• Nenhum resultado encontrado

Existe uma curva de Kuznets ambiental para a América a América do Sul ?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Existe uma curva de Kuznets ambiental para a América a América do Sul ?"

Copied!
30
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – CAEN

JOSÉ REGINALDO SOUSA ALVES

EXISTE UMA CURVA DE KUZNETS AMBIENTAL PARA A AMÉRICA DO SUL?

(2)

JOSÉ REGINALDO SOUSA ALVES

EXISTE UMA CURVA DE KUZNETS AMBIENTAL PARA A AMÉRICA DO SUL?

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia – CAEN, da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia do Setor Público.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José S. Tabosa.

(3)

JOSÉREGINALDOSOUSAALVES

EXISTEUMACURVADEKUZNETSAMBIENTALPARAAAMÉRICADOSUL?

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia – CAEN, da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia do Setor Público.

Aprovada em: ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco José Silva Tabosa (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Melo de Jorge Neto

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Prof. Dr. Elano Ferreira Arruda

(4)

Aos meus pais, Raimundo e Alzira, pelo amor, carinho e compreensão;

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelas graças e bênçãos em toda a minha vida. Aos meus pais, pelo exemplo de ética, amor e dedicação.

À Universidade Federal do Ceará, em especial ao CAEN, através de toda sua equipe, pela oportunidade do curso de mestrado.

Ao meu orientador, Professor Dr. Francisco José S. Tabosa, pela atenção e apoio dedicados nesta pesquisa.

Aos professores, pela contribuição e ajuda no transcorrer de todo o curso. Aos meus familiares que, mesmo à distância, torceram pelo meu sucesso. Ao amigo Guilherme pela ajuda e paciência a mim dedicadas.

A todos os colegas de turma, pelas amizades firmadas, pela cumplicidade de ajuda e pelos momentos mais que especiais passados juntos.

(6)
(7)

RESUMO

Atualmente, o meio ambiente se constitui uma das grandes preocupações dos entes públicos e população, a rigor justificada pela relação entre crescimento econômico e a degradação ambiental. Uma vez que os impactos causados na natureza muitas vezes vêm de ações humanas com o intuito do desenvolvimento da economia. O presente trabalho tem como objetivo verificar se existe uma relação entre a emissão de CO2 e o crescimento econômico dos países sul-americanos no período de 1980 a 2008 na forma de “U” – invertido, como descrito pela Curva Ambiental de Kuznets (EKC). Para isto, utiliza-se como variáveis de controle a abertura econômica, progresso tecnológico, efeito escala e densidade populacional. A partir das estatísticas descritivas, verificou-se que a renda (PIBpc) é a variável de controle que apresenta uma maior correlação com a emissão de CO2pc, o que pode ser considerado tanto causa quanto solução para o problema ambiental. Para aferir os resultados, estimam-se quatro modelos de dados em painel, sendo que somente no primeiro a relação entre a emissão de CO2 e a renda ocorre o formato do “U–invertido”, no entanto, este resultado deve ser visto com cautela em função da ausência de variáveis de controle o que pode gerar estimativas enviesadas. Desse modo, conclui-se que a hipótese da Curva Ambiental de Kuznets, conforme proposta por Grossman e Krueger (1991), para os países da América do Sul, em relação à emissão de CO2pc e o PIBpc, não se verifica.

(8)

ABSTRACT

Environment topic is increasingly at stake: it is simply of great significance especially insofar as its problems are mitigated by safeguard policies. These include the very source of them: economic growth which is closely related to environmental degradation. The impacts on nature are first and foremost caused by human behavior and its plea for economic growth. This study intends to determine in what extent there is actually a relationship between the emanations of CO2 and economic growth to the countries of South American concerning the 1980-2008´s. That relation is described according to EKC or inverted - U developed by Kuznets. In that, one employes certain variables, indeed, they are functioning as variables of control and are the following: Economic opening, technological improvements, Scale Effect, Population density. With the descriptive statistics at hand, one ensures that the income (GDPpc) is in terms of variable of control the one which has the so-called higher correlation to the emanation of CO2pc. Furthermore that can be considered both the side effect and at the same time the solution to the environmental problem. In order one can measure this result, one estimates four panel data models, but only on the first one the relationship is perceived in terms of inverted - U. Yet one must be careful with the result mentioned, for the variables of control are not handled here. Indeed, one ends up by showing the EKC hypothesis is not reached achieved

