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ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ ÂNGELA MICHELLE FERNANDES LETHICIA THAIS REZENDE GOMES THAYS CRISTINA VIEIRA RODRIGUES

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Academic year: 2021

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ÂNGELA MICHELLE FERNANDES LETHICIA THAIS REZENDE GOMES THAYS CRISTINA VIEIRA RODRIGUES

CUIDADOS PALIATIVOS SOB A ÓPTICA DE ENFERMEIROS E MÉDICOS DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR

ITAJUBÁ- MG 2012

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THAYS CRISTINA VIEIRA RODRIGUES

CUIDADOS PALIATIVOS SOB A ÓPTICA DE ENFERMEIROS E MÉDICOS DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem apresentado à Escola de Enfermagem Wenceslau Braz como requisito parcial para a obtenção do título de Enfermeira.

Orientadora: Prof.ª M. ª Ivandira Anselmo Ribeiro Simões.

ITAJUBÁ-MG 2012

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F363c Fernandes, Ângela Michelle.

Cuidados paliativos sob ... / Ângela Michelle Fernandes ; Lethícia Thaís Rezende Gomes ; Thays Cristina Vieira Rodri- gues. - 2012.

95 f.

Orientadora: Profª. M.ª Ivandira Anselmo Ribeiro Simões. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enferma- gem) -Escola de Enfermagem Wenceslau Braz – EEWB, Itajubá, 2012.

1. Cuidados paliativos. 2. Enfermeiros. 3. Médicos. I. Gomes, Lethícia Thaís Rezende. II. Rodrigues, Thays Cris- tina Vieira. III. Título.

NLM: WB 310 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB) Bibliotecária - Karina Morais Parreira - CRB 6/2777

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Dedicamos este trabalho aos pacientes sem possibilidade de cura que foram nossa inspiração para a realização do mesmo. Aos enfermeiros e médicos, participantes da pesquisa, que contribuíram para a ampliação de nossos conhecimentos. Esperamos que os cuidados paliativos sejam realmente implementados em todos os núcleos de assistência, de forma a garantir atendimento humanizado e integral aos pacientes que necessitem e seus familiares.

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Agradecemos primeiramente a Deus que nos guiou e deu forças para trilhar esse caminho e conquistar nosso sonho. A nossa orientadora Ivandira Anselmo Ribeiro Simões, sempre paciente, nos mostrando que somos capazes. Estamos gratas por toda dedicação, carinho e pelo exemplo de profissional e ser humano. Aos nossos familiares por toda compreensão, carinho, dedicação e paciência, compreendendo a nossa ausência em momentos importantes e nos ajudando a concretizar esse sonho. Aos enfermeiros e médicos participantes da pesquisa que nos possibilitaram a realização deste trabalho.

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“A todos que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporcione apenas vossos cuidados, mas também o vosso coração.”

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A pesquisa teve como objetivos: Identificar a percepção de cuidados paliativos para enfermeiros e médicos que trabalham no Hospital Escola da cidade de Itajubá, MG. Foi uma abordagem qualitativa, descritiva, exploratória e transversal. Foram entrevistados 15 enfermeiros e 15 médicos. A amostragem foi do tipo proposital (ou intencional ou racional). A coleta de dados foi realizada mediante roteiro de entrevista semi-estruturada contendo uma pergunta norteadora: Levando em consideração suas experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, qual a sua percepção de cuidados paliativos? Poderia me contar? Do ponto de vista dos enfermeiros foram identificadas as seguintes ideias centrais quanto a percepção de cuidados paliativos: “cuidados prestados ao paciente em fase terminal”, “cuidados que abrangem a família”, “proporcionar conforto no final da vida”, “prática da não maleficência”, “os cuidados paliativos são importantes”, “engloba uma equipe multiprofissional” e “cuidados que minimizam a dor”. Para os médicos observamos as seguintes ideias centrais: “cuidados prestados ao paciente em fase terminal”, “proporcionar conforto no final da vida”, “cuidados que minimizam a dor”, “cuidados para que se tenha uma boa morte”, “prática da não maleficência”, “cuidados que abrangem a família”, “os cuidados paliativos são importantes” e “engloba uma equipe multiprofissional”. O método utilizado foi o discurso do sujeito coletivo e o cenário foi uma instituição hospitalar da cidade de Itajubá, MG. Seguiu a resolução 196/96 CNS. Foi possível perceber que os cuidados paliativos ainda é um tema pouco discutido no ambiente hospitalar e que seria de grande relevância que outras pesquisas sobre o tema fossem realizadas a fim de melhor compreensão.

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The research aimed to: identify the perception of palliative care for nurses and doctors working in the University Hospital of the city of Itajubá, MG. It was a qualitative, descriptive, exploratory and crosses. We interviewed 15 nurses and 15 doctors. Sampling was purposeful type (either intentional or rational). Data collection was performed by script semi structured interview containing a guiding question: Considering your experiences and experiences on (care), to treat critically ill patients, what is your perception of palliative care? Could you tell me? The method used was the collective subject discourse and the setting was a hospital in the city of Itajubá, MG. Followed the resolution 196/96. From the point of view of nurses were identified the following core ideas as the perception of palliative care: “patient care in the terminal phase”, “covering family care”, “provide comfort at the end of life”, “practice of nonmaleficence”, “palliative care are important”, “encompasses a multidisciplinary team” and “care that minimize pain.” For doctors observe the following core ideas: “care to the terminally ill patient”, “comfort at end of life”, “care that minimize pain”, “care in order to have a good death”, “practice of nonmaleficence” , “covering family care” , “palliative care are important” and “embraces a multidisciplinary team” . It could be observed that palliative care is still a topic rarely discussed in the hospital and would be of great relevance to other research on the topic were held in order to better understanding.

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Quadro 1 – Características pessoais e profissionais dos enfermeiros de uma instituição hospitalar ...33

Quadro 2 – Características pessoais e profissionais dos médicos de uma instituição hospitalar ...34

Quadro 3 - Ideias centrais, sujeitos e frequência das ideias centrais do tema: experiências e vivências sobre (cuidar) tratar de pacientes gravemente enfermos. Enfermeiros ...35

Quadro 4 - Ideias centrais, sujeitos e frequência das ideias centrais do tema: experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos. Médicos ...39

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Figura 1- Ideias centrais dos enfermeiros sobre experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos ...38

Figura 2 - Ideias centrais dos médicos sobre experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos ...42

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1 INTRODUÇÃO ...13

1.1 INTERESSE ...14

1.2 JUSTIFICATIVA ...14

1.3 OBJETIVO...17

2 MARCO CONCEITUAL...18

2.1 HISTÓRICO E FILOSOFIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS ...18

2.2 PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS PALIATIVOS ...19

2.3 CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL...19

2.4 CUIDADOS PALIATIVOS E A BIOÉTICA ...19

2.5 CUIDADOS PALIATIVOS E A ESPIRITUALIDADE ...20

2.6 CUIDADOS PALIATIVOS E A ENFERMAGEM ...20

2.7 CUIDADOS PALIATIVOS E A MEDICINA...22

3 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO ...24

3.1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL ...24

3.1.1 O discurso do sujeito coletivo em partes... 25

4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...27

4.1 CENÁRIO DE ESTUDO ...27

4.2 LOCAL DO ESTUDO...27

4.3 DELINEAMENTO DO ESTUDO ...28

4.4 PARTICIPANTES, AMOSTRA E AMOSTRAGEM ...29

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ...30

4.5.1 Procedimentos de coleta de dados... 30

4.6 PRÉ-TESTE ...30

4.7 ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS ...31

4.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA...31

4.9 RESULTADOS DO ESTUDO ...31

5 RESULTADOS ...32

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ...32

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5.2.1 Tema: Cuidados paliativos sob a óptica de enfermeiros e médicos de uma . . instituição hospitalar ... 35 6 DISCUSSÃO ...44 7 CONCLUSÃO ...53 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...54 REFERÊNCIAS...56

APÊNDICE A - Instrumento de análise de discurso – 1 (IAD – 1)...61

APÊNDICE B - Instrumento de análise de discurso – 2 (IAD – 2)...72

APÊNDICE C - Roteiro de entrevista semiestruturada...85

APÊNDICE D - Características pessoais dos profissionais de saúde .. (Enfermeiros e Médicos)...86

APÊNDICE E - Carta de solicitação para coleta de dados destinada à . instituição ...88

APÊNDICE F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...90

ANEXO A - Folha de Rosto para Pesquisa com Seres Humanos...92

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1 INTRODUÇÃO

Para Melo e Figueiredo (2006), a ortotanásia procura abrir pistas para as pessoas garantirem a dignidade no seu viver e no seu morrer e respeitar o bem-estar da pessoa. Permite ao doente, que já entrou na fase final, enfrentar a morte com tranquilidade porque, nessa perspectiva, a morte é algo que faz parte da vida e não é uma doença a ser curada.

