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Estudos e Pesquisas sobre Aspectos Psicológicos da Obesidade em Adolescentes

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Academic year: 2020

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ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE

ASPECTOS PSICOLÓGICOS

DA OBESIDADE

EM ADOLESCENTES*

RENATA S. R. TOMAZ**

DANIELA S. ZANINI***

A

tualmente, a obesidade é considerada uma epidemia mundial (NUNES et al, 2006). Os dados da Organização Mundial de Saúde (2011) demonstram sua propagação mundial, inclusive em países orientais, onde tradicionalmente a obesidade era de baixa prevalência.

Em um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008), uma em cada três crianças entre cinco e nove anos apresenta peso acima do ideal estabelecido pela Organização Mundial de Saúde. O aumento da incidência assim como as consequências associadas à obesidade aviva a necessidade de estudos mais aprofun-dados que visem a compreensão deste fenômeno complexo buscando formas eficazes para seu tratamento, prevenção e promoção de saúde. Assim, estudos que busquem avaliar o impac-to que mudanças cognitivas e comportamentais relacionadas ao hábiimpac-to de vida saudável, o diagnóstico de comportamentos alimentares de risco de forma precoce e o desenvolvimento da obesidade, assim como para o desenvolvimento de programas de intervenção são bem vindos, sobretudo quando associados à faixa etária da adolescência.

Resumo: este artigo pretende descrever, através de estudo de revisão sistemática em duas

ba-ses de dados brasileiras (Scielo e BDTD), aspectos psicológicos da obesidade em adolescente brasileiros. São poucos os estudos relacionados com esta temática no Brasil: no Scielo apenas 0,08% e no Banco de Dados de Teses e Dissertações, 1,2%. Observa-se a importância de se desenvolver estudos nesta área.

Palavras-chave: Obesidade. Adolescência. Aspectos psicológicos

* Recebido em: xx.xx.2014. Aprovado em: xx.xx.2014.

** Doutoranda em Psicologia na PUC Goiás. Professora na ALFA (Faculdades Alves Faria). Psicóloga Clínica – Essência Espaço Clínico. Graduada e Mestre em Psicologia pela PUC Goiás. rrtomaz@gmail.com. *** Pós Doutora em Psicologia pela Universidade de Barcelona. Professora na PUC Goiás. Psicóloga Clínica.

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As consequências da obesidade podem ser graves para o indivíduo além de gerar um alto índice de morbidades e mortalidade, e custos elevados para os sistemas de saúde. Os custos dos tratamentos para obesos nos Estados Unidos chegam a 9,1% de todas as despesas da saúde neste país (COSTA; SILVA, 2005). No Brasil estima-se que 12% do total de gastos do Sistema Único de Saúde com consultas, internações e medicamentos são utilizados com pacientes obesos (BUCHALLA, 2003). As altas despesas no tratamento destes pacientes, os índices de incidência, morbidades clínicas e mortalidade, retratam que a obesidade tornou-se mais que um problema individual ou estético, um problema de saúde pública e com impactos sociais significativos. Neste sentido, os estudos sobre o tema vem aumentando assim como começam a aparecer ações governamentais com vistas a prevenção e intervenção. Por exem-plo, embora em Goiás uma busca ao site Oficial do Governo do Estado utilizando como palavra chave o termo obesidade não apresentou resultado, foi divulgado uma ação destinada aos alunos da rede pública. Trata-se da Semana Saúde na Escola, na qual se verifica o índice de massa corporal dos alunos, orienta-se para práticas nutricionais e encaminha-se os estudantes que apresentam obesidade para tratamento específico. Este programa é oferecido a 12 escolas estaduais e municipais, de Goiânia. Outros centros de saúde privados oferecem atendimentos psicológicos individuais, privilegiando o tratamento de crianças e adolescentes que já apresen-tam a doença (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS, 2012).

Idealmente as diferentes especialidades em saúde devem desenvolver estratégias de atua-ção para enfrentar a obesidade baseada nos três níveis de atendimento em saúde. Com a finalidade de promover e manter comportamentos alimentares saudáveis, prevenir a proliferação desta pato-logia, tratar pacientes obesos através das técnicas psicológicas, e atuar frente às políticas de saúde públicas através da educação, de pesquisas e de intervenções nesta área (STRAUB, 2005).

Para Abalo e Alarcón (2005), existem quatro grandes áreas de atuação do psicólo-go da saúde: promoção e incremento da saúde; prevenção de variáveis psicológicas de risco; avaliação, tratamento e reabilitação de transtornos específicos; análise e melhora do sistema e serviços de atenção à saúde.

