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Impacte nas perceções dos visitantes da cidade de Braga da realização do evento Cidade Europeia do Desporto 2018

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual CC BY-NC-SA

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iii AGRADECIMENTOS

Com o culminar desta fase académica da minha vida, não posso deixar de agradecer aos meus pais por me apoiarem em todos os momentos da minha vida com paciência e carinho, e me darem todas as ferramentas que preciso para concluir os meus estudos, e também para vencer na vida. Por serem um exemplo de coragem, de bondade e de amor incondicional, obrigado Pai e Mãe.

Aos meus irmãos, que sempre foram a minha ponte com a vida adulta, que sempre me orientaram e aconselharam, que sempre estiveram do meu lado em todos os momentos e me deram a mão para poder atravessar todos os altos e baixos do meu percurso, e todas as decisões difíceis. Obrigado Olegário e Anabela.

Quero agradecer também à pessoa que me ajudou em todos os momentos, me dá amor incondicional, para poder atravessar qualquer dificuldade e faz todos os meus dias ficarem mais bonitos. Obrigado Daniela por seres a melhor namorada que poderia desejar.

A toda a minha família, que sempre me ajudou em tudo o que precisei e nunca deixará de estar presente na minha vida.

Aos meus amigos que nunca deixaram de estar a meu lado, me ajudaram em todos os momentos e trazem alegria ao meu dia-a-dia.

Ao meu orientador, professor José Cadima Ribeiro, por confiar no meu trabalho e me ajudar e apontar o caminho correto nesta investigação, exprimo-lhe um especial apreço. Agradeço-lhe, também, a disponibilidade e prontidão para ajudar em tudo que fosse possível.

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iv

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

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Impacte nas perceções dos visitantes da cidade de Braga da realização do evento Cidade Europeia do Desporto 2018

RESUMO

O ano de 2018 ficou marcado em Braga, a nível desportivo, pelo facto de a cidade ser Cidade Europeia do Desporto (CED), uma distinção concedida pela ACES, uma entidade europeia do desporto.

Na presente dissertação, vai-se tentar compreender de que forma este megaevento pôde influenciar a perceção que os visitantes e participantes nos eventos da CED retiveram da cidade de Braga, enquanto destino turístico.

Um levantamento bibliográfico permite capacitar quais são os aspetos que devem ser estudados para conseguir entender melhor os resultados que devem ser esperados do evento “Braga Cidade Europeia do Desporto 2018”. Daí, percebeu-se também que este tipo de eventos tem crescido em termos de importância, assim como os seus resultados têm sido cada vez mais positivos. De uma forma genérica, compreendeu-se também que devem ser mobilizados vários esforços em matéria de planeamento desses mesmos eventos para que os impactes positivos possam ser majorados e os negativos minorados. Aparte um bom planeamento do evento, isso requer, entretanto, que sejam feitos importantes investimentos.

Com o objetivo de conseguir perceber quais foram os impactes na cidade de Braga percebidos pelos visitantes da CED 2018 desenhou-se um questionário. Este questionário aplicou-se aos transeuntes dos espaços onde ocorreram alguns dos eventos da CED 2018, e tinha como objetivo principal entender como eram percecionadas diferentes qualidades da cidade de Braga e também do evento, em si.

De um modo geral, conseguiu-se perceber que a cidade de Braga está, de facto, preparada para receber este tipo de eventos desportivos, e que as perceções dos visitantes não ficaram prejudicadas por tal acontecimento. Há, efetivamente, pessoas que visitam a cidade de Braga motivados por este tipo de eventos, e que trazem receita para o comércio local. Com isto, entendemos que o evento proporciona turismo sustentável, composto por visitantes que ficam satisfeitos com a sua visita, e com vontade de voltar.

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Impact on the visitors of the city of Braga perception on the European City of Sport 2018

ABSTRACT

The year 2018 was distinguished in Braga at the sporting level by the fact that the city was a European City of Sport, as designated by ACES, a European sports entity.

In this dissertation, we will try to understand how this event can influence the perception that visitors and participants kept about the city of Braga as a tourist destination.

A review of the literature allows us to understand which aspects should be studied in order to better understand the results that should be expected from the event “Braga European City of Sport 2018”. Hence, it was also realized that this type of event has grown in importance, as well as its results have been increasingly positive. In general, it was also realized that several efforts should be mobilized in planning these same events so that the positive impacts can be increased, and the negative ones reduced. Apart from good event planning, this requires, however, that important investments are made.

In order to understand the impacts on the city of Braga as tourism destination of the visitors’ perceptions on CED 2018 a questionnaire was designed. This survey was applied to passersby of the surroundings where some of the CED 2018 events took place, and its main objective was to understand how were perceived different qualities of the city of Braga and the event, itself. In general, one could conclude that the city of Braga is indeed prepared to host this type of sporting event, and that visitors' perceptions were not harmed by hosting such an event. There are in fact people visiting the city of Braga motivated by this type of events, and who bring revenue to local businesses. In such a case, we realize that the event provides sustainability to its tourism industry, made up of visitors who are satisfied with their visit and are willing to return.

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vii ÍNDICE Agradecimentos ... iii Resumo ... v Abstract ... vi índice ... vii índice de quadros ... ix índice de Figuras ... ix

Listas de abreviaturas e siglas ... x

1. Introdução ... 11

2. Olhar sobre o turismo ... 13

2.1. Definições fundamentais ... 13

2.2. Turismo desportivo ... 15

2.3. Tipos de turistas desportivos ... 16

2.4. Infraestruturas desportivas ... 17

2.4.1. Tipos de instalações desportivas ... 18

2.4.2. Gestão de instalações desportivas ... 19

3. A génese das cidades europeias do desporto e respetivos propósitos ... 21

3.1. ACES Europe ... 21

3.2. Benefícios e obrigações... 21

3.3. Esforços desenvolvidos na organização da uma CED ... 22

3.4. Cidade Europeia do Desporto ... 23

3.5. Cidades europeias do desporto e respetivos impactes ... 24

3.5.1. Resultados e Impactes de Grandes Eventos Desportivos ... 24

3.5.2. Impactes socioeconómicos... 25

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3.5.4. Impactes a nível de equipamento ... 26

3.6. Medir resultados ... 27

3.6.1. Resultados de iniciativas similares ... 28

4. Braga ... 30

3.1. Contextualização histórica e geográfica ... 30

3.2. Análise dos principais indicadores do desporto e cultura ... 30

3.3. Candidatura de Braga a CED 2018: princípios orientadores da candidatura formulada ... 31 5. Pressupostos Metodológicos ... 33 5.1. Opções metodológicas ... 33 5.2. Objetivos ... 34 5.3. Técnicas de investigação ... 36 5.3.1. Pesquisa Documental ... 36

5.3.2. Inquérito por questionário ... 36

5.4. Análise dos dados ... 38

6. Análise e tratamento dos dados recolhidos ... 39

6.1. Análise sociodemográfica ... 39

6.2. Análise e caracterização das visitas ... 41

6.3. As perceções dos visitantes ... 43

6.3.1. Perceções da Cidade de Braga ... 44

6.3.2. Avaliação da CED 2018 ... 47

6.3.3. A relação entre os visitantes motivados pela CED 2018, e outros. ... 49

6.3.4. Relacionar os gastos com outras variáveis ... 51

6.3.5. Relação entre a intenção de voltar à cidade de Braga e as visitas motivadas pela CED 2018?.. ... 54

7. Considerações Finais ... 56

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9. Apêndices... 64

Apêndice 1... 64

ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 - Cidades Europeias do Desporto ... 23

Quadro 2 - Impactos financeiros de eventos similares ... 29

Quadro 3 - Caracterização sociodemográfica da amostra ... 39

Quadro 4 - Análise dos gastos... 43

Quadro 5 - Perceções dos visitantes sobre a cidade ... 44

Quadro 6 - Perceções dos residentes sobre a cidade ... 46

Quadro 7 - Perceções dos visitantes sobre a CED 2018 ... 47

Quadro 8 - Perceções dos residentes sobre a CED 2018 ... 49

Quadro 9 - Relação entre os visitantes motivados pela CED 2018, e outros ... 50

Quadro 10 - Análise a médias de gastos ... 52

Quadro 11 - Normalidade de dados dos gastos diários ... 53

Quadro 12 - Correlação entre gastos diários e braga como destino turístico ... 53

