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A abordagem sociológica da cultura e da arte de Pierre Bourdieu

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(1)

A  abordagem  sociológica  da  cultura  e  da  

arte  de  Pierre  Bourdieu  

 

(2)

•  Pierre Bourdieu (1930-2002) •  Sociólogo francês.

•  Uma das grandes figuras da sociologia

francesa contemporânea.

•  Aspectos centrais da análise:

•  concepção/tema da cultura associada/o ao conceito

de “poder simbólico” e à ideia de “relações de força”;

•  análise do poder mediante quatro proposições

analíticas;

(3)

•  Influência Marxista e Weberiana

(identificação de capital com poder).

•  Teoria do espaço social (relacionada

com o problema das classes) associada

aos aspectos seguintes:

– rupturas com o marxismo;

– teoria em si;

– distribuição dos agentes segundo dois

factores (volume e composição do capital);

– classes sociais.

(4)

Influências:

•  Gaston Bachelard

•  Georges Canguilhem

•  Emile Durkheim

•  Norbert Elias

•  Edmund Husserl

•  Maurice

Merleau-Ponty

•  Claude Lévi-Strauss

•  Blaise Pascal

•  Ferdinand De Sassure

•  Karl Marx

•  Max Weber

•  Thornstein Veblen

•  Marcel Mauss

•  Ludwig Wittgenstein

(5)

Pierre  Bourdieu  –  uma  introdução  

•  Formação  em  filosofia,  antropologia  e  sociologia   •  Presença  na  Argélia  que  o  marcou  muito  

•  Estruturalismo  gené>co  constru>vista  

•  “O  morto  prende  o  vivo”  (“Le  mort  saisit  le  vivant”)  =  a  

história  inscreve-­‐se  nos  nossos  corpos  sob  a  forma  de  habitus   •  Proposta  =  sair  da  tensão  ciência  neutra-­‐ideologia  polí>ca  >>>  

a  sociologia  deve  permi>r  desvendar  as  estratégias  de   dominação  (“la  sociologie  est  um  sport  de  combat”).  

(6)

Categorias do social

•  Campo

•  Habitus

•  Dominação

•  Violência simbólica

•  Capital cultural e capital social

•  Capital simbólico

(7)

•  CONCEITOS IMPORTANTES EM BOURDIEU:

•  PODER SIMBÓLICO

•  SISTEMAS SIMBÓLICOS COMO ESTRUTURAS: •  ESTRUTURADAS

•  ESTRUTURANTES •  ESPAÇO SOCIAL;

•  AGENTE (POSIÇÃO RELATIVA NO ESPAÇO

SOCIAL);

•  PROPRIEDADES ACTUANTES (DIFERENTES

ESPÉCIES DE PODER/CAPITAL;

•  CAPITAL (PODER DIFERENTE EM CADA CAMPO;

ECONÓMICO, SOCIAL, ETC.);

•  POSIÇÃO (DO AGENTE NOS DIFERENTES

(8)

•  Balanço da abordagem:

– teoria legitimista, da classe dominante;

– sociologia da cultura é sempre a sociologia

da classe dominante, i.e, de uma cultura

que, por definição é dominante (não

deixando de referir que é, ele próprio, um

crítico da classe dominante).

(9)

•  PARA BOURDIEU A ANÁLISE SOCIOLÓGICA

DA CULTURA ESTÁ ESTREITAMENTE

LIGADA AO ESTUDO DE UMA FORMA

PARTICULAR DE PODER O

PODER

SIMBÓLICO

QUE DEPENDE PARA O SEU

EXERCÍCIO, DO USO SOCIAL, POR PARTE

DAS

CLASSES E FRACÇÕES DE CLASSES

DOMINANTES

, DA DEFINIÇÃO DE MODOS

LEGÍTIMOS DE VISÃO E DIVISÃO DO

MUNDO SOCIAL.

(10)

•  ESTES ENCONTRAM EXPRESSÃO NAS PROPRIEDADES DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS COMO A LÍNGUA, A RELIGIÃO, A ARTE OU A CIÊNCIA QUE FUNCIONAM COMO:

•  E S T R U T U R A S E S T R U T U R A N T E S, I N S T R U M E N TO S D E

CONHECIMENTO E DE CONSTRUÇÃO DO MUNDO, SÃO/CONDUZEM A ASPECTOS ACTIVOS DO CONHECIMENTO;

•  ESTRUTURAS ESTRUTURADAS, DOTADAS DE SENTIDO E DE UMA

LÓGICA INTERNA QUE DEPENDE DA SUA APREENSÃO ENQUANTO SISTEMAS.

(11)

•  ESTES

SISTEMAS SIMBÓLICOS

CUJAS

CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES SOCIAIS

VARIAM ENTRE CONTEXTOS SOCIAIS E

HISTÓRICOS, SÃO MOBILIZADOS PELOS

DOMINANTES PARA EXERCER UM PODER QUE É

DESCONHECIDO ENQUANTO TAL PELOS

DOMINADOS, E QUE SE REALIZA ATRAVÉS DA

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E DA IDEOLOGIA.

