• Nenhum resultado encontrado

Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores Educacionais"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

 

 

 

 

 

Motivação na Educação: Uma Ferramenta a ser 

Compartilhada por Alunos, Professores e Gestores 

Educacionais 

 

 

 

  Resumo 

O  estudo  trata  de  uma  pesquisa  bibliográfica  baseado  na  Teoria  da  Autodeterminação,  aliada  a  uma  pesquisa  de  campo  em  andamento,  onde  busca‐se  conhecer  o  nível  de  importância, atribuído pelo aluno, com relação à influência  da Gestão Motivacional na sua predisposição por aprender,  assim  como,  investigar  se  o  estado  do  mobiliário,  como  laboratórios,  internet, biblioteca, espaço de convívio  social  possuem  alguma  influência  no  aprendizado  do  aluno  que  frequenta  as  aulas  semanais  de  um  polo  de  ensino  a  distância,  no  sistema  presencial  conectado.  O  estudo  bibliográfico  detalha  aspectos  da  Teoria  da  Motivação,  identificando  os  vários  pontos  fortes  que  justificam  a  presente  investigação.  Os  resultados  parciais,  deste  trabalho,  indicam  que  a  teoria  mencionada  é  a  mais  apropriada  para  o  estudo  da  motivação  no  contexto  educacional.    Palavras‐chave: Gestão motivacional, teoria da  autodeterminação, educação a distância, aprendizagem,  aluno.      Ary da Rosa Torres  arytorres2109@gmail.com      Glaucius Décio Duarte  Instituto Federal Sul‐rio‐grandense   glaucius@pelotas.ifsul.edu.br     

 

 

 

 

(2)

Introdução 

Segundo  pesquisas  recentes,  em  várias  áreas  do  conhecimento,  não  existem  dúvidas, de que o nível de motivação de um sujeito aprendente é a chave determinante  para  que  tenha  maiores  possibilidades  de  sucesso  ao  longo  de  sua  existência.  A  motivação é o combustível que move o sujeito, assim como, é a energia que lhe dá forças  para  enfrentar  as  dificuldades  encontradas  nos  caminhos  que  escolhe  percorrer.  Em  razão  disso,  sem  motivação,  sua  existência  se  tornaria  despida  de  sentidos,  o  que  o  levaria  a  não  ter  curiosidade  por  nada  que  acontece  ao  seu  redor.  No  entanto,  mesmo  sabendo  dessas  constatações  cientificas,  que  nos  servem  de  convicção  para  que  acreditemos  sobre  os  benefícios  da  motivação,  considerável  percentual  da  humanidade  vive  grande  parte  de  sua  existência  sem  buscar  um  motivo  que  lhes  proporcione  sentir  prazer naquilo que realizam. Ao renegar essa energia própria, preexistente na estrutura  existencial humana, despreza‐se a oportunidade de se ter um bem melhor para nós, assim  como,  para  com  aqueles  que  nos  cercam.  Se  assim  continuarmos  a  agir,  é  como  se  estivéssemos  aceitando  viver  sem  deixar  marcas  de  nossa  existência.  Esse  desconhecimento de um elemento motivacional para conduzirmos nossa existência, nos  faz agir como se não tivéssemos um livre arbítrio para fazer nossas escolhas. Essa inércia  contribui para que permaneçamos em nossa zona de conforto sem produzir algo melhor  para nós próprios, assim como, para a sociedade onde estamos inseridos.   Mesmo que a motivação se constitua de todas essas virtudes, sendo elas de censo  comum e, portanto, aceitas como verdadeiras, surge uma das questões exploradas neste  trabalho:  porque  o  ser  humano  tem  tanta  resistência  em  aprender  a  explorar  essa  energia,  capaz  de  melhorar  sua  existência?  É  de  consenso  geral,  entre  os  pensadores  sobre  motivação,  que  essa  é  uma  das  únicas  formas  com  poder  de  levar  ao  sucesso  qualquer ser humano que se autodetermine a atingir determinado objetivo em sua vida  pessoal, ou ainda, para o bem de um grupo social. Pessoas motivadas, além de serem as  mais requisitadas para desenvolver as mais diversas atividades de liderança, servem como  espelhos refletores de ânimo para o grupo em que estão inseridas.  Os casos de sucesso alcançados por pessoas que tem um estreito relacionamento  com a autodeterminação, somados a motivação, podem ser vistos em todas as atividades 

(3)

desenvolvidas, embora saibamos que, para cada profissão, a forma com que as pessoas  se  motivam  deriva  de  diferentes  fatores,  como  por  exemplo,  o  tipo  de  energia  que  as  fazem  se  movimentarem,  umas  mais  do  que  as  outras,  sendo  que  isso  pode  ser  encontrado em cada um de nós, tal como afirmam Boruchovitch e Bzuneck (2010). 

