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Griffith estabeleceu a primazia do filme dramático na América. O seu

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Academic year: 2021

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riffith estabeleceu a primazia do filme dramático na América. O seu

exemplo serviu para influenciar diretores de outros paises desde a Rus sia até a Itália passando por todos os países por onde os seus filmes foram vistos. Junto com o cinema dramático a comédia desenvolvia-se princi-palmente na América e na França. Exemplares são os filmes de Mack Sennett e outros que vieram depois como Buster Keaton os e Charles

Chaplin. Mas havia e sempre houve uma terceira e importante modalidade de cinema: o documentário. Para dizer a verdade o cinema nasceu com o documentário pois os primeiros registros de Thomas Edison e a maior parte do trabalho dos Irmãos Lumière provém da filmagem de fatos reais sem encenação alguma ou sem a intenção de criar um ambiente, uma narrativa ou uma situação não existentes.

Essencialmente esta é a principal preocupação do documen-tário: registrar eventos , locais pessoas e acontecimentos como eles são. Este acaba sendo também o grande valor do genero. Desde os primeiros registros cinematográficos que nos mostram como eram as coisas nessa época o grande fascínio que o cinema exercia e exerce ainda e devido ao fato de as pessoas verem os fatos refle-tidos com tanto realismo nessa tela luminescente. Esse fascínio até hoje não desapareceu referindo-se a isso é que Godard disse certa vez que" o cinema é a realidade 24 vezes por segundo"

A capacidade do cinema ser uma cópia fiel e muito convin-cente da realidade proporciona-lhe o poder de transportar os individuos para lugares nunca antes vistos ou imaginados e mos-trar-lhes eventos e acontecimentos aos quais nunca estiveram pre-sentes. Este poder revelador do cinema exerce um enorme fascínio sobre as pessoas satisfazendo a curiosidade inerente a todos os se-res humanos. Neste sentido o cinema torna-se um intrumento do

saber. É por isto que o homem moderno embora seja admirador da fantasia proporcionada pelo cinema dramático ou de ficção com todos os seus efeitos especiais ainda é um ávido consumidor de imagens documentárias na forma de

reportagens noticiosas pela televisão, por documentários em vídeo cassete ou no próprio cinema.

Também de suma importância é o fato que em última instância todo fil-me de ficção por fantástico que seja tem que ser convincente. Os estudiosos e críticos de cinema chamam este aspecto de verossimilhança (vero=verdade +

similhança = parecer com). A verdade é que por incrível que seja um evento ele

O CINEMA DOCUMENTÁRIO

O NOVO IMPACTO DA REALIDADE

Fig. 4.1 O cinema documentário é feito de ação , aventura e vida. E a

realidade 24 vezes por segundo.

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tem que parecer possível. O cinema fantástico tem que fazer o impossível parecer possível. De certa maneira fazer acontecer o impossível na tela é fazer com que aquilo se torne possível. O fantástico somente nos emociona quando acontece diante de nossos próprios olhos. Essa é a pura verdade. Um filme de ficção para emocionar mesmo tem que parecer real. As transformações de pessoas em monstros , o voar dos E.T.s pelos ares, as explosões, tudo tem que parecer real. Todo espectador sabe embora alguns mais do que outros, que não ha maior descepção do que ver truques mal feitos ou aquilo que denominamos de "defeitos especiais". Os nossos próprios sonhos nos emocionam porque mesmo sendo fantásticos e

impossí-veis eles envolvem a nossa emoção. Como já dissemos o cinema nasceu com uma vocação naturalmen-te documentária. Nos primeiros anos, mesmo enquanto Mélies e outros des-cobriam os caminhos da ficção o ci-nema documentário se desenvolvia. Na França o nome Pathé ficou associ-ado a cinejornais e filmes de atualida-des. O filme Um dia na Vida de Um Bombeiro Americano é um documentário e demonstra a força do realismo que também foi incorpora-da no Grande Roubo do Trem de 1908. Esta fita embora de ficção de-pende em grande parte dos cenários e ambientes que fazem dela parecer um documentário de onde surge toda a sua força de envolver o espectador. Igualmente, não podemos esquecer os

filmes documentários da companhia Pathé na França, de Dziga Vertov na Russia e outros documentários que são feitos durante os anos primordiais do cinema.

