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Relatório INDÚSTRIA MOVELEIRA. Acompanhamento. Setorial VOLUME IV. Dezembro de 2009

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Relatório

de

Acompanhamento

INDÚSTRIA MOVELEIRA

Dezembro de 2009

Setorial

VOLUME IV

(2)

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO SETORIAL

MADEIRA E MÓVEIS – INDÚSTRIA MOVELEIRA

Volume IV

Equipe:

Marcos José Barbieri Ferreira

Samantha Ferreira e Cunha

Pesquisadores e bolsistas do NEIT/IE/UNICAMP

Rogério Dias de Araújo (ABDI)

Carlos Henrique Mello (ABDI)

Jorge Boeira (ABDI)

Dezembro de 2009

Esta publicação é um trabalho em parceria desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

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SUMÁRIO

Introdução

... 1

I. A Indústria Mundial de Móveis: Evolução do Comércio Internacional

.. 2

II. Indústria Brasileira de Móveis: Desempenho Recente

... 4

II.1. Produção Física

... 4

II.2 Emprego e Renda

... 6

II.3. Comércio Exterior

... 8

III – Considerações Finais

... 10

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Introdução

O terceiro relatório setorial da indústria moveleira (Hiratuka e Cunha, 2009) preocupou-se em mensurar os efeitos da crise internacional sobre o desempenho do setor, a partir de dados do primeiro trimestre de 2009, englobando as seguintes dimensões: produção física, emprego e comércio exterior.

Em geral, viu-se que os efeitos se deram, notadamente, no último trimestre de 2008, quando foram observadas as maiores quedas, com exceção do setor externo, em que os efeitos foram sentidos com certo atraso. Portanto, os resultados em termos da produção física e da geração de emprego e renda registraram quedas da ordem de 16% e 420%, respectivamente, comparando o último trimestre de 2008 com o mesmo período do ano anterior.

As quedas sofridas pelo setor moveleiro foram superiores àquelas registradas para a indústria de transformação como um todo. Todavia, os resultados alcançados no primeiro trimestre de 2009 apontavam para uma ligeira recuperação do setor, o que não significou uma reversão da tendência de queda, mas sim a redução das perdas em relação ao desempenho no trimestre imediatamente anterior. Nesse sentido, os resultados do início do ano não possibilitavam afirmar sobre uma recuperação concreta do setor.

Finalmente, em relação ao comércio exterior, as reduções observadas foram de 30% no caso das exportações e 22% no caso das importações. Os resultados alcançados devem-se, principalmente, aos efeitos recessivos da crise sobre a demanda internacional, destacando-se o fato de que os Estados Unidos é o principal mercado consumidor dos produtos brasileiros. Do lado das importações, destaca-se a crescente participação da China como mercado exportador para o Brasil, que se elevou de 9,5% no 1º trimestre de 2008 para 18,5% no 1º trimestre de 2009.

Foi apontado que as restrições ao crédito constituíram o principal canal de transmissão da crise para o setor e, portanto, uma recuperação consistente das vendas dependia da retomada do crédito. Adicionalmente, as medidas fiscais que o governo está implementando, constituem importantes instrumentos para estimular a economia, dando suporte à recuperação do setor.

Neste quarto relatório, a avaliação do desempenho recente da indústria moveleira compreende dados até o terceiro trimestre de 2009 e incorpora, além das dimensões tratadas no último relatório, uma análise do desempenho do setor de móveis no comércio internacional, com destaque para a posição do Brasil. Pretende-se avançar na análise sobre a recuperação do setor após a crise e suas perspectivas de crescimento.

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I. A Indústria Mundial de Móveis: Evolução do Comércio Internacional

Segundo os dados de comércio mundial do setor de móveis (tabela 1), houve ligeiro crescimento das exportações mundiais no período 2007-2008, igual a 3,4%. Apesar de o segmento “mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia” registrar o maior crescimento (26%), em termos de sua a participação no total do setor, esta é muito pequena, cerca de 2%; a participação do segmento “assentos” é de 43% e do segmento “outros móveis e suas partes” responde pelo restante igual a 55%1

Tabela 1 – Evolução das exportações mundiais de móveis (2007 e 2008) (US$ milhões)

.

