• Nenhum resultado encontrado

P. SAD. Porto, Novembro de 2002

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "P. SAD. Porto, Novembro de 2002"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)Introduc¸a˜ o a` s Folheac¸o˜ es por Curvas em Superf´ıcies P. S AD Porto, Novembro de 2002. Estas notas pretendem apresentar ao leitor algumas propriedades b´asicas das folheac¸o˜ es holomorfas em dimens˜ao complexa dois. Os pesquisadores mais conhecidos ligados ao tema (mais geralmente, folheac¸o˜ es holomorfas em dimens˜ao qualquer) s˜ao: BriotBouquet, Darboux, Poincar´e, Dulac (fins do s´eculo XIX at´e os anos 30 do s´eculo XX), Petrovski e Landis (anos 50), Ilyashenko, Moussu, Mattei, Cerveau, Malgrange,Ecalle, Martinet, Ramis, Camacho, Lins-Neto, Gomez-Mont, Ghys,... (anos 70 em diante). Os instrumentos utilizados foram essencialmente anal´ıticos (func¸o˜ es de v´arias vari´aveis complexas). Mais recentemente, a partir dos anos 90, McQuillan e Brunella introduziram no assunto t´ecnicas de Geometria Alg´ebrica. Na primeira sec¸a˜ o examinaremos os tipos de singularidades que aparecer˜ao na seq¨ueˆ ncia; a sec¸a˜ o seguinte tratar´a de uma interessante aplicac¸a˜ o de t´ecnicas complexas a um problema de natureza real. Nas restantes duas sec¸o˜ es, veremos aspectos globais de folheac¸o˜ es no plano projetivo. Como referˆencias gerais, podemos citar: 1. D. Cerveau e J.-F. Mattei, Formes Int´egrables Holomorphes Singuli`eres, Ast´erisque 97. 2. C. Camacho e P. Sad, Pontos Singulares de Equac¸o˜ es Diferenciais Anal´ıticas, Impa, 1991. 3. A. Lins Neto e B. Scardua, Folheac¸o˜ es Alg´ebricas Complexas, Impa, 1997. 4. M. Brunella, Birational Geometry of Foliations, Impa, 1999. Este texto originou-se de um minicurso apresentado no Departamento de Matem´atica Pura da Faculdade de Ciˆencias da Universidade do Porto; o autor agradece a hospitalidade e interesse.. 1.

(2) Uma folheac¸a˜ o em um aberto U.  . . . e´ definida por uma equac¸a˜ o diferencial.  p  x y.  q  x y.  s˜ao func¸o˜ es holomorfas, Z  x y

(3) onde p q : U   p  Z  q  Z . . dx dT dy dT. U eT.

(4) .  . . Denotemos X Z. O Teorema de Existˆencia e Unicidade de Soluc¸o˜ es garante que, dados um ponto qualquer a b U e um compact K U , existem r 0 e uma u´ nica aplicac¸a˜ o holomorfa dψ ψ: r K U de modo que (i) ψ 0 Z Z para todo Z K e (ii) T Z dT X ψT Z . U , isto e´ , φ 0 Z0 Fixado Z0 U , existe ent˜ao soluc¸a˜ o holomorfa φ : r0 eφ T X φ T para todo T r0 (r0 depende de Z0 , e a soluc¸a˜ o e´ u´ nica no disco r0 )). Os pontos onde X Z0 0 0 s˜ao as singularidades da folheac¸a˜ o; vamos supor sempre que o conjunto de singularidades e´ discreto. Os demais pontos s˜ao os pontos regulares. Uma folha e´ uma curva holomorfa, conexa e regular de U a qual localmente pode ser parametrizada como soluc¸a˜ o da equac¸a˜ o diferencial; naturalmente todos seus pontos s˜ao regulares. Observe-se que a folheac¸a˜ o entendida como conjunto de folhas n˜ao se altera quando multiplicamos a equac¸a˜ o (??) por uma func¸a˜ o holomorfa que n˜ao se anula. Portanto, e´ mais natural encarar a folheac¸a˜ o como definida pelas soluc¸o˜ es da equac¸a˜ o de Pfaff.  

(5)      .  .

(6).     . . .

(7).  .  .    .    . ω.  q  x y dx  p  x y dy  0 . Vamos adotar este ponto de vista a maior parte das vezes. Dado um ponto regular a b U , existe sempre, como conseq¨ueˆ ncia do Teorema acima, um difeomorfismo local h definido numa vizinhanc¸a de a b de modo que h ω x y g x y dy, onde g e´ func¸a˜ o holomorfa definida em torno de a b e que n˜ao se anula. Segue-se que, m´odulo um difeomorfismo holomorfo, a folheac¸a˜ o em torno de um ponto regular e´ dada por dy 0; vamos nos referir a esta propriedade como trivialidade local em pontos regulares. Em geral, uma folheac¸a˜ o em uma superf´ıcie complexa S consiste em (i) uma cobertura U Uα por cartas locais e uma colec¸a˜ o de 1-formas diferenciais ωα definidas nestas cartas e (ii) uma colec¸a˜ o de func¸o˜ es holomorfas n˜ao nulas f αβ definidas em Uα Uβ (sempre que a intersec¸a˜ o e´ n˜ao vazia) de modo que ωα fαβ ωβ . Como fizemos antes,.  

(8).  .  .  .   . .   !. . 2. ! ! . ".

(9) supomos que as singularidades s˜ao pontos isolados de S. Uma folha e´ uma curva holomorfa que em cada aberto Uα e´ soluc¸a˜ o de ωα 0. Observe-se que a condic¸a˜ o (ii) implica que as soluc¸o˜ es se ”colam” nas intersec¸o˜ es dos abertos. Para comparar duas folheac¸o˜ es, temos a noc¸a˜ o de equivalˆencia holomorfa. Sejam F e G folheac¸o˜ es em abertos U e V da superf´ıcie S. Diremos que elas s˜ao equivalentes se existe um difeomorfismo holomorfo entre U e V que leva folhas de F em folhas de G (portanto, em particular, singularidades s˜ao levadas em singularidades).. . 1 Singularidades Reduzidas Dedicamos esta sec¸a˜ o ao estudo de alguns tipos de singularidades que aparecem com freq¨ueˆ ncia: aquelas hiperb´olicas e aquelas no dom´ınio de Siegel. Elas fazem parte de uma classe mais ampla, as singularidades reduzidas. Definamos a folheac¸a˜ o singular por meio de uma equac¸a˜ o diferencial. #. u˙1 u˙2. . $  . $  % . . λ1 u 1 φ 1 u 1 u 2 λ2 u 2 φ 2 u 1 u 2. (1).  . onde os autovalores λ1 e λ2 s˜ao n˜ao nulos e as func¸o˜ es φ1 e φ2 se anulam em 0 0 em ordem pelo menos 2. Quando o quociente λ1 λ2 , dizemos que a singularidade e´ hiperb´olica; ela estar´a no dom´ınio de Siegel quando o mesmo quociente pertencer a . Para o caso hiperb´olico, temos o teorema seguinte devido a Poincar´e:. &

(10) (& '. ').  . Teorema 1. Suponhamos que 0 0 seja singularidade hiperb´olica. Existe ent˜ao um u´ nico difeomorfismo holomorfo ξ, definido numa vizinhanc¸a de (0,0) e satisfazendo ξ 0 0 Id, que transforma a equac¸a˜ o (??) em. * . #. x˙1 x˙2. . . λ1 x 1 λ2 x 2. . (2). Prova. Vamos procurar uma mudanc¸a de coordenadas ξ dada por. #. u˙1 u˙2.  xx $ $ ξξ   xx xx    1. 1. 1. 2. 2. 2. 1. 2.  + +,     λ  x $ ξ $ φ  x $ ξ x $ ξ  λ x $ ξ $ φ x $ ξ x $ ξ. . (3).   %. onde ξ j ∑ Q 2 ξ jQ xQ , j 1 2, s˜ao func¸o˜ es holomorfas (Q q 1 q 2 xQ : Derivando (??) em relac¸a˜ o ao tempo e substituindo (??) e (??) obtemos 1. 2. 1. 2. 1. 2. 1. 2. 1. 1. 1. 1. 2. 2. 2. 2. 3. λ1 x 1 λ2 x 2. $. $. . $. $. ∂ξ1 λ1 x 1 ∂x1 ∂ξ2 λ1 x 1 ∂x1. . .  . ∂ξ1 λ2 x 2 ∂x2 ∂ξ2 λ2 x 2 ∂x2. . . q. q. x 11 x 22 ). (4).

