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PROF". ANGELA DA ROCHA ORIENTADORA

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(1)

BARREIRAS

À

EXPORTAÇÃO: SUA INFLUÊNCIA NA CONTINUIDADE DA ATIVIDADE EXPORTADORA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CALÇADOS

MÔNICA DE CARVALHO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

PROF". ANGELA DA ROCHA ORIENTADORA

RIO DE JANEIRO,RJ - BRASIL 1 996

(2)

BARREIRAS

À

EXPORTAÇÃO: SUA INFLUÊNCIA NA CONTINUIDADE DA ATIVIDADE EXPORTADORA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CALÇADOS

MÓNICA DE CARVALHO

Dissertação submetida ao corpo docente do COPPEAD - INSTITUTO DE PÓS­ GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc. ) .

Aprovada por:

'-""

Prot". Angela da Rocha Presidente da Banca

7

Prot". Carlos Alberto Hemais ... IMNUFRJ

Rio de Janeiro, RJ - Brasil Março 1 996

(3)

AGRADECIMENTOS

À

Prof" Angela da Rocha, pela orientação segura, atenciosa e sobretudo inteligente.

Ao Proto Renato Colta de Mello, pelo estímulo à realização do estudo.

À

Cris, pela diligência e esforço na digitação do texto.

A Germano pela compreensão, afeto, paciência e tantas outras coisas boas.

A Mirella, Luiz e Hélida, sem os quais este trabalho não poderia ter sido realizado.

(4)

CARVALHO, Mônica de.

Barreiras à exportação: sua influência na continuidade da atividade exportadora na indústria brasileira de calçados/ Mônica de Carvalho. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 1 996,

viii, 1 1 3p. il.

Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro­ COPPEAD.

1 . Exportação. 2. Indústria de Calçados - Brasil. 3. Tese (Mestrado - COPPEAD/UFRJ). I. Título.

(5)

TESE APRESENTADA AO COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (M.Sc.)

BARREIRAS

A

EXPORTAÇÃO: SUA INFLUÊNCIA NA CONTINUIDADE DA ATIVIDADE EXPORTADORA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CALÇADOS

MONICA DE CARVALHO MARÇO/1996

ORIENTADOR: PROP. ANGELA DA ROCHA PROGRAMA : ADMINISTRAÇÃO

O estudo teve como objetivo testar a existência de uma relação entre a percepção prévia de barreiras à exportação e a continuidade das empresas na atividade exportadora. Além disso, procurou verificar se determinadas características dessas empresas estariam associadas à sua permanência na atividade.

Foram utilizados dados secundários constantes de um arquivo de dados de exportação do COPPEAD/UFRJ, relativo a uma Survey realizada em 1 978 junto a 1 1 4 empresas brasileiras do setor calçadista. Entre os dados coletados na ocasião, selecionaram-se aqueles que se referiam a barreiras à exportação e características das empresas. Utilizaram-se também dados relativos às exportações das empresas da amostra nos anos de 1 980, 1 990 e 1 994. Para o teste das hipóteses, utilizou-se a análise linear de discriminantes.

Os resultados obtidos mostraram que a percepção de obstáculos à exportação e algumas características das empresas permitiriam predizer, em 1 978, quais empresas continuariam exportando e quais deixariam de exportar.

(6)

ABSTRACT OF THE THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIAL FULFILMENT FOR THE DEGREE OF MASTER IN SCIENCE (M.Sc.)

BARRIERS TO EXPORT: THEIR INFLUENCE ON THE CONTINUITY OF EXPORT ACTIVITY IN THE BRAZILlAN SHOE MANUFACTURING INDUSTRY

MONICA DE CARVALHO MARÇO/96

CHAlRPERSON: Prof8. ANGELA DA ROCHA

DEPARTMENT: ADMINISTRATION

This study aimed at testing the existence of a relationship between early perception of export barriers and the continuity of a firm's export activity. It also intended to verify whether certain company characteristics were related to export continuity.

Secondary data obtained from COPPEAD's Export Data File was used. The data was collected in 1 978 by a survey with 1 1 4 manufacturers and exporters of footwear. Exporting barriers and firm characteristics were selected from the file. Export volumes in the years 1 980, 1 990 and 1 994 were also obtained. Linear discriminant analysis was used for the test of hypotheses.

The results showed that the perception of export barriers and certain firm characteristics would have made possible to predict, in 1 978, those companies that would continue to export, as compared to those that would fail in such activity.

(7)

SUMÁRIO Página 1 - Capítulo I . . . ... ... ... . .. . ... . ... ... .. 9 1 . Introdução . . . . ... . . .. . .. . .. . . ... .. . . .. . ... 1 0 2. Capítulo 11 ... . . . .. . . ... ... ... ... .. . . 1 4 2 . Revisão da Literatura . . . ... . . . ... ... . . . 1 5 2.1 -Estudos realizados no exterior . . . " ... ... 1 5 2. 1 . 1 - Rabino ... . . . ... . . . 1 7 2. 1 .2 - Bauerschmidt, Sullivan e Gillespie ... 17

2.1 .3 - Barrett e Wilkinson.. .. . . .. . .. . . 1 8 2. 1 .4 - Yaprak .. . . ... . . . .. . .. . . ... 21 2. 1 .5 - Bodur . . . 21 2. 1 .6 - Keng e Jiuan .... . . ... . . . 25 2. 1 .7 - Hook e Czinkola ... . . . 27 2. 1 .8 - Barker e Kaynak . . . ... ... 28 2. 1 .9 - Karakaya ... . . . .. . . 29 2.1 . 1 0 - Donthu e Kim . . . .. . . .. . ... 31 2. 1 . 1 1 - Naidu e Rao .. . . ... ... ... . . . 33 2. 1 . 1 2 - Katsikeas e Morgan ... . .. . .. . . ... ... ... 35

2.2 - Estudos realizados no Brasil. . . ... . . . 37

2.2.1 - Cardoso ... . . . ... ... ... ... 37

2.2.2 - Figueiredo e Almeida . . .. . . . ... . . ... . . .. 40

2.2.3 - Christensen, Rocha e Gertner . . . 45

2.2.4 - Rocha e Christensen .... .. . . 47

2.3 - Esquema Conceitual e Aspectos Relevantes da Literatura ... . . . .. . .. . ... .. .. . . . 50

3 - Capítulo 3 ... ... ... .... ... . . . 52

(8)

3.1 - Formulação do Problema . . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. ... ... .. . .

3.2 - Formulação de Hipóteses . ... ... ... .. ... . .. ... .. . .. ..

3.3 - Definição das Variáveis . . . .. . .. . .. .... ... .. . .. . .. . .. . .. . .

3.4 - Método de Coleta de Dados .. ... .... ... . .. . ... .. . ... ... . .

3.5 - Amostra Utilizada ... . ... ... ... .. . ... ... . ... .... .. . . .. ... . . 3.6 - Análise de Dados .. . .. . ... .. . . . .. . .. ... ... . .. . .. . .. . ... ... ... .. . 3.7 - Limitações .... ... . .. . ... ... .... . .. . ... ... ... ... . . .. . .. . ... ... .. 4 - Capítulo 4 ... . 4. Resultados . . .. . .. . . .. . .. . . .. .. . . .. . . .. .. . . .. . . 5 - Capítulo 5 . . . .. . . . 5 - Sumário e Conclusões . . ... ... . .. . ... . .. . . ... .... .... ... . . . . 5. 1 - Sumário .. . ... ... . . .. . .. ... . .. . .. . . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . ... . .. .. 5.2 - Conclusões . . . .. . .. . .. . .. . .. . .. .. . .. . .. . . .. . . . ... . . . ... . . .

5.3 - Sugestões de Pesquisas Futuras .. . ... .. . .. . .. . .. . .. . . .