Descrição 2007 2008 Variação (%)

Assentos 49.306,69 50.827,16 3,1 Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia 2.320,12 2.924,99 26,1 Outros móveis e suas partes 63.345,47 65.177,37 2,9

TOTAL 114.972,28 118.929,52 3,4

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados Comtrade.

Tabela 2 – Principais Países Exportadores de Móveis (2007 e 2008)

Posição Países* 2007 (US$ milhões) Part. (%) 2008 (US$ milhões) Part. (%) Variação (%) 1º China 22.340,51 19,4 27.236,75 22,9 21,9 2º Itália 13.209,80 11,5 13.525,60 11,4 2,4 3º Alemanha 11.100,97 9,7 12.448,97 10,5 12,1 4º Polônia 7.132,92 6,2 8.079,22 6,8 13,3 5º EUA 6.242,73 5,4 6.488,85 5,5 3,9 6º Canadá 5.351,71 4,7 4.823,55 4,1 -9,9 7º França 3.601,67 3,1 3.938,96 3,3 9,4 8º México 4.350,28 3,8 3.871,55 3,3 -11,0 9º Malásia 2.499,98 2,2 2.622,61 2,2 4,9 10º República Checa 2.282,63 2,0 2.570,20 2,2 12,6 Subtotal (10 maiores) 78.113,19 67,9 85.606,26 72,0 9,6 Total 114.972,28 100,0 118.929,52 100,0 3,4

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados Comtrade.

Pela tabela 2, observa-se a concentração do mercado em um número restrito de países; os dez maiores exportadores responderam por aproximadamente, 68% das vendas mundiais em 2007, elevando-se essa porcentagem para 72% em 2008. A primeira observação diz respeito ao aumento do market-share da China que consolidou sua posição de líder das exportações no setor, deslocando tradicionais produtores de móveis como a Itália e a Alemanha. No ano 2000, segundo Ferreira e Gorayeb (2008), a participação desse país era de 6,3%, ocupando a quinta posição no ranking dos exportadores de móveis, já em 2008 registrou-se uma participação de 22,9%, além de apresentar a maior taxa de crescimento das exportações entre os países líderes. Outra observação é a de que a maior parte dos países registrou um aumento do valor exportado, acompanhando a evolução do

1 É possível que o valor comercializado em 2008 esteja subestimado, pois até o período em que esse relatório

foi executado, um número menor de países em comparação com 2007 havia reportado seus dados para base COMTRADE, é o caso da Espanha que possui certa importância nesse mercado (principalmente, entre os maiores importadores).

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comércio mundial nesse setor, à exceção apenas do Canadá e do México (quedas de 10 e 11%, respectivamente).

Considerando o market-share do Brasil no setor de móveis, este é muito pequeno frente ao patamar alcançado pelos principais países exportadores, atingindo 0,9% em 2007 e 0,8% em 2008, ocupando a 25ª posição no ranking dos países. No período, observando o valor exportado, houve uma queda de US$ 1.009,75 milhões para US$ 987,93 milhões, o que explica a ligeira redução de sua participação relativa nas exportações mundiais do setor. Considerando que a demanda mundial cresceu no período, pode-se dizer que a indústria brasileira de móveis perdeu competitividade.

Gráfico 1 – Participação dos Principais Países Importadores de Móveis (2007 e 2008) (% sobre valor importado)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados Comtrade.

Em relação aos principais países importadores, os EUA permanecem como o principal mercado consumidor de móveis, respondendo por mais de um quarto das importações mundiais no período 2007-2008 (Gráfico 1). Fica evidente, como mostrou Ferreira e Gorayeb (2008), a concentração das importações no mercado dos países desenvolvidos, com uma participação dos 10 maiores países importadores igual a 68% em 2007, não se alterando em 2008.