(11) Finalmente, desenvolvendo em s´eries as derivadas parciais, chegamos a. #. (5)  --  λλ qq $$ λλ qq. !! ξξ xx   φφ  xx $$ ξξ xx $$ ξξ.    q q , e suponhamos que os coeficientes ξ j  1 2 tenConsideremos algum Q  ham j´a sido determinados para todo Q satisfazendo  Q ./ Q  (com ξ* 0 0. Id). Do  lado esquerdo em (??), ξ aparece multiplicado por λ 0 λ q $ λ q ! (os quais n˜ao  se anulam para j 1 2) compondo os coeficientes de x . Do lado direito, o monˆomio  x tem os seus coeficientes envolvendo ξ j 1 2 somente para  Q 1 Q . Segue-se  ∑ Q λ1 ∑ Q λ2. 1 1. 2 2. 1 1. 0. 0 1. Q. 1Q. 2 2. Q. 2Q. 1. 1. 1. 2. 2. 2. 1. 1. 2. 2. 0 2. jQ. 0. 0 1 1. j Q0. jQ0. Q0. 0 2 2. 0. jQ. que podemos determinar ξ jQ0 , e este processo indutivo mostra como encontrar a mudanc¸a de coordenadas formal (??) que transforma (??) em (??). Faremos agora algumas majorac¸o˜ es para provar a convergˆencia das s´eries obtidas. Sejam t j x j j 1 2 e a s´erie θ t1 t2 : ∑ θQ t Q associada a` s´erie formal θ x1 x2 : q q σQ Q. Nosso objetivo ∑ θQ xQ (como acima, t Q t1 1 t2 2 ). Escrevemos ν σ se νQ e´ provar que ξ1 ξ2 e´ uma s´erie convergente. Observemos inicialmente que existe a tal que.   2   3 $ 3. 3    3 4 3  657 98

(12) :' 8 Q  λ - λ q $ λ q ;=< a  0 j  1 2 j. 1 1.  . (6). 2 2. Portanto, de (??) obtemos.  3ξ $ 3ξ > t t ?4 a )  3φ $ 3φ >@ t $  3ξ $ 3ξ > t t  t $  3ξ $ 3ξ > t t BAC Vemos que  3 ξ $ 3 ξ ?4 H, onde H e´ a u´ nica soluc¸a˜ o anal´ıtica real de h t t.  F  t $ h  t t % t $ h  t t 9. que satisfaz h  t t.  0 (F  a )  3φ $ 3φ ). A existˆencia e unicidade da soluc¸a˜ o est´a 1. 2. 1. 1 2. 1. 1. 2. 1. 1. 2. 1 2. 2. 1. 2. 1 2. 2. 1 2. 1. 1. 1 2. 1. 1 2. 2. 1 2. 2. garantida pelo teorema das func¸o˜ es impl´ıcitas. Segue-se que ξ 1 e ξ2 s˜ao convergentes.. Corol´ario 2. Duas folheac¸o˜ es com singularidades hiperb´olicas s˜ao holomorficamente equivalentes em vizinhanc¸as destas singularidades quando os quocientes de autovalores s˜ao os mesmos. Podemos ter ent˜ao uma id´eia da topologia das folhas pr´oximas da singularidade hiperb´olica analisando o caso linear (??). As soluc¸o˜ es da equac¸a˜ o diferencial s˜ao dadas por. #.   x  0 e   y  0 e λ1 T. xT yT. λ2 T. 4.

(13)

(14) . .

(15) . onde T . Fac¸amos T αt para α fixado e t reais dentro do fluxo complexo. Temos ent˜ao. #.

(16) D'. , isto e´ , vamos considerar fluxos.  x  T ;   x  0 ; eR  y  T ;   y  0 ; eR de modo que se α satisfaz R eλ α  0 e R eλ α  0 (o que e´ poss´ıvel devido a` hiperbolicidade) temos  x  t ;E 0 e  y  t ; 0 quando t ∞; em particular, as folhas cortam transversalmente as variedades reais tridimensionais dadas por  x  constante. Observe mos que os eixos horizontal e vertical, sem a origem, s˜ao soluc¸o˜ es; examinemos como eλ1 αt. eλ2 αt. 1. 2. as folhas se comportam em relac¸a˜ o a eles. Por exemplo, tomemos o eixo horizontal, e escolhamos α de modo que λ1 α i:.  # x t.  x  0 e y t.  y  0 e. it λ2 λ1 it.  GF y  2π e´ chamada aplicac¸a˜ o de holonomia da folha horizontal, e as suI definem o modo de aproximac¸a˜ o das folhas em cessivas imagens y  2πm. y  0 e H   e´ um atrator (ou repulsor) relac¸a˜ o a` horizontal. Como R e  i KJ 0, concluimos que 0

(17)  hiperb´olico. Uma vis˜ao mais completa e´ obtida cortando a folheac¸a˜ o por uma esfera real  x  $  y   R em torno de  0 0 . As intersec¸o˜ es das folhas (que possuem dimens˜ao real 2) definem um campo de linhas do tipo polo norte-polo sul, onde as duas curvas fechadas correspondem a` s intersec¸o˜ es com as retas horizontal e vertical; a aplicac¸a˜ o y  0 LF y  2π. A aplicac¸a˜ o y 0. λ. 2iπ λ2 m 1. λ2 λ1. 2. 2. 2. e sua correspondente para a reta vertical s˜ao conjugadas a` s aplicac¸o˜ es de Poincar´e das curvas fechadas na esfera. As demais linhas possuem estas curvas como conjuntos limites. Voltemos ent˜ao ao processo de linearizac¸a˜ o apresentado na prova do Teorema 1. Observemos que a linearizac¸a˜ o formal (primeira parte da demonstrac¸a˜ o) se aplica mais geralmente na ausˆencia de ressonˆancias, isto e´ , quando algum dos autovalores se escreve como q1 λ1 q2 λ2 para um par de inteiros positivos q1 q2 tais que q1 q2 2. N˜ao h´a ressonˆancias quando λ1 λ2 . Se o quociente e´ irracional positivo, temos ainda a estimativa (??), de modo que o restante da demonstrac¸a˜ o anterior se aplica e obtemos a linearizac¸a˜ o. ) e n˜ao ressonˆancias No dom´ınio de Siegel convivem ressonˆancias (quando λ1 λ2 com pequenos denominadores, isto e´ , por ser o quociente de autovalores irracional negativo, o ´ınfimo para os m´odulos em (??) e´ 0. Ocorrem situac¸o˜ es n˜ao lineariz´aveis, por´em raramente (em certo sentido...). Mas algo muito importante pode ser dito:. $. &

(18) D'NMPO. $. &

(19) QO ). 5. <.

(20) Teorema 3 (Briot-Bouquet). Suponhamos que a singularidade da equac¸a˜ o (??) esteja no dom´ınio de Siegel. Existe ent˜ao uma mudanc¸a de coordenadas holomorfa que transforma (??) em x˙1 λ1 x1 x1 x2 γ1 x1 x2 (7) x˙2 λ2 x2 x1 x2 γ2 x1 x2. #.  .   $  onde γ γ s˜ao func¸o˜ es holomorfas numa vizinhanc¸a de  0 0 . 1. $. . 2. #. Prova. Escrevamos inicialmente x˙1 x˙2. . .  .  . $. λ1 x 1 ψ 1 x 1 x 2 λ2 x 2 ψ 2 x 1 x 2. $. (8). obtido ap´os aplicac¸a˜ o da mudanc¸a de coordenadas (??). C´alculos an´alogos a` queles feitos na prova do Teorema de Poincar´e levam a ∂ξ ∂ξ ψ  ψ q λ $ q λ  λ ξ x φ  x $ ξ x $ ξ G (9)  ∂x ∂x  + +, para j 1 2.  Procedemos novamente por induc¸a˜ o para obter os coeficientes de ξ e ψ para j 1 2.  Tomemos Q q q e suponhamos conhecidos os coeficientes para todo Q satis  fazendo 2 5R Q 65S Q  . Denotemos por  x x o ideal gerado pela func¸a˜ o x x . 1. Se x

(21)  &  x x , fazemos ψ  0 e calculamos ξ , o que pode ser feito pois tanto q λ  λ quanto q λ  λ n˜ao se anulam. 2. Se x

