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ATUAÇÃO PROFISSIONAL DE PROFESSORAS DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS PRÉ-ESCOLARES.

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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1762-1770

1762 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DE PROFESSORAS DAS SALAS DE RECURSOS

MULTIFUNCIONAIS PRÉ-ESCOLARES.

ROBERTA KAROLINE GONÇALVES RODRIGUES1;

FABIANA CIA (Licenciatura em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de

São Carlos, UFSCar. São Carlos, São Paulo).

Introdução

A partir de 1996 a educação infantil passa a estar regulamentada devido à inclusão das pré-escolas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sendo caracterizada como a primeira etapa da educação básica (BRASIL, 1996), Esta modalidade educacional terá como um de seus papéis principais o de desenvolver áreas que sirvam para que a criança se aproprie do seu meio social e busque explicações para o que acontece em seu meio e consigo (OLIVEIRA, 2010), além de construir bases para seu pleno desenvolvimento (BRASIL, 2008). É por meio da educação infantil que surgem formas de fazer as crianças entenderem o modo que pensam, o porquê das coisas e lidar com suas dificuldades, o que requer que os professores mantenham uma troca contínua com os pais, outros profissionais e a comunidade (GOMES, 2009).

Esta etapa deverá caracterizar-se pelo uso do lúdico, prioritariamente, e a uma ampla gama de estímulos em suas mais variadas áreas, de forma que a criança seja valorizada e respeitada (BRASIL, 2008). Este desenvolvimento se torna ainda mais desejável nesta idade, pois é neste período que serão estabelecidos os fundamentos sociais e de sucesso acadêmico (SMITH, 2008).

Com a inclusão, a educação infantil torna-se um espaço privilegiado, tanto para o estímulo da aceitação das diferenças, a solidariedade (com medidas educativas apropriadas a cada situação individual), quanto para proporcionar as crianças de risco ou com atrasos no desenvolvimento um espaço de estimulação precoce, tendo por objetivo desenvolver o máximo das potencialidades (PANIAGUA; PALÁCIOS, 2008).

A escola passa a ter a tarefa de desenvolver uma pedagogia que seja capaz de educar de forma bem-sucedida todas as crianças, sendo este um passo crucial no sentido de modificar as atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e desenvolver uma sociedade inclusiva (UNESCO, 1994). Pensar a aprendizagem de forma coletiva, onde os quesitos relacionados aos alunos com necessidades educacionais especiais, como desejos, necessidades, atitudes éticas, devem ser discutidos pela comunidade escolar e inseridos no projeto pedagógico de forma que este esteja voltado para a diversidade (BRASIL, 2006), o

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Roberta Karoline Gonçalves Rodrigues. Graduanda do curso de Licenciatura em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos. E-mail: roberta.kgr@gmail.com.

Fabiana Cia. Mestre e Doutora em Educação Especial. Professora Adjunta do Departamento de Psicologia, UFSCar. E-mail: fabianacia@hotmail.com.

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que torna promissor que este processo se inicie o quanto antes na trajetória escolar de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE).

Com esta nova proposta, as pré-escolas devem oferecer um espaço que proporcione diferentes dinâmicas e estratégias de ensino para todos, e complementação, adaptação e suplementação curricular quando necessários (BRASIL, 2006).

Este atendimento em caráter suplementar e/ou complementar, de acordo com a lei nº 9394/96, chamado de atendimento educacional especializado (AEE) às pessoas com NEE deve ser ofertado, preferencialmente, na rede regular de ensino, quando for necessário para atender às necessidades específicas, sendo que a oferta destes serviços deve iniciar-se na educação infantil, ou seja, na idade de zero a seis anos (BRASIL, 1996). A oferta deste serviço deve ocorrer, preferencialmente, nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) na escola em que o aluno estiver matriculado, em outra escola ou em centros de AEE (BRASIL, 2010).

O AEE terá como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas, sendo um complemento e/ou suplementação a formação dos alunos com vista à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008).

