FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
FÁSIO OHARA MORITA
INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO E "TURNOVER"
Critérios para Otimização do Investimento em Educação nas Empresas
Dissertação apresentada no Curso de
MSA da FGV/EAESP - Área de
Concentração: Recursos Humanos -como requisito para obtenção de título de Mestre em Administração.
Orientador: Praf. Dr. Sigmar Malvezzi
SÃO PAULO 1995 l"'-cn <, LD LD LD
1199700555
MORITA, Fábio Ohara. Investimento em Educação e "Turnover": Critérios para Otimização do Investimento em Educação nas Empresas. São Paulo: FGV/EAESP, 1995. 101 p. (Dissertação de Mestrado apresentada no curso de MBA da FGV/EAESP, Área de Concentração: Recursos Humanos).
Resumo: Trata da questão da elaboração de políticas de educação nas empresas, e seus impactos com relação ao "turnover". Aborda como políticas de educação distintas atraem indivíduos com características diferentes. Analisa uma pesquisa realizada na Grande São Paulo", apontando critérios para otimizar o retorno do investimento em educação nas empresas.
Palavras-Chaves: Educação "Turnover" Empresas -Recursos Humanos
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
v
1 -
INTRODUÇÃO1
2 -
EDUCAÇÃO E "TURNOVER" NAS EMPRESAS.4
2.1 - A Importância Econômica da Educação 4 2.2 - A Empresa e o Processo Educacional 7 2.3 - Políticas de Educação como Elemento de Competitividade 8 2.4 - "Turnover": a Perda do Investimento em Educação 9 2.5 - O "Turnover' e suas Variáveis 11
2.6 - Modelos de "Turnover" 19
3 - PROJETO DE PESQUISA 25
3.1 - Hipóteses Propostas 25
3.2 - Estratégia de Pesquisa 32
3.3 - Ferramentas Estatísticas Utilizadas 43 3.4 - Metodologia de Análise dos Dados 49
4 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESUL TADOS 54
4.1 - Retorno dos Questionários 54
4.2 - Perfil dos Indivíduos Pesquisados 54 4.3 - Metodologia para o Cálculo das Relações entre Variáveis 56 4.4 - Relações entre as Variáveis de Controle 58 4.5 - Atratividade de Políticas de Educação Generalista 61 4.6 - Atratividade de Políticas de Educação Específica 63 4.7 - Efeitos da Elegibilidade da Política de Educação 65 4.8 - Sensibilidade quanto àPolítica de Educação como Beneficio 71
5 - CONCLUSÃO ...•... 75
5.1 - Restrições quanto aos efeitos de uma política de educação no "tu mover" 75 5.2 - Restrições quanto à eficiência do questionário ...•... 76
5.3 - Restrições quanto às ordenações propostas 77
5.4 - Restrições quanto ao tamanho e natureza da amostragem 77 5.5 - Restrições quanto à eficiência dos investimentos em educação 77 5.6 - Impactos da Elegibilidade da Política de Educação 78
5.7 -Impactos da Generalidade da Política de Educação 79
5.8 - Impactos do Nível de Subsídio da Política de Educação 80
5.9 - Subsídio à Educação como Benefício 81
5.10 - Elaboração de uma Política de Educação otimizada quanto ao "Turnover" 81
5.11 - Propostas para aprofundamento da análise 82
6 - RESUMO 84
7 - ANEXOS 86
7.1 - Questionário 87
7.2 - Compilação dos dados obtidos 91
7.3 - Função para cálculo do coeficiente de correlação de Kendall 94
AGRADECIMENTOS
Este trabalho só pode ser realizado graças
à
ajuda de vários amigos e
colegas. O autor deseja agradecer a colaboração de Ana Cláudia Pereira
Leite, Cleusa Marcusso, Débora Regina Flório, Douglas Randal Meijas,
Eduardo de Moraes Polia, Gerd Manoel Grobel Jr., Ladilsom Alexandre Veiga
Zilet, Luís Carlos Tortora, Manes Erlichman Neto, Marcelo Blay, Márcia
Santos, Solemar Melin, Valdecir Fossaluza e o Prof. Antônio Carlos
Manfredini C. Oliveira, que através de suas sugestões e críticas, ajudaram a
tornar o questionário utilizado mais claro e eficiente.
A coleta dos dados só foi viabilizada graças à ajuda prestada pelos
colegas Adriano Tramontina de Oliveira, Alberto Rejman, Antônio A. N. Vaz
Simões Pereira, Éder Carvalhaes da Costa e Silva, Edson Massami Tsuda,
Herson Mauro Manfrinato, João Miguel Bassa, Luciano Nakad Marcolino,
Marcelo Blay, Marco Antônio Cairo, Maria Célia da Costa Alves, Orestes
Clifford Carvalho, OUo Roberto Herbst, Ricardo Lachac, Selma Regina
Paschini, Sidney Chameh, Vivian Schmalzigaug e Wilson Roberto Zucarato,
que gentilmente distribuíram e recolheram os questionários em suas
empresas.
O trabalho foi grandemente enriquecido pelas valiosas críticas feitas
pelos professores Antônio Carlos Manfredini C. Oliveira e Wilton de Oliveira
Bussab, que atentaram
°
autor para os devidos cuidados que devem ser
tomados na coleta e análise de dados estatísticos envolvidos em pesquisa na
área de ciências comportamentais.
Um especial agradecimento é dirigido ao Prof. Sigmar Malvezzi,
orientador desta dissertação. Além de orientador, cuja atenção e experiência
deram a este trabalho um maior rigor acadêmico, o Prof. Sigmar
foium dos
maiores incentivadores do autor durante todo o trabalho de pesquisa e
desenvolvimento da
dissertação.Finalmente, o autor deseja agradecer a todos os colegas e professores
do curso MBA da EAESP/FGV, pelos dois anos de enriquecedora e
gratificante convivência.
1-
INTRODUÇÃOA gestão de recursos humanos é um campo que envolve questões
complexas por seus dilemas e pela diversidade de processos e variáveis que
a colocam como uma área multi-disciplinar. É difícil estudar recursos humanos
sem recorrer
à
Sociologia, Psicologia e Economia. Arriscando uma simplificação da questão, entretanto, pode-se dizer que a missão da gestãode recursos humanos dentro de uma empresa é: atrair e manter bons
profissionais, desenvolvendo sua qualificação e seu grau de motivação. Esta
definição, ainda que simplista, já revela um dilema gerencial: o investimento
em educação de funcionários, necessário ao desenvolvimento pessoal,
aumenta a exposição destes ao mercado de trabalho. Ou seja, o
desenvolvimento da empregabilidade do funcionário aumenta seu valor para a
empresa, mas também para suas concorrentes, dificultando a manutenção de bons funcionários.
Para a melhor compreensão desse problema, ele foi transformado na
seguinte questão: COMO INVESTIR EM EDUCAÇÃO LEVANDO-SE EM
CONTA OS REFLEXOS DESSE INVESTIMENTO NO "TURNOVER" DA EMPRESA?
Responder essa questão é o objetivo da presente dissertação. Será
investigada a relação entre investimento em educação nas empresas e "turnover" .
Considerando o capital humano como um dos principais recursos de
uma empresa, pode-se perceber toda a importância da questão: ao investir
em educação, a empresa procura utilizar critérios que maximizem o retorno de
seu investimento. Se fizer um investimento "errado" (em um funcionário que
posteriormente mude de emprego), a empresa não somente perde o
investimento realizado, como ainda pode ter esse investimento transferido
para uma empresa concorrente.