Quadro 13 - Tabulação cruzada entre intenção de voltar a Braga e visita ligada á CED 54 Quadro 14 - Teste qui quadrado ... 55

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Junção do turismo e do desporto ... 15

Figura 2 - Grupos de idade dos inquiridos ... 40

Figura 3 - Transporte e estadia dos inquiridos ... 42

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x LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ONU – Organização das Nações Unidas

ACES – Associação Europeia de cidades e capitais de desporto

CED – Cidade europeia do desporto

UNWTO - World Tourism Organization

PIB – Produto interno bruto

GP – Grand-Prix (competição de motociclos)

INE – Instituto nacional de estatística

IBM - International Business Machines

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (software estatístico)

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11 1. INTRODUÇÃO

Ao longo da presente dissertação, será feita inicialmente uma revisão bibliográfica sobre o tema apresentado, para se puder obter uma visão ampla sobre o assunto e um ponto de partida bem assente em factos. Esta revisão serve também para se saber o que já foi publicado, todas as limitações e sucessos já apresentados sobre a temática. Posteriormente, irá ser estabelecida a metodologia a ser seguida de acordo com os objetivos definidos. Para finalizar, é importante realizar-se a análise dos dados, da parte empírica do estudo, que contém análises estatísticas importantes, que culminam com as conclusões que se retiraram sobre o estudo.

No paradigma atual no turismo, desenham-se novas problemáticas relacionadas com o desenvolvimento de um turismo sustentável. Tal como foi afirmado por Goncalves (1996, citado por Budeanu, 2002), “tourism is not the smokeless industry it claims to be”, considerando que há também efeitos negativos do turismo, e da sua indústria. Estes efeitos podem ir desde a criação de empregos precários e de baixa qualidade (Budeanu, 2002) até os impactes ambientais que daí advêm, por exemplo, com as viagens de avião.

Uma das preocupações que se pronuncia cada vez mais é também o facto de o turismo em massa poder estragar a economia local para a comunidade recetora, tendo como exemplo disso o mercado imobiliário de grandes cidades turísticas, cujos preços ficarem inflacionados, e assim insuportáveis para a comunidade local. Também o facto de não haver por vezes infraestruturas suficientes para receber um grande número de turistas pode levar ao desenvolvimento de serviços de fraca qualidade, comprometendo assim, a médio e longo prazos, a qualidade turística de um dado local, e afastando os locais dos centros turísticos (Hof & Blázquez-Salom, 2013).

É cada vez mais recorrente a organização de eventos por parte de municípios, incluindo megaeventos, esperando com isso dinamizar as cidades a vários níveis. Estes grandes eventos, que podem ser culturais ou desportivos, têm como objetivo desenvolver as cidades em benefício das suas populações aos níveis económico, financeiro e social (Mules & Faulkner, 1996).

Os grandes eventos envolvem a participação de várias entidades públicas e privadas, que resultam quase linearmente em investimentos avultados, e assim este tipo de estudos deve tentar clarificar se estes investimentos são ou não justificados, e se se trata de eventos que trazem realmente verdadeiros benefícios aos territórios que os acolhem (Késenne, 2005). Assim acontece também na cidade de Braga, que foi uma das Cidades Europeias do Desporto em 2018.

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• Quais os impactes de Braga Cidade Europeia do Desporto 2018 no turismo da cidade, de acordo com as perceções de visitantes e residente?

A partir desta questão desenhou-se um objetivo principal bem claro para toda a investigação, que é averiguar se o evento CED 2018 teve impacte na perceção da cidade de Braga como destino turístico.

No seguimento do objetivo geral enunciado, foram também estabelecidos alguns objetivos subsidiários, que ajudam a conseguir dar resposta ao objetivo principal. Há assim uma necessidade clara em compreender quais são os respetivos componentes do turismo desportivo. Outro objetivo subsidiário que se definiu foi perceber quais são as perceções dos visitantes e dos residentes quanto à cidade de Braga como destino turístico e também quais são as perceções dos visitantes e dos residentes quanto ao evento CED 2018. Com isto traçou-se mais um objetivo acessório que é identificar se houve grandes diferenças nas perceções e experiências dos indivíduos que tinham como motivação principal a participação na CED 2018 e daqueles que tinham outras motivações.

Em expressão desse evento, pretende-se com esta investigação perceber se há evidências de que estes tipos de eventos são realmente importantes e dinamizam as cidades na proporção esperada. Para este efeito, desenhou-se um questionário a aplicar nos eventos da CED 2018, para poder obter a informação relevante que permitisse tirar conclusões que respondessem aos objetivos definidos

Em enunciado genérico, pretendeu-se procurar perceber junto dos turistas que visitaram a região no período que decorreu o evento qual foi a perceção que eles retiraram deste evento e da região, em si.

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13 2. OLHAR SOBRE O TURISMO

2.1. DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS

O turismo é atualmente um setor importante na sociedade, pois desempenha papéis muito fortes em várias componentes muito valorizadas, como a económica, a cultural e a social (Pender, 2004). Nem sempre foi assim, apesar de desde cedo as pessoas se movimentarem no espaço com várias motivações, e já nesta fase se criavam fundações para que se criasse a profissão do guia turístico, uma vez que desde sempre foi preciso um individuo que orientasse e protegesse terceiros das ameaças naturais, como por exemplo animais ferozes (Brito, 2010).

A palavra turismo só ganha significado aproximadamente no seculo XVI, quando os filhos de famílias inglesas com vastas posses económicas foram enviados para conhecer outros recantos do mundo, para conhecerem diferentes culturas e países e assim completarem a sua educação (Brito, 2010). As primeiras agências de viagem aparecem ainda no seculo XIX e, em 1872, deu-se espaço a organização da primeira volta ao mundo (Esteves, 2002).

A primeira definição de turista surge em 1937, por parte da Sociedade das Nações, para ajudar ao estabelecimento de estatísticas internacionais. Turista passa a ser qualquer pessoa que viaje para um país diferente da sua residência habitual por um período superior a 24 horas. Apenas mais tarde se inseriu o termo visitante, com a intervenção da comissão de estatística da ONU, em 1953, que assim define o visitante como sendo aquele que não é residente, tendo a intenção de permanecer no país durante um ano, no máximo, sem aí exercer uma profissão remunerada. Apenas em 1968 a mesma comissão de estatística da ONU aceitou a definição de excursionista, que é distinta do turista e assim se organizaram as definições que estão mais atuais e bastante popularizadas (Cunha, 2010).

De um modo geral, os viajantes são todos aqueles que viajam, saindo do seu local de residência habitual. Os turistas são os visitantes que permanecem mais de 24 horas ou os que passam pelo menos uma noite num estabelecimento de alojamento no país/lugar visitado e cuja viagem se prende com motivações de lazer (diversões, férias, saúde, estudos, religião e desportos) ou negócios. Os excursionistas são visitantes que permanecem menos de 24 horas no país/lugar visitado e não passam uma noite num estabelecimento de alojamento do local. Já outras pessoas que se desloquem da sua residência podem não fazê-lo com o intuito de visitar o destino, nem por motivações de negócio, assim como é o exemplo dos asilados ou refugiados. Assim se deu a

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evolução da designação atribuída aos participantes no turismo, que foi evoluindo com necessidade de organizar a estatística internacional (Cunha, 2010).

Segundo o mesmo autor (Cunha, 2010), e na conclusão do seu trabalho, é sugerida a seguinte definição para o turismo: “conjunto das atividades lícitas desenvolvidas por visitantes em razão das suas deslocações, as atracões e os meios que as originam, as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades e os fenómenos e relações resultantes de umas e de outras” (Cunha, 2010, p. 19). Nesta definição, o autor teve em conta vários aspetos que considera importantes, depois de uma vasta análise a várias propostas para definir o turismo. Esta definição comporta o conjunto da atividade que são desenvolvidas pelos visitantes, excluindo aquelas que são ilícitas. Incluí também o termo visitante, de acordo com a definição da UNWTO, assim como a deslocação que este efetua, representando o movimento dos visitantes entre os lugares de destino e origem, e englobando assim todas as atividades realizadas durante antes e durante a dada visita.

