PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA BOA PRÁTICA EM PROL DO RIO GUARIBAS

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169 http://ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 10 • nº 1 • 2020

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA BOA PRÁTICA EM PROL DO RIO GUARIBAS

INTRODUÇÃO

Este relato de experiência retrata parte de um projeto desenvolvido pela professora da disciplina Ciências junto aos alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Picos-PI. O referido projeto teve como objetivo geral, estimular a conscientização dos discentes sobre a importância da preservação do meio ambiente. Assim, foi apresentado para eles a história dos recursos naturais locais, com enfoque nos recursos hídricos.

A iniciativa para a realização desse estudo foi motivada por um projeto intitulado “Educação ambiental e sustentabilidade: escola consciente, meio ambiente sustentável”, que foi idealizado pela Secretaria Municipal do meio Ambiente - SEMAM e lançado no primeiro semestre do ano de 2018. Desse modo, com o intuito de fazer parte de ações a favor da preservação do meio ambiente, a referida docente buscou realizar atividades que despertasse nos alunos a consciência para a importância da preservação do meio ambiente, assumindo assim seu compromisso como cidadão conhecedor do seu papel na sociedade.

Dessa maneira, para sensibilizar os alunos sobre a necessidade de refletir acerca dos resultados das ações humanas, que são nocivas ao meio ambiente, foi proposto no projeto objetivos específicos de diferentes natureza, dentre eles a oportunidade de visitar o rio Guaribas, rio local que banha toda a cidade, bem como a adjacência da escola. Ademais, foi sugerido no projeto supracitado, que os alunos deveriam conversar com os moradores mais antigos para coletar informações sobre a vegetação das margens e a água do rio, principalmente, na época em que eles se beneficiavam das suas águas cristalinas.

Diante da importância reservada às discussões e ações emergidas a partir do cenário de assoreamento das margens do rio Guaribas, da poluição e da contaminação

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de suas águas; decidiu-se realizar atividades para que os alunos pudessem contribuir na melhoria das margens do rio Guaribas, mais precisamente nas adjacências da escola. Desse modo, também foi elencado como objetivo específico do referida projeto, que os alunos deveriam plantar algumas mudas de árvores na encosta do rio Guaribas, no sentido de contribuírem com a preservação da vegetação nativa local.

REFERENCIAL TEÓRICO

A preservação do meio ambiente é bastante discutida nos nossos tempos atuais, observa-se uma ampla divulgação nos meios de comunicações, portanto, é importante destacar que esta temática deve ser abordada em vários setores da sociedade, seja nas redes sociais, nas escolas, nas igrejas, nas associações e demais espaços, haja vista que o planeta é a “casa comum” e responsabilidade de todos.

Nesse sentido, a escola, enquanto instituição formal de educação, deve oportunizar os conhecimentos sobre a educação ambiental para os alunos de todos os níveis e modalidades de ensino. A esse respeito, a Lei nº 9.795/99, que trata da política nacional de educação ambiental e dispõe no seu artigo 2º que: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal” (BRASIL. 1999 p.1).

Sendo assim, a escola como uma instituição promotora do conhecimento deve desempenhar o papel de articuladora e disseminadora desses saberes, para que os alunos saibam e se conscientizem que são seres/agentes que dependem desse patrimônio ambiental para sobreviver, logo, também são responsáveis pela sua conservação e preservação a partir de ações, concepções, mudanças de hábitos, como forma de viabilizar uma relação mais harmoniosa com o planeta.

Nesse contexto, os parâmetros curriculares nacionais (PCN) sugerem como um dos objetivos para o ensino fundamental séries finais, que o aluno precisa “perceber-se

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integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente” (BRASIL 1998, p.7).

Em consonância com essa discussão, Toaldo e Meyne (2013), discorrem que o ambiente é formado pelos fatores bióticos e abióticos. Ressaltam ainda, que o ecossistema é direito de todos e deve ser usufruído sem ser destruído. Assim, o uso desregrado dos recursos naturais, que são bens finitos, levará a extinção dos mesmos. Portanto, é primordial a proposta de alternativas sustentáveis para que todos possa se beneficiar do que há na natureza com menor impacto possível.

Segundo os parâmetros curriculares de Ciência Naturais, faz-se necessário a coleta de informações, a organização, a interpretação e a divulgação de conhecimentos sobre mudanças ambientais causadas pelo ser humano, sobretudo, na região em que o discente vive. Desse modo, é relevante a divulgação dos resultados desse estudo, para a valorização e a propagação dessas informações e experiências, que podem ser realizadas entre os próprios colegas, bem como membros da comunidade, através de diferentes veículos de comunicação dentre eles, os livros e os folhetos (BRASIL,1998).