Uma possível abordagem para esse problema seria a elaboração de
contratos que aumentassem os custos de saída para o funcionário no qual a
empresa tivesse investido. Esta dissertação, porém, não abordará essa
solução. O que se pretende verificar é a existência de critérios de
investimento em educação que minimizem a probabilidade de perda do
investimento identificada na saída do funcionário.
Esta dissertação analisará as políticas de educação nas empresas, no
que diz respeito às seguintes variáveis:
elegibilidade, generalidade e nível de subsídio. Elegibilidaderefere-se ao número de funcionários elegíveis
à
política de
educação:uma política será dita
abertaquando for oferecida a
qualquer funcionário na empresa, e
dirigidaquando apenas alguns
funcionários escolhidos forem elegíveis.
Generalidaderefere-se ao tipo de
educação oferecida:
genérica,quando abranger formação generalista, e
específica,quando for dirigida para a função.
Nível de subsídiocorresponde à
parcela do custo da educação suportada pela empresa.
Essas variáveis foram selecionadas para a análise porque estão
diretamente ligadas às principais questões da elaboração de uma política de
educação em uma empresa: quem subsidiar (elegibilidade), que tipo de educação subsidiar (generalidade) e quanto subsidiar (nível de subsídio).
A investigação do problema se dará através de uma pesquisa, onde se
verificará a correlação entre as políticas de educação e o interesse
despertado em diferentes tipos de profissionais. O objetivo será identificar se
existe uma combinação de variáveis da política de educação que seja mais
atraente para os funcionários compromissados do que para os funcionários
pouco compromissados. Com tal política, os investimentos em educação
convergiriam para os indivíduos mais compromissados, reduzindo a
probabilidade de perda posterior de investimento. Além disso, uma empresa
com tal política atrairia novos funcionários com perfil adequado a um menor "turnover" na empresa.
2 -
EDUCAÇÃO E "TURNOVER" NAS EMPRESAS2.1 - A Importância Econômica da Educação
Saviani (1994) observa que a partir da década de 60, com o surgimento
da "teoria do capital humano", a educação passou a ser entendida não como
algo meramente ornamental, mas decisivo para o desenvolvimento
econômico. Entretanto, na concepção atual, a educação tende a coincidir com
escola, contrapondo-se de modo excludente com o trabalho.
Entre os extremos, os educadores têm diferido considerando a
educação em termos gerais, com ou sem referência à formação vocacional e
profissional, ou propondo um sistema dualista com a formação geral
desvinculada da profissional, ou ainda, concebendo uma escola única que
pretenderia articular educação geral e formação profissional.
Para investigar as origens e o desenvolvimento do problema, Saviani
recorre a uma análise histórica. Ele observa que as origens da educação
estão ligadas ao trabalho. Ao lidar com a terra, e uns com os outros, os
homens se educavam e transmitiam conhecimentos às novas gerações.
Porém, com o advento da sociedade de classes, onde surgiu uma classe, a
nobreza, que não precisava trabalhar para viver, surgiu uma educação
diferenciada. Esta educação se dava fora do trabalho, no que passou a se
chamar escola, que em grego significa lugar do ócio. A classe dominante que
tinha acesso à escola usufruía de uma educação privilegiada, enquanto o
povo se educava no próprio processo de trabalho.
A Idade Média intensificou ainda mais essa diferença, com o advento
das escolas paroquiais, catedralícias e monacais, de acesso restrito às
classes dominantes. O processo básico de educação, porém, continuava
sendo aquele transmitido através do trabalho, sendo a escola uma forma de
educação secundária.
Com o crescimento da atividade mercantil, surgiu uma classe, a
burguesia, que acumulou capital através do comércio e investiu na própria
educação, originando a indústria. Tal transformação deslocou o eixo do
processo produtivo do campo para a cidade, constituindo um novo modo de
produção burguês, que culminou no advento da sociedade capitalista.
Rompeu-se, assim, a idéia de comunidade e a estratificação por classes,
substituídas pela idéia de sociedade.
Tal sociedade, contratual e baseada nas relações formais, trouxe
consigo a exigência de generalização da escola, pois a incorporação da
ciência aos processos produtivos exigiu a disseminação dos códigos formais,
do código da escrita. A escola torna-se o agente educativo deste processo,
emergindo como forma dominante de educação a ponto de ser confundida
com a própria educação. As demais formas de educação passam para um
plano secundário, subordinando-se à escola e sendo a partir dela aferidas.
Analisando a era atual, a Revolução da Informática e da Automação,
Saviani observa que, se antes ocorreu a transferência de funções manuais
para as máquinas, hoje ocorre a transferência das próprias operações
intelectuais. Estamos na "era das máquinas inteligentes", onde as
qualificações intelectuais específicas tendem a desaparecer, trazendo em
contrapartida uma elevação do patamar de qualificação geral. Observa-se
uma convicção crescente, mesmo entre o empresariado, de que uma
formação geral sólida, a capacidade de manejar conceitos e o pensamento
abstrato são atributos cada vez mais essenciais.
Tal opinião é compartilhada por Machado (1994), que observa que os
impactos sociais das inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais
sobre o perfil da força de trabalho têm substituído o padrão taylorista e
fordista por um novo padrão marcado pela integração e flexibilidade. Segundo
a autora, o modelo fordista, ainda presente e adequado em muitas situações,
tem sido ameaçado por novas alternativas tecnológicas e organizacionais
flexíveis e integradas surgidas com a microeletrônica.
Os dois autores referem-se principalmente a mudanças no perfil dos
trabalhadores ditos produtivos, chamados pela literatura de "blue-collars". As
observações, porém, são completamente válidas para os trabalhadores
não-produtivos ("white-collars"). Pode-se dizer que para tais trabalhadores, estas
transformações tem um impacto ainda mais significativo, pois sua atividade é
essencialmente intelectual, onde as exigências de flexibilidade, raciocínio
lógico, iniciativa e capacidade de decisão são críticas. Essas observações
são corroboradas por Assis (1994), que mostra que a oferta de emprego
tenderia a aumentar nas categorias que exigem qualificação mais elevada e a
diminuir para funções menos qualificadas. Não é mais suficiente um simples
aumento do nível de escolarização, mas é preciso considerar o
desenvolvimento de habilidades que não são adquiridas necessariamente
através da extensão dos anos em que as pessoas passam na escola.
2.2 - A Empresa e o Processo Educacional
Dada a importância da educação para o desenvolvimento econômico da
sociedade, cabe perguntar a quem cabe o papel da educação, ou onde ela
deve se dar: na escola ou no trabalho? Se para o ensino básico o papel cabe
basicamente
à
escola, para o desenvolvimento das habilidades citadas por Assis essa resposta não é tão imediata.Saviani observou que o estabelecimento da escola como sinônimo de
educação levou
à
sua hipertrofia: uma vez que se atribuià
escola todo o processo educativo, ela acaba por absorver as funções educativas que antesse davam fora dela. Este processo se estende ao ponto de descaracterizá-Ia,
o que suscitou críticas
à
instituição, como a teoria da desescolarização encabeçada por IIlich, que chega a afirmar que a escola tem uma função negativa do ponto de vista educacional.Sem chegar a tal a tal radicalismo, pode-se dizer que parte do processo
educacional deve realmente se dar fora da escola, e entre as instituições que
assumiriam esse papel, pode-se destacar o trabalho.
