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COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO EUROPEU, AO CONSELHO E AO BANCO CENTRAL EUROPEU

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COMISSÃO

EUROPEIA

Bruxelas, 6.12.2017 COM(2017) 823 final

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO EUROPEU, AO CONSELHO E AO BANCO CENTRAL EUROPEU

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1. INTRODUÇÃO

No discurso de 2017 sobre o Estado da União e na carta de intenções que o acompanhava, o Presidente Juncker referiu a possibilidade de criar o cargo de ministro europeu da economia e das finanças1. Nas suas palavras, «o comissário responsável pelos assuntos económicos e financeiros

– idealmente também vice-presidente – deveria exercer o cargo de ministro da economia e das finanças, devendo igualmente presidir ao Eurogrupo.» A presente comunicação dá seguimento a esse

anúncio. Tem por base o debate suscitado pelo documento de reflexão sobre o aprofundamento da União Económica e Monetária2 e apresenta a via a seguir. Tem igualmente por base as ideias formuladas no Relatório dos Cinco Presidentes3, as ideias expressas pelo Parlamento Europeu4, assim como as ideias da Cimeira do Euro, que teve lugar em outubro de 2011 e na qual os Chefes de Estado e de Governo já tinham debatido a possibilidade de nomear um presidente do Eurogrupo a tempo inteiro5.

A atual arquitetura da União Económica e Monetária é intrinsecamente complexa. Comparada com a política monetária, que é unificada para os Estados-Membros da área do euro e facilmente identificada pelos cidadãos, a política económica é essencialmente gerida pelos Estados-Membros de forma isolada, sendo a coordenação a nível da UE e da área do euro conduzida por diversos intervenientes. As instituições competentes têm evoluído progressivamente e combinam as instituições da UE e alguns organismos intergovernamentais. Esses organismos têm os seus próprios diretores ou presidentes, desenvolveram os seus próprios sistemas de responsabilização e trabalham no âmbito de vários quadros jurídicos que por vezes se sobrepõem. Esta situação conduziu a processos decisórios complexos, muitas vezes criticados por não serem suficientemente compreensíveis e eficazes. Tal requer também muita coordenação entre os intervenientes para garantir uma aplicação totalmente coerente das políticas e dos instrumentos da UE.

Como sublinhado no Relatório dos Cinco Presidentes, a governação eficaz e o reforço da responsabilização democrática são elementos essenciais para a conclusão da União Económica e Monetária. A criação de um cargo de ministro europeu da economia e das finanças será um passo importante nessa direção. Ao combinar funções já existentes a nível da UE e ao reunir instrumentos políticos estreitamente ligados, o ministro ajudará a criar novas sinergias, melhorando dessa forma a coerência e a eficácia globais das políticas económicas da UE. Atuando no âmbito do quadro jurídico da UE, o ministro contribuirá também para aumentar a transparência das políticas da UE, o grau de responsabilização perante o Parlamento Europeu e a interação com as autoridades nacionais, sem interferir nas competências nacionais ou em questões que podem ser mais bem tratadas a nível nacional.

1 Presidente Jean-Claude Juncker, discurso de 2017 sobre o Estado da União, 13 de setembro de 2017. 2

COM(2017) 291 de 31 de maio de 2017.

3 Concluir a União Económica e Monetária Europeia – Relatório apresentado por Jean-Claude Juncker, em

estreita cooperação com Donald Tusk, Jeroen Dijsselbloem, Mario Draghi e Martin Schulz, 22 de junho de 2015.

4 Na resolução de 16 de fevereiro de 2017 sobre possíveis desenvolvimentos e ajustamentos do atual quadro

institucional da União Europeia, o Parlamento Europeu apelou a que «o poder executivo [da União] seja concentrado na Comissão, na pessoa de um ministro das finanças da UE».

5 Na Cimeira do Euro de 26 de outubro de 2011, os chefes de Estado e de Governo dos países da área do euro

chegaram a acordo sobre dez medidas para melhorar a governação da área do euro, tendo sido acordado que

«no termo do mandato do atual detentor do cargo, decidir-se-á se o presidente deverá ser eleito de entre os membros do Eurogrupo ou se deverá ser um presidente a tempo inteiro, sediado em Bruxelas».

