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PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5011062-87.2016.4.04.7001/PR

AUTOR: ELIZABETH WEIGERT

RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

Trata-se de ação através da qual a parte autora pretende a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social em conceder-lhe o benefício de aposentadoria por idade (NB nº 170.605.740-4 - DER 14/10/2014), negado pelo réu na seara administrativa, sob a alegação de falta de carência (evento5, PROCADM1, pág. 18).

Para a concessão de aposentadoria por idade urbana, prevista no artigo 48 da Lei nº 8.213/91, devem ser preenchidos dois requisitos: a) idade mínima (65 anos para o homem e 60 anos para a mulher); b) carência, de acordo com a tabela do art. 142 ou com o inciso II do art. 25 da Lei n.º 8.213/91.

Quanto ao requisito etário, a parte autora completou 60 anos em 28/02/2013 (evento 1, CPF6).

A controvérsia cinge-se ao reconhecimento por meio de Acordo Internacional de 1.135 dias laborados na Espanha, bem como ao intervalo de 15/07/1975 a 15/01/1977 trabalhado para Singer Sewing Machine Company não contabilizados para fins de carência. A parte autora requer, ainda, a condenação em danos morais em razão da perda do processo administrativo.

Do Acordo Internacional Brasil-Espanha

O objetivo do Acordo Internacional é permitir que os trabalhadores que contribuíram aos sistemas previdenciários de ambos os países possam somar os períodos de contribuição, visando a atingir o tempo mínimo para a aposentadoria.

Em relação ao trabalho na Espanha, país com o qual o Estado brasileiro possui acordo internacional de seguridade social, a parte autora afirmou que realizou o requerimento administrativo em 14/10/2014, tendo apresentado os formulários referentes ao Convênio Brasil-Espanha, conforme recebimento datado de 12/12/2014 e anotado na pág. 4 do doc. OUT8 (evento1).

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Contudo, o processo administrativo não foi localizado pela APS/INSS, sendo reconstituído (evento5, PROCADM1, pág. 1), motivo pelo qual ensejou o ajuizamento da presente ação em 04/08/2016. Assim, em atendimento à determinação judicial (evento 36), a parte autora retornou à APS e entregou novamente os referidos formulários na data de 01/08/2017 (evento49, OUT2).

Após a reapresentação dos formulários (evento49), a APS/INSS equivocou-se na concessão administrativa de benefício de aposentadoria por idade rural, conforme se verifica pelos esclarecimentos constantes dos eventos 52 e 58, resultando na cessação quase imediata do benefício.

Ocorre que, mesmo após repetidas dilações de prazo, até a presente data o INSS não informou quais períodos foram confirmados pelo órgão de ligação responsável por analisar o Acordo Internacional entre Brasil e Espanha.

Verifica-se no evento 82 (01/03/2018) que o processo administrativo original NB 170.605.740-4 foi encontrado (PET2), no qual consta a informação de que não foi possível concluir a análise, uma vez que está pendente o envio pela previdência da Espanha do formulário Ibero2, necessário por conter a cotização espanhola, conforme documento PET3 e esclarecimentos do INSS em sua manifestação (PET4).

Por fim, o INSS informou que o prazo para resposta do órgão previdenciário espanhol expirou (evento 87), não havendo, até a data de prolação desta sentença, novos documentos a solucionar a questão ora discutida. Lembrando-se que a agência especializada do INSS expediu ofício em 09/2017, reiterado em 12/2017 (evento82, PET4).

Por outro lado, não obstante as informações acima, a parte autora anexou com a petição inicial a carteira de identificação estrangeira, bem como o documento emitido pelo Ministério do Emprego e Seguridade Social da Espanha (evento1, OUT8), os quais encontram-se traduzidos no evento 30 (OUT3).

O documento emitido em 30/03/2015, na cidade de Madri, pelo Ministério do Emprego e Seguridade Social (evento1, OUT8, pág. 2) informa que foi negada a aposentação da parte autora junto à previdência social da Espanha, sendo cotizados 1.135 dias de trabalho.

