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Implementação de uma Ferramenta para Recuperação de Imagens Mamográficas Baseada em Conteúdo

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Implementação de uma Ferramenta para Recuperação de Imagens

Mamográficas Baseada em Conteúdo

Ana Paula O. Santos, Fátima L. S. Nunes, Márcio E. Delamaro

Centro Universitário Eurípides de Marília – UNIVEM

ana.ps84@gmail.com, {fatima,delamaro}@univem.edu.br

Resumo

Este trabalho apresenta a implementação de um sistema de recuperação de imagens baseada em conteúdo para aplicação em um banco de dados de imagens mamográficas, utilizado originalmente para apoiar o desenvolvimento e os testes de sistemas de auxílio ao diagnóstico. O sistema foi desenvolvido utilizando a linguagem de programação Java, juntamente com a API JAI (Java Advanced Imaging).

1. Introdução

Esquemas de diagnóstico auxiliado por computador (CAD – computer-aided diagnosis) têm sido

desenvolvidos por vários grupos de pesquisas, visando a auxiliar na detecção precoce do câncer de mama, pois é sabido que a descoberta da doença na fase inicial favorece a sua cura [4]. A maioria dos trabalhos nessa área é desenvolvida tendo as imagens geradas através de mamografia por raios X como fonte de dados. Esquemas CAD podem ser úteis no sentido de emitir uma segunda opinião ao radiologista, chamando a atenção para áreas suspeitas da imagem. Entre essas áreas, estão, por exemplo, aquelas que podem conter agrupamentos de microcalcificações (clusters) ou nódulos em formação.

Uma das maiores dificuldades encontradas durante o desenvolvimento das técnicas utilizadas na construção de sistemas CAD diz respeito à avaliação dos processos. Os resultados podem variar de acordo com o conjunto de imagens utilizado nos testes. Para se atestar a viabilidade do uso de uma técnica são necessários testes com um vasto conjunto de imagens que tenham, preferencialmente, características de aquisição variadas e que atendam aos requisitos da finalidade da técnica, isto é, conter as estruturas procuradas na detecção. Uma vez formada a base de imagens, outra dificuldade encontrada é buscar dentro dela as imagens adequadas para testes de uma determinada técnica. O usuário pode querer, por exemplo, somente imagens de mamas densas ou, ainda, imagens que contenham um determinado achado radiológico, como um tumor benigno ou maligno. A inclusão de atributos textuais na base de dados poderia facilitar tal busca, mas exigiria conhecimento prévio de cada imagem, fornecido pelos laudos, que nem sempre estão disponíveis.

Dentro deste contexto a Recuperação de Imagens Baseada em Conteúdo (CBIR – Content-Based Image

Retrieval) pode oferecer uma solução eficaz. O conceito

de CBIR consiste em uma busca feita por imagens semelhantes a um determinado padrão fornecido. O que torna isso possível é a comparação realizada entre aspectos da imagem dada e as imagens armazenadas na base de dados. O interessante é a execução da busca por semelhança a um caso específico (uma imagem fornecida) e não como no processo convencional de busca textual que compara parâmetros do usuário com valores de atributos armazenados [6]. Os critérios de similaridade são obtidos a partir da extração de características da imagem como cor, textura e forma.

Em trabalhos anteriores foi implementada uma ferramenta para gerenciar uma base de imagens mamográficas usando a Internet. O objetivo era disponibilizar um grande conjunto de imagens mamográficas digitalizadas e suas respectivas informações, a fim de que seu uso pudesse contribuir na avaliação de esquemas CAD em mamografia. O sistema foi implementado com tecnologia gratuita, permitindo acesso rápido, eficiente e sem custos adicionais ao usuário. A base de imagens disponibilizada pode ser usada também como ferramenta didática para o ensino de tópicos relacionados à mamografia [9][10].

Este trabalho apresenta a implementação de um sistema de recuperação de imagens mamográficas baseada em conteúdo, a fim de auxiliar os testes de sistemas CAD. Um segundo objetivo é disponibilizar uma ferramenta didática para o ensino de áreas da saúde que utilizam as imagens médicas como material didático.

2. Recuperação de Imagens Baseada em

Conteúdo

Em CBIR a comparação entre as imagens é feita utilizando um conjunto de características que as descrevem. Estas características podem ser obtidas por especialistas ou utilizando-se algoritmos automáticos [2].