De acordo com Juver e Riba (2009), a missão do cuidado paliativo é oferecer uma melhor qualidade de vida durante a evolução da doença ameaçadora à vida e dignidade no momento da morte. O início precoce dos cuidados paliativos apresenta algumas vantagens como uma maior interação das equipes com o paciente e seus familiares, o tratamento de sintomas físicos e psíquicos decorrentes do próprio tratamento curativo, a redução do sentimento de abandono por uma possível “troca de equipe” vivenciado por alguns pacientes.

Segundo Melo e Caponero (2009), o conceito de cuidados paliativos teve origem no movimento hospice, originado por Cecily Saunders e colaboradores. A partir daí, disseminou-se pelo mundo uma nova filosofia sobre o cuidar, que se baseou em dois elementos fundamentais: o controle efetivo da dor e de outros sintomas decorrentes dos tratamentos em fase avançada das doenças e o cuidado abrangendo as dimensões psicológicas, sociais e espirituais de pacientes e suas famílias.

Na perspectiva de Melo e Caponero (2009), a palavra hospice tem origem no latim hospes, significando estranho e depois anfitrião, hospitalis, que significa amigável, ou seja, “bem vindo ao estranho” e evoluiu para o significado de hospitalidade. Começou a ser introduzido um novo conceito de cuidar e não só curar, focado no paciente até o final de sua vida. Foi criado um novo campo, o da medicina paliativa. Equipes de saúde especializadas no controle da dor e no alívio de sintomas foram incorporadas a essa filosofia. O termo palliare origina-se do latim e significa proteger, amparar, cobrir, abrigar, ou seja, a perspectiva de cuidar, e não somente curar, surge amplamente, trazendo a essência da medicina como foco principal.

Na óptica de Benarroz, Faillace e Barbosa (2009), os cuidados paliativos são definidos como uma modalidade que melhora a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidade de cura, quando enfrentam determinada doença, e de seus

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familiares, por meio de prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, da avaliação impecável e do tratamento da dor e de outros sintomas físicos, psicossociais e espirituais.

Segundo Castro, Alves e Magalhães (2009), por meio de observações no ensino clínico, percebe-se que a equipe de enfermagem preocupa-se mais com os cuidados básicos de higiene, curativo, alimentação, administração de medicamento, do que em fornecer um atendimento holístico e humanizado ao paciente que está fora da possibilidade de cura. Já os médicos se privam em oferecer atenção apenas para a patologia do paciente.

1.1 INTERESSE

O interesse pelo tema surgiu quando observamos que muitos pacientes sem possibilidade de cura estão sendo submetidos a tratamentos fúteis e desnecessários. Pois, a equipe de saúde, presta os cuidados de forma técnica sem levar em consideração a real condição dos pacientes, muitas vezes severamente debilitados e sem expectativas de vida. A autonomia dos pacientes não é respeitada, pois não se preocupam em conhecer o desejo do mesmo, assim são submetidos a vários procedimentos desgastantes e até invasivos, que só irão prolongar o sofrimento. Contudo torna-se necessário maior atenção à ortotanásia.

Enquanto alunos da graduação percebemos que devemos cuidar do paciente de uma forma integral, oferecendo todos os tipos de assistência, considerando suas reais condições e cuidando de forma humanizada.

Pretende-se, que os acadêmicos, futuros profissionais e aqueles já atuantes façam a diferença e prestem os cuidados paliativos em todas as suas variadas dimensões.

Contudo, observou-se no ensino clínico que os profissionais da área de saúde em geral estão muito sobrecarregados de suas tarefas diárias e dão pouca atenção ao atendimento holístico do paciente. As instituições hospitalares deveriam capacitar os profissionais para que conheçam e realizem os cuidados paliativos.

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De acordo com Silva (2009), calcula-se que, no ano de 2025, o Brasil se tornará a sexta maior população de idosos do mundo, e que a faixa que terá maior crescimento será a dos “muitos velhos”, pessoas com mais de 80 anos.

Diante disso, é possível observar que o Brasil será um país de população idosa. E os idosos, muitas vezes em virtude da idade, são acometidos por doenças crônico-degenerativas, o que lhes confere maior necessidade de cuidados paliativos.

Na perspectiva de Doyler (2009), o cuidado paliativo enxerga o paciente como um ser total, respeitando-o não só como um corpo, mas valorizando também a sua mente, a sua alma e o seu círculo social no qual ele transita. Esse conceito nos diz, resumidamente, que devemos prestar o cuidado para a pessoa inteira, e não apenas para com a parte dela que funciona mal.

Para Melo e Caponero (2009), a medicina paliativa tem como foco principal o cuidar. Assim, alguns princípios básicos são primordiais: escutar o paciente; fazer um diagnóstico antes de tratar; conhecer muito bem as drogas a serem administradas; empregar drogas que tenham mais de um objetivo de alívio; manter tratamentos o mais simples possível; nem tudo que dói deve ser tratado com medicamentos e analgésicos; cuidados paliativos são intensivos; aprender a reconhecer e desfrutar pequenas realizações e ter consciência de que sempre há algo que pode ser feito. Com bases nesses princípios, os profissionais de saúde podem valorizar pequenas realizações e dividi-las com seus pacientes.

Segundo Melo e Figueiredo (2006), não é fácil discutir cuidados paliativos e a filosofia hospice, pois as questões referentes ao final da vida não são discutidas na nossa sociedade e nem foram aprendidas por ela. É preciso mudar a ideia de que nada se pode fazer para esses enfermos e mudar de atitude. Muito se pode e deve ser feito para o bem-estar de quem está sofrendo ou chegando aos momentos finais da vida, e isso não compreende nem o abandono nem tratamentos agressivos e desnecessários.

Conforme Arantes (2010), o Código de Ética Médica sofreu mudanças, dentre elas, o artigo 41, parágrafo único relata sobre os cuidados paliativos:

“Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.”

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Faz-se necessário conhecer a filosofia e os princípios, respeitar as vontades e não cometer distanásia.

De acordo com Aurélio, citado por Pessini (2006), o termo distanásia é definido como morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento. É, portanto, um tratamento inútil e fútil que prolonga a agonia, o sofrimento e adia a morte.

Já na enfermagem, tem-se o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais. Segundo o mesmo (2009), o Código de Ética dos profissionais de Enfermagem em seu artigo 18, seção I, das relações com a pessoa, família, coletividade. Sendo assim, são responsabilidades e deveres dos enfermeiros:

“Respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o direito da pessoa ou de seu representante legal de tomar decisões sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem-estar.”

Na óptica de Caponero e Vieira (2006), a equipe de saúde, tornou-se demasiadamente técnica e esqueceu-se do humano. Pacientes sem possibilidade de cura são encaminhados para serviços de retaguarda em um processo de ruptura entre o lado “curativo” e o “paliativo”.

Para Benarroz, Faillace e Barbosa (2009), os cuidados paliativos abordam, frequentemente, o tema bioética, pois lidam com a dor, a perda, o sofrimento e a morte. Assim, o paciente, ainda que sem possibilidade de cura ou em fase terminal, deve ser tratado com dignidade.