Segundo o Ministério da Educação (MEC), as SRMs, espaço destinado ao AEE, devem ser organizadas com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às NEE (BRASIL, 2008). Nelas, os professores devem considerar diversas áreas do conhecimento, os aspectos relacionados ao estágio de desenvolvimento cognitivo dos alunos, quais os recursos específicos para que ocorra seu aprendizado e as atividades de complementação e suplementação curricular (BRASIL, 2006). No entanto, verifica-se que a inclusão de crianças pré-escolares com NEE ainda possui diversos problemas envolvendo o atendimento precário a essa faixa etária, decorrentes, por exemplo, do desconhecimento dos professores em relação às peculiaridades do desenvolvimento das crianças, às suas necessidades educacionais e às formas mais adequadas de cuidado e de estimulação (OLIVEIRA; PADILHA, 2011).

Os alunos elegíveis para receberem este atendimento, segundo o decreto nº 6.571/2008 definem-se como aqueles que apresentam deficiências de natureza física, intelectual e sensorial, com transtornos globais do desenvolvimento (sendo inclusos nesta definição alunos com autismo clássico, Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da

infância e transtornos invasivos sem outra especificação), e com altas

habilidades/superdotação (BRASIL, 2008).

Segundo a Nota Técnica emitida pelo MEC, os professores do AEE deverão identificar as habilidades e necessidades educacionais específicas e cada aluno atendido e a partir disto criar um plano de atendimento que defina e organiza as estratégias pedagógicas a serem utilizadas e verificar a funcionalidade dos recursos utilizados, bem como sua aplicabilidade nos mais variados ambientes em que o aluno se encontra, produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis considerando as necessidades de cada aluno, promover uma relação que facilite sua articulação com os professores da sala regular de ensino, bem como orientá-los e aos familiares para que o aluno amplie suas habilidades, promovendo sua autonomia e participação (BRASIL, 2010)

O conteúdo e as atividades devem levar em conta o princípio da aprendizagem significativa: atividades que partam de experiências positivas para os alunos, dos interesses, dos significados e sentidos atribuídos pelos mesmos (BRASIL, 2006)

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Várias têm sido as pesquisas que avaliaram o processo de inclusão de crianças pré-escolares. Por exemplo, Silva e Martins (2008) em sua pesquisa com alunos pré-escolares incluídos apontaram o estabelecimento de interações positivas entre os alunos incluídos e os demais alunos. Para Sandberg, Norling e Lillvist (2009), os alunos pré-escolares incluídos tiveram ganhos no desenvolvimento, mas necessitavam de um apoio maior do professor e de adaptações curriculares. Nesta direção, Victor (2009) realizou uma pesquisa em uma CEMEI em Vitória – ES, com a proposta de apresentar algumas concepções que professores da sala regular de ensino e professores da educação especial que atuam em uma escola da educação infantil têm a respeito dos alunos com NEE e sobre a inclusão destes na sociedade e na escola. Para isto utilizou dois roteiros de entrevistas semi-estruturadas que foram aplicados em um grupo de 12 professoras regentes da educação infantil e três professoras especialistas em educação especial. As professoras se mostraram a favor da inclusão escolar e acreditavam que a escola era um ambiente de socialização para os alunos deficientes. Salientaram também a importância de se acompanhar o aluno desde cedo para poderem ver a mudança em seu desenvolvimento e a importância de se ter profissionais capacitados para lidar com estes alunos. As professoras de educação especial destacaram a falta de tempo para atenderem os alunos e a importância do atendimento contra turno. As concepções destes profissionais problematizam a proposta da inclusão escolar dos alunos com NEE em que o foco cai sobre a formação profissional para que ocorra o atendimento devido deste alunado.

Em contrapartida, ainda existem instituições de ensino que não modificaram o projeto político pedagógico da escola, por conta do processo de inclusão de alunos e cada professor realiza suas atividades de forma independente (LEONARDO; BRAY; ROSSATO, 2009; SEKKEL; ZANELATTO; BRANDÃO, 2010), sendo que muitos professores ainda não sabem discorrer sobre o processo de inclusão e não conseguem diferenciar quais são os serviços de educação especial disponíveis. Verifica-se ainda a prevalência de uma concepção médica e de integração do modelo de inclusão (SERPA; BARBOSA; CASTRO, 2006). Muitos professores não se sentem preparados a lecionar para os alunos incluídos, necessitando de capacitações (SANTOS; PACCINI, 2008; SARI; ÇELIKÖZ; SEÇER, 2009; SERPA et al., 2006).

