A abordagem sociológica da cultura e da
arte de Pierre Bourdieu
• Pierre Bourdieu (1930-2002) • Sociólogo francês.
• Uma das grandes figuras da sociologia
francesa contemporânea.
• Aspectos centrais da análise:
• concepção/tema da cultura associada/o ao conceito
de “poder simbólico” e à ideia de “relações de força”;
• análise do poder mediante quatro proposições
analíticas;
• Influência Marxista e Weberiana
(identificação de capital com poder).
• Teoria do espaço social (relacionada
com o problema das classes) associada
aos aspectos seguintes:
– rupturas com o marxismo;
– teoria em si;
– distribuição dos agentes segundo dois
factores (volume e composição do capital);
– classes sociais.
Influências:
• Gaston Bachelard
• Georges Canguilhem
• Emile Durkheim
• Norbert Elias
• Edmund Husserl
• Maurice
Merleau-Ponty
• Claude Lévi-Strauss
• Blaise Pascal
• Ferdinand De Sassure
• Karl Marx
• Max Weber
• Thornstein Veblen
• Marcel Mauss
• Ludwig Wittgenstein
Pierre Bourdieu – uma introdução
• Formação em filosofia, antropologia e sociologia • Presença na Argélia que o marcou muito
• Estruturalismo gené>co constru>vista
• “O morto prende o vivo” (“Le mort saisit le vivant”) = a
história inscreve-‐se nos nossos corpos sob a forma de habitus • Proposta = sair da tensão ciência neutra-‐ideologia polí>ca >>>
a sociologia deve permi>r desvendar as estratégias de dominação (“la sociologie est um sport de combat”).
Categorias do social
• Campo
• Habitus
• Dominação
• Violência simbólica
• Capital cultural e capital social
• Capital simbólico
• CONCEITOS IMPORTANTES EM BOURDIEU:
• PODER SIMBÓLICO
• SISTEMAS SIMBÓLICOS COMO ESTRUTURAS: • ESTRUTURADAS
• ESTRUTURANTES • ESPAÇO SOCIAL;
• AGENTE (POSIÇÃO RELATIVA NO ESPAÇO
SOCIAL);
• PROPRIEDADES ACTUANTES (DIFERENTES
ESPÉCIES DE PODER/CAPITAL;
• CAPITAL (PODER DIFERENTE EM CADA CAMPO;
ECONÓMICO, SOCIAL, ETC.);
• POSIÇÃO (DO AGENTE NOS DIFERENTES
• Balanço da abordagem:
– teoria legitimista, da classe dominante;
– sociologia da cultura é sempre a sociologia
da classe dominante, i.e, de uma cultura
que, por definição é dominante (não
deixando de referir que é, ele próprio, um
crítico da classe dominante).
• PARA BOURDIEU A ANÁLISE SOCIOLÓGICA
DA CULTURA ESTÁ ESTREITAMENTE
LIGADA AO ESTUDO DE UMA FORMA
PARTICULAR DE PODER O
PODER
SIMBÓLICO
QUE DEPENDE PARA O SEU
EXERCÍCIO, DO USO SOCIAL, POR PARTE
DAS
CLASSES E FRACÇÕES DE CLASSES
DOMINANTES
, DA DEFINIÇÃO DE MODOS
LEGÍTIMOS DE VISÃO E DIVISÃO DO
MUNDO SOCIAL.
• ESTES ENCONTRAM EXPRESSÃO NAS PROPRIEDADES DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS COMO A LÍNGUA, A RELIGIÃO, A ARTE OU A CIÊNCIA QUE FUNCIONAM COMO:
• E S T R U T U R A S E S T R U T U R A N T E S, I N S T R U M E N TO S D E
CONHECIMENTO E DE CONSTRUÇÃO DO MUNDO, SÃO/CONDUZEM A ASPECTOS ACTIVOS DO CONHECIMENTO;
• ESTRUTURAS ESTRUTURADAS, DOTADAS DE SENTIDO E DE UMA
LÓGICA INTERNA QUE DEPENDE DA SUA APREENSÃO ENQUANTO SISTEMAS.
• ESTES
SISTEMAS SIMBÓLICOS
CUJAS
CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES SOCIAIS
VARIAM ENTRE CONTEXTOS SOCIAIS E
HISTÓRICOS, SÃO MOBILIZADOS PELOS
DOMINANTES PARA EXERCER UM PODER QUE É
DESCONHECIDO ENQUANTO TAL PELOS
DOMINADOS, E QUE SE REALIZA ATRAVÉS DA
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E DA IDEOLOGIA.
• A E X I S T Ê N C I A D E
C A M P O S
E S P E C I A L I Z A D O S
N A P R O D U Ç Ã O
SIMBÓLICA, CUJOS MEMBROS ENTRAM EM
LUTA PELO MONOPÓLIO DA PRODUÇÃO
IDEOLÓGICA LEGÍTIMA, REPRODUZ, SEGUNDO
BOURDIEU, SOB UMA FORMA TRANSFIGURADA
E, COMO TAL, IRRECONHECÍVEL,
A ESTRUTURA
DO CAMPO DAS CLASSES SOCIAIS
.