6 - Bibliografia .. . .. .. . ... .. . .. . .. ... .. . .. . . .... ... ... ... . .. .... .... ... .. . . . 7 - Anexos . . . . 54 55 56 58 58 58 59 61 62 84 85 85 86 88 89 93/1 1 3

(9)
(10)

1. Introdução

Objetivos da Pesquisa

O presente estudo teve como objetivo verificar se a percepção de obstáculos à exportação, pelas empresas exportadoras, guardava relação com a permanência destas na atividade exportadora. Procurou também determinar a existência de uma relação entre determinadas características dessas empresas e sua continuidade na atividade exportadora.

o estudo se insere na Linha de Pesquisa em Negócios Internacionais do COPPEAD/UFRJ, iniciada em 1 976, voltada para gerência de exportação, e que hoje se articula em um contexto mais amplo de internacionalização.

Essa linha de pesquisa teve, como objetivo inicial, identificar problemas gerenciais nas empresas brasileiras envolvidas em atividades de exportação, visando fornecer um suporte à comunidade empresarial, para sua atuação sobre os problemas detectados e também permitir uma definição mais acurada de políticas governamentais de incentivo à exportação, que atendessem mais efetivamente às necessidades das empresas.

(11)

2. O Locus da pesquisa: a indústria calçadista

Já a primeira tese desenvolvida dentro da Linha de Pesquisa em Negócios Internacionais teve como objeto de estudo a indústria calçadista brasileira (Schmidt, 1 976). Posteriormente diversos estudos, entre os quais o de Figueiredo e Almeida (1 985) e o de Meira, Figueiredo e Leite (1 988) investigaram temas específicos relacionados às exportações da indústria de calçados brasileira.

Esse interesse pela referida indústria se justifica por diversos motivos. Em primeiro lugar o setor foi um dos primeiros, dentro da categoria de manufaturados, a expandir suas exportações, ao final da década de 60 e início da década de 70. De forma inicialmente rudimentar, com baixo controle de suas atividades de exportação, essas empresas conseguiram obter um espaço importante no mercado norte-americano e em outros mercados internacionais.

No decorrer da década de 80, várias dificuldades foram enfrentadas pelo setor. De um lado, as empresas tiveram que se defrontar com os inúmeros problemas internos da chamada "década perdida": planos econômicos sucessivos e mudanças na política cambial (Serra, 1 990). Externamente, a crescente concorrência dos países asiáticos, em particular China e Taiwan, no segmento de calçados de preço baixo, colocava essas empresas face a um sério desafio competitivo: da mesma forma como as exportações brasileiras haviam deslocado

(12)

as da Espanha e Itália, na década de 70, as empresas orientais passaram a ameaçar a posição da indústria brasileira.

Na década de 90 esses problemas viriam a se acentuar, especialmente a partir do Plano Real e conseqüente valorização da moeda brasileira em relação ao dólar.

3. A Importância do Estudo

Do ponto de vista teórico, a importância do estudo deriva de:

- sua inserção em uma linha de pesquisa iniciada no COPPEAD/UFRJ há vinte anos, à qual busca dar uma contribuição;

- o fato de ser um estudo longitudinal, incomum na literatura sobre marketing internacional e gerência de exportação;

- o fato de proporcionar algumas respostas parciais a questões teóricas que têm sido objeto de ampla discussão nesta área de estudo, tais como a relação entre percepção de barreiras e continuidade na atividade exportadora, e tamanho e desempenho em exportação.

(13)

Do ponto de vista prático, as conclusões do estudo poderão auxiliar as decisões governamentais relativas à política de promoção das exportações e às empresas, na identificação e superação das barreiras que terminam por dificultar/impedir a atividade exportadora.

4. Organização do Estudo

Este trabalho está dividido em cinco capítulos.

Inicialmente definem-se os objetivos da pesquisa, situando-a no contexto da indústria calçadista e salientando sua i mportância.

No capítulo 11 faz-se uma revisão da literatura existente sobre o tema, a nível nacional e internacional, salientando-se os principais estudos realizados.

O capítulo 111 apresenta a metodologia do estudo e o capítulo IV, os resultados obtidos.

(14)
(15)

2. Revisão de Literatura

Este capítulo apresenta uma revisão da literatura existente sobre barreiras à exportação. Apresentam-se as metodologias utilizadas pelos vários autores, revendo-se os principais resultados por eles encontrados. Dedica-se atenção especial aos dois estudos realizados no Brasil sobre o tema.

2.1 - Estudos realizados no exterior

Inicialmente são abordados diversos estudos sobre percepção de barreiras à exportação realizados em outros países, que constituem a literatura internacional sobre o tema. Esses estudos são apresentados a seguir, por ordem cronológica. A metodologia utilizada em cada estudo é apresentada no Quadro 2.1 .

(16)

AUTOR AMOSTRA METODO DE COLETA METODO DE ANALISE

55 exportadores de produtos de alta

tec-Rabino ( 1980) nologia (EUA) Entrevista pessoal ou por telefone Freqüências e análise qualitativa Freqüências e médias

Bauerschmidt, Sullivan e 363 unidades estratégicas de negócios de Análise fatorial Gillespie (1985) empresas fabricantes de papel (EUA) Questionário por correio Análise de correlação

340 empresas produtoras e exportadoras

Barre« e Wilkinson (1 985)

�(A

ustrálial Entrevista p_essoal Análise de clusfers

Yaprak (1 985) 79 doras (Detroit - E UA) empresas exportadoras e não-exporta- Entrevista por telefone Análise de classificação cruzada Freqüências e médias

Bodur ( 1986) 88 empresas exportadoras (TurQuia) Entrevista pessoal Análise fatorial

Keng e Jiuan (1988) tadoras1 56 empresas exportadoras e não-expor-' (Cingapura) Questionário por correio Análise de classificação cruzada Testes de médias

288 empresas exportadoras e não-expor- Freqüências

Hook e Czinkota ( 1 989) tadoras (Havaí) Questionário por correio Análise qualitativa Freqüências e médias

1 78 empresas exportadoras de pequeno e Análise de correlação Barker e Kaynak (1992) médio porte (Canadá) Questionário �or correio Análise Qualitativa

Karakaya (1993) 87 empresas exportadoras (EUA) Questionário por correio Análise de regressão múltipla

640 empresas exportadoras de pequeno e

Donthu e Kim (1 993) médio porte (EUA) Questionário por correio Análise discriminante Análise bivariada

777 empresas produtoras de pequeno e Análise de variância e

qui-Naidu e Rao (1993) médio porte (EUA) Questionário por correio quadrado

Análise de variância

87 empresas produtoras e exportadoras de Entrevista pessoal Freqüências

Katsikeas e Morgan (1 994) alimento (Grécia) Dados secundários Análise discriminante

ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL

1 56 empresas privadas nacionais produtoras Análise fatorial Cardoso (1980) e exportadoras de manufaturados Entrevista pessoal Análise discriminante

Figueiredo e Almeida 1 1 2 empresas brasileiras produtoras e expor- Freqüências

(1985) tadoras de calcados Entrevista pessoal Análise Qualitativa

Christensen, Rocha e 150 empresas nacionais produtoras e

(17)

2.1.1 - Rabino (1980)

o estudo de Rabino aborda, pela primeira vez na literatura de marketing internacional, a questão das barreiras percebidas pelas empresas com relação à exportação.

A partir de entrevistas com executivos de empresas exportadoras de produtos de alta tecnologia, Rabino identificou cinco barreiras percebidas como importantes:

1 . Falta de exposição a outras culturas;

2. Tamanho do mercado doméstico;

3. Falta de tempo da gerência;

4. Burocracia e administração da exportação;

5. Padrões deficientes de segurança e qualidade.

2.1.2 - Bauerschmidt. Sullivan e Gillespie (1985)

Os autores realizaram um estudo sobre obstáculos à exportação percebidos por executivos da indústria americana de papel. Eles exploraram a importância

(18)

percebida de 1 7 barreiras à exportação. Essas barreiras foram analisadas no que se refere a seu grau de importância, obtendo-se os resultados descritos no Quadro 2. 1 . 1 .

Em seguida, os autores procuraram identificar como essas barreiras poderiam ser agrupadas em fatores, usando para tal o recurso estatístico da análise fatorial.

