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Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

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ISSN: 1981-6324

marcomachado@brjb.com.br

Universidade Iguaçu Brasil

Bigliassi, Marcelo; Ferreira Dias Kanthack, Thiago; Carneiro, João Guilherme; Barboza Seron, Bruna; Dourado, Antonio Carlos; Altimari, Leandro Ricardo

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA PRÉVIA: EFEITO DE UMA ESTRATÉGIA SENSORIAL NOS 100 METROS RASOS

Brazilian Journal of Biomotricity, vol. 6, núm. 3, septiembre, 2012, pp. 203-212 Universidade Iguaçu

Itaperuna, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93024967007

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ARTIGO ORIGINAL (ORIGINAL PAPER)

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

PRÉVIA: EFEITO DE UMA

ESTRATÉGIA SENSORIAL NOS 100

METROS RASOS

PREVIOUS PSYCHOLOGICAL INTERVENTION: EFFECTS OF A SENSORY

STRATEGY ON 100 METERS

Marcelo Bigliassi¹, Thiago Ferreira Dias Kanthack¹, João Guilherme Carneiro¹, Bruna

Barboza Seron¹, Antonio Carlos Dourado² e Leandro Ricardo Altimari³

¹Programa de Pós- Graduação Stricto-Sensu Associado em Educação Física UEM-UEL

²Departamento de Esporte – CEFE - Universidade Estadual de Londrina

³Depto de Educação Física – CEFE - Universidade Estadual de Londrina

Endereço para correspondência:

Leandro Ricardo Altimari

Departamento de Educação Física – Universidade Estadual de Londrina. Rodovia Celso

Garcia Cid, PR 445 km 380, Campus Universitário, Cx. Postal 6001, CEP 86051-990,

Londrina, PR, Brasil

e-mail altimari@uel.br

Submitted for publication: May 2012

Accepted for publication: Sep 2012

RESUMO

BIGLIASSI, M.; KANTHACK, T. F. D.; CARNEIRO, J. G.; SERON, B. B.; DOURADO, A. C.; ALTIMARI, L. R. Intervenção psicológica prévia: efeito de uma estratégia sensorial nos 100 metros rasos. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 6, n. 3, p. 203-212, 2012. O objetivo do estudo foi analisar a influência de uma estratégia motivacional utilizando vídeo/música no momento pré-teste sobre variáveis psicofisiológicas e de desempenho em jovens corredores de 100 m. Participaram do estudo 8 atletas jovens homens que realizaram duas condições experimentais: controle (Con) submetidos a 5 minutos sem inferência e intervenção (Int) submetidos a 5 minutos de vídeo/música no momento pré-teste. Após este procedimento os sujeitos responderam os questionários de humor de Brunel e a escala de motivação no desporto (EMD). Foi avaliada a frequência cardíaca (FC), o tempo total (TT) e a velocidade média (VM). Não foram encontradas diferenças significativas entre TT, VM, FC e EMD em nenhuma das condições experimentais. Os resultados de humor mostraram uma menor taxa de inclinação para a sensação de fadiga na condição Int (p<0,05). Conclui-se que a exposição a 5 minutos de um vídeo/música motivacional foi capaz de diminuir o valor de slope no domínio da fadiga.

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ABSTRACT

BIGLIASSI, M.; KANTHACK, T. F. D.; CARNEIRO, J. G.; SERON, B. B.; DOURADO, A. C.; ALTIMARI, L. R  Previous Psychological Intervention: Effects of a Sensory Strategy on 100 Meters. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 6, n. 3, p. 203-212, 2012.The goal of this research was to analyze the influence of motivational video/music in pre-test moment on performance and psychophysiology variables in young runners of 100 m shallow. Eight young male athletes of 100 m shallow participated in two experimental conditions: control (Con) was submitted to 5 minute no inference and intervention (Int) were submitted to 5 minute motivational video/music in a pre-test situation. After this procedure, the individuals were inclined to answer the questionnaires: Brunel mood Scale and Sport Motivation Scale (SMS). Was evaluated the cardiac frequency (CF), the total time (TT), the average speed (AS). Significant differences were not found in any of the Con and Int conditions among TT, AS, FC and SMS. The mood outcomes showed a fewer fatigue sensation to Int condition (p<0,05). We concluded that the exposure to 5 minutes with music/video motivational was capable to decrease the slope value from fatigue domain.

