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DOUTRINAS INFANTO-JUVENIS. Profª Ms. Viviane Duarte Nizzo

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(1)

DOUTRINAS INFANTO-JUVENIS

(2)

1 – Direito Penal do Menor

Leis:

Ordenações Filipinas;

Código Penal do Império – 1830;

Código Penal de 1890 ;

(3)

1.1 - Ordenações Filipinas

A imputabilidade penal iniciava aos

sete anos e as crianças e jovens eram

severamente punidos sem muita

(4)

1.2 - Código Penal do Império – 1830

art. 10 – (. . .) não se julgarão criminosos (. . .)

menores de 14 anos, a menos que tenham

discernimento de seus atos.

Obs: Sendo a pena de ser encerrado em casa de

detenção.

(5)

1.3 -Código Penal - 1890

Entre 1900 e 1916, o coeficiente de prisões por dez

mil habitantes era distribuído da seguinte forma:

307,32 maiores e 275,14 menores.

O Código Penal da República, não considerava

criminosos os

“menores de nove anos completos”

e os

“maiores de nove anos e os menores de 14,

que obrarem sem discernimento

”. Quanto à forma

de punição, aqueles que, tendo entre 9 e 14 anos e,

tivessem agido conscientemente deveriam estes ser

(6)

1.4 - Código de Menores - 1927

conhecido como Código Mello Mattos (Decreto n° 17.943-A, de 12

de outubro de 1927), consolidou as leis de assistência e proteção

aos menores , refletindo um profundo teor protecionista e a

intenção de controle total das crianças e jovens, consagrando a

aliança entre Justiça e Assistência, constituindo novo mecanismo

de intervenção sobre a população pobre.

Neste momento, constrói-se a categoria do MENOR, que

simboliza a infância pobre e potencialmente perigosa, diferente do

resto da infância.

(7)

O Código de Menores Mello Mattos, reflete o

pensamento criminológico positivista, adotando o

paradigma etiológico ao estabelecer que a criança e o

adolescente são objetos da norma que merecem

tratamento quando se encontram em situação irregular,

o que legitimava práticas autoritárias, repressivas e

(8)

2 – Teoria da Situação Irregular

Leis:

Código Penal de 1940;

Lei 4518/64 – Política Nacional de

bem-estar do menor;

Código de Menores de 1979,

(9)

2.1 Código Penal de 1940

Após o Código Penal de 1940

- Decreto-Lei n°

2.848, de 7 de dezembro de 1940 -

fixa-se a

imputabilidade penal aos 18 anos de idade,

Passa-se a adotar um critério puramente biológico

1.

1

Prevê o art. 23, do Código Penal de 1940: "Os menores de

dezoito anos são penalmente irresponsáveis, ficando

(10)

Criado o Sistema de Assistência ao Menor

(SAM)

1942

Órgão ligado ao Ministério da Justiça;

funcionava

como

um

equivalente

ao

“Sistema

Penitenciário para Menores”

de 18 anos, cuja lógica de

trabalho era a reclusão e a repressão das crianças e

adolescentes abandonados ou autores de atos infracionais;

O Sam cristaliza-se como órgão repressivo (“sucursal do

(11)

2.2- Lei 4518/64 – Política Nacional

de bem-estar do menor;

Com o golpe, a questão do menor foi elevada à categoria de

problema de segurança nacional, prevalecendo o implemento de

medidas repressivas que visavam cercear os passos dos menores

e suas condutas "anti-sociais". Estavam em pleno vigor os

postulados

positivistas.

Com a aprovada da Lei n° 4.513, de 01 de dezembro de 1964,

estabelece-se uma gestão centralizadora e vertical. O órgão

nacional gestor desta política passa a ser a FUNABEM (Fundação

Nacional de Bem-Estar do Menor) e os órgãos executores

estaduais eram as FEBEMs (Fundações Estaduais de Bem-Estar

(12)

2.3 - Código de Menores de 1979,

Lei n° 6.697/79.