Os seguintes fatores foram identificados:

1 . Política nacional de exportações;

2. Distância relativa entre mercados;

3. Falta de comprometimento com exportação;

4. Impedimentos econômicos exógenos;

5. Concorrência (ou rivalidade competitiva).

2.1.3 - Barrett e Wilkinson (1985)

(19)

Quadro 2.1.1

Barreiras Estudadas por Bauerschmidt, Sullivan e Gillespie (1985)

MUITO EXTREMAMENTE

BARREIRAS AO COMÉRCIO EXTERIOR IMPORTANTE IMPORTANTE MÉDIAS

Falta de assistência governamental para

ultrapassar as barreiras à exportacão 11,4 7,9 2 5

Falta de incentivos fiscais para exportadores 18,6 5,9 2,5

Cotação alta do dólar em comparação a

moedas estrangeiras 29,9 45,2 4 0

Imposição agressiva do "US Foreíng Corrupt

Practíces Acf' 16,2 5,4 2,0

Riscos envolvidos em vendas no exterior 16,2 1 0,3 2,7

�nfase gerencial no desenvolvimento de

mercados internos 37,2 8,9 3,0

Falta de capital disponível para expansão

em mercados estrangeiros 8,6 1,8 2,0

Falta de capacidade produtiva para manter

mercados 7,9 2,6 2,0

Diferenças culturais e de idioma na

utiliza-ção do produ1o em mercados externos 1 0,6 2,7 2,1

Falta de canais de distribuição no exterior 24,6 4 4 2,6

Competição das empresas locais nos

mer-cados externos 15,8 7 6 2,4

Competição de empresas americanas nos

mercados externos 9,7 3,5 2,2

Custos de transporte altos 40,5 22,4 3,6

Diferenças na especificação do produto

externo 1 4,5 4,3 2,5

Impostos de importacão altos 27,4 1 0,6 3,0

Regulamentação e procedimentos de

im-I portação confusos 20,5 3,6 2,6

(20)

indústria australiana, os autores buscam classificar as empresas de acordo com 1 9 problemas por elas apontados, relativos a essa atividade.

Foram identificados 5 grupos ou clusfers de empresas, classificados da seguinte forma:

1 . Empresas com subsidiárias no exterior ou que operam sob licença de empresas no exterior que percebem como principal barreira à exportação as restrições impostas por suas matrizes no exterior;

2. Empresas que não apontam qualquer problema relativo à exportação como importante;

3. Empresas que enfatizam um certo número de problemas, particularmente falta de continuidade nos pedidos do exterior, falta de informação sobre os mercados estrangeiros, dificuldades de cumprir prazos de entrega e dar atendimento a compradores estrangeiros;

4. Empresas que enfatizam unicamente os problemas de competição de preço e custos de frete;

5. Empresas que apontam muitos problemas relativos à exportação, principalmente competição por preço, custos de frete e os problemas relativos a encontrar bons agentes no exterior. Dão importância à

(21)

capacidade de oferecer boas condições de crédito aos compradores, à falta de capital de giro e de informação.

Os resultados dessa classificação são apresentados no Quadro 2.1 .2, mostrando as barreiras percebidas por cada um desses grupos ou clusters.

2.1.4 - Yaprak (1985)

O estudo de Yaprak, desenvolvido junto a empresas de pequeno e médio porte, localizadas na área metropolitana de Detroit, identificou os problemas relativos à atividade de exportação, vivenciados pelas empresas exportadoras e percebidos pelas não exportadoras. O Quadro 2. 1 .3 sintetiza esses resultados.

Yaprak desenvolveu ainda outras análises relativas a diferenças entre empresas exportadoras e não exportadoras, mas que não se referem especificamente aos objetivos do presente estudo.

2.1.5 - Bodur (1986)

A pesquisa de Bodur procurou investigar a questão dos problemas vividos por empresas exportadoras da Turquia. Os dez problemas considerados mais

(22)

Quadro 2.1.2

Barreiras Estudadas por Barrett e Wilkinson (1985)

Clusters

Total 1 2 3 4 5 Barreiras à Exportação Tamanho

I

(n° de empregados) 314 28 62 58 91 75

% exportadores 62 89 47 72 63 55

Habilidade para oferecer termos competitivos de

crédito a compradores estrangeiros 1,3 1,1 0,5 10 1 .2 2

Capital necessário para financiamento de

expor-tações 1,2 0.9 0.8 0.9 10 2

Incapacidade de obter preços competitivos de

fomecedores estrangeiros 2,8 2.9 0.9 3.1 3.3 2

Custos de frete para os mercados estrangeiros

(atuais ou potenciais) 2,3 2.4 0.9 2.6 2,7 2

Inabilidade de adaptar o produto ou a embalagem

I

para o mercado estrangeiro 1,2 1.1 0.7 1.2 1 . 1 1

Dificuldade de encontrar agentes satisfatórios no

exterior 1,5 1.1 0.7 1 .3 1 .2 2

Dificuldade de lidar com documentação,

quota-I

ções e correspondência 1 .1 1 .0 0.1 1 .2 1 .0 1

Inabilidade de obter gerente de exportação

ade-quado 0,8 0,8 0.5 0.8 0.7 1

Inabilidade de obter pessoal para as ramificações

da empresa no exterior 0,5 0,5 0,3 O} 0,5

-Dificuldade de cumprir prazos de entrega 1,3 1,0 0,6 1 9 1,1 1

Inabilidade de prestar assistência a compradores

estrangeiros 1 .4 1,2 0,9 1,8 1,1 1

F alta de continuidade nos pedidos do exterior 1,6 1,5 0,5 1,2 1,0 2

Falta de informação sobre mercados externos 1,7 1,4 0,9 2,0 1,4 2

Falta de disposição para cornpetir com as filiais

em mercados extemos 0,6 1,8 0,3 0,6 0,7

--Acordo formal de franquia com a matriz 0,5 2,9 0,3 0,3 0,3 -

-Limitações impostas pelo plano de marketing

intemacional da matriz 0,6 3,5 0,5 0,2 0,4

--Limitações resultantes de restrições contratuais quanto à modificação de design ou técnicas de

I

produção 0,5 1,4 0,3 0,3 0,9 -

-Restri,Ções de"'patente 0,3 0 5 0,3 0,2 0,5

--Limitações impostas pela matriz para a produção

do produto na Austrália 0,2 1,1 0,2 0,2 0,4

(23)

% de % de Problemas encontrados por exportadores em operações efetivadas (n=39) respondentes Problemas percebidos por não exportadores (n=40) respondentes

Muita burocracia 33 Falta de informacão sobre exportacão 59

Falta de contato no mercado extemo para

iden-Demora no pagamento das exportações 23 lificar compradores 57

Condições econômicas precárias ou em deterioração

nos mercados 23 Producão absorvida no mercado doméstico 52

Barreiras de idioma 21 Falta de atencão à exportacão 48

Dificuldades de transporte 11 Falta de pessoal para operações de exportação 33

Falhas no pagamento 6 Muita burocracia 25

Falta de pessoal para olleracões de exº-ortas;ão 6 Investimento financeiro necessário muito alto 24 Outros problemas (risco político, riscos cambiais, ris- Impossibilidade de manter controle gerencial

so-cos de negócios, etc.) 20 bre as exportacões 22

Fonte: Yaprak (1985) Produtos inade�uados ao mercado extemo 20

Outros problemas (cambiais; legais; fiscais;

(24)

1 . Alto custo de produção;

2. Demora no fluxo de documentos;

3. Informação insuficiente sobre mercados externos;

4. Problemas de qualidade da energia;

5. Custo elevado do crédito à exportação;

6. Instabilidade de preços de exportação;

7. Programação de vôos inadequada da Turkish Cargo Unes (estatal);

8. Dificuldades para financiamento das exportações;

9. Cobertura insuficiente de incentivos à exportação;

1 0. Problemas quanto ao tipo de energia.

A autora investigou ainda a existência de diferenças na percepção das barreiras em função de: a) tipo de indústria; b) destino das exportações e c) parcela das exportações sobre as vendas totais da empresa. A hipótese básica do estudo era que os obstáculos percebidos variavam em função da indústria, da escolha de

(25)

mercados externos e da proporção das exportações sobre as vendas da empresa. Os resultados indicaram algumas diferenças tanto na natureza quanto na freqüência dos problemas encontrados em função dessas três variáveis.