(9)

LISTA DE FIGURAS

(10)

LISTA DE QUADROS

(11)

LISTA DE TABELAS

(12)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CAEN Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste UFC Universidade Federal do Ceará

SINTAF Sindicato dos Fazendários do Ceará SEFAZ/CE Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará EKC Environmental Kuznets Curve

CKA Curva de Kuznets Ambiental PIB Produto Interno Bruto

PIBPC Produto Interno Bruto per capita CO2 Dióxido de carbono

CO2pc Dióxido de carbono per capita SO2 Dióxido de Enxofre

(13)

S

UMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ... 14

2.REVISÃO DA LITERATURA ... 17

3.ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 19

3.1.BASE DE DADOS E ANÁLISE DESCRITIVA ... 19

3.2.METODOLOGIA ECONOMÉTRICA:DADOS EM PAINEL ... 21

4.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 23

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 28

(14)

14

1.INTRODUÇÃO

Discussões a respeito do meio ambiente vêm obtendo um grande destaque no debate global, inclusive sobre o futuro do planeta. Deixou-se para trás o objetivo maior dos países em ter como principal meta o crescimento econômico a qualquer custo, inclusive e a não observância dos impactos deste em relação ao meio ambiente.

A ciência econômica vem se preocupando em analisar os impactos do crescimento econômico no meio ambiente, indagando quais seriam as formas mais apropriadas de regular as atividades econômicas de uma maneira para a qual convirja crescimento econômico e equilíbrio ambiental, a economia e outras metas sociais.

Por volta da década de 1940, século XX, o economista Simon Kuznets identificou originalmente uma relação entre distribuição de renda e crescimento econômico, e que posteriormente ficou conhecida como Curva de Kuznets. De acordo com o autor, a referida curva teria o formato de “U-invertido”, porque demonstrava, inicialmente, que o crescimento econômico acarretaria a um aumento da desigualdade de renda (e que ele denominou de parte positivamente inclinada) e, posteriormente, a uma melhoria da distribuição da mesma (e que ele denominou parte negativamente inclinada). Sendo assim, a princípio haveria aumento da renda com concentração de renda, até que a desigualdade atinja seu nível máximo e, em seguida, a sociedade ira experimentar aumento da renda com menores níveis de concentração.

Tendo como parâmetro teórico a Curva de Kuznets, o presente trabalho apresenta uma proposta de verificar a relação existente entre a emissão de CO2 e o crescimento econômico dos países da América do Sul por meio da Curva Ambiental de Kuznets

(Environmental Kuznets Curve – EKC) através de modelos econométricos para dados em painel.

(15)

15

A partir da nova contextualização da idéia de Kuznets, proposta por Grossman e Krueger (1991), emergiu a EKC. Segundo estes autores, havia uma similaridade entre a relação poluição versus crescimento de renda. O crescimento econômico em níveis médios de renda melhoraria a qualidade ambiental, enquanto o crescimento em altos níveis de renda seria prejudicial. A EKC mostra uma verdadeira relação entre a qualidade do meio ambiente com o crescimento econômico, de forma especial com o Produto Interno Bruto per capita, doravante PIBpc.

Posterior a esta proposição, alguns estudos como Holtz-Eakin e Selden (1995) e Shafik (1994), a partir de evidências empíricas observaram que existe uma relação positiva (e monotônica) entre emissão de carbono e renda, assim como Shafik e Bandyopadhyay (1992), Panayotou (1993), Poon et al. (2006), Agras e Chapman (1999), Arraes et al. (2006). No entanto, assim como a idéia seminal de Kuznets, a relação entre os níveis de renda e desigualdade, a EKC também não se verifica em alguns estudos como Maddison (2006), Moomaw e Unhruh (1997), De Bruyn et al. (1998), Lucena (2005).