O ano de 1922 porém é bastante significativo para a história do cinema documentário pois foi neste ano que Nanook of The North fez a sua estréia entusiasmando tanto público quanto crítica. Tratava-se de um filme sem atores

profissionais, sem qualquer encenação e nem roteiro, e rodado totalmente fora dos estúdios. A produção, a fotografia, e a direção eram de um só indivíduo, um cartógrafo irlandês de nome Robert Flaherty. A razão para o enorme suces-so de Nanook era que nunca antes, público algum havia experimentado tal sen-sação de dramaticidade, de realismo, de intimidade e de fascínio ao assistir cenas não preparadas que mostravam a vida árdua e pouco conhecida de um povo primitivo e ao mesmo tempo nobre (os esquimós) em seu habitat congela-do. Em suma, Nanook era um documentário como ninguém havia visto antes. Flaherty utilizou a sua câmara como seu olho. Não mais se tratava de simples "registros" frios de ações ou de eventos sem continuidade alguma ou envolvimento pessoal por parte do cinegrafista. Flaherty era em pri-meiro lugar um observador sensível e de extrema perspicácia. Ao assis-tirmos Nanook hoje, mais de meio século depois, somos impressiona-dos primeiramente com a extrema simplicidade e força de narrativa visual despojada de qualquer inten-ção manipuladora. Não há em Flaherty qualquer necessidade apa-rente de criar uma ilusão, uma his-tória ou um enredo, ou mesmo um drama. Há sim a necessidade de de-monstrar por meio das imagens e nos mínimos detalhes a vida diária e a aventura que é a existência entre os esquimós. É nisto que se encon-tra toda a força da narrativa de Flaherty. Esta visão de Flaherty era te tal intimidade, tão envolvente que o es-pectador esquecia que se tratava de um documentário, ou melhor ficava tão envolvido com a realidade que esta parecia ficção.

1. Arthur Rosenheimer,R.J. Flaherty, em Revue du Cinema No. 4 1947

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1.

Cavalcanti-Mc.Laren - Escocês que depois ganhou fama por seus filmes experimentais realizados no Canada onde reside até hoje

2. Grass (1925) -m Este filme é importante por varias razões entre elas é um marco técnico em que foi o primeiro documentário a ser realizado com uma objetiva zoom. Tão fulminante foi o sucesso de Nanook que Flaherty se encontrou

cer-cado por propostas milionárias para repetir a dose. Em pouco tempo Flaherty estava a caminho de Samoa, enviado pela Paramount Pictures para trazer "outro Nanook". Mas Flaherty era um homem de princípios que não gostava de usar de roteiros nem de idéias preconcebidas. Flaherty recusava-se a ser enquadrado

em metodolgias que não lhe cabiam preferindo descobrir o seu tema através da observação direta. Passou dois anos filmando em Samoa. Terminado em 1925 (algumas fontes dizem 1926) SAMOA foi lançado em 1929 mas já sem o apoio da Paramount que havia retirado o seu patrocínio por julgar o resultado sem interesse. A verdade é que em Moana não havia o drama e a aventura que os produtores da Paramount procuravam: havia sim um poema à harmonia entre o homem e a natureza onde até a procura de alimentos era secundária ao prazer de viver.

A pesar das dificuldades de lançamento por falta de apoio da Paramount Moana foi um grande sucesso. Isto devido principalmente ao fato de que o nome de Flaherty era suficiente para atrair o grande público as bilheterias. Moana era um filme diferente mas não sem valor. Como documentário Moana perma-nece uma das visões mais inadulteradas e honestas de um mundo e de uma

Fig. 4.3.

Robert

Flaherty

Moana

(1932-35)

forma de vida que há tempo deixaram de existir. Em Moana Flaherty deixou para nos um meio de melhor compreender como era a vida em Samoa antes de sua desagregação por influências occidentais.