2.1.6 - Keng e Jiuan ( 1988)

A pesquisa de Keng e Jiuan compara os obstáculos à exportação apontados por indústrias de Singapura de pequeno e médio porte, das quais 1 08 eram exportadoras e 48 não exportadoras, visando identificar diferenças entre elas. O Quadro 2. 1 .4 reúne as barreiras apontadas por tais empresas.

A partir dos resultados obtidos, os autores concluem: " Parece que as empresas exportadoras enfrentam um conjunto diferente de obstáculos à exportação, comparativamente às não exportadoras". (p.31 ) Observam ainda que os tipos de problemas enfrentados pelos exportadores são mais de natureza externa à empresa, enquanto os enfrentados pelos não exportadores parecem relacionar­ se de forma mais direta à inércia da gerência.

Os autores verificaram ainda que as empresas exportadoras e não exportadoras diferenciavam-se pelo tamanho, em concordância com os resultados de outras pesquisas.

(26)

Não exportadores: razões para não exportar (n=48) Problemas encontrados por exportadores (n-10BL

% de % de

Razões respondentes Problemas respondentes

Foco em satisfazer a demanda interna 27 Igualar precos da concorrência 81

Produto inadeQuado para mercados estrallgeiros 25 Promover produtos no exterior 77

Falta de contatos no mercado externo 13 Estabelecer rede de distribuição no exterior 76

Falta de financiamento 10 Obter informação sobre mercados externos 73

Dificuldade percebida em entrar no mercado (devido a desvantagem

em preço, problemas de qualidade, tributos, quotas restritivas e regu- Necessidade de obtenção de créditos para

compra-lamenta�ó) 10 dores estrangeiros 66

Problemas operacionais (mão-de-obra, tamanho da empresa,

capaci-dade de produção ou especialização) 10 Estabelecer contato com consumidores estrangeiros 65

Falta de conhecimento e experiência com oportunidades de mercado

e demanda 8 E mpregar pessoal de vendas capacitado 64

Exportações administradas por agentes 8 Desenvolver novos produtos 57

Fonte: Keng e Jiuan (1988) Obter novos pedidos dos compradores 48

Qualidade do produto 37

Deslgn e embalagem 37

Compreender a documentação de importação!

(27)

2.1.7 - Hook e Czinkota (1989)

Hook e Czinkota investigaram as atividades inerentes à exportação junto a empresas havaianas, exportadoras e que planejavam exportar. Para tanto analisaram, dentre outros fatores, as dificuldades apontadas pelas mesmas para exportar. O Quadro 2. 1 .5 sintetiza os resultados obtidos.

Os autores não investigaram se as barreiras à exportação percebidas pelos exportadores e pelos que planejavam exportar eram distintas.

Quadro 2.1.5

Barreiras à Exportação Estudadas por Hook e Czinkota (1 989)

Número de

Barreiras à Exportação empresas

Localização de novos mercados 1 26

Financiamento para exportação 97

Restrições ao comércio exterior 72

Competição nos mercados externos 61

Localização de fornecedores norte-americanos 33 Licença norte-americana para exportar 30

Outros 61

Total 228

(*)

(*)

InclUI empresas exportadoras e empresas que planejavam exportar. Fonte: Hook e Czinkota ( 1 989)

%

(*)

55,3 42,3 31 ,6 26,8 1 4, 5 1 3,2 26,8 1 00,0

(28)

2.1.8 - Barker e Kaynak (1992)

Barker e Kaynak, conduzindo sua pesquisa entre empresas canadenses de pequeno e médio porte, exportadoras e não exportadoras, identificaram diversos fatores percebidos como obstáculos à exportação.

Os fatores indicados pelos exportadores foram, em ordem decrescente de importância:

1 . Barreiras de idiomas;

2. Falta de pagamento;

3. Falta de produtos competitivos;

4. Atraso no pagamento das exportações;

5. Condições desfavoráveis no exterior;

6. Falta de assistência financeira;

7. Falta de assistência coordenada;

(29)

9. Falta de pessoal treinado;

1 0. Dificuldades de transporte;

1 1 . Barreiras comerciais;

1 2. Burocracia excessiva.

Os não exportadores indicaram a falta de contatos em mercados externos o alto investimento inicial, as barreiras comerciais, a falta de informação sobre exportação e a falta de pessoal, como os principais obstáculos à exportação. Os resultados da pesquisa também indicaram que as empresas menores atribuíam importância distinta aos obstáculos à exportação, comparativamente às maiores.

2.1.9 - Karakaya (19931

Baseado em estudos anteriores sobre barreiras à exportação, o autor buscou testar empiricamente a importância das cinco barreiras mais comuns, em se tratando de bens de consumo:

(30)

2. Acesso a canais de distribuição;

3. Política governamental;

4. Adaptação do produto;

5. Incerteza política.

Os resultados obtidos são mostrados no Quadro 2. 1 .6 e estão especificados segundo o momento de entrada da empresa, na atividade.

Os resultados indicaram, portanto, que a importância das barreiras seria basicamente a mesma para aqueles que entram no mercado internacional em momentos distintos.

Quadro 2.1.6

Barreiras à Exportação Estudadas por Karakaya (1 993)

Classificação segundo a importância atribuída

Entrou cedo no Entrou tarde no

Barreiras mercado mercado

Acesso a canais de distribuição 1° 2°

Política govemamental no mercado 2° 1°

Incerteza política 3° 3°

Adaptação do produto 4° 4°

Diferenças culturais 5° 5°

(31)

2.1.10 - Donthu e Kim (1993)

Nesse estudo, os autores buscam determinar alguns dos fatores passíveis de controle, que influenciam positivamente a atividade de exportação das empresas.

A partir de um esquema conceitual mais amplo, e que envolvia várias hipóteses, os autores procuraram verificar se havia uma relação positiva entre a atitude com relação às exportações e o crescimento das exportações. A atitude para com a atividade de exportação foi medida através de 20 questões relativas à percepção das seguintes barreiras à exportação:

• Valor alto do dólar;

• Forte competição externa;

• Satisfação com o mercado doméstico;

• Falta de conhecimento do valor potencial de exportar;

• Risco de perder a empresa;

(32)

• Falta generalizada de conhecimentos de "como fazer";

• Falta de pessoal para planejamento e acompanhamento da exportação;

• Pouco conhecimento dos melhores mercados potenciais;

• Falta de recursos para pesquisa de mercado e desenvolvimento;

• Falta de habilidade ou tempo para acompanhar adequadamente

oportunidades de mercado;

• Falta de métodos para gerar oportunidades de mercado;

• Falta de capital ou crédito para financiar exportação;

• Falta de bancos locais com conhecimento internacional;

• Falta de interesse dos bancos para negociar com pequenas e médias

empresas;

• Falta de empresas especializadas em marketing de exportação para darem

(33)

• Barreiras culturais e de idioma ;

• Custos de transporte;

• Documentação de exportação e burocracia;

• Barreiras de comércio para exportadores americanos.

Os resultados da pesquisa permitiram rejeitar a hipótese nula, ou seja, verificou­ se que existe uma relação positiva entre a atitude das empresas com relação à exportação (medida pela percepção de barreiras) e o desempenho em exportação. As empresas cujas exportações estavam crescendo percebiam menos barreiras à exportação do que aquelas cujas exportações estavam se reduzindo.

2.1.1 1 -Naidu e Rao (1993)

Visando a formulação de programas de incentivo à exportação mais eficazes, os autores pesquisam, dentre outros, 1 6 barreiras à exportação percebidas pelas empresas, exportadoras ou não.

Tais empresas são agrupadas segundo o seu grau de internacionalização, a freqüência de suas exportações ou ainda porque declaram ter intenção de

(34)

exportar.

As cinco principais barreiras apontadas foram:

Falta de conhecimento de mercados potenciais;

Falta de habilidade/tempo para acompanhar os líderes de mercado;

Falta de mecanismos para gerar líderes de mercado;

Forte competição externa;

Falta de pessoal para execução e implementação de programas de exportação.

o estudo mostrou que a importância atribuída pelas empresas a esses cinco obstáculos, varia significativamente segundo seu estágio de internacionalização.