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II. Indústria Brasileira de Móveis: Desempenho Recente

II.1. Produção Física

A recuperação da produção física observada no primeiro trimestre de 2009 se manteve nos períodos seguintes, destacando-se o último trimestre de 2009, quando o aumento observado para o setor de móveis, de 6,9% em comparação com o trimestre imediatamente anterior, superou o alcançado pela indústria de transformação como um todo, igual a 4,2%.

O gráfico 2 revela que, apesar da recuperação experimentada pela produção física, esta ainda não foi suficiente para reverter a queda da produção quando comparada ao mesmo trimestre do ano anterior, registrando-se taxas negativas de crescimento. Todavia, o que se vê é uma redução das perdas a cada trimestre. A queda da produção no primeiro trimestre de 2009 foi de aproximadamente 15%, já no terceiro trimestre foi de 2,4%.

Até o final do ano, o ritmo de crescimento da produção física deve se acelerar, o que está relacionado às expectativas de venda com as datas comemorativas do final do ano associadas à medida de desoneração fiscal aprovada pelo governo que prevê a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor, atendendo à reivindicação dos representantes do setor de móveis diante da mesma medida já adotada para outros setores da economia, como o da construção civil, automobilístico e de produtos de linha branca.

Gráfico 2 – Indústria de Transformação e do Mobiliário: Crescimento da produção física em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. (I/2008-III/2009)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA

Entre o mês de dezembro/2008, período em que a crise foi sentida com mais intensidade, até outubro/2009, a produção física da indústria de transformação obteve um ganho de 15,6%, enquanto a da indústria de móveis aumentou em 38,4%. Relativizando para o fato de que no final de 2008 registraram-se quedas muito abruptas, os números parecem indicar uma recuperação consistente do setor.

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O gráfico 3 permite visualizar a evolução positiva da produção física quando comparada ao resultado do mês anterior. Nos primeiros meses de 2009, as altas taxas são explicadas, principalmente, pela fraca base de comparação que atinge níveis muitos baixos. Nos meses subseqüentes, o aumento da produção fica evidente, atingindo 5% em outubro/09. Movimento semelhante é observado para a indústria de transformação.

Gráfico 3 – Indústria de Transformação e do Mobiliário: Crescimento da produção física em relação ao período imediatamente anterior (out./2008 – out./2009)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIA

É de se esperar que o crescimento do setor esteja assentado no aquecimento da demanda interna, compensando o crescimento mais lento das vendas externas. Destaca-se a alíquota zero do IPI para alguns segmentos do setor de móveis, o que terá rebatimentos sobre os custos do setor e daí sobre os preços para o consumidor final, estimulando a demanda. Outra observação é a de que como a medida de redução do IPI para outros setores da economia já estava em vigor há mais tempo, espera-se que o consumidor responda ao estímulo direcionando sua renda para a compra de móveis. Por último, a medida de redução do IPI para materiais de construção, viabilizando a reforma e a construção, que foi anunciada no início de 2009 e prorrogada para o próximo ano, deve irradiar positivamente sobre o setor moveleiro.

Pode-se dizer que diante da expectativa de crescimento do PIB para 2010, em que se destaca o papel da demanda doméstica, há garantia de ampliação das vendas, o que deverá ser sustentado pela reação do investimento. Outra consideração que merece ser feita reforçando a avaliação de que a recuperação do setor está mais bem fundamentada diz respeito à diminuição do estado de incerteza e a melhoria das expectativas dos empresários, afetando positivamente o investimento. Somam-se a isso as previsões de ampliação do crédito estimulando tanto o consumo, como o investimento.

Diante da medida fiscal de estímulo ao setor, espera-se uma recuperação do emprego, o que será abordado na próxima sessão.

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II.2 Emprego e Renda

A tabela 3 mostra que o emprego no setor mobiliário está acompanhando o movimento de recuperação da produção física a cada trimestre. Enquanto no segundo trimestre ainda registrava-se a destruição de postos de trabalho, apesar de tratar-se de um número bastante inferior ao período imediatamente anterior, igual a 539, no terceiro trimestre o resultado foi positivo, com um número de vagas criadas igual a 4.523, representando 2,3% do total da indústria de transformação.