Referido documento demonstra que a parte autora laborou na Espanha nos períodos abaixo, o que foi confirmado pelo INSS em sua contestação:

- 01/06/2002 a 23/01/2003 para Namaste 97, S.L;

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- 12/07/2005 a 18/07/2005 para Prestacion Desempleo. Extincion; - 19/07/2005 a 12/07/2006 para Prestacion Desempleo. Extincion; - 05/01/2007 a 17/02/2007 para Aragon Lopez Jorge;

- 01/01/2008 a 30/06/2012 para Ybarra Churruca Emilio; - 01/07/2012 a 30/04/2013 para Ybarra Churruca Emilio.

Contudo, verifica-se pela planilha de tempo de contribuição (evento5, PROCAM1, pág.15) que o INSS já reconheceu administrativamente o intervalo de 01/04/2005 a 30/09/2014, tendo em vista que a parte autora também efetuou recolhimentos como contribuinte individual junto a previdência social brasileira (evento5, PROCAM1, pág. 6).

Na petição do evento evento 16 (PET1) a parte autora confirma tais recolhimentos e, em atendimento ao despacho do evento 11, mantém o pedido de reconhecimento dos períodos acima mencionados.

Porém, reconheço que a parte autora trabalhou na Espanha somente nos períodos de 01/06/2002 a 23/01/2003 e de 27/01/2003 a 31/03/2005 para fins de carência do benefício ora requerido, tendo em vista que não são concomitantes aos intervalos reconhecidos administrativamente.

Ainda que não tenha havido a confirmação dos períodos pelo órgão de ligação entre os países signatários do acordo - Brasil/Espanha, trata-se de dois intervalos curtos de trabalho, já que os demais vínculos empregatícios são concomitantes aos recolhimentos efetuados no Brasil.

Ademais, convém lembrar que a ação tramita perante o Juizado Especial, no qual se prima pela celeridade processual na concessão dos benefícios de caráter alimentar, sendo que, no caso dos autos, conforme acima relatado, a parte autora encontra-se desde 14/10/2014 aguardando uma solução administrativa tanto nacional quanto internacional.

Importante lembrar que o próprio INSS reconheceu na petição do evento 87 a demora na solução da lide e o artigo 9º do Ajuste Administrativo prevê que ultrapassado o prazo de 120 dias para o envio do formulário, as partes contratantes estão obrigadas a efetuar a correção cabível dos valores devidos.

Portanto, a ausência do formulário IBERO02, que contém a cotização espanhola, não impede a concessão do benefício, já que no cálculo deverá ser observado

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Capítulo II, artigo 16, 2, do Acordo, bem como o §18º do Decreto nº 3.048/99.

Dessa forma, ainda que o órgão espanhol envie a qualquer tempo as informações exigidas pelo INSS, o Acordo prevê a totalização de tempo de contribuição para cumprimento da carência exigida para aposentação, porém, não abrange os valores contribuídos no outro país, não havendo compensação entre os regimes previdenciários.

Do vínculo empregatício anotado em CTPS.

A parte autora alega ter trabalhado no período de 15/07/1975 a 15/01/1977 para Singer Sewing Machine Company.

Cumpre esclarecer que em relação ao segurado empregado, as anotações em CTPS presumem a existência de relação jurídica válida e perfeita entre empregado e empregador e goza de presunção juris tantum de veracidade (Enunciado nº 12 do TST), desde que esteja em bom estado de conservação, com vínculos em ordem cronológica e com data de emissão anterior ao vínculo do qual pretende reconhecimento.

A CTPS, sem rasuras e em ordem cronológica, possui a anotação do contrato de trabalho acima no cargo de instrutora (evento 34).

Não obstante a dúvida acerca da grafia do ano de encerramento do contrato de trabalho, é possível deduzir que teve duração ao menos até 15/01/1976. Como a grafia não se assemelha ao ano de 1976, conclui-se que se trata do ano de 1977. Ademais, o próximo vínculo de emprego teve início só em 10/1977, o que corrobora o encerramento do contrato de trabalho anterior em 01/1977.