(12)

•  A E X I S T Ê N C I A D E

C A M P O S

E S P E C I A L I Z A D O S

N A P R O D U Ç Ã O

SIMBÓLICA, CUJOS MEMBROS ENTRAM EM

LUTA PELO MONOPÓLIO DA PRODUÇÃO

IDEOLÓGICA LEGÍTIMA, REPRODUZ, SEGUNDO

BOURDIEU, SOB UMA FORMA TRANSFIGURADA

E, COMO TAL, IRRECONHECÍVEL,

A ESTRUTURA

DO CAMPO DAS CLASSES SOCIAIS

.

(13)

•  A CULTURA ESTÁ ASSIM, SEGUNDO

BOURDIEU, ASSOCIADA AO EXERCÍCIO DO

P O D E R E À R E P R O D U Ç Ã O D A S

D E S I G U A L D A D E S S O C I A I S ,

CONTRIBUINDO PARA A LEGITIMAÇÃO DA

ORDEM SOCIAL.

(14)

O QUE É O PODER SIMBÓLICO

n 

É UM PODER INVISÍVEL O QUAL SÓ PODE

SER EXERCIDO COM A CUMPLICIDADE

DAQUELES QUE NÃO QUEREM SABER QUE

LHE ESTÃO SUJEITOS OU MESMO QUE O

EXERCEM.

(15)

Os “sistemas simbólicos” (arte, língua, ciência e mito) como “estruturas estruturantes”

•  Na tradição neo-kantiana, os diferentes universos simbólicos são tratados como instrumentos de conhecimento;

instrumentos de construção do mundo dos objectos; como

formas simbólicas, reconhecendo, como nota Marx, o «aspecto activo» do conhecimento.

•  Inscreve-se nesta tradição Durkheim.

•  Com Durkheim, as formas de classificação deixam de ser universais (transcendentais) e passam a ser arbitrárias (i.e., relativas a um grupo particular) e socialmente

(16)

OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,

RELIGIÃO,...) SÃO:

ESTRUTURAS

ESTRUTURANTES

PORQUE SÃO INSTRUMENTOS DE

CONHECIMENTO E DE CONSTRUÇÃO DO

MUNDO DOS OBJECTOS, SÃO/CONDUZEM

A ASPECTOS ACTIVOS DO

(17)

OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,

RELIGIÃO,...) SÃO:

•  N Ã O S Ã O N O E N TA N T O F O R M A S

UNIVERSAIS E/OU TOTALITÁRIAS MAS SIM

FORMAS SOCIAIS, I. É, ARBITRÁRIAS ( P O R Q U E R E L AT I VA S A U M G R U P O P A R T I C U L A R ) E S O C I A L M E N T E DETERMINADAS.

•  NESTA LÓGICA, A OBJECTIVIDADE DO SENTIDO DO MUNDO DEFINE-SE PELA CONCORDÂNCIA DAS SUBJECTIVIDADES ESTRUTURANTES (SENSO = CONSENSO).

(18)

O sistemas simbólicos como “estruturas estruturadas”

•  O contributo do estruturalismo, tradição que privilegia o opus operatum, as estruturas

estruturadas.

•  Saussure, o fundador desta tradição fornece-nos o exemplo da língua: sistema estruturado, a língua é fundamentalmente tratada como condição de

inteligibilidade da palavra, como intermédio

estruturado que se deve construir para se explicar a relação constante entre o sm e o sentido.

(19)

OS SISTEMAS SIMBÓLICOS (ARTE, LÍNGUA, LITERATURA,

RELIGIÃO,...) SÃO:

n 

ESTRUTURAS

ESTRUTURADAS

PORQUE SE PROCEDERMOS A UMA

ANÁLISE DAS ESTRUTURAS

COMPONENTES DE CADA UM DOS

SISTEMAS SIMBÓLICOS EXISTENTES

CONSEGUIMOS APREENDER A SUA LÓGICA

INTERNA ESPECÍFICA.

(20)

•  A LÍNGUA É UM SISTEMA SIMBÓLICO

ESTRUTURADO PORQUE PERMITE UMA ANÁLISE DOS SEUS SUB-SISTEMAS: SOM (FONÉTICA) OU O SENTIDO (FONOLOGIA), I. É, PERMITE CONSTATAR A EXISTÊNCIA DA PALAVRA COMO INTERMEDIÁRIO ESTRUTURADO QUE SE DEVE CONSTRUIR PARA

EXPLICAR A RELAÇÃO CONSTANTE ENTRE O SOM E O SENTIDO.

•  NA ARTE PODEMOS VER O MESMO EXEMPLO ENTRE A ICONOLOGIA E A ICONOGRAFIA.

(21)

•  OS

SISTEMAS SIMBÓLICOS

, COMO

INSTRUMENTOS DE CONHECIMENTO E DE

COMUNICAÇÃO, SÓ PODEM EXERCER UM

PODER

ESTRUTURANTE

PORQUE SÃO

(22)

•  O poder simbólico é um poder de

construção da realidade que tende a

estabelecer uma ordem gnoseológica.

•  Os símbolos são os instrumentos por

excelência da integração social, eles

tornam possível o consensus acerca do

sentido do mundo social que contribui

fundamentalmente para a reprodução da

ordem social.

(23)

•  A tradição marxista privilegia as funções

políticas dos sistemas simbólicos em

detrimento da sua estrutura lógica e da

sua função gnoseológica. Este

funcionalismo explica as produções

simbólicas relacionando-as com os

interesses da classe dominante

.

•  As ideologias, por oposição ao mito,

servem interesses particulares que tendem

a apresentar como interesses universais,

comuns ao conjunto do grupo.