PERCURSO DO PROJETO

Numa primeira instância, foi marcado uma reunião com os pais/responsáveis pelos alunos na qual estes foram informados sobre as principais pautas do projeto e o seu itinerário formativo. Na ocasião, os pais/responsáveis autorizaram a participação do público-alvo no projeto através da assinatura do termo de consentimento.

Na operacionalização do projeto, mativeram-se como colaboradores além da professora de ciências, os demais professores e o grupo gestor da respectiva instituição de ensino. Contou-se também com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, além de outros parceiros, dentre eles a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e os moradores das proximidades do rio Guaribas.

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As atividades foram programadas para acontecer durante o período de junho a novembro do ano letivo de 2018. O projeto foi dividido em quatro (4) etapas e cada uma com duas atividades conforme descritas a seguir.

Etapa 1- Introdução ao projeto

Nessa etapa, apresentou-se o projeto para os alunos e a comunidade escolar. Em um outro momento dessa mesma etapa, realizou-se a exibição de um vídeo mostrando uma reportagem sobre a situação atual do rio Guaribas. Na oportunidade, os alunos fizeram muitas indagações sobre como era o rio em anos passados. Na ocasião, ainda relataram que até aquele instante não tinham conhecimento de que aquele local, que na atualidade mais se parece com um canal para passagem de esgoto, já havia sido um rio com águas cristalinas e fonte de sustento para muitas famílias da cidade e localidades circunvizinhas.

Etapa 2- Preservação Ambiental.

Nessa parte, aconteceu uma palestra sobre preservação ambiental. A palestra foi ministrada pelas educadoras ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SEMAM, que explanaram sobre os principais problemas ambientais que atingem a cidade de Picos, dentre eles citaram o rio Guaribas. No decorrer da explanação, houve uma participação efetiva dos alunos, que com a mediação das palestrantes discutiram e perceberam quais seriam as possíveis soluções para evitar a poluição e contaminação do meio ambiente.

Na continuidade da etapa supracitada, foi realizado uma aula passeio com a finalidade dos alunos verem a real situação da margem do rio Guaribas nas proximidades da escola. Estes discentes foram acompanhados pelos professores da referida instituição de ensino com orientações para compreenderem as formas de degradações presentes no local.

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Durante a visita nas margens do rio Guaribas, os alunos puderam constatar o quanto o rio foi devastado pela ação humana. Diante dessa circunstanciam, eles ficaram bastantes sensibilizados e refletiram sobre a efetiva possibilidade de interagirem, a partir de ações direcionadas à preservação do ambiente observado, como forma de minimizar o seu estado de degradação. Assim, emergiu o desejo de fazerem o plantio de mudas de árvores nativas que contemplava as margens do rio Guaribas, localizadas nas proximidades da unidade escolar.

Etapa 3- Boa prática em prol do rio Guaribas

Esta etapa representa a ação coletiva em prol da preservação do rio Guaribas que contou com a participação dos alunos, dos professores, dos gestores e demais servidores da escala. Também houve a participação da Secretaria do Meio Ambiente que deu o apoio logístico com a doação das mudas de plantas nativas e disponibilizou alguns servidores para limpar e preparar o terreno onde aconteceria essa ação. Além disso, houve a colaboração das educadoras ambientais da referida secretaria, que ensinaram as técnicas de manejo para o plantio das mudas e responderam diversas perguntas emitidas pelos alunos. As Educadoras ambientais enfatizaram a importância de ampliar áreas verdes na cidade e os benefícios desse ato para o ecossistema.

Dando sequência as atividades dessa etapa, os alunos conversaram com as pessoas que residem em frente à margem do rio Guaribas e, em seguida, fizeram algumas perguntas. Os discentes perguntaram quais as lembranças que estes moradores tinham sobre o rio Guaribas, principalmente, quando este ainda possuía água cristalina e boa para o consumo humano. Os moradores relataram para os alunos que a água desse rio já havia sido essencial para o cultivo da cebola e do alho comercializado naquela região, produção que durou muito tempo nessa cidade. Também falaram das boas lembranças das pescarias e dos banhos divertidos que ali aconteceram.

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No decorrer da conversa com os alunos, uma senhora que reside no bairro há 57 anos, informou ainda que enquanto cidadã consciente, já havia realizado ação para melhoria na margem do rio. Ela relatou que solicitou aos órgãos públicos que recuperassem o solo da margem do rio que sofreu erosão. Ela também revitalizou aquela área com o plantio de algumas árvores para evitar que as águas do rio no período de chuvas chegassem até as residências. A referida senhora se mostrou bastante solícita e acompanhou toda essa etapa do projeto, e na ocasião, fez algumas perguntas aos alunos e aos professores. Ela ficou bastante empolgada com o projeto e, disponibilizou-se a ajudar os alunos que ficaram responsáveis pelos cuidados necessários para crescimento das árvores plantadas na margem do rio.

