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Ocorrência de infecção em pessoas idosas durante tratamento oncológico / Occurrence of infection in elderly people during oncological treatment

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Ocorrência de infecção em pessoas idosas durante tratamento oncológico

Occurrence of infection in elderly people during oncological treatment

DOI:10.34117/bjdv6n7-477

Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 20/07/2020

Priscila Iauara Santa Cruz Lemos

Enfermeira graduada pelo Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília (UnB) Instituição: Universidade de Brasília (UnB)

Endereço: Departamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, DF

E-mail: priiauara@gmail.com Keila Cristianne Trindade da Cruz

Doutora em Enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Instituição: Universidade de Brasília (UnB)

Endereço: Departamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, DF

E-mail: keilactc@unb.br Leides Barroso Azevedo Moura

Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) Instituição: Universidade de Brasília (UnB)

Endereço: Departamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, DF

E-mail: leidesm74@gmail.com Vitor Hugo Sales Ferreira

Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional (PPGDSCI), Universidade de Brasília (UnB)

Instituição: Universidade de Brasília (UnB)

Endereço: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional (PPGDSCI), Campus Universitário Darcy Ribeiro. Pavilhão Multiuso 1, Bloco A.

Sala A1, Asa Norte, Brasília, DF E-mail: vitorhugosalesferreira@gmail.com

Andrea Mathes Faustino

Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) Instituição: Universidade de Brasília (UnB)

Endereço: Departamento de Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, DF

E-mail: andreamathes@unb.br RESUMO

Objetivos: identificar a ocorrência de infecção em pessoas idosas em tratamento oncológico durante o período de internação em uma unidade hospitalar. Método: estudo descritivo, por meio da análise de prontuários, desenvolvido em um hospital universitário do Distrito Federal (DF), no Serviço de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Arquivo Médico (SAME). A amostra foi composta por 61 prontuários de idosos internados na unidade de Clínica Médica entre os anos de 2014 a 2016, que haviam realizado tratamento para o câncer durante a internação. A coleta de dados foi realizada em única etapa, por meio do uso de instrumento elaborado pelos pesquisadores, sobre as seguintes variáveis: idade, sexo, tempo de internação, diagnósticos clínicos, ocorrência de infecção durante a internação e uso de dispositivos invasivos. Resultados: o perfil epidemiológico revelou homens (55,7 %), ocorrência de algum tipo de infecção durante a hospitalização (57,3%), faixa etária de idosos jovens entre 60-69 anos (59%), sendo o câncer de pulmão o diagnóstico de maior prevalência (18%). A média de internação foi de 9,04 dias e durante o período 96,6% das pessoas idosas fizeram uso de pelo menos um dispositivo invasivo. Conclusão: observou-se elevada prevalência de casos de infecção durante a internação, observou-se elevada prevalência de casos de infecção durante a internação, associado ao tempo de internação e ao uso de dispositivos invasivos.

Palavras-chave: Idoso, Infecção, Epidemiologia, Oncologia. ABSTRACT

Objectives: to identify the occurrence of infection in elderly people undergoing cancer treatment during the hospitalization period. Method: a descriptive study, through the analysis of medical records, developed at a university hospital in the Federal District (DF), at the Medical Archive Service (SAME). A sample consisted of 61 medical records of elderly patients admitted to the Medical Clinic unit between the years 2014 to 2016, who underwent cancer treatment during a hospital stay. Data collection was performed in a single step, using instruments developed by the researchers, on the following variables: age, sex, length of stay, clinical diagnosis, occurrence of infection during hospitalization and use of invasive devices. Results: the epidemiological profile revealed men (55.7%), the occurrence of some type of infection during hospitalization (57.3%), the age group of elderly people aged 60-69 years (59%), with lung cancer being the most prevalent diagnosis (18%). The average hospital stay was 9.04 days and during the period 96.6% of elderly people used less than one invasive device. Conclusion: high prevalence of cases of infection during hospitalization is allowed, high prevalence of cases of infection during hospitalization, associated with length of stay and the use of invasive devices.

