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ADAPTAÇÃO DO CAVALO PANTANEIRO AO ESTRESSE DA LIDA DIÁRIA DE GADO NO PANTANAL, BRASIL

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Academic year: 2021

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DIÁRIA DE GADO NO PANTANAL, BRASIL

PHYSIOLOGICAL ADAPTATIONS OF THE PANTANEIRO HORSE TO STRESS RELATED TO DAILY WORK WITH CATTLE IN THE PANTANAL, BRASIL

Silva, L.A.C. da1, S.A. Santos2, R.A.S. Silva2, C. McMannus3 e H. Petzold4

1Aluna do curso de Zootecnia da UCDB/ IESPAN. Rua Tamandaré, 673. 79370-000, Ladário, MS. Brasil.

E-mail: zoopan2000br@yahoo.com.br

2Pesquisadores da Embrapa Pantanal. C. Postal 109. 79320-900 Corumbá, MS. Brasil. 3Pesquisadora da UnB. 770919-970, Brasília, DF. Brasil.

4Técnico Agrícola da Embrapa Pantanal. C. Postal 109. 79320-900 Corumbá, MS. Brasil.

PALAVRASCHAVEADICIONAIS

Condicionamento. Conservação de animais do-mésticos in situ. Fisiologia do exercício. Recur-sos genéticos animais.

ADDITIONALKEYWORDS

Animal genetic resources. Conditioning. Exercise physiology. In situ conservation of farm animal.

RESUMO

A região pantaneira apresenta característi-cas bioclimáticaracterísti-cas peculiares, como ambiente extremamente quente e inóspito. Neste ambien-te, o único cavalo que suporta extensas marchas e manejo do gado diário é o Pantaneiro, animal de origem Ibérica que se naturalizou na região através de centenas de anos de seleção natural. Este estudo teve como objetivo avaliar a freqüência cardíaca e respiratória (indicadores de adaptação) de cavalos Pantaneiros usados na lida diária do gado, na sub-região da Nhecolândia, Pantanal. No período de 5 a 8 de julho de 2003, foram registradas a freqüência respiratória e freqüência cardíaca antes, imediatamente depois e 30 minutos após o trabalho com gado de 12 cavalos, sendo 7 testados duas vezes, num total de 19 observações. Estes cavalos foram avaliados pela manhã e da tarde, conforme o turno do trabalho. Os animais trabalharam em média 5 e 8 horas nos períodos da manhã e tarde respectivamente. As taxas

cardíacas antes, imediatamente depois e 30 minutos após o exercício foram de 37,6, 50,0 e 46,1 na parte da manhã e 42,8, 46,2 e 43,9 na parte da tarde na misma ordem. As taxas respiratórias antes, imediatamente depois e 30 minutos após o exercício foram respectivamente de 24,8, 36,6 e 35,1 na parte da manhã e 29,3, 29,6 e 28,5 na parte da tarde. As diferenças encontradas na parte da manhã provavelmente se deve ao aumento da temperatura no decorrer da manhã, ao contrário do que ocorreu no decorrer da tarde. Conclui-se que os cavalos Pantaneiros usados rotineiramente no trabalho de gado são adaptados ao estresse do exercício, cuja resposta é variável em função das tempe-ratura ambiente.

SUMMARY

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bio-climatic characteristics making it a very hot and inhospitable environment. The only breed of horse that can support the long treks, and daily management of cattle in this environment is the Pantaneiro, that is a Iberian origin animal naturalized in the region through natural selection by centuries. This study aimed to evaluate the heart and respiratory rates (adaptation indicators) of Pantaneiro horses that daily work cattle in the Nhecolândia sub-region, Pantanal. Between the 5th and 8th of July 2003 these adaptation indicators were measured before, immediately after and 30 minutes after exercise on 12 horses, 7 of which were evaluated on two occasions, totaling 19 observations. The latter were evaluated in the morning and in the afternoon. The horses worked on average 5 hours in the morning and 8 in the afternoon. The heart rate immediately after and 30 minutes after exercise were 37.6, 50.0 and 46.1, respectively, in the morning and 42.8, 46.2 and 43.9 in the afternoon. Respiratory rate for the same times were 24.8, 36.6 and 35.1, respectively, in the morning and 29.3, 29.6 and 28.5 in the afternoon. Significant differences found between morning and afternoon measu-rements were probably due to an increase in environmental temperature. No significant differences were found between the three afternoon measurements. It was concluded that the Pantaneiro horse, used routinely in cattle work, is well adapted to exercise stress, and changes in physiological parameters are due to fluctuations in environmental temperatures.