Key words: music, motivation, athletic performance

INTRODUÇÃO

O desempenho humano obtido como resultado advindo de uma tarefa no âmbito físico, expressa dentro dos atuais níveis de competição, diferenças mínimas e pequenos detalhes que podem ser decisivos para definir glórias e fracassos principalmente em modalidades de baixo volume e alta intensidade que se utilizam primordialmente da força, velocidade e potência muscular (LIPPI et al., 2008). Em atividades de curta duração o aumento da ativação pré-competitiva pode ser uma estratégia importante na melhora do desempenho. A corrida no atletismo de 100 metros rasos exemplifica claramente o tipo de modalidade em questão, exigindo um nível de concentração, potência exigida e empenho em nível máximo, desde o momento da saída do bloco até os metros finais da prova (MANSO et al., 1998).

Desse modo, uma série de recursos capazes de aumentar o desempenho atlético visando melhores resultados tem surgido ao longo dos anos, tais recursos são denominados ergogênicos, ou seja, alguma forma de aperfeiçoar o desempenho físico em tarefa física, tendo esses sua classificação em diferentes âmbitos: fisiológicos, biomecânicos, nutricionais, farmacológicos e psicológicos (MAUGHAN, 2009; BERNSTEIN et al., 2003). Dentre essas possibilidades, recursos ergogênicos psicológicos têm sido constantemente estudados devido aos benefícios encontrados, muitas vezes relacionados ao aumento da ativação para a tarefa, diminuição da percepção subjetiva de esforço (PSE) e melhora em variáveis de desempenho (KARAGEORGHIS et al., 2008; SZMEDRA; BCHARACH., 1998; MOHAMMADEZDEH et al., 2008; NAKAMURA et al., 2010; ELIAKIM et al., 2012), sendo esses usados em diferentes formas, como o uso de encorajamento verbal, retroalimentação visual e até a utilização de músicas e vídeos em momentos anteriores, paralelos ou posteriores ao exercício (NAKAMURA et al., 2008; ANDREACCI et al, 2002; LIM et al., 2009; ELIAKIM et al., 2012).

Analisando essa perspectiva, é possível identificar estratégias e meios de potencializar os resultados em testes representativos de competição, dessa forma o aspecto motivacional surge como ponto conhecido capaz de modular a ativação para uma determinada tarefa, aproximando o que se entende como capacidade máxima de trabalho, na perspectiva de utilizar a força máxima dentro de parâmetros de técnica e empenho em uma modalidade específica (DUDA, 1989). A motivação enquanto uma característica psicológica conceitua-se como um conjunto de processos resultantes do ambiente e de possibilidades congênitas que dão ao comportamento uma intensidade em uma determinada direção (BREHM e SELF, 1989) com uma forma de desenvolvimento próprio, nesse caso referente a cada modalidade esportiva. Sendo assim, modular a motivação mostra-se uma estratégia interessante quando analisada no sentido de melhorar o desempenho final.

Considerando essas informações, o uso de música e vídeos têm se mostrado positivo em diferentes tarefas baseado em algumas hipóteses de ação, dentre essas o fator motivacional pode ser influenciado de maneira direta pelos próprios componentes musicais e visuais, e até indireta pela lembrança ocasionada por essa informação sensorial, capaz de induzir memórias e recordações positivas de superação e vigor com grande possibilidade de incremento final da maior

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capacidade de ação muscular (NAKAMURA et al., 2010; LIM et al., 2009; ATIKINSON et al., 2004). Dentro dessa perspectiva, uma estratégia psicológica pré-competitiva capaz de modular positivamente a motivação em uma tarefa de baixo volume pode ser uma forma viável e importante na obtenção de melhores resultados. Desse modo, o objetivo do estudo é verificar a influência do uso de música e vídeo motivacional no momento pré-teste sobre o desempenho e variáveis psicofisiológicas de jovens corredores de 100 m rasos.

MÉTODOS Sujeitos

Foram selecionados 8 velocistas do sexo masculino , corredores de 100 m rasos da equipe de atletismo de Londrina/PR. Todos os sujeitos foram previamente informados sobre a proposta do estudo e procedimentos aos quais seriam submetidos e assinaram uma declaração de consentimento esclarecido. Foi pedido aos participantes para que não fizessem uso de qualquer substância considerada ergogênica durante o período das avaliações, assim como não fazer uso de bebidas cafeinadas, além disso, foi utilizado o primeiro dia útil da semana para a realização dos testes no intuito de diminuir a interferência de atividades físicas intensas relacionadas ao dia anterior ao teste. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Local, de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