Keywords: Elderly, Infection, Epidemiology, Oncology. 1 INTRODUÇÃO

A população brasileira, como a da América Latina e Caribe, vem experimentando, nas últimas cinco décadas, transições decorrentes de mudanças nos níveis de mortalidade e fecundidade, em ritmo acelerado comparada a países desenvolvidos. Essas mudanças fizeram com que a população passasse de um regime demográfico de alta natalidade e mortalidade para outro, com baixa mortalidade e baixa fecundidade, ocasionando um envelhecimento da população (LIMA-COSTA, 2018; MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

Ao mesmo tempo, o país enfrenta a epidemia das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente as cardiovasculares e o câncer. Estima-se que em 2020, 70% das neoplasias ocorrerão em pessoas com idade superior a 60 anos (LINZ; SOUZA, 2018; MALTA et al, 2017).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Câncer é o termo utilizado para nomear mais de 100 tipos de doenças que têm como característica o crescimento desordenado de células, as quais podem invadir tecidos e órgãos, e assim se espalhar rapidamente para outras células do corpo, devido a rápida divisão celular, por se tratar de células muito agressivas e incontroláveis. O tipo de câncer será determinado pela localização primária. As causas são multifatoriais, incluindo fatores ambientais, culturais, socioeconômicos, estilo de vida ou hábitos de vida, onde podem ser incluídos hábitos de fumar e de alimentação, além de fatores genéticos e processo de envelhecimento (OLIVEIRA et al, 2015).

Denomina-se imunossenescência o envelhecimento imunológico que está associado ao progressivo declínio da função imunológica e aumento da suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes e câncer, além de redução da resposta vacinal (MINUZZI; TEIXEIRA; FERREIRA, 2015).

No aumento da expectativa de vida da população, percebe-se um maior número de internações de idosos por causas clínicas e cirúrgicas. Isso gera preocupação, uma vez que a internação acarreta risco aumentado de adquirir infecção, em função das modificações fisiológicas do envelhecimento, de alteração e diminuição na resposta do sistema imunológico e pelo aumento da realização de procedimentos invasivos (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

A imunosenescência é um capítulo relativamente recente, correlacionado com o aumento da longevidade, iniciado no século XIX e ainda em andamento em todo mundo. A característica mais importante da imunosenescência é o acúmulo no “espaço imunológico” das células memória e efetoras, como resultado da estimulação causada por repetidas infecções clínicas e subclínicas e pela exposição contínua a antígenos (alérgenos inalantes, alimentos, etc.) (VENTURA et al, 2017; AIELLO et al, 2019).

Esse estado de inflamação crônica que caracteriza a senescência tem um impacto significativo na sobrevivência e na fragilidade. De fato, a condição de idosos frágeis ocorre com menos frequência em situações caracterizadas por baixo contato com infecções virais e doenças parasitárias. Além disso, a imunosenescência é caracterizada por uma “remodelação” específica do sistema imunológico, induzida pelo estresse oxidativo. Como o envelhecimento é um processo plástico, é influenciado por intervenções nutricionais e farmacológicas, o papel da nutrição e da imunomodulação na imunosenescência é discutido, devido à influência multifatorial sobre essas características, bem como nos fatores predisponentes em doenças crônicas, como no câncer (VENTURA et al, 2017; AIELLO et al, 2019).

Assim o presente estudo tem por objetivo identificar a ocorrência de infecção em pessoas idosas em tratamento oncológico durante o período de internação em uma unidade hospitalar, por meio da análise de prontuários.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 2 MÉTODOS

Trata-se de estudo descritivo, retrospectivo e transversal, com análise quantitativa de dados de prontuários. A coleta de dados foi realizada no Serviço de Arquivo Médico (SAME) de um hospital universitário no Distrito Federal, a amostra correspondeu a prontuários de idosos internados na unidade de clínica médica do mesmo hospital, disponíveis para análise durante o período da coleta de dados.