Surge então uma nova questão: o papel social do trabalho como
elemento de educação seria o suficiente para motivar o empresariado a
investir em educação? Silva Filho (1994) defende que tal consciência social
deveria bastar, explicitando a importante ação das empresas como
complementadoras à ação do governo. Porém, mais do que tal consciência, a
real motivação deveria vir dos retornos econômicos que o investimento em
educação traria às empresas. Conforme Silva Filho, a própria vivência do
empresariado indica que é a empresa quem mais ganha quando a
comunidade onde se insere melhora seu padrão educacional.
2.3 - Políticas de Educação como Elemento de Competitividade
Além desses efeitos macroeconômicos citados por Silva Filho, cabe
avaliar se ao nível microeconômico a empresa também teria retornos com o
investimento em educação. Para isso, podemos estabelecer um paralelo com
um levantamento feito por Carvalho (1994), que ao comparar indicadores de
educação entre vários países, mostra o papel fundamental da educação como
elemento de competitividade industrial. Carvalho levanta a importância de se
mundial, e finaliza ressaltando a importância do estabelecimento de políticas públicas para este fim.
Fazendo uma analogia com a realidade das empresas, podemos dizer
que a educação do quadro de funcionários
é
um elemento essencial de competitividade da empresa na indústria em que se insere. Portanto, aempresa deve ser um agente ativo no processo de educação de seus
funcionários. Esperar que seu quadro de funcionários aumente seu nível
educacional a partir de fatores exógenos, como iniciativas governamentais,
seria incauto, pois sujeitaria a empresa a uma debilidade competitiva.
Continuando a analogia com o quadro macroeconômico, as empresas
devem estabelecer políticas para concretizarem a educação de seus quadros.
Tais políticas devem ser estabelecidas de modo a orientar os investimentos
de acordo com as necessidades de educação da empresa.
2.4 - "Turnover": a Perda do Investimento em Educação
Estas necessidades podem definir potíticas com diferentes escopos. É
de se esperar, num primeiro momento, que os investimentos em educação
sejam direcionados para o desenvolvimento de habilidades específicas às
necessidades particulares da empresa. Citando Adam Smith, Saviani (1994)
expõe os limites da educação aos trabalhadores. É preciso um mínimo de
capitalista, mas ultrapassando esse mínimo entra-se em contradição com
essa ordem social. É da essência da sociedade capitalista que o trabalhador
detenha apenas a força de trabalho, e não o meio de produção, o que poderia
ser obtido com níveis maiores de educação. Taylor, ao sistematizar as formas
de produção, desapropriou os trabalhadores do conhecimento relativo ao
conjunto do processo produtivo, que passou a ser de domínio da classe dominante.
Trazendo-se esse raciocínio para o caso dos trabalhadores
não-produtivos ("
w
hite-collars"), temos essa contradição acentuada. Os trabalhadores mais polivalentes, exigidos pelo cenário de maior flexibilidadeexposto por Machado (1994), fazem com que as empresas precisem, cada
vez mais, investir em educação genérica. Tal educação, por sua vez,
transfere a esses trabalhadores o conhecimento sobre os meios de produção.
O funcionário passa a se apropriar de sua carreira, tornando-se um
instrumento produtivo de maior Iiquidez no mercado de trabalho. Facilita-se,
assim, a saída do funcionário da empresa, e a conseqüente perda do investimento em educação realizado.
Como, então, as empresas podem investir na educação de seus
quadros, necessária
à
sua competitividade, se o tamanho deste investimento está diretamente ligadoà
probabilidade de sua perda, identificada na saída do funcionário? Esta pergunta revela a importância de se estudar o processo desaída do funcionário da empresa, o "turnover", e como uma política de educação pode influir neste processo.
o
processo de "turnover" será analisado a partir da identificação das variáveis mais significativas, e como elas se inter-relacionam. Também serãoverificados alguns modelos propostos, visando estabelecer uma estrutura
lógica que permita a análise da relação investimento em educação e "turnover' .
2.5 - O "Turnover" e suas Variáveis
"Turnover' refere-se ao processo de saída de funcionários de uma
empresa, e pode ser classificado em voluntário e não-voluntário. O "turnover"
não-voluntário é resultado de ajustamentos do quadro de funcionários devidos
a fatores como condições econômicas ou performance do funcionário. Neste
trabalho, como em todas as obras referenciadas, não será analisado este tipo
de "turnover". Ao invés disso, analisar-se-á o "turnover' voluntário, que
ocorre por iniciativa do funcionário, após um processo cognitivo cuja natureza as pesquisas tentam revelar.
Todas as pesquisas existentes sobre o "turnover' mostram que há uma
vasta gama de variáveis atuando sobre o processo. O "turnover' é um
fenômeno multi-variado por natureza, eas análises feitas dependem
fortemente do conjunto de variáveis escolhidas para observação. Talvez por
isso, há algumas contradições entre resultados de diferentes linhas de
pesquisa. Apesar disso, podemos identificar algumas convergências entre
essas linhas, no que diz respeito às variáveis mais críticas que atuam sobre o processo.
:.2.5.1 - Tempo de Serviço
\.•
\,'
)
'~----_._----.~/
Entre essas variáveis, podemos destacar inicialmente o
tempo de serviço.Mobley, Griffeth, Hand e Meglino (1979) encontraram uma correlação
negativa e consistenté entre tempo de serviço e "turnover". Mangione, após
um estudo multivariado, concluiu que o tempo de serviço é um dos melhores
indicadores individuais de "turnover". Esta relação é reforçada por Arnold e
Feldman (1982), que identificaram o tempo de serviço na organização como
uma das variáveis que tem a correlação de ordem zero mais alta com o
"turnover". Kirschenbaum e Weisberg (1990), e Ophen (1991) também
identificaram o tempo de serviço como uma das variáveis mais críticas.
2.5.2 - Compromisso
Em seu levantamento da literatura existente sobre o "turnover" até a
década de 70, Mobley e colegas (1979) analisaram o papel do compromisso
organizacional, envolvimento e compromisso com o emprego. Citando Porter,
definiram compromisso organizacional como: uma forte crença e aceitação
dos valores e objetivos de uma organização; um desejo de exercer
considerável esforço em prol da organização; e um desejo definido de se
manter como membro da organização. Já o compromisso com o emprego foi
definido por Koch e Steers como : uma congruência entre o emprego real e
ideal do indivíduo; uma identificação com a ocupação escolhida; e uma
relutância em procurar por empregos alternativos. Mobley e colegas
sugeriram que o conceito de compromisso está significativa e negativamente
relacionado com o "turnover", em maior intensidade que a satisfação. Porém,
sugeriram que tais conceitos são tão complexos que as generalizações
possíveis são tênues. Arnold e Feldman (1982) também identificaram
compromisso organizacional como uma variável com forte relação de ordem
zero com o "turnover".