(24)

•  PARA BOURDIEU AS PRODUÇÕES

SIMBÓLICAS

PODEM SER VISTAS COMO

INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO SE AS

RELACIONARMOS COM OS INTERESSES

DAS CLASSES DOMINANTES

(25)

A CULTURA DOMINANTE CONTRIBUI:

•  A cultura dominante contribui:

–  para a integração real da classe dominante; –  para a integração fictícia da sociedade no seu

conjunto, portanto, à desmobilização (falsa consciência) das classes dominadas;

–  para a legitimação da ordem estabelecida por meio do estabelecimento das distinções

(hierarquias) e para a legitimação dessas distinções.

(26)

•  Esse efeito ideológico, produ-lo a cultura

dominante dissimulando a função de

divisão na função de comunicação

: a

cultura que une é também a cultura que

separa e que legitima as distinções

compelindo todas as culturas a

definirem-se pela sua distância em relação à cultura

dominante.

•  PARA BOURDIEU O

CAMPO

DE PRODUÇÃO

(27)

•  Denuncia do erro interaccionista.

•  As relações de comunicação são sempre

relações de poder

que dependem, na

forma e no conteúdo, do poder material

ou simbólico acumulado pelos agentes (ou

pelas instituições) envolvidos nessas

relações e que permitem acumular poder

simbólico.

•  É enquanto instrumentos estruturados e

estruturantes de comunicação e de

conhecimento:

–  que os sistemas simbólicos cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, –  que contribuem para assegurar a dominação de uma classe

sobre outra (violência simbólica) dando o reforço da sua própria força às relações de força que fundamentam e

(28)

•  As diferentes classes e fracções de classe estão envolvidas numa luta propriamente simbólica

para imporem a definição do mundo social mais conforme aos seus interesses, e imporem o

campo das tomadas de posições ideológicas

reproduzindo em forma transfigurada o campo das posições sociais. Estas lutas podem ser

conduzidas:

–  directamente, nos conflitos simbólicos da vida quotidiana;

–  por procuração, por meio da luta travada pelos especialistas da produção simbólica (produtores a

(29)

•  A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização:

–  as fracções dominantes, cujo poder assenta no capital económico, têm em vista impor a legitimidade da sua dominação quer por meio da própria produção

simbólica, quer por intermédio dos ideólogos

conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detém por delegação;

–  a fracção dominada (letrados ou intelectuais e artistas, segundo a época) tende sempre a colocar o capital

específico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios de hierarquização.

(30)

CONCEITO DE HABITUS

•  PARA PIERRE BOURDIEU NA ANÁLISE DA

CULTURA DEVE-SE EVITAR QUER:

–  A ILUSÃO OBJECTIVISTA QUE CONSISTE EM CONSIDERAR AS ESTRUTURAS SOCIAIS COMO UMA REALIDADE AUTÓNOMA QUE SE IMPÕE AOS ACTORES SOCIAIS, SEM TER EM CONTA OS PROCESSOS QUE A

PARTIR DA EXPERIÊNCIA E DAS ACÇÕES DOS SUJEITOS, GERAM AS ESTRUTURAS.

–  A ILUSÃO SUBJECTIVISTA QUE ATRIBUI AOS

INDIVÍDUOS UMA AUTONOMIA ABSOLUTA, SEM TER EM CONSIDERAÇÃO CONDICIONAMENTOS MATERIAIS E

(31)

•  PARA BOURDIEU A RELAÇÃO SUJEITO-ESTRUTURA DEVE, PORTANTO, SER ENTENDIDA COMO UMA

RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA RECÍPROCA, RECONHECENDO QUE O AGIR NÃO É, NEM UMA PURA REACÇÃO MECÂNICA INTEIRAMENTE

DEPENDENTE DAS NORMAS, DOS PAPÉIS, DOS

MODELOS CULTURAIS PRÉ-ESTABELECIDOS, NEM O PURO RESULTADO DAS INTENÇÕES CONSCIENTES E DELIBERADAS DOS ACTORES SOCIAIS.

(32)

•  O PONTO DE ENCONTRO ENTRE O AGIR E A CULTURA É INDICADO POR BOURDIEU NO

CONCEITO DE HABITUS, OU SEJA, NAQUELAS DISPOSIÇÕES DURADOURAS QUE SE VIERAM A FORMAR NA EXPERIÊNCIA PRÁTICA DA VIDA SOCIAL E QUE SE APRESENTAM,

SIMULTANEAMENTE:

–  COMO DETERMINAÇÕES ESTRUTURADAS, ENQUANTO

RESULTADO DO AGIR HISTÓRICO E DAS INTER-RELAÇÕES DOS SUJEITOS;

–  COMO DIMENSÕES ESTRUTURANTES, ENQUANTO

(33)

•  “POR ESTRUTURALISMO OU ESTRUTURALISTA, EU QUERO SUBLINHAR QUE EXISTEM, NO PRÓPRIO MUNDO SOCIAL, (...) ESTRUTURAS OBJECTIVAS INDEPENDENTES DA CONSCIÊNCIA E DA VONTADE DOS AGENTES, QUE SÃO CAPAZES DE ORIENTAR OU DE CONSTRANGER AS SUAS PRÁTICAS E AS SUAS REPRESENTAÇÕES.