• A CULTURA ESTÁ ASSIM, SEGUNDO
BOURDIEU, ASSOCIADA AO EXERCÍCIO DO
P O D E R E À R E P R O D U Ç Ã O D A S
D E S I G U A L D A D E S S O C I A I S ,
CONTRIBUINDO PARA A LEGITIMAÇÃO DA
ORDEM SOCIAL.
O QUE É O PODER SIMBÓLICO
n
É UM PODER INVISÍVEL O QUAL SÓ PODE
SER EXERCIDO COM A CUMPLICIDADE
DAQUELES QUE NÃO QUEREM SABER QUE
LHE ESTÃO SUJEITOS OU MESMO QUE O
EXERCEM.
Os “sistemas simbólicos” (arte, língua, ciência e mito) como “estruturas estruturantes”
• Na tradição neo-kantiana, os diferentes universos simbólicos são tratados como instrumentos de conhecimento;
instrumentos de construção do mundo dos objectos; como
formas simbólicas, reconhecendo, como nota Marx, o «aspecto activo» do conhecimento.
• Inscreve-se nesta tradição Durkheim.
• Com Durkheim, as formas de classificação deixam de ser universais (transcendentais) e passam a ser arbitrárias (i.e., relativas a um grupo particular) e socialmente
OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,
RELIGIÃO,...) SÃO:
•
ESTRUTURAS
ESTRUTURANTES
PORQUE SÃO INSTRUMENTOS DE
CONHECIMENTO E DE CONSTRUÇÃO DO
MUNDO DOS OBJECTOS, SÃO/CONDUZEM
A ASPECTOS ACTIVOS DO
OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,
RELIGIÃO,...) SÃO:
• N Ã O S Ã O N O E N TA N T O F O R M A S
UNIVERSAIS E/OU TOTALITÁRIAS MAS SIM
FORMAS SOCIAIS, I. É, ARBITRÁRIAS ( P O R Q U E R E L AT I VA S A U M G R U P O P A R T I C U L A R ) E S O C I A L M E N T E DETERMINADAS.
• NESTA LÓGICA, A OBJECTIVIDADE DO SENTIDO DO MUNDO DEFINE-SE PELA CONCORDÂNCIA DAS SUBJECTIVIDADES ESTRUTURANTES (SENSO = CONSENSO).
O sistemas simbólicos como “estruturas estruturadas”
• O contributo do estruturalismo, tradição que privilegia o opus operatum, as estruturas
estruturadas.
• Saussure, o fundador desta tradição fornece-nos o exemplo da língua: sistema estruturado, a língua é fundamentalmente tratada como condição de
inteligibilidade da palavra, como intermédio
estruturado que se deve construir para se explicar a relação constante entre o sm e o sentido.
OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,
RELIGIÃO,...) SÃO:
n
ESTRUTURAS
ESTRUTURADAS
PORQUE SE PROCEDERMOS A UMA
ANÁLISE DAS ESTRUTURAS
COMPONENTES DE CADA UM DOS
SISTEMAS SIMBÓLICOS EXISTENTES
CONSEGUIMOS APREENDER A SUA LÓGICA
INTERNA ESPECÍFICA.
• A LÍNGUA É UM SISTEMA SIMBÓLICO
ESTRUTURADO PORQUE PERMITE UMA ANÁLISE DOS SEUS SUB-SISTEMAS: SOM (FONÉTICA) OU O SENTIDO (FONOLOGIA), I. É, PERMITE CONSTATAR A EXISTÊNCIA DA PALAVRA COMO INTERMEDIÁRIO ESTRUTURADO QUE SE DEVE CONSTRUIR PARA
EXPLICAR A RELAÇÃO CONSTANTE ENTRE O SOM E O SENTIDO.
• NA ARTE PODEMOS VER O MESMO EXEMPLO ENTRE A ICONOLOGIA E A ICONOGRAFIA.
• OS
SISTEMAS SIMBÓLICOS
, COMO
INSTRUMENTOS DE CONHECIMENTO E DE
COMUNICAÇÃO, SÓ PODEM EXERCER UM
PODER
ESTRUTURANTE
PORQUE SÃO
• O poder simbólico é um poder de
construção da realidade que tende a
estabelecer uma ordem gnoseológica.
• Os símbolos são os instrumentos por
excelência da integração social, eles
tornam possível o consensus acerca do
sentido do mundo social que contribui
fundamentalmente para a reprodução da
ordem social.
• A tradição marxista privilegia as funções
políticas dos sistemas simbólicos em
detrimento da sua estrutura lógica e da
sua função gnoseológica. Este
funcionalismo explica as produções
simbólicas relacionando-as com os
interesses da classe dominante
.
• As ideologias, por oposição ao mito,
servem interesses particulares que tendem
a apresentar como interesses universais,
comuns ao conjunto do grupo.