Quatro barreiras pesquisadas não foram percebidas diferentemente pelas empresas, segundo seu grau de internacionalização. Foram elas:

Risco de perder dinheiro;

(35)

Documentação de exportação;

Desinteresse dos bancos de servirem pequenas e médias empresas.

2.1.12 - Katsikeas e Morgan (1994)

Os autores investigaram a importância atribuída pelas indústrias gregas exportadoras de alimentos para a Comunidade Européia a 8 barreiras identificadas na literatura. Nessa pesquisa, as empresas foram agrupadas segundo seu tamanho e sua experiência na atividade exportadora. O Quadro 2.1 .7 mostra os resultados obtidos.

No que se refere ao tamanho da empresa, verificou-se que, para alguns obstáculos à exportação, as empresas maiores e menores tinham percepções distintas. Os resultados obtidos também sugerem que as empresas menores percebem mais obstáculos à exportação do que as maiores.

Também se observaram diferenças entre exportadores menos e mais experientes no que se refere à percepção de obstáculos à exportação.

(36)

Quadro 2.1.7

Barreiras à Exportação Estudadas por Katsikeas e Morgan

Empresas Empresas Exportadores Exportadores Todas

Barreiras à Exportação menores maiores menos mais as

experientes experientes empresas

1. Informação I comunicação

com o mercado exportador 4° 7° 6° 4° 5°

2 . Adaptação do produto 8° 8° 8° 8° 8°

3. Restrições de preço 5° 1° 2° 1° 2°

4 . Organização, adaptação

ao mercado 6° 6° 5° 5° 6°

5. Restrições logisticas

exó-genas 1° 2° 1° 2° 1°

6. Política nacional de

expor-tações 7° 5° 7° 7° 7°

7. Complexidade de

procedi-mentos percebida 5° 4° 4° 6° 4°

8. Desvalorização da moeda

doméstica 3° 3° 3° 3° 3°

(37)

2.2 -Estudos realizados no Brasil

2.2.1 -Cardoso (1 980)

Cardoso, estudando a adequação da política governamental de incentivos à exportação brasileira, sob a ótica das empresas nacionais privadas, pesquisou os obstáculos à exportação percebidos por elas.

A amostra do estudo compunha-se de 1 53 empresas privadas nacionais produtoras e exportadoras de manufaturados, cadastradas junto à Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil, em 1 976.

o instrumento de coleta de dados da pesquisa foi a entrevista pessoal e os métodos empregados na análise dos resultados foram a análise fatorial e de discriminantes.

As barreiras pesquisadas dividiam-se em duas categorias:

• 26 obstáculos explicitados no próprio questionário;

• obstáculos propostos livremente pelo entrevistado.

Os 1 0 obstáculos mais apontados, dentre os 26 propostos pela pesquisa, em ordem decrescente de importância, foram:

(38)

• Forte concorrência no mercado internacional;

• Custos não competitivos;

• Preços anormalmente baixos no mercado internacional;

• Insuficiência de informação sobre mercados externos;

• Custos de transporte elevados;

• Falta de representantes ou agentes no exterior;

• Dificuldades burocráticas em órgãos governamentais;

• Recessão internacional;

• Insuficiência de recursos alocados para o marketing internacional;

• Mercado interno absorvendo toda a produção.

Dentre os 18 obstáculos propostos livremente pelos entrevistados, apenas dois foram mencionados 3 vezes cada, enquanto que os demais foram mencionados apenas 1 vez.

(39)

Os mais citados foram:

• Falta de atuação das representações diplomáticas brasileiras - funcionários

incapazes;

• Impossibilidade econômica de importar insumos básicos elou máquinas e

equipamentos inviabiliza exportações.

Dentre as conclusões do estudo, uma se refere às barreiras à exportação percebidas pelas empresas:

• Não existe correspondência entre as principais barreiras e os estímulos às

exportações existentes, já que os principais obstáculos apontados referem-se ao binômio custo/preço, visado pela sistemática de estímulos à exportação à época.

Segundo o autor, o reduzido percentual de receita proveniente da exportação parece indicar que nem todos os problemas que impedem maiores exportações estejam sendo percebidos pelas empresas.

Além disso, outro fato pareceu demonstrar que as empresas não se davam conta de seus problemas de natureza estrutural; qual seja, a maioria das empresas não apontou problemas estruturais internos como obstáculos à exportação, embora houvessem respondido afirmativamente à criação de determinado incentivo

(40)

tendente a eliminá-los. Segundo o autor, a percepção desse tipo de problemas estaria subordinada a fatores de ordem psicológica e sociológica dos gerentes que não admitiriam a existência de problemas passíveis de serem atribuídos à má qualidade da gestão da empresa.

2.2.2 • Figueiredo e Almeida ( 1985)

Partindo da necessidade de informação sobre os problemas enfrentados pelas empresas brasileiras produtoras e exportadoras de calçados, na exportação de seu produto, os autores formularam as seguintes hipóteses:

• O porte da empresa está relacionado com a percepção de obstáculos ao

incremento das exportações;

• A experiência da empresa na atividade de exportação está relacionada com a

percepção de obstáculos ao incremento das exportações;

• O grau de envolvimento com a atividade de exportação está relacionado com a

percepção de obstáculos ao incremento das exportações.

A pesquisa foi conduzida junto a 1 1 2 empresas produtoras de calçados, cadastradas como exportadoras junto à Carteira de Comércio Exterior do Banco

(41)

Os dados da pesquisa foram coletados através de entrevistas pessoais e os questionários utilizados compunham-se de três partes:

• Informações gerais sobre a empresa (número de empregados, tempo na

atividade exportadora e dados de faturamento);

• Apuração dos principais obstáculos percebidos pela empresa (Quadro 2.2. 1 );

• Indicação da percepção de 34 obstáculos colhidos da literatura sobre o tema,

relativos a produção, marketing/comercialização, custoslfinanças e outros.

As empresas estudadas foram agrupadas segundo 3 variáveis:

• Porte da empresa - determinado pelo número de empregados;

• Experiência em exportação - determinada em função do número de anos em

que a empresa exercia a atividade exportadora;

• Envolvimento com exportação - medido pela percentagem das exportações da

empresa em seu faturamento total.

Dessa forma, buscou-se verificar se empresas com características distintas percebiam diferentemente os obstáculos à exportação.

(42)

Quadro 2.2.1

Barreiras à Exportação Estudadas por Figueiredo & Almeida

Empresas Experiência na Envolvimento

Porte atividade com

exportadora exportaç_ões

Barreiras Pequeno Médio Grande Grande M6dia Pequena Pequeno Médio Grande Forte

Falta de m.o. especializada x x x

Insuficiência de recursos

financeiros x

Falta de representantes

e/ou anentes no exterior x Restrições à importação

de insumos e/ou bens de

c<IPital x x

Custos de transporte ele·

vados x x

Atuação das "trading

companies" x

Capacidade instalada

insuficiente x

Pedidos muito grandes x

Mercado intemo

absorven-do a produção x

Dificuldade de promoção

ou propaganda no exterior x

Desvalorização cambial

inferior à inflação x

Falta de garantia de for-necimento de

matéria-I

prima x

Recessão intemacional x

Preços não competitivos

no mercado externo x

(43)

Dentre os resultados da pesquisa, destacam-se :

• A maioria dos obstáculos indicados espontaneamente referia-se a insumos

básicos do processo de produção (matéria-prima, mão-de-obra, instalações e capital);

• Dentre os obstáculos propostos no questionário, os relativos à produção

tinham peso significativo no número de barreiras que dificultavam a expansão das exportações. Os obstáculos relativos ao marketing/comercialização, eram pouco percebidos pelas empresas;

• Os obstáculos referentes a custos/finanças eram os mais percebidos pelas

empresas, e dentre eles, o obstáculo "inflação interna impedindo a manutenção dos preços", era o que mais se fazia sentir;

• Dentre os obstáculos classificados como "outros", "barreiras protecionistas" foi

o mais sentido, seguido pelo que dizia respeito a dificuldades burocráticas em órgãos governamentais;

• Alguns obstáculos mostraram-se fortemente relacionados ao número de

empregados, evidenciando assim a relação existente entre o porte da empresa e a percepção desta de alguns dos obstáculos pesquisados;

(44)

número de obstáculos em que foi possível rejeitar a hipótese nula;

• O envolvimento com exportações mostrou-se relacionado à percepção das

empresas de alguns obstáculos.