Apesar da existência de algumas pesquisas sobre o processo de inclusão pré-escolar, ainda existe um predomínio de pesquisas no Ensino Fundamental (por exemplo, GUARINELLO et

al., 2006; MENEGOTTO; MARTINI; LIPP, 2010; MONTEIRO; MANZINI, 2008;

SANT’ANA, 2005), demonstrando a necessidade de que haja mais pesquisas com esta temática no ensino infantil. Isso porque, segundo a UNESCO (1994), o êxito da escola inclusiva depende, também, dos programas educacionais destinados a crianças até os seis anos, de forma que se desenvolvam e/ou reorientem projetos pedagógicos a fim de promover o desenvolvimento físico, intelectual, social além de preparar estas crianças para o ingresso na escola.

Considerando-se a importância do AEE junto aos alunos com NEE e devido à falta de pesquisas que visam compreender como ocorre esta forma de atendimento na educação infantil, justifica-se a presente pesquisa devido à temática ainda pouco explorada, buscando compreender, com base nos discursos das professoras que atuam em Salas de Recursos Multifuncionais pré-escolares, como ocorre sua atuação profissional. Diante disto, o presente estudo teve como objetivo o de verificar: (a) qual a concepção das professoras das SRMs acerca de sua função, (b) quais as dificuldades encontradas pelas mesmas em seu trabalho e

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(c) quais os procedimentos utilizados no processo de ensino-aprendizagem e no processo avaliativo.

Método Participantes

Participaram deste estudo três professoras (A, B e C) atuantes em Salas de Recursos Multifuncionais em pré-escolas. A professora A. é formada em pedagogia com habilitação em Deficiência Intelectual e atua há nove anos em SRMs, sendo que atualmente cursa uma especialização em AEE, B. é formada em pedagogia com mestrado em Educação Especial , atuante neste tipo de atendimento há dez anos e C. é formada em pedagogia com especialização em Atendimento Educacional Especializado, e atua na SRMs há quatro anos.

Local da coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em duas pré-escolas de um município de médio porte, do interior do estado de São Paulo.

Instrumentos

Questionário para os Professores - Parte I. O questionário foi elaborado com base em

instrumentos já existentes (CIA; BARHAM, 2005; SAN’TANA, 2005), que tem por objetivo verificar a atuação profissional do professor da sala de recursos multifuncionais, sendo composto por cinco, sendo elas: Qual é a função do professor da SRM na educação infantil? Você já freqüentou algum curso ou programa de capacitação sobre educação especial? Quais? Como os avalia? Quais são as maiores dificuldades encontradas em seu dia-a-dia no processo inclusivo? Em termos de organização e trabalho desenvolvido. Quais os procedimentos metodológicos que você utiliza para melhorar o processo de ensino-aprendizagem do aluno com NEE? Quais os métodos utilizados para avaliar o aluno na SRM?

Procedimento de coleta de dados

Antes de iniciar a coleta de dados, foi realizado um contato com a secretaria de educação do município alvo para autorização da pesquisa nas pré-escolas municipais. Em seguida, realizou-se um contato com a diretora e com os professores das SRMs das pré-escolas, para explicar os objetivos da pesquisa e os procedimentos da coleta de dados. Neste encontro foram estabelecidos os dias das coletas de dados e entregues o projeto de pesquisa e o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, com as professoras que consentiram a sua

participação, foi agendado horário para a realização da entrevista. As entrevistas foram gravadas.

Procedimento de análise de dados

Os dados coletados foram qualitativos e foi realizada uma análise de conteúdo, considerando cada questão levantada pela entrevista. Após essa análise, a pesquisadora entrou em contato com os professores que participaram da pesquisa, a fim de entregar a análise realizada e verificar a concordância dos mesmos quanto as suas falas.