• PARA BOURDIEU AS PRODUÇÕES
SIMBÓLICAS
PODEM SER VISTAS COMO
INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO SE AS
RELACIONARMOS COM OS INTERESSES
DAS CLASSES DOMINANTES
A CULTURA DOMINANTE CONTRIBUI:
• A cultura dominante contribui:
– para a integração real da classe dominante; – para a integração fictícia da sociedade no seu
conjunto, portanto, à desmobilização (falsa consciência) das classes dominadas;
– para a legitimação da ordem estabelecida por meio do estabelecimento das distinções
(hierarquias) e para a legitimação dessas distinções.
• Esse efeito ideológico, produ-lo a cultura
dominante dissimulando a função de
divisão na função de comunicação
: a
cultura que une é também a cultura que
separa e que legitima as distinções
compelindo todas as culturas a
definirem-se pela sua distância em relação à cultura
dominante.
• PARA BOURDIEU O
CAMPO
DE PRODUÇÃO
• Denuncia do erro interaccionista.
• As relações de comunicação são sempre
relações de poder
que dependem, na
forma e no conteúdo, do poder material
ou simbólico acumulado pelos agentes (ou
pelas instituições) envolvidos nessas
relações e que permitem acumular poder
simbólico.
• É enquanto instrumentos estruturados e
estruturantes de comunicação e de
conhecimento:
– que os sistemas simbólicos cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, – que contribuem para assegurar a dominação de uma classe
sobre outra (violência simbólica) dando o reforço da sua própria força às relações de força que fundamentam e
• As diferentes classes e fracções de classe estão envolvidas numa luta propriamente simbólica
para imporem a definição do mundo social mais conforme aos seus interesses, e imporem o
campo das tomadas de posições ideológicas
reproduzindo em forma transfigurada o campo das posições sociais. Estas lutas podem ser
conduzidas:
– directamente, nos conflitos simbólicos da vida quotidiana;
– por procuração, por meio da luta travada pelos especialistas da produção simbólica (produtores a
• A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização:
– as fracções dominantes, cujo poder assenta no capital económico, têm em vista impor a legitimidade da sua dominação quer por meio da própria produção
simbólica, quer por intermédio dos ideólogos
conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detém por delegação;
– a fracção dominada (letrados ou intelectuais e artistas, segundo a época) tende sempre a colocar o capital
específico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios de hierarquização.
CONCEITO DE HABITUS
• PARA PIERRE BOURDIEU NA ANÁLISE DA
CULTURA DEVE-SE EVITAR QUER:
– A ILUSÃO OBJECTIVISTA QUE CONSISTE EM CONSIDERAR AS ESTRUTURAS SOCIAIS COMO UMA REALIDADE AUTÓNOMA QUE SE IMPÕE AOS ACTORES SOCIAIS, SEM TER EM CONTA OS PROCESSOS QUE A
PARTIR DA EXPERIÊNCIA E DAS ACÇÕES DOS SUJEITOS, GERAM AS ESTRUTURAS.
– A ILUSÃO SUBJECTIVISTA QUE ATRIBUI AOS
INDIVÍDUOS UMA AUTONOMIA ABSOLUTA, SEM TER EM CONSIDERAÇÃO CONDICIONAMENTOS MATERIAIS E
• PARA BOURDIEU A RELAÇÃO SUJEITO-ESTRUTURA DEVE, PORTANTO, SER ENTENDIDA COMO UMA
RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA RECÍPROCA, RECONHECENDO QUE O AGIR NÃO É, NEM UMA PURA REACÇÃO MECÂNICA INTEIRAMENTE
DEPENDENTE DAS NORMAS, DOS PAPÉIS, DOS
MODELOS CULTURAIS PRÉ-ESTABELECIDOS, NEM O PURO RESULTADO DAS INTENÇÕES CONSCIENTES E DELIBERADAS DOS ACTORES SOCIAIS.
• O PONTO DE ENCONTRO ENTRE O AGIR E A CULTURA É INDICADO POR BOURDIEU NO
CONCEITO DE HABITUS, OU SEJA, NAQUELAS DISPOSIÇÕES DURADOURAS QUE SE VIERAM A FORMAR NA EXPERIÊNCIA PRÁTICA DA VIDA SOCIAL E QUE SE APRESENTAM,
SIMULTANEAMENTE:
– COMO DETERMINAÇÕES ESTRUTURADAS, ENQUANTO
RESULTADO DO AGIR HISTÓRICO E DAS INTER-RELAÇÕES DOS SUJEITOS;
– COMO DIMENSÕES ESTRUTURANTES, ENQUANTO
• “POR ESTRUTURALISMO OU ESTRUTURALISTA, EU QUERO SUBLINHAR QUE EXISTEM, NO PRÓPRIO MUNDO SOCIAL, (...) ESTRUTURAS OBJECTIVAS INDEPENDENTES DA CONSCIÊNCIA E DA VONTADE DOS AGENTES, QUE SÃO CAPAZES DE ORIENTAR OU DE CONSTRANGER AS SUAS PRÁTICAS E AS SUAS REPRESENTAÇÕES.