Os algoritmos automáticos podem extrair atributos relacionados a cor, textura ou forma, de acordo com a classe de imagens e o interesse do usuário. Os atributos são agrupados em um vetor de características, que representa o conteúdo da imagem. Sistemas CBIR

(2)

possibilitam a recuperação de um conjunto finito de imagens similares a uma imagem exemplo, utilizando informações inerentes à própria imagem, similaridade essa com um nível de semelhança determinado pelo usuário.

Os algoritmos que obtêm as características das imagens de forma automática são chamados de extratores e fornecem como resultado um conjunto numérico representando as características extraídas. Pode-se utilizar um ou mais extratores para representar uma imagem [2]. Esta parte é um dos pontos mais sensíveis da recuperação de imagens por conteúdo, visto que sintetiza as propriedades inerentes das imagens, que serão utilizadas para a recuperação das mesmas [6].

Outra etapa importante de sistemas CBIR é a indexação das características, que deve prever uma forma otimizada de armazenar os atributos a fim de fornecer a consulta rápida e adequada a partir de um banco de dados [6]. A partir do vetor de características de espaço n-dimensional para o armazenamento dos atributos, a recuperação de imagens deve calcular a menor distância entre os vetores [1][2]. Pode ser realizada por meio de uma função que calcule a similaridade dos vetores e, conseqüentemente, das características armazenadas [2].

A função de distância é um algoritmo que compara os vetores das imagens sob consulta, devendo satisfazer algumas propriedades em um domínio métrico, retornando um valor não negativo. Quanto menor esse valor, mais parecidas são as imagens comparadas [2].

Uma vez definida a função de distância, pode-se fazer as consultas por similaridade. As funções mais utilizadas são: k-vizinhos mais próximos (k-nearest neighbor) e abrangência (range). A consulta pelos k-vizinhos mais próximos retorna os k valores mais próximos do ponto de referência e a consulta por abrangência retorna os valores pertencentes ao raio de abrangência (raio de busca), dado que representa a distância de similaridade entre um ponto de referência e a imagem em questão [3][2][7].

3. Materiais e Métodos

O trabalho aqui apresentado foi desenvolvido utilizando a linguagem de programação Java e a API (Application Program Interface) JAI (Java Advanced

Imaging) que possibilita a representação, o processamento

e a visualização de imagens [11]. Como Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) foi utilizado o Derby que utiliza o paradigma relacional, é gratuito e inteiramente desenvolvido em Java.

As imagens utilizadas neste projeto fazem parte de um banco de imagens desenvolvido pelo LAPIMO (Laboratório de Processamento de Imagens Médicas e Odontológicas, da EESC/USP). A composição da base de imagens procurou obter a maior quantidade possível de mamogramas, de forma a incluir imagens provenientes de

diferentes hospitais. Na digitalização das imagens foram utilizados dois digitalizadores a laser, ambos da marca Lumisys (Lumiscan 50 e Lumiscan 75) e que, segundo o fabricante, possibilitam obter imagens com até 12 bits de resolução de contraste (4096 níveis de cinza). O tamanho médio das imagens é de 10,75 Megabytes e cada imagem possui em média 2048 linhas e 2750 colunas.

Primeiramente foi implementado um algoritmo para a eliminação do fundo da imagem, uma vez que as características obtidas das imagens devem ser computadas considerando apenas a área da mama, e não a imagem inteira.

Para a composição do Banco de Dados foram criadas três tabelas: IMAGEM, que armazena um código e o local de armazenamento da imagem; CARACTERISTICA, que armazena um código e o nome referente à característica e IMAGEM_CARACTER, que faz o relacionamento entre as duas anteriores, armazenando o código da imagem, o código da característica e também o valor associado àquela característica da referida imagem. Portanto, a tabela IMAGEM armazena todas as imagens pertencentes ao banco, a tabela CARACTERISTICA guarda o cadastro de características possíveis e a tabela IMAGEM_CARACTER guarda o valor de cada característica em cada uma das imagens do banco, calculado quando é feita a primeira busca utilizando a referida característica. O Diagrama Entidade-Relacionamento (DER) das tabelas apresentadas se encontra na Figura 1.