Conforme Benarroz, Faillace e Barbosa (2009), o aumento da expectativa de vida, o novo cenário de avanço tecnológico, a integração entre perspectivas e a formação profissional mais diferenciada, humanizada, pautada na ética, na biologia e no respeito à vida, buscam a qualidade de vida e a dignidade humana, adequando ações que envolvem a vida e o viver. O conhecimento técnico – científico baseado nos pilares da bioética principalista (autonomia, justiça, beneficência, não-maleficência), aplicada na prática clínica como norteadora de decisões, deve ser considerada em favor da qualidade de atendimento ao paciente.

O presente trabalho é de relevância para os profissionais e acadêmicos de enfermagem atuantes na área de saúde, à medida que visa trazer uma nova perspectiva em relação à percepção de cuidados e principalmente o cuidado paliativo sob a óptica de enfermeiros e médicos. Esses profissionais possuem um conhecimento técnico sobre a morte e, ao final da vida, muitas vezes, o cuidado humanizado fica a desejar. Sendo assim, o trabalho será importante para a

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sociedade científica, já que, por meio deste, outros profissionais de saúde poderão obter novos conhecimentos, refletir e ter uma nova visão sobre o morrer com dignidade. Percebe-se também a escassez de artigos que dão ênfase ao assunto. Esse trabalho trará benefícios à sociedade, à família e aos pacientes na medida em que possibilitará um melhor cuidado prestado às pessoas frente ao doente fora de possibilidade de cura, diminuindo a sua dor e garantindo o morrer com dignidade.

Diante do exposto, emergiu a seguinte inquietação: Qual a percepção de cuidados paliativos para enfermeiros e médicos da cidade de Itajubá-MG?

1.3 OBJETIVO

Identificar a percepção de cuidados paliativos para enfermeiros e médicos que trabalham no Hospital Escola da cidade de Itajubá, MG.

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2 MARCO CONCEITUAL

Nesse capítulo, abordaremos o histórico dos cuidados paliativos, seus princípios, no Brasil, a relação com a bioética, espiritualidade, enfermagem e medicina.

2.1 HISTÓRICO E FILOSOFIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS

De acordo com Rodrigues e Zago (2009), na década de 1960, surgiu no Reino Unido um dos grandes movimentos visando à abordagem do cuidado integral do doente e não da doença, dando início ao desenvolvimento dos cuidados paliativos, o chamado movimento hospice moderno. A palavra francesa hospice significa hospedagem, hospitalidade e traduz um sentimento de acolhida.

Segundo Floriani e Schramm (2008), na mesma década, surgiram vozes denunciando o desconforto com o modo com que os pacientes com doenças terminais eram tratados, geralmente abandonados por seus médicos, cercados por tubos e aparelhos, e não por pessoas próximas e queridas a eles.

Na perspectiva de Floriani e Schramm (2008), o termo hospice se fundamenta na compaixão e em um tipo de cuidado global com o paciente, estendendo-se aos cuidados à família, em uma busca de práticas que aliviem os sintomas angustiantes, principalmente a dor, percebendo a morte como parte de um processo natural e não como um inimigo a ser enfrentado.

Conforme Souza e Bifulco (2010), a filosofia hospice envolve a assistência integral ao ser humano e segue o paradigma do cuidado: controle da dor e de outros sintomas; comunicação franca e honesta; qualidade de vida; autonomia; equipe multiprofissional; princípios da bioética e da ortotanásia; morte como acontecimento natural da vida.

Segundo Floriani e Schramm (2008), os cuidados paliativos são uma modalidade emergente da assistência na fase final da vida, construídos dentro de um modelo de cuidados totais, ativos e integrais prestados ao paciente com doença avançada e terminal, e a sua família, legitimados pelo direito do paciente de morrer com dignidade.

Para Guimarães (2008), a mensagem dos cuidados paliativos é: qualquer que seja a doença, não importa quão avançada esteja ou quais tratamento já tenham

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sido realizados, há sempre algo que pode ser feito a fim de melhorar a qualidade de vida que resta para o paciente.

2.2 PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Conforme Melo e Figueiredo (2006), o foco principal dos cuidados paliativos é o cuidar, portanto alguns princípios são importantes: escutar o paciente; levantar o diagnóstico; conhecer as drogas que serão utilizadas; propor tratamento simples; não tratar com medicamentos e analgésicos tudo que dói e aprender a reconhecer pequenas realizações e desfrutar delas.

2.3 CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL

De acordo com Pimenta e Mota (2006), os cuidados paliativos tiveram início na Brasil há mais de 20 anos, com implementação de serviços de dor nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Em 1983, foi criada a associação brasileira para estudos da dor e, em 1997, a sociedade brasileira de cuidados paliativos. Atualmente, no Brasil, há pelo menos 30 centros de cuidados paliativos em onze estados.

Para Pimenta e Mota (2006), pode-se considerar recente o ressurgimento da assistência à dor e dos cuidados paliativos, embora o alívio de sintomas seja tão antigo quanto a história do cuidado com a doença. É importante lembrar que poucos profissionais sabem praticar esses cuidados, ensinar e treinar outros profissionais.

Segundo Melo e Caponero (2009), os cuidados paliativos vêm obtendo um crescente olhar nos últimos anos por parte dos profissionais de saúde, gestores, administradores de instituições hospitalares, governo, mas principalmente da sociedade em geral. Há um crescente número de pessoas acometidas pelas diversas doenças crônico- evolutivas, em especial o câncer, segundo as estatísticas. Diante do exposto, os cuidados paliativos passaram a ter que ser compreendidos e incorporados definitivamente nos tratamentos dos pacientes e nas unidades hospitalares.

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Na perspectiva de Pessini (2006), são elucidadas inúmeras reflexões bioéticas ao tratarmos da temática dos cuidados paliativos. A definição do conceito cuidados paliativos e a compreensão de sua filosofia nos levam a uma reflexão profunda acerca do paradigma do cuidado e da cura, enfatizando-se que o cuidado deve sempre ter prioridade sobre a cura por inúmeras razões.

Na óptica de Pessini (2006), na implementação da medicina paliativa, cinco referenciais éticos são fundamentais, os quais são: a veracidade (base para a confiança no relacionamento profissional/paciente); a proporcionalidade terapêutica (defende a implementação apenas das medidas terapêuticas úteis); o referencial de duplo efeito (quando se teme que os efeitos negativos sejam maiores que os positivos), da prevenção (defende a implementação de medidas para prevenir complicações e para a orientação de familiares) e do não abandono (mesmo quando há sensação de impotência, deve-se acompanhar o paciente e a família e ser solidário).

2.5 CUIDADOS PALIATIVOS E A ESPIRITUALIDADE

De acordo com Santos (2009), desde que o homem se entende como ser pensante, ele vem usando a espiritualidade para compreender o significado da vida e da morte; da sua presença no mundo; para melhorar a saúde e como ferramenta para lidar com (coping) as adversidades e a dor, seja ela física, moral e/ou espiritual.

Conforme Souza e Bifulco (2010), a espiritualidade em cuidados paliativos é considerada uma ferramenta importante para o controle da dor e de outros sintomas. O modo como vivenciamos nossa espiritualidade durante a vida pode influenciar sobremaneira o momento e as decisões na hora de nossa passagem.

Para Souza e Bifulco (2010), em cuidados paliativos, temos o conhecimento do quão é importante encarar de maneira serena o processo do adoecimento e morte. Decisões de cunho puramente espiritual como perdoar, ser perdoado, e perdoar-se a si mesmo traz ao paciente e à família sensação de força e paz para recomeçar na ausência física de quem está partindo.

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Conforme Fernandes, Reis e Martins (2008), com o passar dos anos, a enfermagem vem desenvolvendo continuamente uma base de conhecimento próprio e singular. Em sua trajetória emergiram conceitos, princípios e definições que subsidiam a elaboração de teorias em enfermagem. Essas teorias constituem-se como base segura para a ação eficaz do cuidado, que exige olhares específicos e interpretativos de conceitos.