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2 Nos últimos anos, a Comissão tem elevado gradualmente a coordenação das questões económicas com o Colégio de Comissários. A Comissão presidida por Jean-Claude Juncker reforçou ainda mais o papel dos vice-presidentes, incluindo em questões relacionadas com o euro e o Semestre Europeu de coordenação das políticas económicas, desempenhando cada vez mais uma função de coordenação. Tal permite ter uma visão global de um vasto leque de temas relativos a vários domínios políticos e respetivos serviços.

A atual governação da União Económica e Monetária é complexa

Fonte: Comissão Europeia

Com a presente Comunicação, a Comissão expõe a forma como o futuro ministro europeu da economia e das finanças poderá ter um lugar na arquitetura de governação da União Económica e Monetária. Deste modo, a comunicação descreve as principais funções do ministro europeu da economia e das finanças, define o quadro institucional em que o ministro pode trabalhar e estabelece um calendário potencial para a criação deste novo cargo. Em especial, a presente comunicação descreve o valor acrescentado de uma fusão final da função de vice-presidente da Comissão responsável pela União Económica e Monetária com a função de presidente do Eurogrupo e sublinha que os Tratados em vigor da União já permitem dar esse passo.

Eventuais responsabilidades do ministro europeu da economia e das finanças numa fase estabilizada

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Fonte: Comissão Europeia

2. FUNÇÕES DO MINISTRO EUROPEU DA ECONOMIA E DAS FINANÇAS:

ASSEGURAR A COERÊNCIA E A EFICIÊNCIA

Apresentam-se, em seguida, as possíveis funções principais do ministro europeu da economia e das finanças, na sua forma definitiva. A reunião dessas funções contribuiria para reforçar a coerência e a eficiência globais das políticas económicas da UE.

Defender os interesses gerais da economia da UE e da área do euro e representar esses interesses a nível mundial

Hoje em dia, o interesse comum da UE e da área do euro ainda não está suficientemente representado no debate público e na tomada de decisões na Europa. Apesar de a política monetária estar centralizada ao nível da área do euro, as políticas orçamentais, fiscais e setoriais estão descentralizadas, o que reflete as competências e circunstâncias nacionais, sem refletir necessariamente ou de forma espontânea as prioridades comuns. A recomendação sobre a política económica da área do euro apresentada no âmbito do Semestre Europeu contribuiu para melhorar a coordenação das políticas da área do euro nos últimos anos. No entanto, a sua implementação depende da vontade coletiva dos Estados-Membros e a coordenação das políticas exige orientação e acompanhamento constantes a nível da UE.

Simultaneamente, o euro estabeleceu-se como uma das principais moedas a nível mundial mas a sua representação global ainda é muito fragmentada. Desde o lançamento, o euro é a segunda moeda mais utilizada em todo o mundo. Porém, em instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, a área do euro não está representada como entidade única. A representação económica externa da UE e da área do euro está atualmente dividida, com diferentes funções conferidas à Comissão, ao Banco Central Europeu, ao presidente do Eurogrupo e à

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4 presidência do Conselho da UE. Esta representação fragmentada significa muitas vezes que a área do euro atua muito aquém do seu peso político e económico a nível mundial.

O ministro europeu da economia e das finanças poderá ajudar a promover o interesse geral da União e da economia da área do euro, tanto a nível interno como mundial. Graças ao cargo de ministro, ter-se-á um interlocutor principal ao nível da UE em matéria de políticas económicas, orçamentais e financeiras face às instituições e organismos da UE, aos Estados-Membros e aos cidadãos. O ministro assumirá também naturalmente a função de representação externa do euro.6

Reforçar a coordenação das políticas e supervisionar as normas económicas, orçamentais e financeiras

A coordenação das políticas económicas na UE foi consideravelmente reforçada durante a crise económica e financeira. O Semestre Europeu tem sido continuamente melhorado a fim de incentivar as reformas e a respetiva implementação. O recém-criado Serviço de Apoio à Reforma Estrutural da Comissão presta apoio técnico aos Estados-Membros para os ajudar neste sentido. Esta iniciativa tem sido apoiada por novas iniciativas a nível da UE, nomeadamente em matéria de luta contra o desemprego dos jovens, luta contra a evasão fiscal e, recentemente, com a proclamação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais. A UE tomou igualmente medidas decisivas no sentido de uma União dos Mercados de Capitais e da conclusão da União Bancária, devendo essas medidas ser prosseguidas. No entanto, a implementação de reformas nos Estados-Membros continua a ser desigual. Perderam-se também algumas oportunidades de melhorar a coordenação e aprender uns com os outros, havendo uma necessidade constante de adaptar as prioridades nacionais e da UE à luz da evolução das circunstâncias.

