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A força da cachaça de Salinas

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Academic year: 2021

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A força da cachaça de Salinas

O agronegócio da cachaça de Salinas já é uma importante atividade econômica do município que gera renda, emprego e recurso público ao

erário municipal

Por Roberto Carlos Morais Santiago1

Nas últimas décadas, o município norte­mineiro de Salinas tem sido reconhecido        como a capital nacional da cachaça artesanal, onde são produzidas as mais cobiças        marcas de cachaças do país. Turistas de todo o Brasil e até mesmo do exterior visitam        Salinas para conhecer e degustar a bebida no Festival Mundial da Cachaça, cujo evento        é realizado todos os anos desde 2002 pela Associação de Produtores Artesanais de        Cachaça de Salinas (Apacs), que conta com o apoio logístico e financeiro da prefeitura        do município.

1 Roberto Carlos Morais Santiago é mineiro de Salinas, economista graduado pela

Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), analista fazendário da Receita

Estadual e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. É autor do livro “O

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Salinas possui a maior concentração de marcas de cachaça artesanal do Brasil        com mais de sessenta marcas e produção estimada em cerca de cinco milhões de litros        por safra.  Historicamente, a safra se inicia em maio e se estende até dezembro,        movimentando dezenas de alambiques, gerando renda, empregos e recurso público ao        erário municipal na forma de repasse de ICMS pelo estado.

A marca de cachaça artesanal mais tradicional do Brasil atualmente é produzida        em Salinas. É a famosa cachaça Havana­Anísio Santiago, reconhecida Patrimônio        Cultural Imaterial de Salinas por meio de Decreto Municipal nº. 3.728/2006, fato inédito no        Brasil. Também é de Salinas o maior produtor do estado em volume de produção        comercializada sob as marcas Boazinha, Saliboa e Seleta. Outras marcas tradicionais        como Beija­Flor, Canarinha, Cubana, Erva Doce, Indaiazinha, Lua Cheia, Majestade,        Nova Aliança, Piragibana, Sabor de Minas, Salineira, Terra de Ouro, dentre outras, fazem        sucesso junto ao consumidor que a cada dia vem apreciando e degustando a mais        genuína bebida brasileira: a cachaça.

As evidências do sucesso da cachaça de Salinas são muitas. Vejamos algumas: Em 1990, a revista PLAYBOY (edição de maio) lançou seu primeiro ranking de        cachaça. A cachaça Havana, do produtor Anísio Santiago (1912­2002) ficou em primeiro        lugar.

Em 2007, a revista PLAYBOY (edição de abril), elegeu sete marcas de Salinas        entre as vinte melhores do país: Anísio Santiago­Havana (2º. Lugar), Canarinha (3º.        Lugar), Boazinha (6º. Lugar), Piragibana (10º. Lugar), Indaiazinha (12º. Lugar), Lua Cheia        (16º. Lugar) e Seleta (18º. Lugar), tendo representatividade de 35% do rol das marcas        eleitas.

Em 2009, a revista PLAYBOY elegeu duas marcas entre as melhores do pais:        Anísio Santiago­Havana (1º. lugar) e Canarinha (6º. lugar).

Em 2010, a conceituada revista VEJA (edição de janeiro 2010) lançou seu        primeiro ranking de cachaça, sendo que a cachaça Anísio Santiago­Havana ficou em        primeiro luga na categoria cachaça envelhecida. A marca Canarinha ficou em quatro        lugar.

Em 2011, no último ranking da revista PLAYBOY (edição de julho), duas marcas de        Salinas foram eleitas entre as vinte melhores do país: Anísio Santiago­Havana (1º. lugar) e        Canarinha (6º. lugar).

Na literatura da cachaça, Salinas é destaque nos mais diversos livros lançados        nos últimos anos. Todos os autores destacam a importância da cachaça produzida no        município pela sua qualidade, tradição e variedade de marcas.

Outra evidência da força da cachaça de Salinas está na arrecadação de ICMS,        imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, de competência estadual. O ICMS é        um excelente indicador para mensuração da atividade econômica pois permite fazer        correlação com outros setores da economia. Permite, ainda, fazer análise sobre aspectos        da formalidade e informalidade do setor.

Cerca de um terço da arrecadação de ICMS é proveniente da atividade produtiva        de cachaça nos alambiques do município. Os dados da arrecadação de ICMS apontam        Salinas como único município mineiro que possui cadeia produtiva consolidada com        expressiva participação na economia local.