De acordo com Lucena (2005), a Curva de Kuznets Ambiental é uma hipótese que relaciona indicadores de poluição ambiental e renda per capita. Desse modo, nos momentos iniciais do crescimento econômico, a degradação ambiental e a poluição aumentariam conjuntamente com a renda per capita. Depois, com certo nível de renda (chamado “ponto de

inflexão”, em inglês turning point), essa tendência se reverteria de tal forma que a qualidade ambiental melhoraria com o desenvolvimento econômico. Por meio da Figura 1, mostra-se a função da relação existente entre o impacto ambiental em forma de “U-invertido” com a renda

per capita.

Vale ressaltar que os estudos supracitados fazem uso de diversos indicadores de poluição como, por exemplo, emissão de CO2, de SO2, poluentes da água, partículas suspensas, óxido de nitrogênio. No caso desta investigação, utilizar-se-á como indicador de poluição a emissão de CO2 per capita, CO2pc, enquanto o nível de renda será considerado o

PIBpc.

(16)

16

Grossman e Krueger (1991), Shafik e Bandyopadhyay (1992) e Maddison (2006) utilizam uma combinação dos dois métodos, conhecido como dados em painel.

Emissão de CO2

Renda per capita Figura 1 – Curva de Kuznets Ambiental (EKC)

Fonte: Elaboração do autor.

Esta investigação se desenha a partir de modelos para dados em painel, uma vez que se propõe a investigar a relação entre o crescimento econômico e as emissões de CO2pc para os países sul-americanos durante o interstício de 1980 a 2008. Ou seja, utilizam-se como

cross-section os doze países localizados na América do Sul, considerando o período de vinte e

nove anos (1980 a 2008).

De modo a alcançar o objetivo proposto por esta pesquisa, o trabalho está organizado em cinco capítulos, incluindo esta introdução, onde se detalha a proposição do presente estudo, mostrando a Curva Ambiental de Kuznets, assim como o relato de considerações empíricas levantado por outros autores.

O próximo se dedica a apresentar uma revisão da literatura empírica da Curva de

Kuznets Ambiental, tendo como objetivo mostrar ao leitor uma discussão detalhada sobre o

tema de acordo com o pensamento de pesquisadores por todo o mundo, evidenciando a relação entre o impacto ambiental e o desenvolvimento econômico.

(17)

17

2.REVISÃO DA LITERATURA

A sustentação teórica da forma de U-invertido da EKC é descrita a partir dos estágios de desenvolvimento de um país (região), ou seja, pelas fases de transição de uma economia agrícola até uma economia voltada para prestação de serviços. Destarte, pode-se dizer que estas fases são regidas pelas forças de mercado e por mudanças na regulação governamental.

No primeiro estágio, é marcado pela transição de uma economia predominantemente agrícola para uma economia industrializada. Ao longo desta mudança, percebe-se que na maioria das vezes, a degradação do meio ambiente está em função do crescimento econômico acelerado e sem planejamento, o qual ainda é combinado com a falta (ou baixa) regulação ambiental.

No entanto, à medida que a sociedade se torna mais rica e, consequentemente, mais desenvolvida, ela tende a preservar mais o meio ambiente, visando o bem-estar das próximas gerações. Neste estagio de desenvolvimento, a degradação atinge seu nível máximo. Em seguida, na transição de uma economia industrial para uma economia voltada para prestação de serviços, as leis ambientais se tornam mais severas, além da sociedade buscar mais qualidade ambiental, em decorrência do aumento do nível da renda.

A literatura sobre a EKC apresenta ascendência nos trabalhos de Grossman e Krueger (1991), Shakif e Bandyopadhyay (1992) e Shelden e Song (1994) a partir das evidências empíricas a favor da relação em forma de U-invertido entre degradação ambiental e crescimento econômico. Os países em desenvolvimento combinam aumento nos níveis de poluição, degradação ambiental e desflorestamento com o aumento da renda per capita.

(18)

18

Assim como Shafik e Bandyopadhyay, Holtz-Eakin e Selden (1995) e Shafik (1994) e outros1, a partir de evidências empíricas, observaram que existe uma relação positiva (e monotônica) entre emissão de carbono e renda. Ao utilizar dados regionais, Santos et al. (2008) validou a EKC ao comparar em seu artigo o PIB per capita dos municípios da Amazônia e o desmatamento, utilizando o modelo de dados em painel com efeito fixo.

No entanto, Maddison (2006), Moomaw e Unhruh (1997), De Bruyn et al. (1998), Lucena (2005), Bacon e Bhattacharya (2007) não encontram evidências empíricas favoráveis a existência da EKC.