O ministro europeu da economia e das finanças poderá contribuir para reforçar a coordenação das políticas económicas e assegurar a coerência dos vários domínios de intervenção, com base no trabalho já realizado pela Comissão juntamente com os Estados-Membros. O ministro, no âmbito de um estreito diálogo bilateral e multilateral com as autoridades nacionais e com o Parlamento Europeu, poderá promover a coordenação e a implementação de reformas nos Estados-Membros. Dado que as reformas estruturais podem ter efeitos positivos, o ministro representará uma mais-valia na elaboração da agenda ideal de reformas para a UE e para a área do euro em geral.7

Declaração sobre a política orçamental adequada para a área do euro, de apoio à política monetária do Banco Central Europeu

Juntamente com a política monetária, a política orçamental desempenha um papel fundamental na estabilização das condições macroeconómicas, servindo simultaneamente os objetivos mais amplos de sustentabilidade orçamental e redistribuição8. A Comissão apresenta regularmente recomendações ao Conselho sobre as políticas orçamentais dos Estados-Membros, tendo em conta a

6 Ver igualmente o documento COM(2015) 602 final, de 21 de outubro de 2015, sobre o Roteiro para uma

representação externa mais coerente da área do euro nas instâncias internacionais, e o documento COM(2015) 603 final, de 21 de outubro de 2015, sobre uma proposta de decisão do Conselho que define medidas com vista a estabelecer progressivamente uma representação unificada da área do euro no Fundo Monetário Internacional.

7 COM(2017) 825 e COM(2017) 826 de 6 de dezembro de 2017.

8 Por outro lado, a declaração dos líderes do G-20, de 8 de julho de 2017, sublinhou a necessidade de utilizar a

política orçamental, a par das políticas monetárias e estruturais, de forma individual e coletiva, para atingir o objetivo de um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo, reforçando simultaneamente a resiliência económica e financeira.

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5 flexibilidade consagrada no atual conjunto de normas orçamentais da UE9. Nos últimos anos, a Comissão e o Conselho têm também prestado maior atenção à orientação orçamental global da área do euro, tendo em conta o interesse geral e a responsabilidade coletiva pela área do euro no seu conjunto.10 No entanto, o êxito da execução de uma orientação orçamental global adequada para a área do euro exige a vontade individual e coletiva dos Estados-Membros de dar seguimento a essa estratégia.

O ministro europeu da economia e das finanças poderá contribuir para a identificação e a prossecução de uma política orçamental adequada para a área do euro no seu conjunto. Enquanto Membro da Comissão, o ministro coordenará a supervisão das políticas orçamentais dos Estados-Membros, garantindo a sustentabilidade orçamental e aplicando o Pacto de Estabilidade e Crescimento com a orientação económica que as normas preveem. Parte desta tarefa consistirá também em avaliar a adequação da orientação da política orçamental da área do euro, contribuindo assim para encontrar um equilíbrio entre os interesses orçamentais dos Estados-Membros e a melhor solução para a área do euro no seu conjunto. Outra função consistirá em promover a qualidade e a melhor composição das finanças públicas, bem como o funcionamento dos quadros orçamentais nacionais, a fim de maximizar o respetivo impacto sobre o crescimento e o emprego. Deste modo, o ministro irá basear-se nos pareceres do Conselho Orçamental Europeu11 e será um interlocutor essencial para os conselhos orçamentais nacionais.

Supervisão da utilização dos instrumentos orçamentais da UE e da área do euro, incluindo instrumentos de apoio às reformas, estabilização macroeconómica e convergência

O orçamento da UE e outros instrumentos orçamentais da UE e da área do euro desempenham já um papel estratégico no apoio aos Estados-Membros para promover a convergência, o crescimento a longo prazo, o investimento e a estabilidade financeira. Cerca de metade do financiamento da UE é atualmente canalizado para projetos concretos através dos cinco Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. A relação entre estes fundos e as prioridades do Semestre Europeu tem sido reforçada ao longo dos anos com o objetivo de apoiar prioridades comuns. As ações apoiadas pelo orçamento da UE são complementadas por uma série de instrumentos e organismos da área do euro, designadamente o Banco Europeu de Investimento e o Mecanismo Europeu de Estabilidade. No entanto, a crise demonstrou que a arquitetura e o âmbito das finanças públicas da UE ainda não abrangem integralmente as necessidades específicas da área do euro. Considerando que a UE e a área do euro aumentaram a sua capacidade de concessão de empréstimos nos últimos anos, o potencial de estabilização macroeconómica e de convergência ainda é limitado12. Numa perspetiva de