(22) - x x , fazemos ξ  0 e calculamos ψ . Observemos que os coefi-. ∑. Q. 1 1. 2 2. j. jQ. j. Q. j. 1. 1. 2. j. 1. 2. 2. j. 0. 0 1. Q0. 1 2. 1 2. 0 1 1. j. 0 2. 0. Q0. 2. 1. 2. j. 1 2. jQ0. 0 2 2. 1 2. jQ0. j. jQ0. jQ0. cientes de ξ j envolvidos neste c´alculo provenientes dos segundos membros de (??) s˜ao do tipo ξ jQ para Q Q0 ..  =7 . Deste modo obtemos as s´eries formais. Quanto a` convergˆencia a argumentac¸a˜ o e´ an´alogo a` quela do Teorema de Poincar´e, pois existe cota inferior positiva para os n´umeros q 01 λ1 λ j e q02 λ2 λ j .. . . Como corol´ario, vemos que passam pela singularidade, de forma transversal, duas curvas lisas - as suas separatrizes- que s˜ao folhas unidas a` singularidade. J´a hav´ıamos observado esta propriedade no caso hiperb´olico. A cada uma das separatrizes (de fato a` s folhas regulares contidas nelas, mas cometeremos sempre um abuso de linguagem) est´a associada sua aplicac¸a˜ o de holonomia. Vamos descrever uma delas, associada a` separatriz horizontal. 6.

(23) O c´alculo seguinte e´ um pouco mais geral, podendo ser aplicado a qualquer singularidade que possua uma separatriz lisa; as coordenadas s˜ao escolhidas de modo que ela seja dada por y 0. A equac¸a˜ o diferencial e´. .  . q x y dy.   .      .   0. yp x y dx. onde p x y e q x y s˜ao func¸o˜ es holomorfas definidas numa vizinhanc¸a da origem, com q00 0; observe-se a presenc¸a do fator y, o que corresponde naturalmente a` existˆencia da separatriz horizontal. Levantemos ent˜ao o caminho x t aeit , yt 0 para as folhas vizinhas da folha horizontal; se fazemos isso a partir do ponto a y0 e seguimos o levantamento para 0 t 2π, obtemos um caminho x t y 0 t descrito pela equac¸a˜ o y0 t p aeit y0 t y0 t q aeit y0 t.  . T.  . .       . 5 5    .   . Escrevamos y0 t ∑∞j 0 a j t y0 , o que e´ poss´ıvel devido ao teorema de existˆencia e unicidade de soluc¸o˜ es (a s´erie e´ uniformemente convergente em 0 t 2π y0 δ . Substituindo na equac¸a˜ o anterior, podemos obter a equac¸a˜ o diferencial para a j t comj parando os coeficientes de y0 em ambos os lados. Estamos particularmente interessados em a1 t . O procedimento descrito leva a. . j.  5 5. !    15 ! .   a  0 eU H V IXW H V I  V V a  2π. e R Y H XI W H I[Z . a1 t Segue-se que. 1. t is 0 iae p. aeis 0 q aeis 0. 2iπ es0 p x 0 q x 0. 1. e portanto o termo linear da aplicac¸a˜ o de holonomia e´ y0. F. . µy0 µ. e2iπR es0. Y H V XI W H V I\Z  p x0 q x0. Voltaremos mais tarde a este n´umero, denominado indice da folheac¸a˜ o em relac¸a˜ o a` separatriz. Em particular, no caso de (??), obtemos µ e2iπλ2 λ1 . Se a singularidade est´a no dom´ınio de Siegel (e usando as coordenadas garantidas pelo Teorema 3), temos ent˜ao o seguinte quadro:. . W. 1. a aplicac¸a˜ o de holonomia da separatriz horizontal,definida numa transversal passando por r 0 , e´ do tipo y µy , com µ 1..  . F.   $   2. o fluxo real obtido fazendo T  t & λ t < 0 tem parte linear com autovalores   1 e  λ & λ , de modo que obtemos uma sela hiperb´olica cujas variedades est´avel 1. 2. 1. e inst´avel s˜ao as separatrizes horizontal e vertical, respectivamente. N˜ao existe nenhum fluxo real mergulhado no fluxo complexo tendo a origem como atrator hiperb´olico, como na situac¸a˜ o do Teorema 1. 7.

(24) Decidir sobre equivalˆencia holomorfa torna-se mais complicado. Consideremos ent˜ao duas folheac¸o˜ es singulares F e G no dom´ınio de Siegel com o mesmo quociente de autovalores. Fixemos sec¸a˜ o transversal Σ a y0 δ a` s separatrizes horizontais. Sejam f e g as aplicac¸o˜ es de holonomia de F e G em relac¸a˜ o a` s horizontais. Diremos que elas s˜ao aplicac¸o˜ es conjugadas se existe um difeomorfismo holomorfo ϕ de Σ satisfazendo 0 e g ϕ ϕ f. ϕ0. R !    ; !.  . ]  ]. Teorema 4 (Mattei-Moussu). Na situac¸a˜ o descrita acima, se f e g s˜ao conjugadas ent˜ao F e G s˜ao equivalentes.. . 

(25). Prova. Consideremos a fam´ılia Σθ de verticais passando pelos pontos aeiθ 0 θ 0 2π . Usando a trivialidade local das folheac¸o˜ es ao longo de pequenos arcos nos c´ırculos de raio a , transportamos o difeomorfismo ϕ a todas as sec¸o˜ es Σθ ; denotemos por ϕθ o difeomorfismo holomorfo obtido em Σθ . Mais precisamente, indiquemos por lθ a aplicac¸a˜ o de Σ em Σθ obtida levantando-se a` s folhas de F o arco aeiθ 0 ; analogamente definimos l¯ ¸ o˜ es s˜ao holomorfas como consequˆencia da trivialiθ para G . Estas aplicac dade local usada sucessivamente para pequenos arcos contidos em ae iθ 0 . Definamos 1 ϕθ : l¯ f e que l¯ g, de modo que g ϕ ϕ h 2π θ ϕ lθ . Observemos que l2π implica ϕ2π ϕ. A seguir, transportamos da mesma maneira o difeomorfismo ϕ a` s demais sec¸o˜ es verticais substituindo os arcos anteriores pelos raios Ae t , onde A e´ um ponto qualquer do c´ırculo de raio a ; somente n˜ao atingimos as separatrizes verticais. Esta construc¸a˜ o produz ent˜ao uma equivalˆencia holomorfa Id Φ entre as folheac¸o˜ es definida numa vizinhanc¸a da origem exceto pela separatriz vertical. Devemos ent˜ao tratar de estendˆela. Para isso, provemos que Φ e´ limitada; isso e´ bastante pelo Teorema de Remoc¸a˜ o de Singularidades de Riemann (ver R. Gunning, Introduction to Holomorphic Functions of Several Variables, vol.1, pg.30). Vamos utilizar o car´ater de sela hiperb´olica do fluxo real que introduzimos antes do enunciado do Teorema 3. De fato, e´ este fluxo que estamos utilizando para estender ϕ ao longo dos raios. Utilizemos mais uma vez as coordenadas dadas pelo Teorema 3; para simplificar, elas ser˜ao x y para F e x z para G . Observemos inicialmente que o levantamento do um caminho radial x1 t Ae t ao longo das folhas de F possui coordenada y t satisfazendo (c e´ o quociente de autovalores). @ A.  . . . ] ] ) . . . ).  .  .  .  .   ) . y  t ^ 1 $ U  x  t  y  t  _. y  t. c x  t. x t.  onde U  x y e´ holomorfa numa vizinhanc¸a de  0 0 . Segue-se que y  t.  c y  t > 1 $ U  x  t  y  t  9  8. . . . ]  ].

