário de Campo – Tatiani, dia 04 de dezembro de 2012).

Este recorte da situação vivenciada com as crianças durante a contação de história e a brincadeira proposta nos leva a análise da cultura de pares, o que segundo Sarmento (2004), permite a criança apropriar-se, reinventar-se e reproduzir situações vivenciadas no cotidiano; assim elas criam seus próprios significados e entendimentos de diversas situações a partir das determinações externas. Segundo PINTO e SARMENTO (1997),

O olhar das crianças permite revelar fenômenos sociais que o olhar dos adultos deixa na penumbra ou obscurece totalmente. Assim, interpretar as representações sociais das crianças pode ser não apenas um meio de acesso à infância como categoria social, mas às próprias estruturas e dinâmicas sociais que são desocultadas no discurso das crianças. (p. 25)

Outrossim, foi possível perceber na situação apresentada acima que a fala de uma das crianças: - “É tia, a cerveja cristal, ela bebe todo dia”, representa a forma como a criança traz para o seu viver na escola, para as suas brincadeiras, elementos de seu cotidiano, das relações que estabelecem com os diferentes sujeitos e como durante todo o tempo a fantasia, a realidade e a imaginação se cruzam. No entanto, é triste ouvir de uma criança de três anos de idade a associação feita entre os cristais mencionados na história e a marca da cerveja consumida pela mãe e apresentada diariamente nos comerciais televisivos, o que mostra a realidade em que muitas crianças encontram-se imersas.

Em uma outra situação, a professora havia feito uma contação de história do livro “Menina Bonita do Laço de Fita”3

de Ana Maria Machado e posteriormente as crianças estavam brincando de fazer teatro e imitar os personagens da história, todos queriam ser a

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menina bonita do laço de fita, a mamãe ou o papai coelho porque eram os personagens que mais chamaram a atenção das crianças; num determinado momento da brincadeira uma das crianças começa a chorar e todas as outras preocupadas se aproximam e perguntam:

Turma: Porque você esta chorando?

Criança: Porque eu quero ser o coelho papai! Eu sei fazer direitinho o papel do coelho.

Duas crianças da sala querem fazer o papel do coelho papai, depois de conversar com as crianças a professora propõe reinventar uma história que possua dois coelhos pais, as duas crianças que queriam fazer o personagem ficam felizes e concordam, no entanto uma das crianças vira-se para a professora e diz:

Criança: Como pode ter dois coelhos papai e apenas uma mãe, com quem eu vou casar então? Vamos inventar uma história com duas coelhas!!! (Diário de Campo – Tatiani, dia 17 de setembro de 2012).

Pode-se ver através deste recorte que as crianças ao brincar não apenas interpretam os elementos da cultura, mas também definem papéis, símbolos, posições sociais que representam seus modos de organização social. Desta forma, elas representam os valores e a cultura de seu tempo, em um movimento permanente de constituição de suas identidades, tal como podemos observar na fala da criança ao indagar como poderia uma coelha mãe se casar com dois coelhos.

Agostinho (2003), na sua dissertação de Mestrado intitulada “O espaço da creche, que lugar é esse?”, descreve a reação das crianças diante das brincadeiras e apresenta:

[...] as crianças durante as brincadeiras davam ?????outros sentidos e significados aos objetos, interagindo com eles de outro jeito, fugindo ao convencionalmente colocado, mas em outras ocasiões ou num momento seguinte utilizavam um objeto de forma real, demonstrando que a criança não se comporta de forma puramente simbólica no brinquedo. Assim quando brincam, as crianças repetem e também inovam as ações esperadas pelos adultos. Nessa sua inovação, nesse seu outro jeito de se apropriar dos objetos, por vezes, confrontam-se com a lógica adulta. (p.80).

Tal como na pesquisa de Agostinho (2003), a presente investigação verificou que as crianças ao brincar e interagir usando o faz de conta vão assumindo, de forma criativa e construtiva, a compreensão do mundo em que estão inseridas, além de se envolver afetiva e prazerosamente com os outros protagonistas que compõem a turma investigada.

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Neste sentido, acredita-se que para realização de um trabalho significativo com as crianças é preciso acuidade para compreender as suas linguagens, isto não pode ser realizado de forma massificada, requer que o adulto acredite nas capacidades infantis e que esteja disposto a promover atividades que possibilitem o aprendizado infantil através do lúdico, da fantasia, da curiosidade e do diálogo.

Pode-se constatar que independente da atividade ou do objeto com o qual criança brinca, sozinha ou com outros sujeitos, ela se apropria da cultura e a (re)cria, dá sentido para aquilo que está recebendo e (re)produz novas regras e novas brincadeiras. Portanto, verifica-se que toda socialização pressupõe apropriação de cultura. Quando acontece a socialização da criança, a brincadeira aparece como uma parte da atividade na qual ela se apropria de códigos e se integra à sociedade (Brougére, 2008).

O lúdico se faz presente o tempo todo nas vidas das crianças, pela forma como as crianças imaginam e fantasiam o mundo e agem sobre ele. No caso desta pesquisa percebeu-se que as crianças interagiam e aprendiam o tempo todo com as outras crianças, com as educadoras, com a professora e com as pesquisadoras em suas brincadeiras, nas conversas informais, na contação de histórias e em outras propostas oferecidas.

Considerações finais

Esta investigação possibilitou conhecer e compreender melhor as brincadeiras, os modos de agir e de socialização das crianças, sob uma perspectiva que valoriza a criança como um sujeito histórico, social e cultural, valorizando o fazer com as crianças, considerando suas falas, seus gestos, as negociações entre os pares e com os adultos. A partir das situações observadas é possível refletir que o universo infantil tem valor e razão de ser tal como é, que as crianças são produtoras originais de conhecimento e cultura; também nos permitiu entender como as crianças são muitas em uma só, usam diferentes modos para se expressarem e são capazes de nos surpreender a cada momento com suas falas, gestos e atitudes.

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Bibliografia

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MONTANDON, Cléopâtre. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças.

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