O Quadro 2.2.1 mostra as barreiras à exportação mais evidenciadas na pesquisa. As principais barreiras ao aumento das exportações de calçados, percebidas pelas empresas, em ordem decrescente de menções foram:

a. falta de mão-de-obra especializada;

b. inflação interna impedindo a manutenção de preços;

c. barreiras protecionistas;

d. desvalorização cambial inferior à inflação;

e. dificuldades burocráticas em órgãos governamentais;

f. recessão internacional;

g. falta de incentivos adequados à exportação;

(45)

I. custos de transporte elevados;

j. insuficiência de recursos financeiros.

Além dessas, dentre as barreiras citadas espontaneamente pelos entrevistados, duas apresentaram freqüência elevada:

I. custo de matéria-prima;

m. qualidade da matéria-prima.

2.2.3 - Christensen. Rocha e Gertner (1987)

o estudo realizado por Christensen, Rocha e Gertner teve por objetivo verificar a continuidade das atividades exportadoras de empresas brasileiras exportadoras de manufaturados. Para tal, utilizou-se uma amostra de empresas exportadoras que haviam sido entrevistadas anteriormente, com vistas a determinar se um conjunto de variáveis relativas a características das empresas, características de seus gerentes e aspectos da atividade exportadora afetariam a permanência da empresa nessa atividade.

Um dos aspectos estudados nesse trabalho referiu-se à percepção dos exportadores brasileiros com relação a obstáculos percebidos à exportação.

(46)

Quatro tipos de obstáculos discriminaram os exportadores bem sucedidos dos ex­ exportadores: incentivos financeiros, forte concorrência internacional, obstáculos internos à empresa e a pressão da demanda no mercado doméstico.

A percepção da necessidade de mais incentivos financeiros, oferecidos pelo governo, configurou uma posição mais passiva por parte dos ex-exportadores, que utilizavam, de fato, mais incentivos e subsídios governamentais do que os exportadores bem sucedidos.

A percepção de uma forte concorrência internacional também discriminou ex­ exportadores dos que continuaram na atividade, com os primeiros percebendo a competição como uma ameaça maior do que os últimos.

Os obstáculos internos à empresa foram medidos a partir de um conjunto de 1 3 obstáculos internos, inclusive custos de produção elevados, capacidades técnicas, gerenciais e de mão-de-obra inadequadas, controle de qualidade inadequado, insuficiência de recursos de capital e produção, problemas de localização da planta e características inadequadas do produto. Esses obstáculos, mais uma vez, pareciam mais importantes para os ex-exportadores do que para os exportadores.

Finalmente, os exportadores percebiam a demanda no mercado doméstico como um obstáculo maior, na medida em que tendiam a atendê-Ia prioritariamente, o que levava ao uso de sua capacidade de produção para tal fim.

(47)

2.2.4 -Rocha e Christensen (1993)

Rocha e Christensen realizaram uma análise comparativa de vários estudos sobre gerência de exportação realizados no Brasil. Entre esses, três estavam ligados à percepção de barreiras.

o primeiro estudo - Cardoso (1 980) - utilizou uma amostra de empresas fabricantes de manufaturados; o segundo - Fleury ( 1 986) - uma amostra de empresas de engenharia exportadoras de serviços e o terceiro - Figueiredo e Almeida (1 985) - empresas exportadoras de calçados.

o Quadro 2.2.2 mostra os obstáculos percebidos por exportadores brasileiros nos três estudos referidos, classificados pelas autores segundo cinco fatores colhidos

(48)

Obstáculos à exportação Políticas Nacionais de E1SQorta�o

Regulamentação da exportação Apoio diplomático inadequado Incentivos à exportação inadequado Restrições govemamentais à importação Distância Comj2arativa dos Mercados

Idioma

Negociação de contratos Adaptação de empregados Custos de comunicação

Custos de viagens intemacionais Propaganda no exterior

Imagem dos produtos brasileiros Falta de intermediários

Custos de transporte

Falta de Comj2rometimento com EXj2ortadores Inflação doméstica

Grande demanda intema Demanda extema insuficiente Pedidos muito grandes Burocracia estatal confusa

F alta de experiência na atividade exportadora Falta de gerentes qualificados

Falta de mão-de-obra qualificada Custos de mão-de-obra

Falta de capital de giro Falta de recursos financeiros

- - . .

nd - nao dlspomvel nos dados ongmals Fonte: Rocha e Christensen, 1993.

Cardoso Figueiredo e Almeida

(1980) (1985) 7 n.d n.d n.d n.d n.d n.d 5 4 9 2 9 n.d 6 5 n.d 1 n.d n.d Fleury (1 986) 2 5 3 n.d 7 1 0 8 n.d n.d n.d n.d n.d n.d n.d 4 6 6 6

(49)

Continuação ....

Quadro 2.2.2

Análise de Três Estudos Brasileiros sobre Barreiras à Exportação

Obstáculos à exportação Falia de Com!1rometimento com EX!1ortadores

Informações sobre mercado inadequadas Orçamento para marketing inadequado Tempos de resposta curtos

Ciclo de vida do produto curto Fornecimento da matéria-prima Localização inadequada da fábrica Capacidade de produção

Técnicas de produção Custos de produção

Planejamento e controle da produção Controle de qualidade

Baixa qualidade do produto Restri!;:ões Econômicas Exógenas

Incerteza do câmbio Recessão internacional Barreiras protecionistas

Regulamentação do mercado interno Acordos internacionais

Com!1etitividade

Preços não competitivos Ações das "tradíng companies" Competidores agressivos

- . .

nd - nao dlspontvel nos dados onglnals Fonte: Rocha e Christensen, 1993.

Cardoso Figueiredo e Almeida

(1980) (1985) 1 0 3 8 n.d 1 0 n.d 8 n.d 4 7 6 3 2 1 n.d Fleury (1986) 2 5 n.d n.d n.d n.d n.d n.d n.d n.d n.d 7 1 9 7 7 n.d n.d .... co

(50)

2.3 -Esquema Conceitual e Aspectos Relevantes da Literatura

o presente estudo busca identificar se a continuidade ou não da atividade exportadora está associada à percepção de barreiras à exportação e a determinadas características da empresa. O esquema conceitual do estudo pode ser visualizado como se segue:

Percepção de Barreiras à Exportação " Hipótese 1 , " / Continuidade na Exportação

1(.

Hipótese 2 , Características " / da Empresa

(51)

Tanto os dados relativos às barreiras à exportação quanto às características das empresas fazem parte de um arquivo de dados já existente, o que necessariamente limitou a escolha de variáveis. Mesmo assim, alguns aspectos da revisão de literatura realizada são relevantes para o presente estudo, em particular os seguintes:

• Há fortes evidências na literatura de que exportadores e não exportadores

percebem de forma diferente as barreiras à exportação, tanto no que se refere ao tipo de barreira quanto à importância atribuída à mesma (Yaprak, 1 985; Keng e Jiuan, 1 988; Barker e Kaynak, 1 992; Katsikeas e Morgan, 1 994).

No entanto, outro estudo (Barrett e Wilkinson, 1 985) engloba exportadores e não exportadores nos mesmos clusters, contradizendo os resultados relativos a diferenças entre barreiras percebidas pelos dois grupos.

• O tamanho da empresa parece interferir na percepção de obstáculos

(Katsikeas e Morgan, 1 994; Leonidou,1 995), tanto no que se refere ao número de obstáculos quanto à importância desses obstáculos.

Exportadores mais experientes e menos experientes também tendem a se diferenciar no que se refere à percepção de obstáculos à exportação (Katsikeas e Morgan, 1 994).

(52)
(53)

3. Metodologia

Neste capítulo apresenta-se a metodologia utilizada: em primeiro lugar, o plano de pesquisa e, em seguida, as limitações do presente estudo.