Por exemplo, Bacon e Bhattacharya (2007) verificaram que os países que mais emitem CO2 a partir da queima de combustível fóssil são os desenvolvidos, isto é, com maior renda per capita, bem como alguns países com grande economia em desenvolvimento e os países produtores de petróleo.

Além disso, eles argumentam que os países são extremamente desiguais quanto à emissão de CO2, uma vez que o coeficiente de Gini calculado por eles é de 0.72. Os autores, ainda concluem que o PIB per capita está diretamente relacionado ao aumento da emissão, entretanto, países desenvolvidos não dão sinais de redução como era previsto no modelo EKC.

A partir destes estudos, pode-se dizer que a relação entre crescimento econômico e degradação ambiental (poluição) tornou-se um fato estilizado na literatura, uma vez que a amostra, o período, a forma funcional, a metodologia econométrica2 e os diversos indicadores de poluição3 não permitem generalizar o resultado da EKC para os países (ou regiões), isto é, não existe consenso no resultado da EKC.

1 Shafik e Bandyopadhyay (1992), Panayotou (1993), Poon et al. (2006), Agras e Chapman (1999), Arraes et al (2006).

2 Em termos metodológicos também se observa modelos que fazem uso de série temporal (Lucena, 2005), os que se apoiam em modelos de corte temporal (Panayotou, 1993; Carvalho e Almeida, 2010) e os que se utilizam de dados em painel (Grossman e Krueger, 1991; Shafik e Bandyopadhyay, 1992; Maddison, 2006).

3 Indicadores de poluição como, por exemplo, emissão de CO2, de SO2, poluentes da água, particular suspensa,

(19)

19

3.ASPECTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo apresentar-se-á a base de dados e a metodologia econométrica empregada para testar a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental desenvolvida por Grossman e Krueger (1991), Shafik e Bandyopadhyay (1992).

O capítulo será dividido em duas seções: a primeira apresenta o banco de dados, contendo informações sobre as variáveis, suas fontes, unidades de medidas e sinal esperado. Além disso, esta subseção contempla também uma análise descritiva dos dados.

Como a base de dados é formada a partir de uma conjunção entre informações

cross-section (países da América do Sul) durante o interstício de 1980 a 2008, tem-se um painel de dados. Desse modo, a outra subseção se reserva a apresentar o modelo empírico e a metodologia econométrica empregada para ensejar os resultados.

3.1.BASE DE DADOS E ANÁLISE DESCRITIVA

Com o intuito de aferir o formato da Curva de Kuznets Ambiental para os países da América do Sul, no período de 1980 a 2008, são consideradas as informações sobre a emissão de CO2pc, sendo analisadas a partir da emissão per capita de dióxido de carbono pelo consumo de energia, mensurada em toneladas métricas de dióxido de carbono por pessoa.

O PIBpc baseado na paridade do poder de compra a valores de 2005, disponibilizados, respectivamente, pela Agencia Internacional de Energia (EIA) e pela Penn

World Table, PWT 7.0, elaborada por Alan Heston, Robert Summers e Bettina Aten do

Centro de Comparações Internacionais de Produção, Renda e Preços da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos.

Além da PIBpc, esta pesquisa se utiliza de alguns determinantes da emissão de

(20)

20

Assim como Grossman e Krueger (1991), Shafik e Bandyopadhyay (1992) Stern (2000), Maddison (2006), Perman e Stern (2003), Gomes e Braga (2008), Irffi e Linhares (2011), optou-se por considerar uma variável de tendência temporal para aferir o impacto das mudanças tecnológicas ao longo destas três últimas décadas experimentadas pelos países sul americanos.

A inclusão da razão entre população e km2 tem como finalidade aferir o efeito da densidade populacional sobre a emissão de carbono. Vale destacar que Shukla e Parikh (1992), Kaufmann et al. (1997), Panayotou (1997), Irffi e Linhares (2011), dentre outros também fizeram uso dessa variável.

De acordo com Ang (1999) se faz pertinente a inclusão de uma variável para captar o efeito escala sobre a emissão de CO2pc, haja visto que aumentar o nível de atividade econômica por unidade de área pode levar a maiores índices de degradação ambiental. Fonseca e Ribeiro (2005). Sendo assim, considera-se a razão entre o PIB e a área (km2) do país para captar tal efeito.