Seus destinatários foram as crianças e os jovens

considerados em situação irregular, caracterizados

como

objeto

potencial

de

intervenção

dos

Juizados de Menores, sem que fosse feita

qualquer distinção entre menor abandonado e

(13)

Em nome da "proteção" dos menores, eram-lhes negadas todas as

garantias dos sistemas jurídicos do Estado de Direito, praticando-se

verdadeiras violações e concretizando-se a criminalização da

pobreza e a judicialização da questão social na órbita do Direito

do Menor. Com a determinação abstrata do que deve sofrer a

ingerência do Juizado de Menores, negavam-se aos menores os

direitos fundamentais de liberdade e igualdade, esquecendo-se de

que, conforme Ferrajoli

2

,

O desvio punível (...) não é o que, por características intrínsecas ou

ontológicas, é reconhecido em cada ocasião como imoral, como

naturalmente

anormal,

como

socialmente

lesivo

ou

coisa

semelhante. Ao contrário, só pode ser punido o fato formalmente

descrito pela lei, segundo a clássica fórmula nulla poena et nullum

crimen

sine

lege.

(14)

A grande maioria da população infanto-juvenil recolhida às

entidades de internação do sistema FEBEM no Brasil, na ordem de

80%, era formada por crianças e adolescentes, "menores", que não

eram autores de fatos definidos como crime na legislação penal

brasileira. Estava consolidado um sistema de controle da pobreza,

que Emílio Garcia Mendez define como sociopenal, na medida em

que se aplicavam sanções de privação de liberdade a situações

não tipificadas como delito, subtraindo-se garantias processuais.

Prendiam a vítima, sustenta.

(15)

Com a Doutrina da Situação Irregular, os menores

passam a ser objeto da norma, por apresentarem uma

"patologia social", por não se ajustarem ao padrão social

estabelecido. Surgiu uma clara diferenciação entre as

crianças das classes burguesas e aquelas em "situação

irregular", distinguindo-se criança de menor, sendo

(16)

3 – Teoria da Proteção Integral da Criança e

do Adolescente

Tratados Internacionais;

CRFB/1988, art. 227;

Estatuto da Criança e do

adolescente – Lei

(17)

3.1 - Tratados Internacionais

No final da década de oitenta, em plena crise da criminologia crítica, o

Brasil retomará o caminho de evolução para a Doutrina da Proteção

Integral, interrompido pela Ditadura Militar, e iniciado em 20 de

novembro de 1959 quando, onze anos depois Declaração Universal

dos Direitos do Homem de 1948, a ONU produzira a Declaração dos

Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil, e que constitui um marco

fundamental no ordenamento jurídico internacional relativo aos direitos

(18)

Declaração dos Direitos da Criança, aprovada em

Genebra em

1924

;

(19)

3.2 - CRFB/1988, art. 227

Paralelamente aos movimentos internacionais, no Brasil dos anos 80 foi

concebida

a

Constituição

Federal

voltada

para

as

questões,

mundialmente debatidas, dos direitos humanos: a "Constituição

Cidadã", destacando-se, nesse contexto, o movimento denominado "A

Criança e o Constituinte", voltado para a defesa dos direitos da

criança.

Com o avanço da abertura política no Brasil vozes surgiram de

diferentes segmentos para denunciar as injustiças e atrocidades que

eram cometidas contra os menores. As denúncias desnudavam a

distância existente entre crianças e menores no Brasil, mostrando que

crianças pobres não tinham sequer direito à infância.

(20)

3.3 - Estatuto da Criança e do

Adolescente – Lei n°8.069/90.

Com a promulgação

do Estatuto da Criança e do Adolescente

que, nos moldes da Constituição Federal, consagrou a Doutrina

da Proteção Integral, foi revogada a arcaica concepção tutelar do

menor em situação irregular. Estabeleceu-se que a criança e o

adolescente são sujeitos de direito, e não mais objetos da

norma, sendo totalmente remodelada a Justiça da Infância e da

Juventude,

abandonando-se

o

conceito

de

menor,

como

(21)

Teoria da Proteção Integral:

1.

quanto ao tempo – da “gestação

” aos 18 anos, em caso especiais

até aos 21 – art. 2°, 7° e 8°, ECA.

2.

pela horizontalidade na proteção – substituindo uma postura

autoritária e centralizada de lidar com o “menor”, o ECA determina

que todos têm responsabilidade pelo cumprimento dos diretos da

criança e do adolescente – a família, a comunidade, a sociedade e o

Estado (art. 4°, ECA) são solidariamente responsáveis pela garantia de

tais direitos.