(26) Como.   ;   <. d yt 2 dt concluimos que (pois t.     2  c ` y  t ; R e  1 $ U  x  t  y  t  9 a. 2R e ¯y t y t 0). 2.   6 5  [ $. d log y t 2 2 c 1 b dt para uma constante b pequena. Finalmente chegamos a.  y  t ;^57 y  0 ; e + + H b I Se c´alculos an´alogos fossem executados com t < 0 por´em com x  t. Ae , concluir´ıamos  que  z  0 ;5R z  t 6 e H b I para a folheac¸a˜ o G . Podemos estimar Φ pois Φ  y  t . z  t (e  z  0.  Φ  y  0 9  ϕ  y  0 9 . Existe k  0+ +deb modo que  y  0 6+ =+  b k  z  0 ; , de modo que  y  t ;57 y  0 ; e H I 5 k  z  0 ; e H I  2c 1 bt. t. 2c 1 b t. 2c 1 bt. Finalmente. 2c 1 bt.  y  t ;>5 k  z  t ; e H b I e + + H b I 5 k  z  t ;c 2c 1 b t 2 c 1 b t. Portanto Φ se estende a` separatriz vertical. Vemos ent˜ao que a classificac¸a˜ o anal´ıtica das singularidades no dom´ınio de Siegel depende da classificac¸a˜ o das aplicac¸o˜ es do tipo y µy , com µ 1. Em particular, a folheac¸a˜ o e´ equivalente a` sua parte linear quando a aplicac¸a˜ o de holonomia de uma de suas separatrizes for lineariz´avel. Dois casos distintos se apresentam: 1) µ n˜ao e´ raiz da unidade: a condic¸a˜ o necess´aria e suficiente para linearizac¸a˜ o pode ser estudada nos trabalhos de Bjruno e Yoccoz (ver [Pe]); 2) µ e´ raiz da unidade: o leitor pode consultar os trabalhos de Martinet e Ramis, contendo a classificac¸a˜ o completa (ver [MR]). Antes de encerrar esta sec¸a˜ o, devemos mencionar que as singularidades reduzidas constituem uma classe maior do que aquelas examinadas anteriormente. Sejam novamente λ1 e λ2 os autovalores da parte linear da singularidade. Dizemos que ela e´ reduzida se. F. &

(27) & O ¯b. 1. o quociente λ1 λ2. $ 9.  . ou. 2. um dos autovalores e´ nulo e o outro distinto de 0. Este u´ ltimo tipo e´ a sela-n´o, extensivamente estudada em [MR1]. A importˆancia das singularidades reduzidas aparece no processo denominado reduc¸ a˜ o de uma singularidade. Por mais complicada que ela seja, uma sucess˜ao conveniente de explos˜oes conduz a um divisor (que ser´a uma uni˜ao de curvas lisas racionais) contendo somente singularidades reduzidas. O leitor pode consultar o livro-referˆencia 2 para maiores informac¸o˜ es. 9.

(28) 2 O Teorema de Poincar´e-Liapunov Veremos nesta sec¸a˜ o como utilizar m´etodos de natureza complexa para demonstrar um teorema sobre centros reais. Consideremos uma equac¸a˜ o de Pfaff anal´ıtica real (10)  a  x y dx $ b  x y dy  0 definida numa vizinhanc¸a de  0 0 d

(29) (' cujas soluc¸o˜ es s˜ao todas curvas fechadas em ω. 2. torno deste ponto. Este tipo de singularidade denomina-se centro; diremos que o centro e´ n˜ao degenerado se a parte linear da equac¸a˜ o e´ n˜ao degenerada, isto e´ , existem coordenadas anal´ıticas de modo que a parte linear da 1-forma ω se escreve como ω 0 a xdx ydy para algum a 0. Temos ent˜ao o seguite.  . J. $. Teorema 5 (Poincar´e-Liapunov). Se o centro (??) e´ n˜ao degenerado, existe uma func¸a˜ o anal´ıtica real h x y x 2 y2 definida em torno de 0 0 de modo que as curvas integrais s˜ao as suas curvas de n´ıvel..  . $ . $.  . Vamos nos referir a` func¸a˜ o h como uma integral primeira para (??). A prova que apresentaremos se deve a R. Moussu (ver [Mo]). A id´eia b´asica consiste em encarar a equac¸a˜ o (??) como uma equac¸a˜ o de Pfaff em 2 . Sejam j k j k axy ∑ j k a jk x y e b x y ∑ j k b jk x y as s´eries de potˆencias das func¸o˜ es a e b em torno de 0 0 , ambas convergentes em x r y r. Definimos j k j k A X Y : ∑ j k a jk X Y e B X Y : ∑ j k b jk X Y para X e Y em , com normas X r Y r, e Ω A X Y dX B X Y dY 0 (11).   V  .   V f 6.   V  e ^ e     V   $  . .  6. $. . Mostraremos que (??) e´ equivalente a` folheac¸a˜ o linear definida por X dX Y dY 0. Precisaremos antes introduzir o conceito de explosa˜ o de uma folheac¸a˜ o em um ponto, e depois descrever o grupo de holonomia de uma folha, noc¸a˜ o esta utilizada h´a pouco no Teorema 4. A explos˜ao de 2 em 0 0 consiste em criar uma nova superf´ıcie complexa ao substituir o ponto 0 0 pelo conjunto de direc¸o˜ es complexas neste ponto (o qual e´ isomorfo a ¯, a esfera de Riemann). Formalmente procedemos do seguinte modo: consideramos duas c´opias de 2 , com coordenadas X t e u Y , e identificamos X t no aberto U : t 0 uY com u Y no aberto V : u 0 por meio do difeomorfismo holomorfo X t t 1 tX . O quociente e´ uma superf´ıcie 2 complexa, com uma curva holomorfa mergul2 e u Y 2 com a mudanc hada D ¯: temos duas cartas coordenadas X t ¸ a de coordenadas entre U e V dada pelo difeomorfismo e o divisor por X 0 ou Y 0. Al´em 2 definida em coordenadas por π X t disso, existe uma aplicac¸a˜ o holomorfa π : 2. .  . )  h.  . .  . J. .   . g  L

(30)  g  10.  .  ?

(31) . . J   aF  .   . .

(32)  X tX e π  u Y   uY Y ; tem-se que π e´ difeomorfismo holomorfo entre g M D e M   0 0 ! , e π  D   0 0 . Vˆe-se facilmente que a mesma construc¸a˜o pode ser feita em qualquer superf´ıcie, ao inv´es de . Consideremos agora uma superf´ıcie S com uma folheac¸a˜ o F ; fixemos p

(33) S, e denotemos por π a aplicac¸a˜ o associada a` explos˜ao S3 de S em p, D π )  0 0 ! . Em S3 M D pode  mos tomar a folheac¸a˜ o pull-back de F , denotada por π  F , cujas folhas s˜ao as imagens 2. 2. 2. 1. inversas por π das folhas de F . Um c´alculo simples, que faremos a seguir diretamente para a folheac¸a˜ o definida em (??), mostra que podemos estender π F holomorficamente a uma folheac¸a˜ o F definida em todo S, incluindo o divisor D. Escrevamos (??) em uma vizinhanc¸a U de 0 0 como. 3. . 3.  . X dX $ Y dY $ a  X Y dX $ b  X Y dY 0  onde a e b possuem multiplicidade alg´ebrica pelo menos 2 em  0 0 .  No sistema de coordenadas  X t para g , obtemos X  1 $ t dX $ tX dt $ X ) @` a  X tX $ tb  X tX  dX $ b  X tX dt A !   0 como express˜ao para π  F fora de D. No outro sistema de coordenadas obtemos por 2. 1. 2. c´alculo an´alogo. $ Y ) @i b  uY Y $ ua  uY Y  dY $ a  uY Y duA !  Portanto, podemos estender π  F para D (com singularidades isoladas) como Ω   1 $ t dX $ tX dt $ X )  a  X tX $ tb  X tX  dX $ b  X tX dt    1 $ u dY $ 2. Y. uY du. 2. 1. 1. 0. 1. 0. num sistema de coordenadas e. $ Y )   b  uY Y $ ua  uY Y  dY $ a  uY Y du  0  t ) tX   u Y , de no outro sistema. Observe-se que h  Ω t ) Ω para H  X t.   modo que realmente temos uma folheac¸a˜ o de U 3 segundo o conceito introduzido no in´ıcio destas notas. Al´em disso, o divisor D e´ invariante, isto e´ , composto por singularidades e uma folha. De fato, temos duas singularidades, nos pontos p  X  0 t  i e p   X   0 t  i . As partes lineares de Ω e Ω nestes pontos podem ser calculadas fazendo-se  t  t $ i e t  t  i respectivamente. Obtemos a express˜ao 2t  dX $ X dt  0, de modo    que tanto p quanto p s˜ao singularidades ressonantes no dom´ınio de Siegel. Cada uma Ω2.   1 $ u dY $ 2. 1. uY du. 1. 2. 1. 1. 1. 1. 1. 2. 2. 2. delas possui uma separatriz transversal a D (as quais se projetam via π nas separatrizes s 1 e s2 de 0 0 ), estando as outras separatrizes contidas no divisor D..  . 11.