Este trabalho se insere na linha de pesquisa em Negócios Internacionais do COPPEAD/UFRJ. Trata-se de um estudo longitudinal, baseado em uma survey.

o plano de pesquisa teve as seguintes etapas:

• Formulação do problema;

• Formulação de hipóteses;

• Definição das variáveis;

• Coleta de dados;

(54)

3.1 - Formulação do Problema

Uma pesquisa realizada no COPPEAD, em 1 978, dentro da Linha de Pesquisa em Negócios Internacionais, levantou dados referentes a 1 1 4 empresas da indústria brasileira calçadista, cadastradas como exportadoras junto à CACEX, à época.

Identificaram-se, na oportunidade, diversas barreiras à exportação percebidas por essas empresas, bem como a influência que características suas teriam sobre tal percepção.

Esses dados, coletados através de questionários estruturados (Anexo 1 ) aplicados em entrevistas pessoais com os principais executivos dessas empresas, foram utilizados no presente estudo, no qual buscou-se verificar a existência de uma relação entre as ditas barreiras e características empresariais e a continuidade das empresas na atividade exportadora.

Essa continuidade na atividade foi determinada através de dados colhidos junto à SECEX - MICT e ao SERPRO, que informou se aquelas empresas haviam exportado ou não nos anos de 1 980, 1 990 e 1 994.

Esses anos foram selecionados de forma a analisar o desempenho das empresas em exportação pouco tempo após a coleta dos dados originais (1 980); uma década depois (1 990); e um ano antes do início deste estudo (1 994). Os

(55)

dados secundários apontavam se a empresa exportou ou não, nesses três anos.

3.2 - Formulação de Hipóteses

Duas hipóteses foram formuladas, desdobrando-se o teste de cada uma delas em três sub-hipóteses.

Hipótese 1

Existe uma relação entre a percepção de barreiras à exportação e a continuidade da atividade exportadora.

Sub-hipótese 1.1: As barreiras à exportação percebidas em 1 978 eram distintas para as empresas que exportaram e para as que não exportaram em 1 980.

Sub-hipótese 1.2: As barreiras à exportação percebidas em 1 978 eram distintas para as empresas que exportaram e para as que não exportaram em 1 990.

(56)

Hipótese 2

distintas para as empresas que exportaram e para as que não exportaram em 1 994.

Existe uma relação entre as características das empresas e a continuidade da atividade exportadora.

Sub-hipótese 2.1 : As empresas que exportaram e as que não exportaram em 1 980 tinham características distintas em 1 978.

Sub-hipótese 2.2: As empresas que exportaram e as que não exportaram em 1 990 tinham características distintas em 1 978.

Sub-hipótese 2.3: As empresas que exportaram e as que não exportaram em 1 994 tinham características distintas em 1 978.

3.3 - Definição das Variáveis

(57)

- Variável dependente: exportou em 1 980, 1 990 e 1 994.

- Variável independente: 34 barreiras à exportação percebidas conforme questionário no Anexo 1 .

No teste da segunda hipótese foram definidas as seguintes variáveis:

- Variável dependente: exportou em 1 980, 1 990 e 1 994.

- Variável independente: 05 características das empresas estudadas.

• tamanho - número de empregados;

• ociosidade - % de capacidade ociosa;

• experiência em exportação - ano em que começou a exportar;

• exportação para mercado desenvolvido - % da exportação para os EUA;

• grau de controle do marketing mix - classificado em 1 = baixo; 2 = médio; 3 =

(58)

3.4 - Método de coleta de dados

Os dados originais, utilizados na pesquisa de 1 978, foram coletados por questionários estruturados aplicados através de entrevistas pessoais e mantidos em arquivos de dados pelo COPPEAD. Esses dados incluíam vários temas de exportação, além de características das empresas e barreiras à exportação.

Os dados secundários utilizados neste estudo foram obtidos junto à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (SECEX) e junto ao SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados).

3.5 - Amostra Utilizada

A amostra utilizada neste estudo foi a mesma utilizada no estudo realizado em 1 978 e compunha-se de 1 1 4 empresas produtoras e exportadoras de calçados em 1 978, cadastradas junto à Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil.

3.6 -Análise de Dados

As hipóteses foram testadas utilizando-se a análise linear de discriminantes, métodos direto e passo-a-passo. Utilizou-se o pacote SPSS (Statistical Package

(59)

da hipótese nula.

o uso de variáveis dicotômicas, determinado pelo tipo de dados coletados em 1 978, não se constituiu em limitador da aplicação da análise de discriminantes, uma vez que:

a. as variáveis dicotômicas podem ser consideradas, em sentido amplo, como variáveis do tipo intervalar;

b. a pesquisa na área de Administração, como em outros campos das Ciências Sociais, tem utilizado esse recurso.

Na aplicação da análise linear de discriminantes alguns casos foram eliminados por conterem missing values.

3.7 · Limitações

Essa pesquisa apresenta algumas limitações.

Em primeiro lugar, os dados utilizados foram colhidos em 1 978, ou seja, há dezoito anos atrás. Assim sendo, outras variáveis ambientais podem ter influenciado os resultados obtidos.

(60)

Em segundo lugar, não foi possível contatar todas as empresas que deixaram de exportar para identificar os motivos que as levaram a tal decisão, por não ter sido possível localizá-Ias (por mudança de endereço, de razão social ou simples encerramento de atividades).

(61)
(62)

4. Resultados

Apresentam-se, nesse capítulo, os resultados dos testes das duas hipóteses gerais e respectivas sub-hipóteses, utilizando-se a análise linear de discriminantes. Comentam-se os resultados obtidos para as variáveis de maior poder discriminante.

Teste da Hipótese 1

Hipótese 1 : Existe uma relação entre a percepção de barreiras à exportação e a continuidade da atividade exportadora.

o teste dessa hipótese foi desdobrado em três sub-hipóteses, cada uma delas relativa a um dos três períodos analisados neste trabalho: 1 980, 1 990 e 1 994. O teste de hipóteses utilizou a análise linear de discriminantes, método passo-a­ passo.

Com relação às três sub-hipóteses, foi possível rejeitar a hipótese nula, verificando-se que a percepção de barreiras à exportação em 1 978 está relacionada à continuidade da empresa como exportadora dois anos depois (1 980), dez anos depois (1 990) e quatorze anos depois (1 994).

Como se poderiam interpretar esses resultados? Duas explicações são possíveis.

A primeira refere-se ao fato de que barreiras percebidas tendem, de fato, a existir, sendo mais sérias para algumas empresas do que para outras. Portanto, as empresas que deixaram de exportar (ou que desapareceram) teriam efetivamen

t

E!, diante de si, obstáculos maiores.

(63)

A segunda explicação estaria relacionada à teoria da dissonância cognitiva. Empresas que já estivessem enfrentando dificuldades com suas exportações em 1 978

-

e, portanto, com maior probabilidade de fracassarem nessa atividade -tenderiam a encontrar mais "desculpas" para explicar seus problemas ou expectativas de fracasso do que as que vinham obtendo bons resultados com a exportação.

A terceira explicação possível seria a de que as empresas que continuaram a exportar teriam podido superar as barreiras percebidas em função de outros fatores indeterminados.

o Quadro 4.1 apresenta os três principais obstáculos percebidos em 1 978 a discriminarem exportadores e não exportadores em 1 980, 1 990 e 1 994.

Quadro 4.1

Síntese dos Resultados do Teste da Hipótese 1

PRINCIPAIS OBSTÁCULOS PERCEBIDOS EM 1978 A DISCRIMINAREM

EXPORTADORES E NÃO EXPORTADORES EM 1980, 1990 E 1994

Barreiras percebidas em 1978 que 1980 1990 1994

mais discriminaram Sub-hipótese Sub-hipótese Sub-hipótese exportadores e não exportadores 1 . 1 1 .2 1.3

Falta de atuação das

representações diplomáticas 1+} 1 °

Custos de transporte elevados

1-1.

(-1.