•  POR CONSTRUTIVISMO, EU PRETENDO

DEMONSTRAR QUE EXISTE UMA GÉNESE SOCIAL, POR UM LADO, DOS ESQUEMAS DE PERCEPÇÃO, DE PENSAMENTO E DE ACÇÃO QUE SÃO

CONSTITUTIVOS DAQUILO QUE DESIGNO DE

HABITUS E, POR OUTRO LADO, DAS

ESTRUTURAS SOCIAIS E, EM PARTICULAR,

DAQUILO A QUE EU CHAMO OS CAMPOS” (in

(34)

O CONCEITO DE “HABITUS”

•  «HABITUS» – É UMA MATRIZ DE DISPOSIÇÕES E

COMPETÊNCIAS QUE OS ACTORES SOCIAIS VÃO ADQUIRINDO E INCORPORANDO AO LONGO DA VIDA E QUE LHES PERMITE

CONSTRUIR MANEIRAS DE AGIR ADEQUADAS ÀS DIFERENTES SITUAÇÕES QUE VÃO ENCONTRANDO.

(35)

O «HABITUS» É UM SISTEMA DE DISPOSIÇÕES DURÁVEIS TRANSPONÍVEIS

•  “DISPOSIÇÕES: PROPENSÕES PARA PERCEBER, SENTIR, FAZER E PENSAR DE UMA CERTA MANEIRA, INTERIORIZADAS E

INCORPORADAS, A MAIOR PARTE DAS VEZES DE FORMA NÃO CONSCIENTE, POR CADA INDIVÍDUO, EM RESULTADO DAS SUAS CONDIÇÕES OBJECTIVAS DE EXISTÊNCIA E DA SUA TRAJECTÓRIA SOCIAL.

•  DURÁVEIS: PORQUE SE ESSAS DISPOSIÇÕES PODEM

MODIFICAR-SE NO DECURSO DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS, ELAS ESTÃO

FORTEMENTE ENRAIZADAS EM NÓS E TENDEM POR ESSE FACTO A RESISTIR À MUDANÇA, REVELANDO ASSIM UMA CERTA

CONTINUIDADE NA VIDA DE UMA PESSOA.

•  TRANSPONÍVEIS: PORQUE AS DISPOSIÇÕES ADQUIRIDAS NO

DECURSO DE DETERMINADAS EXPERIÊNCIAS (EX.: FAMILIARES) TÊM EFEITOS SOBRE OUTRAS ESFERAS DE EXPERIÊNCIAS (EX.: PROFISSIONAIS); SÃO UM PRIMEIRO ELEMENTO DE UNIDADE DA PESSOA.

•  SISTEMA: PORQUE ESSAS DISPOSIÇÕES TENDEM A PERMANECER

(36)

•  SENDO UNIFICANTES, OS HABITUS INDIVIDUAIS SÃO IGUALMENTE SINGULARES. COM EFEITO, SE HÁ CLASSES DE HABITUS (EX.: HABITUS PRÓXIMOS, EM TERMOS DE CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA E DE TRAJECTÓRIA DO GRUPO SOCIAL DE PERTENÇA), E PORTANTO, HABITUS DE CLASSE, CADA HABITUS

INDIVIDUAL COMBINA DE MANEIRA ESPECÍFICA

UMA DIVERSIDADE (MAIOR OU MENOR) DE

EXPERIÊNCIAS SOCIAIS. •  (Le sens pratique, 1980: 100).

(37)

•  O habitus é essa espécie de senso prático

do que se deve fazer numa dada situação –

o que se chama, em desporto, sentido do

jogo, arte de antecipar o futuro do jogo

que está inscrito a pontilhado no estado

presente do jogo. Nada me impede de

jogar como me apetece mas, na verdade,

jogo tal como o aprendi. Liberdade

pessoal e determinismo social.

(38)

O conceito de «habitus»:

•  conceito mediador;

•  recusa dos agentes como simples reflexos das estruturas objectivas;

•  análise do modo como as aprendizagens sociais (formais e informais) inculcam modos de percepção e de compreensão dos agentes sociais (influência das famílias, do sistema educativo, da experiência social actual);

•  depende da condição dos agentes. Estes adquirem disposições diferentes segundo o momento histórico e a sua posição num dado sistema social;

•  mediação entre relações objectivas e comportamentos individuais.

(39)

Habitus

•  Em La distinction, Bourdieu refere-se ao habitus como um sistema de esquemas para a elaboração de práticas concretas.

•  Assim, se o ‘bom gosto’ implica que o “catedrático” universitário vai preferir claramente o Cravo bem temperado de Bach, enquanto os operários e os funcionários de classe média preferirão O Danúbio azul, a validade do bom gosto encontra-se menos valorizada quando se revela que o catedrático (especialmente de direito ou medicina) é, por sua vez, filho de outro catedrático que possuía uma colecção particular de arte e cuja esposa era uma boa musica amadora.

•  O “catedrático” é alguém que não apenas ‘alcançou’ certos êxitos no campo da educação, mas também herdou um capital cultural. É dizer que, em casos concretos, a envolvente familiar pode prover um grande volume de conhecimentos, compreensão e ‘gosto’ que não se

(40)

Habitus

•  Um habitus específico surge quando se demonstra estatisticamente que há diversas variáveis (trabalho, educação, rendimento, preferências artísticas, gostos culinários, etc.) que são correlacionadas entre si. Assim, em contraste com o operário manual, o catedrático de direito, normalmente, teve uma educação num colégio privado, preferirá Bach (e, preferencialmente, a forma artística precedendo ao seu conteúdo), terá rendimentos elevados e preferirá a cozinha simples e elegante, composta de carnes magras, fruta fresca e verduras.