Na  área  da  educação  superior,  no  contexto  deste  estudo,  relativo  ao  Sistema  de  Ensino  Presencial  Conectado,  na  modalidade  à  distância,  os  alunos  precisam  ser  mais  autônomos em relação a aprendizagem, já que na grande maioria dos casos, suas aulas  são transmitidas via satélite para polos onde ocorrem encontros presenciais uma vez por  semana. Nesse caso, a motivação pode ser um fator preponderante para o sucesso desse  discente, assim como para o próprio sistema educacional (MORAN, 2002). 

Esta  pesquisa  busca  explorar  os  conceitos  envolvidos  na  influência  da  gestão  motivacional,  com  o  objetivo  de  servir  de  base  para  justificar  o  sucesso  do  homem  nos  vários  setores  da  sociedade,  assim  como  das  escolas  que  sabem  se  aproveitar  desse  fenômeno para capitalizar esse ganho em seus alunos.  

Como  é  de  conhecimento  comum,  há  uma  grande  preocupação  de  todos  os  agentes  envolvidos  com  educação  para  que  consigamos  envolver  o  máximo,  nossos  alunos em suas atividades, para que estes, por sua vez, tenham ganhos de qualidade na  sua  aprendizagem.  Com  base  nessa  premissa  construímos,  conforme  pode  ser  visto  no  diagrama mostrado na Figura 1, um constructo que entendemos ser importante observar  como forma de analisarmos a escola pelo olhar do aluno.  

(4)

  Figura 1 – Diagrama representativo das forças motivacionais para aprender. 

 

Segundo Boruchovitch e Bzuneck (2010), a motivação tornou‐se um problema de  ponta  na  educação.  Alunos  desmotivados  estudam  pouco,  formando  uma  mão  de  obra  de  baixo  nível  tecnológico  para  o  país,  assim  como,  se  tornam  cidadãos  descompromissados com a sociedade e com o ensino continuado, exigido pela evolução  das novas tecnologias. Os professores, por sua vez, embora estejam cientes do problema  que enfrentam, muito pouco podem fazer, pois a grande maioria, têm nos baixos salários,  motivos que os ausentam cada vez mais de melhores qualificações para conhecer novas  soluções  para  o  caso.  Isso  ocorre,  já  que  uma  grande  parte  deles,  por  necessidades  financeiras, se obriga a trabalhar em mais de uma entidade de ensino, como forma de ter  um  ganho  que  lhes  proporcione  o  sustento  familiar.  Os  gestores  educacionais,  por  sua  vez, em grande parte, por terem suas formações em áreas totalmente alheias à atividade  que  desenvolvem,  provavelmente,  por  desconhecimento  da  gestão,  podem  estarem 

(5)

contribuindo  para  a desmotivação do aluno. Isso pode ocorrer, devido ao fato de que,  em  muitos  casos,  não  sentem  prazer  em  fazer  parte  de  uma  organização  em    que  percebem muitos pontos falhos. 

Desenvolvimento da Pesquisa 

Portanto, acreditamos que é necessário conhecer os níveis de influência da gestão  motivacional,  percebidos  pelos  alunos,  sendo  assim,  desenvolvemos  o  estudo  em  um  polo  base  de  ensino  a  distância  no  sistema  presencial  conectado,  quanto  à  motivação  destes  para  aprender.  Este  estudo,  também  pretende  medir  o  grau  de  importância  atribuído  pelos  alunos,  quanto  à  facilitação  para  sua  aprendizagem  no  ensino  superior,  com  relação  a  elementos  de  infraestrutura  das  instituições  de  ensino,  tais  como:  mobiliário, laboratórios, bibliotecas, bares internos e áreas de convívio social.  

A  pesquisa  teórica,  atualmente  em  desenvolvimento,  está  alicerçada  em  um  estudo  bibliográfico  de  autores  que  contribuíram  para  o desenvolvimento  da  gestão  ao  longo  dos  anos.  Nesse  caso,  encontram‐se,  por  exemplo,  Drucker  (1999),  assim  como  alguns pensadores da psicologia moderna, em que surge como representante, o médico,  filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (apud FARR, 2008). Ao influenciarem a sua  divisão  para  atender  diferentes  setores  sociais,  tornaram  a  psicologia  educacional  uma  ferramenta  de  excelente  ajuda  para  o  desenvolvimento  e  compreensão  da  motivação  estudantil.  