INTRODUÇÃO

No Pantanal, os bovinos são cria-dos em grandes fazendas de forma extensiva e o cavalo Pantaneiro exerce papel fundamental no manejo desses animais. Diariamente, os p e õ e s percorrem as invernadas para verifi-carem o estado geral do rebanho geral. A região pantaneira apresenta

caracte-rísticas bioclimáticas peculiares e dinâmicas, como inundações periódi-cas, seperiódi-cas, ambiente extremamente quente, etc. e o cavalo Pantaneiro tem mostrado ser um animal adaptado a estas condições.

Quando o trabalho (exercício físi-co) é efetuado num ambiente quente, cargas de calor são produzidas, impondo grandes demandas sobre a função termorregulatória, necessitando de redistribuição do calor para a pele visando a perda de calor, o que resulta num aumento da freqüência cardíaca (McConaghy, 1994). Segundo Ridgway (1994) a freqüência cardíaca pode ser usada como um indicador para deter-minar o nível de adaptação e a habilidade do animal a continuar o trabalho ou exercício.

O aumento da atividade respiratória também é um meio importante para a perda de calor por evaporação nos animais mantidos sob temperatura ele-vada. A freqüência respiratória au-menta com a temperatura do ar, acen-tuando-se acima de 29°C. Acima de 30°C, a contribuição proporcional da atividade respiratória diminui face ao aumento da perda de calor por evaporação de água na superfície cor-poral, via sudorese. A atividade respiratória e a sudorese se com-plementam no sentido de que animais com baixa capacidade para suar, nor-malmente tem alta capacidade para ofegar.

Este estudo teve como objetivo avaliar a freqüência cardíaca e respiratória de cavalos Pantaneiros submetidos a lida diária no Pantanal (estresse do exercício), na sub-região da Nhecolândia, Pantanal.

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MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi efetuado na fazenda Nhumirim, propriedade da Embrapa Pantanal, localizada na sub-região da Nhecolândia, Pantanal. A fazenda tem cerca de 4000 ha, tamanho abaixo da área média das fazendas da região (cerca de 10000 ha). Em julho de 2003 (período de seca) foram acompanhados 12 cavalos Pantaneiros usados na lida diária do gado. Como a fazenda apresenta pequena extensão, os peões geralmente trabalham em dois turnos (manhã e tarde).

De 5 a 8 de julho de 2003 foram registradas as freqüências respiratória e cardíaca antes, imediatamente depois e 30 minutos após o exercício de 12 cavalos, sendo 7 testados duas vezes. Estes cavalos foram avaliados pela manhã e tarde.

Considerando-se 12 cavalos dife-rentes, num total de 19 observações, as diferenças dos parâmetros fisiológi-cos entre os momentos foram feitas pelo teste t pareado (SAS, 1999). Para análise de variância usou-se o modelo linear, considerando hora do dia como fator fixo e temperatura ambiental como covariável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os animais trabalharam em média cinco e oito horas nos períodos da manhã e tarde respectivamente. Na

tabela I estão apresentados os

parâmetros fisiológicos (freqüência respiratória e freqüência cardíaca) an-tes, logo após e 30 minutos após o trabalho. Não houve diferenças signi-ficativas entre os momentos avaliados

na parte da tarde. As diferenças en-contradas pela manhã provavelmente se devem ao aumento da temperatura no decorrer do período (a temperatura elevou-se de 22°C às 8:00 horas para 32°C às 11:00 horas). Vale destacar que pela manhã, os animais retornaram do trabalho por volta das 11:00 horas, próximo do horário mais quente do dia. Por outro lado no período da tarde, os animais retornaram do trabalho em horáriocuyas temperaturas eram mais amenas. Nota-se também que os valo-res iniciais das freqüências cardíacas na parte da manhã foram menores do que os valores iniciais da parte da tarde. Os resultados encontrados no período da manhã mostram que a FR foi diferente significativamente antes e imediatamente após o trabalho, mas não entre imediatamente após o trabalho Tabela I. Parâmetros fisiológicos médios de cavalos Pantaneiros durante trabalho de lida diária de gado na fazenda Nhumirim, sub-região da Nhecolândia, em julho de 2003. (Means physiological parameters of Pantaneiros horses during daily work with cattle in the Nhumirim farm, Nhecolândia sub-region, Pantanal, in July 2003).

Freqüência cardíaca respiratória Manhã Antes do trabalho 37,6a 24,8a Após o trabalho 50,0b 36,6b Após 30 m de descanso 46,1c 35,1b Tarde Antes do trabalho 42,8a 29,3a Após o trabalho 46,2a 29,6a Após 30 m de descanso 43,9a 28,5a

Letras distintas na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste t (p<0,05).