As falhas no uso do compromisso para a medição do "turnover'
apontadas por Mobley começaram a ser minimizadas com pesquisas mais
recentes. Blau (1989) definiu envolvimento com o emprego como o grau no ,
qual o indivíduo identifica-se com um emprego, ou seja, a importância do
emprego na auto-imagem. Já o compromisso organizacional é definido em
termos da identificação do indivíduo com a organização em particular e seus
objetivos. Blau e Boal (1987) afirmaram que várias combinações de
compromisso organizacional e envolvimento com o trabalho terão ,
J
conseqüências distintas para as organizações. Por exemplo, empregados que ~
demonstram tanto alto compromisso organizacional como alto envolvimento
com o emprego, chamados de
estrelas institucionais,devem ser os menos
prováveis a sair da organização. Empregados com baixos níveis de
compromisso organizacional e envolvimento com o trabalho, chamados de
apáticos,deveriam ser os mais prováveis de deixar a organização
voluntariamente. Finalmente, Blau e Boal designaram empregados com alto
envolvimento com o trabalho e baixo compromisso com a empresa de
lobos solitáriose chamaram os empregados com baixo envolvimento com o trabalho
e alto compromisso organizacional de
cidadãos corporativos.Devido à sua
. r>
forte identificação organizacional, os cidadãos corporativos devem, a
princípio, deixar a organização com menos freqüência que os lobos solitários.
Huselid e Day (1991), numa avaliação do trabalho de Blau e Boal
apontaram deficiências em sua pesquisa empírica. Por exemplo, identificaram
que compromisso organizacional mostrou-se composto de dois fatores
distintos: compromisso atitudinal e compromisso continuado. Compromisso
atitudinal é afetivo por natureza: um empregado torna-se emocionalmente
ligado à organização e percebe uma congruência entre seus objetivos e os da
organização. Compromisso continuado, ou calculado, resulta do trabalhador
entrar em um relacionamento de troca com a organização. O grau de
compromisso continuado é determinado pela extensão com que este
relacionamento de troca favorece o empregado. Tal medida não foi incluída
no trabalho de Blau e Boal.
2.5.3 - Satisfação com
o
trabalhoSatisfação com o trabalho foi investigada em vários estudos: Mobley et
aI. (1979), Mil/er, Katerberg e Hulin (1979), Arnold e Feldman (1982), Aryee,
Chaye Chew (1994). Todos encontraram uma relação consistente e negativa
entre satisfação com o trabalho e "turnover", adotando essa variável como
previsora significativa em seus modelos.
2.5.4 - Idade
Todos os estudos de "turnover" apontam uma relação consistente e
i
negativa entre idade e "turnover" (Mobley et aI., 1979; Arnold e Feldman,
1982; Kirschenbaum e Weisberg, 1990; Huselid e Day, 1991; Ophen, 1991;
Aryee et aI., 1994).
2.5.5 - Cognições
Os estudos de Mobley influenciaram todo o pensamento sobre o
problema do "turnover" na década de 80, em grande parte por ter introduzido
pela primeira vez o papel das cognições como mediadoras do "turnover",
levando vários outros autores a incluírem tais variáveis em seus modelos
(Miller et aI., 1979; Arnold e Feldman, 1982; Blau, 1989; Huselid e Day, 1991;
Bedeian et ai., 1991)
'I
Entre as principais cognições estudadas, encontram-se: intenção de
I
mudar de emprego, pensamento de mudar de emprego, intenção de
pesquisar empregos e percepção de oportunidades. Conduzindo uma análise
de regressão múltipla, Mobley sugeriu que a intenção de sair é a única
variável individual significativa na previsão do "turnover".
2.5.6 -
Agrupamentos ocupacionaiso
levantamento feito por Mobley et aI. (1979) reviu a pesquisa sobre
características ocupacionais e encontrou suporte moderado às proposições
de que trabalhadores não especializados tem maior "turnover" que os
especializados. Achou-se apenas um fraco suporte de que não-gerentes tem
maior "turnover" do que gerentes, e que maior profissionalismo é associado a
maior "turnover". Mobley ressalta, entretanto, que qualquer modelo completo
do comportamento individual quanto ao "turnover" deve levar em conta
diferenças entre agrupamentos ocupacionais.
Pouco se estudou sobre a influência dessa variável sobre o "turnover".
Os estudos conduzidos normalmente isolaram essa variável, através de
pesquisas realizadas com um único agrupamento ocupacional. Essa é
possivelmente uma das principais causas das diferenças das conclusões
entre diferentes pesquisas, conforme veremos a seguir.
2.5.7- Salário
Mobley et aI., analisando as revisões feitas por Porter e Steers em 1973
e a de Price em 1977, registrou os achados de relação consistente e negativa
entre salário e "turnover". Os estudos conduzidos por Mobley et. ai,
entretanto, foram inconclusivos quanto aos efeitos do salário. Vários outros
estudos sequer analisaram os efeitos do salário sobre o "turnover". Essa
estranha ausência deve-se provavelmente à influência de Mobley e à
incorporação das características salariais nas variáveis de percepção do salário recebido e satisfação.
Mais recentemente, Kirschenbaum e Weisberg(1990), e Huselid (1991)
retomam a análise do salário no estudo do "turnover". Ophen (1991) vai além,
analisando as variáveis determinantes do salário esperado e indicadores do salário futuro esperado.
2.5.8 - Benefícios
As pesquisas mais significativas com relação ao impacto de benefícios
no "turnover" são de Mitchel (1983). Dentre os benefícios analisados, pensão \,
"I,
].
e planos de saúde mostraram-se os mais importantes quantitativamente. A
ti
evidência quanto aos padrões de mobilidade de trabalhadores homensconfirma que a cobertura médica é o único outro benefício além de pensões que detém saídas significativamente.
2.5.9 - Utilidade esperada do emprego
Um conceito bastante utilizado na literatura, especialmente nos textos
com enfoque econômico, é o de utilidade. Este conceito permite uma
abordagem dinâmica da propensão ao "turnover", ao incluir as expectativas
Mobley et aI. (1979) basearam-se nesta lógica para sugerir que alguém
pode ficar insatisfeito com seu emprego atual, mas estar atraído a ele devido
à
expectativa de que será relevante para sua carreira subseqüente, facilitando
o atingimento futuro de retornos positivamente valorizados. Criam, assim,
1:1
uma distinção entre satisfação (orientada para o presente) e utilidade ou
Ir
atração (orientada para o futuro). Bedeian, Kemery e Pizzolatto (1991)
\ utilizam este conceito como previsor do comportamento de
,.
,'-- "
--,o "'
"turnover".Antel (1988) testou empiricamente a hipótese de mudança de emprego
baseada em maximizaçãode utilidade, obtendo resultados que suportam esse
modelo. Tal modelo também foi utilizado por Lippman e MeCa" (1976) e
Barron e MacCaferty (1977), que analisam comportamentos maximizadores
de utilidade ao invés de maximizadores de renda.
Ophen (1991) defende a tese de que a decisão de pesquisar outros
empregos é baseada na diferença da utilidade do emprego presente
comparada com os empregos que o indivíuo espera estarem disponíveis no
mercado de trabalho, utilizando-se para isso de indicadores de salário futuro
esperado: boas chances de promoção, expectativa de desemprego e
indicadores de características de emprego não-salariais, como tempo sem
receber e tempo de trânsito entre casa-trabalho.
2.5.10 - Outras variáveis
Sexo foi uma variável pouco analisada na literatura sobre "turnover". Os
poucos estudos conduzidos, como o de Mobley et. aI. (1979), não
encontraram correlação significativa.
Educação também foi uma variável que mereceu insuficiente atenção.
Alguns estudos não detectaram diferenças. Price, numa revisão feita em 1977
citada por Mobley, identificou uma relação moderada e negativa entre nível
educacional e especialização e "turnover". Pode-se supor que ou a educação
exerce de fato uma influência apenas moderada no processo, ou foi um fator
pouco analisado. Como a presente pesquisa está diretamente ligada ao
processo educacional, o grau de escolaridade dos indivíduos pesquisados é
uma variável crítica, merecendo análises mais atenciosas.
