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Anais

ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação

II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

RODRIGUES, Ana Carolina Nuss carol_nuss@hotmail.com MONTAGNOLI, Gilmar Alves

gamontagnoli@uem.br Universidade Estadual de Maringá

Formação de Professores e Intervenção Pedagógica

INTRODUÇÃO

Desde meados do século XX, os estudos sobre os processos de ensino e aprendizagem com crianças em idade escolar têm se expandido de forma notável. Vários estudos teóricos sobre métodos de ensino vêm sendo apresentados, assim como diferentes modos de aplicação, sempre com o intuito de procurar conciliar as teorias com as práticas em sala de aula.

Comumente, é apontada certa distância entre os ambientes acadêmicos de pesquisa e as atividades cotidianas nas salas de aula, isso nas mais diferentes regiões geográficas e classes sociais. O que ocorre, na maioria das vezes, é o fato de tais teorias alcançarem o sistema de ensino infantil já com certo “atraso”. Existem escolas nas quais os professores não se atualizam, ou, caso atualizem seus conhecimentos, muitas vezes não os aplicam.

Pensando nesses critérios, optamos por discutir os processos de ensino e aprendizagem considerando mais especificamente o papel a ser realizado pelo professor durante tal processo. A iniciativa se justifica pela necessidade de compartilhamento de determinados conceitos visando a facilitação do acesso por parte dos professores.

Nossa inspiração para a realização deste artigo vem da nossa experiência em sala de aula como profissionais da educação. Ultimamente, temos percebido que os professores possuem receio no modo que deve ser a sua atuação no ambiente escolar. Dúvidas como:

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“Como meu aluno se desenvolve? ”, “Como posso planejar um ensino de qualidade para meu aluno? ”, “Qual o meu papel em sala de aula, como professor? ”; entre outras que envolvem tanto o papel do professor em sala de aula, quanto a aprendizagem dos alunos.

Assim, resolvemos arquitetar este trabalho, de modo que, no decorrer de sua realização, possamos responder e esclarecer tais perguntas, tendo como aporte teórico a teoria histórico-cultural. Destacamos, com base no aporte, a relação entre aprendizagem e desenvolvimento, o que respalda a discussão desenvolvida sobre atuação decente.

Metodologia

Este trabalho consiste em uma pesquisa exploratória, conforme concepção de Gil (2002). Para o autor, a pesquisa se distingue, entre outras, em duas linhas de análise – uma em relação aos objetivos, e outra em relação aos procedimentos técnicos.

Em relação aos objetivos, o autor esclarece que “estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses” (GIL, 2002, p. 41). O autor acrescenta ainda que tais pesquisas têm como objetivo principal aperfeiçoar as ideias sobre determinado assunto.

Acerca dos procedimentos teóricos, optou-se pela pesquisa bibliográfica, qual seja, uma pesquisa “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2002, p. 44). Embora este tipo de procedimento seja recorrente e comum a diferentes pesquisas, salienta-se a exclusividade do recurso bibliográfico neste trabalho, não tendo sido realizada nenhuma pesquisa de campo, de caso, etc.

Assim, ressalta-se que os livros de referência ou de consulta aqui utilizados podem ser compreendidos como “aqueles que têm por objetivo possibilitar a rápida obtenção das informações requeridas, ou, então, a localização das obras que as contêm” (GIL, 2002, p. 44). Fato que facilita a obtenção do objetivo proposto no momento da elaboração deste trabalho, ao mesmo tempo em que justifica os métodos de pesquisa utilizados. Com isso, destaca-se a esquematização da utilização de fontes bibliográficas, considerando a hierarquia delas, conforme quadro de Gil (2002).

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Por fim, antes de dar início à apresentação e discussão da bibliografia, fica a ressalva de que os materiais utilizados não serão aqui exauridos, mas que o conteúdo a ser apresentado pretende-se ser esclarecedor de questões teóricas e metodológicas condizentes ao tema proposto. Ainda, a bibliografia que aqui ficará registrada, poderá ser um material útil de orientação e de consulta acerca destas questões a quem se interessar pelo aprofundamento de questões presentes em alguma obra.