Protocolo Experimental

Todos os sujeitos cumpriram inicialmente o aquecimento padrão durante 10 minutos como de costume nos treinamentos e foram submetidos a duas condições aleatorizadas (Controle = Con e Intervenção = Int), realizadas nos mesmos horários e dias da semana, com um intervalo de pelo menos 48 horas entre as condições, onde fizeram um tiro de 100 m no menor tempo possível nas duas condições partindo sempre do mesmo bloco de saída, posicionado no mesmo local e raia, mantendo o mesmo padrão de posicionamento dos pés e postura. Na condição Con os sujeitos após o aquecimento mantinham-se na posição sentada por 5 minutos sem nenhum tipo de interferência sensorial antes de realizar o teste, já na condição Int, os sujeitos após o aquecimento ficaram na posição sentada sob a influência de um vídeo motivacional de aproximadamente 5 minutos com cenas de competições dos 100 m rasos, apontando grandes campeões e cenas da modalidade, onde duas músicas próprias do vídeo foram ouvidas durante esse tempo (Fort Minor – Remember the Name (130 bpm) e Requiem for a Dream – Clint Mansell (90 bpm), sendo essas consideradas motivacionais segundo seus componentes musicais, característica rítmica progressiva e aceitação dos atletas, mantendo um volume em torno de 80 decibéis medidos diretamente no ouvido do atleta. A figura 1 ilustra o protocolo experimental do presente estudo.

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Avaliação Psicológica

Inicialmente, logo que o atleta chegou à pista de atletismo utilizou-se para avaliação do humor a variação de momentos prévios ao aquecimento para com o momento após o teste através do questionário de humor de Brunel (Brums), composto por 24 adjetivos em Escala Likert (0 a 4) norteado pela pergunta “como esta se sentindo agora?” que contemplam seis domínios (fadiga, tensão, vigor, depressão, confusão e raiva.) que caracterizam o momento de ânimo em que o atleta se encontra (Lane et al., 2008), sendo considerados para esse estudo os domínios fadiga e vigor, estabelecidos como primordiais para o contexto.

Da mesma forma, a motivação foi avaliada nos mesmos momentos, sendo aplicada a versão traduzida e validada para o português do Sport Motivation Scale (SMS) (Pelleteier et al. 1995) por Serpa et al (2004) com o nome de Escala de Motivação no Desporto (EMD), sendo esse questionário composto por vinte e oito perguntas em análise por Escala Likert que sempre respondem sobre a correspondência ou não correspondência de 1 a 7 para a pergunta: Porque é que praticas o teu esporte? A análise foi feita por cotação das diferentes perguntas classificadas em sete planos compostos por: amotivação, motivação extrínseca-regulação-externa, motivação extrínseca introjeção, motivação extrínseca-identificação, motivação intrínseca atingir objetivos, motivação intrínsica experiências estimulantes e motivação intrínseca para conhecer.

Para ambos os questionários, os sujeitos foram informados sobre os objetivos e informações relevantes que esses instrumentos iriam trazer, mantendo o componente confidencial como aspecto chave na interpretação dos mesmos e trazendo auxílio ao entendimento da modalidade e melhor explicação dos resultados posteriores assim como a identificação de possíveis variações advindas da estratégia sensorial prévia.

Avaliação fisiológica e de desempenho

A frequência cardíaca foi obtida através do uso de um monitor de freqüência cardíaca (POLAR RS800®), durante todo o aquecimento assim como durante o protocolo, adquirindo medidas batimento por batimento no intervalo RR, descarregados em software (Polar Precision Performance, OY, Finlândia) para posterior análise. O tempo total assim como a velocidade média foi verificado como medidas de desempenho através de uma célula fotoelétrica (SMARTSPEED™, GPSports, Spain).

Análise dos dados

Inicialmente os dados foram apresentados a partir de média e desvio-padrão. O teste de Mauchly foi utilizado para analisar a esfericidade dos dados, seguido da correção de Greenhou-Geisser. Posteriormente foi aplicada ANOVA two-way para medidas de desempenho, variáveis fisiológicas e psicológicas. Foi adotada uma significância estatística de 5%, sendo todos os dados tratados no pacote estatístico PASW 18.0. Adicionalmente às análises de comparação, o menor efeito relevante foi calculado para o tempo total, para determinar a probabilidade de o efeito ser benéfico, trivial ou prejudicial no desempenho. O percentual de chance de melhora/trivial/decréscimo no desempenho foi avaliado qualitativamente de acordo com as seguintes classificações: < 1% quase certeza que não; 1% a 5% muito improvável; 5% a 25% improvável; 25% a 75% possível; 75% a 95% provável; 95% a 99% muito provável; >99% quase certeza. Se a chance de benefício e decréscimo no desempenho foi para ambos maiores que 5% do percentual de chances de diferença, a classificação foi considerado indeterminado (HOPKINS et al., 2009).