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e 30 minutos após descanso.

Os resultados da análise de variância mostraram que a temperatu-ra ambiente não influenciou significa-tivamente a freqüência respiratória nos momentos avaliados. A freqüência respiratória é dependente da tempera-tura ambiente durante o descanso e exercício, aumentando 1,9 respirações/ minuto para cada 1°C de aumento da temperatura corporal. A não signi-ficância encontrada neste estudo provavelmente se deve ao pequeno número de observações e temperatu-ras avaliadas, porém, mostra a adaptação do cavalo Pantaneiro nas situações ambientais estudadas. Con-forme Paludo et al. (2002), a FR é a primeira linha de defesa fisiológica quando aumenta o estresse térmico ou estresse por exercício.

Com relação a freqüência cardía-ca, esta foi diferente significativamente entre todos os momentos avaliados somente na parte da manhã (tabela I). Nos resultados da análise de variância, observou-se a FC foi influenciada significativamente (p<0,05) pela tem-peratura ambiente. Segundo McCo-naghy (1994) quando há aumento da temperatura ambiente, também há au-mento da freqüência cardíaca visando a perda de calor.

Santos et al. (2001) avaliaram cavalos Pantaneiros durante uma prova de resistência, em época quente, caminhando a trote, numa distância de 76 Km num único dia, com temperatu-ra ambiente máxima de 33,1°C e umidade relativa do ar de 84 p.100. A taxa cardíaca dos cavalos logo após o exercício foi de cerca de 80 batidas por minuto, bem acima dos valores encon-trados neste estudo, que foi de 50 e

46,2 batidas por minuto na parte da manhã e tarde, respectivamente. Es-tes valores mais baixos, provavelmente se devem a duração do exercício.

No entanto, a capacidade de recuperação da FC após o exercício pode ser um indicador valioso na avaliação da adaptação do animal ao exercício e à temperatura ambiente. Os valores de FC após 30 minutos de recuperação foram 46,1 e 43,2 bati-das/minuto na parte da manhã e tarde respectivamente, semelhantes ao en-contrado por Santos et al. (2002). Neste estudo, embora os animais tenham se estressado mais na parte da manhã devido ao aumento da tempera-tura ambiente, os resultados de FC após recuperação de 30 minutos indicaram que os cavalos mostraram adaptação às condições ambientes enfrentadas durante o trabalho. San-tos e t a l. (2002) compararam a freqüência cardíaca de cavalos Pantaneiros com outras raças e mulas após uma cavalgada de 12 dias através do Pantanal e verificaram que a FC após a recuperação foi em média de 43,0; 63,0; 53,0 e 46,0 batidas por minuto para cavalos Pantaneiros, Criolos, mestiços Criolos e mulas, res-pectivamente. Todos estes valores en-contrados estão próximos a faixa de 25 a 50 batidas/minuto encontrada em animais em descanso (Evans et al., 1995).

Vale salientar que os cavalos avaliados neste estudo são usados há anos no trabalho diário, onde é feito um rodízio entre os animais, dependendo das condições corporais. Segundo San-tos et al. (2000) cavalos em trabalho periódico mostraram melhor adaptação ao exercício do que animais em

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des-canso por mais do que 30 dias.

CONCLUSÕES

Os cavalos Pantaneiros submetidos a 5-8 horas diárias de trabalho (nível de estresse) de lida no Pantanal

subme-tidos a variações de temperatura diária de 22°C a 32°C mostraram capacidade de adaptação em termos de freqüência cardíaca e freqüência respiratória. No entanto, esta resposta foi variável em função da hora do dia, dependente principalmente da variação da tempe-ratura ambiente.

BIBLIOGRAFIA

Evans, D.L., L.B. Jeffcott and P.K.K. Knight. 1995. Performance-related problems and exercise phisiology. In: Higgins, A.J.; Wright, I.M. The Equine Manual. W.B. Saunders Company Ltd. p. 921-965.

McConaghy, F. 1994. Thermoregulation. The athletic horse: principles and practice of equine sports medicine. Edited by David R. Hodgson, Reuben J.Rose. 1 ed. W.B. Saunders Company, 497 p.

Paludo, G.R., C. McManus, R.Q. Melo, A.G Cardoso, F.P. Mello, M. Moreira e B.H. Fuck. 2002. Efeito do estresse térmico e do exercício sobre parâmetros fisiológicos de cavalos do exército brasileiro, R. Soc. Bras. Zootec., 31: 1130-1142.

Ridgway, K.J. 1994. Training endurance horses. In: Hodgson, D.H., Rose, R.J. Principles and practice of equine sports medicine: The athletic horse. W.B. Saunderss Company, 1st

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