Uma síntese das variáveis, bem como suas descrições, fontes e sinal esperado são reportados no Quadro 1.

Variável Descrição Fonte Sinal

esperado

CO2pc Emissão per capita de dióxido de carbono a partir do consumo de energia

EIA

PIBpc PIB real per capita a valores de 2005 PWT 7.0 +

PIBpc2 O quadrado da variável PIBpc PWT 7.0 -

PIBpc3 O cubo da variável PIBpc PWT 7.0 = 0

Abertura Econômica

Grau de abertura, razão entre (importação + exportação) sobre o PIB

PWT 7.0 +

Efeito Escala

PIB real a valores de 2005 por km2

PWT 7.0 e UNSD**

+

Densidade

Razão entre População e km2

PWT 7.0 e UNSD**

+

Progresso Tecnológico

Tendência de tempo Própria -

Quadro 1 – Descrição das variáveis. Fonte: Elaborado pelo autor.

Nota: * Espera-se que esta variável não tenha efeito significativo sobre a emissão de CO2pc para que seja possível confirmar a hipótese da curva de Kuznets.

(21)

21

Apresentada a base de dados, dar-se-á início a exploração da mesma por meio das estatísticas descritivas, bem como pela matriz de correlação, ambas contidas na Tabela 1. Os valores observados para a emissão de CO2pc ao longo de vinte e nove anos apresentaram uma emissão média de 1.35 toneladas métricas de dióxido de carbono por pessoa. Em relação aos valores extremos da emissão, mínimo e máximo, observa-se que a menor taxa de emissão foi de 0.65, enquanto a maior foi de 2.28353 toneladas. A renda per capita média no continente sul-americano foi de U$ 5.888, a valores de 2005, com base na paridade do poder de compra.

Em relação à correlação entre a emissão de CO2pc e as variáveis de controle, note que a renda é a que apresenta uma maior correlação e, como destaca Irffi e Linhares (2011), o efeito renda pode ser considerado tanto a causa quanto a solução para o problema ambiental. Em seguida, aparece o efeito escala, que, segundo Fonseca e Ribeiro (2005), o aumento do nível de atividade econômica por unidade de área tende a aumentar os índices de degradação ambiental.

Tabela 1 – Estatística Descritiva

Variável Média Desvio padrão Mínimo Máximo

CO2pc 1.350795 0.3881227 0.6526827 2.28353

PIBpc 5888.018 2801.39 23.40338 12584.65

Abertura 5.567775 1.521857 2.73556 10.22148

Densidade 3.252094 1.036551 1.394875 5.781618

Efeito Escala 7.077864 2.695304 2.014482 12.77934 Matriz de correlação

PIBpc Abertura Densidade Efeito Escala

CO2pc 0.6682 0.0136 0.0002 0.3126

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.2.METODOLOGIA ECONOMÉTRICA:DADOS EM PAINEL

A estratégia econométrica adotada para estimar os parâmetros segue a utilização de modelos com dados em painel. Essa forma de estimação possui algumas vantagens interessantes, tais como: a maior quantidade de informação, maior variabilidade dos dados, menor colinearidade entre as variáveis, maior número de graus de liberdade e maior eficiência dos estimadores.

Por isso, utiliza-se um modelo de dados em painel para verificar a existência da

Curva de Kuznets Ambiental para os países sul-americanos, como o modelo linear descrito

(22)

22

it it it

0 i it

2pc α R X ε

CO    

(1)

Sendo CO2pcit a emissão de dióxido de carbono, i o efeito fixo, 0 (01,02,03) um vetor de parâmetros, Rit (PIBpcit PIBpcit2 PIBpcit3) é um vetor com as variáveis renda, renda ao quadrado e renda ao cubo,

é um vetor de parâmetros de tamanho 1xK, Xit é um vetor com variáveis de controle (abertura econômica, Mercosul, Tendência e População) de dimensão Kx1 e, finalmente, it é um erro aleatório. O índice i representa cada unidade de corte transversal (os países) e t representa cada ano da série temporal analisada.

