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XVII ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Universidade de Fortaleza 16 a 18 de outubro de 2017

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XVII ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Universidade de Fortaleza 16 a 18 de outubro de 2017

Análises preliminares da implementação das Audiências de Custódia no ano

de 2016 no Estado do Ceará

Italo Farias Braga (PG), Jessyka Mendes Dias Simões (IC), Amanda Furtado Mendes (IC) Nestor Eduardo Araruna Santiago (PG)

1Mestrando no programa de pós-graduação em Direito Constitucional, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE; 2 Estudante de graduação em direito, Universidade de Fortaleza

3 Estudante de graduação em direito, Universidade de Fortaleza

4Professor Doutor - Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE.

italofbraga@gmail.com, jessykamendes@hotmail.com,amandafurtadomendes13@gmail.com, nestoresantiago@gamil.com

Palavras-chave: Audiência de custódia. Prisão em flagrante. Estado do Ceará

Resumo

O presente estudo fez parte do Projeto de Pesquisa “Quis custodiet ipsos custodes? Sobre os

caminhos da audiência de custódia no Estado do Ceará, tendo por objetivo mapear, de forma preliminar, a implementação das audiências de custódia no Estado do Ceará. Metodologicamente, analisou-se relatório fornecido pela 17a vara criminal (vara única e privativa de audiências de custódia), analisando os dados mês a mês do ano de 2016, conferindo os dados quantitativos e de dispersão, representados pelo coeficiente relativo de Pearson. No ano de 2016 realizaram-se 7433 autuações em flagrante, das quais 5948 foram decididas com liberdade provisória, decretação de preventiva ou relaxamento de ilegalidade. Desta feita, em 52,25% das audiências a decretou-se prisão preventiva, em 36,31% a decisão conferida foi de concessão de liberdade provisória e em apenas em 0,46% houve relaxamento de ilegalidade. Verificou-se instabilidade nos dados quantitativo, sobretudo com coeficientes de Pearson considerados elevados. Percebeu-se ainda que os dados relativos à decretação de prisão são mais estáveis que os dados de relaxamento de ilegalidade. Os relaxamentos foram raros e sugerem a instalação de audiências de forma protocolar, para cumprir etapa processual, sem efetivamente verificar as condições da prisão.

Introdução

No ano de 2015 o Conselho Nacional de Justiça desenvolveu o Projeto Audiência de Custódia, implementando instituto previsto nas convenções internacionais com o objetivo de efetivar direitos e evitar maus tratos prisionais no âmbito das prisões em flagrante. Destarte, elaborou-se a termos de cooperação em diversos Estados, bem como editou-se a resolução 213/2015 que padronizou o formato das audiências de custódia em âmbito nacional.

A implementação de projetos que modificam a estrutura judiciária implica em necessidade de adequação aos tribunais locais. Ademais, esta pesquisa faz parte Projeto de Pesquisa “Quis custodiet ipsos custodes? Sobre os caminhos da audiência de custódia no Estado do Ceará", projeto desenvolvido com pesquisadores do Laboratório de Ciências Criminais (LACRIM), desenvolvido no intento de mapear e reconhecer como está se dando a implementação das audiências de custódia no âmbito da 17a Vara Criminal de Fortaleza, Vara única e Privativa determinada para realização do ato na Comarca.

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2 Este trabalho teve por objetivo verificar as implicações práticas e os resultados acerca dos quantitativos de prisão mês a mês no ano de 2016, constando média e coeficiente relativo de Pearson dos dados em coleta.

Metodologia

Por metodologia o presente trabalho teve caráter empírico e quantitativo, pelo qual analisou-se o relatório de dados coletados pela 17a Vara Criminal de Fortaleza (Vara Única e Especializada em Audiências de Custódia), verificando-se os padrões estatísticos das medidas de tendência central, representados neste trabalho pelas médias e quantidades de autuações, prisões preventivas, liberdades provisórias e relaxamentos de ilegalidades, bem como coletou-se os padrões de discrepância entre os dados, neste trabalho considerado pelo Coeficiente relativo de Pearson. Demais dados de dispersão, como Desvio-Padrão e Variância também foram coletados, mas para fins de discussão de dados ficaram incorporados no Coeficiente de Pearson.