•  Esta correlação é o que, no entender de Bourdieu, constitui uma série concreta de atitudes (neste caso, burguesa ou

(41)

ALGUNS DOS “PROBLEMAS” CONTIDOS NO CONCEITO DE “HABITUS”:

•  UM DOS PROBLEMAS TEM A VER COM A EXISTÊNCIA DE

TRAJECTÓRIAS ATÍPICAS OU HETEROGÉNEAS.

•  O CONCEITO REMETE-NOS PARA UMA IDEIA MUITO HOMOGÉNEA

DOS ACTORES E DOS RECURSOS CULTURAIS QUE ESTES VÃO ADQUIRINDO E INCORPORANDO.

•  PARTE-SE DO PRINCÍPIO DE QUE OS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NUM DETERMINADO CAMPO DEVEM SER CONGRUENTES COM OS DE OUTROS CAMPOS.

•  ORA, É DUVIDOSO QUE AS PESSOAS INCORPOREM ESTAS DISPOSIÇÕES DE UM MODO CONGRUENTE, DEVIDO À DIVERSIDADE DE

EXPERIÊNCIAS VIVIDAS.

•  QUANDO AS TRAJECTÓRIAS SE COMPLEXIFICAM O HABITUS TORNA-SE TAMBÉM ATÍPICO E HETEROGÉNEO.

(42)

•  É O ENCONTRO DO HABITUS E DO

CAMPO

, DA «HISTÓRIA FEITA CORPO» E

DA «HISTÓRIA FEITA COISA» QUE

CONSTITUI O MECANISMO PRINCIPAL DE

(RE)PRODUÇÃO DO MUNDO SOCIAL.

(43)

O habitus (1)

•  Sistemas duráveis e transponíveis de disposição, estruturas dispostas a funcionar como estruturas estruturantes

•  Mecanismo de interiorização das exterioridades: interiorizado pelos indivíduos em função de sua condição objetiva de existência

•  Muito inercial, mas não imutável •  Distingue e opera distinções

•  Ajuda a constituir o campo dando-lhe valor, representação e significado

(44)

O habitus (2)

•  Funciona como esquemas mentais e

comportamentais, inconscientes da ação, da

percepção e da reflexão

•  Dois componentes: o ETHOS (princípios,

valores, a moral quotidiana) e a HEXIS

(corporal, posturas, relação com o corpo).

•  Ethos = grelha de leitura

(45)

O habitus (3)

•  Produto da aprendizagem que se torna

inconsciente e que se traduz, a seguir, em

habilidade aparentemente natural e em

capacidade livre de atuar no meio social

•  Ele toma partido por Pascal (contra

Descartes) ao descartar a ficção de um

indivíduo totalmente livre e autónomo

(46)

•  O

HABITUS

CORRESPONDE ÀS

ESTRUTURAS SOCIAIS DA NOSSA

SUBJECTIVIDADE, QUE SE CONSTITUEM

DE INÍCIO ATRAVÉS DAS NOSSAS

PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS (

HABITUS

PRIMÁRIO

) E SEGUIDAMENTE DA NOSSA

VIDA ADULTA (

HABITUS SECUNDÁRIO

).

•  É A MANEIRA COMO AS ESTRUTURAS

SOCIAIS SE IMPRIMEM NA NOSSA MENTE E

NO NOSSO CORPO, PELA

(47)

CONCEITO DE CAMPO

•  O CONCEITO DE CAMPO ADQUIRE NA TEORIA DE BOURDIEU UMA FUNÇÃO ANALÍTICA ESPECÍFICA, DADO QUE PERMITE TER EM CONTA O CONJUNTO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS, CULTURAIS E

SUBJECTIVOS QUE, NO INTERIOR DE UM

DETERMINADO CONTEXTO SOCIAL, INTERAGEM ENTRE SI, DANDO VIDA AOS PROCEDIMENTOS

ATRAVÉS DOS QUAIS SE VEM CONSTRUINDO UMA PARTICULAR FORMA DE REALIDADE SOCIAL.

(48)

•  BOURDIEU RECUSA A CAUSA ÚNICA (Ex. RELAÇÕES DE PRODUÇÃO (MARX)) DAS PRÁTICAS SOCIAIS E PROPÕE QUE SE DEVA RECONSTRUIR A “TRAMA DAS RELAÇÕES INTERLIGADAS” NUMA SÉRIE DE VARIÁVEIS DIVERSAS, FAZENDO REFERÊNCIA À “CAUSALIDADE ESTRUTURAL DE UMA REDE DE FACTORES QUE NÃO É REDUTÍVEL À SIMPLES ACUMULAÇÃO DE DIVERSOS FACTORES”

(49)

•  AS PRÁTICAS SOCIAIS SÃO DEFINIDAS POR UMA MULTIPLICIDADE DE DETERMINANTES, MATERIAIS, CULTURAIS E SOCIAIS EM RELAÇÃO ENTRE SI QUE CONFIGURAM ATRAVÉS DAS PARTICULARES

FORMAS ASSUMIDAS UM ESPAÇO SOCIAL CONCRETO

•  OS CAMPOS CONSTITUEM A FACE DA

EXTERIORIZAÇÃO DA INTERIORIDADE DO PROCESSO.