2.6 - Modelos de "Turnover"
Identificadas as variáveis mais significativas do processo de "turnover",
pode-se proceder a uma avaliação das relações causais existentes entre elas.
Porém, se para a identificação das variáveis significativas encontra-se na
literatura uma razoável convergência, não se pode dizer o mesmo quanto
à
importância relativa entre elas e nem quanto
à
causalidade subjacente no processo de "turnover". Tais diferenças ficarão mais claras expondo-se alguns dos modelos de turnover desenvolvidos.o
modelo proposto por Mobley foi um dos mais influentes durante a década de 70. Mobley propôs que as cognições sempre exercem um papelmediador entre o turnover e as demais variáveis.
Esquematicamente, pode-se representar a causalidade existente no modelo de Mobley da seguinte maneira:
Satisfação com o Emprego
I
iI
I
I
'---~
CogniçõesI
I
I
de Saída J.I
Idade/Tempo ~ IntençãoI
de Serviço ~ de Pesquisa J.I
I
L-..~ IntençãoI
I
de Sair '---~ Probabilidade de Encontrarum Alternativa Aceitável ~"tumover"
Figura 2.6.1 - Modelo de "Turnover"de Mobley (1979)
Neste modelo, todas as variáveis afetam o turnover através da variável
'intenção de sair'. Através deste modelo, Mobley colocou as cognições como
variáveis mediadoras de todo o processo de turnover, chegando a afirmar que
a intenção de sair é a única variável individual significativa na previsão do "turnover" .
Esse papel das cognições começou a ser questionado a partir de modelos como os de Arnold e Feldman (1982):
Idade Tempo de Serviço
I
I
I
I
Satisfação ~ Intenção de ,j,
com o Emprego --)o Pesquisar --)o
"Turnover" ~ Altemativas t
I
I
CompromissoI
SegurançaI
Organizacional Percebida no EmpregoFigura 2.6.2 - Modelo de "Turnover"de Arnold e Feldman (1982)
Arnold e Feldman colocam a 'Intenção de Pesquisar Alternativas' como
mediadoras entre idade, satisfação com o emprego e compromisso
organizacional, e o "turnover", mas colocam tempo de serviço e segurança
percebida no emprego como variáveis que influenciam diretamente o
"turnover".
Bedeian, Kemery e Pizzolatto (1991) desenvolveram um outro modelo
que, embora parcial, é de especial interesse para a presente pesquisa. Eles
estudaram as relações entre utilidade do emprego, compromisso com
carreira, intenção de "turnover" e "turnover", propondo a seguinte relação:
Compromisso com Carreira (Moderadora)
I
Oportunidades de ,j, Intenção de Crescimento na ---)o "Turnover"
Empresa (Mediadora) ---)0 "Turnover"
Este modelo aborda apenas uma parte da causalidade do "turnover".
Nele aparecem os conceitos de utilidade do emprego, expressa através das
oportunidades de crescimento na empresa, e compromisso com a carreira,
como variável moderadora entre oportunidades e intenção de turnover. Aqui,
a exemplo do modelo de Mobley, o turnover é mediado por cognições de
saída. Compromisso de carreira e utilidade presente do emprego afetam
intenções de "turnover", que por sua vez afeta o "turnover". Porém, ao manter
as intenções de "turnover" constantes, Bedeian et aI. mostraram que
variações de compromisso e utilidade não afetavam o "turnover", suportando
a hipótese de Mobley.
Estes três exemplos são suficientes para se mostrar a divergência
encontrada na literatura quanto
à
causalidade e importância das variáveis
envolvidas no processo de turnover. Dentre os motivos que podem explicar
tais incongruências pode-se encontrar a própria escolha das variáveis
observadas. Os vários estudos analisam o "turnover" sob diferentes enfoques,
isolando apenas parte das variáveis envolvidas. As variáveis não incluídas,
porém, podem não ser suficientemente controladas a ponto de não
influenciarem os resultados. O modelo de Mobley, apesar de bastante
completo, não contempla algumas variáveis que pesquisas posteriores
mostraram ser importantes, como compromisso.
Outro possível motivo é a metodologia utilizada. Conforme apontado por
Huselid e Day (1991), a escolha de técnicas de estimação não é apenas um
exercício acadêmico estatístico, mas uma decisão importante, que terá
impactos substanciais na interpretação dos resultados. Esses impactos
ficaram claros na análise que fizeram do modelo de Blau e Boal (1989),
relacionando compromisso e "turnover". O uso de estatísticas bivariadas e
regressão aos mínimos quadrados produziu resultados diferentes com relação
ao impacto do compromisso no turnover. No estudo com estatística bivariada,
o compromisso exibiu uma relação significativa com o turnover, ao passo que
com o uso de regressão aos mínimos quadrados essa relação não foi
detectada.
Uma terceira causa pode ser atribuída ao agrupamento ocupacional
utilizado na realização das pesquisas. Tais pesquisas são sistematicamente
realizadas utilizando-se um único agrupamento ocupacional. Mobley et aI.
(1979), por exemplo, utilizou enfermeiras como amostras para sua pesquisa.
Arnold e Feldman (1982) conduziram suas pesquisas entre contadores no
Canadá e Kirschenbaum e Weisberg (1994) pesquisaram trabalhadores do
setor têxtil de Israel. As expressivas diferenças entre esses grupos podem
responder pelas incongruências encontradas. Kirschenbaum e Weisberg, por
exemplo, obtiveram resultados que demonstram que o "turnover" e intenções
são influenciados por conjuntos separados de variáveis, sendo a intenção um
preditor pobre para o "turnover". Idade, tempo de serviço, nível salarial e
chances percebidas para melhoria no emprego mostraram ter um impacto
significativo no "turnover", mas não na intenção de sair.
Os achados de
Kirschenbaum e
Weisberg
aparentam maior
consistência, não apenas pelo maior rigor no método utilizado como também
pela fragilidade da intenção como um construto atitudinal. Conforme
expuseram, esta variável é por natureza sensível às situações do dia-a-dia.
Um argumento ou reclamação do chefe ou rumores de fusão ou promoção
podem alterar radicalmente a intenção de sair de dia para dia. Os resultados
comparativos obtidos por eles claramente mostraram que a intenção de
"turnover" dos trabalhadores não representa uma contribuição significativa
para a predição do "turnover".
O problema principal para a presente pesquisa é o de identificar a
relação entre diferentes políticas de educação e a atratividades dessas
políticas a diferentes perfis de funcionários. Conhecidos esses perfis, pode-se
prever, com base na teoria sobre o turnover, qual a probabilidade de que um
funcionário com dado perfil saia da empresa. Com isso, pode-se elaborar
políticas de educação que atraiam perfis de funcionários mais adequados a
um menor "turnover", e portanto, menor perda de investimento em educação
na empresa.
3 -
PROJETO DE PESQUISAEntendidas quais são as variáveis significativas do "turnover" e com o
quê se relacionam, é o momento de se proceder à análise do impacto de
diferentes políticas de educação no "turnover" das empresas. Esta pesquisa
procurará identificar, num estudo exploratório, a relação entre as diversas
combinações de uma política de educação quanto à elegibilidade,
generalidade e nível de subsídio, e seus impactos sobre os funcionários de
uma empresa de acordo com estágio da carreira, grau de compromisso
organizacional e grau de compromisso com a carreira.