RESULTADOS

Na tabela 1 são apresentadas as características gerais dos sujeitos estudados. Vale ressaltar que, nenhum dos sujeitos obteve colocações melhores do que o segundo lugar na última competição que participaram, garantia de que todos não foram considerados vencedores no último torneio.

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Tabela 1 – Características gerais dos sujeitos estudados (média + DP). n = 8

Idade (anos) Tempo de

Prática (anos) Colocação na Última Competição Estatura (cm) Peso (kg) 16,75 4,45 3,38 1,73 62,25 ±4,10 ±5,08 ±1,30 ±0,07 ±10,07

Na figura 2 são apresentados os valores médios do tempo total e o tempo individual de cada atleta para as condições Con e Int nos 100 m. em ambas as condições são mostradas pela linha pontilhada (Int) e pela linha traçada (Con). Nenhuma diferença significante foi encontrada entre as duas condições, com o grupo Con apresentando um tempo total de 11,831±0,91 s, e o grupo Int 11,8275±0,72 s (p>0,05).

Figura 2 – Tempo total (s) (média + DP) e tempo individual de cada atleta nos 100 m nas

condições estudadas são mostrados pela linha pontilhada (Int) e pela linha traçada (Con). Nenhuma diferença significante foi constatada (p>0,05).

Na figura 3 é apresentada a velocidade média obtida pelos atletas nos 100 m nas condições Con (8,49 + 0,62 m/s), e Int (8,48 + 0,49 m/s). Da mesma forma, não foram encontradas diferenças significantes entre as condições para a velocidade média (p>0,05).

Figura 3 – Velocidade média (m/s) (média + DP) nos 100 m nas condições Con e Int. Nenhuma

diferença significante foi constatada (p>0,05).

Na figura 4 são apresentados os valores de frequência cardíaca máxima (FCmáx) dos atletas nos

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bpm, enquanto que a para a condição Int o valor alcançado foi 177,2 + 11,03 bpm. Não foi constatada diferenças significantes na FCmáx entre as duas condições experimentais (p>0,05)

Figura 4 – Valores da frequência cardíaca máxima (FCmáx) (bpm) (média + DP) nas condições

Con e Int nos 100 m. Nenhuma diferença significante foi constatada (p>0,05).

Os valores em Escala Likert do questionário de humor de Brums para os domínios de fadiga e vigor são representados na figura 5. Foram encontradas diferenças significantes entre a taxa de inclinação (slope) dos momentos pré- e pós- 100 m na condição Con para o domínio de fadiga, sendo o mesmo não evidenciado na condição Int.

Figura 5 – Valores apresentados em Escala Likert referentes aos questionários de Humor de

Brums para os domínios fadiga e vigor nas condições e Con e Int pré- e pós- 100 m. * Diferença estatisticamente significante entre a taxa de inclinação do momento pré para o momento pós na condição controle.

O segundo questionário, referente a motivação no esporte (EMD), também tem seus resultados apresentados por Escala Likert, e todos os sete domínios são apresentados na figura 6. Não foram encontradas diferenças significantes para nenhum dos domínios nas diferentes condições estudadas (p>0,05).

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Figura 6 – Valores apresentados em Escala Likert referente ao questionário EMD para os sete

domínios nas condições Con e Int pré- e pós- 100 m. Nenhuma diferença estatisticamente significante foi constatada (p>0,05).

Na figura 7 são apresentados os resultados advindos da estatística alternativa de Hopkins et al. (2009) – The Smallest WorthWhile Change, apontando resultados triviais: 12/76/12, entre as condições Con e Int para a variável tempo total nos 100 m.

Figura 7 – Análise quali-quantitativa dos resultados de tempo total nos 100 m entre as condições

Con e Int, onde os resultados ultrapassam a tendência dos desvios de variação relativos à média dos protocolos, sendo considerados dados triviais ou sem possibilidade classificatória, sendo assim considerado como indeterminado.

DISCUSSÃO

O proposito desse estudo foi verificar a influência do uso de música e vídeo motivacional no momento pré-teste sobre o desempenho e variáveis psicofisiológicas de jovens corredores de 100 m rasos. Os achados do presente estudo demonstraram uma melhora psicoafetiva que parece estar relacionada a uma menor percepção da atividade quando a intervenção foi usada, proporcionando uma menor taxa de inclinação entre o momento prévio e posterior ao exercício, induzindo então a uma possível diminuição da sensação de cansaço ao teste físico. Por outro lado, não se constatou melhoras no desempenho de corrida nos 100 m, o que demonstra que a estratégia ergogênica utilizada não foi eficiente nas condições experimentais estudadas.