Figura 1 – Diagrama Entidade-Relacionamento das tabelas do sistema

Também foi desenvolvida uma estrutura genérica para CBIR, de forma que futuramente as classes implementadas possam ser aplicadas para outros tipos de imagens, uma vez que permite a inserção de novos extratores de características no sistema. Para este esquema (Figura 2), foram criadas quatro classes que servirão de base para o sistema:

• ParameterBlock - contém objetos que

funcionam como um vetor de elementos que servirão de parâmetro para os extratores de características;

• AbstractExtractor - serve de base para a

criação dos extratores de características. Padroniza a implementação de um construtor, um método para fazer a comparação de duas imagens (compare), outro para

calcular o valor da característica (computeValue) e

também permite ao programador definir os parâmetros para o extrator (setParameters);

(3)

• SimilarityFunction - responsável por

permitir a combinação de diversos extratores para a obtenção do grau de similaridade entre duas imagens;

• CharVector - cria o vetor de características,

podendo estabelecer o nome e o valor das características (setValue), recuperar o valor de uma determinada

característica (getValue), calcular a similaridade entre

dois vetores de características (computeSimilarity e computeStrictySimilarity) ou, ainda, retornar o

vetor de características atual (getVector).

Figura 2 – Diagrama de classes do esquema genérico para o CBIR utilizado

Para a extração das características das imagens mamográficas, foram implementados seis extratores, a saber: (1) área (soma dos pixels da área pertencente à mama dividida pela quantidade total de pixels da imagem); (2) densidade (média dos valores dos pixels da imagem dividida pelo maior valor de cinza possível); (3) forma da mama (divisão da quantidade de pixels no eixo y pela quantidade de pixels no eixo x); (4) entropia (grau de desordem dos pixels da imagem); (5) segundo momento angular (nível de homogeneidade da imagem) e (6) contraste (variações locais das imagens).

As características de entropia, segundo momento angular (SMA) e contraste são características de textura obtidas a partir da matriz de co-ocorrência que, corresponde à freqüência de um nível de cinza na imagem considerando uma distância em uma determinada direção [8][5].

A posição p(i,j) indica a freqüência de ocorrência de um particular par de nível de cinza i e j, obtido a partir de uma distância e de um ângulo (direção) [8][5]. Por exemplo: considerando uma distância igual a 1 e um ângulo de 0º a posição (0,1) da matriz de co-ocorrência é incrementada em uma unidade, caso o valor do elemento à esquerda ou à direita de um pixel de valor 0 for igual a 1, assim como ilustrado na Figura 3.

0

0

1

0

1

0

2

0

1

1

0

0

1

2

2

1

1

0

1

1

2

1

0

0

0

2

2

2

2

6

8

2

8

8

Figura 3 – Exemplo de imagem com três níveis de cinza e sua respectiva matriz de co-ocorrência para distância 1 e ângulo 0º

Para a normalização da matriz, cada posição é dividida pela soma de todas as posições [5][8]. No exemplo da Figura 3, cada uma das posições da matriz seria dividida por 40, que é a soma de todas as posições.

O problema encontrado para a implementação desta matriz é que ela é quadrada e de ordem igual ao número de níveis de cinza da imagem. Como as imagens utilizadas neste trabalho foram adquiridas com 16 bits de resolução de contraste, torna-se inviável computacionalmente a construção da referida matriz com a dimensão ideal. Para solucionar este problema foi encontrado o intervalo de níveis de cinza realmente utilizado nas imagens, constatando-se um máximo de 3600 níveis. Portanto, para obter-se a referida matriz foi primeiramente subtraído do

pixel atual o menor valor de pixel utilizado na imagem e,

depois, o valor resultante foi dividido por 8 a fim de se obter uma matriz quadrada de ordem máxima igual a 450, solucionando-se, assim, o problema da dimensão da mesma.

As fórmulas utilizadas para a extração das características de textura foram obtidas em [5] conforme demonstradas nas equações (1), (2) e (3), onde p(i,j) representa o elemento (i,j) normalizado e Ng é a quantidade de níveis de cinza da imagem.

∑∑

=

i j

j

i

p

j

i

p

Entropia

(

,

)

log(

(

,

))

(1)

∑∑

=

i j

j

i

p

r

entoAngula

SegundoMom

(

,

(2)

∑ ∑∑

− =

=

=

1 0

|

|

),

,

(

²

g N n i j

n

j

i

se

j

i

p

n

Contraste

(3)

Na primeira consulta são calculados os valores de cada característica selecionada de todas as imagens e estes são armazenados no banco de dados. Para a fase de recuperação é criado um vetor de características para cada imagem, buscando-se no banco de dados os valores correspondentes às características da referida imagem. Nesta etapa é utilizada uma função de similaridade que compara o resultado do vetor da imagem de referência com as demais imagens do banco.