A  partir  dos  estudos  direcionados  à  psicologia  educacional,  abriu‐se,  principalmente,  por  meio  da  contribuição  de  psicólogos  americanos,  uma  nova  era  de  pesquisa da motivação e sua influência no aprendizado educacional, ciência que ao longo  dos  anos  tem  contribuído  para  melhor  entendermos  o  comportamento  dos  vários  agentes que por ali transitam diariamente.  

Por  sua  vez,  esta  pesquisa  baseia‐se  fortemente  no  trabalho  realizado  por  Boruchovitch  e  Bzuneck  (2010),  considerado,  atualmente,  como  um  dos  maiores  expoentes  brasileiros  em  pesquisas  sobre  motivação  educacional,  área  onde  participa  com  dezenas  de  trabalhos  e  livros  publicados.  Também,  são  consideradas  as  obras  do  canadense  Alberto  Bandura  (1982),  criador  da  teoria  da  autoeficácia,  descrita  como  o 

(6)

senso  de  autoestima  ou  valor  próprio,  onde  afirma  que  o  sentimento  de  adequação,  eficácia  e  competência  são  uma  das  mais  importantes  variáveis  para  enfrentar  os  problemas  descritos,  demonstrando,  ainda,  em  seu  trabalho,  que  pessoas  com  grau  elevado de autoeficácia acreditam ser capazes de lidar com os diversos acontecimentos  da  vida  cotidiana.  Por  sua  vez,  também  incluem‐se  no  contexto  deste  trabalho,  os  estudos  apresentados  por  Deci  e  Ryan  (2002),  que  sustentam  a  base  teórica  para  desenvolver  nossa  pesquisa  de  campo.  Deci  e  Ryan  são  pesquisadores  americanos  que  iniciaram  seus  estudos  sobre  motivação  acadêmica  no  início  da  década  de  oitenta  e,  embora  seja  uma  das  teorias  mais  recentes,  também  é  um  dos  mais  consistentes  princípios  sobre  motivação.  Ao  contrário  das  concepções  de  motivação  extrínseca  e  intrínseca,  as  quais,  quase  todos  os  autores  trabalham  separadamente,  Deci  e  Ryan  desenvolveram  um  constructo  onde  é  possível  entender  que  as  duas  variáveis  influenciam  uma  sobre  a  outra  e  se  complementam  através  da  análise  de  suas  subdivisões,  ou  seja,  na  Teoria  da  Autodeterminação  (SDT  ‐  Self  Determination  Theory),  como  foi  batizada  em  seus  estudos,  a  motivação  extrínseca  e  a  motivação  intrínseca  constituem  um  mesmo  continuum,  além  do  que,  dividem  a  motivação  extrínseca  em  quatro variáveis que nos facilitam o entendimento da questão motivacional. 

Deci e Ryan fazem da SDT um trabalho diferenciado, juntando as duas variáveis e  provando,  em  vários  momentos,  que  uma  pode  ser  complemento  da  outra.  Essa  interatividade  ocorre  através  de  quatro  variáveis,  que  conseguem,  independentemente  do  contexto  social  do  indivíduo,  apurar  que  todos  os  seres  humanos  possuem  predisposições  naturais  para  o  crescimento  e  necessidades  psicológicas  consideradas  inatas.  As  inclinações  e  necessidades  trabalham  como  apoio  no  desenvolvimento,  tanto  da  motivação  extrínseca,  quanto  da  intrínseca,  assim  como  da  psique  dos  indivíduos,  agindo  como  um  fator  norteador  do  comportamento  humano  na  demanda  pelo  crescimento e pelo desenvolvimento de suas tendências inerentes. Com isso, é possível  reconhecer o grau ou nível em que o comportamento de um indivíduo é automotivado e  autodeterminado.   

 Ao  possibilitar  sua  aplicação  à  área  da  educação,  a  teoria  da  autodeterminação  preocupa‐se  principalmente  com  a  promoção  dos  alunos  e  seu  interesse  na 

(7)

aprendizagem,  no  valor  da  educação  e  na  confiança  das  suas  próprias  capacidades  e  atributos.  

A autodeterminação, por outro lado, é tida como a capacidade que temos de fazer  escolhas  e,  ao  mesmo  tempo,  exerce  um  alto  grau  de  controle,  como  por  exemplo,  conhecer  como  e  porque  o  aluno faz  tal  coisa  (DECI;  RYAN,  2002).  A  autodeterminação  pode  ser  sustentada  por  proporcionar  oportunidades  para  que  os  alunos  possam  ser  desafiados,  incluindo  criar  espaços  para  o  exercício  de  liderança,  proporcionado  ainda,  por  meio  de  feedbacks,  com  o  estabelecimento  de  uma  boa  relação  entre  alunos  e  professores. 