(34) M !. Passemos agora a discutir o grupo de holonomia da folha D p1 p2 . Devido a` importˆancia deste conceito, vamos fazˆe-lo num contexto mais geral, e ao fim retornaremos a` situac¸a˜ o presente. Consideremos ent˜ao uma folha L de uma folheac¸a˜ o qualquer por curvas holomorfas. Fixemos um ponto p L e uma sec¸a˜ o transversal Σ a L. A cada caminho fechado γ L com in´ıcio e fim em p associamos o difeomorfismo local Tγ de Σ, definido num aberto contendo p, como se segue: dado q Σ, levantamos γ ao caminho comec¸ando em q e contido na folha por q; ent˜ao Tγ q Σ e´ o ponto final deste caminho. Observese que, a exemplo do ocorrido na prova do Teorema 4, precisamos utilizar a trivialidade local da folheac¸a˜ o ao longo de pequenos arcos do caminho γ para efetuar o levantamento mencionado. A aplicac¸a˜ o Tγ e´ holomorfa e satisfaz Tγ p p. O fato fundamental diz respeito a` s deformac¸o˜ es de γ. Seja δ outro caminho fechado com in´ıcio e fim em p obtido deformando-se continuamente γ (sempre mantendo p como ponto inicial e final). Ora, se δ est´a muito pr´oximo de γ (como caminhos parametrizados), vemos ainda pela trivialidade local que Tγ e Tδ coincidem num aberto contendo p (provavelmente contido na intersec¸a˜ o dos abertos onde as aplicac¸o˜ es est˜ao definidas). Agora, a deformac¸a˜ o de γ a δ pode ser quebrada em uma seq¨ueˆ ncia de pequenas deformac¸o˜ es, de modo que podemos continuar garantindo que Tγ Tδ num aberto contendo p. Temos assim definida um homomorfismo do grupo fundamental de L, com ponto base p, no pseudogrupo de difeomorfismos holomorfos de Σ que fixam p. N´os utilizamos a palavra pseudogrupo devido a` necessidade de se diminuir abertos em torno de p para compor aplicac¸o˜ es ou tomar inversas. A imagem do homomorfismo e´ o grupo de holonomia de F relativo a L. De fato, esta imagem depende do par Σ p ; por´em quaisquer mudanc¸as neste par levam a grupos conjugados holomorficamente ao original (novamente conseq¨ueˆ ncia da trivialidade local), de modo que muitas vezes faremos referˆencia apenas ao grupo de holonomia da folha. Estudar a dinˆamica do grupo de holonomia de uma folha corresponde a analisar como as folhas pr´oximas se acumulam nela. Temos assim uma esp´ecie de aplicac¸a˜ o de retorno de Poincar´e, motivada pelo caso de o´ rbitas fechadas de campos de vetores reais. Retornemos agora a` folheac¸a˜ o F que nos interessa. A folha L D p1 p2 , e o seu grupo fundamental e´ isomorfo a , portanto o grupo de holonomia de L possui apenas um gerador. De fato, este gerador e´ conjugado a qualquer uma das aplicac¸o˜ es de holonomia de F relativa a` s separatrizes de p1 p2 contidas em D: estamos de volta ao contexto do Teorema 4! Precisamos obter informac¸o˜ es sobre estas aplicac¸o˜ es, e da´ı informac¸o˜ es sobre as aplicac¸o˜ es de holonomia de s1 e s2 ..

(35).  K

(36).

(37).  . . j. .  . k. 3. 3.  M !. ' . 

(38) ) '. 2 implica naturalmente na inclus˜ Prova do Teorema 5. A inclus˜ao 2 ao π 1 2 2 ; a intersec ¸ a˜ o π 1 2 D e´ descrita tanto em termos da coordenada t como na coordenada u por t ou u , portanto temos um c´ırculo C contido em D. Em. 3. 

(39) ) l ' m

(40) " '.

(41) N'. 12.

(42) cada uma das regi˜oes limitadas por ele encontramos uma das singularidades, de modo que podemos estudar o gerador TC do grupo de holonomia de D p1 p2 a partir deste caminho (com ponto inicial e final em X t 00 D). Consideremos as sec¸o˜ es transversais Σs X s ;X s passando pelos pontos X 0 t s D. Podemos acrescentar a esta fam´ılia a sec¸a˜ o Σ∞ 0 Y ;Y passando por u 0 Y 0 . Trata-se de uma variedade W real tridimensional, lisa, cortando transversalmente o divisor D ao longo de C. Quando definimos os levantamentos de C ao longo das folhas, podemos tom´a-los todos contidos em W . Dentro de W temos a subvariedade W real, bidimensional, a qual conter´a todos os levantamentos a partir dos pontos x 0 ; x . Estes levantamentos s˜ao as imagens inversas por π das curvas integrais do centro dado por (??). A observac¸a˜ o chave agora consiste reconhecer que tanto x 0 quanto x 0 , para x pertencem a` sec¸a˜ o Σ0 , de modo que TC TC x 0 x 0 sempre que x . Logo, TC possui per´ıodo 2 quando restrita aos pontos x 0 Σ0 com x . Sendo TC aplicac¸a˜ o holomorfa, concluimos que TC possui per´ıodo 2. Uma aplicac¸a˜ o holomorfa f z , definida numa vizinhanc¸a de 0 , tendo 0 como ponto fixo e per´ıodo k N e´ conjugada a` sua parte linear l z f 0 z. Por exemplo, no 1 z f z como a conjugac¸a˜ o caso que nos interessa, k 2, e podemos tomar A z 2 entre f z e l z z. O leitor poder´a facilmente tratar a situac¸a˜ o geral. Segue-se que TC e´ lineariz´avel, e pelo Teorema 4, concluimos que as singularidades p 1 e p2 s˜ao equivalentes a` s suas partes lineares 2t dX X dt 0. Deduzimos finalmente que as aplicac¸o˜ es de holonomia das separatrizes s1 e s2 s˜ao iguais a` Identidade (bastava uma delas), e assim F e´ equivalente por meio de um difeomorfismo Ψ a` sua parte linear X dX Y dY 0, 1 2 cujas folhas s˜ao descritas por v X Y X Y 2 . Segue-se que a integral primeira 2 procurada para (??) ser´a v Ψ e para a equac¸a˜ o (??), h R e v Ψ ..    d

(43)    

(44) o

(45) ' ! 

(46)  ! n n. M !    p

(47)   . q. 

(48) r'.

(49) N'.

(50).  .    . . .  . . ].  $.  .    . 

(51) m

(52) '

(53)    *     . .    $. . $. _ .

(54) N'.  ]. . Um centro real degenerado pode n˜ao ter uma integral primeira anal´ıtica; o leitor encontrar´a exemplos em [Mo]. Existem tamb´em sobre o tema outros belos trabalhos, como por exemplo [MB].. 3 Folheac¸o˜ es de Darboux Nesta sec¸a˜ o e na seguinte veremos aspectos globais do estudo de folheac¸o˜ es no plano projetivo. Quando demonstramos o teorema de Poincar´e-Liapunov, pudemos perceber a importˆancia da an´alise do grupo de holonomia de uma folha com fecho compacto. Isso se passa sempre quando encontramos uma curva holomorfa compacta invariante, isto e´ , uma folha regular cujo fecho obt´em-se acrescentando um n´umero finito de singularidades da 13.