Também levado em conta nesta definição são as atrações que originam as visitas, sejam elas naturais ou artificiais, tangíveis ou intangíveis, assim como as facilidades criadas, como são as infraestruturas de apoio criadas para facilitar toda esta atividade. Num ponto importante desta definição são ainda considerados os fenómenos e relações, sejam económicos, psicológicos, sociais, culturais, políticos, geográficos ou ambientais, e também todas as interações entre os visitantes e as comunidades resultantes das visitas (Cunha, 2010).

Este é um debate que continua aberto, pois é difícil encontrar a definição que englobe todas as especificidades que o turismo engloba, mas segundo Lesley Pender e Richard Sharpley (2004), a definição mais aceite neste momento é a fornecida pela UNWTO, dada na Conferencia Internacional e Estatística de Viagens e Turismo de Ottawa, em 1991, que é a seguinte: as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros (Pender e Sharpley 2004, p.3). Fundamentalmente, é importante que seja uma deslocação de alguém, para fora do local onde vive, ou que frequenta regularmente, especificamente por tempo inferior a um ano consecutivo, tendo por fim lazer, negócios ou outros, sendo que nunca poderá receber uma remuneração no local que visita. É, portanto, importante perceber, então, que o turismo pode divido nas seguintes distinções básicas:

• Turismo doméstico: aquele que leva viajantes ou visitantes aos locais do seu próprio pais;

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• Turismo recetor: residentes de outro país a visitar um outro (país recetor); • Turismo emissor: turismo gerado por um dado país (emissor) de pessoas que

visitam outro;

No seguimento desta investigação, importa também perceber que o turismo pode ter outro tipo de razões, conforme as motivações dos visitantes. Esta distinção revela-se essencial para se conseguir perceber qual é o público que será estudado nesta dissertação. Sob a direção de Amparo Sancho (1998), no livro publicado pela UNWTO e intitulado “Introducción al Turismo”, citando John Swarbrooke, foram indicadas algumas classificações básicas para as motivações turísticas, tais como: turismo de saúde, turismo de jogo, turismo histórico-artístico, turismo de aventura, turismo de compras, turismo industrial, turismo científico, turismo desportivo, turismo religioso e turismo social (Sancho, 1998).

2.2. TURISMO DESPORTIVO

Numa observação importante, Pedro Guedes de Carvalho e Rui Lourenço (2009), constataram que o desporto e o turismo, nas suas formas contemporâneas, tiveram origem mais demarcadas na revolução industrial e que desde aí tiveram crescimentos e evoluções individuais, mas com um paralelismo bastante interessante. Estes são de facto dois mundos distintos, mas que entram em comunhão naquele que chamamos o turismo desportivo (Figura Nº 1) (Carvalho e Lourenço, 2009).

Figura 1 - Junção do turismo e do desporto

Fonte: (Carvalho e Lourenço, 2009)

Apoiado nas definições de Sean Gammon e Tom Robinson, Thomas Hinch e James Higham (Higham e Hinch, 2018, p.19) definem turismo desportivo como, pessoas a viajar para fora da zona em que vivem ou frequentam habitualmente para participar, de forma ativa ou passiva, em eventos desportivos, sejam eles profissionais ou recreativos. Assim, a definição de

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turista desportivo fica também identificada pelos mesmo autores como, indivíduos ou grupos de pessoas que participam em eventos desportivos profissionais ou recreativos, de forma ativa ou passiva, que para isso necessitam de viajar para fora da zona em que vivem (Higham e Hinch, 2018).

Com isto, entende-se que não há necessidade de ser atleta para fazer turismo desportivo. Todos os participantes de um dado evento desportivo são turistas desportivos, desde que se tenham deslocado da sua residência para participar nesse evento. Assim, incluem-se nestas categorias os atletas, treinadores e público, voluntários e todos os outros agentes desportivos, seja num evento profissional ou não (Higham e Hinch, 2018). Estes autores (Higham e Hinch, 2018) distinguem ainda os turistas que têm o evento desportivo como atividade principal, e o turista que tem o evento desportivo como atividade secundária ou acessória. Assim, distingue-se aqueles que viajam com o único e principal propósito de participar em dado evento desportivo, e que sem esse evento não fariam essa mesma deslocação e os turistas desportivos que não têm como principal propósito a participação num evento desportivo, mas tal acaba por acontecer ao longo da sua deslocação (Higham e Hinch, 2018).

2.3. TIPOS DE TURISTAS DESPORTIVOS

Conforme escreveu Martin Reeves (2000) na sua tese, onde evidenciava a inter-relações evidenciadas no turismo desportivo, é importante também perceber definir e dividir os grupos de turistas que participam em eventos desportivos. Todos eles têm as suas idiossincrasias e especificidades, que acabam por alterar em muito a sua tomada de decisão, o sei nível de participação e envolvimento, assim como os gastos e a receita que significam para o lado da oferta do turismo desportivo.

A essa luz, podem definir-se seis tipos de turistas com diferentes níveis de envolvência para com os eventos desportivos, assim como a importância que estes representam para si.

Num extremo, temos os turistas incidentais. Para eles, a importância de participação nos eventos desportivos é quase nula. Irão apenas participar neste tipo de eventos por mero acaso ou por força dos seus dependes, família ou amigos, e dificilmente repetirão a experiência (Reeves, 2000). Por força de todos estes aspetos, as receitas que se podem esperar deste tipo de participantes são mínimas (Higham e Hinch, 2018).

No seguinte ponto da escala encontramos os turistas desportivos esporádicos. Este tipo de turistas não terá as suas viagens anuais planeadas tendo em vista nenhum tipo de evento desportivo específico, mas poderá participar em algum tipo de espetáculo desportivo ou até

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planear um dia das suas férias para esse fim, se tiver essa oportunidade (Reeves, 2000). Contudo, não se poderá esperar grandes gastos financeiros deste grupo, ou seja, o investimento será também quase o mínimo, a não ser no momento que tem a oportunidade de participar (Reeves, 2000; Higham e Hinch, 2018).

O próximo nível é composto pelos turistas desportivos ocasionais. Estes turistas, tal como o grupo anterior, podem ter atividades desportivas ligadas às suas férias regulares (não orientadas para nenhum evento desportivo), mas distinguem-se por poderem ocasionalmente fazer também ao longo do ano pequenas viagens com foco na participação num evento desportivo. Neste sentido, os seus gastos podem ser altos nessas ocasiões (Reeves, 2000).

Com maior compromisso com os eventos desportivos que o grupo anterior, surge o grupo dos turistas desportivos regulares. Este grupo de turistas poderá fazer várias viagens com orientação desportiva ao longo do ano, no entanto, ao longo dessa viagem, poderá participar em outras atividades que não estão ligadas ao desporto. Este grupo terá ainda investimentos financeiros consideráveis (Reeves, 2000).

O grupo seguinte é o grupo de turistas desportivos dedicados. Este tipo de turista centraliza o desporto como motivo de todas ou quase todas as suas viagens, e tem tendência a participar, ativa ou passivamente, em eventos dentro ou fora do seu país, em eventos de qualquer dimensão. Portanto, como é de esperar este grupo apresenta gastos financeiros extremamente altos e consistentes (Reeves, 2000; Higham e Hinch, 2018).

Já no nível mais alto de compromisso com o turismo desportivo encontra-se o grupo de turistas impulsionados ou determinados. Neste caso, o propósito único do turista é a participação em eventos desportivos, geralmente como participante ativo (atleta), mas também como participante passivo (espetador). Reeves (2000) afirma que as principais motivações deste turista são realmente profissionais, dado que na sua maior parte são realmente atletas que se deslocam com o propósito de treinarem ou participarem num evento oficial. Fundamentalmente, podem esperar-se receitas extremamente altas deste grupo de turistas, contudo, estes gastos são geralmente financiados por terceiros, por exemplo, patrocinadores (Reeves, 2000; Higham e Hinch, 2018).

2.4. INFRAESTRUTURAS DESPORTIVAS

Conforme afirmado por Susana Lucas (Lucas, 2013), considera-se equipamentos desportivos instalações dedicadas a prática de desporto, como são, piscinas desportivas, polidesportivos e campos de futebol, mais ainda espaços que podem surgir naturalmente ou serem

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contruídos, como são, por exemplo, os campos de golfe, ou até pistas de ski.Para ser possível receber um grande evento desportivo, é incontornável o facto de ser necessário dispor de importantes infraestruturas desportivas. Este tipo de infraestrutura deve ser pensado e planificado desde a fase inicial da sua conceção até à sua construção e acabamento.