A expansão da participação relativa do setor mobiliário no total da indústria tem a ver com o fato de que nos demais setores o ajuste foi menor, valendo o inverso para o caso de aumento dos postos de trabalho. Se o setor seguir a mesma trajetória até o final do quarto trimestre, mesmo com o ajuste normal do final do ano, é possível que o ano de 2009 atinja um saldo positivo, em termos de admissões e desligamentos, superior a 2008.

Tabela 3 – Indústria de Transformação e Indústria Moveleira: Geração líquida de empregos formais (I/2008-III/2009)

Período A - Indústria Transformação B- Mobiliário B/A I. 2008 149.712 2.368 1,6% II. 2008 161.371 2.111 1,3% III. 2008 188.781 3.894 2,1% IV. 2008 -344.709 -5.078 1,5% 2008 155.155 3.295 2,1% I. 2009 -145.924 -3.142 2,2% II. 2009 2.650 -539 -20,3% III. 2009 200.645 4.523 2,3%

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED

O gráfico 4 mostra como evoluiu a geração líquida de postos de trabalho ao longo do ano de 2009, em comparação com anos precedentes. Uma primeira observação diz respeito a uma trajetória de recuperação que se inicia após o pior período de ajuste no último trimestre de 2008. Nesse sentido, apesar de permanecer negativo o saldo de contratações até o mês de julho/2009, ele foi se reduzindo, até atingir um valor positivo, com o aumento do número de admissões, acompanhado da queda do número de demissões entre agosto e outubro/2009. Outra observação refere-se à comparação das trajetórias entre os anos. Nota-se que a partir de julho/2009, a evolução do saldo líquido de criação de vagas é muito semelhante aos períodos anteriores, atingindo até níveis superiores.

Segundo a tabela 4, entre 2007 e 2008, aumentou o número de admitidos, todavia, o número de desligamentos foi maior, o que determinou um número menor de vagas criadas (emprego formal). Em 2007, foram criados 9.709 postos de trabalho, enquanto em 2008, como um reflexo da crise internacional, esse número foi de apenas 3.295. Considerando o período de janeiro a outubro de 2009, a geração líquida de vagas apesar de inferior ao observado em 2007, já mostra tendência de recuperação do emprego formal no setor, sendo igual a 4.161.

Um aspecto importante diz respeito à evolução da renda média dos empregados no setor. Ao longo do período, entre 2007 e outubro/2009, houve elevação da remuneração média, o que pode estar relacionado ao aumento do salário mínimo no período. Deve-se notar que as novas contratações tendem a oferecer remunerações mais baixas, uma vez que a

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remuneração média de desligados é superior àquela dos admitidos. Todavia, no caso dos desligados, a remuneração mais elevada pode estar associada ao tempo de serviço. Já no caso dos admitidos, devem ser consideradas também as formas mais flexíveis de contratação.

Gráfico 4 – Criação de vagas formais no setor de móveis (jan./2007 - out./ 2009)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED

Tabela 4 - Indústria Brasileira de Móveis: Evolução da criação de emprego formal (jan./2007 - out./ 2009)

Período

Emprego Admitidos Desligados Admitidos Desligados Criação de Vagas Massa salarial (R$*) Média (Massa/Vagas)* Massa salarial (R$*) Média (Massa/Vagas)* 2007 101.386 91.677 9.709 62.746.488 620,33 62.705.052 683,61 2008 110.886 107.591 3.295 71.622.645 648,40 76.718.500 712,82 2009** 89.235 85.074 4.161 60.356.887 676,32 64.595.319 759,21 * A valores de dez/2008 (IPCA).