3.1 - Hipóteses Propostas
3.1.1 -
Relações entre estágio de carreira e investimentos emeducação
Um dos fatores que definem a atratividade de uma política de educação
para um indivíduo é o estágio de carreira em que este indivíduo se encontra.
Para operacionalizar o conceito de estágio de carreira, Aryee et aI. (1994)
recorrem à teoria de Super (1957), representativo da maioria dos modelos de
estágios de carreira. Nela, Super propos que a carreira de um indivíduo se
desenvolve em quatro estágios: a) tentativa, b) estabilização, c) manutenção
e d) declínio.
Entre os critérios usados para se definir o estágio de carreira estão
idade, tempo de serviço na firma, tempo de serviço na posição e tempo de
serviço na ocupação. Super reportou que o estágio de carreira não parece
estar ligado à idade. Embora tenha sugerido que os estágios na carreira
procedem em ordem cronológica, Super também sugeriu que indivíduos
reciclam através destes estágios quando ocorrem experiências mais
significativas, como por exemplo, mudança de carreira.
A partir desses conceitos, Aryee et aI. (1994) propuseram 3 grupos
distintos com relação a estágio da carreira: estágio inicial:
<2 anos; estágio
de estabilização: entre 2 e 10 anos; e estágio de manutenção
>10 anos.
Esses conceitos alertam para a necessidade de se conseguir uma amostra
que tenha indivíduos representativos de cada um desses estágios, para se
poder avaliar o impacto das diferentes políticas de educação através dos
estágios de carreira.
o
impacto do estágio de carreira na atratividade de uma política de
educação pode ser explicado pelo conceito de utilidade, ou ganhos futuros,
explicado no ítem 2.5.9. Borjas (1981) elaborou um modelo cuja hipótese é de
que indivíduos estão dispostos a abrir mão de seus ganhos no presente para
investir em atividades de aprendizado que gerarão ganhos maiores no futuro.
A proporção de tempo dispendido em investimentos em capital humano
deverá ser maior quanto mais cedo o emprego ocorrer durante a vida. As
razões para isso se relacionam com o fato de que dado empregos de duração
finita na vida de uma pessoa, os retornos serão maiores para investimentos
feitos mais cedo do que mais tarde, e os custos de investimento
supostamente crescerão ao longo do tempo.
3.1.2 -
Efeitos da generalidade da politica de educaçãoSorjas (1991), ao analisar as diferenças entre treinamento genérico e
específico, notou que se o treinamento fosse totalmente genérico, onde os
conhecimentos não teriam aplicação restrita
à
empresa, o tempo restante no
emprego atual não teria nenhum efeito nos incentivos de investimento, e
portanto, nenhum efeito nos rendimentos atuais. Porém, uma vez introduzido
treinamento específico, o período de retorno à porção do investimento que é
específico à firma torna-se o tempo restante no emprego corrente. Quanto
maior o tempo restante, maior o incentivo a investir em capital humano
específico, e portanto, maior o investimento. Desta forma, treinamento~
específico à firma diminui os efeitos de "turnover", ao aumentar a utilidade do
J
emprego atual.
De posse dos conceitos de estágio de carreira e utilidade expostos,
tem-se como hipótetem-se que políticas de educação generalista, que aumentam
capital humano não-específico à firma, aumentam a probabilidade de perda
do funcionário, e portanto, do investimento. Uma política deste tipo seria
especialmente atraente para indivíduos não compromissados com a carreira,
e para indivíduos nos estágios iniciais da carreira, pois para eles capital
humano não-específico representa a possibilidade de mudança ou
redirecionamento de suas carreiras.
Hipótese 1: políticas de educação generalista tendem a atrair
indivíduos com menor grau de compromisso com a carreira, e
indivíduos mais jovens
Inversamente, políticas de educação específica tenderão a atrair o perfil
oposto. Sorjas (1981) toma como hipótese que se o treinamento é específico,
maiores volumes de investimento implicam em menores taxas de "turnover", e
portanto, empregos de maior duração. Aqueles que estiverem há mais tempo
no emprego e investiram mais em treinamento específico terão uma menor
probabilidade de sair (e de serem demitidos) do que os outros indivíduos. Por
outro lado, a perspeciva de "turnover" de trabalho irá criar desincentivos a
investir em treinamento on-the-job, uma vez que este treinamento é
parcialmente específico ao emprego corrente.
Antel (1986), pesquisando a mobilidade de emprego voluntária, sugeriu
que treinamento específico inibe a mobilidade. Além disso, dado que
conhecimentos específicos não podem ser transferidos entre empregos, e
uma vez que tanto a pesquisa de emprego como o treinamento são custosos,
é razoável para os trabalhadores se especializarem ou em pesquisa de
emprego ou treinamento específico num dado emprego. Portanto, treinamento
específico não apenas atrairia os indivíduos mais compromissados, como
também seria excludente em relação
à
pesquisa por empregos feita por indivíduos com propensão a sair.Deere (1987) também encontrou resultados que mostram que a
expectativa de deixar um emprego afeta a decisão de investir em
conhecimentos específicos, bem como Aryee et aI. (1994), que mostraram
uma relação significativa e positiva entre compromisso com a carreira e o
desenvolvimento de conhecimentos específicos.
f~
I'
(.
I,'
Neste trabalho tem-se como outra hipótese que educação específica
induz estabilidade, e atrai principalmente indivíduos mais compromissados
~ com a carreira e mais estáveis na empresa.
I.
i
[
I
Hipótese 2: políticas de educação específica tendem a atrair
indivíduos com maior grau de compromisso com a carreira, e indivíduos
mais velhos
3.1.3 - Efeitos do nível de subsídio da política de educação
Um dos propósitos da presente pesquisa é verificar os impactos de
diferentes níveis de subsídio à educação. Tem-se como hipótese que
indivíduos com menor compromisso organizacional terão uma predisposição
maior para pagar pela educação, pois isso aumentaria suas possibilidades de
recolocação no mercado.
;- " G~~\)
(~~\;\\
" \,
Hipótese 3: a diminuição no nível de subsídio
à
educação tem um
impacto
maior
para os
indivíduos
com
maior
compromisso
organizacional do que para os indivíduos com baixo compromisso
organizacional.
3.1.4 - Efeitos do grau de elegibilidade da política de educação
A presente pesquisa procurará verificar se diferenças na política de
educação de uma empresa com relação à elegibilidade dos funcionários têm
impacto quanto ao compromisso organizacional. A tese defendida
é
de que se uma política de educação for totalmente aberta, istoé,
se qualquer funcionário for elegível a ela, o compromisso organizacional não aumentarásignificativamente. Entretanto, se tal política for dirigida a alguns indivíduos
escolhidos na empresa, a percepção quanto às oportunidades de crescimento
desse indivíduo aumentarão, aumentando assim seu grau de compromisso
organizacional. Esta relação causal encontra suporte no modelo proposto por
Bedeian et aI. (1991) (figura 2.6.3), no qual sugerem, a relação: oportunidades
de crescimento da carreira ---> intenções de "turnover" ---> "turnover", com
compromisso com carreira atuando como variável moderadora do processo.
Ao aumentar a percepção das oportunidades de crescimento de carreira
de um indivíduo, e portanto, a utilidade do emprego, uma política de educação
dirigida torná-lo-ia menos propenso a expressar intenções de sair, e em última instância, sair.