• POR CONSTRUTIVISMO, EU PRETENDO
DEMONSTRAR QUE EXISTE UMA GÉNESE SOCIAL, POR UM LADO, DOS ESQUEMAS DE PERCEPÇÃO, DE PENSAMENTO E DE ACÇÃO QUE SÃO
CONSTITUTIVOS DAQUILO QUE DESIGNO DE
HABITUS E, POR OUTRO LADO, DAS
ESTRUTURAS SOCIAIS E, EM PARTICULAR,
DAQUILO A QUE EU CHAMO OS CAMPOS” (in
O CONCEITO DE “HABITUS”
• «HABITUS» – É UMA MATRIZ DE DISPOSIÇÕES E
COMPETÊNCIAS QUE OS ACTORES SOCIAIS VÃO ADQUIRINDO E INCORPORANDO AO LONGO DA VIDA E QUE LHES PERMITE
CONSTRUIR MANEIRAS DE AGIR ADEQUADAS ÀS DIFERENTES SITUAÇÕES QUE VÃO ENCONTRANDO.
O «HABITUS» É UM SISTEMA DE DISPOSIÇÕES DURÁVEIS TRANSPONÍVEIS”
• “DISPOSIÇÕES: PROPENSÕES PARA PERCEBER, SENTIR, FAZER E PENSAR DE UMA CERTA MANEIRA, INTERIORIZADAS E
INCORPORADAS, A MAIOR PARTE DAS VEZES DE FORMA NÃO CONSCIENTE, POR CADA INDIVÍDUO, EM RESULTADO DAS SUAS CONDIÇÕES OBJECTIVAS DE EXISTÊNCIA E DA SUA TRAJECTÓRIA SOCIAL.
• DURÁVEIS: PORQUE SE ESSAS DISPOSIÇÕES PODEM
MODIFICAR-SE NO DECURSO DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS, ELAS ESTÃO
FORTEMENTE ENRAIZADAS EM NÓS E TENDEM POR ESSE FACTO A RESISTIR À MUDANÇA, REVELANDO ASSIM UMA CERTA
CONTINUIDADE NA VIDA DE UMA PESSOA.
• TRANSPONÍVEIS: PORQUE AS DISPOSIÇÕES ADQUIRIDAS NO
DECURSO DE DETERMINADAS EXPERIÊNCIAS (EX.: FAMILIARES) TÊM EFEITOS SOBRE OUTRAS ESFERAS DE EXPERIÊNCIAS (EX.: PROFISSIONAIS); SÃO UM PRIMEIRO ELEMENTO DE UNIDADE DA PESSOA.
• SISTEMA: PORQUE ESSAS DISPOSIÇÕES TENDEM A PERMANECER
• SENDO UNIFICANTES, OS HABITUS INDIVIDUAIS SÃO IGUALMENTE SINGULARES. COM EFEITO, SE HÁ CLASSES DE HABITUS (EX.: HABITUS PRÓXIMOS, EM TERMOS DE CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA E DE TRAJECTÓRIA DO GRUPO SOCIAL DE PERTENÇA), E PORTANTO, HABITUS DE CLASSE, CADA HABITUS
INDIVIDUAL COMBINA DE MANEIRA ESPECÍFICA
UMA DIVERSIDADE (MAIOR OU MENOR) DE
EXPERIÊNCIAS SOCIAIS. • (Le sens pratique, 1980: 100).
• O habitus é essa espécie de senso prático
do que se deve fazer numa dada situação –
o que se chama, em desporto, sentido do
jogo, arte de antecipar o futuro do jogo
que está inscrito a pontilhado no estado
presente do jogo. Nada me impede de
jogar como me apetece mas, na verdade,
jogo tal como o aprendi. Liberdade
pessoal e determinismo social.
O conceito de «habitus»:
• conceito mediador;
• recusa dos agentes como simples reflexos das estruturas objectivas;
• análise do modo como as aprendizagens sociais (formais e informais) inculcam modos de percepção e de compreensão dos agentes sociais (influência das famílias, do sistema educativo, da experiência social actual);
• depende da condição dos agentes. Estes adquirem disposições diferentes segundo o momento histórico e a sua posição num dado sistema social;
• mediação entre relações objectivas e comportamentos individuais.
Habitus
• Em La distinction, Bourdieu refere-se ao habitus como um sistema de esquemas para a elaboração de práticas concretas.
• Assim, se o ‘bom gosto’ implica que o “catedrático” universitário vai preferir claramente o Cravo bem temperado de Bach, enquanto os operários e os funcionários de classe média preferirão O Danúbio azul, a validade do bom gosto encontra-se menos valorizada quando se revela que o catedrático (especialmente de direito ou medicina) é, por sua vez, filho de outro catedrático que possuía uma colecção particular de arte e cuja esposa era uma boa musica amadora.