Segundo estudos efetuados, há vários aspetos a ter em conta quando se decide onde construir um novo recinto desportivo. A economia espacial, mais precisamente, mantendo por referência as teorias de localização de equipamentos terciários, da indústria e da agricultura, tentou perceber quais deveriam ser as considerações a ter em conta ao escolher a localização de infraestruturas desportivas. Estes estudos concluem que instalações básicas devem estar próximas dos mercados de procura, dotando os mesmo de bons planos de manutenção, dado que terão procura intensa. Os mesmos estudos sugerem que as instalações desportivas alternativas e especializadas poderão estar mais longe dos mercados de procura (Cadima Ribeiro et al., 2002). No fundo, deve apoiar-se a decisão da localização em alguns aspetos importantes tais como o estudo dos segmentos dos praticantes desportivos clubes e associações desportivas, confrontando a oferta das instalações desportivas com as possíveis futuras necessidades dessas mesmas infraestruturas (Cadima Ribeiro et al., 2002).

2.4.1. Tipos de instalações desportivas

Recorrendo ao Decreto de lei nº 317/97, de 25 de novembro, as infraestruturas desportivas podem ser classificadas como (Decreto de lei nº 317/97, de 25 de novembro):

• Instalações desportivas de base, que constituem o nível básico da rede de instalações para o desporto, agrupando-se em recreativas e formativas;

• Instalações desportivas especializadas ou monodisciplinares; • Instalações especiais para o espetáculo desportivo.”

Assim, podem ser consideradas instalações de base recreativas aquelas que se destinam a desportistas informais ou casuais, que não se encontram em competição, como será o exemplo de espaços urbanos ou espaços naturais adaptados para percursos, por exemplo, de caminhadas ou corridas, circuitos de manutenção ou até passeios de bicicleta. Encaixam nas instalações de base formativa todas aquelas infraestruturas concebidas especialmente para educação desportiva que garantam acesso a níveis de atividade desportiva especializada, sendo exemplos os grandes campos de futebol, râguebi ou hóquei, assim como pistas de atletismo regulamentares.

Entende-se por instalações desportivas especializadas todas aquelas que são concebidas para atividades monodisciplinares, ou seja, perfeita e especificamente adaptadas para a prática

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de uma única modalidade. São bons exemplos deste tipo de infraestruturas instalações de tiro com arco ou arma de fogo, campos de golfe ou pistas para deportos motorizados.

Por fim, consideram-se instalações especiais para o espetáculo desportivo todas aquelas que são vocacionadas para a realização de iniciativas desportivas integrando uma forte componente de espetáculo. Para isto, o espaço necessita de ter uma capacidade considerável e capacidade para receber meios de comunicação social e, de uma forma geral, para a prevalência de usos associados a eventos com altos níveis de prestação desportiva. Exemplos disso serão estádios de grandes eventos desportivos de futebol ou atletismo ou, até, autódromos ou hipódromos.

Todos estes tipos de recintos deverão estar completamente legais, e assim estarem sujeitos a:

• Aprovação dos projetos;

• Parecer do Instituto Nacional do Desporto; • Licença de funcionamento;

• Vistoria;

• Alvará de licença de funcionamento. 2.4.2. Gestão de instalações desportivas

A gestão dos espaços desportivos é de extrema importância. Regra geral, a construção destes espaços envolve investimentos avultados, e assim espera-se que tenham uma vida útil longa, para que possam ser rendibilizados ao máximo, e também potenciar a área e oferecer ao utilizador o melhor serviço possível (Lucas, 2013). Assim, qualquer espaço desportivo pode estar sujeito a vários tipos de gestão, sendo eles os seguintes:

• Gestão pública ou direta: poderá ser a cargo da entidade local ou de uma organização local cujo capital pertença totalmente a entidade local;

• Gestão indireta: uma gestão efetuada por uma organização de natureza privada, como clubes associações ou empresas; como exemplo, temos as concessões; • Gestão privada: uma gestão que se restringe a uma lógica de lucro.

Assim, a gestão de instalações desportivas está dividida em várias vertentes (Lucas, 2013).

Em primeiro lugar, existe a gestão funcional do espaço. Neste ponto, será levada a cabo a organização dos recursos materiais e humanos, decidindo quais tarefas poderão e deverão ser realizadas por pessoal próprio, ou aqueles que terão de ser subcontratados, assim como decidir

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quais os recursos materiais necessários para o funcionamento do espaço, desde materiais desportivos até materiais administrativos.

De seguida, há que realizar uma gestão das atividades, onde se terá em conta que programas e eventos serão realizados no espaço e qual será a periocidade desses mesmos eventos. A gestão de manutenção é também importante, para maximizar a vida útil da infraestrutura. Neste aspeto, terão de ser implementados programas de conservação e limpeza, sem descartar todos os trabalhos de reparação e manutenção corretiva.

No que diz respeito à gestão financeira, haverá uma clara necessidade de definir orçamentos - assim se definirão os custos e as receitas -, e identificar potenciais necessidades de financiamento. Com novos paradigmas económicos, há algumas especificidades que exigem uma atuação especializada e bastante eficaz. Qualquer proprietário ou acionista de um clube quer, primordialmente, ganhar dinheiro, e então os recintos desportivos terão de ter uma gestão financeira que vá ao encontro dessa ideia. As políticas públicas libertam cada vez menos subsídios para a manutenção destas infraestruturas, e os efeitos ambientais negativos são cada vez menos tolerados.

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3. A GÉNESE DAS CIDADES EUROPEIAS DO DESPORTO E RESPETIVOS PROPÓSITOS 3.1. ACESEUROPE

A ACES Europe é uma associação sem fins lucrativos, com sede em Bruxelas, fundada pela União Europeia. Percebendo a importância do desporto como um fator de agregação das comunidades, e também de melhoria na qualidade de vida transversal de todos os estratos sociais, a ACES Europe tenta promover os eventos desportivos, criando para o efeito capitais, cidades, comunidades e vilas do desporto, onde cada uma individualmente irá potenciar e organizar eventos desportivos, como forma de dinamizar as suas próprias comunidades (ACES e Arko, 2017). Assim, são anualmente escolhidas cidades para receberem estas distinções, escolha que é feita tendo em atenção os princípios de ética e responsabilidade. Decorrente dessa política, surgem as seguintes figuras de acolhimento de eventos desportivos promovidos pela ACES Europe:

• Capital Europeia do Desporto: distinção anual, que é atribuída a uma só cidade, que terá de ter obrigatoriamente mais de 500 mil habitantes;

• Cidade Europeia do Desporto: distinção anual, que pode ser atribuída a várias cidades que tenham entre 25 mil e 500 mil habitantes;

• Comunidades Europeias do Desporto: distinção anual entregue a pequenos grupos de cidades por toda a Europa.

• Vila Europeia do Desporto: distinção anual entregue a cidades ou vilas com menos de 25 mil habitantes;

• Vila ou Cidade Europeia do Ano: as cidades competem durante o ano para perceber quem prepara o melhor evento. A avaliação é feita por uma entidade independente.

Na sua génese, o objetivo da ACES é fazer proliferar o desporto como ferramenta de felicidade e saúde no seio da União Europeia, levando a cabo para isso imensos eventos. Como afirmou Gian Francesco Lupattelli, fundador e presidente da associação, na ACES: “não queremos criar desportistas profissionais nem campeões – queremos apenas que os cidadãos europeus sejam saudáveis” (tradução nossa) (ACES e Arko, 2017).

3.2. BENEFÍCIOS E OBRIGAÇÕES

Com todas as distinções que as cidades podem receber, elas recebem também a oportunidade de desenvolver calendários de eventos desportivos próprios, assim como envolver

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as populações locais na prática desportiva, incitando assim de certa forma a que tenham uma população mais saudável.