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consolidada em março 2013, demonstra de forma inequívoca a força da cachaça de        Salinas na região. Cachaça da Microrregião de Salinas FATURAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS PRODUTORES Valores em R$ correntes ­ Período: 2011/2012 A B C D E=(D/C) MUNICÍPIO (1) Nº PRODUTORES FORMALIZADOS FATURAMENTO 2011 FATURAMENTO 2012 EVOL. % Salinas 27 R$ 24.423.637,42 R$ 26.680.176,36 9,24% Novorizonte 5 R$ 7.404.513,96 R$ 9.766.350,54 31,90 Taiobeiras 2 R$ 494.148,20 R$ 368.790,13 ­25,37% Rio Pardo 5 R$ 24.621,04 R$ 8.231,39 ­66,57% Fruta de Leite 1 R$ 9.652,44 R$ 11.688,30 21,09% Berizal 1 R$ 0,00 R$ 0,00 0,00% Indaiabira 1 R$ 0,00 R$ 0,00 0,00% Rubelita 2 R$ 0,00 R$ 0,00 0,00% São J. Paraíso 1 R$ 0,00 R$ 0,00 0,00% TOTAL 45 R$ 32.356.573,06 R$ 36.835.236,72 13,84% Fonte dos dados: Receita Estadual de Minas Gerais/SRF­ Montes Claros. (1) Município da região que não possui produtor formalizado não consta na planilha. Elaboração: Roberto Carlos Morais Santiago.

A microrregião de Salinas, composta por dezessete municípios, possui 45        produtores de cachaça formalizados (inscritos na Receita Federal, Receita Estadual e        Ministério da Agricultura), sendo que 27 produtores (60%) estão localizados no município        de Salinas. Em 2012, os produtores de Salinas faturaram 26,8 milhões de reais, 9,24% a        mais em em relação a 2011, que foi de 24,4 milhões de reais.

A participação dos produtores de Salinas foi de 72,43% em relação ao total        faturado pelos produtores da região em 2012. No ano anterior a participação foi de        75,48%. Demonstra que Salinas vem buscando a formalidade ao longo dos últimos anos        com expressiva participação na economia do município.

Poucas cidades brasileiras possuem símbolo que reflete a economia e cultura        local. Salinas possui a cachaça artesanal como símbolo de sua vocação econômica e        cultural. A genuína bebida brasileira ali produzida está cada vez mais cobiçada pela sua        qualidade, tradição e variedade de marcas. Maria das Vitórias Cavalcanti, presidente do        Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDC), em depoimento para o        livro “O Mito da Cachaça Havana­Anísio Santiago” (Editora Cuatiara: Belo Horizonte, 2ª.                  edição, 2007, 292 páginas) afirma que “É indiscutível a importância da região de               

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Salinas para o desenvolvimento do mercado da cachaça no Brasil e no exterior. A                          busca dos produtores da região em desenvolver marcas e produto de qualidade                      diferenciada colocou Minas Gerais na liderança da produção de cachaça artesanal no                      Brasil”.

O processo de expansão e diversificação da economia brasileira ao longo das        últimas décadas vem forjando e incrementando atividades econômicas com produtos        típicos da cultura do Brasil com forte impacto nas economias locais. Neste aspecto,        através de diversos fatores como clima, solo, conhecimento e tradição, Salinas vem        promovendo o seu desenvolvimento sócioeconômico, bem como ocupando espaço no        mercado interno e externo através de bebida que expressa parte da cultura e identidade        brasileira: a cachaça.

O Museu da Cachaça de Salinas, inaugurado em dezembro de 2012, com recurso        do tesouro estadual é o reconhecimento oficial do governo mineiro, fato inédito no Brasil,        da importância da cachaça para Salinas e Minas Gerais. Foi graças ao trabalho épico        dos produtores que o município de Salinas virou sinônimo de cachaça no Brasil.

Um brinde à cachaça de Salinas!

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Algumas referências bibliográficas à cachaça de Salinas ALCÂNTARA, Araquém. BEATO, Manoel. Cachaça.São Paulo: Transbrasil, 2011. ALENCAR, Girleno. Cachaça Havana provoca “guerra” no norte.  Hoje em Dia, Caderno de Minas, Belo Horizonte, 1º março, p. 9. BEM­VINDO À terra da Havana. Revista Globo Rural, São Paulo, nº 3, 1988. CAVALCANTE, Messias S. A verdadeira História da Cachaça. São Paulo: Editora Sá, 2011. FEIJÓ, Ataneia. MACIEL, Engels. Cachaça Artesanal: Do Alambique à Mesa. Rio de Janeiro: Senasc, 2002. FIGUEIREDO, Renato. De Marvada a Bendita. São Paulo: Matriz, 2011. PAIVA, Fernando. Viagem ao país da cachaça. Revista Mitsubishi nº 13, São Paulo, março 2004. Revista PLAYBOY (edições de maio 1990, abril 2007, agosto 2009 e julho 2011). RIBEIRO, Ronaldo. A Safra Seguinte. Revista National Geographic Brasil, outubro 2003. SANTIAGO, Roberto Carlos Morais Santiago. O Mito da Cachaça Havana­Anísio Santiago. Belo Horizonte: Cuatiara, 2006. VENTURA, Sandra. GIRALDEZ, Ricardo. Cachaça: Cultura e Prazer Brasileiro. São Paulo: Dalmara, 2006. WEIMANN, Erwin. Cachaça: A Bebida Brasileira. São Paulo: Terceiro Nome, 2006.

Referências

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