(55) folheac¸a˜ o. O grupo fundamental desta folha consiste do grupo da curva compacta acrescentado de caminhos em torno das singularidades, portanto finitamente gerado. Segue-se o mesmo para o grupo de holonomia da folha, e seu estudo ser´a determinante se quisermos conhecer globalmente a folheac¸a˜ o. Nesta sec¸a˜ o encontraremos o caso mais simples poss´ıvel, em que o grupo de holonomia e´ abeliano. Comecemos por algumas definic¸o˜ es e propriedades de folheac¸o˜ es no plano projetivo. Lembremos inicialmente que o conjunto P 1 de retas contidas em 2 passando pela origem e´ exatamente a esfera de Riemann ¯. O plano projetivo P 2 e´ o conjunto das retas complexas de 3 que passam por 0 0 0 ; seja π a projec¸a˜ o canˆonica de 3 0 0 0 em P 2 . Podemos usar 3 sistemas de coordenadas para cobrir P 2 . Denotemos por X0 X1 X2 os pontos de 3 , e por U j j 0 1 2, o plano projetivo subtraido de L j X j 0 . As cartas coordenadas (ou seja, as express˜oes para π nos abertos) ser˜ao dadas por:. .  M  !  .   . s  !  . 2. π  X X X. 3. π  X X X. 1. π0 X0 X1 X2 1. 0. 1. 2. 2. 0. 1. 2.  .   . . 0. 2. 0. 0. 1. 2. 1. 0. 2. 1. 2.  .  .  .  X & X X & X.  X & X X & X.  X & X X & X. 1. .  .  .  . A imagem por π de qualquer plano complexo bidimensional em P 2 ser´a denomi2 e P 2 nada reta projetiva (naturalmente difeomorfa a P 1 ); como π U j U j L j podemos encarar P 2 como a compatificac¸a˜ o de 2 acrescentando-se uma reta projetiva - a reta no infinito. Se ao inv´es de um plano tivermos uma superf´ıcie S de P 2 definida por uma equac¸a˜ o P X0 X1 X2 0, onde P e´ um polinˆomio homogˆeneo de grau k, ent˜ao π S ser´a uma curva plana projetiva C de grau k. Se designarmos x X1 X0 y X2 X0 , vemos que C L j e´ definida na carta U0 pela equac¸a˜ o pxy P 1 X1 X0 X2 X0 0 (agora, p n˜ao e´ mais um polinˆomio homogˆeneo). Obviamente o mesmo pode ser feito nas demais cartas coordenadas. Uma folheac¸a˜ o em P 2 de grau k e´ definida por uma equac¸a˜ o de Pfaff. t.  .  .  . &  &     & & .  . .   M. .  .  $ P  X X X dX $ P  X X X dX  0 onde os polinˆomios P j 0 1 2 s˜ao homogˆeneos de grau k $ 1, satisfazem  0 e possuem um n´umero finito de retas passando por  0 0 0 como ∑ XPX X X.  conjuntos comuns de zeros. Para ver que esta definic¸a˜ o coincide com aquela que estamos Ω. . P0 X0 X1 X2 dX0. 1. 0. 1. 2. 1. 2. 0. 1. 2. 2. j. j. j j. 0. 1. 2. utilizando, vamos introduzir as notac¸o˜ es seguintes: 1. u. . & . X0 X1 v. &. X2 X1 e s. . & . X0 X2 t. &. X1 X2 (coordenadas para U1 e U2 ). 14.

(56)  .    u ) vu) (mudanc¸a de coordenadas entre U e U ); analoga  ϕ  s t e  u v  ϕ  s t . 3. ω  P  1 x y d x $ P  1 x y d y. 4. ω  P  u 1 v d u $ P  u 1 v d v. 5. ω  P  s t 1 d s $ P  s t 1 d t. u ) H b I ω ϕ ω t ) H b I ω e ϕ ω y ) H b I ω , de modo Temos ent˜ao que ϕ  ω     que temos realmente definida uma folheac¸a˜ o F em P  2 por meio das equac¸o˜ es de Pfaff 0 j 0 1 2 (a condic¸a˜ o sobre os zeros comuns de P P e P implica em um n´umero ω   finito de singularidades). Deve-se notar tamb´em que π  F e´ uma folheac¸a˜ o por superf´ıcies  em , definida por Ω 0, holomorfa inclusive em  0 0 0 . Aqui temos algo importante,   cuja prova escapa ao objetivo destas notas: se comec¸amos com uma folheac¸a˜ o em P  2.  M  0 0 0 ! , ela e´ (usando a nossa definic¸a˜ o geral), e tomamos o seu pull-back a  necessariamente definida por uma 1-forma polinomial homogˆenea (como o e´ a forma Ω). 2. x y ϕ01 u v mente temos x y. 1. 1. 0. 02. 0. 1. 2. 1. 0. 2. 2. 0. 1. 12. 1. k 2. 01 0. 1. k 2. 12 1. 2. 0. j. k 2. 20 2. 1. 0. 2. 3. 3. E´ um procedimento comum definir-se a folheac¸a˜ o somente por sua equac¸a˜ o polinomial na carta U0 . Vamos aproveitar e fazer uma pequena digress˜ao sobre a noc¸a˜ o de grau (de fato, n˜ao utilizada no que se segue). Digamos ent˜ao que a folheac¸a˜ o de grau k esteja definida na carta afim U0 pela equac¸a˜ o q x y d x p x y d y 0, sendo l o maior dos graus entre p e q. Ap´os as substituic¸o˜ es necess´arias para obter o pull-back da folheac¸a˜ o em 3 , encontramos.    . . (12) - X Q  X P d X  0 onde P  X X X.  X p e Q X X X  X q . s˜ao agora polinˆomios homogˆeneos de grau l. Temos duas situac¸o˜ es poss´ıveis. Se o polinˆomio X Q  X P e´ divis´ıvel por X (ou X P  0 X X v X P  0 X X xw 0), a express˜ao em (??) ap´os divis˜ao por X possui tamb´em grau l, de modo que k l  1. Pode-se ver facilmente que se p e q s˜ao os  termos homogˆeneos de grau l de p e q, ent˜ao xq  yp w 0, ou seja, existe g polinˆomio homogˆeneo de grau l  1 de modo que p xg e q yg. Por outro lado, se X Q  X P   n˜ao for divis´ıvel por X , concluimos que k $ 1 l $ 1, ou k l.   Podemos ver geometricamente estas possibilidades. Na segunda, o plano X 0 e´  soluc¸a˜ o de (??), logo a reta projetiva L e´ invariante para a folheac¸a˜ o. No primeiro Ω. 0. 1. . X0 Qd X1. l 0. 2. X1 X2 X0 X0. .

(57) ou. X0 Pd X2 0. 1. 1. 2. X1 X2 X0 X0. l 0. 2. 1. 1. 1. 2. 2. 1. 0. 2. 0. 2. 0. l. l. l. l. l. 1. l. 2. 0. 0. 0. . caso, L0 e´ transversal a` s folhas exceto por um n´umero finito de pontos (que podem ser tangˆencias ou singularidades). Sempre podemos escolher as coordenadas em 3 de modo que L0 n˜ao seja invariante. 15.

(58) Iniciaremos finalmente o nosso estudo das folheac¸o˜ es de Darboux. Elas s˜ao definidas na carta afim U0 por equac¸o˜ es de Pfaff meromorfas do tipo.  0  e p e´ polinˆomio de grau d j 1 B m. onde λ

(59)  Se quisermos uma 1-forma holomorfa, basta tomar p i ` p ω  ω. m. ∑ λj.  T. j 1. j. j. d pj pj. (13). j. 0. A maneira escolhida e´ interessante pois ω e´ 1-forma fechada (em outras palavras, p 1 pm e´ fator integrante para a 1-forma holomorfa). Al´em disso, as curvas de polos s˜ao simples e contˆem pelo menos as curvas alg´ebricas C j de equac¸o˜ es afins p j 0 j 1 m; o n´umero λ j e´ o res´ıduo de ω ao longo de C j . H´a ainda a possibilidade de L0 estar contida no conjunto de polos de ω: usando as coordenadas afins u v para o aberto U1 , transformamos (??) em m m d pˆ j du λ ∑ j pˆ j ∑ d j λ j u 0 j 1 j 1 1. `i. m.   99.  . - .  T onde pˆ  u v. u p  1 & u v & u  j 1 B m. Vemos ent˜ao que L e´ curva de polos se e   somente se ∑ T d λ J 0.  Observemos finalmente que as curvas polares s˜ao invariantes para a folheac¸a˜ o de DarT. dj. j. m j 1. j. 0. j j. boux, e que portanto todas as intersec¸o˜ es destas curvas duas a duas pertencem ao conjunto de singularidades. O teorema que demonstraremos a seguir mostra a estreita relac¸a˜ o entre folheac¸a˜ o de Darboux e a existˆencia de uma curva alg´ebrica invariante com grupo de holonomia abeliano. Vamos tratar um caso particular, mas que cont´em a maior parte das id´eias envolvidas (consultar [CLS]). Teorema 6. Suponhamos que a linha no infinito L0 seja invariante para uma folheac¸a˜ o F . Suponhamos ainda que as singularidades de F ao longo de L 0 sejam todas hiperb´olicas, e que o grupo de holonomia associado seja abeliano. Ent˜ao F e´ folheac¸a˜ o de Darboux. Prova. Inicialmente, construimos uma vers˜ao local da 1-forma meromorfa que desejamos, isto e´ , definida numa vizinhanc¸a de L0 . Cada sec¸a˜ o transversal Σ a F passando por um ponto p de L0 possui uma coordenada distinguida. Sejam h1 hl os geradores do grupo de holonomia H calculado na sec¸a˜ o. Afirmamos que existe uma coordenada w para Σ, com w p 0, de modo que h j w µ jw j 1 m. Para demonstrar tal afirmac¸a˜ o, escolhemos w de modo que h1 w µ1 w, o que e´ poss´ıvel pois esta aplicac¸a˜ o e´ conjugada a` aplicac¸a˜ o de holonomia da separatriz de uma singularidade hiperb´olica. Usando agora a comu-. _.