• O “catedrático” é alguém que não apenas ‘alcançou’ certos êxitos no campo da educação, mas também herdou um capital cultural. É dizer que, em casos concretos, a envolvente familiar pode prover um grande volume de conhecimentos, compreensão e ‘gosto’ que não se
Habitus
• Um habitus específico surge quando se demonstra estatisticamente que há diversas variáveis (trabalho, educação, rendimento, preferências artísticas, gostos culinários, etc.) que são correlacionadas entre si. Assim, em contraste com o operário manual, o catedrático de direito, normalmente, teve uma educação num colégio privado, preferirá Bach (e, preferencialmente, a forma artística precedendo ao seu conteúdo), terá rendimentos elevados e preferirá a cozinha simples e elegante, composta de carnes magras, fruta fresca e verduras.
• Esta correlação é o que, no entender de Bourdieu, constitui uma série concreta de atitudes (neste caso, burguesa ou
ALGUNS DOS “PROBLEMAS” CONTIDOS NO CONCEITO DE “HABITUS”:
• UM DOS PROBLEMAS TEM A VER COM A EXISTÊNCIA DE
TRAJECTÓRIAS ATÍPICAS OU HETEROGÉNEAS.
• O CONCEITO REMETE-NOS PARA UMA IDEIA MUITO HOMOGÉNEA
DOS ACTORES E DOS RECURSOS CULTURAIS QUE ESTES VÃO ADQUIRINDO E INCORPORANDO.
• PARTE-SE DO PRINCÍPIO DE QUE OS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NUM DETERMINADO CAMPO DEVEM SER CONGRUENTES COM OS DE OUTROS CAMPOS.
• ORA, É DUVIDOSO QUE AS PESSOAS INCORPOREM ESTAS DISPOSIÇÕES DE UM MODO CONGRUENTE, DEVIDO À DIVERSIDADE DE
EXPERIÊNCIAS VIVIDAS.
• QUANDO AS TRAJECTÓRIAS SE COMPLEXIFICAM O HABITUS TORNA-SE TAMBÉM ATÍPICO E HETEROGÉNEO.
• É O ENCONTRO DO HABITUS E DO
CAMPO
, DA «HISTÓRIA FEITA CORPO» E
DA «HISTÓRIA FEITA COISA» QUE
CONSTITUI O MECANISMO PRINCIPAL DE
(RE)PRODUÇÃO DO MUNDO SOCIAL.
O habitus (1)
• Sistemas duráveis e transponíveis de disposição, estruturas dispostas a funcionar como estruturas estruturantes
• Mecanismo de interiorização das exterioridades: interiorizado pelos indivíduos em função de sua condição objetiva de existência
• Muito inercial, mas não imutável • Distingue e opera distinções
• Ajuda a constituir o campo dando-lhe valor, representação e significado
O habitus (2)
• Funciona como esquemas mentais e
comportamentais, inconscientes da ação, da
percepção e da reflexão
• Dois componentes: o ETHOS (princípios,
valores, a moral quotidiana) e a HEXIS
(corporal, posturas, relação com o corpo).
• Ethos = grelha de leitura
O habitus (3)
• Produto da aprendizagem que se torna
inconsciente e que se traduz, a seguir, em
habilidade aparentemente natural e em
capacidade livre de atuar no meio social
• Ele toma partido por Pascal (contra
Descartes) ao descartar a ficção de um
indivíduo totalmente livre e autónomo
• O
HABITUS
CORRESPONDE ÀS
ESTRUTURAS SOCIAIS DA NOSSA
SUBJECTIVIDADE, QUE SE CONSTITUEM
DE INÍCIO ATRAVÉS DAS NOSSAS
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS (
HABITUS
PRIMÁRIO
) E SEGUIDAMENTE DA NOSSA
VIDA ADULTA (
HABITUS SECUNDÁRIO
).
• É A MANEIRA COMO AS ESTRUTURAS
SOCIAIS SE IMPRIMEM NA NOSSA MENTE E
NO NOSSO CORPO, PELA
CONCEITO DE CAMPO
• O CONCEITO DE CAMPO ADQUIRE NA TEORIA DE BOURDIEU UMA FUNÇÃO ANALÍTICA ESPECÍFICA, DADO QUE PERMITE TER EM CONTA O CONJUNTO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS, CULTURAIS E
SUBJECTIVOS QUE, NO INTERIOR DE UM
DETERMINADO CONTEXTO SOCIAL, INTERAGEM ENTRE SI, DANDO VIDA AOS PROCEDIMENTOS
ATRAVÉS DOS QUAIS SE VEM CONSTRUINDO UMA PARTICULAR FORMA DE REALIDADE SOCIAL.