Os critérios de inclusão foram: a) ser prontuário de pessoa idosa, ou seja, possuir 60 anos ou mais, durante o período de análise do estudo; b) possuir na lista de diagnósticos câncer; c) ter sido hospitalizado durante os anos de 2014, 2015 e 2016 na Unidade de Clínica Médica.

A população do estudo foi constituída por 172 prontuários, sendo 57 referentes ao ano de 2014, 36 de 2015 e 79 de 2016. Destes 61 prontuários foram incluídos na amostra final pois correspondiam a idosos com o diagnóstico de câncer.

A realização da coleta de dados foi realizada em única etapa, por meio do uso de instrumento elaborado pelos pesquisadores, e foram coletadas as seguintes variáveis: idade, sexo, tempo de internação, diagnósticos clínicos, ocorrência de infecção durante a internação, medicamentos para o tratamento da infecção e uso de dispositivos invasivos.

O período de coleta dos dados no SAME foi durante os meses de março do ano de 2016 até o mês de março de 2017. A análise da estatística descritiva foi realizada no programa SPSS para obtenção de frequências absolutas, percentuais e média.

O estudo atendeu as normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde sob o número CAAE: 52861816.1.0000.0030.

3 RESULTADOS

Dos 61 prontuários analisados, 34(55,7%) eram do sexo masculino. A média de idade foi de 69,4 anos, sendo a faixa etária entre 60 a 69 anos com maior número de idosos 36(59,0%) (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição de idosos em tratamento para câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016 segundo sexo, faixa etária e procedência, Brasília – DF (n=61).

Variáveis n %

Sexo Masculino 34 55,7

Feminino 27 44,3

Faixa etária 60-69 anos 36 59,0

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761

80-89 anos 3 4,9

90-99 anos 1 1,6

A ocorrência de infecção foi entre 35(57,3%) nos prontuários analisados. A média de tempo de internação do idoso na unidade de internação foi de 9,04 dias. A maioria fez uso de apenas um dispositivo invasivo durante a internação 39(63,9%), como cateter venoso periférico ou central, sonda, entre outros (Tabela 2).

Tabela 2. Distribuição de idosos em tratamento para câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016 segundo ocorrência de infecção, tempo de internação, uso de dispositivos invasivos, Brasília – DF (n=61).

Variáveis n %

Ocorrência de infecção Sim 35 57,3

Não 26 42,7

Tempo de internação 1 – 10 dias 41 67,2

11 – 20 dias 14 23,0

21 – 30 dias 5 8,2

31 – 40 dias 0 0,0

41 – 50 dias 1 1,6

Quantidade de dispositivos invasivos 0 2 3,3

1 39 63,9

2 14 23,0

3 3 4,9

4 3 4,9

Medicamentos em uso para infecção Antibióticos 24 39,4

Antifúngicos 3 4,9

Antibióticos e combinações (antifúngicos, antivirais,

anti-helmínticos)

7 11,4

Não fizeram uso desses medicamentos 27 44,3

Quanto à classe de medicamentos utilizados para o tratamento de infecções durante a internação, foi possível identificar que, em geral, os pacientes não fizeram uso de medicamentos 27(44,3%). Porém, quando considerados somente os idosos que fizeram uso de medicamentos para o tratamento de infecções, os antibióticos foram os mais prevalentes 25(40,9%), seguidos da associação de antibióticos e e outras combinações utilizadas simultaneamente 7(8,2%). Outras combinações com antibióticos totalizaram 3(8,2%).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Quanto à relação entre aspectos clínicos e sociodemográficos dos idosos que tiveram infecção durante a internação, foi notável que a população de homens é a que apresenta mais casos de infecção 21(60,0%), que a faixa-etária de maior prevalência de infecção foi a que estava entre a faixa etária dos 60-69 anos 19(54,3%) (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição dos casos de infecção e as variáveis clínicas e sociodemográficas entre idosos em tratamento para câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016. Brasília – DF (n=35).