(

-

)

Pedido muito grande (+1 3°

Falta de suficientes conhecimentos

técnicos de produção 1 (+) 2°

I

(+)

Insuficiência de recursos financeiros

1 (-)

1(-)

(+) mais percebida pelas empresas que exportaram (-) mais percebida pelas empresas que não exportaram

(64)

Como se pode observar, os três pnnclpais obstáculos a discriminarem os exportadores dos não exportadores são bastante consistentes em 1 990 e 1 994, embora distintos, em parte, em 1 980.

Apresentam-se a seguir os resultados detalhados dos testes estatísticos das três sub-hipóteses.

Sub-hipótese 1.1: As barreiras à exportação percebidas em 1 978 eram distintas para as empresas que exportaram e para as que não exportaram em 1 980.

Resultados do Teste de Hipótese

Os resultados do teste de hipótese, utilizando a análise linear de discriminantes, método passo a passo, permitiram rejeitar a hipótese nula. Assim, é possível afirmar que as empresas que exportaram em 1 980 (85 empresas), em comparação às que não exportaram nesse ano (29 empresas), percebiam barreiras à exportação distintas em 1 978. Obteve-se um lambda de Wilks de 0,821 1 , qui-quadrado de 21 ,080 com 1 0 graus de liberdade e probabilidade de 0,02 de se haver rejeitado erroneamente a hipótese nula (Quadro 4.2).

Das 34 barreiras foram selecionadas 1 0 na análise passo a passo. Discutem-se a seguir as três barreiras percebidas em 1 978 que melhor discriminaram os exportadores e os não exportadores em 1 980.

(65)

Quadro 4.2

Teste da Sub-Hipótese 1.1

Médias dos Grupos Coeficiente

VARIÁVEL Não Exportou

exportou em 1 980 Discriminante em 1 980

Falta de atuação das representações

diplomáticas 1 4% 26% -0,59271

Custos de transporte elevados 59% 43% 0,53384

Pedido muito grande 1 0% 25% -0,49258

Inflação interna impedindo a

manuten-ção de preÇOs e contratos 76% 67% 0,41 756

Controle de qualidade deficiente 34% 1 8% 0,40965

Recessão internacional 48% 60% -0,36891

Mercado interno absorvendo a

produ-ção 34% 23% 0,31 001

Falta de representantes elou agentes

no exterior 4 1 % 32% 0,30027

Capacidade instalada insuficiente 38% 29% 0,28901

Custos de produção não competitivos 31% 36% -0,28063

Número de Casos 29 85 Estatísticas: Lambda de Wilks: 0,821 1 Qui-quadrado: 21 ,080 Graus de liberdade: 1 0 Significância: 0,0205 Número de casos: 1 1 4

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1 °) Falta de atuação das representações diplomáticas

Este foi o obstáculo percebido, em 1 978, que melhor discriminou entre os dois grupos: 26% dos que continuaram exportando em 1 980 queixaram-se da "falta de atuação das representações diplomáticas" versus apenas 1 4% dos que deixaram de exportar. Uma explicação para essa diferença poderia ser um maior envolvimento, dos que continuaram exportando, com a própria atividade de exportação e, por conseqüência, com o apoio das representações diplomáticas em mercados externos. Já os que deixaram de exportar, enquanto menos comprometidos ou envolvidos com a atividade, não percebiam esse obstáculo como relevante.

2) Custos de transporte elevados

o segundo obstáculo a diferenciar os dois grupos foi "custos de transporte elevados": 59% das empresas que não exportaram em 1 980 versus 43% das que continuaram exportando indicaram essa barreira como existente.

A influência de tais custos no preço final do produto, com reflexos no seu grau de competitividade no mercado externo, poderia explicar essa diferença. Outra explicação possível seria a de que as empresas exportadoras e não exportadoras teriam se defrontado com custos de frete distintos. Isso poderia ocorrer por dois fatores: o primeiro seria a distância dos mercados de

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exportação e o segundo economias de escala no frete. A primeira possibilidade - distância dos mercados - pode ser parcialmente descartada, pois, como se indica mais adiante, parcela praticamente igual de empresas dos dois grupos exportava em 1 978 para o mercado norte-americano. Quanto à segunda possibilidade - economias de escala no frete - isso pode, de fato, ter ocorrido, já que, como se verá mais adiante, as empresas que continuaram exportando eram substancialmente maiores do que as que deixaram de exportar.

3°) Pedido muito grande

o terceiro obstáculo percebido em 1 978 que melhor discriminou os dois grupos em 1 980 foi "pedido muito grande". Nesse caso, a relação ocorrida foi inversa: 25% das empresas que exportaram em 1 980 perceberam esse obstáculo versus apenas 1 0% das que não exportaram. Pode-se imaginar que aquelas que receberam pedidos grandes, ainda que pressionadas para atendê-los, tenham sido mais estimuladas a prosseguir na atividade de exportação.

Sub-hipótese 1 .2: As barreiras à exportação percebidas em 1 978 eram distintas para as empresas que exportaram e para as que não exportaram em 1 990.

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Resultados do Teste de Hipótese

Os resultados do teste de hipótese utilizando a análise linear de discriminantes, método passo a passo, permitiram rejeitar a hipótese nula. Assim, pode-se afirmar que as empresas que continuaram exportando em 1 990 (55 empresas), em comparação às que não exportaram nesse ano (59 empresas), percebiam diferentes obstáculos à exportação em 1 978. Obteve-se um lambda de Wilks de 0,6616, qui-quadrado de 43,998 com 1 1 graus de liberdade e probabilidade inferior a 0,0001 de se haver rejeitado erroneamente a hipótese nula (Quadro 4.3).

Das 34 barreiras foram selecionadas 1 1 , na análise passo-a-passo. Discutem-se a seguir as três barreiras percebidas que melhor discriminaram os exportadores e os não exportadores em 1 990.

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Quadro 4.3

Teste da Sub-Hipótese 1 .2

Médias dos Grupos VARIÁVEL

Custos de transporte elevados Falta de suficientes conhecimentos técnicos de produção

Insuficiência de recursos financeiros Desconhecimento da existência de acor-dos do Brasil com outros países

Controle de qualidade deficiente Restrições às importações de insumos elou bens de capital

Qualidade do produto inadequada aos

I

padrões internacionais Barreiras protecionistas

Dificuldade de cumprir prazo de entrega Atuação das trading companies

Custos de comunicação intemacional Número de Casos Estatísticas: Lambda de Wilks: Qui-quadrado: Graus de liberdade: Significância: Número de casos: 0,6616 43,998 1 1 0,0001 1 14

Não exportou Exportou em 1990 em 1990 58% 36% 24% 36% 59% 3 1 % 27% 45% 29% 14% 30% 44% 12% 16% 7 1 % 64% 32% 22% 1 5% 1 1 % 20% 20% 59 55 Coeficiente Discriminante 0,65466 -0,63874 0,62157 -0,47641 0,44310 -0,34736 -0,29732 0,24375 0,23872 0,23069 -0,21941

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1 °) Custos de transporte elevados

Este foi o obstáculo percebido que melhor discriminou entre os dois grupos: 58% dos que não estavam exportando em 1 990 queixaram-se dos "custos de transporte elevados" versus apenas 36% dos que continuaram exportando. Poder-se-ia explicar essa diferença pela influência direta de tais custos no preço do produto, afetando seu grau de competitividade no mercado externo e, por conseqüência, sua exportação. Ou ainda, pelo fato de se depararem, as empresas, com custos de frete distintos em função de seus mercados-alvo e da obtenção de economias de escala de frete.

2°) Falta de suficientes conhecimentos técnicos de produção

Este é o segundo obstáculo que melhor diferencia os dois grupos: 36% das empresas que continuaram exportando em 1 990 apontaram o obstáculo "falta de suficientes conhecimentos técnicos de produção" versus 24% das que não exportaram. Uma explicação possível para esse resultado seria a de que as empresas que continuaram exportando, tendo uma percepção mais acurada de suas deficiências técnicas de produção, buscaram de alguma forma evitar seus efeitos negativos sobre os negócios, enquanto que as que deixaram de exportar, menos conscientes dessas deficiências, foram mais prejudicadas por elas.

Referências

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