A validade da hipótese de Kuznets é indicada pelos sinais dos parâmetros j, 0

01

 , 020 e 03 0. Nesse modelo, a hipótese de Kuznets, dada pelos coeficientes

01

 e 02, é deduzida considerando o conjunto de todas as unidades de corte do painel.

O modelo com efeitos fixos (EF) trata i como um parâmetro a ser estimado para cada observação i do cross-section. Para tanto, assume-se a condição de exogeneidade estrita,

uit |Xi,ci

0

(23)

23

4.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo se reserva a analisar e discutir os resultados estimados para inferir se a hipótese da EKC está sendo atendida pelos países da América do Sul, considerando o período de 1980 a 2009, ou seja, a relação entre a emissão de CO2 e a renda per capita dos países será apresentada com base em quatro modelos de efeitos fixos.

Os modelos se diferem pelo tratamento dado ao polinômio da variável de renda per capita, uma vez que dois são estimados a partir de uma função do segundo grau e dois como um polinômio do terceiro grau. Além dessa diferença, os modelos I e III, não contemplam variáveis de controle (Abertura, Progresso Tecnológico, Densidade, Y/km2), utiliza-se somente a renda como determinante da emissão de carbono.

As estimativas dos quatro modelos estão reportadas na Tabela 2. Abaixo dos coeficientes estimados, os valores entre parênteses reportam a estatística t. Note que, o Modelo I, satisfaz a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental, uma vez que a elasticidade renda é positiva para a emissão de CO2 (isto é, quando a renda aumenta, a emissão de carbono aumenta), por outro lado, esta relação tende a ser decrescente, haja vista que o coeficiente de

PIBpc2 é negativo.

Com esteio nestes resultados, pode-se inferir que a relação entre a emissão de CO2 e a renda dos países sul-americanos ocorre no formato de “U-invertido” como bem descreveu Grossman e Kruger (1991). Todavia, este resultado, deve ser considerado com cautela, pois a ausência de variáveis de controle pode significar um erro de especificação, que no caso de omissão de variáveis, pode gerar estimativas enviesadas.

(24)

24

Em termos de sensibilidade da emissão em relação à Abertura Econômica, pode-se dizer que um aumento de 10% no volume de comércio internacional, razão entre a soma de importações e exportações sobre o PIB, tende a elevar a emissão de CO2pc em 2,1%.

O Progresso Tecnológico também exerce impacto sobre as emissões de CO2, note que, quanto mais progresso tecnológico menor o nível de emissão. Este resultado sinaliza para que haja investimento em novas tecnologias com baixa intensidade de emissão a fim de contribuir para o meio ambiente.

Tabela 2 – Modelos estimados por efeitos fixos

Variável Dependente: LNCO2

Variáveis explicativas I II III IV

C -3.455436* -2.901866* -2.214889 9.377106 (-7.207666) (-4.665981) (-0.418515) (0.277271) PIBpc 0.598376* -0.125760 0.226880 -2.939704 (5.298655) (-0.236670) (0.213024) (-0.320006) PIBpc 2 -0.017384* 0.127411 -0.013750 0.269263

(-2.622554) (1.224619) (-0.338429) (0.329778)

PIBpc 3 - -0.007830 - -0.010843

(-1.394534) (-0.347050)

Abertura - - 0.204054* 0.205463*

(6.106170) (6.095708)

Densidade - - 0.092606 -1.527633

(0.119701) (-0.322801)

Escala - - 0.650306 2.280895

(0.799754) (0.478331) Progresso tecnológico - - -0.005794 -0.005893* (-4.822623) (-4.766677) Medidas de especificação

R2 0.953820 0.954079 0.963436 0.963449

R2 Ajustado 0.952085 0.952215 0.961618 0.961519

SQE 0.062462 0.062377 0.055904 0.055976

SQR 1.349931 1.342364 1.068840 1.068462

Log likelihood 494.6712 495.6830 536.6976 536.7612 Estatística F 549.7256 511.9922 530.0854 499.3554 Prob(Estatística F) 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 Fonte: Elaborado pelo autor.

(25)

25

Diante disso, pode-se inferir que, para os países sul-americanos a relação entre emissão de CO2pc e o PIBpc não satisfazem a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental proposta por Grossmam e Krueger (1991).