Como bandeira principal, no quadro de vantagens de receber estas distinções, a ACES aponto a possibilidade para os municípios de receberem investimentos, tanto locais como regionais ou até mesmo nacionais. A ACES aponta como exemplo a Capital Europeia de 2017, de Marselha, que recebeu investimentos na ordem dos 20 milhões de euros, onde 10 milhões se destinavam ao desenvolvimento de atividades e os restantes 10 milhões se destinavam à construção de infraestruturas (ACES e Arko, 2017).

Para além dos investimentos, as cidades ficam ainda habilitadas a uma grande visibilidade a nível internacional, acedendo ainda a uma vasta rede de contatos de cidades onde podem ser partilhadas várias ideias e procedimentos. As cidades albergam vários congressos, que podem ser vistos como vantagens para o desenvolvimento local. Para isto, as cidades galardoadas terão de apresentar e dinamizar um calendário de atividades que promovam a saúde e bem-estar no seio da sua comunidade. Também terão de organizar congressos e competições internacionais, a título obrigatório. No fim do ano, os municípios devem apresentar uma síntese daquilo que foram as atividades desenvolvidas, assim como os resultados e devidas conclusões (ACES e Arko, 2017).

3.3. ESFORÇOS DESENVOLVIDOS NA ORGANIZAÇÃO DA UMA CED

No sentido de ficar com uma perceção mais acertada de quais serão os esforços da organização de um evento deste tipo, deverá proceder-se à análise dos investimentos dos mesmos eventos em edições anteriores. Assim, pode constatar-se quais foram os efeitos gerados nas cidades europeias do desporto. Daí poderá estabelecer-se melhor paralelismo possível com a CED Braga 2018. Nesse contexto, far-se-á referência aos resultados da CED Gondomar 2017.

Alguns números sobre a CED Gondomar 2017 são os seguintes: • 391 eventos realizados;

• 85 mil atletas envolvidos; • 53 modalidades;

• Cerca de 3000 voluntários; • 205 mil espectadores.

Dos 391 eventos organizados, 64 foram de âmbito nacional e 25 foram de âmbito internacional, tendo como cabeça de cartaz eventos que foram televisionados, tais como as finais das taças de Portugal de hóquei patins, futsal, voleibol e basquetebol, e ainda uma etapa desse ano da Volta a Portugal em bicicleta.

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Existem também outros aspetos que as entidades devem ter em atenção antes e depois da organização deste tipo de eventos. Por exemplo, o plano estratégico deve ser resultado de um estudo previsional de impactes e ações completo e bem executado, assim como deve ter uma aplicação flexível para poder aproveitar todas as oportunidades que surjam organicamente. Os planos estratégicos devem estar integrados num plano de desenvolvimento amplo, onde se identificam oportunidades e forças de várias entidades independentes, para assim serem aproveitadas de melhor forma (Bramwell, 1997).

3.4. CIDADE EUROPEIA DO DESPORTO

Como já foi referido, a Cidade Europeia do Desporto é uma distinção anual que pode ser dada a várias cidades no mesmo ano, aumentado assim a amplitude geográfica da iniciativa ano após ano. Uma análise interessante para compreender melhor a evolução da iniciativa é perceber quais e quantas foram as cidades europeias do desporto ao longo dos anos (Quadro Nº 1).

Quadro 1 - Cidades Europeias do Desporto

ANO CIDADES Nº DE

CIDADES

2018

Antequera, Arnhem, Banja Luka, Bassano del Grappa, Braga, Cluj Napoca, Differdange, Foligno, Forli, Guadalajara, Kielce, Klaipéda,

Kortrijk, Maribor, Nitra, Pau, San Remo, San Cugat del Vallés, Santa Lucia de Tirajana.

19

2017

Aosta, Bacau, Banska Bystrica, Bristol, Cagliari, Gondomar, Jurmala, La Chaux de Fonds, Mollet del Vallés, Noordwijk,

Olomouc, Ostend, Pesaro, Stara Zagora, Vicenza.

15

2016

Chalon Sur Saone, Crema, Gijón, Kosice, Krsko, La Spezia, Las Rozas, Liepaja, Melilla, Molfetta, Pisa, Ravenna, Ruse, S. Giovanni

Lupatoto, Saronno, Scafati, Setubal, Stoke on Trent, Tilburg

19

2015 Alcobendas, Alhaurin de la Torre, Badalona, Bordeaux, Burgas,

Chiclana de la Frontera, Loulé, Most, Telde. 9

2014

Ascoli Piceno, Beilla, Brindisi, Cesena, Chieri, Constanta, Córdoba, Getxo, Jesi, Latina, Logroño, Maia, Ostrava, Pavia, Ploviv, Prato,

Rapallo, Santander.

18

2013 Cremona, Modena, Reggio Calabria, Lorca, Alba, Estepona,

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2012 Charleroi, Iasi, Firenze, Pescara, Viterbo, Bilbao, Liberec,

Castellón, s-Hertogebosh, Preston. 10

2011 Puertollano, Trieste, Treviso, Parma, Limerick, Nice, North

Lanarshire. 7

2010 Salamanca, Novara, Gateshead. 3

2009 Varese, Marbella, Biarritz, Cardiff 4

2008 Innsbruck, Lleida, Rimini, Leicester. 4

2007 Boadilla del Monte, Palermo. 2

Fonte: (ACES Europe, s.d.)

Do quadro anterior (Quadro Nº 1), fica claro que, desde o primeiro ano em que a iniciativa se realizou, cresceu o número de cidades participantes em cada ano. No primeiro ano, em 2007, foram apenas duas as cidades europeias do desporto, enquanto que no recente ano de 2018 foram dezanove. Isto poderá significar que esta é uma iniciativa que traz várias vantagens para as cidades, pois as candidaturas têm crescido de ano para ano, salvo algumas exceções.

3.5. CIDADES EUROPEIAS DO DESPORTO E RESPETIVOS IMPACTES

Para melhor avaliar os impactes e resultados de Braga Cidade Europeia do Desporto de 2018 terão de se ter presentes primeiramente os impactes de outras cidades europeias do desporto ou até de capitais europeias do desporto. Como este tipo de eventos é recente, devemos partir para esta análise começando por uma abordagem mais lata, percebendo quais os impactes de vários eventos desportivos isolados ou integrados em calendários de outros eventos desportivos. Assim, vai-se estreitar a análise, tentado perceber quais foram alguns dos resultados alcançados em outras Cidades Europeias do Desporto que antecederam Braga 2018.

3.5.1. Resultados e Impactes de Grandes Eventos Desportivos

É importante perceber que são vários os impactes da organização de megaeventos. No geral, quem pode beneficiar da organização deste tipo de eventos são as populações que habitam nas áreas onde os eventos se realizam (Remoaldo e Cadima Ribeiro, 2017). São vários os impactes que podem ser percebidos depois da organização de megaeventos. Em função da respetiva relevância, é usual relevar os seguintes tipos impactes: socioeconómicos, socioculturais, equipamento urbano e políticos (Malfas et al., 2004; Gratton et al., 2006).

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25 3.5.2. Impactes socioeconómicos

Num confronto de ideias de vários autores, conclui-se recorrentemente que uma das razões mais importantes para um território ou cidade se comprometer a realizar um megaevento desportivo é o impacte socioeconómico positivo que isso pode trazer para a cidade, enquanto que aumenta também paralelamente os índices sociais da região (Malfas et al., 2004; McCartney, 2008).

O impacte económico pode então definir-se como o “resultado líquido na comunidade recetora, resultante dos gastos imputados a um dado evento” (tradução nossa) (Malfas et al., 2004, p.212).

É também importante analisar que nem sempre as receitas diretas de um evento contribuem para a economia local, pois, por vezes, esta faturação está simplesmente a contribuir para cobrir os gastos da organização. Assim, a contribuição económica de um megaevento acaba por ser a dinamização que o mesmo traz ao comércio local, atraindo investimento e criando mais emprego (Malfas et al., 2004).

Deve-se, numa primeira fase, perceber que albergar um megaevento desportivo não se traduz, inequivocamente, em benefícios económicos para as cidades que os abrigam (Gratton et al., 2006). Este ponto é de extrema importância pois assim se justifica a razão pela qual as entidades privadas não se envolvem na organização deste tipo de eventos. Geralmente, operadores privados não se querem sujeitar a organizar este tipo de eventos onde há grande risco de não conseguirem fazer qualquer tipo de lucro (McCartney, 2008). No entanto, com um exemplo prático, pode perceber-se os benefícios económicos de receber eventos desportivos quando estes são bem organizados. O exemplo dado por Gratton et al. (2006) é o de Brisbane 1994, com o World Masters Games, que custou ao município 2,8 milhões de dólares, mas que em retorno gerou uns impressionantes 50,6 milhões de dólares em atividades económicas na região, justificando assim, em larga escala, o investimento que foi feito (Gratton et al., 2006).