(60) .   8  B   . 16.  .

(61) .

(62) ]   . ]. tatividade h j h j h j h1 e expandindo h j em s´eries de potˆencias, concluimos facilmente que h j w µ j w. De fato, esta coordenada n˜ao e´ u´ nica: seja wˆ f w coordenada que tamb´em lineariza H , isto e´ , hˆ 1 wˆ µ1 wˆ para hˆ 1 f h f 1 . Segue-se que µ1 f w f µ1 w , e novamente expandindo em s´eries de potˆencias concluimos que f w c w para algum c C . Comecemos ent˜ao a construc¸a˜ o da 1-forma meromorfa. Numa vizinhanc¸a suficientemente pequena U de Σ, definamos wU q como sendo w r onde r Σ e´ o ponto onde a folha local de F passando por q corta a sec¸a˜ o (mais uma vez utilizamos a trivialidade local em torno de p). Se a mesma construc¸a˜ o for feita para uma sec¸a˜ o Σ U / temos a partir da discuss˜ao anterior que wU cwU , de modo que tal que U U 0, d wU d wU η ; obtemos assim em U U uma 1-forma meromorfa η que define a wu wU folheac¸a˜ o e possui polos simples ao longo de L0 . O problema agora e´ como estendˆe-la a` s singularidades. Seja ent˜ao p0 uma singularidade; definamos F localmente por zd w awd z, o que e´ poss´ıvel por ser a singularidade hiperb´olica. Aqui, tomamos z como coordenada ao longo da separatriz contida em L0 . Fixemos a sec¸a˜ o vertical Σ transversal a` folheac¸a˜ o pelo ponto 1 0 , e indiquemos por wˆ a coordenada vertical de seus pontos. Estendamos esta coordenada a uma pequena vizinhanc¸a V do ponto 1 0 como integral primeira local a exemplo do que fizemos acima para a coordenada wU ; nosso interesse em fazˆe-lo consiste d wˆ V . Como w z a wˆ V no fato o´ bvio de que wˆ e´ coordenada distinguida, e assim η wˆ V (estamos considerando o ramo do logaritmo em torno de 1 tal que log1 0), vemos que.  .   .  

(63) . . .   ] ] ).  K

(64) . . " p  J j  j. j. . t . . . .

(65) . 3.  .

(66).  . . dw w. . a. dz z. . d wˆ V wˆ V.  η. . ) . e assim temos bem definida a extens˜ao de η a` singularidade. Observe-se que a separatriz vertical aparece dentro do conjunto de polos de η, com um res´ıduo que e´ igual ao quociente de autovalores da singularidade. Como estender η a todo o plano projetivo? A 1-forma η e´ do tipo A x y dx B x y dy, onde A e B s˜ao func¸o˜ es meromorfas definidas fora de um polidisco centrado em 0 0 de raio suficientemente grande. O fato not´avel nesta altura da demonstrac¸a˜ o e´ que nada mais precisamos fazer. O Teorema de Extens˜ao de Levi nos garante que qualquer func¸a˜ o meromorfa definida em um aberto contendo o bordo de um polidisco em 2 se estende automaticamente a todo o polidisco, ver [Si]. Em particular, as separatrizes locais das singularidades de L0 est˜ao todas contidas em curvas alg´ebricas. Para completar a prova, vamos constatar que η tem o tipo requerido para definir uma folheac¸a˜ o de Darboux. Sabemos por construc¸a˜ o que ela e´ fechada, e tem polos simples.  $.  .  . . 17.

(67)   9_. ao longo de certas curvas alg´ebricas, dadas por polinˆomios p j 0 j 1 m, e mais a linha no infinito. Sejam λ j os res´ıduos de η ao longo destas curvas (bem definido pois η e´ fechada; trata-se de uma conseq¨ueˆ ncia do teorema de Stokes). Assim sendo, d pj e´ 1-forma holomorfa em 2 , portanto nula. η ∑mj 1 λ j pj. . . T. Integrando diretamente a 1-forma meromorfa fechada que define a folheac¸a˜ o de Darboux, encontramos uma integral primeira transcendente. Podemos aumentar o grau de complexidade do grupo H , por exemplo supondo-o sol´uvel. Obtemos tamb´em uma express˜ao particular para definir a folheac¸a˜ o e um tipo de integral primeira denominada liouvilliana (consultar o livro-referˆencia 3, Cap´ıtulos VI e VII). Finalmente no caso n˜aosol´uvel encontramos uma dinˆamica extremamente rica para H , com folhas localmente densas, ver [Na].. 4 Os Exemplos de Jouanolou Vimos na sec¸a˜ o anterior o papel guia desempenhado por curvas alg´ebricas invariantes para a compreens˜ao do comportamento das folhas de uma folheac¸a˜ o. Por´em, a maior parte das vezes n˜ao encontramos estas curvas, e muito pouco se conhece. Nosso objetivo agora e´ apresentar uma fam´ılia de exemplos, devida a J.-P. Jouanolou, para os quais n˜ao existe nenhuma curva alg´ebrica invariante. Para isso, precisamos inicialmente apresentar um resultado sobre ´ındices de singularidades ao longo de uma curva alg´ebrica. Ele se aplica mais geralmente, ver [Ca] e [Bru]. Consideremos uma curva alg´ebrica C lisa, invariante pela folheac¸a˜ o F e de grau d; nas coordenadas de U0 , C e´ dada por c x y 0. Usaremos novamente a notac¸a˜ o introduzida na sec¸a˜ o anterior; para simplificar a exposic¸a˜ o, suporemos que as coordenadas em 3 s˜ao escolhidas de modo que.  . 

(68) &. 1. π 0 0 1. . C.. 2. C e´ transversal a L0 e os pontos de intersec¸a˜ o s˜ao regulares para F . 3. nas coordenadas afins de U0 as tangˆencias da curva com as verticais s˜ao de tipo quadr´atico; al´em disso, estes pontos s˜ao todos regulares para F . Definamos a seguinte 1-forma meromorfa de C: ξ:.  &   ∂q p dx ∂y 18. C.

(69)

(70). Sendo p C uma singularidade de F , definimos tamb´em o ´ındice de F em relac¸a˜ o a C no ponto p como ind F C p R es p ξ.  . Teorema 7. ∑ p ind F C p.  . . d2. Prova. Observemos que os ´ındices definidos s˜ao res´ıduos de alguns polos da 1-forma ξ, associados a` s singularidades de F . Os demais polos s˜ao os pontos de tangˆencia da curva com as verticais, e os pontos em L0 . Calculemos os res´ıduos nos pontos de tangˆencia. Parametrizemos a folha por um ponto deste tipo como x g y cy2 . Como p g y y q g y y g y , vemos que p x y g y q x y anula-se ao longo de x g y 0. Segue-se que existe h x y holomorfa de modo que p x y g y q x y h x y x g y . Concluimos ent˜ao que qxy hxy 1 g x g y ,e pxy pxy.   $   y    .  z . . .         . ∂  q& p. g  y d y $ ∂y.    &   %   .     .    >   . . {   . g dy g.   . h g dy p. h dy q. numa vizinhanc¸a da tangˆencia e ao longo de C. Segue-se que o res´ıduo procurado vale 1. Sabemos tamb´em pelo teorema de Bezout que existem d d 1 pontos de tangˆencia, ∂c pois eles se situam nas intersec¸o˜ es de c x y 0 com xy 0. ∂y Passemos agora a um ponto r de C L0 . Denotemos pˆ u v ul p 1 u v u e qˆ u v ul q 1 u v u , onde l e´ o maior grau entre p e q. A equac¸a˜ o de Pfaff para a folheac¸a˜ o nas coordenadas u v e´ u pd ˆ v qˆ v pˆ d u 0. .  & &. ".  .      & &  .  .  . -   ∂ qˆ  v pˆ de modo que o res´ıduo em r da 1-forma . d u restrita a` curva e´ 0, pois o ponto r ∂v u pˆ ∂ qˆ n˜ao e´ singularidade da folheac¸a˜ o. Concluimos que R es  d u  1. Por outro lado, ∂v u pˆ ∂  q& p. ∂ qˆ dx   ∂v  u pˆ d u ∂y de modo que o res´ıduo procurado e´ tamb´em  1. Novamente pelo teorema de Bezout existem d pontos em C " L . Portanto encontramos ∑ ind  F C p G d  d  1 G d  0 r. 0. p. o que demonstra o teorema. 19.