Para a criação e comparação dos vetores foi utilizada a classe CharVector, por meio dos métodos computeSimilarity e computeStrictySimilarity,

(4)

que retornam a distância Euclidiana entre os dois vetores, considerando todas as características. Os valores retornados são armazenados em um vetor numérico, onde cada uma das posições representa a similaridade de uma das imagens com a imagem de referência. Após ordenar este vetor, é possível obter uma classificação das imagens mais similares, de acordo com as características selecionadas. Assim, recuperam-se as n imagens com a menor distância Euclidiana, ou seja, com a maior similaridade, onde n é o número de imagens que se deseja retornar.

Figura 4 – Exemplo da Interface do sistema

Na interface do sistema, ilustrada na Figura 4, o usuário pode selecionar quais características serão utilizadas para a recuperação e também qual será a imagem de referência. Para isto foram criadas caixas de seleção de cada uma das características do banco (parte A da Figura 4), e uma lista com todas as imagens do banco para a seleção da imagem de referência. Quando a imagem é selecionada, sua visualização é automaticamente disponibilizada abaixo da lista de seleção (parte B da Figura 4). Também é permitido ao usuário selecionar quantas imagens deseja recuperar. Quando selecionado o botão Procurar, é feita a recuperação das imagens mais similares à imagem de consulta, considerando as características selecionadas (parte C da Figura 4).

4. Resultados e Discussões

Para os testes do sistema foram criados três conjuntos de imagens, a saber:

1) Conjunto com 42 imagens fornecidas pelo LAPIMO da EESC/USP provenientes de diversos hospitais. Este conjunto é composto por imagens de visão crânio-caudal e médio-lateral de cada paciente.

2) Conjunto com 20 imagens, sendo quatro imagens reais e da mesma paciente, provenientes do primeiro

conjunto, onde duas delas são da mama direita nas visões crânio-caudal e médio-lateral, e outras duas da mama esquerda em ambas visões. As outras 16 imagens foram obtidas executando-se uma alteração no brilho das imagens citadas. Para cada imagem foram criadas outras quatro imagens alteradas sendo duas imagens mais claras (com aumento de 60 e 1000 níveis de cinza em cada pixel) e outras duas imagens mais escuras (com diminuição de 60 e 1000 níveis de cinza em cada pixel). A finalidade deste conjunto é permitir a verificação da eficiência das características em relação à variação do brilho das imagens. A Figura 5 mostra um exemplo deste conjunto de imagens.

(a) (b) (c) (d) (e)

Figura 5 – Exemplo de uma imagem do segundo conjunto com suas variações: (a) imagem original; (b) imagem mais clara com 60 níveis de cinza; (c) imagem mais clara com 1000 níveis de cinza; (d) imagem mais escura com 60 níveis de cinza; (e) imagem mais escura com 1000 níveis de cinza.

3) Conjunto com 16 imagens, contendo quatro imagens originais do primeiro conjunto e mais três variações de cada imagem. Na primeira variação foi criado um artefato (de mesmo tamanho e cor) em uma determinada posição da imagem. Na segunda variação foi criado outro artefato posicionado em locais diferentes das imagens do conjunto, mas com o mesmo tamanho e cor. Por último foi criada um terceiro artefato inserida em posições diferenciadas nas imagens do conjunto, assumindo tamanhos diferentes em cada imagem, mas permanecendo com a mesma cor. Este conjunto foi criado com o objetivo de verificar a eficiência das características em relação à recuperação de imagens com eventuais achados mamográficos semelhantes (nódulos, por exemplo), sendo útil para o teste das características de textura. A Figura 6 mostra um exemplo deste conjunto de imagens.

(a) (b) (c) (d)

Figura 6 – Exemplo de uma imagem do terceiro conjunto com suas variações: (a) imagem original; (b) imagem com artefato; (c) imagem com artefato de mesmo tamanho e cor e posicionamento diferenciado; (d) imagem com uma mancha de mesma cor e tamanho e posicionamento variados.

A

(5)

O sistema foi avaliado utilizando as curvas de precisão e revocação, que foram calculadas para as consultas de cada característica individualmente e algumas características agrupadas. A partir da interface mostrada na Figura 4, foram escolhidos aleatoriamente grupos de características que pudessem obter resultados diferentes.