Foi observado que esta fase do projeto foi a mais impactante para os alunos, pois eles demonstraram mais entusiasmo e se disponibilizaram na plantação de mais árvores e as adotarem. Nesse contexto, foram feitas sugestões de como poderiam contribuir efetivamente com os cuidados para o crescimento dessas árvores.

Como exemplo desse relato de experiência, uma aluna do 6º ano ao ser entrevistada por uma estagiária de jornalismo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, discorre sobre a relevância dessa ação para estimular a conscientização e preservação do meio ambiente. Também relatou os cuidados que teriam com as árvores que foram plantadas. Logo abaixo, está descrito a fala da aluna que foi registrada nesta reportagem e, ao mesmo tempo publicada no site da Prefeitura Municipal de Picos:

“O trabalho do plantio tem papel fundamental na preservação do meio ambiente, que está muito devastado. Além da conservação do rio, a função de todos os alunos que estão participando do projeto é melhorar o meio ambiente. Fomos divididos e responsáveis para que cada dia, um aluno fique a frente, para só assim todos participarem, afirma” (EVANGELISTA, 2018, online).

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Etapa 4- Preparação para a culminância do projeto

Esta fase representa o momento final das atividades planejadas no projeto, na qual os alunos se organizaram para mostrarem o resultado da experiência realizada. Os mesmos produziram cartazes com as fotos de todas as etapas desenvolvidas, fizeram recortes e colagem das reportagens a respeito das atividades realizadas e ensaiaram suas apresentações. Enfim, foi uma etapa bem divertida, houve bastante integração das turmas. Após toda organização chegou o momento da exposição dos resultados junto à comunidade escolar. Aconteceu no pátio da escola e contou com a presença dos pais e/ou responsáveis dos alunos, bem como, os parceiros envolvidos no projeto.

Os alunos relataram sobre o prazer de terem participado das atividades do projeto. Expuseram fotos e recortes das reportagens sobre as ações realizadas que foram publicadas no site da Prefeitura. Também explanaram sobre os conhecimentos adquiridos com as palestras e com a prática do plantio. Finalizaram expressando o desejo de participarem de mais atividades dessa natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a ação pedagógica desse projeto, percebeu-se que os alunos ficaram mais conscientes sobre os cuidados de preservação do próprio ambiente escolar. Desse modo, pode-se afirmar que os objetivos foram contemplados e com o entendimento de que é uma temática que deve ser sempre debatida para que haja o aprendizado e, consequentemente, a mudança de comportamento em prol da sustentabilidade do meio ambiente. Então, mais ações dessa magnitude devem ser realizadas, para que o conhecimento seja cada vez mais ampliado e disseminado, pois o planeta precisa de mais ações congregadas a preservação e conservação do meio ambiente.

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Referências

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Ciências Naturais. Brasília: MECSEF, 1998.

_____, Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9795. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 abr. 1999. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 02 mar. 2018.

EVANGELISTA J. Escola municipal promove atividades de conscientização sobre o meio

ambiente: 10 out. 2018. Entrevista concedida a Larisse Carvalho. Disponível em:

http://www2.picos.pi.gov.br/sem-categoria/escola-municipal-promove-atividades-de-conscientizacao-sobre-o-meio-ambiente/. Acesso em: 03 mar. 2020.

TOALDO, A. M.; MEYNE, L. S. Educação Ambiental como instrumento para concretização do desenvolvimento sustentável. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM. v. 8, p. 661-673, abr 2013.

VT RIO GUARIBAS – PICOS.Youtube. 2013, 1 vídeo (2min 54s). Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=vC-G3GnUJ14. Acesso em: 05 mar. 2018.

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Maria Giceli das Chagas Araújo é especialista em

Fisiologia do Exercício pela Universidade Veiga de Almeida - UVA/RJ (2006). Especialista em Educação Global, Inteligências Humanas e Construção da Cidadania pela Faculdade de Ensino Superior do Nordeste/PB (2016). Possui graduação em Ciências com Habilitação em Biologia pela Faculdade de Formação de Professores de Araripina/PE-FAFOPA (1996) e graduação em Educação Física pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI (2003). Atualmente é Professora do Ensino Básico na Rede Municipal de Ensino de Picos-PI. Tem experiência na área de Educação Física e Biologia no Ensino Básico e Superior.