Os dados coletados tiveram por referência temporal o período de janeiro a dezembro do ano de 2016 e foram tabulados e parametrizados em planilhas no programa Excel. Os cálculos foram feitos pelas fórmulas padrão (=média(A:B));(=desvpad(A:B)); (=VARP(A:B));. Para o cálculo do coeficiente relativo de Person, utilizou-se a fórmula: C = D/M, onde C representa o coeficiente de Pearson, D o Desvio-Padrão dos dados analisados e M a média dos dados analisados.

Resultados e Discussão

AS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA NO ORDENAMENTO

O mecanismo de apresentação imediata, sem demora, do preso em flagrante à autoridade judiciária para que se confira a decisão de liberdade provisória, com ou sem medida cautelar diversa da prisão, relaxamento do flagrante ou decretação de prisão preventiva é definida como audiência de custódia (MELO, 2016).

Tal mecanismo tem a função de adequar o procedimento processual penal brasileiro à norma convencional, especialmente ao artigo 7°, item 5, da Convenção interamericana de direitos humanos e do artigo 9º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, ambas normas pelas quais o Brasil se obrigou ao internalizar tais tratados. Feito isso, este mecanismo deve por a aplicabilidade dos artigos 306, 310, 311 e 312 do Código de Processo penal, verificando no prazo de 24 horas do auto de prisão em flagrante a existência do binômio legalidade e necessidade da prisão, bem como com a verificação de maus tratos e torturas, e garantindo o contraditório e a ampla defesa.(LOPES JR; PAIVA, 2014). Dessa feita, a audiência contará com a presença de um membro do Ministério Público e da Defensoria Pública ou advogado, e não contará com os condutores do flagrante, nos termos da resolução 213/15.

Por outro, entre a realidade e a teoria há um gap que necessita ser verificado de forma científica. Assim, Wermuth (2017, p.352), verifica que a audiência de custódia é diversas vezes realizada de forma protocolar, fato que blinda a tortura e impede a efetivação do papel destas medidas.

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3 A resolução de nº 14 do órgão especial do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará foi responsável pela adesão deste Estado ao Projeto Nacional Audiência de Custódia. Desta feita,

ficou estabelecida a 17a. Vara Criminal de Fortaleza, que se tornou Vara única e privativa de

audiências de custódia, e que conta, em sua estrutura, com quatro juízes vinculados, quatro promotores e 2 defensores titulares, auxiliados por mais 2 defensores deslocados de alguma das varas criminais.

Este trabalho focou-se no relatório de mapeamento das audiências de custódia fornecidos pela 17a vara criminal de Fortaleza, contendo: i) quantidade de autuados; ii) quantos autuados compareceram efetivamente às audiências; iii) se houve decretação de prisão preventiva ou concessão de medidas cautelares diversas da prisão, ou se houve relaxamento de prisão, conforme descrito no art. 310 do Código de Processo Penal.

O recorte temporal analisado foi o ano de 2016, segregado mês a mês, período no qual houve 7433 prisões em flagrante, das quais 5948 tiveram alguma das possíveis decisões, de modo que nas demais autuações houve a remarcação da audiência. Para início da análise deste trabalho, verifica-se o gráfico com as quantidades de prisões mês a mês:

GRÁFICO1:: Prisões ao longo do tempo

FONTE: Coleta de dados - Relatório 17a Vara Criminal

O gráfico demonstra assimetria de quantidades de prisões ao longo do tempo. Verificando-se o dado de desvio padrão, encontrou-se um desvio de 170 prisões, o que indica que há meses com número sobrelevado de prisões, como fevereiro, e outros com número diminuto de prisões, como agosto. A diferença entre agosto e fevereiro chega perto do triplo da quantidade de prisões, fato que demonstra instabilidade e inconstância, que podem refletir tanto a intensificação de atividades ou represamento destas, como variação sazonal com motivos diversos. Até o presente momento é impossível definir exatamente o motivo da oscilação tão grande nas quantidades de prisão. No período analisado, em 52,25% dos casos houve decretação de prisão preventiva, enquanto em 36,31% dos casos houve concessão de liberdade provisória e apenas em 0,46% dos casos houve relaxamento por ilegalidade. Nos 11,51% casos restantes, sequer houve a audiência de custódia, tendo sido remarcada por motivo diverso, tal como falta de documentação, impossibilidade de transporte do preso ou outro fator a justificar a remarcação da audiência.