Os testes para a avaliação do sistema foram criados sobre o segundo e terceiro conjuntos. O primeiro conjunto foi utilizado para avaliar inicialmente o retorno da recuperação a fim de verificar se os extratores estavam funcionando de forma correta. No entanto, para a construção das curvas de precisão versus revocação não havia uma maneira de definir para este conjunto quais imagens seriam relevantes para a consulta por similaridade. Os outros conjuntos possuíam quatro imagens provenientes originalmente do primeiro conjunto e mais algumas imagens resultantes de variações nas quatro imagens iniciais. Foram consideradas relevantes as imagens referentes à imagem original com as variações de cada conjunto, sendo esperadas a recuperação de 5 imagens para o segundo conjunto (a original e suas 4 variações) e 4 imagens para o terceiro conjunto (a original e as outras 3 respectivas variações).

Na Tabela 1 estão relacionadas as características e agrupamentos de características, juntamente com seus respectivos valores de precisão média para o segundo e terceiro conjuntos e revocação média para ambos os conjuntos.

A partir dos dados apresentados na Tabela 1, conclui-se que as características individuais que apreconclui-sentaram um melhor desempenho para os testes criados foram a “Área” e a “Forma”. As características agrupadas com melhor desempenho foram “Área + Forma” e “Densidade + Forma”.

Também é possível analisar que os piores desempenhos entre as características individuais foram apresentados pelo “Contraste”, seguido do “SMA”. Os piores desempenhos das características agrupadas foram apresentados pela “Entropia + SMA” no segundo conjunto, e pela combinação “SMA + Contraste” no terceiro conjunto.

Se os resultados obtidos neste sistema implementado forem comparados aos resultados encontrados na literatura é possível observar a obtenção de resultados mais significativos neste trabalho. Em [1] foram implementadas as características de forma e densidade, obtendo-se precisão média de 84,3% no presente trabalho contra 35,67% no trabalho citado. Para a característica forma, o presente trabalho obteve precisão de 97,5% contra 80,38% do trabalho anterior. Se considerarmos a recuperação de todas as características do sistema, em [1] foram implementadas as características de densidade, forma, tamanho e lado, tendo sido obtida precisão de 20,88% contra 76,64% e revocação de 23,02% contra de 55,25%, ambos a favor do sistema aqui apresentado. No

trabalho citado a recuperação das imagens foi feita utilizando mapas de Kohonen e técnicas de correlação cruzada.

Tabela 1 – Precisão e Revocação médias (em porcentagem %)

Em [7] foram implementados atributos no domínio de Radon, atributo de medida de granulometria e atributo de forma. O atributo de forma é composto de medida de área, de razão de diâmetro e de solidez. Neste caso, só pode ser comparada a característica de forma do presente artigo com o da literatura, onde o da literatura apresenta 84,5% de precisão, considerando todas as características implementadas pelo sistema e no presente artigo a precisão de todas as características é de 76,64%. Como as características implementadas são diferentes, não podemos chegar a uma conclusão efetiva quanto à comparação dos dois sistemas.

5. Conclusões

O objetivo deste trabalho foi a implementação de um sistema de recuperação de imagens baseada em conteúdo para a aplicação em um banco de imagens mamográficas, utilizado originalmente para apoiar o desenvolvimento e os testes de sistemas CAD. Para atingir este objetivo, primeiramente foi realizada uma revisão bibliográfica a fim de encontrar na literatura sistemas CBIR já implementados de aplicação na área de imagens médicas, bem como as características e os critérios de similaridade utilizados por estes sistemas.

Os extratores implementados mostraram-se satisfatórios para os testes realizados, apresentando bom desempenho na recuperação, em relação à precisão dos resultados. Verificou-se que o tempo de processamento é relativamente alto na primeira vez em que as características são calculadas. No entanto, este problema foi resolvido utilizando-se o armazenamento em banco de dados. A dimensão das imagens contribui para a lentidão

(6)

dos cálculos, pois o volume de dados a ser processado pelos extratores é grande.

Os extratores das características área e densidade foram os que apresentaram melhor desempenho quando utilizados individualmente. Os extratores das características de contraste e SMA foram os que apresentaram pior desempenho para os testes realizados com características individuais. Analisando as características agrupadas, “Densidade+Forma” e “Área+Forma” foram os que apresentaram melhor desempenho e “Entropia+SMA” e “SMA+Contraste” apresentaram o pior desempenho.