(26)

26

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na última década o meio ambiente vem obtendo destaque em escala mundial. Setores públicos e privados se uniram com o objetivo de discutir assuntos relacionados, buscando salvar a humanidade. Chegaram à conclusão de que não há como ignorar os efeitos das emissões dos poluentes no ar e nas águas, causando destruição da fauna e da flora de todo o planeta.

O desenvolvimento econômico, mesmo assim, continua sendo a principal meta de política governamental, o que muitas vezes, pelo crescimento da economia, causa danos ao meio ambiente, seja pelo grande uso dos recursos naturais ou pela grande emissão de poluentes.

O presente trabalho investigou a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental (EKC) com o intuito de verificar se existe uma relação de “U-invertido” entre a emissão de dióxido de carbono e o crescimento econômico para os países da América do Sul no período de 1980 a 2008. A curva estimada considerou algumas variáveis dependentes como o PIB per capita,

seu quadrado, seu cubo, abertura econômica para dos países, efeito escala, ou seja, a relação entre PIB real pela área em km2, bem como a densidade, razão entre população e área em km2.

Foi verificado que, de acordo com a revisão da literatura sobre a Curva de

Kuznets Ambiental, não existe uma conclusão categórica sobre o tema. Os resultados diferem

em conformidade com o tipo de indicador de poluente estudado, as amostras estudadas ou, até mesmo, as metodologias empregadas. Acontecendo, inclusive, com o mesmo tipo de poluente se alcançar resultados diferentes.

(27)

27

Neste caso especificamente, a estratégia econométrica adotada fora a utilização de modelos com dados em painel, para ter uma maior quantidade de informações, uma grande variação de dados, um maior grau de liberdade, atingindo, assim, a eficiência dos estimadores.

Verifica-se que, ao incluir ou retirar determinadas variáveis, os resultados tendem a se modificar. Há situações onde se encontra perfeitamente o formato de “U-invertido”, conforme descrito por Grossman e Kruger (1991), porém, a cautela é necessária, pois a retirada de alguma variável de controle pode gerar uma estimativa enviesada.

Desse modo, conclui-se que, para os países sul americanos, a relação entre a emissão de dióxido de carbono e o PIB per capita não satisfazem a hipótese da Curva de

Kuznets Ambiental, como propôs Grossman e Krueger (1991). No entanto, tal conclusão não

se pode ter como definitiva, uma vez que há mudanças conforme a escolha do poluente, ou até mesmo, o período estudado.

(28)

28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRAS, J.; CHAPMAN, D. A dynamic approach to the environmental Kuznets curve hypothesis. Ecological Economics, v. 28, n. 2, p, 267-277, 1999.

ANG, B. W. Is the energy intensity a less useful indicator than the carbon factor in the study of climate change? Energy Policy, v. 27, p. 943-946, 1999.

ARRAES, R. A.; DINIZ, M. B.; DINIZ, M. J. T. Curva ambiental de Kuznets e desenvolvimento econômico sustentável. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 44, n. 3, p. 525-547, 2006.

CARVALHO, T. S.; ALMEIDA, E. A hipótese da curva de Kuznets ambiental global: uma perspectiva econométrico-espacial. Estudos Econômicos, v. 40, n.3, p. 587-615, 2010.

DE BRUYN, S. M.; VAN DEN BERGH, J. C. J. M.; OPSCHOOR, J. B. Economic growth and emissions: reconsidering the empirical basis of environmental Kuznets curves.

Ecological Economics, v. 25, p. 161-175, 1998.

FONSECA, L. N.; RIBEIRO, E. P. Preservação ambiental e crescimento econômico no

Brasil. In: Encontro de Economia da Região Sul, VII, 2005. Preservação ambiental e

crescimento econômico no Brasil. Rio Grande do Sul, 2005.

GOMES, S. C.; BRAGA, M. J. Desenvolvimento econômico e desmatamento na

Amazônia legal: uma análise econométrica. In: Congresso da Sociedade Brasileira de

Economia, Administração e Sociologia Rural, XLVI, 2008. Desenvolvimento econômico e desmatamento na Amazônia Legal: uma análise econométrica. Acre, 2008.

GROSSMAN, G.; KRUEGER, A. Environmental impacts of a North American free trade

agreement. NBER, Cambridge, MA, 1991. (National Bureau of Economic Research

Working Paper 3914).