O  estudo  da  autodeterminação  é,  comprovadamente,  uma  das  estratégias  mais  importantes  sobre  o  estudo  da  motivação,  pois,  nesse  contexto,  estamos  explorando  uma  decisão  tomada  pelo  próprio  indivíduo,  o  que  nos  parece  ser  mais  adequado  para  mantê‐lo  motivado,  já  que  estamos  tratando  de  suas  próprias  decisões  e,  por  isso,  acreditamos  ser  mais  difícil  de  voltar  atrás  sobre  uma  decisão  já  tomada.  Sobre  esse  contexto,  a  autodeterminação  nos  parece  uma  das  estratégias  mais  importantes  para  trabalhar na educação. Estratégias essas, se bem trabalhadas em sala de aula, bem como  no seio da própria faculdade, podem aumentar o interesse dos alunos, a competência, a  criatividade e o desejo de ser desafiado como forma de provar para si mesmo ou para os  demais  o  seu  desenvolvimento,  sua  inteligência,  o  que,  com  a  devida  sensibilidade  do  professor,  pode  servir  como  exemplo  para  despertar  os  demais,  nos  mostrando,  com  isso,  que  os  alunos  estariam  intrinsecamente  motivados  para  estudar.  A  SDT,  por  outro  lado, nos denuncia no aluno, que quando este percebe sua falta de autodeterminação, se  torna mais propenso a estar perdido e sem saber o que fazer, o que, segundo Deci e Ryan  (2002), faz com que estes alunos percam a motivação para estudar e o mau desempenho  se torna uma constante em sua vida acadêmica. 

Como uma macro teoria, a autodeterminação é composta por quatro mini teorias  que  se  complementam  e  se  inter‐relacionam.  Assim  se  refere  Boruchovitch  (2008)  quando,  em  sua  obra,  investiga  os  diferentes  conjuntos  de  um  mesmo  fenômeno  da  motivação.  

(8)

A  mini  teoria  das  necessidades  é  voltada  para  satisfazer  as  necessidades  básicas  do  indivíduo,  creditadas  por  Deci  e  Ryan  (2002),  como  aquelas  que  focalizam  as  necessidades psicológicas fundamentais como autonomia, competência e a necessidade  de  pertencer.  Já  a  mini  teoria  da  avaliação  cognitiva,  analisa  o  impacto  dos  eventos  externos  da  motivação,  ou  seja,  fatores  externos  que  podem  contribuir  para  motivar  a  pessoa,  sem,  no  entanto,  confundir  com  a  motivação  extrínseca.  Quando  fala  sobre  a  mini teoria da integração organísmica, o autor comenta que esta se concentra no estudo  da motivação extrínseca e no grau de sua internalização, ou seja, quando essa variável da  motivação  extrínseca  passa  a  incrementar  ou  capitalizar  a  motivação  intrínseca,  por  último,  a  mini  teoria  da  casualidade  voltada  para  explicar  as  diferenças  individuais  nas  orientações para os controles e autonomia, adicionando a dimensão da personalidade à  macro teoria (BORUCHOVITCH, 2008, p. 31). 

A  autonomia,  a  competência  e  a  necessidade  de  pertencer,  sob  nosso  ponto  de  vista, são as variáveis mais importantes para manutenção da motivação em um aluno. A  autonomia,  segundo  o  autor,  é  a  necessidade  do  indivíduo  sentir  que  um  determinado  comportamento  emana  dele  mesmo,  ou  seja,  demanda  da  satisfação  e  do  prazer  e  não  por forças com as quais ele não se identifica e, por isso poderia não o fazer de bom grado.  Assim, este comportamento é sentido como tendo uma causalidade interna e percebido  como  uma  escolha  (DECI;  RYAN,  1985).  A  competência  enfoca  a  necessidade  de  interações  eficientes  com  o  meio,  refletindo  assim,  o  desejo  de  exercer  as  capacidades  inatas que o indivíduo possui, despertando e mostrando suas habilidades, inteligência e  talento.  Desta  forma,  os  autores  buscam  e  dominam  desafios  ótimos,  ou  seja,  desafios  com  os  quais  o  aluno  sinta  que  pode  interagir  de  forma  eficiente,  resultando  em  maior  interesse  para  desenvolver  uma  determinada  tarefa.  A  necessidade  de  pertencer  e  de  vínculo,  reflete  o  desejo  de  estar  emocionalmente  relacionado  de  forma  agradável,  desejável, estável e duradoura dentro de um grupo com outras pessoas, o que faz com  que  o  estudante  se  sinta  querido  e  bem  relacionado  com  colegas  e  professores,  aumentando  assim  sua  autoestima,  o  que  lhe  dará  mais  facilidade  para  internalizar  valores e regulações endossadas pelos outros (REEVE; SICKNEUS, 1994).  