• BOURDIEU RECUSA A CAUSA ÚNICA (Ex. RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (MARX)) DAS PRÁTICAS SOCIAIS E PROPÕE QUE SE DEVA RECONSTRUIR A “TRAMA DAS RELAÇÕES INTERLIGADAS” NUMA SÉRIE DE VARIÁVEIS DIVERSAS, FAZENDO REFERÊNCIA À “CAUSALIDADE ESTRUTURAL DE UMA REDE DE FACTORES QUE NÃO É REDUTÍVEL À SIMPLES ACUMULAÇÃO DE DIVERSOS FACTORES”
• AS PRÁTICAS SOCIAIS SÃO DEFINIDAS POR UMA MULTIPLICIDADE DE DETERMINANTES, MATERIAIS, CULTURAIS E SOCIAIS EM RELAÇÃO ENTRE SI QUE CONFIGURAM ATRAVÉS DAS PARTICULARES
FORMAS ASSUMIDAS UM ESPAÇO SOCIAL CONCRETO
• OS CAMPOS CONSTITUEM A FACE DA
EXTERIORIZAÇÃO DA INTERIORIDADE DO PROCESSO.
• O
CAMPO
É UMA ESFERA DA VIDA
SOCIAL QUE SE AUTONOMIZOU
PROGRESSIVAMENTE ATRAVÉS DA
HISTÓRIA EM TORNO DE RELAÇÕES
SOCIAIS, DE ENJEUX E DE RECURSOS
ESPECÍFICOS, DIFERENTES DOS
PRÓPRIOS DE OUTROS CAMPOS (Ex.
CAMPO ARTÍSTICO; CAMPO DESPORTIVO;
CAMPO POLÍTICO; CAMPO
• CADA CAMPO É SIMULTANEAMENTE UM CAMPO
DE FORÇAS – CARACTERIZADO POR UMA
DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL DOS RECURSOS E, POR ISSO, UMA RELAÇÃO DE FORÇA ENTRE
DOMINANTES E DOMINADOS – E UM CAMPO DE
LUTAS - ONDE OS AGENTES SE CONFRONTAM PARA CONSERVAR OU TRANSFORMAR ESSA
RELAÇÃO DE FORÇAS.
• CADA CAMPO É CARACTERIZADO POR
MECANISMOS ESPECÍFICOS DE CAPITALIZAÇÃO DOS RECURSOS LEGÍTIMOS QUE LHE SÃO
O conceito de CAMPO (1)
• Campo é um universo social PARTICULAR
constituído de AGENTES ocupando
posições específicas dependentes do
VOLUME e da ESTRUTURA do capital
eficiente dentro do campo considerado.
• É um sistema de posições – que podem ser
alteradas e contestadas.
Campo artístico, religioso, econômico E não sujeitosO conceito de CAMPO (2)
• As estratégias dos agentes dentro do campo,
determinadas pelo habitus, repousam nos
mecanismos estruturais de competição e
dominação. Mas as estratégias de reprodução
predominam dentro dos campos, assim como a
permanência das estruturas sociais.
• Da tradição para a modernidade >
autonomização crescente dos campos (mas
estão articulados)
O conceito de CAMPO (3)
• Cada campo tem seu NOMOS (lei fundamental)
e DOXA (pressupostos cognitivos e avaliativos
aceitos e reconhecidos pelos agentes no
campo).
• O campo é um microcosmo dotado de leis
próprias.
• Há uma importância crescente do campo
econômico em relação aos demais.
• PARA BOURDIEU NÃO HÁ SÓ UMA
ESPÉCIE DE CAPITAL (COMO EM MARX
capital económico) MAS UMA
PLURALIDADE DE CAPITAIS (capital
cultural, capital, político, etc.).
• PARA BOURDIEU O
ESPAÇO SOCIAL
É
PLURIDIMENSIONAL, COMPOSTO POR
UMA PLURALIDADE DE CAMPOS
• NESTE SENTIDO, NÃO ESTAMOS EM PRESENÇA DE
UM CAPITALISMO (NO SENTIDO ECONÓMICO) CARACTERIZADO POR UMA FORMA PRINCIPAL E DETERMINANTE DE DOMINAÇÃO (A «EXPLORAÇÃO CAPITALISTA») MAS PERANTE VÁRIAS
CAPITALIZAÇÕES E VÁRIAS DOMINAÇÕES:
RELAÇÕES ASSIMÉTRICAS ENTRE INDIVÍDUOS E GRUPOS CRISTALIZADAS EM PROVEITO DOS
MESMOS INDIVÍDUOS E GRUPOS, SENDO ALGUNS DELES TRANSVERSAIS AOS DIFERENTES CAMPOS (Ex. A DOMINAÇÃO DOS HOMENS SOBRE AS
• NAS SOCIEDADES MODERNAS, A PRODUÇÃO CULTURAL TENDE A TER LUGAR EM CAMPOS DOTADOS DE AUTONOMIA, E QUE SE
CONSTITUÍRAM HISTORICAMENTE ATRAVÉS DE UM PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO, DANDO LUGAR AOS CAMPOS DA RELIGIÃO, DA MÚSICA, DAS ARTES PLÁSTICAS, DO DIREITO DA FILOSOFIA, ENTRE OUTROS.
• EM CADA CAMPO, ESTÁ EM JOGO UMA FORMA ESPECÍFICA DE INTERESSE QUE ENCONTRA
• Ex. Três formas de capital em P. Bourdieu:
capital humano; capital social e capital cultural.