(50)

•  O

CAMPO

É UMA ESFERA DA VIDA

SOCIAL QUE SE AUTONOMIZOU

PROGRESSIVAMENTE ATRAVÉS DA

HISTÓRIA EM TORNO DE RELAÇÕES

SOCIAIS, DE ENJEUX E DE RECURSOS

ESPECÍFICOS, DIFERENTES DOS

PRÓPRIOS DE OUTROS CAMPOS (Ex.

CAMPO ARTÍSTICO; CAMPO DESPORTIVO;

CAMPO POLÍTICO; CAMPO

(51)

•  CADA CAMPO É SIMULTANEAMENTE UM CAMPO

DE FORÇAS – CARACTERIZADO POR UMA

DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL DOS RECURSOS E, POR ISSO, UMA RELAÇÃO DE FORÇA ENTRE

DOMINANTES E DOMINADOS – E UM CAMPO DE

LUTAS - ONDE OS AGENTES SE CONFRONTAM PARA CONSERVAR OU TRANSFORMAR ESSA

RELAÇÃO DE FORÇAS.

•  CADA CAMPO É CARACTERIZADO POR

MECANISMOS ESPECÍFICOS DE CAPITALIZAÇÃO DOS RECURSOS LEGÍTIMOS QUE LHE SÃO

(52)

O conceito de CAMPO (1)

•  Campo é um universo social PARTICULAR

constituído de AGENTES ocupando

posições específicas dependentes do

VOLUME e da ESTRUTURA do capital

eficiente dentro do campo considerado.

•  É um sistema de posições – que podem ser

alteradas e contestadas.

Campo artístico, religioso, econômico E não sujeitos

(53)

O conceito de CAMPO (2)

•  As estratégias dos agentes dentro do campo,

determinadas pelo habitus, repousam nos

mecanismos estruturais de competição e

dominação. Mas as estratégias de reprodução

predominam dentro dos campos, assim como a

permanência das estruturas sociais.

•  Da tradição para a modernidade >

autonomização crescente dos campos (mas

estão articulados)

(54)

O conceito de CAMPO (3)

•  Cada campo tem seu NOMOS (lei fundamental)

e DOXA (pressupostos cognitivos e avaliativos

aceitos e reconhecidos pelos agentes no

campo).

•  O campo é um microcosmo dotado de leis

próprias.

•  Há uma importância crescente do campo

econômico em relação aos demais.

(55)

•  PARA BOURDIEU NÃO HÁ SÓ UMA

ESPÉCIE DE CAPITAL (COMO EM MARX

capital económico) MAS UMA

PLURALIDADE DE CAPITAIS (capital

cultural, capital, político, etc.).

•  PARA BOURDIEU O

ESPAÇO SOCIAL

É

PLURIDIMENSIONAL, COMPOSTO POR

UMA PLURALIDADE DE CAMPOS

(56)

•  NESTE SENTIDO, NÃO ESTAMOS EM PRESENÇA DE

UM CAPITALISMO (NO SENTIDO ECONÓMICO) CARACTERIZADO POR UMA FORMA PRINCIPAL E DETERMINANTE DE DOMINAÇÃO (A «EXPLORAÇÃO CAPITALISTA») MAS PERANTE VÁRIAS

CAPITALIZAÇÕES E VÁRIAS DOMINAÇÕES:

RELAÇÕES ASSIMÉTRICAS ENTRE INDIVÍDUOS E GRUPOS CRISTALIZADAS EM PROVEITO DOS

MESMOS INDIVÍDUOS E GRUPOS, SENDO ALGUNS DELES TRANSVERSAIS AOS DIFERENTES CAMPOS (Ex. A DOMINAÇÃO DOS HOMENS SOBRE AS

(57)

•  NAS SOCIEDADES MODERNAS, A PRODUÇÃO CULTURAL TENDE A TER LUGAR EM CAMPOS DOTADOS DE AUTONOMIA, E QUE SE

CONSTITUÍRAM HISTORICAMENTE ATRAVÉS DE UM PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO, DANDO LUGAR AOS CAMPOS DA RELIGIÃO, DA MÚSICA, DAS ARTES PLÁSTICAS, DO DIREITO DA FILOSOFIA, ENTRE OUTROS.

•  EM CADA CAMPO, ESTÁ EM JOGO UMA FORMA ESPECÍFICA DE INTERESSE QUE ENCONTRA

(58)

•  Ex. Três formas de capital em P. Bourdieu:

capital humano; capital social e capital cultural.

•  Enquanto à primeira estariam associados atributos pessoais (conhecimento, saberes, competências, qualificações, experiência) o capital social brotaria da base comunitária de recursos relacionais duráveis traduzidos na forma de redes; já o capital cultural representaria uma base simbólica de recursos de estatuto e poder ( c o r p o r i z a d o , o b j e c t i v a d o , o u institucionalizado).