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II.3. Comércio Exterior

Os dados de comércio exterior são apresentados trimestralmente para o ano de 2009 (Tabela 5). É possível verificar que a recuperação das exportações é lenta, aumentando mais significativamente no terceiro trimestre, quando variou cerca de 20% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Todavia, também as importações cresceram e em ritmo mais elevado que o das exportações, igual a 27%. Os condicionantes para esse desempenho ligam-se ao comportamento da demanda internacional, um fator externo sob o qual o governo não tem controle, o que justifica suas medidas de estímulo à demanda doméstica. De outro lado, a valorização do Real afeta a competitividade das exportações e, por conseguinte, a renda do setor exportador, desestimulando os novos investimentos e a contratação de funcionários. Nesse sentido, torna-se bastante relevante a discussão de medidas para conter a valorização do Real, dado que a tributação sobre os fluxos de capitais estrangeiros de curto prazo, anunciada pelo governo federal em outubro de 2009, se mostrou insuficiente. É importante destacar também a possibilidade de obter um preço mais elevado com as vendas externas através do aumento do valor agregado das exportações, sendo esta uma estratégia de mais longo prazo, que exige amplas mudanças estruturais no setor.

Tabela 5 – Comércio exterior da indústria moveleira (I/2008-III/2009) (US$ milhões)

2008 I.2009 II.2009 III.2009

Variação I.2008 / I.2009 (%) Variação II.2008 / II.2009 (%) Variação III.2008 / III.2009 (%) Exportação 987.9 153.9 158.9 190.1 -30.0 -36.5 -32.3 Importação 440.9 76.9 75.7 96.3 -22.4 -29.4 -26.4 Saldo 547.0 77.0 83.2 93.8 -36.3 -41.9 -37.4

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da Secex.

A reação mais acentuada no terceiro trimestre de 2009, portanto, pode ser explicada pela recuperação da economia estadunidense e da América Latina, que estão entre os principais mercados de destino das exportações do setor de móveis, bem como, pelo aumento das exportações para o mercado europeu (frente à queda da participação relativa dos EUA) e mercados menos tradicionais, como o africano, representado por Angola (Tabela 6).

A evolução do preço médio das exportações do setor de móveis ao longo dos trimestres de 2009 confirma o melhor desempenho das exportações no terceiro trimestre. Calculado a partir da razão entre o valor e peso líquido exportado, observou-se que enquanto no segundo trimestre houve um crescimento de 1,4% em comparação com o mesmo período imediatamente anterior, no terceiro trimestre este ganho foi ainda maior, igual a 6%.

É preciso destacar, no entanto, que apesar de um aumento mais expressivo observado no terceiro trimestre de 2009, o que se vê são taxas de crescimento negativas quando se compara o dado de comércio com o mesmo período de 2008. A variação para baixo das exportações, segundo a tabela 5, é, em média, de 32%, e das importações é igual a 26%.

A tabela 6 informa os principais mercados de destino dos produtos brasileiros ordenados segundo valores de 2008. Mais uma vez, de janeiro a setembro de 2009, fica evidente a queda das exportações em todos os mercados de destinos se os valores são comparados com o mesmo período de 2008. As maiores quedas foram registradas no Chile (54%), seguido da Argentina (48%) e dos EUA (43%). Por conseguinte, as maiores perdas

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em termos da participação de mercado foram observadas na Argentina e EUA, sofrendo queda de quase 3% ambos os mercados. Mais uma vez fica evidente que apesar de as exportações brasileiras terem como principal mercado de destino os países desenvolvidos, cresce a importância dos mercados dos países em desenvolvimento.

Tabela 6 – Exportações de móveis para os principais mercados (jan.-set./2008 - jan.-set./2009)

Principais Destinos* Jan-Set/2008 (mil US$) Part. (%) Jan-Set/2009 (mil US$) Part. (%) Variação (%) 1. Estados Unidos 125.828 16,8 71.366 14,2 -43,3 2. Argentina 89.435 11,9 46.566 9,3 -47,9 3. França 71.538 9,5 48.971 9,7 -31,5 4. Reino Unido 56.369 7,5 51.417 10,2 -8,8 5. Angola 47.414 6,3 43.658 8,7 -7,9 6. Chile 37.289 5,0 17.073 3,4 -54,2 7. Espanha 33.400 4,4 20.493 4,1 -38,6 8. Alemanha 32.289 4,3 25.309 5,0 -21,6 9. Países Baixos 24.275 3,2 21.167 4,2 -12,8 10. Venezuela 20.164 2,7 14.085 2,8 -30,1 Subtotal (10 maiores) 538.000 71,7 360.106 71,6 -33,1 Exportações (Total) 750.773 100,0 502.877 100,0 -33,0 *Ranking de 2008.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da Secex.