(22)

3. quanto ao valor da infância - segundo conceito elaborado por Antônio Carlos Gomes da Costa, a doutrina de

proteção integral ,"afirma o valor intrínseco da criança como ser humano; a necessidade de especial respeito à

sua condição de pessoa em desenvolvimento; o valor prospectivo da infância e da juventude, como portadora da continuidade do seu povo e da espécie e o reconhecimento da sua vulnerabilidade, o que torna as crianças e adolescentes merecedores de proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado, o qual deverá atuar através de políticas específicas para promoção e defesa de seus direitos" [1].

quanto ao sujeito da proteção – as leis anteriores, Código de Menores (1927 e 1979) reforçavam a distinção

entre “criança (tutelados pelos pais) e menor (tutelados pelo estado)”, que precisavam ser controlados e punidos

independente de terem cometido qualquer ato infracional. No ECA, essa discriminação dá lugar à igualdade (princípio básico da democracia), a lei universal. Os direitos valem para todas as crianças e adolescentes – ricos e pobres, do campo e da cidade, com família estruturada ou vivendo nas ruas, ou seja, os seres humanos com menos de 18 anos possuem direitos iguais àqueles que também são consagrados aos adultos e, além disso, direitos que lhe são peculiares, considerando sua especial condição de pessoas em desenvolvimento ou em formação;

[1] COSTA, Antônio Carlos Gomes da (Diretor Executivo da Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência). Estatuto da Criança e do Adolescente – Estudos Jurídicos-Sociais,

(23)

quanto ao infrator – há o entendimento que o adolescente infrator, como ainda está em desenvolvimento, não

pode ser responsabilizado como um adulto pelos crimes que cometer. Que na grande maioria das vezes ele pratica a violência como conseqüência de uma série de outras tantas violências de que foi vítima, portanto, em primeiro lugar, deve estar a preocupação com o cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes,

mesmo (ou principalmente) quando eles tiverem infringido a lei, visando a sua ressocialização, porém O Estatuto da Criança e do Adolescente veio por fim às ambigüidades existentes entre a proteção tutelada com punição

sem o devido processo legal e a responsabilização do adolescente infrator em conflito com a lei,

criando a responsabilidade pelo ato infracional do adolescente com idade entre 12 e 18 anos. Os menores de 12 anos, além de inimputáveis, são sócio-educativamente irresponsáveis, sendo passíveis apenas de receber

medidas de proteção quando infringirem as leis penais (art. 105, do Estatuto da Criança e do Adolescente). Sustenta Mendez que :

Por sua parte, o modelo do Estatuto da Criança e do Adolescente

demonstra que é possível e necessário superar tanto a visão pseudo- progressista e falsamente

compassiva, de uma paternalismo ingênuo de caráter tutelar, quanto a

(24)
(25)

Crianças

0 12 18

Adolescentes

Ato Infracional

Medidas

Protetivas Sócio EducativasMedidas

Crime ou

Contravenção Penal

Sanções Penais

RESPONSABILIZAÇÃO

Maiores de 18

(26)

Onde estão as Regras de Execução das medidas

Sócio Educativas?

Lei 12.594/2012

Instituir

Regulamentar

Sistema Nacional de

Atendimento Sócio Educativo

A execução das medidas

Destinadas a adolescente que pratica ATO INFRACIONAL

SINASE

Obs: Em uma comparação (não perfeita), a Lei 12.594/2012 teria função semelhante

(27)

A gestão do SINASE, exercida de forma

compartilhada

destaca-se como uma das mais importantes inovações da

Constituição Federal de 1988. Contudo, é importante

ressaltar que

a gestão do SINASE foi estruturada 24 anos

após a promulgação da Constituição Federal de 1988

. Ou

seja, a gestão do SINASE não está inscrita na CF, mas se

efetiva por meio de garantias constitucionais de gestão

democrática

(28)

1988 – CRFB

1990 - ECA

(29)

O que é o SINASE?

Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei.

Composição do SINASE:

O Sinase será coordenado pela União e integrado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis pela implementação dos programas de atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida socioeducativa.