Além da recuperação de imagens mamográficas por conteúdo, contribuindo para construção de sistemas CAD e utilização de imagens adequadas para fins didáticos, este trabalho apresenta como contribuições adicionais: a disponibilização de um esquema genérico para CBIR que pode ser usado para implementar extratores e recuperação de imagens para objetos de qualquer natureza e a análise das características implementadas especificamente para recuperar imagens mamográficas.

Apesar de implementar apenas uma função de similaridade, considerada a mais simples (distância Euclidiana), a estrutura de classes implementada permite utilizar várias funções de similaridade, assim como várias características outras citadas na literatura. Desta forma, a continuidade natural deste trabalho é a implementação e testes de novas características e novas funções de similaridade.

6. Agradecimentos

À FAPESP– Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo nº. 2006/00463-7), pelo apoio financeiro e ao LAPIMO (Laboratório de Processamento de Imagens Médicas e Odontológicas (EESC/USP), pelas imagens cedidas.

7. Referências

[1] T. C. S. S. André, P. M. A. Marques, J. A. H. Rodrigues, e R. M. Rangayyan, “Sistema de Recuperação de Imagens Baseada em Conteúdo Usando Mapas de Kohonen e Técnicas de Correlação Cruzada”. In: IX CBIS, Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, Ribeirão Preto, novembro de 2004.

[2] M. R. B. Araujo, C. Traina JR., A. Traina, e P. M. A. Marques, “Recuperação de Exames em Sistemas de Informação Hospitalar com Suporte a Busca de Imagens Baseada em Conteúdo”. In: VIII Congresso Brasileiro de Informática em Saúde - CBIS'2002, Natal - RN, de 29 de setembro a 02 de outubro de 2002.

[3] J. M. Bueno, “Suporte à Recuperação de Imagens Médicas Baseada em Conteúdo através de Histogramas

Métricos”. 2001. 148 f. Dissertação (Doutorado em Ciência da Computação e Matemática Computacional) – Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC), Universidade de São Paulo (USP), São Carlos, 2001.

[4] J. Dengler, S. Behrens, e J. F. Desaga, “Segmentation of microcalcifications in mammograms”. In: IEEE Transactions on Medical Imaging, v.12, n.4, p.634-642, 1993.

[5] C. A. Ferrero, H. D. Lee, W. F. Chung, C. S. R. Coy, J. J. Fagundes, e J. R. N. Góes, “Seleção de Características Baseadas em Textura para a Identificação de Anormalidades em Imagens de Colonoscopia”. In: X Congresso Brasileiro de Informática em Saúde – CBIS’2006, Florianópolis, SC-Brazil, 2006.

[6] H. E. R. Gato, F. L. S. Nunes, e H. Schiabel, “Uma proposta de Recuperação de Imagens Mamográficas Baseada em Conteúdo”. In: IX Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, 2004, Ribeirão Preto. Anais do Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, 2004. v. 1.

[7] S. K. Kinoshita, R. R. Pereira Jr, M. O. Honda, J. A. H. Rodrigues, e P. M. A. Marques, “Recuperação Baseada em Conteúdo de Imagens Mamográficas: Atributos Visuais de Forma, Espectrais no domínio de Radon e Granulometria”. In: IX Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, 2004, Ribeirão Preto. CBIS2004, 2004.

[8] P. M. A. Marques, M. H. Honda, J. A. H. Rodrigues, R. R. Santos, A.J.M. Traina, C. Traina Jr, e J.M. Bueno “Recuperação de Imagem Baseada em Conteúdo: Uso de Atributos de Textura para Caracterização de Microcalcificações Mamográficas”. Revista Brasileira de Radiologia, vol. 35, pp. 93-98, 2002.

[9] Nunes, F. L. S.; Schiabel, H.; Goes, C. E. “Using free technology to store and retrieve mammographic images by Internet”. In: 5th International Workshop on Image Analysis, 2004, Lisboa, Proceedings of 5th International Workshop on Image Analysis, 2004.

[10] Nunes, F. L. S.; Schiabel, H.; Oliveira JR, J. A.; Goes, C. E., Benatti, R. H. “Disponibilização de imagens mamográficas via Internet: uma forma de contribuir para a integração regional de pesquisas em diagnóstico auxiliado por computador”. In: Anais do XXIV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação – Seminário Integrado de Hardware e Software, Salvador, julho 2004.

[11] R. D. C. Santos, “Java Advanced Imaging API: A Tutorial”. Revista de Informática Teórica e Aplicada, Rio Grande do Sul, v. 11, p. 93-123, 2004.

Referências

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