Tendo em vista que se trata de vínculo empregatício prestado na qualidade de empregada, esclareço que, ainda que não constem do sistema CNIS as contribuições referentes a todo o período, a comprovação da efetiva contribuição, tanto para efeito do tempo de contribuição, quanto de carência, é irrelevante para a concessão do benefício, na medida em que, tratando-se de segurado empregado, ainda que doméstico, a obrigação de recolhimento da contribuição é do empregador, nos termos do que hoje dispõe o artigo 30, inciso I e V, da Lei n° 8.212/91.

Menciono, ainda, que cabia aos entes antecessores da autarquia ré fiscalizar e cobrar administrativamente, do empregador, as contribuições previdenciárias referentes aos períodos ora reconhecidos.

Logo, reconheço que a parte autora trabalhou para Singer Sewing Machine Company no período de 15/07/1975 a 15/01/1977 para fins de carência do benefício ora requerido.

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Do dano moral.

Requer o autor a condenação do INSS a indenizar os danos morais causados pelo extravio de seu processo administrativo e a exigência de um mínimo razoável de eficiência do INSS.

Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que o dano moral em situações como a descrita nos autos não surge ipso facto da prestação de um serviço público defeituoso, mas sim de um ato ilícito que cause significativo gravame moral, emocional ao segurado.

Sendo assim, é preciso verificar em cada situação se a conduta ilegal teve essa consequência, o que não se verificou no caso concreto.

O fato de a APS não ter localizado o processo administrativo para apresentá-lo à parte autora não constitui, por si só, ato ilícito e, ainda que assim não fosse, causou meros dissabores, tendo em conta que não foi noticiada nos autos a ocorrência de qualquer dano grave resultante do fato (por exemplo, perda de documentos pessoais - originais). Além disso, o processo administrativo foi encontrado durante a tramitação processual (evento 82, PET2), não havendo prejuízo a qualquer direito da requerente.

Não é qualquer aborrecimento que gera direito à indenização. Só se fala em dano moral indenizável quando o sofrimento ocasionado extrapola o limite dos meros dissabores do cotidiano a que todos estão sujeitos, o que não ocorreu no caso em análise, até mesmo porque se trata de concessão de aposentadoria por idade com especificidades e procedimentos decorrentes do acordo internacional firmado entre Brasil e Espanha.

Da concessão do benefício.

Tendo a parte autora preenchido o requisito etário (60 anos de idade) em 2013, a carência exigida é de 180 meses, de acordo com o art. 25, II, da Lei nº 8.213/91.

Os períodos acima reconhecidos totalizam 53 meses de carência, que somados aos 142 meses já reconhecidos administrativamente pelo INSS (evento82, PET1, pág.2), resultam em 195 meses de contribuição, fazendo jus à aposentadoria por idade urbana.

O benefício deve ser concedido no percentual de 86% do salário- de-benefício. A DIB deve ser fixada na data do requerimento administrativo em 14/10/2014 (DER), uma vez que os requisitos já estavam presentes e os documentos necessários para a concessão do benefício foram apresentados no processo administrativo.

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As prestações vencidas até a última competência abrangida pelos cálculos em anexo deverão ser corrigidas e remuneradas na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, ou seja, por meio da incidência dos índices de remuneração básica e juros aplicados às cadernetas de poupança, considerando que a referida lei pretendeu unificar os índices de correção monetária e recomposição da mora de todos os créditos oriundos de condenações impostas à Fazenda Pública, o que decerto inclui os valores decorrentes desta sentença. Por fim, esclareço que o entendimento adotado em relação à atualização e remuneração determinada pela Lei n.º 11.960/09 é no sentido de ser devida sua capitalização, juízo que reflete, com justeza, a sistemática aplicada às cadernetas de poupança, pois a intenção do legislador foi de igualar a correção/remuneração dos valores devidos pela Fazenda Pública àquela devida aos poupadores, o que não ocorreria se afastada a capitalização. A expressão "haverá a incidência uma única vez" procura evitar eventual aplicação cumulada do índice, uma vez para cada finalidade (atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora), o que se afastaria da idéia da lei. Tal expressão nada tem a ver, portanto, com a capitalização mensal, que, aliás, é inerente à sistemática da poupança e, de forma alguma, consiste em aplicação dos índices por mais de uma vez.