O arcabouço teórico utilizado tem respaldo na teoria histórico-cultural, que tem como principal representante Lev S. Vigotski, e visa explanar sobre como ocorre o processo de desenvolvimento e aprendizado por meio desta linha teórica. Sob tal perspectiva, acredita-se que o aprendizado e o desenvolvimento provêm das relações que estabelecemos socialmente, visto que o homem é um ser social, ou seja, depende das relações que ele estabelece.

O material foi selecionado de forma que procuramos dar a preferência para obras ou autores reconhecidos no meio acadêmico, como forma de obter informações seguras, e, assim, enriquecer a discussão.

Apropriação e Mediação do Conhecimento: uma perspectiva sócio histórica e cultural

Vigotski (2007) considera que o conhecimento é apropriado por meio de mediações (estímulo- resposta), e assim o define como sendo a capacidade que o indivíduo tem de modificar o estímulo de acordo com sua competência de respondê-lo – e também como o resultado deste processo de modificação. Os elementos mediadores vão sendo significados pelo outro, que corresponde ao sujeito mais experiente, aquele que participa dos eventos culturais há mais tempo.

Neste trabalho, é considerado que tal sujeito é o professor, ou um adulto, por exemplo, visto que estes, quando comparados com a criança, possuem mais experiência de vida, por conta das vivências que enfrentaram no decorrer do tempo. Então, em diversas coisas simples (como andar de bicicleta, por exemplo) esses sujeitos com mais experiência de vida sabem

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como orientar a criança. O professor, em especial, dentre as suas vivências, tem sua formação como educador, assim, é um ser capacitado e preparado com certos conhecimentos, que, de certo modo, os preparam para lidar com as situações de aprendizagem de seus alunos.

Sob a mesma perspectiva, Moura, Araújo, Moretti, et al (2010), acreditam que são nas relações mediadas por meio de diferentes instrumentos de interação do indivíduo com o meio social e físico (por exemplo, a linguagem), que ocorre o desenvolvimento cognitivo e consequentemente, a aprendizagem.

Com base na teoria Vigotskiana, os autores afirmam que os processos de desenvolvimento e aprendizagem acontecem por meio da internalização, ou seja, a apropriação de conceitos. Assim, pode-se concluir que a aprendizagem não acontece de forma espontânea, e biológica, mas se realiza a medida em que o sujeito se apropria de determinada experiência/conhecimento mediado culturalmente. Para Leontiev (1978):

O homem não está evidentemente subtraído ao campo da ação das leis biológicas. O que é verdade é que as modificações biológicas hereditárias não determinam o desenvolvimento sócio histórico do homem e da humanidade. ” (LEONTIEV, 1978 apud MOURA; ARAÚJO; MORETTI, et

al, p.208, 2010).

É possível concluir, portanto, que o homem possui dois campos de desenvolvimento, o biológico e o cognitivo. Claro que ambos os campos estão de certa forma interligados, porém cada um possui a sua especificidade. Ao que se refere ao desenvolvimento biológico, tem-se o desenvolvimento do corpo humano, de forma geral, o crescimento, as mudanças que o corpo realiza, etc e que consideramos ser parte das leis biológicas. No que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, há a maturação de funções psicológicas que são desenvolvidas por meio do processo e ensino-aprendizagem.

Dessa forma, salientamos que ambos os processos estão interligados e, à medida que a criança passa por modificações biológicas, inclusive cognitivas, ela ficará mais apta a receber certo nível de demanda de conhecimentos. Ainda, conforme ocorre a maturação, tanto cognitiva quanto biológica, tais conhecimentos vão ficando cada vez mais elaborados. Porém, tais fatores biológicos, analisados isoladamente, não determinam o desenvolvimento sócio histórico do sujeito, visto que cada homem se desenvolve de uma maneira, o que depende do tipo de ensino que foi proposto para este indivíduo.