Segundo Fernandes, Reis e Martins (2008), desde o princípio a enfermagem tem como função precípua o cuidado. Antes da regulamentação de profissões como nutrição, fisioterapia e assistência social, essas funções eram exercidas pelos profissionais de enfermagem.

Na perspectiva Fernandes, Reis e Martins (2008), a medicina paliativa, como especialidade que deve ser exercida na forma de uma equipe interdisciplinar, tem, como parte integrante, profissionais de enfermagem que trazem todo esse conhecimento acumulado em sua prática profissional.

Conforme Fernandes, Reis e Martins (2008), durante sua vida acadêmica, os profissionais de enfermagem adquirem conhecimentos para planejar e implementar o cuidado de forma holística. Os cuidados de enfermagem estão para além da entidade doença e se realizam em situações de saúde, bem como, em situações em que não há mais nada a fazer do ponto de vista curativo.

Para Silva, Araujo e Firmino (2008), oferecer cuidados paliativos em enfermagem é vivenciar e compartilhar momentos de amor e compaixão, aprendendo com os pacientes que é possível morrer com dignidade e graça. É dá-los a certeza de que não estão sozinhos no momento da morte, é oferecer o cuidado holístico, atenção humanística, associados ao controle da dor e de outros sintomas. É mostrar ao paciente que uma morte tranquila e digna é seu direito. É contribuir para que a sociedade perceba que é possível desassociar a morte e o morrer do medo e da dor. A enfermagem, especialmente o enfermeiro, tem enorme potencial para otimizar esse cuidado.

De acordo com Silva, Araujo e Firmino (2008), no Brasil, o termo “enfermagem paliativa” não é reconhecido e parece sofrer os mesmos questionamentos conceituais que os termos “cuidados paliativos” e “pacientes terminais”.

Na óptica de Fernandes, Reis e Martins (2008), o enfermeiro tem papel importante, em vários níveis, no cuidado do paciente em fase terminal, como na

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aceitação do diagnóstico, na ajuda para conviver com a enfermidade, no apoio à família antes e depois da morte.

Segundo Fernandes, Reis e Martins (2008), os enfermeiros devem trabalhar com a família para aumentar sua participação nos cuidados relacionados ao paciente, oferecendo apoio e proporcionando crescimento para ambos.

De acordo com Fernandes, Reis e Martins (2008), os cuidados paliativos devem se realizar por meio de boa comunicação, controle adequado dos sintomas, emprego de medidas para aliviar ou atenuar o sofrimento e apoio à família diante da morte e durante o processo de dor.

Para Fernandes, Reis e Martins (2008), o enfermeiro deve saber guiar e orientar o cuidado global ao paciente, sendo imprescindível que aprenda a escutar com atenção, tentando sempre que possível reduzir a ansiedade dos pacientes em razão de medo da doença e do futuro.

2.7 CUIDADOS PALIATIVOS E A MEDICINA

Na óptica de Guimarães (2008), o constante avanço da tecnologia vem provocando mudanças na medicina e no modo como os profissionais da área se relacionam com os pacientes. Tratar apenas da doença, sem escutar e compreender o lado humano que existe na pessoa enferma é um modelo que vem sendo substituído por outros, entre eles os modelos curativo e paliativo.

Segundo Guimarães (2008), o modelo curativo enfatiza a doença e sua fisiopatologia mais do que o paciente. A investigação e diagnóstico com o objetivo de se alcançar a cura são os principais destaques dessa abordagem que deixa de lado o foco humano, obscurecido pela ciência e pela tecnologia. O modelo paliativo adota como primeiro plano o paciente e engloba mais do que o cuidado com as necessidades físicas, visa atingir às necessidades espirituais e psicológicas do paciente e de sua família.

De acordo com Guimarães (2008), para muitos médicos, quando já foram feitos todos os recursos de cura e o sucesso não foi atingido, os pacientes passam a ser vistos como perdedores, e “nada mais pode ser feito”. Ocorre assim o que se chama de morte social, antes mesmo da morte biológica. Todavia, o fim do tratamento para a doença não significa o final de todos os tratamentos ativos, indica apenas uma mudança de estratégia.

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Conforme Guimarães (2008), historicamente, cabe ao médico o papel de coordenador da equipe interdisciplinar, integrando-a ao redor do paciente, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao enfermo. Infelizmente, os médicos, em sua formação acadêmica, não são treinados para aceitar a morte como parte da vida e não estão acostumados a ver o paciente com um todo.

Na perspectiva de Paiva (2009), geralmente os médicos não conseguem lidar de forma positiva com os limites da medicina e suas próprias limitações. Sendo assim, fica difícil encarar o fim e os limites do ser humano.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

É tratada, nesse capítulo a representação social e o DSC em partes. O estudo teve abordagem qualitativa e a pesquisa de campo foi do tipo descritivo, exploratório e transversal.

3.1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL

De acordo com Lefevre e Lefevre (2010), a sociedade é constituída por um plano simbólico que pode ser configurado como um sistema de crenças ou Representações Sociais (RS) compartilhadas que permitem a comunicação entre seus membros, conferindo-lhe coesão. Os membros de uma formação social costumam falar a mesma língua, mas não compartilham necessariamente as mesmas ideias. Entretanto, possuem um determinado nível de compartilhamento que permite que essas ideias, mesmo que divergentes, possam ser trocadas.

O contexto histórico, presente nesse começo de século XXI, é o do mundo globalizado, no qual se desenvolvem e crescem formações sociais que se caracterizam, no plano da infraestrutura, entre outras coisas, por serem sociedades pelo princípio do consumo individualizado, que tende a impor sua marca a todo custo. Para os mesmos autores, as Representações Sociais são reelaborações de conhecimentos e informações geradas em certo número de espaços sociais, onde esses conhecimentos são produzidos como escola, internet, locais de trabalho, veículos de comunicação, dentre outros (LEFEVRE; LEFEVRE, 2010).

Para Lefevre e Lefevre (2010), o Discurso do Sujeito Coletivo consiste em um conjunto de instrumentos destinados a recuperar as Representações Sociais sob a forma verbal de textos escritos e falados, apresentando as representações. Uma forma adequada de expressar as representações seria instituir um sujeito individual, que atualize todas as variantes individuais das opiniões socialmente compartilhadas que uma determinada pesquisa conseguiu resgatar. Todavia, a opção do Discurso do Sujeito Coletivo pela primeira pessoa coletiva do singular para expressar o pensamento coletivo sinaliza, explicitamente, a vinculação dessa proposta metodológica com a teoria das Representações Sociais. A proposta do mesmo é fazer o pensamento coletivo pensar diretamente. Para o DSC, o qualitativo e quantitativo são aspectos da mesma coisa, duas faces da mesma moeda. Como

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técnica de pesquisa empírica, que tem como objeto o pensamento de coletividades, ilumina o campo social pesquisado, resgatando nele o universo das diferenças e semelhanças entre as visões dos sujeitos coletivos que o habitam. As seleções dos sujeitos devem possibilitar que as diferentes opiniões existentes surjam do universo das entrevistas. Por fim, cada opinião coletiva é apresentada sob a forma de um discurso que recupera os distintos conteúdos e argumentos que confirmam a dada opinião na escala social ou coletiva.

Após planejar a pesquisa, deve-se aplicar o formulário. Dessa forma, o pesquisador terá um grande número de depoimentos individuais que necessitam ser processados para que se obtenha o pensamento da coletividade analisada. Para tal, o Discurso do Sujeito Coletivo lança mão de alguns operadores ou figuras metodológicas que são: Expressões-chave, fundamentais para confecção do Discurso do Sujeito Coletivo, pedaços, trechos ou segmentos, contínuos ou descontínuos, do discurso, que devem ser selecionados pelo pesquisador e que revelam a essência do conteúdo do depoimento ou discurso, ou da teoria subjacente (LEFEVRE; LEFEVRE, 2010).