(9)

Nesse  olhar  acadêmico,  o  conceito  de  motivação  abrange  um  conjunto  de  inúmeras  variáveis  possíveis  e  que  podem  contribuir  ou  reprimir  a  motivação  para  aprendizagem no aluno. Pintrich (1991) identificou três categorias gerais de constructos  pertinentes  à  motivação  no  contexto  educativo,  onde  enumeram‐se  as  crenças  dos  indivíduos em suas capacidades para realizar uma determinada atividade, as suas razões  ou  propósitos  para  se  engajarem  na  atividade  e  suas  reações  afetivas  em  relação  à  atividade. 

Encorajar,  motivando  os  alunos  a  adquirirem  e  reter  conteúdos  considerados  relevantes,  parece  não  ser  o  suficiente  para  uma  educação  ideal.  Um  ambiente  escolar  tecnológico,  adequado  ao  conforto  dos  alunos,  aliado  a  professores  capacitados,  motivados,  que  gostam  do  que  fazem,  pode  proporcionar  não  a  simples  retenção  de  conteúdos,  mas  sim,  a  empreender  na  construção  de  novos  conhecimentos,  sem  que  o  aluno  sinta  o  peso  de  fingir  que  aprende  sem  motivação.  Pajares  e  Schunk  (2001)  salientam  em  sua  obra  que  a  escola  deveria  assumir  a  responsabilidade  de  capacitar  os  indivíduos  a  buscarem  seus  desejos  e  ambições,  e  abandonarem  hábitos  que  possam  comprometer seu futuro e fortalecê‐los para superar os possíveis obstáculos. 

Embora ainda não sejam encontrados muitos estudos no Brasil sobre a Teoria da  Autodeterminação, autores brasileiros como Boruchovitch, Bzuneck, Guimarães e outros,  escreveram vários artigos publicados em revistas e eventos, de onde retiramos subsídios  para elaboração deste artigo. 

Vejamos,  então,  com  base  nos  textos  de  Deci  e  Ryan  (2002),  algumas  variáveis 

consideradas  para  melhor  compreendermos  o  continuum  da  Teoria  da 

Autodeterminação: 

 Amotivação: O mesmo que desmotivação, ou seja, o indivíduo não possui  qualquer motivação para desenvolver nenhuma atividade. 

 Motivação  extrínseca:  Composta  pelas  formas  de  motivação  externa,  introjetada, identificada e integrada (Figura 2). 

(10)

 Introjetada:  Motivação  que  vem  da  nossa  pressão  interna  em  evitar  sentimentos  negativos.  Cria  expectativas  de  auto  aprovação,  criando  um  envolvimento para o nosso ego. 

 Identificada:  Despertada  através  de  uma  valorização  consciente  e  importante, pessoalmente, com a identificação de determinados objetivos.   Integrada: Congruente com outras necessidades e incorporado no self (faz 

parte  da  sua  vida).  Importante  lembrar  que  essas  categorias  não  se  misturam, pois cada um desses tipos de motivações provém de uma certa  fonte,  porém,  atuando  em  conjunto,  elas  definem  o  comportamento  do  indivíduo no ambiente de trabalho e do ensino. 

A  motivação  intrínseca  está  relacionada  ao  interesse,  prazer,  vontade  de  fazer,  divertimento,  satisfação  inerente,  valorização  consciente  e  importância  pessoal,  relacionado ao trabalho ou ato de estudar sem pressão de terceiros, ou seja, o aluno age  por satisfação. 

Deci  e  Ryan  (1985)  atribuíram  a  esta  teoria  seis  “níveis”  de  motivação,  desde  a  amotivação,  que  corresponde  à  ausência  total  de  motivação  e  intencionalidade,  até  a  motivação  intrínseca,  passando  pelos  quatro  tipos  de  motivação  extrínseca,  externa,  introjetada, identificada e integrada, em que a atividade representa interesse e prazer, ou  que seja importante pessoalmente. 

Figura 2 ‐ Formas de apresentação da Motivação Extrínseca 

(11)

 

Para  que  seja  possível  a  interiorização  da  motivação  extrínseca,  a  Teoria  da  Autodeterminação  também  pressupõe  três  necessidades  básicas  centrais  que,  quando  satisfeitas, torna possível “interiorizar” essa motivação: 

 Necessidade  de  competência:  Refere‐se  à  necessidade  de  o  indivíduo  se  sentir  útil.  De  que  sabe  “fazer”.  Mais  do  que  reconhecimento  externo,  reconhecer valor em si mesmo através da competência. 