Segundo Moura, Araújo, Moretti, et al (2010), tal compreensão sobre o desenvolvimento do psiquismo humano traz implicações para a relação ensino-aprendizagem,

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no que se refere à intencionalidade no processo educativo. Por esse motivo, os autores destacam que “o ensino é uma forma necessária e relevante para o desenvolvimento”. Salientam ambém que o ensino proposto pelo professor na escola deve ter como finalidade a aproximação entre os alunos e o conhecimento. Dessa forma, é importante que o professor domine o conteúdo a ser ministrado em sala de aula.

Sob a mesma perspectiva, Vigotski (2014) afirma que a influência da aprendizagem nunca é específica, uma vez que “ao aprender qualquer operação particular, o aluno adquire a capacidade de construir certa estrutura, independentemente da variação da matéria com que trabalha e independentemente dos diferentes elementos que constituem essa estrutura” (VYGOTSKY, 2014 p.109).

Aqui, ambos processos (de aprendizagem e de desenvolvimento) são interligados, sobrepondo-se como “duas figuras geométricas [circulares] que estejam uma sobre a outra” (VYGOTSKY, 2014 p.109), porém, o desenvolvimento é o campo mais amplo, ou seja, o círculo maior, que se estende para além da aprendizagem. Este último está inserido no processo de desenvolvimento.

Por meio disso, acreditamos que o aprendizado da criança é resultado do desenvolvimento, ou seja, do que a criança foi capaz de aprender e conhecer dentro de suas possibilidades, desse modo, podemos concluir que tanto o conhecimento, bem como o aprendizado e o desenvolvimento estão conectados em um círculo contínuo, onde um influencia e auxilia o outro.

Para Vigotski, é importante considerar que a aprendizagem da criança acontece muito antes de sua entrada no ambiente escolar. Segundo o autor: “A aprendizagem escolar nunca parte do zero” (VYGOTSKY, 2014 p.109), toda a aprendizagem tem uma pré-história, ou seja, a criança em algum momento já passou por experiências que atribuíram pré-conceitos acerca de determinado assunto.

Em contrapartida, consideramos que o desenvolvimento da criança (visto de forma “geral”) é diferente do desenvolvimento escolar, no sentido de que o primeiro é baseado nas experiências dela com o meio social ou espacial, e a mediação realizada, inclusive, pelos próprios pais. Trata-se de uma mediação que não ocorre de forma sistemática e planejada, porém, esse processo é capaz de auxiliar o desenvolvimendo intelectual da criança, que poderá ajudá-la quando ela adentar o ambiente escolar. No que se refere ao conhecimento escolar, este acontece de forma planejada e sistemática, ou seja, o que a criança irá aprender já esta pré definido e tem sua aplicação amparada por meios metodológicos específicos.

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Esses pré-conceitos acerca de determinados assuntos, referem-se a consequências de aprendizados anteriores, por exemplo, no caso da linguagem oral, tem-se que antes que a criança comece a desenvolver a habilidade da fala, ela já é incentivada pelas pessoas que a cercam, seja por meio de canções, ou conversas, ela, desde cedo, já recebe uma série de incentivos para se comunicar e se expressar.

No que se diz respeito à aprendizagem e desenvolvimento na idade escolar, Vigotski (2014) explica que o processo de aprendizagem escolar pode seguir um caminho contrário ao da experiência adquirida pela criança, o que justifica afirmar que o aprendizado escolar não é continuidade do desenvolvimento pré-escolar do aluno. Esta última “é uma etapa perfeitamente definida do desenvolvimento, alcançado pela criança antes de entrar para a escola”. (VYGOTSKY, 2014 p.110).