• Enquanto à primeira estariam associados atributos pessoais (conhecimento, saberes, competências, qualificações, experiência) o capital social brotaria da base comunitária de recursos relacionais duráveis traduzidos na forma de redes; já o capital cultural representaria uma base simbólica de recursos de estatuto e poder ( c o r p o r i z a d o , o b j e c t i v a d o , o u institucionalizado).
• NO CASO DOS CAMPOS DE PRODUÇÃO
CULTURAL, ESSE CAPITAL ESPECÍFICO
ASSUME A FORMA DE CAPITAL
CULTURAL
, QUE PODE EXISTIR:
– DE MODO INCORPORADO, NAS
CAPACIDADES, COMPETÊNCIAS E
DISPOSIÇÕES DOS ACTORES, ATRAVÉS DO
MECANISMO DO HABITUS;
– DE MODO INSTITUCIONALIZADO
O conceito de CAPITAL (1)
• O campo apresenta no seu interior uma
distribuição desigual de capitais de diferentes
tipos
• Usa a terminologia do capital pela natureza e
pelas propriedades do capital (recurso,
acumulação, reprodução)
• Dentro do campo, os agentes buscam ter mais
capital específico do campo, ou então lutam
para redefinir este capital específico.
O conceito de CAPITAL (2)
• Capital económico = factores de produção, rendimento, património, bens materiais
• Capital cultural = qualificações intelectuais (no sistema educativo ou obtidas na família). Três formas:
incorporados no corpo (expressão oral), objetivos
(posse de obras de arte) e institucionalizados (diplomas e títulos)
• Capital social = recursos produzidos pelas redes sociais (convites recíprocos). Responsável pela
“transubstanciação”.
• Capital simbólico = ligados à honra e ao
reconhecimento (ritos, etiqueta, protocolo). É uma representação, um modelo de excelência...
Social Space
Capital global + Cap it al c ult ural + Cap it al ec onô m ic o - Cap it al c ult ural -Cap it al ec onô m ic o +
Campo do poder piano bridge
golf Profissões liberais equitação
Magistrados xadrez uísque tênis ski náutico champagne Manager do setor privado
Operários qualificados
cerveja pesca futebol vinho de mesa
A DISTINÇÃO
SOCIAL
• OS CAMPOS DE PRODUÇÃO CULTURAL
S Ã O M A R C A D O S P O R L U TA S D E
CONCORRÊNCIA PELA DEFINIÇÃO
LEGÍTIMA DO QUE ESTÁ EM JOGO NO
CAMPO E PELA AUTORIDADE PARA
PRODUZIR E AFIRMAR ESSA DEFINIÇÃO
COMO
DOXA
, COMO SENSO COMUM
PA RT I L H A D O P O R A Q U E L E S Q U E
PARTICIPAM NO CAMPO.
• EM CERTAS CONDIÇÕES, ESSAS LUTAS DÃO LUGAR À EMERGÊNCIA DE ORTODOXIAS E DE HETERODOXIAS E À TRANSFORMAÇÃO OU REFORÇO DE HIERARQUIAS INTERNAS AOS CAMPOS, COM OS SEUS DOMINANTES E OS SEUS DOMINADOS.
• A ASCENSÃO À CONDIÇÃO DE DOMINANTE
PODE FAZER-SE ATRAVÉS DE ESTRATÉGIAS DE SUCESSÃO OU DE COOPTAÇÃO DOS
DOMINADOS PELOS DOMINANTES, OU
ATRAVÉS DE ESTRATÉGIAS DE SUBVERSÃO DA POSIÇÃO DOMINANTE DESTES.
• A RELAÇÃO ENTRE OS CAMPOS DE PRODUÇÃO CULTURAL E A ESTRUTURA SOCIAL ASSENTA NUM CONJUNTO DE HOMOLOGIAS, QUE PERMITEM
DEFINIR OS OBJECTOS SIMBÓLICOS PRODUZIDOS NOS VÁRIOS CAMPOS E AS RELAÇÕES ENTRE
OBJECTOS E ENTRE PRODUTORES NOS CAMPOS COMO EXPRESSÕES TRANSFIGURADAS DAS
RELAÇÕES DE CLASSE E DAS RELAÇÕES DE PODER QUE CARACTERIZAM A SOCIEDADE
• OS PRODUTORES CULTURAIS
ESPECIALIZADOS PODEM SER DEFINIDOS
COMO A FRACÇÃO DOMINADA DA CLASSE
DOMINANTE, DOTADA DE ELEVADO
CAPITAL CULTURAL MAS DE POUCO
CAPITAL ECONÓMICO, ASSEGURANDO O
TRABALHO DE DOMINAÇÃO SIMBÓLICA E
IDEOLÓGICA QUE LEGITIMA A ORDEM
• A HOMOLOGIA ENTRE OS CAMPOS DE
PRODUÇÃO CULTURAL E A ESTRUTURA
SOCIAL É REVELADA, AINDA, ATRAVÉS DA
DISTRIBUIÇÃO DOS GOSTOS E DOS
CONSUMOS CULTURAIS EM ESTILOS DE
VIDA, QUE PERMITEM IDENTIFICAR
PÚBLICOS DIFERENCIADOS PARA OS
OBJECTOS CULTURAIS, CORRESPONDENDO
ESSES PÚBLICOS A CLASSES E FRACÇÕES DE
CLASSE DISTINTAS.