 Necessidade de autonomia: Refere‐se a liberdade de executar a atividade a  sua “maneira”, tendo em conta os seus valores, seguindo os seus princípios  consoantes ao seu método. 

 Necessidade  de  Vinculo:  Refere‐se  à  necessidade  de  ter  vínculos,  relacionamentos  significativos.  Alguma  pessoa,  ou  pessoas,  que  se  importem para além da sua atividade. 

Na  Teoria  da  Autodeterminação,  além  de  não  existir  uma  fronteira  tão  evidente  entre  a  motivação  intrínseca  e  extrínseca,  defende‐se,  como  demonstrado  acima,  a  possibilidade  de  “intrinsecar”  ou  interiorizar  uma  motivação  extrínseca.  Esta  teoria  afirma que, satisfazendo‐se as três necessidades básicas centrais, conforme demonstrado  na Figura 3, é possível aumentar ou interiorizar a motivação.  Figura 3 ‐ Necessidades na formação da Teoria da Autodeterminação  Crédito da imagem: (DECI; RYAN, 1985)      

(12)

Guimarães  (2003)  e,  também,  Deci  e  Ryan  (2000),  relatam  que  a  motivação  extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo  à tarefa, a um prêmio ou à atividade que busca a obtenção de recompensas materiais ou  sociais,  atendimento  a  comandos  ou  pressões  de  outras  pessoas,  demonstração  de  competência e habilidade ou tentativa de evitar punições. Guimarães ainda comenta em  seu  trabalho  que,  no  contexto  escolar,  quando  o  aluno  está  motivado  apenas  extrinsecamente, acredita que o envolvimento em determinadas atividades resultará em  benefícios pessoais, ainda que não sinta prazer ou que seja atraído pela atividade em si.   O que o move, para a realização da atividade, são as consequências externas associadas a  ela.  

Com  o  estudo  desta  obra  descobriu‐se  que  existe  um  inconveniente  largamente  conhecido  e  que  tem  sido,  consistentemente,  o  foco  de  muitos  trabalhos,  que  é  o  da  possível  influência  negativa  de  motivadores  extrínsecos,  como  o  dinheiro,  prêmios,  comida,  etc.,  sobre  uma  motivação  intrínseca  já  existente.  Deci  e  Ryan  (2000)  atestam  que várias descobertas feitas nestes trabalhos têm confirmado que as diferentes formas  de motivação extrínsecas, de fato, prejudicam a motivação intrínseca, pois estas acabam  competindo entre si e com isso comprometendo o senso de autonomia do indivíduo. Na  realidade,  a  relação  entre  motivadores  extrínsecos  e  a  motivação  intrínseca  é  mais  complexa do que se pode concluir pelo senso comum. Deci e Ryan (2000) desenvolveram  essa  teoria,  ancorados  em  estudos  dirigidos  à  sua  pesquisa,  vindas  de  pensadores  e  críticos de todas as partes do mundo. Devido as suas indagações e outras colaborações  desenvolveram esse continuum, conforme apresentado na Figura 4. 

(13)

 

Figura  4  ‐  O  continuum  da  autodeterminação,  com  os  tipos  de  motivação,   seus estilos de regulação e os processos correspondentes.  

Adaptado de: (DECI; RYAN, 2000)   

Quanto a parte da pesquisa de campo que contempla este estudo, esta encontra‐ se em processo de elaboração dos questionários que serão aplicados em três turmas do  curso  de  administração,  no  turno  da  noite,  abrangendo  primeiro,  quinto  e  oitavo  semestres, em um polo em educação a distância, no sistema presencial conectado. Como  forma de se obter conclusões de como pensam os alunos sobre o tema questionado, em  diferentes estágios de um mesmo curso superior, serão aplicados os testes a alunos que  ingressam  no  primeiro  semestre  do  curso  superior  de  administração.  Em  seguida,  os  mesmos  questionários  serão  aplicados  em  uma  turma  do  quinto  semestre,  sendo  que,  espera‐se  que  isso  possibilite  avaliar  o  pensamento  dos  alunos  que  já  ultrapassaram  a  metade do curso e, finalizando nossa indagação, pretende‐se aplicar o mesmo processo  aos alunos do ultimo semestre do curso de administração. Com isso, espera‐se avaliar o  que  pensam  os  alunos  quando  estão  finalizando  o  curso.  A  ferramenta  utilizada  será  composta  por  uma  bateria  de  vinte  e  oito  questionários,  adaptados  da  Escala  de  Avaliação de Motivação Acadêmica (EMA), desenvolvida, inicialmente, por Vallerand et al.  (1993)  e  adaptada  por  Guimarães  e  Bzuneck  (2008),  com  medidas  de  sensibilidade  por  meio  da  escala  Likert  de  avaliação  de  cinco  pontos,  com  as  seguintes  alternativas:  Não  concordo totalmente, Não concordo parcialmente. 