(30)

Delimitou, de forma expressa a responsabilidade de cada ente

público:

União:

formular e coordenar a política nacional de atendimento

socioeducativo;

Estados:

criar e manter programas para as medidas de semiliberdade e

internação;

Municípios:

criar e manter programas para as medidas socioeducativas em

(31)

Objetivos das Medidas

Sócio Educativas

Responsabilização do autor quanto às consequências

lesivas do ato infracional

Integração social e garantia dos direitos individuais e

sociais (

Plano Individual de Atendimento

)

Desaprovação da conduta infracional

Natureza das Medidas

(32)

Alguns Enfoques do SINASE

Marco legal em normativas internacionais de

direitos humanos

O adolescente como

sujeito de direitos

, em

condição peculiar de

desenvolvimento

Garantia de atendimento especializado para adolescentes com

deficiência

e em

sofrimento psíquico

Afirmação da natureza

pedagógica e sancionatória

da medida

socioeducativa

Primazia

das medidas socioeducativas em

meio aberto

Formação continuada

dos operadores do sistema de garantia de direitos

A

intersetorialidade

e a articulação em rede

A definição das

competências e responsabilidades

nos três níveis de

(33)

Sistema Único de Assistência Social - SUAS Sistema Único de Saúde SUS Sistema de Justiça Sistema educacional Políticas públicas de esporte e lazer

SINASE

Sistema de Garantias de Direitos

Sistema Nacional de

Cultura

(34)

A Família

A perspectiva da proteção integral, adotada pela CF de 1988 e

demais legislações de direitos da infância brasileira, indica que o

processo de intervenção, parte do processo de cumprimento da

medida socioeducativa, deve ser direcionada ao (à) adolescente,

em resposta à sentença judicial, mas também deve atingir ao

seu grupo familiar, tendo em vista a sua orientação e

fortalecimento para o convívio social.

Para tanto se faz necessário atingir a todos os membros da

família, por meio da busca pela proteção social, encontrada nos

diversos serviços e benefícios oferecidos pelas políticas sociais

básicas, e especial. A ação articulada entre as diversas políticas

sociais é parte fundante da execução da política da

socioeducação.

(35)

Proc. de

(36)

Mauro Campello:

“A celeridade do julgamento é direito do adolescente e a negação deste

direito é uma forma perversa de lhe negar justiça, negando a vigência ao

princípio constitucional da prioridade absoluta. Constitui-se, assim, em uma

primazia na prestação jurisdicional, tanto na fase do processo de

conhecimento, inclusive no segundo grau, tanto na fase de execução

da medida socioeducativa. [...]

A celeridade do processo se constitui em um direito subjetivo público do

adolescente, porém não pode se prestar à prática da injustiça rápida, com

atropelo de garantias e produção de ampla dilação probatória, devendo

prevalecer a máxima

in dubio pro reo

.”

(37)

Objetivos da Política Pública SINASE

responsabilização do adolescente quanto às

consequências lesivas do ato infracional, sempre que

possível incentivando a sua reparação;

integração social do adolescente e garantia dos seus

direitos individuais e sociais por meio do cumprimento

de seu Plano Individual de Atendimento.

(38)

Princípios do SINASE

◼ respeito aos direitos humanos;

◼ adolescente como pessoa em situação peculiar de crescimento e desenvolvimento,

sujeito de direitos e responsabilidades (artigo 227 da CF/1988 e 3º, 6º e 15 do ECA);

◼ prioridade absoluta (artigo 227 da CF/1988 e 4º do ECA);

◼ respeito ao devido processo legal (artigo 227 da CF/1988; artigo 40 da Convenção das

Nações Unidas sobre os Direitos da Criança; artigos 108, 110 e 111 do ECA; e tratados internacionais);

◼ excepcionalidade, brevidade e respeito à condição peculiar de pessoa em crescimento e

desenvolvimento;

◼ respeito à capacidade do adolescente de cumprir a medida, às circunstâncias, à

gravidade da infração e às necessidades pedagógicas do adolescente na escolha da medida, com preferência pelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários (artigos 100 e 112 do ECA);

(39)

Importância do PIA

Pelo SINASE, a articulação das políticas setoriais deve

fazer parte do Plano Individual de Atendimento - PIA

do (a) adolescente e jovem em cumprimento de

medida socioeducativa. O PIA, no contexto da ação

integral e integrada

, é um instrumento

técnico-operacional previsto pelo SINASE (Capítulo IV, artigo

52), em que deve estar contido todo o percurso a ser

(40)

PIA

Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em regime de

prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade

ou internação, dependerá de Plano Individual de Atendimento

(PIA), instrumento de previsão, registro e gestão das atividades a

serem desenvolvidas com o adolescente.

Pú:(...)

Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica

do respectivo programa de atendimento, com a participação efetiva do

adolescente e de sua família, representada por seus pais ou

(41)

Art. 54. Constarão do plano individual,

no mínimo:

I - os resultados da avaliação interdisciplinar; II - os objetivos declarados pelo adolescente;

III - a previsão de suas atividades de integração social e/ou capacitação profissional; IV - atividades de integração e apoio à família;

V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; e VI - as medidas específicas de atenção à sua saúde.

Art. 55.

(. . .)

(42)

As Medidas

Advertência:

“consiste numa repreensão verbal que, num

primeiro momento, pode parecer uma providencia meramente

formal, sem influencia efetiva na trajetória de vida do

adolescente e sem capacidade de evitar a prática de novas

condutas infracionais. Entretanto, a advertência deve ter

proposta e proposito

mais abrangentes do que a simples

intimidação verbal pautada na ameaça de aplicação de

medidas mais rigorosas”

(43)

Obrigação de reparar o dano:

“é uma medida

aplicada nos casos de ato infracional com

reflexos

patrimoniais

. Trata-se de medida poucas vezes aplicada,

até porque, em regra, é desprovida do necessário

planejamento e acompanhamento, ficando restrita ao

Poder Judiciário a aplicação desta medida. ”

Há 03 formas tradicionais para tal:

a) restituição da coisa;

(44)

Prestação de Serviço à Comunidade

: consiste na prestação de

serviços comunitários gratuitos e de interesse geral por período não

excedente a seis meses, devendo ser cumprida em jornada máxima de

oito horas semanais, aos sábados, domingos ou feriados ou em dias

úteis não prejudicando a frequência escolar. Nessa medida, devemos

ater a necessidade do planejamento metodológico da intervenção, que

é definido pelo

Plano Individual de Atendimento – PIA, em que

se define também os tipos de atividades que serão desenvolvidas pelo

adolescente.

Trata-se de uma das medidas que, uma vez executada de forma

eficiente,

melhor

poderá

alcançar

os

fins

reeducativos

e

ressocializadores

almejados

pela

aplicação

das

medidas

socioeducativas, haja vista que o adolescente irá colaborar para o

desenvolvimento de sua comunidade, ao mesmo tempo em que

refletirá sobre os atos infracionais cometidos

(45)

Liberdade Assistida:

destina-se a

acompanhar

,

auxiliar

e

orientar

o adolescente autor de ato

infracional. Trata-se de uma medida socioeducativa

que, pressupõem um acompanhamento sistemático e,

portanto, não imputa ao adolescente o afastamento

de seu convívio familiar e comunitário. Nessa medida

socioeducativa ficam estabelecidos deveres por parte

do (a) adolescentes, tendo em vista a aquisição de

competências que possibilite a ressignificação da vida,

e ruptura com a trajetória infracional.

(46)

Semiliberdade

:

(art. 120 do ECA)

o adolescente

realiza atividades externas durante o dia, sob supervisão

de equipe multidisciplinar, e fica recolhido à noite.

Todavia, o jovem poderá permanecer com a família aos

finais

de

semana,

desde que autorizado pela

coordenação da Unidade de Semiliberdade

.

O regime de semiliberdade pode ser determinado como

medida inicial imposta pelo juiz ao adolescente infrator,

ou como forma de transição para o meio aberto (uma

espécie de

“progressão”).

(47)

Internação (art. 121 do ECA) -

o adolescente fica recolhido na

unidade de internação. A internação constitui medida privativa da

liberdade

e

se

sujeita

aos

princípios

de

brevidade,

excepcionalidade

e respeito à condição peculiar de pessoa em

desenvolvimento.

Pode ser permitida a realização de atividades externas, a critério

da equipe técnica da entidade,

salvo expressa determinação

judicial

em contrário.

A medida não comporta prazo determinado, devendo sua

manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no

máximo a cada seis meses. Em nenhuma hipótese o período

máximo de internação excederá a três anos. Se o interno

(48)

"A privação de liberdade é um mal. Mal que até poderá

ser necessário diante da incapacidade humana de

desenvolver outra alternativa. Mas sempre um mal,

cabendo aqui revisitar Foucault. A opção pela privação

da liberdade resulta muito mais da inexistência de outra

alternativa do que da indicação de ser esta a melhor

dentre as alternativas disponíveis. Somente se justifica

enquanto mecanismo de defesa social, pois não há nada

mais falacioso do que o imaginário de que a privação de

liberdade poderá representar em si mesma um bem para

o adolescente a que se atribui a prática de uma ação

delituosa".