Resultados e Discussão

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Segundo a Nota Técnica emitida pelo MEC, o professor da SRM tem como função elaborar e executar o plano de AEE do aluno identificando suas habilidades e necessidades educacionais específicas, definir e organizar estratégias pedagógicas, programar e avaliar a aplicabilidade e funcionalidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade no AEE, na sala comum e nos demais ambientes escolares (BRASIL, 2010), verificou-se através dos discursos das professoras que, para A sua função consiste em trabalhar em todos os níveis as habilidades dos alunos e prepará-los para acompanhar a sala regular de ensino, salientando que, devido à idade dos alunos, é necessário trabalhar mais a estimulação de algumas áreas como o desenvolvimento motor e audição.

Para B, embora este seja seu primeiro ano como professora da SRM na educação infantil, acredita que a função seja a de estimular para que a criança consiga acompanhar o aprendizado dos demais alunos da sala regular por meio do desenvolvimento de habilidades. Informa também que deve saber como utilizar coisas básicas, como jogos e brincadeiras, para atingir seu objetivo não se atendo tanto ao recurso.

Já para C. sua função consiste em ajudar as crianças em suas deficiências e sanar suas dificuldades, amenizando-as, para que o aluno possa ter uma qualidade de vida melhor.

Formação continuada

A formação de professores assumiu diversos contornos nos diferentes estados brasileiros, em que alguns priorizaram os estudos adicionais para professores do ensino regular do nível médio, outros investiram na formação em nível de pós – graduação latu sensu e outros ainda na formação específica em nível superior (MENDES, 2006) como forma de aprimorar seus serviços e se tornarem aptos para trabalhar junto a esta população.

Todas as professoras entrevistadas relataram freqüentarem cursos de capacitação como forma de aprimorar seu trabalho, sendo que em alguns casos, estes foram oferecidos pela secretaria de educação do município estudado.

A participante A. relata a necessidade de que se abram mais vagas para que os demais professores possam participar dos cursos voltados à área de educação especial, pois as vagas são delimitadas a um professor por escola. Relata também, já ter participado de vários eventos com duração de uma semana, oferecidos pelo município que abordavam temas como: orientação e mobilidade e LIBRAS.

B. relata que participa de cursos com grande frequência, sendo que grande parte deles não contou com apoio financeiro. Dedica-se, em sua maioria, aos cursos voltados à área da deficiência visual, porém já participou de cursos em todas as áreas, como: transtorno global do desenvolvimento, tecnologia assistiva, altas habilidades/superdotação, LIBRAS, Braille, entre outros.

Já C. relata que, embora participe de diversos cursos voltados para a educação especial, estes sejam demasiadamente repetitivos, sendo que muitas coisas acabam não sendo expostas e, segundo ela, todo ano “começam do zero”.

Dificuldades encontradas no processo inclusivo

Com relação às maiores dificuldades encontradas, todas as professoras citaram sua relação com o professor a sala regular. Segundo A. suas dificuldades consistem em atuar com alunos autistas, como por exemplo, em propor métodos de ensino para esta população e o comportamento dos professores da sala regular já que estes, em sua maioria, não aceita a presença do aluno com NEE em suas salas e acredita que estes deveriam freqüentar a SRM

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durante todo o período de aula, extinguindo sua responsabilidade junto a eles. Cita a necessidade de que ocorra maior orientação a estes profissionais com relação à legislação, para que compreendam que o aluno tem direito de estar presente na sala de aula.

Para B. sua dificuldade está em auxiliar o professor da sala regular, sendo que estes não aceitam mudar suas práticas de ensino para incluírem os alunos com NEE, justificando sua atitude devido ao número de alunos presentes, ou seja, acreditam que se fornecerem atenção ao aluno com NEE deixaram os demais negligenciados.

C. também cita os professores da sala regular, afirmando que estes não aceitam a presença do aluno incluído com a desculpa de que eles são de responsabilidade da educação especial. Nesta situação C. sente a necessidade de explicar que o aluno é de responsabilidade de ambos os profissionais. Esta participante também relata que, embora esteja presente em alguns momentos na sala regular, auxiliando o professor e ensinando como confeccionar materiais que serão benéficos para toda a turma, eles acreditam que a responsabilidade de produzir material para a sala seja dela.