(14)

Conclusões Parciais 

As explorações teóricas dão conta de que o estudo da motivação na educação é  um  importante  passo  para  que  alunos,  professores  e  gestores  educacionais,  busquem  formas  ou  alternativas  que  possam,  através  do  estudo  da  motivação,  contribuir  para  conscientização  da  necessidade  de  uma  união  entre  todos  por  uma  educação  mais  comprometida  com  a  qualidade  exigida  pela  sociedade.  A  pesquisa  reforça  ainda  a  convicção de que o estudo da motivação, no ensino superior, deixou de ser uma possível  variável  de  ajuda  na  construção  de  novos  caminhos,  para  se  tornar  numa  evidência  de  que dificilmente evoluiremos em constructos acadêmicos melhores, sem que nos dobre a  relevância da motivação, quanto sua influência na vida escolar dos alunos. 

As  pesquisas  até  esse  momento  demonstram  que  a  escolha  da  Teoria  da  Autodeterminação foi acertada, em virtude de nos mostrar inúmeras possibilidades, não  só no âmbito deste trabalho, mas poderão servir, principalmente, como uma janela que  poderá  nos  levar  a  um  novo  olhar  sobre  as  inúmeras  possibilidades  de  investigação  e  estudo do comportamento dos alunos nos cursos superiores. 

A gestão da entidade estudantil, pode motivar ou desmotivar o aluno? Por que o  aluno  vem  à  universidade?  Que  motivação  temos  para  estudar?  Existem  níveis  de  motivação?  Essas  são  algumas  perguntas  que  fazem  parte  desta  pesquisa,  em  andamento,  e  que  pretende  estabelecer  suas  conclusões  ao  final  deste  ano,  após  a  aplicação e análise dos questionários anteriormente mencionados. 

Finalizando essa investigação teórica, em sua fase de consolidação, deixamos em  aberto o seguinte questionamento: a vida moderna tem distanciado cada vez mais cedo e  por  mais  tempo  o  convívio  dos  pais  com  seus  filhos,  que  em  épocas  passadas  desempenhavam importante papel na educação, ensinando os menores e motivando os  adultos; será que somente com o conhecimento de novas fórmulas de como motivar os  alunos  em  sua  aprendizagem,  estaremos  aptos  a  devolver  a  sociedade  e  ao  exigente  mercado de trabalho contemporâneo, pessoas preparadas para o trabalho e para a vida?  Pensamos  que  essa  importante  questão,  também  deverá  ser  respondida  ao  final  desta  pesquisa. 

(15)

A    falta  de  motivação  para  estudar  é  um  fenômeno  que  preocupa  professores  e  demais  agentes  ligados  ao  meio  educacional.  Talvez  devido  a  falta  de  incentivo  no  passado, para que as pessoas ascendessem a um curso superior, criou‐se no país a cultura  de  que  esse  seria  um  privilégio  apenas  para  os  mais  abastados.  A  globalização  avança  sobre nós, trazendo em seu bojo tecnologias cada vez mais sofisticadas, que nos exigem  conhecimentos, para os quais não estávamos preparados para receber.  

Segundo  Bandura  (1982),  para  termos  um  aluno  motivado  em  sala  de  aula,  uma  das alternativas é não deixá‐lo fracassar em sala de aula. Ainda, segundo dados do IBGE,  em 1970, 4.5% da população brasileira possuía curso superior. Em 1980, 9.3%. Nos anos 90,  esse número subiu para  11% e na virada do século, o percentual da população brasileira  com diploma universitário chegou a  12.1% da população total. Em 2010, segundo dados do  IBGE, interpretados por Cieglinski (2011), da parcela da população que tem entre 25 a 29  anos,  13%  tem  curso  superior,  sendo  que  no  geral,  apenas  11.3%  tem  curso  superior  completo,  ou  seja,  embora  o  governo  tenha  criado  vários  incentivos  para  facilitar  o  acesso a esse nível de conhecimento, como a criação de novas universidades, diminuído  os  juros  do  FIES  e  criando  um  grande  número  de  vagas  no  PROUNI,  o  aumento  no  percentual da população com diploma no chamado terceiro grau caminha lentamente. 