O autor considera que os conceitos científicos, ou seja, o conhecimento escolar, sistematizado e os conceitos espontâneos adquiridos por meio de experiências do sujeito, sem sistematização, possibilitam relações diferentes com o objeto. O conceito espontâneo se refere à experiência imediata com os objetos concretos, ou seja, é o contato da criança com estes instrumentos sem a ação mental, por exemplo, ao entrar em contato com o celular, a criança vai concluir que o objeto possui este nome, mas não vai saber a essência deste objeto. Os conceitos científicos dizem respeito à ação mental. No exemplo do celular, é quando a criança, ao entrar em contato com esse objeto, procura saber sua essência, sua finalidade, do que é feito, etc.

Porém, mesmo com as divergências entre os processos, o conceito científico depende do conceito espontâneo para se formar, visto que a criança precisa ter entrado em contato com o objeto e internalizado algumas informações acerca dele, e que, portanto, ambos os conceitos, estão interligados.

Dessa forma, podemos concluir que a aprendizagem não inicia na idade escolar, mas num período anterior a ela. A diferença entre ambos os aprendizados reside no fato de que o aprendizado pré-escolar acontece de forma não sistematizada, enquanto o aprendizado escolar ocorre de forma sistematizada e planejada, como já afirmado anteriormente.

Vale destacar que, para Vigotski (2014), a aprendizagem deve acontecer de forma coerente com o nível de desenvolvimento da criança. Aqui entramos no assunto da zona de desenvolvimento potencial, ou seja, existe uma relação entre o nível de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem, ou seja, a zona de desenvolvimento potencial nos permite: “Determinar os futuros passos da criança e a dinâmica do seu desenvolvimento e

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examinar não só o que o desenvolvimento já produziu, mas também o que produzirá no processo de maturação” (VYGOTSKY, 2014, p.113).

Em outras palavras, o professor deve partir do conhecimento já adquirido pela criança, e, por meio deste, planejar atividades que proporcionem ao aluno um novo aprendizado, em que ocorra a maturação de novas funções, que possibilitem o desenvolvimento mais avançado em relação ao conhecimento inicial.

Além disso, o autor acredita que o processo de desenvolvimento segue o processo da aprendizagem na Zona de Desenvolvimento Proximal, pois, a medida em que a criança aprende e se desenvolve, serão necessárias novas situações de aprendizagem para novos desenvolvimentos, visto que, o processo de desenvolvimento só é possível quando a criança consegue internalizar o que ela aprendeu.

Moraes; Lacanallo; Gomes; et al. (2012) destacam que “possibilitar às crianças a apropriação dos conceitos é uma forma de integrá-las à sociedade em que vivem” (MORAES; LACANALLO; GOMES; et al. 2012, p.143), visto que é por meio da apropriação de tais conceitos que a criança aprende, por exemplo, o modo de comunicação, de comportamento, enfim, aprende a viver em sociedade.

De acordo com Vigotski (2014), o ensino deve ser orientado de forma que possibilite o desenvolvimento deste aluno, desta forma, “o único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento” (VYGOSTKY, 2014 p.114), ou seja, o aprendizado deve ocorrer de forma que possibilite o desenvolvimento da criança.

Com base no exposto, salientamos o importante papel desempenhado pelo professor no processo de ensino-aprendizagem, tendo claro cada elemento, interno ou externo à criança. Essa importância é o assunto seguinte.

Considerações sobre o Papel do Professor no Processo de Ensino-Aprendizagem

Compreender os processos que vêm sendo discutidos é fundamental à atuação docente, visto que é por meio deles que o professor irá planejar as situações de ensino. Sob essa mesma perspectiva, Moura; Araújo; Moretti; et al (2010) destacam que a entrada da criança no ambiente escolar possibilita um novo sistema de relações sociais, já que, na escola, a criança terá contato com os colegas de classe, os professores, e os demais funcionários que compõem a instituição, bem como possibilita a ela novas experiências.

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Deste modo, os autores julgam ser necessário que entendamos o verdadeiro papel da escola, ou seja, que a instituição escolar é “ [...] um lugar social privilegiado para a apropriação de conhecimentos produzidos historicamente [...]” (MOURA; ARAÚJO; MORETTI; et al 2010, p. 212).