9 COM(2015) 12 final de 13 de janeiro de 2015. 10

A «orientação orçamental» é geralmente entendida como a orientação dada à política orçamental por decisões discricionárias dos governos em matéria de impostos e de despesas, determinando o papel que a política orçamental desempenha no ciclo económico. Se for bem concebida, nomeadamente em combinação com reformas e apoio ao investimento, e com a ajuda de uma futura função de estabilização orçamental, uma política orçamental mais ativa pode contribuir para a redução mais rápida do desemprego a curto prazo, mas também para aumentar o crescimento (potencial) a médio prazo na área do euro. Ver também COM(2016) 727 final de 16 de novembro de 2016.

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O conselho é um órgão consultivo independente da Comissão sobre questões orçamentais com o objetivo de romover um debate público mais informado e uma melhor coordenação das políticas orçamentais nacionais.

12 Ver também o Documento de reflexão da Comissão sobre o futuro das finanças públicas da UE, COM(2017)

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6 futuro, a Comissão propõe hoje uma série de novos instrumentos orçamentais para a estabilidade da área do euro no quadro da União13.

O ministro europeu da economia e das finanças coordenará o recurso aos instrumentos orçamentais da UE e da área do euro que se afiguram adequados e maximizará o seu impacto em apoio das prioridades comuns. O ministro deverá diligenciar no sentido de garantir a utilização coerente e eficaz destes instrumentos e de procurar constantemente encontrar sinergias na sua execução, em estreita cooperação com os Comissários competentes e as autoridades públicas a todos os níveis. A coordenação dos trabalhos da Comissão relativos ao Plano de Investimento para a Europa deverá assumir especial importância.14. Nessa função, o ministro será igualmente responsável pelas relações da Comissão com o Banco Europeu de Investimento.

3. ASPETOS INSTITUCIONAIS: LEGITIMIDADE E RESPONSABILIZAÇÃO

DEMOCRÁTICAS

O novo cargo de ministro europeu da economia e das finanças pode contribuir para simplificar ainda mais o quadro de governação da UE e reforçar a dimensão europeia das políticas económicas. Com efeito, a «dupla função» prevista – membro da Comissão e presidente do Eurogrupo – já é possível no âmbito dos Tratados em vigor. O artigo 2.º do Protocolo n.º 14 relativo ao Eurogrupo, anexo aos Tratados, refere que «os ministros dos Estados-Membros cuja moeda seja o

euro elegem um presidente por dois anos e meio, por maioria desses Estados-Membros.»15 O ministro não criará um novo nível burocrático supranacional, nem interferirá nas competências nacionais. Mediante a combinação das funções existentes e das competências disponíveis a nível da UE, o ministro ajudará a criar sinergias, contribuindo assim para um quadro de governação mais eficaz.

O ministro como vice-presidente da Comissão

Dado o papel institucional da Comissão enquanto promotora do interesse geral, um vice-presidente da Comissão poderia assumir as funções de ministro europeu da economia e das finanças. Deste modo, poder-se-á criar um mandato claro e unificado de representante dos interesses económicos e orçamentais de toda a UE e da área do euro, que será igualmente o elemento de referência principal dentro e fora da Comissão.

O ministro poderá orientar e coordenar o trabalho em vários domínios políticos e serviços da Comissão. Representará a Comissão nas reuniões do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu, sem direito a voto, tal como previsto no artigo 284.º, n.º 1, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. Será igualmente responsável pelo diálogo social a nível da UE e pela interação com os principais intervenientes.

O ministro enquanto presidente do Eurogrupo

13 COM(2017) 822 de 6 de dezembro de 2017.

14 O Plano de Investimento para a Europa foi lançado pela Comissão Europeia, em conjunto com o Banco

Europeu de Investimento, com o objetivo de incentivar os investimentos privados na economia da UE e fazer face aos entraves ao investimento, tendo sido alcançados os primeiros resultados significativos com 251 mil milhões de EUR de investimentos mobilizados até agora.