Segundo Lefevre e Lefevre (2010), Ideias Centrais, é um nome ou expressão linguística que revela e descreve de maneira mais sintética e precisa possível o sentido ou os sentidos das ECH de cada um dos discursos analisados e cada conjunto homogêneo de ECHs. Algumas ECHs remetem não apenas a um IC, mas também, e explicitamente, a uma afirmação que é denominada. Afirmam que ancoragem é definida como expressão de uma dada teoria ou ideologia que o autor do discurso professa e que está embutida no seu discurso como se fosse uma afirmação qualquer. Nem sempre estão presentes nos discursos analisados.

3.1.1 O discurso do sujeito coletivo em partes

Tendo sido as entrevistas gravadas e transcritas, foram necessários, para a construção dos DSCs, os seguintes passos que foram seguidos rigorosamente: 1- Transcrevemos o conteúdo integralmente de todas as respostas referentes às questões 1 e 2 no instrumento de análise de discurso I (IAD-1) (APÊNDICE A) na coluna de Expressão- chave (ECH) do quadro de apresentações.

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3- Identificamos e agrupamos as IC equivalentes no instrumento de análise 2 (IAD-2) (APÊNDICE B).

4- Denominamos cada um dos agrupamentos A, B, C, D e outros que, na realidade, implicou em criar uma ideia central que expressasse, da melhor forma possível, todas as IC de mesmo sentido. Às vezes, todas, ou várias, IC tiveram o mesmo título, ou nome, o que evidentemente facilitou o processo.

5- Construímos o DSC. Para isto foi preciso utilizar o instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD2) (APÊNDICE B). Foi necessário construir um DSC para cada agrupamento identificado no passo anterior.

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4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Na trajetória metodológica, serão expostos o cenário, local e delineamento do estudo, os participantes, amostra e amostragem, a coleta de dados, o pré-teste, as estratégias para coleta de dados, os aspectos éticos da pesquisa e os resultados do estudo.

4.1 CENÁRIO DE ESTUDO

O cenário do estudo foi a cidade de Itajubá, que está localizada no Sul de Minas Gerais.

De acordo com o IBGE (2010), a cidade de Itajubá possui 90.658 habitantes.

4.2 LOCAL DO ESTUDO

O local da pesquisa foi o Hospital Escola (HE), localizado na Rua Miguel Viana, nº 420, Bairro: Morro Chic, na cidade de Itajubá, MG.

O Hospital Escola de Itajubá é mantido pela AISI – Associação de Integração Social de Itajubá, possui 13.450 M2 de área construída, estando localizado no município de Itajubá - Minas Gerais, sendo referência direta para 15 municípios. Além de compor um seleto grupo de Hospitais referência na macro região Sul de Minas Gerais em procedimentos Hospitalares, de média e alta complexidade, com regulação direta pelo SUS Fácil.

O Departamento de Enfermagem é composto por 189 profissionais, sendo 26 Enfermeiras, 115 Técnicos e 48 Auxiliares de Enfermagem. O corpo clínico é formado por 152 médicos.

Possui 137 leitos ativos de internação, nas especialidades de Clinica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia, Obstetrícia, Ortopedia / Traumatologia, Pediatria e Unidade de Terapia Intensiva, dos quais 102 leitos são destinados ao SUS. Seu objetivo é promover a saúde de forma eficaz e formar profissionais na área com qualidade científica e ética, em busca de excelência.

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4.3 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Para a realização dessa pesquisa, optamos pela pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória e, como método, utilizamos o discurso do sujeito coletivo que tem como referencial a teoria das representações sociais.

Na perspectiva de Dyniewicz (2009), as pesquisas de abordagem qualitativa se baseiam na premissa de que o conhecimento sobre as pessoas só é possível a partir da descrição da experiência humana tal como ela é vivida e tal como é definida pelos seus próprios autores.

Para Dyniewicz (2009), esse tipo de pesquisa é guiada pela visão de mundo do pesquisador e por sua capacidade em captar a realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo. O pesquisador precisará estar, de alguma maneira, inserido em seu local de estudo, pois este propicia um melhor entendimento da realidade que enfrenta. A abordagem qualitativa como atividade humana e social traz consigo, inevitavelmente, a carga de valores, preferências, interesses e princípios que orientam o pesquisador.

Segundo Creswell (2010), a investigação qualitativa emprega diferentes concepções filosóficas, estratégias de investigação e métodos de coleta, análise e interpretação dos dados. Embora os processos sejam similares, os procedimentos qualitativos baseiam-se em dados de texto e imagem, têm passos singulares na análise dos dados e se valem de diferentes estratégias de investigação.

De acordo com Hendem et. al. (2008), as pesquisas exploratórias têm como principal objetivo o aprimoramento de ideias, proporcionando maior familiaridade com o problema, ou seja, tornando-o mais explícito. As pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômenos, ou então o estabelecimento de relações entre variáveis obtidas por meio da utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como a observação sistêmica e questionários.

Segundo Hendem et. al. (2008), as pesquisas descritivas, juntamente com as exploratórias, são realizadas pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Descrevem com exatidão os fenômenos de determinada realidade, o que exige do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar.

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Conforme Giolo (2007), nos estudos transversais são coletadas simultaneamente, de um grupo ou população de indivíduos, informações sobre uma variedade de características que são posteriormente cruzadas em tabelas de contingência. Esta coleta é realizada em um ponto único no tempo. Os estudos transversais podem ser vistos como avaliações fotográficas de grupos ou populações de indivíduos. O termo transversal é utilizado para indicar que os indivíduos estão sendo estudados em um ponto no tempo (corte transversal). O interesse está em avaliar a associação entre as respostas obtidas. Nesses estudos, é comum considerar algumas das variáveis como fatores.

4.4 PARTICIPANTES, AMOSTRA E AMOSTRAGEM

Os participantes desse estudo foram 15 médicos e 15 enfermeiros do Hospital Escola da cidade de Itajubá- MG. A amostra foi constituída de 30 participantes. O tipo de amostragem utilizada para esse estudo foi proposital (ou intencional ou racional).

Os critérios de inclusão foram:

• Enfermeiros e Médicos que já prestaram cuidados aos clientes gravemente enfermos e que trabalham no Hospital Escola da cidade de Itajubá- MG, por pelo menos seis meses.

De acordo com Hendem et. al. (2008), as pesquisas exploratórias envolvem entrevistas com pessoas que tiverem experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Segundo Mamedi (2005), o ser humano necessita de um período de até seis meses para que possa entrar em contato com a realidade, ajustar-se e emitir ideias. • Aceitarem participar da pesquisa.

Os critérios de exclusão foram:

• Enfermeiros e Médicos que não prestaram cuidados aos clientes gravemente enfermos e que não trabalham no Hospital Escola da cidade de Itajubá- MG, por pelo menos seis meses.

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4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por meio de:

• Roteiro de entrevista semiestruturada, contendo uma pergunta norteadora: Levando em consideração suas experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, qual a sua percepção de cuidados paliativos? Poderia me contar? (APÊNDICE C)

• Instrumento referente às características pessoais e profissionais dos participantes da pesquisa (enfermeiros e médicos) (APÊNDICE D)

4.5.1 Procedimentos de coleta de dados

Na perspectiva de Minayo (2007), a entrevista é a estratégia mais usada no processo de trabalho de campo.

A coleta de dados foi gravada com um celular e realizada em horário e dia agendado com os entrevistados, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e aprovação do comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz.

Os participantes da pesquisa foram informados sobre o objetivo da mesma e orientados quanto ao termo de consentimento livre e esclarecido. Após as explicações, se o mesmo concordou e assinou o termo, dá-se início à pesquisa.

Os dados foram gravados, e após a transcrição dos mesmos, foram deletados, ou seja, foram apagadas todas as falas gravadas, a fim de manter o sigilo e anonimato dos participantes e ainda preservar o meio ambiente, não descartando nem incinerando os aparelhos gravadores.

4.6 PRÉ-TESTE

O pré-teste foi realizado com dois enfermeiros e dois médicos que obedeceram aos critérios de inclusão e não fizeram parte da amostra.