______. Economic growth and the environment. Quarterly Journal of Economics, Massachussetts, v. 110, n. 2, p. 353-377, 1995.

HOLTZ-EAKIN, D.; SELDEN, T. M. Stocking the fires? CO2 emissions and economic growth. Journal of Public Economics, v. 57, n. 1, p. 85-101, 1995.

IRFFI, G.; LINHARES, F. C. A heterogeneidade da curva de Kuznets ambiental global. 2011, mimeo.

KAUFMANN, R. K.; DAVIDSDOTTIR, B.; GARNHAM, S.; PAULY, P. The determinants of atmospheric SO2 concentrations: reconsidering the environmental Kuznets curve.

(29)

29

KUZNETS, S. Teoria do crescimento econômico moderno: taxa, estrutura e difusão. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1966. 279p.

LUCENA, A. F. P. Estimativa de uma Curva de Kuznets Ambiental aplicada ao uso de

energia e suas implicações para as emissões de carbono no Brasil. 2005. 132f.

Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético) – Faculdade de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.

MADDISON, D. Environmental Kuznets curves: a spatial econometric approach. Journal of

Environmental Economics and Management, London, v. 51, p. 218-230, 2006.

PANAYOTOU, T. Demystifying the environmental Kuznets curve: turning a black box into a policy tool. Environment and Development Economics, v. 2, n. 4, p. 465-484, 1997.

______. T. Empirical tests and policy analysis of environmental degradation at different

stages of economic development. Technology and Employment Programme.

Geneva: International Labor Office, 1993. (Working Paper WP238).

PERMAN, R.; STERN, D. I. Evidence from panel unit root and cointegration tests that the environmental Kuznets curve does not exist. The Australian Journal of

Agricultural and Resource Economics, v. 47, n. 3, p. 325-347, 2003.

POON, J. P. H; CASAS, I.; He, C. The impact of energy, transport and trade on air pollution in China. Eurasian Geography and Economics, v. 47, p. 568-584, 2006.

SANTOS, R. B. N.; DINIZ, M. B.; DINIZ, M. J. T.; RIVERO, S. L. M.; OLIVEIRA JUNIOR, J. N. Estimativa da Curva de Kuzntes Ambiental para a Amazônia

Legal. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA,

ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, XLVI, 2008. Estimativa da Curva de Kuzntes Ambiental para a Amazônia Legal. Acre, 2008.

SELDEN, T. M.; SONG, D. Environmental quality and development: is there a Kuznets curve for air pollution emissions? Journal of Environmental Economics and

Management, v. 27, n. 2, p. 147-162, 1995.

SHAFIK, N., BANDYOPADHYAY, S. Economic growth and environmental quality: a time series and cross-country evidence. Journal of Environmental Economics and

Management, v. 4, p.1-24, 1992.

SHAFIK, N. Economic development and environmental quality: an econometric analysis.

Oxford Economic Papers, v. 46, p. 757-73, 1994.

SHUKLA, V.; Parikh, K. The Environmental consequences of urban growth: cross-national perspectives on economic development, air pollution, and city size. Urban

Geography, v. 13, n. 5, p. 422-48, 1992.

(30)

30

Imagem

Tabela 1  –  Estatística Descritiva
Tabela 2  –  Modelos estimados por efeitos fixos

Referências

Documentos relacionados

Nessa esteira, não é possível obedecer de modo absoluto aos métodos do “tudo-ou-nada”, atribuído às regras, e do “mais-ou-menos”, empregado aos princípios, pois a

Os programas governamentais (PAA, PNAE) e os projetos de desenvolvimento garantiram a venda dos alimentos e o acesso a equipamentos (por meio das associações) para as

Fita 1 Lado A - O entrevistado faz um resumo sobre o histórico da relação entre sua família e a região na qual está localizada a Fazenda Santo Inácio; diz que a Fazenda

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Não houve diferença estatística entre os tratamentos com 100% de partículas de Eucalyptus grandis e 25% de palha de milho no miolo dos painéis MDP para as

o CPC está descrita no item 2 do Pronunciamento Técnico CPC 18, o qual dispõe que Coligada “é uma entidade, incluindo aquela não constituída sob forma de sociedade tal como