Pierre Bourdieu
• A expressão “capital social” apareceu
com destaque na obra de Pierre Bourdieu,
que estendeu a noção de capital para
além dos seus limites tradicionais,
aplicando-a a dimensões não-materiais e
simbólicas, distinguindo múltiplas formas
de capital, entre as quais a económica, a
cultural e a social.
Bourdieu define o capital social nos seguintes
termos:
• Para Bourdieu, o volume de capital social possuído por um determinado indivíduo depende do tamanho da rede de contatos que ele pode mobilizar de forma efetiva, bem como do volume de capital (económico, cultural ou simbólico) possuído pelos demais indivíduos aos quais ele está ligado através de uma rede social (Bourdieu, 1980: 2). • A definição de CS utilizado por Bourdieu enfatiza o papel das
redes sociais como meio de acesso a recursos. A consequência esperada da posse de capital social é, em última análise, a obtenção de recursos económicos. O capital social é, pois um meio de obter o acesso a recursos económicos, intensamente desejados nas sociedades capitalistas, através de ligações sociais. Bandeira (2003), p. 19.
Reprodução da ordem
• Habitus
• 1. a interiorização, pelos atores, dos valores, normas e princípios sociais; 2. Sistemas de classificações que preexistem às representações sociais, ou seja,
categorias que preexistem a interpretação do real. O habitus enquanto sistema de disposições duráveis é matriz de percepções, de apreciação e ação, que se realiza em determinadas condições sociais. O habitus se apresenta, pois, como social e individual: refere-‐se a um grupo ou a uma classe, mas também ao elemento individual; o processo de interiorização implica sempre internalização da
obje>vidade, o que ocorre certamente de forma subje>va, mas que não pertence exclusivamente ao domínio do indivíduo. O habitus é mecanismo de reprodução social pela interiorização de matrizes de percepção e de valores sociais. Ele
funciona como um princípio gerador das prá>cas e das representações sociais. Ele é história feito natureza, ou seja, uma segunda natureza. Esse mecanismo que faz com que os indivíduos vejam como “natural” as representações e as idéias sociais dominantes, é chamado por Bourdieu de violência simbólica.
Gosto
• O gosto está diretamente relacionado ao capital cultural de cada grupo social, adquirido pelo aprendizado familiar ou escolar. Esses aprendizados são os responsáveis pela formação dos sistemas de classificação que nos habilitam a apreciar e julgar este>camente determinadas produções culturais. O gosto revela ainda uma
verdadeira luta de classes simbólica, composta pelas estratégias de dis>nção de cada grupo. A ideologia do gosto natural opõe, através de duas modalidades de competência cultural e de sua u>lização, são dois modos de aquisição cultural: o aprendizado total, precoce e insensível, efetuado desde a primeira infância no seio da família, e o aprendizado tardio, metódico, acelerado, que uma ação
Capital Social e Cultural
• O gosto está
diretamente relacionado ao capital cultural de
cada grupo social, adquirido pelo
aprendizagem familiar ou escolar.
Dominação Simbólica
• Na nossa sociedade determinados mecanismos de
dominação simbólica foram desaparecendo, dando lugar a outros. Estas outras formas de dominação
simbólica são os bens de luxo que atestam o gosto e a dis>nção. A denegação da economia e o interesse
económico que, nas sociedades pré–capitalistas, se encontravam ainda sobre o terreno pessoal, encontra ainda seu refúgio no domínio da Arte e da Cultura,
lugar de puro consumo, de dinheiro e de tempo não conver>do em dinheiro.
• As aprendizagens são responsáveis pela formação dos sistemas de classificação que nos habilitam a apreciar e julgar este>camente determinadas produções culturais.
• O gosto revela ainda uma verdadeira luta de classes simbólica, composta pelas estratégias de dis>nção de cada grupo.
• A ideologia do gosto natural opõe, através de duas modalidades de competência cultural e de sua u>lização, são dois modos de
aquisição cultural: o aprendizado total, precoce e insensível, efetuado desde a primeira infância no seio da família, e o aprendizado tardio, metódico, acelerado, que uma ação pedagógica explícita e expressa assegura.
O que é a prá6ca social?
Prática social = Habitus x Capital + campoindivíduo-Bibliografia:
• Bourdieu, Pierre, O Poder Simbólico, Lisboa, Difel Ed., 1989. (excertos)
• Bourdieu, Pierre, As Regras da Arte: génese e estrutura do
campo literário, Lisboa, Ed. Presença, 1996. (excertos)
• Bourdieu, P., Darbel, A., L’amour de l’art: les musées d’art
européens et leur public, Paris, Éd. de minuit, 1969. (excertos) • BOURDIEU, Pierre (1993) But who created the ‘creators’?, in