O pré-teste forneceu uma base às autoras da pesquisa sobre o grau de compreensão das perguntas para que, se necessário, ocorressem modificações. Não foram necessárias correções.

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4.7 ESTRATÉGIAS DE ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados durante a pesquisa foram analisados a partir do método do discurso de sujeito coletivo (conforme explicado anteriormente). Com o Instrumento de análise de discurso - IAD 1 (APÊNDICE A) e Instrumento de análise de discurso - 2: IAD 2 (APÊNDICE B)

4.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

A aplicação do instrumento para a coleta de dados só foi possível após a aprovação do comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz e a assinatura da carta de solicitação para coleta de dados destinada à instituição (APÊNDICE E).

Os entrevistados tiverem total autonomia para decidirem se iriam ou não participar da pesquisa após o esclarecimento, que foi realizado pelas autoras. Os participantes poderiam, a qualquer momento, desistir da mesma. Foram comunicados quanto à privacidade e ao anonimato. Participaram da pesquisa após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE F).

Segundo Brasil (1996), a pesquisa obedeceu à resolução 196/96 do Conselho que “aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos”. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.

A folha de rosto envolvendo pesquisas com seres humanos encontra-se devidamente preenchida e assinada (ANEXO A).

4.9 RESULTADOS DO ESTUDO

Os resultados foram obtidos por meios de dados estatísticos (APÊNDICE G), e mediante o Discurso do Sujeito Coletivo após o estabelecimento das ideias centrais que surgiram com as análises do conteúdo das entrevistas.

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5 RESULTADOS

Os resultados, neste capítulo, serão expostos em três etapas distintas: na primeira, são apresentados os dados relativos à caracterização dos respondentes quanto aos seus aspectos pessoais e profissionais. A segunda etapa admite visualizar o tema explorado, suas ideias centrais e respectivos DSC de cada uma delas. Na terceira, está exposta a síntese das ideias centrais subjacentes aos cuidados paliativos sob a óptica de enfermeiros e médicos de uma instituição hospitalar.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Com base nos dados que se encontram no APÊNDICE D, são apresentadas, a seguir, as características pessoais e profissionais dos pesquisados: enfermeiros e médicos. No APÊNDICE E são apresentados os dados estatísticos.

5.1.1 Enfermeiros

Observa-se que no Quadro 1 foi possível notar que 100% dos enfermeiros entrevistados eram do gênero feminino, com média de idade de 28 anos. 80% professavam a religião católica e 20% evangélica; 33,33% são pós-graduados, 53,33% são apenas graduados e 13,33% estão cursando a pós-graduação; 100% dos entrevistados atuam no Hospital Escola. A média do tempo de atuação profissional é de seis anos.

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Quadro 1 – Características pessoais e profissionais dos enfermeiros de uma instituição hospitalar Características Frequência Absoluta Frequência Relativa Média Desvio padrão Gênero: Masculino 0 0 - - Feminino 15 100 Idade: - - 28,33 5,93 Religião: Católico 12 80 - - Evangélico 3 20 - - Outras 0 0 - - Graduação: Enfermagem 15 100 - - Pós-Graduação: Sim 5 33,33 - - Não 8 53,33 - - Cursando 2 13,33 - -

Unidade onde atua:

Hospital Escola 15 100 - -

Tempo de Formação: - - 6,15 8,54

Fonte: Das autoras

5.1.2 Médicos

De acordo com o Quadro 2 obteve-se que 53,33% dos médicos entrevistados eram do gênero masculino e 46,66%, do gênero feminino, com a média de idade de 32 anos. A religião católica foi a que apresentou maior porcentagem, sendo 66,66%. 13,33% professaram ser evangélicos e 20% ser de outras religiões. 53,33% dos médicos são pós-graduados e 46,66 estão cursando a pós-graduação. 100% atuam no Hospital Escola. A média do tempo de atuação profissional é de sete anos.

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Quadro 2 – Características pessoais e profissionais dos médicos de uma instituição hospitalar Características Frequência Absoluta Frequência Relativa Média Desvio padrão Gênero: Masculino 8 53,33 - - Feminino 7 46,66 - - Idade: - - 32,8 8,61 Religião: Católico 10 66,66 - - Evangelico 2 13,33 - - Outras 3 20 - - Graduação: Medicos 15 100 - - Pós-Graduação: Sim 8 53,33 - - Não 0 0 - - Cursando 7 46,66 - -

Unidade onde atua:

Hospital Escola 15 100 - -

Tempo de Formação: - - 6,88 8,58

Fonte: Das autoras

5.2 TEMA, IDEIA CENTRAL E DSC

Será apresentado o tema estudado, um quadro representando cada ideia central, seus respondentes, assim como sua frequência. Logo após, encontram-se as ideias centrais com seus respectivos DSC.

QUESTÃO 1 Levando em consideração suas experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, qual a sua percepção de cuidados paliativos? Poderia me contar?

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5.2.1 Tema: Cuidados paliativos sob a óptica de enfermeiros e médicos de uma instituição hospitalar

Quadro 3 - Ideias centrais, sujeitos e frequência das ideias centrais do tema: experiências e vivências sobre (cuidar) tratar de pacientes gravemente enfermos. Enfermeiros

NO IDEIAS CENTRAIS SUJEITOS FREQUENCIA

DAS IDEIAS CENTRAIS 1 Cuidados prestados ao paciente em

fase terminal

1,2,3,4,5,8,9,10,1 1,13,14,15

12

2 Cuidados que abrangem a família 2,5,6,7,9,10,11,1 3,14,15

10

3 Proporcionar conforto no final da vida 1,2,3,4,9,10, 12, 13

8

4 Prática da não maleficência 7,8,10 3

5 Os cuidados paliativos são importantes 1,4 2 6 Engloba uma equipe multiprofissional 6,10 2

7 Cuidados que minimizam a dor 11,12 2

Fonte: Das autoras

1ª Ideia Central: Cuidados prestados ao paciente em fase terminal

DSC

Cuidados paliativos são o cuidado que vamos prestar ao paciente em fase terminal quando não há mais um tratamento que pode levar à cura dele. No Hospital Escola, já existe uma equipe de cuidados paliativos, porém, os profissionais ainda não estão preparados para lidar com isso. Muitas vezes, as pessoas falam: “já está no final da vida”, e não fazem o que é necessário. Cuidados paliativos é um tipo de cuidado muito prazeroso e reflexivo prestados aos pacientes sem cura. Por mais que o paciente não evolua, vemos o quão frágil somos e o quanto dependemos um dos outros. Sinto compaixão e me fortaleço com os cuidados prestados. Aprendo a cada dia e agradeço a Deus por tudo. Cuidados paliativos é o cuidado aos pacientes fora de

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possibilidade de cura, que já fizeram de tudo para sobreviver, e que não vão sair do quadro em que se encontram.

2ª Ideia Central: Cuidados que abrangem a família

DSC

Estes cuidados abordam a família para que ela entenda que a morte é uma fase da vida. É mais fácil prestar cuidados paliativos quando o paciente está em sua casa porque o contato com a família é maior e, quando está internado, é mais difícil. Esses cuidados tentam evitar a internação, pois, na área hospitalar, recebemos o doente e, dependendo do quadro, fazemos medicação, um atendimento que não se pode fazer em casa. Os cuidados paliativos propiciam uma mais fácil aceitação da realidade, procurando apoiá-los nesse momento difícil, para que ele possa passar esses últimos momentos em casa. Quando se trata de criança, é mais difícil ainda, porque ela está no começo da vida e ninguém espera a morte dela. Então, na maioria das vezes, são feitos muitos procedimentos invasivos e a família tem mais dificuldade em aceitar a morte. Os próprios familiares não sabem do que se tratam os cuidados paliativos, que são para evitar a piora e esperar a hora dele falecer. Não sabem que para esses pacientes são mais válidos os cuidados não invasivos, realizados em casa, do que os cuidados hospitalares.