Por outro lado, tampouco há inconstitucionalidade na sistemática prevista na Lei nº 11.960/09, que prevê um conjunto de correção/remuneração dos valores vencidos compatível com a preservação de seu valor real e com a compensação pela mora. Não existe regra constitucional que imponha a separação entre correção monetária e juros de mora, além do que tal distinção se mostra dissociada da realidade econômica pós-1994. O que se deve observar é se a lei impõe perda de valor real, o que não se verifica com a aplicação da sistemática de correção/remuneração da poupança, método utilizado por grande parte dos brasileiros para a aplicação de suas reservas financeiras e que não pode ser considerado inconstitucionalmente insuficiente para os valores devidos pela Previdência.

Cabível, por fim, a medida cautelar, para o fim de ser determinada a imediata implantação do benefício e evitar dano de difícil reparação, tal como exigido pelo art. 4º da Lei nº 10.259/2001, uma vez que restaram cumpridos os requisitos necessários para concessão do benefício pleiteado, sendo que a falta de pagamento pelo INSS pode gerar dano irreparável por se cuidar de benefício de caráter alimentar e voltado justamente à proteção da velhice, pela dificuldade presumida de o segurado continuar a trabalhar.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO da parte autora, com fundamento no artigo 487, I, do Código de Processo Civil, para:

DECLARAR, tanto para tempo de contribuição, como para fins de carência, os períodos de 01/06/2002 a 23/01/2003 e de 27/01/2003 a 31/03/2005 laborados na Espanha; e o período de 15/07/1975 a 15/01/1977, trabalhado para Singer Sewing Machine Company;

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5011062-87.2016.4.04.7001 700005518974 .V30

CONCEDER à parte autora o benefício de aposentadoria por idade, com 86% do salário de benefício, desde a data de entrada do requerimento administrativo (14/10/2014), determinando à autarquia previdenciária que promova a anotação em seus registros;

CONDENAR a parte ré ao pagamento das prestações vencidas e não prescritas. Sem custas ou honorários nesta instância, a teor do art. 4º da Lei nº 9.289/96 e do art. 55 da Lei nº 9.099/95, c.c. art. 1º da Lei nº 10.259/01.

Defiro o benefício da justiça gratuita.

Sentença registrada eletronicamente. Publicada com a liberação no sistema eletrônico. Intimem-se.

Caso haja recurso de qualquer das partes dentro do prazo de 10 (dez) dias, intimem-se os recorridos para, querendo, oferecerem resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do § 2º do artigo 42 da Lei nº 9.099/95 c.c. o artigo 1º da Lei nº 10.259/01. Após, apresentadas ou não as defesas escritas, remetam-se os autos à Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Paraná.

Transitada em julgado, intime-se a APS ADJ - Agência de Atendimento de Demandas Judiciais - para implantação do benefício, no prazo de 25 (vinte e cinco) dias. Com o cumprimento, intimar a parte autora para, no prazo de 10 dias, apresentar os valores dos atrasados que entende devidos. No mesmo prazo, deverá a parte autora, caso haja interesse no destaque de honorários contratuais, cumprir o previsto no art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94 (EOAB), bem como, caso o valor dos atrasados supere 60 salários mínimos no momento da execução, exercer a opção a que se refere o art. 17, § 4º, da Lei nº 10.259/2011 (LJEF). Em caso de silêncio, presumir-se-á o interesse no recebimento integral do crédito. Após, intimar o INSS, com prazo de 10 dias, para manifestação sobre os cálculos do autor, ocasião em que, discordando, deverá apresentar o cálculo que entende devido. Havendo anuência expressa ou tácita do INSS, expeça-se RPV/Precatório. Efetuado o pagamento, e nada mais sendo requerido, arquive-se o feito.

Documento eletrônico assinado por FRANCO MATTOS E SILVA, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700005518974v30 e do código CRC a123c5c2.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): FRANCO MATTOS E SILVA Data e Hora: 24/9/2018, às 16:5:41

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