Além disso, embora tratamentos para a obesidade estejam descritos em muitos tra-balhos, no contexto brasileiro nenhum deles abordam o tema de forma global, como pro-moção da saúde, percepção e redução do risco, tratamento e reabilitação (CORDAS, 2005).

Duchesne (2001) afirma que as técnicas de intervenção, mais eficazes, em pacientes com obesidade são baseadas na Terapia Cognitiva Comportamental, como por exemplo, as técnicas de auto monitoração e planejamento alimentar, com a finalidade de evitar exposição de pacientes com obesidade a situações de risco, que podem favorecer a alimentação excessiva e inadequada.

O treino em habilidades sociais seria outra possível técnica a ser utilizada com a finalidade de diminuir emoções como ansiedade, tristeza, o que pode favorecer a alimentação disfuncional (CABALLO, 2006). As habilidades sociais são consideradas uma forma ade-quada de um indivíduo expressar seus sentimentos e pensamentos. Através disto é possível controlar que eventos futuros que geram desconforto ocorram novamente.

O habilidade no enfrentamento de problemas é outra habilidade importante no tratamento de obesos, já que estes tendem a enfrentar de forma inadequada seus problemas, contribuindo para o aparecimento de estresse (TOMAZ; ZANINI, 2009). Através do treino de coping ocorre uma modificação comportamental e cognitiva que propicia formas funcio-nais de lidar com problemas, consequentemente, diminuindo o estresse (OLIVEIRA, 2011).

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As estratégias de enfrentamento como a busca de apoio social durante um processo de emagrecimento pode ser de suma importância. O desenvolvimento do apoio social em pa-cientes obesos, relacionado a amizades, intimidade e lazer melhora sua capacidade psicológica e social, o que favorece seu emagrecimento (SILVA; PAIS-RIBEIRO; CARDOSO, 2009).

Vale destacar que a causa da obesidade não se baseia num único processo. Vários fatores podem contribuir para o surgimento dessa patologia, como fatores socioeconômicos, culturais, biológicos e psicológicos (Nunes et al., 2006). Fatores socioeconômicos e culturais como desemprego, êxodo rural; ou biológicos como predisposição genética; ou fatores psico-lógicos como perfil da personalidade, estresse, entre outros. Um fator relevante que pode se relacionar à obesidade, seria a adolescência, aja vista que é um momento da vida das pessoas de grande impacto psicológico.

OBESIDADE X ADOLESCÊNCIA

A adolescência é vista como uma fase conturbada e associada a diversos estressores (ARPINI; QUINTANA, 2003; SALLES, 2005). Para a Organização Mundial da Saúde, a faixa etária que corresponde à adolescência é compreendida entre os 10 e 19 anos (Guariglia; Bento; Hardy, 2006). Contudo, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2006) considera a fase da adolescência como aquela compreendida entre os 11 e 18 anos. Em-bora para fins jurídicos e sociais seja necessário definir, em anos, a adolescência, esses limites não estão bem definidos na vida cotidiana pois relacionam-se a aspectos muitas vezes subjeti-vos e individuais. Neste sentido, Ballone (2003) propõe uma definição de adolescência mais voltada para as características vivenciais do adolescente. Para ele, a adolescência é vista como o período em que o indivíduo se afasta do seio familiar e parte para sua inserção no mundo adulto. Esta definição, embora descreva as vivências relacionadas a esta etapa do desenvolvi-mento, é ampla demais para que nela se congregue diferentes interpretações.

Assim, pode-se dizer que adolescência é um período de transição entre a infância e vida adulta marcado por mudanças cognitivas, sociais e pessoais significativas, em que o indivíduo busca maior autonomia, ampliação de seu meio social e novas formas de se interagir com o mundo. Esta fase pode ser identificada como um momento de transição, e talvez por isso marcada por adaptações pessoais e sociais significativas, e que, muitas vezes, podem ser fontes de estresse. Entre essas modificações estão aquelas relacionadas ao próprio corpo e a imagem corporal e as exigências sociais relacionadas a ele. A busca pelo corpo ide-al pode prejudicar o desenvolvimento do adolescente, e desenvolver psicopatologias como depressão, ansiedade.

Neste sentido, o presente estudo pretende avaliar o desenvolvimento de artigos abordem a obesidade e estratégias de intervenção nesta área, em adolescentes.

MÉTODO

O método utilizado neste trabalho foi a realização de uma revisão sistemática, com a finalidade de compreender como um determinado tema tem sido pesquisado e estudado.

“Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e

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siste-matizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada” (SAMPAIO;

MANCINI, 2007, p. 84).

Neste estudo foi realizada uma revisão sistemática em dois bancos de dados brasi-leiros de grande repercussão na comunidade científica deste país. No dia 18/08/2014 foram selecionados artigos na base de dados do Scielo e trabalhos no Banco de Dados de Teses e Dis-sertações (BDTD), através dos seguintes passos: 1. Foram selecionados estudos sobre obesida-de; 2. Posteriormente trabalhos sobre obesidade e psicologia; 3. Por último, foi acrescentada a palavra adolescência as demais. Assim foi possível verificar os dados abaixo.

RESULTADOS

Os resultados foram analisados por meio da revisão sistemática de estudos e pesqui-sas realizadas no Brasil sobre a obesidade na adolescência. Foi possível perceber que poucos artigos abordam a problemática como aponta a Tabela 1. Dos 1257 artigos encontrados sobre obesidade apenas um artigo desenvolveu o tema sobre aspectos psicológicos da obesidade em adolescentes. Mesmo assim o artigo apresenta uma amostra mista de crianças e adolescente, porém com dados significativos que serão abordados posteriormente.

O Banco de Dados de Teses e Dissertações (BDTD) demonstrou um índice maior, em comparação ao Scielo, porém, de 500 trabalhos sobre obesidade, apenas 6 abordaram a relação entre obesidade e aspectos psicológicos em adolescentes (como demonstra a Tabela 2). Tabela 1: Revisão sistemática obesidade, psicologia e adolescência.

Obesidade Scielo BDTD

Total 1257 500

Em Relação à Psicologia N

% 2,329 %N 10020

Em Relação à Psicologia e a Adolescência N

% 0,081 %N 51

Fonte: Bancos de dados Scielo e Banco de Dados de Teses e Dissertações (BDTD) em 11/08/2014. SCIELO

Avaliação de depressão, problemas de comportamento e competência social em crianças obesas (LUIZ, GORAYEB; LIBERATORE JÚNIOR, 2010).

Este artigo teve como objetivo “avaliar a ocorrência de depressão, problemas com-portamentais e competência social em crianças obesas, comparativamente a crianças não obesas” (LUIZ, GORAYEB; LIBERATORE JÚNIOR, p. 42, 2010). Essas crianças tinham idade entre 7 e 13 anos, ampliando a amostra para adolescentes também, no total foram 90 sujeitos, em que 60 obesos e 30 com o peso adequado à idade. Para a coleta dos dados os instrumentos utilizados foram ficha de identificação dos dados sociodemográficos, inventário de depressão para crianças e inventário de comportamentos da infância e adolescência. De acordo com os dados foi possível observar uma diferença significativa entre crianças obesas e não obesas.

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OBESIDADE E DEPRESSÃO

De acordo com os resultados obtidos no inventário de depressão, as crianças e adolescentes obeso estão mais propensos a desenvolver depressão em comparação com a po-pulação não clínica. Pois a amostra clínica apresentou escore de 43,3% (respostas iguais ou acima da média) em contrapartida o grupo não obeso demonstrou 3,3% de respostas acima da média.

OBESIDADE E COMPORTAMENTO

Os resultados do inventário de comportamentos da infância e adolescência apon-taram que as crianças e adolescentes obesos apresentam comportamentos disfuncionais em relação a amostra não obesa. Por exemplo, 63,3% dos integrantes da população obesa apre-sentaram distúrbios internalizantes e 21,7% dessa mesma amostra apontou distúrbios exter-nalizantes, sendo que nenhum integrante da população não obesa apresentou distúrbios. BDTD

O resultado das buscas no BDTD revelou cinco trabalhos relacionados ao tema de estudo neste artigo. A descrição detalhada dos métodos e resultados encontrados estão refe-ridos no Quadro 1.

Quadro 1: Descrição dos estudos apresentados pela BDTD.

Autor Método Resultados

Abbud (2010) Neste trabalho a autora desenvolveu 3 estudos com métodos diferentes (descritos abaixo).

Todos os estudos apontaram para uma correlação entre propaganda de alimentos na televisão com má alimentação, sobre peso e obesidade.

Queiroz

(2010) Os dados deste trabalho foram coletados em 47 prontuários de pacientes obesos e com deficiência intelectual.

Destes adolescentes 40,4% apresentou Síndrome de Down, e a obesidade aumenta com o decorrer dos anos de vida, entre outros dados.

Bárbara

(2011) O teste de Rorschach foi utilizado em 7 adolescentes, com compulsão alimentar, para a avaliação de comportamentos alimentares.