3ª Ideia Central: Proporcionar conforto no final da vida

DSC

É o cuidado que vai fazer com que o paciente tenha o mínimo de conforto num momento pelo qual todos nós vamos passar um dia. São usados para aliviar o sofrimento, para que o paciente tenha uma qualidade de vida boa e muito conforto. A equipe de enfermagem tem que ser muito atuante nessa área, temos que fazer o melhor que podemos para levar a qualidade desse cuidado, para o paciente viver o final de sua vida com conforto. Muitas vezes, o

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paciente terminal, que não tem mais tratamento, é esquecido. Cuidados paliativos é permitir que a pessoa tenha momentos agradáveis nos seus últimos dias de vida. Cuidados paliativos é uma forma de promover o bem estar em todos os aspectos do paciente, procurando proporcionar o máximo de conforto, é assim que tento prestar os cuidados paliativos.

4ª Ideia Central: Prática da não maleficência

DSC

Os cuidados paliativos servem para não prolongar a vida do paciente sem possibilidade de cura com procedimentos invasivos e não entrando com nenhuma droga que prolongue a vida dele. Não adianta prolongar a vida por algum tempo, isso não vai trazer ele de volta. Cuidados paliativos são todos aqueles cuidados que não prolonguem a vida do paciente.

5ª Ideia Central: Os cuidados paliativos são importantes

DSC

Eu vejo que os cuidados paliativos são importantes, porque são realizados em uma fase delicada, em que o paciente não tem mais perspectiva de vida, e a gente faz o possível para dar o melhor para ele, e não deixar faltar o que precisa: os alimentos, os cuidados de higiene, principalmente no final, onde o paciente já passou por tudo, por experiências dolorosas. Eu acho importante fazer o melhor que a gente pode, mesmo sabendo que a vida do paciente está no fim. Sendo assim, há mais interesse em cuidar de pacientes que tem tratamento ou procedimentos invasivos a serem feitos, entretanto os cuidados paliativos são tão importantes quanto os cuidados invasivos. É comum submeter o paciente a procedimentos que não vão levar à qualidade de vida dele, e só vão prolongar o sofrimento, é aí que entram os cuidados paliativos.

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DSC

Os cuidados paliativos é um tema novo, que tem sido discutido atualmente. Muita gente tem dúvida, não sabe nem do que se trata nem que engloba uma equipe de médicos, enfermeiros. Essa equipe multiprofissional, principalmente a médica, quer prolongar a vida a qualquer custo, e o paciente acaba ficando muito tempo internado. Os profissionais estão deixando a desejar em cuidados paliativos, não sei se por falta de conhecimento ou por obsessão.

7ª Ideia Central: Cuidados que minimizam a dor DSC

Os cuidados paliativos amenizam no máximo a dor.

Figura 1- Ideias centrais dos enfermeiros sobre experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos

Fonte: Dos autores

Cuidados prestados ao paciente em fase terminal

Cuidados que abrangem a família Proporcionar conforto no final da vida Prática da não maleficência Os cuidados paliativos são importantes Engloba uma equipe multiprofissional Cuidados que Minimizam a dor IDEIAS CENTRAIS

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As ideias centrais referentes à questão: “Levando em consideração suas experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, qual a sua percepção de cuidados paliativos? Poderia me contar?” foram: “cuidados prestados ao paciente em fase terminal”, “cuidados que abrangem a família”, “proporcionar conforto no final da vida”, “prática da não maleficência”, “os cuidados paliativos são importantes”, “engloba uma equipe multiprofissional” e “cuidados que minimizam a dor”.

Quadro 4 - Ideias centrais, sujeitos e frequência das ideias centrais do tema: experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos. Médicos

NO IDEIAS CENTRAIS SUJEITOS FREQUENCIA

DAS IDEIAS CENTRAIS 1 Cuidados prestados ao paciente em

fase terminal

1,2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,13

10

2 Proporcionar conforto no final da vida 1, 3, 5, 9, 10, 12 6 3 Cuidados que minimizam a dor 1, 6, 8, 10, 12 5 4 Cuidados para que se tenha uma boa

morte

2, 6, 7, 9, 10 5

5 Prática da não maleficência 1, 3, 6, 7, 15 5 6 Cuidados que abrangem a família 1, 4, 6, 14 4 7 Os cuidados paliativos são

importantes

4, 11, 12, 15 4

8 Engloba uma equipe multiprofissional 8, 10 2

Fonte: Das autoras

1ª Ideia Central: Cuidados prestados ao paciente em fase terminal

DSC

Cuidados paliativos são um conjunto de procedimentos e atividades realizadas em pacientes terminais quando não se tem mais prognóstico, quando a terapêutica não funciona mais, quando se está no fim, com alguma doença ou patologia incapacitante. Consiste em cuidados mínimos ao paciente com

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diagnóstico fechado, seja em estado de neoplasia, ou sequelas patológicas debilitantes, progressivas sem nenhuma expectativa de vida e também medidas alternativas para tratamento de idosos ou crianças, não necessariamente com doença grave. Amenizam o sofrimento de pacientes que não vão ter melhora, mas nem sempre recebem o cuidado como deveria ser, pois o objetivo é tratar da melhor maneira.

2ª Ideia Central: Proporcionar conforto no final da vida

DSC

Cuidados paliativos são uma forma de promover o bem estar do doente e oferecer conforto ao mesmo. São realizados quando o paciente não tem mais prognóstico, mas a gente quer manter qualidade de vida. São medidas tomadas a fim de reduzir sofrimento, aumentar qualidade de vida do paciente sem causar mais danos a sua saúde. Devemos escutar atentamente as suas queixas e tentar atingir o tratamento.

3ª Ideia Central: Cuidados que minimizam a dor

DSC

Os cuidados paliativos têm como objetivo amenizar a dor, o sofrimento, tudo o que for possível, mas cura mesmo ele não tem.

4ª Ideia Central: Cuidados para que se tenha uma boa morte

DSC

São cuidados que proporcionam ao paciente uma morte digna para dar uma qualidade de morte para a pessoa, tirar os sintomas, melhorar um pouco o emocional, manter alimentado, fazer com que ele tenha uma morte com

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qualidade. Ele não vai ser mais curado, mas vai ter qualidade, uma morte humanizada.

5ª Ideia Central: Prática da não maleficência

DSC

São cuidados que mantêm a prática da não maleficência evitando qualquer tipo de procedimentos invasivos, proporcionado nutrição mínima para necessidade diária, analgesia, conforto e cuidados para evitar novas comorbidades, como escaras e infecções. Sempre se deve perguntar antes de fazer algum procedimento ao paciente. A gente pensa assim: vai fazer uma cirurgia ou até mesmo entubar, vai valer a pena este sofrimento, pensamos nessa parte. No começo eu sempre queria reanimar, sempre ficava com culpa de não fazer, mas com o passar do tempo você vai vendo, vai avaliando cada caso particularmente, decidindo se compensa ou não. O mais importante não é o que queremos fazer com o paciente e sim o que ele deseja, mantendo a pratica da não maleficência. Às vezes, tratamos clinicamente o paciente que deveria ser cuidado apenas com cuidados paliativos.

6ª Ideia Central: Cuidados que abrangem a família

DSC

Cuidados paliativos para mim é manter o paciente com qualidade de vida e perto da família, evitar ao máximo o sofrimento dele. Acho necessário, é bom tanto para os familiares, cuidadores e para o próprio paciente, todo ser humano deve ter direito a cuidados. Na nossa área de trabalho não tem muitos casos, porém, quando podemos, tentamos o máximo, abordando também a família. A experiência mais próxima que eu tive foi com minha avó, ela teve câncer de colo do útero e optamos por cuidar dela em casa, porque lá ela teve um tratamento mais afetivo ao lado de seus familiares. Ela foi cuidada com todo carinho e atenção, mas, às vezes, falta o cuidado paliativo por falta de informação.