Ainda que o número de matrículas tenha aumentado substancialmente, o número  de alunos que conclui o terceiro grau é muito pequeno em relação aos países próximos  de  nós,  como  o  Chile  por  exemplo,  onde  24%  de  sua  população  já  concluíram  um  curso  superior,  ou  seja,  o  dobro  da  nossa.  Lembrando,  ainda,  que  na  Rússia,  país  membro  do  BRIC  e  com  nível  de  desenvolvimento    semelhante    ao  do  Brasil,  54%  da  sua  população  conclui  o  ensino  superior  e,  entre  os  países  da  OCDE  (Organização  para  Cooperação  e  Desenvolvimento Econômico), a média é de 28%, isto é, mais do que duas vezes a média  brasileira.          

(16)

Referências 

CIEGLINSKI, A. Metade dos jovens de 14 anos já superou escolaridade de suas mães.   EXAME.com, on‐line, nov. 2011. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/  metade‐dos‐jovens‐de‐14‐anos‐ja‐superou‐escolaridade‐de‐suas‐maes>. Acesso em:  21/04/2014.   DECI, E. L.; RYAN, R. M. Handbook of self‐determination research. Rochester: University  of Rochester Press, 2002.   __________. The “what” and “why” of goal pursuits: human needs and the self‐ determination of behavior. PSYCHOLOGICAL INQUIRY, v.11, n.4, p.227‐268, 2000.   __________.  Intrinsic  motivation  and  self‐determination  in  human  behavior.   New   York: Plenum Press, 1985.   FARR, R. M. As raízes da psicologia social moderna. Petrópolis: Vozes, 2008.   GUIMARÃES, S. E. R. Avaliação do estilo motivacional do professor: adaptação e  validação de um instrumento. 2003. 189 f.   Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de  Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.   __________.; BZUNECK, J. A. Propriedades psicométricas de um instrumento para  avaliação da motivação de universitários. CIÊNCIAS & COGNIÇÃO, Rio de Janeiro, v.13, n.1,  p.101‐113, 2008.   MORAN, J. M. O que é educação a distância. INFORME CEAD, SENAI, Rio de Janeiro, 2002.   BANDURA, A. Self‐efficacy: the exercise of control. New York: W. H. Freeman, 1982.   BORUCHOVITCH, E. A motivação para aprender de estudantes em cursos de formação de  professores. Porto Alegre: Educação, 2008.   __________.; BZUNECK, J. A. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia  contemporânea.  4. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.   DRUCKER, P. F. Desafios da gestão para o século 21. São Paulo: Pioneira, 1999.   PAJARES, F.; SCHUNK, D. H. Self‐beliefs and school success: self‐efficacy, self‐concept,  and school achievement. RIDING, R. J.; RAYNER, S. G. (Eds.). In: INTERNATIONAL  PERSPECTIVES ON INDIVIDUAL DIFFERENCES: Self perception, v. 2. Westport CT: Ablex  Publishing, 2001.  

(17)

PINTRICH, P. R. Editor’s comments. EDUCATIONAL PSYCHOLOGIST, n.26, p.199‐205, 1991.   REEVE, J.; SICKNEUS, B. Development and validation of a brief measure of three  psychological needs underlying intrinsic motivation: the AFS scales. EDUCATIONAL &  PSYCHOLOGICAL MEASUREMENT, Washington, v.54, n.2, p.506‐516, 1994.   VALLERAND, R. J.; PELLETIER, L. G.; BLAIS, M. R.; BRIÈRE, N. M.; SENÉCAL, C. ; VALLIÉRES,  E. F. The Academic Motivation Scale: a measure of intrinsic, extrinsic and amotivation in  education. EDUCATION AND PSYCHOLOGICAL MEASUREMENT, v.56, p.1003‐1017, 1992.    

Referências

Documentos relacionados

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da

Postura contrária foi encontrada com a colega de trabalho, já que as duas trabalham na escola Beta, onde a professora (E) diz.. que seria importante conhecer esse aluno, pois

Considerando-se que o trabalho de Coordenação Pedagógica revela complexidades pró- prias que, num contexto prático, posiciona o profissional perante a validação de registros de

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Apresentaremos a seguir alguns resultados que serão fundamentais para obtermos uma generalização dos teoremas das seçãos anterior para uma versão com tempo contínuo. Consideremos

Alves (2001) ressalta que a variável custos da qualidade ambiental decorrente de gastos para manter o padrão de emissão dos resíduos, em conformidade com as leis que regulamentam