Os comportamentos desses adolescentes estão relacionados a problemas com o contato social, com o mundo interno e com a modulação do afeto, entre outras. Foi observado também, um ambiente familiar falho.

Mugarte

(2012) Os dados apresentados foram obtidos através do teste de Rorschach, em que se avaliou as respostas dos adolescentes em relação as figuras parentais.

Os resultados demonstraram que os adolescentes com transtornos alimentares e obesidade apresentam propensões a baixa auto estima, a distorções da imagem corporal, e problemas com a identidade sexual. Santos (2013) Foram feitas entrevistas com adolescentes,

do sexo feminino e com obesidade. Os dados demonstram a importância da relação da mãe com meninas na infância, e que essa relação interfere no surgimento da obesidade.

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Abbud (2010)

Este autor abordou em seu trabalho 3 pesquisas, realizadas em Manaus – Amazo-nas, em que:

• A primeira possuía como objetivo geral verificar “a quantidade de alimentos veiculados pe-las principais redes de canal aberto da televisão brasileira, bem como a qualidade nutricio-nal destes alimentos” (ABBUD, 2010, p. 47). Foram gravadas as propagandas, em torno de 12 gravações das principais redes de televisivas da região, os conteúdos foram divididos em 17 categorias de alimentos. De acordo com a análise estatística realizada através de um pacote estatístico, as propagandas alimentícias aparecem com maior frequência a noite, depois a tarde e por ultimo no período matutino. As propagandas abordam os seguintes alimentos: 40,2% produtos lácteos, carnes, ovos e leguminosas, além de açucares e óleos; 33,5% cereais, tubérculos e raízes; 26,3% hortaliças e frutas.

• No estudo 2, Abbud (2010) procurou identificar “... o conteúdo das propagandas de ali-mentos, incluindo os apelos emocionais e racionais associado ao produto promovido” (p. 75). Participaram como juízes desse estudo 30 universitários, de ambos os sexos, entre 18 e 23 anos, de uma universidade da região, que julgaram os conteúdos de 15 propagandas, em que caracterizaram, principalmente, os sentimentos e ideias associadas ao produto. A análise dos dados foi realizada por meio de um pacote estatístico. As propagandas ana-lisadas demonstraram agregação do produto à promoções e premiações, desenvolvendo sentimentos e emoções agradáveis e de satisfação nos juízes.

• O objetivo do estudo 3 foi “investigar os hábitos de compra de alimentos e os hábi-tos alimentares dos adolescentes, relacionando-os à ocorrência de sobrepeso e obesidade” (ABBUD, 2010, p. 105). A amostra foi constituída de 94 adolescentes, estudantes do instituto de educação do Estado do Amazonas, com idade variando de 14 a 17 anos, de sexo variado. A pesquisa determinou o índice de massa corporal (IMC) dos adolescentes e realizou uma entrevista com o intuito de identificar os hábitos alimentares dos adoles-centes. “A propaganda foi um dos fatores associados à decisão de compra dos alimentos” (ABBUD, 2010, p. 10). Os adolescentes consomem alimentos engordativos, como gordu-ra e açucares, e as propagandas podem contribuir pagordu-ra o excesso de peso.

Ao avaliar a repercussão da televisão e de suas propagandas sobre alimentos, pode-se constatar que existe uma influência direta no consumo de alimentos. Quão intensamente estas publicidades se focarem em alimentos não saudáveis e engordativos, com altos índices de calorias, gorduras, aumenta-se a incidência do consumo desses alimentos na população, prin-cipalmente entre os adolescentes. O que sugere a importância desses veículos de informação na prevenção da obesidade e no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.

Queiroz (2010)

A autora realizou um estudo sobre coorte histórica, na Sociedade Pestalozzi de São Paulo, com 47 sujeitos obesos com alguma deficiência intelectual, entre 11 e 20 anos. O objetivo deste trabalho se baseia em verificar “... por meio do relato de pais e de equipe in-terdisciplinar as facilidades e as dificuldades à adesão de adolescentes obesos com deficiência intelectual e de suas famílias para cumprir programa de orientação e prevenção das complica-ções da obesidade” (QUEIROZ, 2010, p. 6).

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Os resultados foram avaliados através do Programa Excel. Os adolescentes obesos apresentam com maior frequência Síndrome de Down (40,4 %), as famílias se caracterizam com fatores socioeconômicos deficientes, como baixa escolaridade, e renda familiar entre 1 a 2 salários mínimos. A autora avaliou que a dificuldade dessas famílias em aderirem ao pro-grama se deve a falta de locais propícios para a realização de atividade física, ao custo elevado dos alimentos propostos, a carência de independência dos adolescentes, e a baixa adesão da amostra nas reuniões realizadas pela equipe do projeto. Estas avaliações podem contribuir para a modificação do programa para se adequar a realidade desta amostra.

