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AÇÕES DA COETRAE NO COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO NO TOCANTINS. Jandecir Pereira Rodrigues¹ ; Shirley Silveira Andrade²

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

AÇÕES DA COETRAE NO COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO NO TOCANTINS

Jandecir Pereira Rodrigues¹ ; Shirley Silveira Andrade²

RESUMO

O trabalho escravo a dignidade humana e suprimir de grande parte da população o direitos sociais básicos. Essa prática se faz presente no mundo e no Brasil e o Tocantins é um dos estados que mais escraviza trabalhadores, ocupando o quinto lugar em denúncias desse crime. O presente artigo tem por objeto analisar e sistematizar as ações desenvolvidas pelo Estado, por instituições civis e, sobretudo, pela atuação da COETRAE/TO na prevenção e repressão ao trabalho escravo. Será desenvolvido um estudo inicial sobre a escravidão contemporânea e sua regulamentação, políticas do Brasil para a erradicação do trabalhado escravo, fatores que propiciam o trabalho escravo no Tocantins e as ações desenvolvidas pela COETRAE no combate a esse crime.

Palavras-Chave: TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO ; AÇÕES DA COETRAE/TO ; ERRADICAÇÃO E COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO

INTRODUÇÃO

Desde tempos imemoriais a prática da escravidão se faz presente na vida humana, seu começo remonta às origens da vida e era amplamente aceita pelas sociedades, e mesmo tendo sido abolida juridicamente ela persiste ainda, e, no Brasil, só no ano de 2011, foram resgatados 2.501 trabalhadores escravos.

O Tocantins é um dos estados brasileiros que mais escraviza trabalhadores, ocupando o quinto lugar em denúncias de trabalho escravo. Fatores contribuem para essa posição no

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ranking do trabalho escravo brasileiro: sua localização geográfica, a atividade principal1 econônica ser a agropecuária, as terras estarem concentradas nas mãos de poucos e a certeza da impunidade.

O Tocantins, seguindo o exemplo do país, se compromete em 2006 a combater o crime de trabalho escravo. O presente estudo se preocupa em responder a seguinte indagação: Diante dessa prática criminosa bastante utilizada no Tocantins, quais ações o estado, e principalmente Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo – COETRAE - desenvolvem para combater esse crime?

Portanto o presente trabalho se propõe a analisar e contextualizar as questões que permeiam o trabalho escravo contemporâneo no estado do Tocantins, e sistematizar as ações desenvolvidas pela atuação da COETRAE/TO na prevenção e repressão desse crime e na reinserção deste trabalhador resgatado no mercado de trabalho.

MATERIAS E MÉTODOS

A metodologia do trabalho consistiu primeiramente em leituras sobre o tema, fez-se um estudo da legislação brasileira, direito penal e constitucional, Código Penal, Constituição Federal. Foram a analisados os planos nacionais e estaduais de combate ao trabalho escravo contemporâneo seguido de estudo das políticas nacionais de combate à essa prática delituosa. Foram feitas entrevistas a um Juiz e a um Procurador da República. Foram feitas pesquisas em documentos, dossiês e atas da COETRAE/TO além de participação nas reuniões e audiências realizadas pela instituição observada.

RESULTADO E DISCUSSÃO

A escravidão contemporânea se concretiza quando trabalhadores livres são submetidos a um trabalho que lhes tira a dignidade, a situações degradantes, na qual vivem e produzem em situações sub-humanas.

1

Aluna de Direito da Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Palmas. Email:jandecirprodrigues@gmail.com

2 Professora do Curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Palmas. Email: direitoshumanospe@yahoo.com

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O Tocantins, comprovadamente, é um estado que importa e exporta seres humanos para serem escravizados. Essas evidências tão claras de escravidão contemporânea são absurdamente negadas por parlamentares tocantinenses que chegaram a propagar a inexistência de trabalho escravo no Tocantins. Mas, a despeito dessa negação ao óbvio, o Governo estadual admite o trabalho escravo na região e se predispõe a criar políticas públicas para combatê-lo, claro, que com a pressão da mídia, dos grupos sociais e instituições estatais que lutam em prol da causa .