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GRÁFICO2: Custódias Realizadas

FONTE: Coleta de dados - Relatório 17a Vara Criminal

Os dados mencionados apresentaram ainda intensa discrepância, calculada com base nos coeficientes relativos de Pearson, unidade que serve para indicar o quanto uma amostra de dados apresenta dissidência de forma comparável com outras. Destarte, ao analisar o coeficiente relativo de Pearson superior dos relaxamentos por ilegalidade, atingiu-se 106,2%, número que indica dados imprecisos. Este dado representa mais que o quadruplo da dispersão relativa de Pearson obtida nos dados de prisão preventiva, que foram calculados em 28,16%. Desta feita, há indícios que as decisões que decretam prisão preventiva são mais comuns e mais estáveis que as decisões que concedem liberdade provisória, que por sua vez, são mais comuns e mais estáveis que as decisões que relaxam ilegalidade.

Os meses de janeiro, fevereiro e julho não registraram nenhum relaxamento de prisão, fato que indica instabilidade e pequena quantidade deste tipo de decisão. Desta feita, percebe-se a incidência baixa de relaxamentos de prisão que sugere uma polícia atuante próxima à perfeição, ou uma situação de audiências feitas de forma protocolar, apenas para cumprir a etapa processual, como sugerido por Wermuth (2017).

Conclusão

Este trabalho serviu para realizar análises preliminares dos dados quantitativos das audiências de custódia realizadas no ano de 2016 no Estado do Ceará. Desta feita, realizou-se a coleta dos dados de quantitativo de prisões e quantitativo de decisões, de modo que verificou-se a aplicação quantidade das decisões de relaxamento de prisão, concessão de liberdade provisória e decretação de prisão preventiva.

No ano de 2016 realizou-se o total de 7433, tendo apenas 5948 efetivamente se realizado, conferindo alguma das possíveis decisões, o que implica em percentual de mais de 11,5% sem decisão, dado que indica a inadequação estrutural para a realização das audiências nos moldes estabelecidos pela resolução 213/2015.

Verificou-se que em 52,25% das audiências a decisão foi de decretação de prisão preventiva, fato que remonta a prisão como fator mais comum, em 36,31% a decisão foi pela concessão de

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5 liberdade provisória e apenas em 0,46% dos casos houve relaxamento por ilegalidade, dado que indica a realização das audiências de forma protocolar, apenas para cumprir formalidade.

Por fim, é percebido que os dados relativos às prisões preventivas demonstram maior estabilidade, visto que com menor coeficiente relativo de Pearson, que os dados relativos aos relaxamentos de prisão ilegal e mesmo que as concessões de liberdade provisória.

Referências

ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e

Políticos. Adotado pela Resolução n.2.200-A (XXI) da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Nova Iorque: 16 dez. 1966. Entrada em vigor: 23 mar. 1976. Disponível em: <

https://www.oas.org/dil/port/1966%20Pacto%20Internacional%20sobre%20os%20Direitos%20Eco n%C3%B3micos,%20Sociais%20e%20Culturais.pdf > Acesso em: 19 jun. 2017.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução nº 213, de 15 de dezembro de 2015. Dispõe

sobre a apresentação de toda pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas.

Brasília, 15 dez. 2015.

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL AMERICANA. Declaração Americana dos Direitos e

Deveres do Homem. Resolução XXX, Ata Final, aprovada na IX Conferência Internacional

Americana. Bogotá: abr. 1948.

LOPES JR, Aury; PAIVA, Caio. Audiência de custódia e a imediata apresentação do preso ao juiz: rumo à evolução civilizatória do processo penal. In.: Revista Liberdades do Instituto Brasileiro

de Ciências Criminais. N.º 17. Set/Dez 2014.

MELO, Raphael. Audiência de Custódia no Processo Penal. Conforme a resolução 213 do CNJ e Projeto de Lei nº 554/2011 do Senado. Belo Horizonte: d' Plácido, 2016.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ. Resolução nº 14, de 05 de agosto de 2015.

Institui no âmbito da Comarca de Fortaleza a obrigatoriedade da realização das audiências de custódia. Fortaleza, 05 ago. 2015.

WERMUTH, Maiquel Ângelo Dezordi. AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA E PROTEÇÃO/EFETIVAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL. Revista Direitos Sociais e Políticas Públicas

(UNIFAFIBE). Vol. 5. N1.. Online, 2017. Disponível em:

<http://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-pub/article/viewFile/201/pdf > Acesso em: 18 jul. 2017.

Agradecimentos

Agradeço ao Laboratório de Ciências Criminais, ao CNPq e à Universidade de Fortaleza pelo apoio e incentivo à pesquisa em direito.

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