Bárbara (2011)

Neste estudo, o “... objetivo principal da pesquisa é ampliar a compreensão sobre a dinâmica psíquica dos adolescentes com compulsão alimentar a partir do método de Rors-chach” (BÁRBARA, 2011, p. 70). Com 7 adolescentes, entre 10 e 19 anos, 5 do sexo femi-nino e 2 do masculino, que preencheram um questionário sobre alimentação e peso, como também submetidos ao Rorschach.

De acordo com a análise dos dados foi possível perceber que os adolescentes com compulsão alimentar possuem dificuldades em se relacionar, além de dificuldades com seu mundo interno e na apresentação de sua afetividade, estas características se desenvolvem de-vido a um ambiente familiar falho. O alimento pode ser uma forma desses jovens buscarem a homeostase. Já que não conseguem se expressar e resolver seus problemas, eles buscam alívio e conforto no alimento.

Mugarte (2012)

O objetivo geral da autora se baseia em:

Estabelecer possíveis relações entre as representações de si e dos objetos das figuras paren-tais a partir das respostas dadas por adolescentes com transtornos alimentares (bulimia nervosa e anorexia nervosa) e obesidade, ao método de Rorschach e as características da dinâmica familiar, identificadas por meio de técnicas sistêmicas (MUGARTE, 2012, p. 49) Participaram da pesquisa qualitativa 3 famílias, na Universidade Católica de Bra-sília, através dos seguintes instrumentos: entrevista semi estruturada, genograma familiar, Rorschach.

De acordo com a análise dos dados foi possível identificar que as famílias possuem características como origem materna, fartura em alimentos contemporâneos, a comida pode representar uma forma de vínculo entre seus integrantes. De acordo com o teste de Rors-chach, os adolescentes apresentam baixa autoestima, inseguranças, distorções do esquema e imagem corporal, e dificuldades em sua identidade sexual. Estes dados podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias de intervenção nesta população.

Santos (2013)

Santos procurou identificar se problemas na relação mãe e filha pode interferir no desenvolvimento da obesidade na adolescência, para isso o autor utilizou fundamentações

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teóricas psicanalíticas. A pesquisa se baseou no método qualitativo, através de entrevistas rea-lizadas com adolescentes obesas ou com sobrepeso, entre 13 e 18 anos, que realizaram algum atendimento em uma Clínica-Escola de Maceió, Alagoas. De acordo com Santos (2013), de-ficiências na relação entre mães e filhas, nos estágios precoces do desenvolvimento da menina, podem contribuir para o surgimento da obesidade na adolescência.

Os achados de Santos (2013) podem contribuir para o desenvolvimento de estra-tégias para a prevenção da obesidade, haja vista que ao se prevenir tais falhas na relação mãe e filha na infância pode-se evitar que essas meninas na adolescência não se tornem obesas. CONCLUSÃO

Os dados dessas pesquisas a importância de se estudar a temática obesidade, e como afeta a fase da adolescência, porém os estudos não demonstraram estratégias de intervenções nesta área. A maioria dos estudos conseguiu identificar características sobre a amostra, variá-veis que interferem no desenvolvimento da obesidade. Entretanto não foi identificado nestes estudos propostas de intervenção como programas para o desenvolvimento de propostas edu-cativas, com foco em hábitos de vida e alimentares saudáveis, e/ou projetos com o objetivo de prevenir a incidência e a frequência da obesidade em adolescentes.

Assim pode-se observar a importância de pesquisas e estudos que proponham ou que demonstrem como desenvolver formas de tratamentos psicológicos em adolescentes obe-sos ou com sobrepeso, com a finalidade de prevenir doenças em futuros adultos.

STUDIES AND RESEARCH ON OBESITY AND PSYCHOLOGY IN ADOLESCENTS Abstract: this article intends to describe, through systematic review study in two Brazilian

data-bases (SciELO and BDTD), psychological aspects of obesity in Brazilian adolescents. Few studies related to this subject in Brazil: in SciELO only 0.08% and the BDTD, 1.2%. Note the impor-tance of developing research in this area.

Keywords: Obesity. Adolescence. Psychological aspects. Referências

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Tabela 1: Revisão sistemática obesidade, psicologia e adolescência.

Referências

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