Em apoio a este ponto de vista, também temos Moraes; Lacanallo; Gomes; et al. (2012), que destacam que a instituição escolar deve ser vista como uma instituição onde ocorre “a promoção do desenvolvimento humano”.

Acreditamos que a compreensão do papel da escola é de suma importância, pois cremos que no decorrer do tempo a escola acabou perdendo a sua verdadeira identidade, o que acreditamos que pode ter contribuído para uma possível perda da identidade do professor em sala de aula.

Para Moura; Araújo; Moretti; et al (2010), é pela escola possuir tal papel que a ação do professor deve ser organizada, de modo que atinja sua finalidade, ou seja, uma mediação que seja capaz de promover no aluno a apropriação de conhecimentos, possibilitando, assim, seu aprendizado e desenvolvimento.

Vigotski (2014) também aborda tal assunto, quando explica que a mediação consciente do professor - não só nos anos iniciais, como nos seguintes - é de extrema importância, pois direciona a criança no processo de aprendizagem e desenvolvimento, possibilitando situações de aprendizagem onde o aluno possa de fato aprender e se desenvolver, porém para isso, cabe ao mediador, no caso, o professor, agir de maneira intencional e planejada sobre a criança.

Em outras palavras, o professor precisa planejar atividades que possibilitaram o desenvolvimento de certa função na criança, para isso, é necessário que ele possua o domínio do conteúdo, bem como dos meios metodológicos que ele fará uso durante a aula, e ainda, que o professor saiba qual função estará desenvolvendo em seu aluno, por meio de determinada atividade.

Dessa forma, entendemos que o professor deva introduzir, durante o período letivo, atividades que promovam o desenvolvimento de habilidades necessárias para tal processo - como o desenvolvimento da habilidade motora da criança, a atenção, o reconhecimento e memorização das letras, para depois, quando a criança for de fato escrever, possua o conhecimento cognitivo e as habilidades físicas e fisiológicas necessárias para isso (VYGOTSKY, 2014). Essas questões podem (e devem) ser desenvolvidas de forma lúdica, em se tratando do ensino infantil, a fim de envolver a criança e fazê-la gostar deste processo.

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Portanto, podemos concluir que é evidente que o sujeito pode se apropriar dos mais diversos conhecimentos de forma não intencional, e também não sistemático, de acordo com suas necessidades e interesses, como já discutido no decorre do texto, porém é na educação escolar que a apropriação acontece de forma aliada a intencionalidade social, o que acaba por justificar a importância da organização do ensino.

Para Moura; Araújo; Moretti, et al (2010), é pautada nessa intencionalidade que professor deve organizar a sua própria atividade e suas ações de orientação, organização e avaliação na instituição escolar. Além de que, deve ser um profissional envolvido não só com a aprendizagem dos alunos, mas sua também, de forma que possa se conscientizar da importância do seu trabalho e saiba lidar com o sistema educacional. E, ainda, deve ser um profissional que compreenda o papel da escola, e suas condições, tanto políticas, sociais, ou econômicas, e também, o seu papel no ambiente escolar, enquanto educador.

Ao que se refere ao processo de desenvolvimento e aprendizagem, Vigotski (2002) afirma que

O aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança (VIGOTSKI apud MOURA; ARAÚJO; MORETTI, et al. p.214, 2010).

Desse modo, ao pensarmos no âmbito escolar, podemos perceber o papel do ensino no desenvolvimento das funções superiores do sujeito, ao se apropriar de conceitos históricos, por meio das relações que este estabelece. Na instituição escolar, esta relação acontece de forma sistemática e planejada. Sendo assim, o que o sujeito for capaz de se apropriar, irá afetar o curso do seu desenvolvimento intelectual.

Para Moraes; Lacanallo; Gomes; et al. (2012), o processo de formação de professores não passou por muitas mudanças, no decorrer dos anos. Esse fato provém, segundo as autoras, da falta de valorização do trabalho docente, bem como da educação.