De um modo geral, admite-se que deva ser o setor público a fazer o investimento e a suportar o prejuízo inicial, sendo que depois será a economia da região que recolherá os frutos dessa mesma iniciativa.

3.5.3. Impactes socioculturais

Um dos impactes socioculturais que é imensamente estudado tem a sua justificação na procura turística. Esta procura justifica e sustenta a preservação de tradições e valores de uma

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dada comunidade, que desperta o interesse nos turistas, que assim criam valor a vários tipos de estabelecimentos e profissões que podem estar ligadas ao turismo e atividades com raízes na história da comunidade (Malfas et al., 2004).

Também é relevante perceber que a imagem da região mantida pelos visitantes pode ser alterada depois de um grande evento desportivo. Entende-se que, quanto à perceção de uma dada região ou de um dado país, há uma visão antes de visitar a região, e uma visão que fica da visita do turista ao local. O que se espera é que, com a receção dos turistas no contexto do grande evento, se possa construir uma imagem primária, isto é, formada pelo turista após a sua visita, concreta, melhor que imagem que mantinha (imagem secundária), normalmente formada a partir da opinião de outros e de informações sobre o território difundidas em diferentes sedes (Arnegger, 2016).

Outra das vantagens que é apontada está intrinsecamente ligada à prática do desporto como ferramenta para a inclusão de comunidades. Num exemplo prático, em Barcelona, os jogos olímpicos tiveram um impacte positivo no sentido em que se notou nos anos seguintes um aumento na participação desportiva por parte de vários setores sociais que até esse momento não o faziam com tanta regularidade (Malfas et al., 2004).

Existe também a perspetiva que defende que a organização de eventos desportivos pode trazer reconhecimento e maior capacidade de investimento a entidades culturais e desportivas da região recetora, o que poderá permitir o aumento de índices importantes de cultura e desporto e até em termos de mudança de imagem de uma comunidade.

3.5.4. Impactes a nível de equipamento

Como já foi exemplo no nosso país com a construção de vários estádios para a realização do Europeu de Futebol de 2004 (Lucas, 2013), receber um megaevento traduz-se também na possibilidade de construção de várias novas infraestruturas, sejam ou não estritamente destinadas à realização de eventos desportivos (estruturas de apoio).

É de extrema importância sublinhar então que não são contruídas apenas estruturas que se destinam a práticas desportivas, e que o investimento feito pela organização de um grande evento desportivo pode ser importante para a comunidade recetora durante um período de tempo bastante alargado, isto é, por vários anos depois do evento ter acontecido. No plano prático, isto traduz-se, entre outros, em vários exemplos (Malfas et al., 2004):

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• Jogos Olímpicos de Barcelona 1992: melhoramento no sistema de transportes públicos, assim como uma renovação da área litoral com a construção de uma nova marina e de novos espaços de lazer;

Jogos Olímpicos de Sidney 2000: requalificação de várias áreas até lá fortemente poluídas, na baía marítima, para poder albergar competições aquáticas;

Jogos Olímpicos de Atenas 2004: o evento justificou a construção, em 2001, de um novo aeroporto que conseguisse estar ao nível das exigências de um acontecimento deste nível.

Todos estes desenvolvimentos podem trazer vários problemas, pois as infraestruturas construídas, que são absolutamente necessárias para a realização deste tipo de eventos, por vezes, tornam-se completamente inúteis para as comunidades depois do evento. Mais grave do que tornarem-se inúteis, é o facto de, por vezes, a sua manutenção se traduzir em custos avultados para os contribuintes (Malfas et al., 2004).

3.6. MEDIR RESULTADOS

A forma mais recorrente de medir o impacte económico da organização de um evento desportivo numa dada região deve ter em conta, como despesa, apenas aquele dinheiro que foi gasto, mas que não seria se o evento não fosse organizado. Assim, o resultado económico será o balanço desse mesmo investimento e do dinheiro injetado na economia pelos visitantes, media, entidades governamentais externas, bancos e outros investidores. Uma das críticas apontadas a este modelo é o facto de o mesmo não ter em conta o custo de oportunidade (Hone, 2005). Contudo, este é por si só um modelo bastante complexo, que tem em conta inúmeros aspetos importantes, sem os quais não se obtém uma correta análise.

No que concerne à definição do investimento, é importante ter em conta uma variedade de particularidades. No exemplo dado por Stefan Késenne (2005), um país que organize, por exemplo, um mundial de futebol, terá, provavelmente, a seu cargo a construção de estádios e várias outras infraestruturas. Na construção de uma estrutura deve ter-se em conta que, por exemplo, os trabalhadores especializados da região não serão suficientes para concluir todos os novos projetos prioritários. Existe também o custo de importação de material e o custo de capital. As entidades públicas tentam reaver este investimento com a venda dos bilhetes para os eventos desportivos, e também com os direitos televisivos e outros tipos de patrocínios (Késenne, 2005).

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É de ressaltar também que, relativamente às receitas deste tipo de eventos desportivos, em grande parte da literatura, estas são divididas em receita gerada por habitantes locais e receita gerada por visitantes. Esta divisão ganha grande importância porque os autores Walo et al. (1996) sugerem que o dinheiro gasto por locais, por exemplo, em bilhetes para os respetivos eventos desportivos, na ausência do evento desportivo, seria gasto noutro tipo de bens. Assim, a estimação da vantagem da organização de megaeventos desportivos fica consideravelmente mais adequada (Walo et al., 1996).

É importante também perceber que as mais-valias económicas geradas geram um “Ripple Effect”, pois as receitas dão origens a novos investimentos, que não aconteceriam sem a realização do evento em primeiro lugar. Assim, importa perceber onde é que, por exemplo, os restaurantes, hotéis, retalhistas, e outras entidades, que beneficiam destes eventos, acabam por investir estas novas receitas. Conforme John Crompton (1995), estas receitas são gastas em:

• Noutras entidades privadas dos mesmos ramos (para reabastecer stocks, por exemplo);

• Em novos trabalhadores no mesmo ramo em que se inserem, gerando assim vantagem para os locais;

• Em entidades governamentais, sob forma de impostos e taxas de licenças; e noutras entidades que não são da mesma região.

3.6.1. Resultados de iniciativas similares

Numa perspetiva financeira, não há muita literatura a investigar quais foram realmente os benefícios financeiros ou económicos da realização de grandes eventos desportivos, principalmente porque este é um estudo verdadeiramente difícil de fazer (Gratton et al., 2000). No entanto, Mules e Faulkner (1996) fornecem dados quanto a perdas financeiras suportadas pelo estado (receitas – investimento) e ao impacte no PIB nas respetivas regiões onde estes eventos foram organizados (Mules e Faulkner, 1996).

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Quadro 2 - Impactos financeiros de eventos similares

AANO EVENTO PERDAS FINACEIRAS

(DÓLARES EUA)

IMPACTO NO PIB REGIONAL

(DÓLARES EUA)

11985 Adelaide Grand Prix 2,6 milhões 23,6

milhões

11992 Adelaide Grand Prix 4,0 milhões 37,4

milhões

11990 Adelaide Arts Festival 1,9 milhões 10,1

milhões 11991 Eastern Creek Motorcycle GP 4,8 milhões 13,6 milhões 11994 Brisbane World

Masters Games 2,8 milhões

50,6 milhões

Fonte: (Mules & Faulkner, 1996)

Assim, fica bastante explícito o que é defendido por vários autores. De facto, o Estado, pode incorrer em grandes investimentos, e até perdas financeiras, mas esses esforços podem ser largamente compensados por resultados em vários campos, e especialmente no económico.