(59)

•  NO CASO DOS CAMPOS DE PRODUÇÃO

CULTURAL, ESSE CAPITAL ESPECÍFICO

ASSUME A FORMA DE CAPITAL

CULTURAL

, QUE PODE EXISTIR:

– DE MODO INCORPORADO, NAS

CAPACIDADES, COMPETÊNCIAS E

DISPOSIÇÕES DOS ACTORES, ATRAVÉS DO

MECANISMO DO HABITUS;

– DE MODO INSTITUCIONALIZADO

(60)

O conceito de CAPITAL (1)

•  O campo apresenta no seu interior uma

distribuição desigual de capitais de diferentes

tipos

•  Usa a terminologia do capital pela natureza e

pelas propriedades do capital (recurso,

acumulação, reprodução)

•  Dentro do campo, os agentes buscam ter mais

capital específico do campo, ou então lutam

para redefinir este capital específico.

(61)

O conceito de CAPITAL (2)

•  Capital económico = factores de produção, rendimento, património, bens materiais

•  Capital cultural = qualificações intelectuais (no sistema educativo ou obtidas na família). Três formas:

incorporados no corpo (expressão oral), objetivos

(posse de obras de arte) e institucionalizados (diplomas e títulos)

•  Capital social = recursos produzidos pelas redes sociais (convites recíprocos). Responsável pela

“transubstanciação”.

•  Capital simbólico = ligados à honra e ao

reconhecimento (ritos, etiqueta, protocolo). É uma representação, um modelo de excelência...

(62)

Social Space

(63)

Capital global + Cap it al c ult ural + Cap it al ec onô m ic o - Cap it al c ult ural -Cap it al ec onô m ic o +

Campo do poder piano bridge

golf Profissões liberais equitação

Magistrados xadrez uísque tênis ski náutico champagne Manager do setor privado

Operários qualificados

cerveja pesca futebol vinho de mesa

A DISTINÇÃO

SOCIAL

(64)
(65)

•  OS CAMPOS DE PRODUÇÃO CULTURAL

S Ã O M A R C A D O S P O R L U TA S D E

CONCORRÊNCIA PELA DEFINIÇÃO

LEGÍTIMA DO QUE ESTÁ EM JOGO NO

CAMPO E PELA AUTORIDADE PARA

PRODUZIR E AFIRMAR ESSA DEFINIÇÃO

COMO

DOXA

, COMO SENSO COMUM

PA RT I L H A D O P O R A Q U E L E S Q U E

PARTICIPAM NO CAMPO.

(66)

•  EM CERTAS CONDIÇÕES, ESSAS LUTAS DÃO LUGAR À EMERGÊNCIA DE ORTODOXIAS E DE HETERODOXIAS E À TRANSFORMAÇÃO OU REFORÇO DE HIERARQUIAS INTERNAS AOS CAMPOS, COM OS SEUS DOMINANTES E OS SEUS DOMINADOS.

•  A ASCENSÃO À CONDIÇÃO DE DOMINANTE

PODE FAZER-SE ATRAVÉS DE ESTRATÉGIAS DE SUCESSÃO OU DE COOPTAÇÃO DOS

DOMINADOS PELOS DOMINANTES, OU

ATRAVÉS DE ESTRATÉGIAS DE SUBVERSÃO DA POSIÇÃO DOMINANTE DESTES.

(67)

•  A RELAÇÃO ENTRE OS CAMPOS DE PRODUÇÃO CULTURAL E A ESTRUTURA SOCIAL ASSENTA NUM CONJUNTO DE HOMOLOGIAS, QUE PERMITEM

DEFINIR OS OBJECTOS SIMBÓLICOS PRODUZIDOS NOS VÁRIOS CAMPOS E AS RELAÇÕES ENTRE

OBJECTOS E ENTRE PRODUTORES NOS CAMPOS COMO EXPRESSÕES TRANSFIGURADAS DAS

RELAÇÕES DE CLASSE E DAS RELAÇÕES DE PODER QUE CARACTERIZAM A SOCIEDADE

(68)

•  OS PRODUTORES CULTURAIS

ESPECIALIZADOS PODEM SER DEFINIDOS

COMO A FRACÇÃO DOMINADA DA CLASSE

DOMINANTE, DOTADA DE ELEVADO

CAPITAL CULTURAL MAS DE POUCO

CAPITAL ECONÓMICO, ASSEGURANDO O

TRABALHO DE DOMINAÇÃO SIMBÓLICA E

IDEOLÓGICA QUE LEGITIMA A ORDEM

(69)

•  A HOMOLOGIA ENTRE OS CAMPOS DE

PRODUÇÃO CULTURAL E A ESTRUTURA

SOCIAL É REVELADA, AINDA, ATRAVÉS DA

DISTRIBUIÇÃO DOS GOSTOS E DOS

CONSUMOS CULTURAIS EM ESTILOS DE

VIDA, QUE PERMITEM IDENTIFICAR

PÚBLICOS DIFERENCIADOS PARA OS

OBJECTOS CULTURAIS, CORRESPONDENDO

ESSES PÚBLICOS A CLASSES E FRACÇÕES DE

CLASSE DISTINTAS.

(70)

Pierre Bourdieu

•  A expressão “capital social” apareceu

com destaque na obra de Pierre Bourdieu,

que estendeu a noção de capital para

além dos seus limites tradicionais,

aplicando-a a dimensões não-materiais e

simbólicas, distinguindo múltiplas formas

de capital, entre as quais a económica, a

cultural e a social.