Hipótese 4: a política de educação dirigida aumenta o grau de compromisso organizacional dos indivíduos selecionados
Outro efeito que será verificado é o impacto que uma política dirigida
teria nos indivíduos não selecionados para usufruirem desse benefício. Nesse
sentido, 8edeian et aI. (1991) verificaram que a relação entre utilidade
esperada do emprego atual e intenção de "turnover" foi negativa para
indivíduos com alto compromisso de carreira, mas
positivapara indivíduos
com baixo compromisso com a carreira. Assim, uma organização que não
deseje ou não possa oferecer oportunidades de crescimento de carreira
enfrenta dois problemas: a intenção de "turnover" será maior para indivíduos
que estão altamente compromissados com suas carreiras e menor para
aqueles que não estão tão compromissados. Os achados sugerem que os
recursos gastos com a intenção de aumentar a oportunidade de crescimento
de carreira irão diminuir o "turnover" de indivíduos com alto grau de
compromisso com carreira e aumentar o "turnover" daqueles menos
compromissados.
Esta pesquisa tem como hipótese o fato de que se um indivíduo
altamente compromissado for excluído de um programa de educação, seu
grau de compromisso organizacional diminuirá mais fortemente do que os
indivíduos excluídos pouco compromissados.
Hipótese 5: a política de educação dirigida diminui o grau de
compromisso
organizacional
dos
indivíduos
não-selecionados,
principalmente dos indivíduos mais jovens e com maior grau de
compromisso organizacional e compromisso com a carreira.
Finalmente, verificar-se-á qual a eficiência de uma política de educação
como benefício. De acordo com Mitchell (1983), tal subsídio não teria impacto
significativo. De qualquer modo, será analisada qual a percepção de
educação como benefício por diferentes perfis de funcionários
Hipótese 6: indivíduos em fases iniciais de carreira e com menores
salários são mais sensíveis à educação enquanto benefício.
3.2 - Estratégia de Pesquisa
3.2.1 - Questionário
Para se testar as hipóteses propostas, foi elaborado um questionário,
mostrado no Anexo 7.1, que através de um levantamento do perfil do sujeito e
de suas respostas à várias situações propostas, visa estabelecer a correlação
entre políticas de educação e atratividade exercida sobre diferentes tipos de
profissionais. As letras em negrito não fazem parte do questionário enviado,
tendo sido introduzidas para referência neste texto. Para estimular os
indivíduos a responder de maneira isenta, foi redigido um cabeçalho
explicando sucintamente os objetivos da pesquisa e garantindo absoluta
confidencialidade. O questionário instruía o indivíduo a colocar o questionário
respondido dentro de um envelope enviado em anexo, colá-lo e devolvê-lo
à
pessoa responsável.Antes de ser enviado, o questionário passou pela análise crítica de 15
pessoas, para se identificar dificuldades de compreensão ou perguntas que
pudessem gerar dupla interpretação. Foram redigidas 4 versões do
questionário antes de se chegar à versão final enviada, apresentada no anexo.
Variáveis Independentes:
Inicialmente, o questionário busca traçar um perfil do indivíduo, segundo as variáveis:
A. Idade
B.Sexo
C. Escolaridade
D. Número de empresas em que trabalhou (incluindo a atual, e desconsiderando estágios)
E. Cargo
F. Nível do cargo - operativo/técnico, supervisão ou gerencial/diretivo G. Tempo de serviço na empresa atual
H. Faixa salarial
As variáveis listadas são basicamente de identificação pessoal,
fornecendo informações objetivas sobre os sujeitos. O maior desafio
encontra-se na identificação do perfil do indivíduo quanto a compromisso com
carreira e com a empresa. Tais variáveis, sendo sujeitas a idiossincrasias, não fornecem uma informação objetiva.
Para se minimizar o problema, utilizou-se dois conjuntos de frases,
adaptadas a partir de um questionário elaborado por Blau (1989). Blau foi um
dos pesquisadores que estudaram mais a fundo a questão do compromisso, e
as escalas de medição de compromisso por ele desenvolvidas foram
utilizadas por outros pesquisadores da questão, como Aryee et. aI. (1994).
Foram introduzidas algumas frases a partir de comentários recebidos na fase
de análise do questionário, buscando-se com isso diminuir a redundância
apontada entre algumas das frases originais. Para cada frase, o indivíduo
pesquisado é solicitado a assinalar um grau de concordância, indicando quão
bem a frase expressa seus 'sentimentos. Foram oferecidas as opções concordo, em dúvida ou discordo.
Ao propor várias frases, esta técnica consegue minimizar os efeitos da
variabilidade das respostas devida às diferenças na interpretação. É claro que
ainda assim, o dado final reflete apenas a percepção do sujeito. Através de
inferência estatística, almeja-se obter a definição da tendência quanto ao grau de compromisso do indivíduo.
As frases utilizadas foram:
J. Compromisso com a carreira
J.1. "Estou arrependido de ter entrado para esta carreira"
J.2. "Se pudesse começar tudo de novo, não escolheria trabalhar nesta área"
J.3. "Iria para outra área se lá recebesse o mesmo salário"
J.4. "Não largaria minha carreira atual, pois gosto dela"
J.5. "É uma boa carreira para eu construir minha vida profissional"
J.6. "Se tivesse todo o dinheiro que necessito, ainda assim trabalharia nesta área"
K. Compromisso com a empresa
K. 1. "Minha empresa
é
um excelente lugar para se trabalhar" K.2. "Aceitaria outra função para permanecer na empresa"K.3. "Na minha empresa, meu valor como profissional não
é
devidamente reconhecido"
K.4. "A empresa inspira seus funcionários a dar o melhor de si"
K.5. "Com certeza, não dedicarei toda minha vida profissional a esta empresa"
K.6. "Há muitas empresas melhores do que esta para se trabalhar"
Variáveis Dependentes
o
segundo bloco de perguntas (itens L a T) visam identificar o impacto que diferentes políticas de educação exerceriam sobre o indivíduo. Asperguntas foram divididas em blocos, cada qual precedido de uma situação
proposta ao indivíduo. Cada bloco procura isolar uma das variáveis propostas
para políticas de educação (elegibilidade, generalidade e nível de subsídio).
Perguntas com variações quanto
à
generalidade e nível de subsídio da política de educação:Essas perguntas visaram identificar qual o nível de subsídio necessário
para que o indivíduo fizesse o curso proposto. As situações propostas foram:
L. Se sua empresa atual oferecesse a você a possibilidade de fazer um
curso longo de especialização voltado
à
sua função, você:M. Se sua empresa atual oferecesse a você a possibilidade de fazer um
curso de inglês (ou outro idioma de seu interesse), você:
N. Se sua empresa atual oferecesse a você a possibilidade de cursar
uma faculdade ou fazer um curso de pós-graduação, você:
• não faria nenhum curso
• faria o curso somente se a empresa pagasse 100% do curso
• faria o curso se a empresa pagasse até 60% do curso
• faria o curso se a empresa pagasse até 40% do curso
• faria o curso se a empresa pagasse até 20% do curso
• faria o curso mesmo que tivesse que arcar com todos os custos
Com este bloco de perguntas, pode-se verificar quão atraente é uma
política de educação específica ou generalista para o indivíduo. Os valores
indicados não serão tomados em sentido absoluto, mas apenas para efeito
comparativo. Ou seja, se um indivíduo A assinalar uma predisposição de fazer
um curso somente se for totalmente subsidiado, e um indivíduo B assinalar
uma predisposição de fazer um curso com 40% de subsídio, concluir-se-á
apenas que a política de educação proposta é mais atraente ao indivíduo B
do que ao indivíduo A. Esta lógica será utilizada em todos os blocos de perguntas.