Num sentido de análise de impactes culturais, socias, e até de imagem da cidade, fica também expresso que um megaevento pode surtir fortes efeitos na perceção dos turistas quanto à cidade. Este facto ficou também bastante claro, no caso de Guimarães, depois de Paula Remoaldo e José Cadima Ribeiro (2017) terem estudado quais as motivações de turistas para visitarem a cidade de Guimarães em dois períodos diferentes. Entre 2010/2011 e 2015, Guimarães foi eleita Capital Europeia da Cultura, e os autores constataram que os inquiridos que visitaram a cidade com motivações relacionadas com o facto de a cidade ser considerada Património da Humanidade aumentou imenso depois do evento, em 2015 (Remoaldo e Cadima Ribeiro, 2017).

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30 4. BRAGA

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA

Braga é uma cidade de história rica, que vai sendo construída por várias fontes e várias interpretações de vários profissionais que trabalham com esse fim. É através de várias obras e evidências arqueológicas que se consegue contar uma história cada vez mais robusta e verdadeira da cidade

Segundo Eduardo Duque (2007), Braga é uma cidade pré-romana, que expressa a sua importância para este império na obra do poeta Décimo Magno Ausonio, que invocou a cidade, na altura Bracara Augusta, num poema dedicado às cidades mais nobres e ricas do império romano, pondo-a em décimo quarto lugar, numa lista que começava com a inevitável urbe de Roma (Ribeiro, 2008). Por várias forças, a cidade evoluiu, tomando a forma atual, sendo capital de um distrito composto por quatorze concelhos que se estendem de zonas litorais e marítimas, com interesse turístico por sol e praia, até zonas montanhosas, como é Terras de Bouro. O distrito de Braga é limitado pelos Distritos do Porto, Vila Real e Viana do Castelo, incluindo também um ponto onde encontra a fronteira espanhola (Duque, 2007).

Quanto ao município de Braga, segundo o Anuário Estatístico da Região Norte 2016 (INE, 2017), este apresenta uma densidade populacional de quase 1000 habitantes por quilómetros quadrado. A população distribui-se pelos grupos etários da seguinte forma: em cerca de 182 mil residentes no município, 27 mil têm entre 0 e 14 anos, enquanto entre os 15 e os 24 anos são cerca de 21 mil residentes, compondo assim quase 12% da população. Entre os 25 e 64 anos acomodam-se 105 mil residentes. Por fim, com mais de 65 anos de idade, há cerca de 28 mil habitantes (INE, 2017).

3.2.ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES DO DESPORTO E CULTURA

Será bastante pertinente fazer uma análise à cultura e ao desporto no município antes do evento Braga Capital Europeia do Desporto 2018, isto é, perceber qual era a aderência que já existia a este tipo de eventos por parte dos residentes ou turistas, ou até qual era o preço deste tipo de eventos. Também é importante perceber quais eram os investimentos que a Câmara Municipal de Braga tinha feito antes do megaevento.

Assim, e seguindo a os indicadores disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística no ano de 2017 (INE, 2017), referentes aos anos de 2015 e 2016, verifica-se que a lotação média das salas de espetáculos no município de Braga era de 335 pessoas, com o preço dos espetáculos

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a ser fixado numa média de 10,20 €. É também de registar que, em 2016, a Câmara Municipal de Braga tinha despesas em atividades e equipamentos de 49 euros por habitante. Isto pode ser interpretado como sendo o desporto e a cultura, apostas continuas e importantes no plano de desenvolvimento na cidade, e também como preparação para receber o evento que foi a “Braga 2018 - Cidade Europeia do Desporto”.

Para conseguirmos perceber melhor esta aposta do município de Braga teremos de fazer uma análise comparativa do peso da despesa da Câmara Municipal de Braga em cultura e desporto no total de despesa, comparativamente a outros municípios, ou até a outras regiões de Portugal. Assim, como é ainda informado pelo relatório anual no INE (2017), a cidade de Braga registou uma despesa de 16,1% em cultura e desporto na despesa total, sendo assim ultrapassada por apenas três municípios de toda o norte de Portugal, que, curiosamente, se encontram na mesma área geográfica (Alto Minho). No lugar de município com maior fatia da despesa dedicada ao desporto e a cultura está Valença, com 19.8%, seguida de Caminha, com 18.2%, e, por fim, Paredes de Coura, com 17,5%. Estes valores altos podem ser explicados por eventos que ocorrem nestas cidades, que merecem a atenção e investimento dos respetivos autarcas, como é o exemplo do evento “Vodafone – Paredes de Coura”, que é um festival de música que conta com milhares de participantes todos os anos (INE, 2017).

Em relação, à média do norte de Portugal, Braga fica claramente acima, já que o valor registado aí é de 9,5%, enquanto que a média do país se fixa em apenas 8,7% (INE, 2017). Para ajudar a aprofundar a análise, deve referir-se qual é de facto a despesa referente ao desporto, em euros. Para servir de referência, a despesa a nível nacional em atividades e equipamentos desportivos foi de cerca de 261 milhões de euros. Em Braga, o valor desta despesa ultrapassou todos os outros municípios, incluindo, por exemplo, o Porto, fixando-se em quase 9 milhões de euros (INE, 2017).

Esta análise revela-se então importantíssima para perceber qual foi a linha de pensamento e toda a preparação que levou o município de Braga a candidatar-se a Capital Europeia do Desporto. Daí resulta que o desporto não foi uma aposta momentânea, nem uma política passageira, mas sim uma política sólida e continua, que culminou no megaevento que foi a “Braga 2018 - Cidade Europeia do Desporto”.

3.3.CANDIDATURA DE BRAGA A CED2018: PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA CANDIDATURA FORMULADA

Em Braga, vive-se um período de forte expansão e dinamismo, que são expressão da juventude e capacidade de mobilização que caraterizam o município. Depois da organização de

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outros grandes eventos, com grande sucesso, como foram a Capital Europeia da Juventude, em 2012, e a Capital Ibero-americana da Juventude, em 2016, o município propôs-se organizar mais um evento que acreditava trazer enorme benefício para Braga: a “Cidade Europeia do Desporto 2018”, para continuar o trabalho que tem vindo a ser feito pelo município na promoção e valorização do desporto.

Na candidatura, obra da Câmara Municipal de Braga, definem-se duas fases distintas na história do desporto da cidade: as duas últimas décadas, que se caracterizaram por construção de várias infraestruturas desportivas; e o período precedente. E distinguem-se os últimos três anos, com uma forte promoção do desporto, percebendo a importância que o mesmo tem na saúde e no bem-estar da sua população, e também no desenvolvimento turístico da região, não esquecendo a inclusão progressiva das populações adaptadas (C.M. Braga, 2016).

De uma forma geral, os objetivos traçados são a exaltação do desporto no concelho, assim como que a CED Braga 2018 criasse cooperação, debate e reflexão, para que se estabeleçam novas parcerias, cimentando assim os investimentos que têm sido levados a cabo pelo município (C.M. Braga, 2016). Numa frase, o presidente da Câmara Municipal de Braga apontou que: “Percebendo claramente a importância da prática desportiva na promoção de um estilo de vida salutar e na disseminação dos valores e princípios éticos inerentes ao empenho, à dedicação e à vontade de superação permanente, o Município de Braga assumiu como estratégica a dotação de condições, materiais e imateriais, para que todos os cidadãos possam usufruir do bem-estar proporcionado pelo desporto” (C.M. Braga, 2016). Por essa via, procurou mostrar que, de facto, a candidatura que foi formulada se apoiava em bases solidas, e numa aposta continua no desporto nos últimos anos (C.M. Braga, 2016).

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33 5. PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS

5.1. OPÇÕES METODOLÓGICAS

Esta investigação visa perceber quais foram os impactes, de diferente natureza, da Cidade Europeia do Desporto Braga 2018. Neste sentido, deve inicialmente fazer-se uma revisão da literatura disponível, para perceber quais foram os trabalhos feitos em relação a eventos semelhantes, quais foram as suas hipóteses e respetivas delimitações e resultados. É também importante perceber em que modelos teóricos (Duque, 2007) assentam estes trabalhos, para conseguir levar a cabo uma pesquisa fundamentada. Isto é, em enunciado geral, esta pesquisa tem como intuito básico o mesmo de todas as outras pesquisas, que é dar respostas a indagações que são propostas (Silva & Menezes, 2001).