Pode-se observar que, embora esteja previsto no Decreto 6.571 (BRASIL, 2009) que o professor da SRM deve estabelecer um relacionamento em que ocorram trocas mútuas com o professor regular, esta relação ainda baseia-se em uma espécie de polarização em que o professor da educação especial acaba sendo visto como o profissional especializado e fica encarregado de, sozinho, decidir sobre a vida escolar do aluno com NEE, encontrando-se à margem do planejamento escolar (MANZINI, 2011).

Procedimentos metodológicos de ensino

Considerando que estas professoras atuam na educação infantil, os procedimentos metodológicos deveriam priorizar o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, sociais, emocionais, cognitivos e psicomotores (BRASIL, 2008), sempre estando atento em relação às peculiaridades do desenvolvimento das crianças, às suas necessidades educacionais e às formas mais adequadas de cuidado e de estimulação (OLIVEIRA; PADILHA, 2011).

Em seus procedimentos metodológicos A. cita a utilização de brinquedos, que foram ofertados pela prefeitura para utilização em outro projeto, para a estimulação devido à falta de materiais disponíveis, e à faixa etária dos alunos. B. afirma que sua metodologia varia de criança para criança, dependendo do objetivo a ser atingido. Faz uso de muita brincadeira para manter a atenção e mantém uma conversa com a criança durante todo o atendimento, questionando-os e dando oportunidade para que eles escolham e também utiliza o procedimento de exclusão para que a criança aprenda com menos chances de errar.

C. também faz uso de jogos, procura manter um diálogo com os alunos, e cita que para o atendimento de bebês só possui uma bola para trabalhar equilíbrio e um cavalinho de plástico, então precisa criar coisas constantemente.

Verifica-se aqui, também, a importância de que o professor consiga criar uma atmosfera em que a criança saia do local de obediência e se torne interlocutora, garantindo a diversidade e igualdade de oportunidades, que deverão, inclusive, serem mantidas e necessárias socialmente (OLIVEIRA, 2010).

Métodos de avaliação

Os métodos utilizados para avaliar os alunos atendidos nas SRM consistiam em analisar o progresso do aluno em áreas, e garantir sua confiabilidade, A. utiliza jogos relacionados com

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a habilidade a ser avaliada e com a idade do aluno, utiliza três jogos distintos que possuem o mesmo objetivo para garantir que fatores como a falta de interesse em determinado jogo não atrapalhe o resultado e faz anotações diárias que são entregues a cada bimestre.

A avaliação de B. ocorre de forma contínua através de observações, sendo que ela faz anotações a cada atendimento, prestando atenção na forma como o aluno resolve os problemas propostos e chega a um resultado, sempre variando os estímulos dados. Já C. utiliza uma avaliação por meio de fichas que são enviadas pela secretaria de educação especial, que avaliam diversas áreas como coordenação, linguagem, memória, e a partir disto realiza seus planejamentos anuais e bimestrais.

Conclusões

Conclui-se que, embora todas as entrevistadas acreditem que sua maior dificuldade ao executar seu trabalho seja sua relação com o professor regular, estas não vêem como uma de suas funções a de desenvolver algum tipo de trabalho com os mesmos, estando focadas em trabalhar individualmente as dificuldades dos alunos incluídos, para que estes consigam acompanhar sua sala de aula futuramente.

Verifica-se que mesmo com diversos dispositivos legais indicando a obrigação de que os alunos com NEE estejam devidamente matriculados nas pré-escolas, observa-se que, segundo as entrevistadas, as professoras da sala regular possuem dificuldades em modificar suas concepções acerca destes alunos e de modificar suas práticas de ensino para que estes consigam desenvolver as atividades propostas.

Com relação às metodologias de ensino nota-se a importância de materiais adequados à faixa etária de zero a seis anos que, em sua maioria, é confeccionado pelas próprias professoras e em manter um diálogo constante com os alunos, salientando-se a importância de aliar o lúdico ao atendimento.

Já nos procedimentos avaliativos, salientou-se a necessidade de ofertar diversos estímulos e jogos às crianças para que se obtenha um resultado fidedigno, e a necessidade de considerar diversas áreas do desenvolvimento e habilidade dos alunos.

Em relação à formação destas profissionais, nota-se a importância do oferecimento de cursos de capacitação para que estejam aptas para trabalhar com as mais variadas NEE já que, geralmente, possuem formação especifica em alguma deficiência.

Referências

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