Variáveis n %

Sexo Masculino 21 60,0

Feminino 14 40,0

Faixa etária 60-69 anos 19 54,3

70-79 anos 14 40,0

80-89 anos 2 5,7

Tempo de internação 1 – 10 dias 20 57,1

11 – 20 dias 9 25,7 21 – 30 dias 5 14,3 Quantidade de dispositivos invasivos 1 21 60,0 2 10 28,5 3 2 5,7 4 2 5,7

Localização do Câncer Sistema respiratório (pulmão, laringe, brônquios)

Sistema reprodutor feminino (útero, ovário, mama)

12 8

34,3 22,8

Sistema digestório (esôfago, cólon, estômago)

7 20,0

Sistema linfático (Linfoma não Hodgkin, Linfoma Hodgkin)

3 8,6

Sistema imunológico 2 5,7

Sistema urinário (bexiga) 1 2,8

Sistema endócrino (pâncreas) 1 2,8

Sistema reprodutor masculino (próstata) 1 2,8

A média do tempo de internação para este grupo foi de 10,3 dias. Nota-se que todos os pacientes que apresentaram infecção durante a internação fizeram uso de ao menos um dispositivo invasivo no período, e ainda, que dos sistemas biológicos, aquele que mais apresentou casos de acometimento de câncer foi o sistema respiratório 12(34,3%), cuja localização dos sítios primários foram pulmão, laringe e brônquios (Tabela 3).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 4 DISCUSSÃO

A estimativa mundial mostra que, em 2012, ocorreram 14,1 milhões de casos novos de câncer, havendo discreto predomínio do sexo masculino tanto para incidência (53%) quanto para mortalidade (57%). Essa taxa de incidência é bastante próxima à taxa de ocorrência de câncer no presente estudo, que aponta um predomínio para a o sexo masculino. Estudo com idosos diagnosticados com câncer também apresentou maioria de indivíduos na faixa etária de 60-69 anos (64,6%), e média de idade de 67,8 anos (mínimo de 60 anos e máximo de 88 anos) (INCA, 2011; BRAZ et al, 2018).

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou em 596.000 o número de novos casos de câncer em 2016. Em uma estimativa para o biênio 2018-2019, apontou que, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, o câncer de pulmão seria o segundo tipo de câncer de maior incidência em homens no Brasil (8,7%) e o câncer de estômago o quarto (6,3%). Já para mulheres, esta mesma estimativa apontou o câncer de intestino como a segunda maior incidência (9,4%) e o câncer de colo de útero como a terceira (8,1%) (ALENCAR, et al; 2020; INCA, 2011).

Em outra estimativa para o Distrito Federal, apontou que para cada 100.000 habitantes, haveria 220 casos de câncer em sistema respiratório (traqueia, brônquio e pulmão), terceira maior incidência e 180 casos de câncer de estômago, quarta maior incidência para o público masculino. O público feminino, nessa estimativa apresentou incidência de 370 casos de câncer de intestino (cólon e reto), quarta maior incidência e 290 casos de câncer de colo de útero, quinta maior incidência (INCA, 2011).

Nesse sentido, em comparação com o presente estudo, foi possível perceber que os dados apontados pelo INCA em 2018, tanto para o panorama geral do Brasil quanto especificamente para o Distrito Federal, corroboraram com os dados obtidos pela relação entre os diagnósticos de câncer e sexo neste estudo, os quais apresentaram prevalências elevadas de cânceres de pulmão e de estômago para homens. E para as mulheres, prevalências elevadas de cânceres de cólon e de útero (INCA, 2011).