(49)

Afinal, qual a natureza das medidas

socioeducativas?

É penalizar ou educar e proteger?

1 -

Dentro desse cenário de complexidade sobre a natureza das

medidas socioeducativas, devemos nos atentar para a supremacia

da competência pedagógica, afirmada pela legislação, por mais que

se tenha função de responsabilização, em especial em relação às

medidas socioeducativas em meio aberto (prestação de serviços à

comunidade e liberdade assistida). Ou seja, devemos problematizar

a lógica penal que reverbera e se reproduz dentro do sistema

socioeducativo, pois a proposta da socioeducação se sustenta na

espinha dorsal da política social e não da punição, que é a

(50)

Violência x Sócio educação

A educação, portanto, é o objetivo central da

medida socioeducativa, pois entende-se que o (a)

adolescente está em situação peculiar de

desenvolvimento, e pode num processo de

orientação continuada e determinada pela justiça,

romper com as práticas infracionais. Dessa

forma, qualquer ação com base no uso da

autoridade violenta, torna-se ilegalidade, e,

como tal, repercute tanto quanto o ato infracional

outrora cometido. Nesse aspecto e na história da

humanidade, a violência se tornou um espetáculo.

(51)

O ideário da tortura e do suplício, como cura e

exemplo, é uma prática medieval e que era realizada

dentro das igrejas, com o intuito de conseguir a

confissão dos hereges, ou nas praças públicas como

meio de inibir comportamentos semelhantes. No

maior feminicídio da história da humanidade, na caça

às bruxas, eram utilizados terríveis instrumentos que

convertiam o pecado do corpo pelo sofrimento.

E porque ainda hoje carregamos resquícios de

práticas que banalizam tanto a violência, a tortura e

indignidade humana? As trajetórias dessas questões

estavam ligadas a ética. Por exemplo, na Idade Média

a igreja legitimava. Na ditadura civil militar brasileira,

os militares legitimavam tais práticas em nome da

moral, ordem e bons costumes. Mas, no sistema

(52)

2 -

Tendo em vista o conceito de medidas socieducativas, a doutrina da proteção integral e as peculiaridades dos agentes, por serem pessoas em situação de

desenvolvimento, constata-se que a sua natureza jurídica é de sanção-educação, uma vez que pretende não só a retribuição pelo mal praticado, mas, principalmente, a ressocialização e reinserção do adolescente no convívio social, evitando-se a

formação de um ciclo vicioso que por certo acarretaria em futuros problemas prisionais.

Isso porque os adolescentes em conflito com a lei precisam, como sujeitos que estão construindo seu caráter/ personalidade, de mais educação, orientação, formação e não simplesmente do encarceramento, principalmente daquele presente na realidade brasileira que permite não só a ociosidade dos detentos, mas uma realidade

subumana, dentro da qual ninguém sairá melhor do que entrou.

Ressalte-se, por outro lado, que a resposta do Estado ao juízo de reprovação social não pode ignorar e minimizar as consequências decorrentes do ato infracional, de modo a não incutir no adolescente infrator a ideia de impunidade.

Assim, as medidas socioeducativas impostas em função do ato infracional devem ser equilibradas, buscando não só punir o ato praticado, mas, principalmente, mostrar a essa pessoa em desenvolvimento o porquê de aquilo ser errado e ajudá-lo a se

(53)

Conflitos entre norma e prática

Ao mesmo tempo em que assume o compromisso internacional de respeitar

os direitos humanos dos (as) adolescentes e jovens autores (as) de atos infracionais, considerando-os (as) sujeitos de direitos e em condição peculiar de crescimento e desenvolvimento, mantém estruturas de atendimento que os (as) aprisionam a um atendimento fundado na violação de direitos humanos. Ou seja, mesmo que as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto não restrinjam a liberdade do (a)

adolescente, elas podem, também, violar direitos na medida em que oprimem, desrespeitam a identidade ou impõem valores. Entende-se que, a depender da concepção adotada pelo modelo educativo do Estado em cada tempo histórico, as

(54)
(55)

Dissertação

ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI:

UMA ANÁLISE DOS DISCURSOS DOS OPERADORES

JURÍDICOSOCIAIS

EM PROCESSOS JUDICIAIS

(56)

"

Panorama da execução dos programas socioeducativos

de semiliberdade e internação nos Estados brasileiros e

no Distrito Federal“

, do Conselho Nacional do Ministério

Público (CNMP)- 09/2019

No Brasil, há 18.086 adolescentes e jovens em cumprimento de

internação por tempo indeterminado em instituições socioeducativas e

16.161 vagas, o que causa um déficit de quase duas mil vagas.