Em contra partida, os achados podem ser importantes quando utilizados com a finalidade de auxiliar nas etapas de treinamento, uma vez que a intervenção com música possibilitou redução na sensação de fadiga pós-esforço.

Alguns estudos veem demonstrando possíveis influências positivas da música sobre o aspecto motivacional de atletas (BARWOOD et al., 2009; ELLIOTT et al., 2004). Da mesma forma, Yamamoto et al. (2003) demonstraram que a utilização prévia de música ao momento da tarefa melhora o desempenho em atividades supramáximas de ciclismo. Esses achados se tornam

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importantes, haja vista que o uso da música em situações onde essa é utilizada paralelamente às atividades esportivas, não apresentam validade ecológica, porque na maioria das modalidade esportivas, em especial no atletismo essa estratégia não é permitida, os atletas somente podem fazer uso deste recurso em momentos prévios e posteriores à competição.

Ressalta-se que os achados do presente estudo suportam a afirmação de que existe possibilidade de o agente ergogênico utilizado não contribuir efetivamente para melhora do desempenho nesse tipo de modalidade. Contudo, a redução na sensação de fadiga pós-esforço após a utilização previa da música apontam para sua utilização como uma estratégia eficiente durante o treinamento para atenuar a sensação de fadiga, o que indiretamente poderia contribuir com aumento na carga total de treinamento. Estudos recentes têm demonstrado que a utilização da música com essa finalidade parecer ser eficiente quando essa é utilizada simultaneamente a prática esportiva em treinamento, podendo trazer uma resposta positiva, inclusive alterando variáveis fisiológicas e de desempenho (NAKAMURA et al., 2010; LIM et al., 2009). Apesar de alguns estudos não demonstrarem os mesmos benefícios, o que contribui para controvérsia dos resultados, alguns desses tem mostrando que a efetividade dessa estratégia parece estar relacionada a alguma variável dependente (DYRLUND e WININGER, 2008; CRUST, 2004), de forma que ao utilizas essa estratégia deve-se respeitar algumas características peculiares de recomendação para seu uso (KARAGEORGHIS et al., 2012).

Considerando as principais características da prova de 100 m, que exige dos seus praticantes força e potência muscular para que se cumpra a distância no menor tempo possível, nos parece importante apontar para a problemática que envolve moduladores do desempenho relacionados a essas características, onde mínimas diferenças obtidas a partir de estratégias psicológicas em um contexto de validade ecológica indica que nossos achados possam ser importantes para a realização de futuras práticas. Adicionalmente, acreditamos que nosso trabalho possa colaborar com futuras pesquisas que envolvam a temática música/vídeo e outras inferências motivacionais sobre o desempenho físico nas mais diversas modalidades. Na figura 7, é possível perceber a grande dispersão quanto a um possível efeito benéfico da intervenção, logo, podemos deduzir que o efeito da música prévia, é de caráter intrapessoal, ou seja, varia entre sujeitos, o que nos leva acreditar que as diferentes informações recebidas do ambiente são não somente interpretadas de maneira subjetiva para cada pessoa, como também são diferentemente levadas a demais contextos e capazes de incitar diferentes recordações positivas ou não (CARNEIRO et al., 2012; KARAGEORGHIS et al., 2012; EYSENCK, 1992).

É importante ressaltar que, o pequeno número de atletas envolvidos, assim como a baixa homogeneidade relacionada a faixa etária e tempo de prática individual, pode ter contribuído para menor expressão dos possíveis efeitos ergogênicos da intervenção proposta. Assim sendo, concluímos que a exposição a 5 minutos de um vídeo motivacional acompanhado de uma música com componentes motivacionais imediatamente prévios a tarefa, não foram suficientes para modificar o TT, a VM, a FC, BRUMS e EMD dos atletas em uma prova de 100 m, porém, os sujeitos demonstraram sentir-se menos cansados quando fizeram uso da estratégia, mesmo com nível de stress fisiológico semelhante.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

O uso de estratégias motivacionais prévias no âmbito do treinamento físico como o uso de música/vídeo mostra-se indicado para utilização em atletas corredores de 100 metros rasos, sendo um meio capaz de diminuir a taxa de inclinação da fadiga após um tiro máximo respectivo à prova. Alguns cuidados como o tempo de exposição adequado e o momento imediato prévio à tarefa não devem ser negligenciados para que esse agente psicológico cause seus efeitos. Os atletas devem ser encorajados a fazerem o uso de músicas/vídeos individuais, devendo ser usados diferentes tipos de vídeos e músicas durante o período de treino e também no momento pré-competitivo.

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Referências

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