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7ª Ideia Central: Os cuidados paliativos são importantes

DSC

Considero o cuidado paliativo muito importante, diante de qualquer caso porque envolve muito o lado humano. Muitas vezes, o paciente é tratado sem o lado humano. O paciente, às vezes, ouve conversas indelicadas sobre sua condição, sem que seja informado diretamente sobre seu estado. Sendo assim, é um cuidado muito importante.

8ª Ideia central: Engloba uma equipe multiprofissional

DSC

São medidas adotadas pela equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. É uma área em crescimento que sempre norteia os cuidados em saúde.

Figura 2 - Ideias centrais dos médicos sobre experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos

Fonte: Das autores

Prática da não maleficência Cuidados prestados ao paciente em fase terminal

Proporcionar conforto no final da vida Cuidados que minimizam a dor Cuidados para que se tenha uma boa morte Cuidados que abrangem a família Os cuidados paliativos são importantes Engloba uma equipe multiprofissional IDEIAS CENTRAIS

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As ideias centrais referentes à questão: “Levando em consideração suas experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, qual a sua percepção de cuidados paliativos? Poderia me contar?” foram: “cuidados prestados ao paciente em fase terminal”, “proporcionar conforto no final da vida”, “cuidados que minimizam a dor”, “cuidados para que se tenha uma boa morte”, “prática da não maleficência”, “cuidados que abrangem a família”, “os cuidados paliativos são importantes” e “engloba uma equipe multiprofissional”.

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6 DISCUSSÃO

Ao analisarmos as ideias centrais do tema experiências e vivências sobre (cuidar), tratar de pacientes gravemente enfermos, observamos que a ideia central mais frequente entre os médicos e enfermeiros foi “cuidados prestados ao paciente em fase terminal”.

Esta IC vem ao encontro do que diz Vieira e Goldim (2012), que, na humanização, procura-se a integralidade do cuidado, o atendimento às necessidades de pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura, em processo de morte e morrer e buscando-se o cuidado individualizado, que são promovidos pela a prática assistencial.

Pessini (2006) cita que ortotanásia é morrer saudavelmente, cercado de amor e carinho. Lembramos um adágio francês do século XV, muito atual, que vê a missão da medicina como sendo a de: “curar às vezes, aliviar frequentemente, confortar sempre”.

Podemos confirmar isso na fala dos enfermeiros: “Cuidados paliativos são o cuidado que vamos prestar ao paciente em fase terminal, quando não tem mais um tratamento que pode levar à cura dele...”

No discurso dos médicos sobre a ideia central em questão temos: “Cuidados paliativos são um conjunto de procedimentos e atividades realizadas em pacientes terminais, quando não se tem mais prognóstico, quando a terapêutica não funciona mais, quando se está no fim, com alguma doença ou patologia incapacitante...”

Segundo Pessini (2006), a distanásia é um tratamento fútil e inútil que prolonga o sofrimento, a agonia e adia a morte. Sendo assim, não se prolonga a vida, mas o processo de morrer.

Desta forma, cuidados paliativos são cuidados prestados para pacientes em fase terminal que não possuem mais perspectiva de vida. São cuidados que não vão levar à cura, mas vão fazer com que o mesmo sofra o menos possível e tenha “dignidade e elegância no despedir-se da vida”.

A ideia central “proporcionar conforto no final da vida” foi outra ideia muito expressiva entre enfermeiros e médicos.

De acordo com Pessini (2006), citado por Besse (2009), os cuidados paliativos tendem a assegurar aos doentes condições que os capacitem e os

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encorajem a viver suas vidas de uma forma útil, produtiva e plena, até o momento de sua morte. A importância da reabilitação, em termos de bem estar físico, psíquico e espiritual, jamais pode ser negligenciado.

Para Vasconcelos (2012), quando um paciente se encontra fora de possibilidades de cura, o objetivo principal do cuidado não é mais preservar a vida, mas torná-la o mais confortável e digna possível. O foco da atenção ao paciente é a busca pela qualidade de vida que deve ser alcançada por meio do alívio e controle dos sintomas, suporte espiritual, psicossocial e apoio no processo de enlutamento.

Os enfermeiros assim se expressaram: “É o cuidado que vai fazer com que o paciente tenha o mínimo de conforto num momento pelo qual todos nós vamos passar um dia. São usados para aliviar o sofrimento, para que o paciente tenha uma qualidade de vida boa...”

Os médicos disseram: “Cuidados paliativos são uma forma de promover o bem estar do doente e oferecer conforto ao mesmo, são realizados quando o paciente não tem mais prognóstico, mas a gente quer manter qualidade de vida...”

Sendo assim, os cuidados paliativos oferecem conforto para os pacientes em fase terminal, para que eles tenham a melhor qualidade de vida possível, neste momento tão delicado.

Outra ideia central que merece atenção entre enfermeiros e médicos é “Cuidados que abrangem a família”.

Na perspectiva de Nucci (2011), acontecimentos de ordem acidental ou natural afetam a família quando algum de seus membros sofre qualquer tipo de mudança vital. A doença traz dores e sofrimento e é um evento frequentemente causador de comoção e crise. À medida que evolui, passa a exigir da família uma mobilização geral, centrando toda a atenção no membro doente. Os familiares fazem grandes sacrifícios para satisfazer às necessidades do doente, porém o fator que determina crises é o desequilíbrio existente entre os recursos do familiar e a vivência da doença por parte da família.

Conforme Pessini (2006), um dos princípios dos cuidados paliativos é trabalhar com a família do doente, que é o núcleo fundamental de apoio.

Na óptica de Fratezi e Gutierrez (2009), no contexto da família, cuidar de um doente demanda um processo de adaptação de todos os membros. Sabe-se que os membros da família são interconectados e dependentes uns dos outros. Sendo

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assim, os comportamentos e as ações expressados por um dos membros influenciam e são influenciados pelos demais, afetando todo o sistema familiar.

Concordamos com Nucci (2011) quando relata que, se a doença evoluiu para cuidados paliativos, sem possibilidades terapêuticas de cura, essa atenção deve ser intensificada, buscando significados que paciente e familiares atribuem à morte e considerar as questões sociais, emocionais e espirituais envolvidas.

Os enfermeiros participantes do discurso disseram: “Esses cuidados abordam a família para que ela entenda que a morte é uma fase da vida. É mais fácil prestar cuidados paliativos quando o paciente está em sua casa, porque o contato com a família é maior e quando ele está internado é mais difícil...”

Os médicos expressaram: “Cuidados paliativos para mim é manter o paciente com qualidade de vida e perto da família, evitar ao máximo o sofrimento dele. Acho necessário, é bom tanto para os familiares, cuidadores e para o próprio paciente, todo ser humano deve ter direito a cuidados...”

Os familiares necessitam de cuidados paliativos tanto quanto os pacientes, pois com o adoecimento de um membro e com a proximidade da morte, toda a família é afetada, causando um desequilíbrio no sistema familiar, podendo aumentar ou diminuir os vínculos.

Outra ideia central que foi citada pelos enfermeiros e médicos participantes foi “os cuidados paliativos são importantes”.

Conforme Melo e Caponero (2009), as estatísticas demonstram que, cada vez mais, vem aumentando o número de pessoas acometidas pelas diversas doenças crônico-degenerativas, em especial, o câncer. Esse cenário vem se manifestando de tal forma que os cuidados paliativos tiveram que ser compreendidos e incorporados definitivamente nos tratamentos dos pacientes e nas unidades hospitalares, tornando-se de extrema importância.

Como a enfermagem tem em seu foco o cuidar, tal relato vem ao encontro da nossa assistência.

Para Peres (2011), a importância dos cuidados paliativos aumenta quando qualquer pessoa se aproxima dos últimos momentos de uma condição debilitante. Nessa fase, e após o óbito, essa atenção administrada em uma instituição de saúde ou na própria residência, propicia melhor qualidade do processo de morte e morrer.

Na perspectiva Melo e Caponero (2009), é impossível encontrar alguém, hoje, que não esteja sofrendo de alguma doença fora de possibilidade de cura ou alguém

Referências

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