A importância que Flaherty teve para o documentário foi incalculável. Todos os que assistiram seus filmes percebiam a importância desta forma de trabalho esta forma de cinema. Homens como Dziga Vertov, Eisenstein e ou-tros reconheceram em Flaherty um mestre que trazia para o cinema novas pos-sibilidades completamente inexploradas antes dele. Curiosamente, Flaherty, sem conhecer o Trabalho de Vertov e Eisenstein mostrou ser também um mestre da montagem. Desde Nanook, e através de Moana passando por Louisiana Story (1948) e Homem de Aran (1934), todos os filmes de Flaherty são literalmente obras primas de montagem. Particularmente podemos citar Louisiana Story que é um belíssimo poema à natureza e produto de um Flaherty já amadurecido; o mesmo Flaherty que continua dizendo " Não me interessa a decadência des-ses povos em conseqüência da dominação do homem branco. Pelo contrário quero mostrar a sua primitiva majestuosidade e originalidade tanto quanto me é possível antes que seja totalmente anulada a sua personalidade como tam-bém eles serão" 1.

Não podendo suportar as intermináveis intrigas e incessantes brigas com os estúdios Flaherty partiu para a Inglaterra em 1931 com a intenção de associ-ar-se ao movimento documentarista iniciado por John Grierson. Este havia reunido em torno de si um grupo de jovens e talentosos cineastas como Basil Wright (Song of Ceylon 1934), Paul Rotha e Harry Watt (North Sea 1932). A este célebre grupo vieram se unir mais tarde Flaherty, Cavalcanti, e Norman Mc Laren. Conhecido com o nome de G.P.O. (General Post Office) o grupo de-sempenhou um importante papel durante a segunda guerra mundial quando fo-ram transferidos para o que ficaria conhecido como o CFU (Crown Film Unit) ou Unidade de Filmagem da Coroa e mais tarde The Empire Marketing Board

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(EMB). A finalidade principal deste grupo era de produzir curtas metragens e documentários para informar e levantar a moral da população em geral e parti-cularmente as tropas britânica.

A feliz influência das técnicas de produção e do realismo poético trouxe-ram um novo vigor ao cinema britânico e ao cinema documentário mundial. E de se notar que os movimentos estéticos como o Neorrealismo Italiano do Pós guerra e a Nouvelle Vague assim como o Cinema Verité e o Cinema Novo Brasileiro não podem negar a influência exercida por este movimento. Depois da Guerra a CFU foi desativada e os seus componentes seguiram por outros caminhos. Tanto Cavalcanti como McLaren ganharam notoriedade anos de-pois.(1.)

Do grupo de Flaherty nos Estados Unidos, Merian C. Cooper e Ernes Shoedsack documentaram a vida dos nômades do Irã no poético documentário Grass (1925). (2.) Um outro importante documentarista nos Estados Unidos foi Pare Lorentz que com os filmes The Plow That Broke the Plains (1936) e The River (1937) mostrou as péssimas condições de vida na bacia do rio Mississippi. Não podemos deixar de mencionar o excelente documentarista Joris Ivens (Regen) Chuva (1925) e The Spanish Earth (19 ) assim como os trabalhos etnográficos de Martin e Elsa Johnson na Africa.

Torna-se obrigatoria a menção de outros notáveis documentários: Las Hurdes :Terre Sans Pain ( 1936) de Luis Buñuel assim como do trabalho de Leni Riefenshtahl cujos Triumfo da Vontade (1936) e Olympia (1938) serão melhor analisados em outro capítulo (Ver cinema de propaganda).

A segunda Guerra mundial foi um dos maiores palcos para o cinema documentário sendo que todos os envolvidos registraram minuciosamente os mais diversos detalhes do conflito desde os campos de batalha em terra, no ar, e nos mares até as atrocidades cometidas contra civis e inocentes.