É criada então a COETRAE /TO - Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo do Tocantins - através do Decreto nº 3.018, de 27 de abril de 2007 e está vinculada à Secretaria da Cidadania e Justiça. É uma comissão defensora dos direitos sociais, que se propõe a abordar o tema da escravidão sob uma perspectiva democrática; prevenindo-o e combatendo-o de forma democrática, buscando sempre a participação popular, já que esta é pressuposto de legitimidade, de efetividade e de eficácia das políticas públicas. A Comissão Executiva da COETRAE é composta por membros dos seguintes órgãos: SEJUDH, CPT, MPF, MPT, SRTE, SEDUC. Nos anos de 2007 e 2008 foram realizadas muitas ações, mas em fins de 2009, devido a uma desestruturação governamental a instituição se fragmenta e não consegue agir.

Durante o ano de 2010, a COETRAE elabora um protocolo de intenções no qual demonstra sua vontade política no combate e prevenção ao trabalho escravo para o novo Governo Estadual, para que este se una à comissão nessa luta.

Mas nenhuma instituição consegue combater sozinha o trabalho escravo, se faz necessário o engajamento de vários segmentos sociais para um combate real, significativo dessa prática. A COETRAE tem como parceiros de grande destaque as seguintes instituições CPT, MPF, MPT, SRTE , o Governo estadual, entre outras. As supramencionadas instituições se comprometem de, juntas, prevenir, reprimir o trabalho escravo e construir alternativas práticas que possibilitem a reinserção dos resgatados do trabalho escravo no mercado de trabalho. Estas, entre outras ações da comissão, merecem destaque : seminário para capacitação dos membros da COETRAE realizado pela CPT, campanha promovida pelo Governo Estadual no rádio e televisão sobre trabalho escravo, reuniões ordinárias da COETRAE, apoio moral ao Festival da

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Abolição realizado em vinte e dois municípios do estado , realizado pela ONG Repórter Brasil e CPT, participação em encontro nacional de COETRAEs, oficina para operadores do Direito realizada em Palmas, mostra do grupo de teatro Quilombagem, na semana nacional contra o trabalho escravo. Como não é um órgão repressivo, a COETRAE centraliza seus esforços em ações preventivas e de reinserção dos trabalhadores resgatados, promovendo a conscientização e sensibilização popular para que o tema seja de conhecimento de todos. A exemplo dessas ações, realizou-se audiências públicas ,observando o princípio democrático da participação popular nos locais mais afetados pela prática criminosa do trabalho escravo. As audiências públicas se revestem de importância pois as decisões tomadas ali são apoiadas pela população e dão sustentabilidade aos atos da administração pública e objetiva tornar efetivo o combate ao trabalho escravo no Tocantins, por meio de ações conjuntamente articuladas. Aconteceu em Taguatinga, escolhida porque a região já tinha sido alvo de denúncias de trabalho escravo. Nessa audiência foi firmado um acordo de cooperação técnica, que, em suma, são as regras ajustadas pela COETRAE /TO e pelas entidades públicas municipais e estaduais de Taguatinga, com a finalidade de realizar projetos de interesse comum no combate e prevenção ao trabalho escravo.

A COETRAE é o principal grupo de pressão que atua no Tocantins contra o trabalho escravo, sua luta para sanar essa mazela social no estado é grande e diferentes ações tem sido desenvolvidas com o objetivo de mudar essa triste realidade: campanhas de conscientização, seminários, audiências públicas ,entre outras.

Mas é preciso admitir que sem uma estratégia que articule Governo federal, estadual e as e as organizações civis não governamentais não haverá combate efetivo ao trabalho escravo, se faz necessário o esforço conjunto para que mudanças significativas de fato ocorram.

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AGRADECIMENTOS

À professora Mestra Shriley Silveira Andrade pelos conhecimentos transmitidos e pela paciência e aos colegas José Carlos Junior e Francisco pelas horas de estudos e pelo companheirismo.

Referências

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