(71) Corol´ario 8. Uma curva alg´ebrica, lisa e invariante sempre possui singularidades da folheac¸a˜ o. De fato, precisaremos aplicar um resultado como o Teorema 7 para uma curva n˜ao lisa, irredut´ıvel. O caso que temos em mente contempla curvas alg´ebricas invariantes com cruzamentos nodais, isto e´ , a curva pode possuir singularidades (como conjunto) do tipo 0 (denominadas nodais). Claramente, se a curva e´ invariante, tais local x y x y pontos s˜ao singulares para a folheac¸a˜ o. Vamos encarar a curva C como uma superf´ıcie de Riemann abstrata, isto e´ , os dois ramos passando por cada ponto nodal ser˜ao vistos de forma disjunta; portanto, a singularidade nodal e´ substituida por dois pontos onde a curva e´ lisa. Este processo denomina-se desingularizac¸a˜ o da curva. Assim, podemos continuar usando a forma ξ (em cada ramo), e teremos dois polos com dois res´ıduos para cada singularidade nodal. A exemplo do que fizemos anteriormente, suporemos que os pontos de C L0 s˜ao regulares para a folheac¸a˜ o, bem como os pontos lisos de C de tangˆencia com as verticais. Finalmente, supomos que nenhum dos ramos das singularidades nodais o n´umero de singularidades nodais de C. possuem tangente vertical. Seja s.   % | $ . ".

(72) Du Teorema 9. ∑ ind  F C p.  d  2 s. Prova. Basta observar que os pontos nodais tamb´em s˜ao soluc¸o˜ es (de multiplicidade ∂c  x y. local 2) do sistema c  x y. 0 0. Portanto, na conta feita na demonstrac¸a˜ o  ∂y  2. p. do Teorema 7 devemos retirar 2s pontos do conjunto de tangˆencias e recoloc´a-los como contribuintes para os ´ındices.. Observamos novamente que a cada um dos dois ramos de qualquer singularidade nodal temos 2 ´ındices que participam do somat´orio. Al´em disso, pela f´ormula do gˆenero para uma curva plana d 1 d 2 s g 2 obtemos 2g 3d 2 d 2 2s, de modo que a soma de ´ındices e´ sempre positiva. Podemos finalmente apresentar os exemplos de Jouanolou:. $.  .   >   . .  1. - y  x b d y  0 k < 2 . xk y d x. k. k 1. Temos as seguintes propriedades 1. a linha no infinito L0 n˜ao e´ invariante. 2. todas as singularidades s˜ao obtidas como xk. 20. 2. b b. k 1.  1 y  x). k..

(73) 3. todas as singularidades s˜ao hiperb´olicas, e os ´ındices associados a` s separatrizes k2 2k 2 k k 2 3i k2 2k 2 k k 2 (quocientes de autovalores) s˜ao i e i 2 k2 k 1 2 k2 k 1. b  $ $ $  $ E}   $ $. )   $  $ $  $  $. %}. Teorema 10. Os exemplos de Jouanolou n˜ao possuem curvas alg´ebricas invariantes. Prova. Seja C um candidato a curva alg´ebrica invariante. Como as singularidades s˜ao todas hiperb´olicas, esta curva possui no m´aximo singularidades nodais (como curva). Suponhamos que em sua passagem pelas singularidades ela coleciona m ´ındices do tipo i e m ´ındices do tipo i . Segue-se que. b. b. ). ). 2  kk $ $ 2kk $ $ 12 $  mb  m ) 2k  kk $ $ 2k E$} 3i1. m . Para k < 3, obtemos um resultado negativo )  para a soma de ´ındices, o que n˜ao e´ poss´ıvel. Estudemos o caso k 2. Temos que ∑ ind  F C p. 2m bP& 7, e portanto m b 7.    Da´ı, ∑ ind  F C p. 2 d  2s d  2  7, e d 4. Devido a` f´ormula do gˆenero, n˜ao     existe uma curva de grau 4 com 7 singularidades nodais.    m~b $ m ) Devido ao Teorema 9, vemos que m b. 2. ∑ ind F C p. 2. p. 2. p. p. 2. 2. Segundo um resultado de [LN], um aberto e denso (de fato, um aberto de Zariski) no espac¸o de folheac¸o˜ es planas com grau fixado e´ constituido por folheac¸o˜ es sem nenhuma curva alg´ebrica invariante. Pouco se conhece sobre o comportamento das folhas de folheac¸o˜ es neste aberto e denso. Por exemplo, n˜ao se sabe se o conjunto limite de uma folha necessariamente possui uma singularidade. Existem exemplos, devidos a F. Loray e J. Rebelo, de abertos de folheac¸o˜ es cujas folhas s˜ao todas densas,ver [LR].. 5 Referˆencias [BM] , M. Berthier e R. Moussu R´eversibilit´e et classification des centres nilpotents, Ann. Inst. Fourier 44 (1994). [Bru] , M. Brunella Some remarks on indices of holomorphic vector fields, Publ. Matem`atiques 41 (1997). [CLS] , C. Camacho, A. Lins Neto e P. Sad Foliations with algebraic limit sets, Ann. of Math. 136 (1992).. 21. 3i. ..

(74) [Ca] , C. Camacho e P. Sad Invariant varieties through singularities of holomorphic vector fields, Ann. of Math. 115 (1982). [LN] ,A. Lins Neto Algebraic Solutions of polynomial differential equations and foliations in dimension two, Lect. Notes in Math. 1345. [LR] , F. Loray e J. Rebelo Stably chaotic rational vector fields on 2000/5, Stony Brook (2000)..  P  n. , preprint. [MR] , J. Martinet e J.-R. Ramis Classification analytique des e´ quations non lin´eaires r´essonantes du premier ordre, Ann. Sci. E.N.S., 4eme s´erie, t. 16 (1983). [MR1] , J. Martinet e J.-R. Ramis Probl`emes de modules pour des e´ quations diff´erentielles non lineaires du premier ordre, Publ. Math. IHES, 55 (1982). [Mo] , R. Moussu Une d´emonstration g´eom´etrique d’un th´eor`eme de Lyapunov-Poincar´e, Ast´erisque, 98-99, Paris (1982). [Pe] , R. Perez-Marco Solution compl`ete au probl`eme de Siegel de lin´earisation d’une application holomorphe au voisinage d’un point fixe, Ast´erisque 206. [Na] , I. Nakai Separatrices for non solvable dynamics on (1994)..  0, Ann. Inst. Fourier 44, 2. [Si] , Y. Siu Techniques of Extension of Analytic Objects, Marcel Dekker (1974).. 22.

(75)

Referências

Documentos relacionados

Como a plataforma foi estruturada de maneira a comportar uma grande quantidade de volume de dados que não afetem o seu desempenho, é sugerido em trabalhos futuros a

Apontadores para os elementos i niciais e finais de cada coluna da matriz assim como a técnica de partição em blocos com largura de banda variável são

Após as intervenções, os resultados evidenciaram uma melhora do quadro álgico confirmado pelo testes negativos e escala análoga da dor em escore zero durante

Na instalação fixa submersível das bombas TS 40 com a tubagem de compressão, a bomba deve ser posicionada e fixada de modo que:. • a ligação da tubagem de compressão não suporte

§ 7º - O beneficiário que tiver seu processo indeferido por critérios de saúde poderá recorrer uma única vez, no prazo de 10 (dez) dias da ciência do indeferimento, expondo

reconhecida pelo Conselho Nacional de Educação.. Todos os candidatos serão submetidos a processo seletivo único. b) O local para as inscrições será a Secretaria do Programa de

Nota-se também que não há nenhuma especificidade espacial, ou seja, nos parece que a mostra poderia ser realizada em outra estrutura – a proposta é flexível e poderia ser

A Lei nº 53-E/2006, de 29 de Dezembro aprovou o Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais, regulando as relações jurídico-tributárias geradoras da obrigação de pagamento