Para os autores, o modelo de formação clássico se resume a iniciativas de renovação pedagógica que muitas vezes é escassa quando se refere a atuação em sala de aula, visto que os conhecimentos ensinados durante a formação, não condizem muitas vezes com a realidade enfrentada em sala de aula.

Em nossa experiência como profissionais da educação, nos identificamos com tal pensamento, já que como dito anteriormente no trabalho, muitos professores enfrentam essa

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dificuldade em realizar seu papel na sala de aula, acreditamos que tal dificuldade vem dessa falta de articulação entre o conhecimento e a prática pedagógica.

Os autores defendem que para que haja uma formação de qualidade para os professores é necessário a existência da sistematização de conhecimentos somada a prática educativa, ambas visando o desenvolvimento docente de maneira que eles possam se desenvolver pautados nos conhecimentos históricos, bem como a maneira com que estes conteúdos devem ser ensinados aos alunos. E, ainda, que esta formação aconteça de modo contínuo, em contrapartida com o que enfrentamos hoje.

Por fim, a formação do professor, para Moura, Araújo e Moretti (2010), deve ter por objetivo a aproximação do sentido pessoal da sua profissão, produzindo uma significação da sua atividade pedagógica e, ainda, ser capaz de planejar um ensino que possa promover o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno de forma amplamente satisfatória.

Acreditamos que assim a mediação pedagógica é capaz de orientar o aluno de forma que proporcione o seu desenvolvimento, já que, dessa forma, professor e aluno podem atuar de forma consciente acerca do seu papel no processo de aprendizagem e desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim deste artigo, realizado por meio de uma breve pesquisa bibliográfica, somada aos conhecimentos e as experiências que possuímos no trabalho em sala de aula, como pesquisadores e profissionais da educação, acreditamos que as questões levantadas no início do trabalho, que serviram como norteadoras para a sua realização (“Como meu aluno se desenvolve? ”, “Como posso planejar um ensino de qualidade para meu aluno? ”, “Qual o meu papel em sala de aula, enquanto professor?”), conseguiram ser respondidas de modo satisfatório, mesmo considerando os limites deste texto.

Assim, acreditamos na importância do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem, no que se refere à mediação dos conteúdos e planejamento de um ensino que possa de fato, promover o desenvolvimento e a aprendizagem nas crianças, bem como no processo de desenvolvimento e aprendizagem que a criança perpassa antes da sua entrada na instituição escolar. O que nos faz pensar na cronologia do ensino, visto que os processos de desenvolvimento e aprendizagem estão intrínsecos nas vivências da criança, não importa a sua idade biológica, pois não é só na escola que o aluno aprende, apenas os modos e os objetivos de ensino que variam.

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Por fim, concluímos que a compreensão de como acontece os processos de aquisição do conhecimento, e a atuação do professor são de suma importância para o conhecimento dos temas apresentados. Assim como o planejamento de uma educação de qualidade, com uma atuação mais presente por parte do professor, bem como dos pais ou dos demais indivíduos que compõem os espaços de aprendizagem da criança.

REFERÊNCIAS

MORAES, S. P. G; LACANALLO, L.F; GOMES, T. S; GRACILIANO, E.C; VIGNOTO, J. Pressupostos teórico-metodológicos para formação docente na perspectiva da teoria histórico-cultural. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 6, no. 2, p.138-155, nov. 2012. Disponível em:

http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/352/194. Acesso em: 01 de junho de 2018.

MOURA, Manoel. O; ARAÚJO, Eliana. S; MORETTI; PANOSSIAN, Maria. L; RIBEIRO, Flávia. D. Atividade orientadora de ensino: unidade entre ensino e aprendizagem. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 10, n. 29, p. 205-229, jan./abr. 2010. Disponível em:

https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/3094. Acesso em: 01 de junho de 2018.

VIGOTSKII, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar In VIGOTSKII, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Lev. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria Penha Villa Lobos. – São Paulo: Ícone, 2014. (Coleção educação crítica). p. 103-118.

VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente.7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Referências

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