O estudo do CNMP apontou a existência de 123 unidades de semiliberdade

e 330 unidades de internação.

OBS:

As Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção de Jovens

Privados de Liberdade estabelece o princípio - ratificado pelo ECA - que o

espaço físico das Unidades de privação de liberdade deve assegurar os

requisitos de saúde e dignidade.

(57)

◼ Apesar das atribuições da Lei do Sinase (arts. 3º, III e 4º, III), nos

últimos anos, a União não contribuiu suficientemente para a implantação de novas unidades de internação e semiliberdade nos estados e não cofinanciou o custeio dos sistemas estaduais e distrital, obrigando os estados e o Distrito Federal a arcarem sozinhos com a manutenção dessa política, que é de natureza obrigatória, continuada e permanente.

◼ Vários estados informaram à CIJ a existência de quadros graves de

superlotação e/ou grande número de pedidos de vagas de internação não atendidos ("fila de espera);

◼ O Grupo de Trabalho Sinase concluiu : "se há superlotação, sem o

correspondente reforço de infraestrutura e recursos humanos, potencializam-se as violações aos direitos humanos fundamentais dos adolescentes internados e a precariedade do atendimento".

◼ "o descumprimento puro e simples da medida de internação, em virtude

da falta de vagas, significa a frustração da pretensão socioeducativa estatal e a perda dos esforços realizados pelos sistemas de justiça e de

(58)

Ainda de acordo com o grupo de trabalho,

"as

informações recebidas evidenciam o atraso do Brasil

na implementação da política nacional de atendimento

socioeducativo, por aproximadamente 30 anos, desde

a promulgação do Estatuto da Criança e do

Adolescente, apesar da regra de prioridade

(59)

Um caso

◼ “O CREAS Daniela Perez possui uma equipe com 5 assistentes sociais, 2 psicólogos, 2

pedagogos, 1 advogado e 1 carro de abordagem para atender 118 adolescentes que cumprem medida em meio aberto; 54 adultos que cumprem pena alternativa; fazer abordagem social; encaminhar ofícios para as Varas; atender idosos,

deficientes e crianças em situação de vulnerabilidade. É notório que os

funcionários encontram-se assoberbados, sendo quase que impossível o oferecimento de um acompanhamento efetivo a cada um dos adolescente socioeducandos.

◼ Ademais, o desestímulo se torna frequente, na medida em que a equipe técnica só

possui um feedback dos casos que deram errado, pois ou os adolescentes voltam ao CREAS/DEGASE para cumprir nova medida ou serão novamente encontrados já no

(60)

Presidente do Sind Degase afirma que

rebelião já era esperada

60 Thayssa Fortuna em 24/03/2015

O Grupamento de Intervenção Tática da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) conteve a rebelião de internos do Educandário Santo Expedito, em Bangu, Zona Oeste do Rio, na tarde desta terça-feira. Segundo informações, os menores infratores chegaram a atear fogo e tacar pedras no telhado da unidade, além de terem feito como reféns voluntários e servidores do Degase .

“Há 300 adolescentes ali dentro e de facções

diferentes. A gente já vem alertando para os problemas de superlotação baixo efetivo de funcionários. Trabalhamos o triplo do que a legislação determina. A segurança também está fragilizada. A gente já temia por isso. O sindicato sinalizou que infelizmente poderia terminar assim. Isso é uma tragédia anunciada”,

(61)

Funcionários ficam feridos durante rebelião no

Degase na Ilha do Governador

Rio de Janeiro – O Grupamento de

Intervenção Tática foi acionado para

uma rebelião no Instituto Socioeducativo Dom Bosco, na Ilha do Governador, na Zona Norte, na tarde desta quarta-feira (18).

Durante a rebelião, agentes e internos ficaram feridos. Os agentes feridos foram levados para o Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito.