Em relação ao uso de medicamento, estudo de coorte retrospectiva, realizado em instituições de longa permanência para idosos, no estado de Minas Gerais identificou o uso de antimicrobianos nos registros de 110(44,0%) idosos. Alguns idosos precisaram fazer o uso de antimicrobianos por mais de uma vez num período de um ano e/ou utilizaram terapia combinada, o que justificou, segundo os autores, o número de 141 antimicrobianos em uso no período (SILVA; GARBACCIO, 2016).

Em um estudo que avaliou a prevalência de pacientes adultos e idosos com infecção relacionada à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva de hospitais públicos no Distrito Federal, considerou-se que o uso de dispositivos invasivos, como cateter venoso central e periférico, sinalizou maior risco para a não sobrevivência de pacientes críticos no cenário de terapia intensiva.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Segundo o mesmo estudo, o tempo de permanência desses dispositivos também contribuiu para a maior ocorrência de infecção relacionada à assistência à saúde (SINESIO et al, 2018).

Nas ações de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) estabelecer prioridades é fundamental, dentre essas, o estabelecimento de políticas e a padronização da implantação e manutenção de dispositivos invasivos (ANVISA, 2017).

O tempo médio de internação observado no estudo foi de 9,04 dias, o que é bastante próximo à média nacional de 9,3 dias de internação, apontada em outros estudos. (13,15) Para os pacientes que apresentaram infecção, o tempo médio de internação foi maior 10,3 dias. Em outras palavras, a infecção prolonga a permanência de um paciente no hospital em pelo menos quatro dias (SILVA et al, 2014).

Apesar do presente estudo não avaliar a prevalência e causa das infecções especificamente, foram avaliados a ocorrência da infecção geral pelo uso de medicamentos para tratamento de tal fim, evidenciando que todos os pacientes que apresentaram quadro de infecção durante a internação também fizeram uso de pelo menos um dispositivo invasivo. O dispositivo mais frequente foi o cateter venoso periférico, dispositivo que pode levar à infecção primária de corrente sanguínea, quando utilizado de modo inadequado, se não realizado a antissepsia do local ou não ser trocado quando houver sinais flogísticos ou no período determinado, para adultos a cada 72 horas, ou conforme protocolo institucional (JOHANN et al, 2016).

Assim, faz-se necessário, principalmente para a equipe de enfermagem, por estar à frente da assistência, o reforço quanto os cuidados obrigatórios na inserção de dispositivos invasivos, especialmente quanto ao cateter venoso periférico, bem como os cuidados específicos para a manutenção de tal dispositivo, que é rotineiramente manipulado, e pode ser uma das possíveis causas, em muitas situações, onde são identificados quadros de infecção.

5 CONCLUSÃO

Os aspectos relacionados à imunossenescência, assim como os relacionados à fragilidade imunológica de pessoas idosas acometidas por câncer aumentam o risco de se contrair infecções, seja no âmbito hospitalar ou mesmo em meio à comunidade.

O tempo de internação prolongado e o uso de dispositivos invasivos, pode aumentar a chance de adquirir uma infecção devido à exposição a patógenos diversos, pois pode-se observar que a presença de infecção também prolonga o período de internação.

Conhecer o processo de envelhecimento é importante para que o cuidado de enfermagem a pessoa idosa com câncer possa ser individualizado e com vistas a melhor qualidade na assistência baseada em práticas de cuidados avançados.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 48438-48447, jul. 2020. ISSN 2525-8761 REFERÊNCIAS

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Tabela 1. Distribuição de idosos em tratamento para câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016 segundo  sexo, faixa etária e procedência, Brasília – DF (n=61)
Tabela 2. Distribuição de idosos em tratamento para câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016 segundo  ocorrência de infecção, tempo de internação, uso de dispositivos invasivos, Brasília – DF (n=61)
Tabela 3. Distribuição dos casos de infecção e as variáveis clínicas e sociodemográficas entre idosos em tratamento para  câncer hospitalizados durante os anos de 2014, 2015 e 2016

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