(71)

Bourdieu define o capital social nos seguintes

termos:

•  Para Bourdieu, o volume de capital social possuído por um determinado indivíduo depende do tamanho da rede de contatos que ele pode mobilizar de forma efetiva, bem como do volume de capital (económico, cultural ou simbólico) possuído pelos demais indivíduos aos quais ele está ligado através de uma rede social (Bourdieu, 1980: 2). •  A definição de CS utilizado por Bourdieu enfatiza o papel das

redes sociais como meio de acesso a recursos. A consequência esperada da posse de capital social é, em última análise, a obtenção de recursos económicos. O capital social é, pois um meio de obter o acesso a recursos económicos, intensamente desejados nas sociedades capitalistas, através de ligações sociais. Bandeira (2003), p. 19.

(72)

Reprodução  da  ordem  

•  Habitus  

•  1.  a  interiorização,  pelos  atores,  dos  valores,  normas  e  princípios  sociais;  2.   Sistemas  de  classificações  que  preexistem  às  representações  sociais,  ou  seja,  

categorias  que  preexistem  a  interpretação  do  real.  O  habitus  enquanto  sistema  de   disposições  duráveis  é  matriz  de  percepções,  de  apreciação  e  ação,  que  se  realiza   em  determinadas  condições  sociais.  O  habitus  se  apresenta,  pois,  como  social  e   individual:  refere-­‐se  a  um  grupo  ou  a  uma  classe,  mas  também  ao  elemento   individual;  o  processo  de  interiorização  implica  sempre  internalização  da  

obje>vidade,  o  que  ocorre  certamente  de  forma  subje>va,  mas  que  não  pertence   exclusivamente  ao  domínio  do  indivíduo.  O  habitus  é  mecanismo  de  reprodução   social  pela  interiorização  de  matrizes  de  percepção  e  de  valores  sociais.  Ele  

funciona  como  um  princípio  gerador  das  prá>cas  e  das  representações  sociais.  Ele   é  história  feito  natureza,  ou  seja,  uma  segunda  natureza.  Esse  mecanismo  que  faz   com  que  os  indivíduos  vejam  como  “natural”  as  representações  e  as  idéias  sociais   dominantes,  é  chamado  por  Bourdieu  de  violência  simbólica.  

(73)

Gosto  

•  O  gosto  está  diretamente  relacionado  ao  capital  cultural  de  cada   grupo  social,  adquirido  pelo  aprendizado  familiar  ou  escolar.  Esses   aprendizados  são  os  responsáveis  pela  formação  dos  sistemas  de   classificação  que  nos  habilitam  a  apreciar  e  julgar  este>camente   determinadas  produções  culturais.  O  gosto  revela  ainda  uma  

verdadeira  luta  de  classes  simbólica,  composta  pelas  estratégias  de   dis>nção  de  cada  grupo.  A  ideologia  do  gosto  natural  opõe,  através   de  duas  modalidades  de  competência  cultural  e  de  sua  u>lização,   são  dois  modos  de  aquisição  cultural:  o  aprendizado  total,  precoce   e  insensível,  efetuado  desde  a  primeira  infância  no  seio  da  família,   e  o  aprendizado  tardio,  metódico,  acelerado,  que  uma  ação  

(74)

Capital  Social  e  Cultural  

•  O  gosto  está  

diretamente  relacionado   ao  capital  cultural  de  

cada  grupo  social,   adquirido  pelo  

aprendizagem  familiar   ou  escolar.    

(75)

Dominação  Simbólica  

•  Na  nossa  sociedade  determinados  mecanismos  de  

dominação  simbólica  foram  desaparecendo,  dando   lugar  a  outros.  Estas  outras  formas  de  dominação  

simbólica  são  os  bens  de  luxo  que  atestam  o  gosto  e  a   dis>nção.  A  denegação  da  economia  e  o  interesse  

económico  que,  nas  sociedades  pré–capitalistas,  se   encontravam  ainda  sobre  o  terreno  pessoal,  encontra   ainda  seu  refúgio  no  domínio  da  Arte  e  da  Cultura,  

lugar  de  puro  consumo,  de  dinheiro  e  de  tempo  não   conver>do  em  dinheiro.  

(76)

•  As  aprendizagens  são  responsáveis  pela  formação  dos  sistemas  de   classificação  que  nos  habilitam  a  apreciar  e  julgar  este>camente   determinadas  produções  culturais.    

•  O  gosto  revela  ainda  uma  verdadeira  luta  de  classes  simbólica,   composta  pelas  estratégias  de  dis>nção  de  cada  grupo.    

•  A  ideologia  do  gosto  natural  opõe,  através  de  duas  modalidades  de   competência  cultural  e  de  sua  u>lização,  são  dois  modos  de  

aquisição  cultural:  o  aprendizado  total,  precoce  e  insensível,   efetuado  desde  a  primeira  infância  no  seio  da  família,  e  o   aprendizado  tardio,  metódico,  acelerado,  que  uma  ação   pedagógica  explícita  e  expressa  assegura.  

(77)

O  que  é  a  prá6ca  social?  

Prática social = Habitus x Capital + campo

(78)

indivíduo-Bibliografia:

•  Bourdieu, Pierre, O Poder Simbólico, Lisboa, Difel Ed., 1989. (excertos)

•  Bourdieu, Pierre, As Regras da Arte: génese e estrutura do

campo literário, Lisboa, Ed. Presença, 1996. (excertos)

•  Bourdieu, P., Darbel, A., L’amour de l’art: les musées d’art

européens et leur public, Paris, Éd. de minuit, 1969. (excertos) •  BOURDIEU, Pierre (1993) But who created the ‘creators’?, in

Referências

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