Tabela 7 – Importações de móveis: principais países de origem (jan.-set./2008 - jan.-set./2009)

Principais Origens* Jan-Set/2008 (mil US$) Part. (%) Jan-Set/2009 (mil US$) Part. (%) Variação (%) 1. Estados Unidos 105.131 31,2 75.538 30,3 -28,1 2. Alemanha 54.091 16,0 36.352 14,6 -32,8 3. China 35.092 10,4 40.888 16,4 16,5 4. França 23.212 6,9 13.345 5,4 -42,5 5. Japão 18.816 5,6 17.666 7,1 -6,1 6. Canadá 17.730 5,3 4.464 1,8 -74,8 7. Itália 15.008 4,5 10.813 4,3 -28,0 8. Polônia 11.255 3,3 8.828 3,5 -21,6 9. Espanha 9.944 3,0 6.203 2,5 -37,6 10. Hungria 7.553 2,2 3.558 1,4 -52,9 Subtotal (10 maiores) 297.833 88,4 217.656 87,4 -26,9 Exportações (Total) 337.070 100,0 248.903 100,0 -26,2 *Ranking de 2008.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da Secex.

Em relação aos principais mercados de origem das importações brasileiras no setor de móveis, destaca-se a ampliação da participação da China, que passou a ocupar a segunda posição em 2009, ultrapassando a Alemanha. Adicionalmente, a China é o único país que obteve ganhos em termos do valor exportado, comparando o ano de 2009 com o mesmo período de 2008, as importações cresceram em 16,5%. Em relação aos demais países, as maiores quedas foram registradas no Canadá, seguido da Hungria e da França.

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III – Considerações Finais

Os dados do terceiro trimestre de 2009 parecem revelar uma situação mais favorável para o setor, acompanhando o movimento observado para a indústria em geral no Brasil. Viu-se, todavia, que, enquanto o setor obteve ganhos na comparação com o trimestre imediatamente anterior, se considerado o mesmo trimestre de 2008, o resultado ainda permanece negativo. As explicações para a recuperação da produção e do emprego estão relacionadas à evolução da demanda doméstica, mais do que a uma recuperação das vendas externas. Os fatos de maior destaque no período recente que se espera terem rebatimentos sobre o investimento, que é determinante para um crescimento sustentado do setor, dizem respeito à redução da alíquota do IPI e as previsões de ampliação do crédito na economia.

Do lado do setor externo, segundo dados da OMC, a variação do comércio mundial em termos do volume (mudança real) foi de 2% no caso das exportações e importações em 2008 frente a 6% em 2007, na comparação com o ano imediatamente anterior. Considerando o desempenho por país e olhando apenas para o fluxo de importações, registrou-se um crescimento negativo em 2008 nos EUA (2,5%), na União Européia (1,0%) e no Japão (1,0%). Para 2009, a projeção é de redução do comércio mundial em termos do volume igual a 9%, assentada nos efeitos recessivos sobre a economia mundial advindos da crise, considerando em particular as dificuldades de financiamento do comércio.

Portanto, as perspectivas de crescimento para o setor de móveis podem ser traçadas como se segue: (i) uma situação mais favorável para os próximos períodos depende da capacidade de direcionar a produção para o mercado doméstico, visto que os estímulos fiscais do governo até meados de 2010 significam um fôlego a mais para os setores industriais se recuperarem da crise; (ii) a recuperação das vendas externas é mais lenta e apesar das melhorias registradas nos últimos meses, as variáveis ainda não recuperaram seus níveis pré-crise. Segundo informe do BDNES (2009), em agosto de 2009, a taxa de crescimento trimestral anualizada do comércio internacional foi de 7,2%; (iii) as expectativas dos empresários do setor são claramente mais otimistas para os próximos períodos, sendo um importante determinante da retomada dos investimentos; representantes do setor projetam um crescimento de 15% das vendas no primeiro trimestre de 2010, como resultado da redução do IPI.

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Referências

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