Segundo o Sind-Degase, um adolescente teria se recusado a acatar a ordem de um agente e provocou uma confusão

(62)

Adolescentes são transferidos depois de rebelião

em unidade do Degase no Rio

62

Por Henrique Coelho e Raoni Alves, 28/10/2019 ( . . .)O tumulto na unidade do

Departamento Geral de Ações

Socioeducativas (Degase) começou por volta das 19 horas, quando os dois

adolescentes que cumprem medidas socioeducativas começaram uma briga entre eles.

(. . .) Cerca de 100 internos destruíram ventiladores, pias, rasgaram roupas e colchões.

Os agentes do Degase que estavam na unidade não conseguiram controlar a

situação e precisaram chamar equipes do Grupamento de Ações Rápidas (GAR), e da Coordenadoria de Segurança e

Inteligência (Csint), da Polícia Militar e dos Bombeiros.

(63)

Com a situação controlada, quatro adolescentes e dez maiores de

idade envolvidos na rebelião foram conduzidos para a 21ª Delegacia de Policia, em Bonsucesso. No local, foi feito o registro de ocorrência por danos ao patrimônio público e ameaças de morte aos servidores.

Se confirmado o crime de dano qualificado, os detentos maiores de idade serão transferidos para o sistema prisional.

(64)

Adolescentes fazem rebelião em unidade

de internação no RJ

(. . .)De acordo com o Sindicato de Servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), durante o ato colchões foram queimados, grades quebradas e portas arrancadas.

Redação 18/04/2020 15:11 Um foco de incêndio foi identificado

na parte superior do prédio. Policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo para tentar conter os adolescentes.

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Sem contato com familiares, jovens do sistema

socioeducativo promovem rebelião no RJ

Isolados das famílias e vítimas de maus tratos, os jovens internados no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) do Rio de Janeiro promoveram uma rebelião neste sábado (18) contra a limitação do contato com as famílias.

(. . .) Segundo o Sindicato de Servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (SindDegase), 100 dos 300 jovens da unidade Dom Bosco do Degase, na Ilha do Governador, promoveram a rebelião. A Polícia Militar acionou o Batalhão

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Quem está em Conflito com a Lei?

Procure saber:

◼ O que o seu Estado e o seu município fazem concretamente para

reduzir a miséria da população?

◼ Que programas sociais são implantados com este fim?

◼ Onde você mora as escolas públicas são de boa qualidade? ◼ Há creches em número suficiente, a Prefeitura providencia? ◼ Sua cidade tem Conselhos Tutelares efetivos?

◼ Tem programas para dar suporte às crianças e adolescentes vítimas

de violência, de abuso sexual, exploradas pelo trabalho infantil?

◼ Há crianças nas ruas? O que acontece com elas?

◼ Qual o estado das unidades do tipo FIA (ou de sistema parecido) do

(67)

QUEM PRECISA QUE O ADOLESCENTE SOFRA?

"Precisamos de vontade de potência inventora de

direitos (...) civis, capazes de abolir os penais

para adolescentes infratores: conciliação entre

vítima e infrator, indenização da vítima,

respostas-percurso ao infrator com base na potencialidade

de seu talento, tomada de decisão conjunta. Isto é

(68)

Bibliografia

COSTA, A. P. M.; FERREIRA, K. M. M.; RAMIREZ, S.; PONZIO, V.; PAZ, V. Medidas socioeducativas: gestão da execução. Porto Alegre/RS : Marca Visual, 2014.

FOUCAULT, Michael. Vigiar e Punir: História de Violência nas Prisões. 40ª Edição – Editora Vozes, 2012

LIBERATI, W. D. Adolescente e ato infracional: medida socioeducativa é pena? São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.

PEREIRA, I.; ZAMORA, M. H. N. R.; ALAPANIAN, S.. Política socioeducativa ao adolescente em conflito com a lei. Curitiba: UNIOESTE, 2014.

RAMIDOFF, M. l. SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Comentários à Lei n. 12.594 de 18 de janeiro de 2012. São Paulo : Saraiva, 2012.

SARTÓRIO, Alexsandra Tomazelli. Adolescente em conflito com a lei: uma análise dos discursos

dos operadores jurídico-sociais em processos judiciais . Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas.–304 f. 2007.

(69)

Bibliog

rafia

Legislação / documentos:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. . Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990.

. SDH-PR – CONANDA. Plano Nacional Decenal de Atendimento Socioeducativo, 2013.

. Lei nº 12.594/2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, 2012. . Resolução nº 119/06 – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

Referências

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