De acordo com Barañano (2004), a metodologia deve apontar o tipo de estudo a efetuar com as técnicas para a aquisição de dados e os métodos que devem ser utilizados para analisar os dados recolhidos. Assim, podem fazer-se duas abordagens ao problema:

• Pesquisa quantitativa: considera-se que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduzir-se em números. Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas, como médias, modas, desvio-padrão, regressões econométricas, etc... Este método não requer interpretação subjetiva, e deve ser replicável por qualquer investigador (Silva & Menezes, 2001);

• Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação entre o mundo real e o sujeito, ou seja, é uma relação que não pode ser traduzida em números. Este método não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, pelo que tende a ter uma componente maior de interpretação subjetiva (Silva & Menezes, 2001).

As pesquisas qualitativas e quantitativas têm raízes filosóficas naturalistas e positivistas, respetivamente. No livro “Metodologia de Pesquisa Qualitativa-Quantitativa: Explorando o continuo interativo” de Newman, Isadore, Benz e Carolyn (1998) os autores afirmam que os investigadores qualitativos, independentemente das suas inclinações teóricas, refletem sobre as suas pesquisas algum tipo de idiossincrasia ou individualidade única desse mesmo sujeito. Os investigadores quantitativos, na sua maioria, pensam que há sempre uma realidade transversal para todos os sujeitos, onde todos eles concordam. Em suma, trata-se de uma visão mais geral e não sujeita a interpretações do que aquela indicada pelos investigadores qualitativos (Newman et al., 1998).

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Os mesmos autores (Newman et al., 1998) afirmam que o debate entre investigadores quantitativos e qualitativos prende-se com a diferença na suposição sobre se a realidade que experienciamos é ou não mensurável. Este debate continua, ainda, questionando sobre qual é o método mais indicado para perceber e estudar aquilo que já conhecemos: um método objetivo (quantitativo) ou subjetivo (qualitativo) (Newman et al, 1998).

Apoiando os autores anteriormente invocados (Newman et al., 1998), Kothari (2004), no livro “Metodologia da pesquisa: Métodos e Técnicas”, diz que a abordagem quantitativa fundamenta-se com a mensurabilidade da quantidade, e aplica-se a fenómenos que possam ser expressos em quantidades ou números. A abordagem qualitativa, por outro lado, preocupa-se com estudar as qualidades ou interpretações de um dado fenómeno. O autor dá o exemplo do estudo das razões que levam o ser humano a seguir um certo comportamento, ou porque o ser humano pensa de uma certa forma. Pesquisas desta natureza não têm inputs ou outputs mensuráveis e dificilmente podem ser expressos em quantidades (Kothari, 2004).

Neste sentido, foi escolhido adotar a metodologia quantitativa. O investigador não teve qualquer envolvimento pessoal na problemática, deixando que a análise fosse puramente numérica, sem que as suas ideias interferissem nos resultados finais. Contudo, isto não significa que que os dados estejam naturalmente presentes na forma quantitativa. Poderão ser transformados em dados quantitativos, utilizando instrumentos de medida, como, por exemplo, a escala de Likert, para reunir opiniões sobre uma dada problemática (Muijs, 2010).

Assim, seguir-se-á uma pesquisa experimental, pois vamos adotar “um teste sob condições controladas que é feito para demonstrar uma verdade conhecida ou examinar a validade de uma hipótese” (Muijs, 2010). Vai abordar-se a problemática tentando controlar ao máximo as variáveis para facilitar o estudo (Muijs, 2010).

5.2. OBJETIVOS

O ponto de partida para qualquer investigação é uma definição acertada de uma boa pergunta de partida (Quivy & Campenhoudt, 2005). Esta pergunta de partida tenta traduzir da melhor forma possível aquilo que o investigador procura saber, e servirá como fio condutor de toda a investigação. No caso desta investigação, o seu foco foi tentar perceber se a organização de megaeventos desportivos é realmente compensatória para uma dada comunidade recetora.

Assim, a ideia teve de ser trabalhada de forma a respeitar as qualidades enumeradas por Quivy e Campenhoudt (2005), isto é, tentar respeitar as exigências de clareza, fazendo esta pergunta ser precisa e concisa, assim como estar conforme as qualidades de exequibilidade,

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sendo uma pergunta realista. A pergunta deve também incluir as qualidades de pertinência, que aborde um estudo do que existe, e ter como intenção a compreensão dos fenómenos estudados. Assim, define-se como pergunta de partida para este estudo, e fio condutor de todo o estudo a seguinte pergunta:

• “Quais os impactes de Braga Cidade Europeia do Desporto 2018, para o turismo da cidade, de acordo com as perceções de visitantes e residentes?”

Neste sentido, é importante haver problemas de pesquisa, onde podemos identificar objetivos principais, e objetivos subsidiários, para conseguirmos responder à problemática de uma forma adequada. De acordo com Kothari (2004, p.24), um problema de pesquisa, em geral, refere-se a alguma dificuldade que um investigador experiência no contexto de uma situação teórica ou prática e deseja obter uma solução para o mesmo.

Seguindo o pensamento de Kothari (2004), e confrontando com as ideias explicadas por Richard Andrews (2003), é até quase inevitável que uma série de questões ou problemas se levantem ao iniciar uma investigação. As questões podem surgir de uma forma natural ou conforme se vai completando uma revisão da literatura. Com isto, deve perceber-se quais são as questões mais importantes e assim definir a questão principal, e quais são as questões que servem essa questão principal (questões subsidiárias) (Andrews, 2003).

Para isto, identificou-se como objetivo principal o seguinte:

• Averiguar se o evento CED 2018 teve impacte na cidade de Braga como destino turístico.

Para responder a este objetivo principal têm de definir-se objetivos subsidiários, que ajudarão a responder ao objetivo principal. Estes objetivos são os seguintes:

• Compreender quais são as integrantes do turismo desportivo;

• Perceber quais são as perceções dos visitantes e dos residentes quanto à cidade de Braga como destino turístico;

• Quais são as perceções dos visitantes e dos residentes quanto ao evento CED 2018;

• Identificar se há grandes diferenças nas perceções e experiências, dos indivíduos que têm como motivação principal a participação na CED 2018 e daqueles que têm outras motivações.

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Revela-se, então, realmente importante perceber como vai ser levada a cabo a investigação, escolhendo quais as pesquisas que devem ser feitas de forma a responder de uma forma adequada ao objetivo de estudo.

5.3. TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO

Pardal e Correia (1995, p. 48) consideram as técnicas como “um instrumento de trabalho que viabiliza a realização de uma pesquisa, um modo de se conseguir a efetivação do conjunto de operações em que consiste o método, com vista à verificação empírica”. Entende-se com isto que as técnicas são procedimentos fulcrais para a presente investigação, na qual elegi o inquérito por questionário, a análise documental e análise de conteúdo como formas de recolher e de tratar a informação.

5.3.1. Pesquisa Documental

A análise documental foi uma das técnicas predominantes, uma vez que ao iniciar o percurso nesta investigação foi necessário realizar uma revisão da literatura disponível, para perceber quais foram os trabalhos concretizados em relação a eventos semelhantes, quais as suas hipóteses e também respetivas delimitações e resultados. Ludke e André (1986, p.30), citando Caulley (1981), afirmam que a análise documental “busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse”.

Ficamos a perceber com tudo isto que a análise documental pode então constituir uma valiosa técnica de obtenção/recolha de dados qualitativos, sendo também elementar para complementar as informações obtidas através de outras técnicas, assim como meio de descoberta de novos conteúdos de uma temática/problema de investigação.

Uma vez que nesta investigação se pretendia perceber quais foram os impactes, de diferente natureza, da Cidade Europeia do Desporto Braga em 2018, esta técnica foi então uma das escolhidas devido à quantidade elevada de documentação disponível, sendo que neste contexto seria extremamente útil o uso da análise documental devido ao objetivo da mesma.

5.3.2. Inquérito por questionário

O inquérito por questionário é uma técnica que consiste em colocar uma série de questões (estruturadas por secções) relativas a uma temática que está a ser estudada/investigada a um grupo representativo de uma população (amostra). No presente estudo, foi aplicado um inquérito

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Figura 1 - Junção do turismo e do desporto
Figura 2 - Grupos de idade dos inquiridos
Figura 4 - Caracterização da estadia  Figura 3 - Transporte e estadia dos inquiridos

Referências

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