A política de educação generalista foi testada usando-se duas perguntas
(M e N) ao invés de apenas uma, como no caso da política de educação
específica. Isto foi feito porque eventualmente um curso de graduação ou
pós-graduação foge do escopo do indivíduo pesquisado. O curso de inglês,
tendo uma aplicabilidade mais ampla, foi introduzido como variável para o tratamento dessas situações.
Perguntas com variações quanto à eligibilidade da política de
educação:
Nessas perguntas, foram propostas situações onde a variável
modificada foi o grau de elegibilidade da política de educação. Para cada
situação, mediu-se qual o aumento salarial necessário para que o indivíduo
deixasse a empresa. As situações propostas foram:
o.
Sua empresa atual está preocupada com a formação e competência
de seus funcionários, e garante a eles subsíduo completo para
qualquer curso que o funcionário entenda como de seu interesse
profissional (por exemplo, cursos de especialização, faculdade,
pós-graduação, idiomas). Esse benefício lhe permite ter seus estudos
subsidiados.
Uma outra empresa lhe oferece um emprego sem esse benefício,
porém com salário mais alto. Você:
P. Sua empresa atual acredita em seu potencial e programou
oportunidades para desenvolvê-lo. Ela está lhe propondo um projeto
de desenvolvimento de carreira, que inclui subsídio total
à
participação em seminários, cursos de pós-graduação e cursos de
especialização. Este não é um benefício aberto a qualquer
funcionário, mas apenas àqueles que sua empresa julga terem
maior potencial, como é o seu caso.
Uma outra empresa lhe oferece um emprego sem esse benefício, porém com salário mais alto. Você:
Q.Suponha agora que sua empresa atual lhe oferece um projeto de desenvolvimento de carreira, que inclui os ítens da questão anterior e
também subsídio total
à
participação em cursos no exterior.Novamente, este não
é
um benefício aberto a qualquer funcionário, mas apenas àqueles que sua empresa julga terem maior potencial, comoé
o seu caso.Uma outra empresa lhe oferece um emprego sem esse benefício, porém com salário mais alto. Você:
R. Sua empresa possui planos de desenvolvimento de carreira, que
incluem subsídio total
à
participação em seminários, cursos de pós-graduação e cursos de especialização. Essa política, porém, não éaberta a qualquer funcionário, e você não possui esse benefício.
Uma outra empresa lhe oferece um emprego onde você tem a
possibilidade de ter esse tipo de benefício. Porém, não se pode ter
certeza que você será escolhido para receber esse subsídio. Você:
As alternativas oferecidas foram:
• muda de empresa se o salário for 10% mais alto
• muda de empresa se o salário for 30% mais alto
• muda de empresa se o salário for 50% mais alto
• muda de empresa se o salário for 70% mais alto
Para a pergunta R foi acrescentada a alternativa: "muda de empresa,
mesmo recebendo o mesmo salário".
A exemplo do bloco anterior, aqui não há interesse no valor absoluto
assinalado, nem serão conduzidas comparações diretas entre indivíduos
diferentes.
°
que será verificado são as alterações encontradas entre as
diversas situações. Se um indivíduo A assinalar "muda de empresa se o
salário for
10%mais alto" para a pergunta 0, e depois assinalar que um
aumento de
30%é necessário na situação proposta em P (onde é
selecionado para um plano de desenvolvimento), a informação relevante é
que ele é sensível a um plano de educação dirigido, e essa sensibilidade é
medida pela diferença entre os aumentos necessários. Se por outro lado, um
indivíduo B indicar que uma diferença de
50%é necessária em ambas as
situações, será assumido que ele não é sensível
à
política de educação
dirigida.
Neste bloco testa-se também qual a sensibilidade do indivíduo quanto
ao fato de ser excluído de uma política de educação dirigida. Esta medida é
feita pela diferença entre o aumento necessário na situação P (onde ele é
escolhido para o plano de desenvolvimento) e o aumento necessário na
situação R, onde ele é excluído dessa política.
Em ambos os testes, usou-se a situação
a,
onde foram incluídos
eventos no exterior, como critério de desempate. Assim, se dois indivíduos
apresentam a mesma sensibilidade quanto
à
inclusão ou exclusão de um
plano de educação dirigido, utiliza-se a sensibilidade quanto ao plano que inclui eventos no exterior para desempate.
Perguntas para avaliar eficiência de um plano de educação como benefício:
As perguntas S e T visam identificar qual o valor que um indivíduo dá a
uma política de educação. Para isso, foi proposta uma situação na qual ele se
encontra desempregado, e deve escolher entre duas empresas na qual a
política de educação e salário são as variáveis que diferem entre as
empresas. As situações propostas foram:
S. A empresa 1 garante a seus funcionário subsídio completo para
cursos, desde que sejam específicos
à
função que o funcionário exerça.A empresa 2 é similar
à
empresa 1, porém não oferece subsídioà
educação. Para que você escolha a empresa 2 ao invés da empresa1, é preciso que:
T. Suponha agora que a empresa 1 garanta a seus funcionários subsídio
completo para qualquer curso (idioma, faculdade, pós-qraduação
ou curso de especialização).
A empresa 2 é similar à empresa 1, porém não oferece subsídio à
educação. Para que você escolha a empresa 2 ao invés da empresa 1, é preciso que:
As alternativas oferecidas foram:
·0salário na empresa 2 seja pelo menos 10% maior que o da empresa 1
·0salário na empresa 2 seja pelo menos 30% maior que o da empresa 1
·0salário na empresa 2 seja pelo menos 50% maior que o da empresa 1
·0salário na empresa 2 seja pelo menos 70% maior que o da empresa 1
·0salário na empresa 2 seja pelo menos 100% maior que o da empresa 1
Novamente, os dados não foram tomados em sentido absoluto, mas
apenas para efeito de comparação entre indivíduos distintos.
3.2.3 - Amostragem
Para coleta dos dados, foi solicitada a colaboração de 18 alunos do
curso MBA da EAESP/FGV. A cada um foi entregue um conjunto de 15
questionários e 15 envelopes para retorno. Visando conseguir uma amostra
representativa de sujeitos em diferentes fases da carreira, foi solicitado que,
na medida do possível, a faixa etária seguisse a seguinte distribuição:
• 5 indivíduos com até 30 anos de idade
• 5 indivíduos entre 31 e 45 anos de idade
Também foi solicitado que os indivíduos possuíssem, no mínimo, 2° grau
completo, com preferência para indivíduos com curso superior. Os 18
colaboradores trabalham em empresas de grande porte, de diferentes ramos
de atividade.
Essas medidas visaram garantir uma amostra com suficiente
heterogeneidade, para que os resultados obtidos pudessem ter um espectro
de aplicação mais amplo, e para evitar tendências acentuadas devidas a
agrupamentos ocupacionais, como parece ter ocorrido nos estudos de Mobley
(1979) com enfermeiras, Arnold e Feldman (1982) com contadores, e
Kirschenbaum e Weisberg (1994) com trabalhadores do setor têxtil.
3.3 - Ferramentas Estatísticas Utilizadas