Depois da guerra o cinema documentário expandiu o seu mercado e cine-astas independentes e instituições experimentaram com diferentes técnicas e modalidades do genero. Neste contexto podemos citar The Silent World (1956) primeiro documentário de Jaques- Yves Cousteau que durante as proximas tres decadas produziu filmes das suas explorações e aventuras levando ao público leigo uma nova e fascinante visão do nosso mundo com a preocupação ambientalista. Devemos mencionar também os exelentes documentários

pro-duzidos pela National Geographic Society que com a sua visão séria e profissi-onal tem contribuido para o melhor conhecimento do nosso mundo. Até Walt Disney entrou no cinema documentário financiando e produzindo séries fantás-ticas como The Living Desert que mostra como um deserto aparentemente morto e estéril e cheio de vida a atividade . O uso de técnicas de filmagem de animação (quadro a quadro) e outras como camera lenta aplicadas ao cinema documentário revolucionaram o meio e encantaram plateias no mundo todo.

O cinema documentário também serviu e serve de meio para a expressão de preocupações sociais e políticas . Nuit e Bruillard (1955) de Alain Resnais relembra a ocupação Nazista da França. A Memória da Justica (1969) de Marcel Ophuls os processos de Nurenberg, La Hora de Los Hornos de Jorge Solanas é um filme documentário sobre a exploração política na América latina e serviu para sensibilizar o mundo rico (América e Europa) sobre as razões da luta dos grupos revolucionários na américa latina. Filmes documentários e reportagens realisticas sobre a guerra do vietnam tiveram forte influencia sobre a opinihão pública que ao tomar conhecimento mais intimo das realidades do conflito in-fluenciou no fim da guerra. A série de 13 capitulos Vietnam assim como o documetário Corações e Mentes tiveram forte influencia na época.

Na Europa a introdução de câmaras mais leves de 16mm asssociadas as técnicas do cinema documentário deram inicio ao movimento de Cinema Verité inspirado no Neorealismo Italiano. No Brasil o lema; uma câmara na mão uma ideia na cabeça deixa transparecer a esperança colocada na portabilidade do equipamento e na espontaneidade da situação que o cinema novo veio a repre-sentar baseando-se também numa visão apegada a um realismo social.

A televisão tornou-se inicalmente o principal mercado e meio de divul-gação para documentários. Porém em poucos anos as emissoras preocupadas principalmente com a manutenção de seu padrão e fugindo de controversias, passaram a produzir os seus próprios documentários. Caso típico no Brasil é o da rede Globo que raramente mostra documentários produzidos fora de casa limitando-se a mostrar alguns pequenos trechos no Fantástico ou no Globo Reporter quando necessário. As televisões americanas não fogem à regra prin-cipalmente grandes redes como ABC, CBS . Tão conservadoras elas se torna-ram que permititorna-ram a abertura em anos recentes para a entrada no mercado de novos canais como a CNN e outros. Hoje, devido a expansão das

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des principalmente pela transmissão por satelite, tende -se a abrir um enorme

novo mercado que tal vez venha a representar uma abertura para documentá-rios e produções que deixaram de ser exibidos pelo conservadorismo das emis-soras convencionais. Certamente estas novas emisemis-soras que apesar de produzi-rem os seus documentários encontram-se carentes de material para exibir e tem fomentado a produção de documentários sobre todos os assuntos possíveis. As próprias emissoras de T.V. tem se tornado documetnaristas de alguns dos gandes eventos do nosso tempo.

Ao mesmo tempo pesquisam-se imagens nunca antes mostradas ou reu-nidas em novos documentários sobre o passado da historia da humanidade. e sobre os mais diversos assuntos de interesse ao público em geral. A guerra do Vietnam teve a distinção de ser a primeira guerra vista diretamente pela televi-são. De la para cá os fatos se tornam corriqueiros. Vimos a derrocada do go-verno democrático de Slavador Allende a Guerra do Kuait enfim imagens tecnológicas de armas que guiam os misseis por satelite com tanta precisão que podem entrar pela janela de um prédio. Por meio de documentários e da televi-são ficamos conhecendo a vergonhosa guerra da Bósnia em que o objetivo não era destruir exercitos mas exterminar a todos os exemplares da etnia inimiga incluindo bebes, velhos, crianças mulheres grávidas.

Referências

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