15 Os ministros do Eurogrupo só teriam de alterar os seus métodos de trabalho, que são acordados

informalmente, por maioria simples. Esses métodos de trabalho preveem atualmente que os candidatos ao cargo de presidente ocupem o cargo de ministro das finanças nacional.

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7 O ministro europeu da economia e das finanças poderá ser eleito presidente do Eurogrupo com vista a tomar em conta os interesses da área do euro no seu conjunto. Até agora, o Eurogrupo tem sido presidido pelo ministro das finanças de um Estado-Membro da área do euro. Enquanto presidente do Eurogrupo, o ministro apresentará e procurará um amplo consenso sobre a orientação política e a estratégia global para a área do euro, contribuindo para equilibrar e harmonizar os pontos de vista dos ministros nacionais com as prioridades comuns fixadas a nível da área do euro e da UE. O ministro garantirá ainda a coerência na preparação das reuniões da Cimeira do Euro.

O papel do Eurogrupo e do seu presidente ao longo do tempo

O Eurogrupo é um órgão informal em que os ministros das finanças dos Estados-Membros pertencentes à área do euro debatem assuntos relacionados com as responsabilidades que partilham no domínio do euro. A sua principal função é assegurar uma coordenação estreita das políticas económicas dos Estados-Membros da área do euro, no pleno respeito das competências atribuídas ao Conselho nos termos do artigo 121.º do TFUE.

O Conselho Europeu aprovou a criação do Eurogrupo em 13 de dezembro de 199716. Numa resolução

sobre a coordenação das políticas económicas, o Conselho concluiu que «os ministros dos Estados que participem na zona do euro podem reunir-se a título informal para debater questões relacionadas com as responsabilidades específicas que partilham em matéria de moeda única.» O Eurogrupo reuniu-se pela primeira vez em 4 de junho de 1998. Nos primeiros anos de existência, o Eurogrupo foi presidido pela Presidência rotativa do Conselho, exceto nos casos em que a Presidência do Conselho era assegurada por um Estado-Membro não pertencente à área do euro, caso em que a Presidência era assegurada pelo país seguinte da área do euro que exerceria a Presidência do Conselho.

Em 10 de setembro de 2004, o Eurogrupo decidiu ter um presidente permanente, nomeado por um período de dois anos. Na reunião informal do Conselho (ECOFIN) em Scheveningen, nos Países Baixos, Jean-Claude Juncker foi eleito primeiro presidente permanente do Eurogrupo.

O Protocolo n.º 14 relativo ao Eurogrupo entrou em vigor juntamente com o Tratado de Lisboa, em 1 de dezembro de 2009. O Protocolo determina que os ministros dos Estados-Membros cuja moeda seja o euro se reúnem entre si de maneira informal para debater questões relacionadas com as responsabilidades específicas que partilham no domínio da moeda única e elegem um presidente por dois anos e meio, por maioria simples dos votos.

Desde outubro de 2008, têm-se realizado reuniões regulares dos Chefes de Estado e de Governo. Na reunião de 26 de outubro de 2011, os chefes de Estado e de Governo chegaram ao seguinte acordo em relação ao presidente do Eurogrupo: «No termo do mandato do atual detentor do cargo, decidir-se-á se o presidente deverá ser eleito de entre os membros do Eurogrupo ou se deverá ser um presidente a tempo inteiro, sediado em Bruxelas.» Foi igualmente decidido que o Grupo de Trabalho do Eurogrupo prepararia as reuniões do Eurogrupo, com base nos conhecimentos técnicos fornecidos pela Comissão. Foi também clarificado que o Grupo de Trabalho do Eurogrupo seria presidido por um presidente a tempo inteiro, sediado em Bruxelas, em princípio, ao mesmo tempo que o presidente do Comité Económico e Financeiro, por um período de dois anos que pode ser prorrogado. 17

16 Conclusões da Presidência do Conselho Europeu, Luxemburgo, 12 e 13 de dezembro de 1997.

17 Em maio de 2013, a França e a Alemanha também apresentaram um documento conjunto intitulado «Juntos

para uma Europa da estabilidade e do crescimento mais forte». O documento propõe reforçar a governação

da área do euro «após as próximas eleições europeias. [...] Tal poderá incluir: [...] um presidente a tempo

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8 O Eurogrupo poderá acordar eleger o ministro como seu presidente para toda a duração do mandato da Comissão. Isto será compatível com as funções do ministro como membro da Comissão, representando o interesse geral, e não exigirá uma revisão do Tratado18.

O ministro europeu será apoiado na preparação das reuniões do Eurogrupo pelo presidente permanente do Comité Económico e Financeiro/Grupo de Trabalho do Eurogrupo e por um secretariado com base em todos os conhecimentos disponíveis, garantindo que não criadas nem duplicadas estruturas adicionais19.

O ministro supervisiona o trabalho do Fundo Monetário Europeu

O presidente do Eurogrupo preside atualmente ao Conselho de Governadores do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Este último foi criado, com base intergovernamental, durante a crise, a fim de prestar apoio aos Estados-Membros com dificuldades financeiras. Tomando por base o Mecanismo Europeu de Estabilidade, a Comissão propõe hoje integrar o Fundo Monetário Europeu no quadro jurídico da União20.

Na qualidade de presidente do Eurogrupo, o ministro presidirá igualmente ao Conselho de Administração do Fundo Monetário Europeu. Desta forma o ministro exercerá um papel neutro, tendo em conta os interesses dos acionistas do Fundo Monetário Europeu de forma equilibrada.

Responsabilização perante o Parlamento Europeu

A Comissão é responsável perante o Parlamento Europeu. Os membros da Comissão também participam ativamente com o Parlamento Europeu nas questões económicas e orçamentais, nomeadamente através de diálogos económicos constantes dos chamados «Six-pack» e «Two-pack» («pacote de seis medidas legislativas» e «pacote de duas medidas legislativas»21). O Eurogrupo e o Mecanismo Europeu de Estabilidade cooperam com o Parlamento Europeu numa base voluntária. O ministro será responsável perante o Parlamento Europeu relativamente a as questões relacionadas com as suas funções e estará também disponível para diálogos com os parlamentos nacionais. Enquanto membro do Colégio dos Comissários, o ministro será submetido a uma audição pelo Parlamento Europeu. Na sequência de uma votação de aprovação, o ministro será designado como membro do Colégio de Comissários. O ministro continuará a ter diálogos periódicos com o Parlamento Europeu e com os parlamentos nacionais. Além disso, em consonância com o atual processo de análise dos projetos de planos orçamentais dos Estados-Membros da área do euro, os parlamentos nacionais podem solicitar ao ministro que lhes apresente o parecer da Comissão sobre o respetivo projeto de plano orçamental.

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A Comissão participa nos trabalhos do Eurogrupo, como previsto no Protocolo n.º 14 anexo aos Tratados. O artigo 17.º, n.º 1, do TUE estabelece a missão da Comissão de promover o interesse geral da União em todas as suas atividades. Por conseguinte, é o direito primário da União que deixa claro que não existe nenhuma incompatibilidade entre as funções de um membro da Comissão e a participação nos trabalhos do Eurogrupo. 19

Os trabalhos do Eurogrupo são preparados pelo Grupo de Trabalho do Eurogrupo (GTE). O GTE e o Comité Económico e Financeiro (CEF) são presididos por um presidente permanente desde 2012. Nas instalações do Conselho, o presidente do CEF/GTE é assistido por um secretariado cujo pessoal é disponibilizado pela Comissão e está sediado na mesma. Esta organização tem permitido sinergias e demonstrou ser eficiente. Poderá continuar a ser desenvolvida com a criação do cargo de ministro europeu da Economia e das Finanças.

20 COM(2017) 827 de 6 de dezembro de 2017. 21 Regulamentos (UE) n.os

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4. CONCLUSÕES

A Comissão considera que o cargo de ministro europeu da economia e das finanças constituirá um importante passo institucional para uma governação económica da União Europeia mais coerente, mais eficaz e mais responsável.

A Comissão insta o Parlamento Europeu e o Conselho, bem como os Estados-Membros, a refletirem sobre as ideias expressas na presente comunicação, com vista a chegar a um entendimento comum no contexto da discussão sobre o aprofundamento da União Económica e Monetária previsto na Agenda dos Dirigentes.

No âmbito dos Tratados em vigor, este cargo pode ser criado sequencialmente, de acordo com o seguinte calendário:

 o cargo de ministro como vice-presidente da Comissão pode ser criado como parte da nomeação da próxima Comissão, em novembro de 2019.

 o Eurogrupo pode concordar em eleger o ministro como seu presidente para dois mandatos consecutivos, chegando desta forma ao alinhamento do seu mandato com o mandato da Comissão.

Referências

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