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Uso Terapêutico e Religioso das Ervas

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Academic year: 2021

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Cilma Laurinda Freitas e Silva**

Resumo: este artigo trata do uso terapêutico e religioso das ervas. O emprego das

plan-tas como medicamento é milenar e universal, tendo surgido desde os tempos primitivos, por meio de uma medicina empírica. Essa prática veio do contato com a natureza, da necessidade de sobrevivência, da observação do compor-tamento dos animais e da religiosidade dos povos antigos. Acreditava-se que doenças e curas eram promovidas pelas divindades, que concediam aos hu-manos o conhecimento sobre os poderes mágicos e curativos das ervas. Assim, as plantas, além dos tratamentos físicos, eram usadas com fins religiosos em rituais diversos e oferendas a deuses e entidades divinas.

Palavras-chave: Ervas. cura. Religião.

O

presente artigo objetiva tratar das ervas nos aspectos curativo e religioso. Con-forme registra a história, todos os povos fizeram e fazem uso das plantas com fins diversos. O ser humano não vive sem os vegetais, seja para alimentação ou cura. Com a medicina atual, baseada na quimioterapia, as pessoas confiam mais nos medicamentos produzidos pela química moderna, porém mesmo hoje são desenvolvidos tratamentos alternativos, como a homeopatia e uma fitoterapia científica, persistindo, todavia, uma medicina popular à base de plantas resultan-te de uma longa tradição.

Ao longo da história o uso dos vegetais em várias comunidades e culturas mostram o desenvolvimento de um conhecimento prático e empírico sobre a utilização das ervas. Acredita-se que tal conhecimento adveio da observação do compor-tamento dos animais e da própria experimentação no contato com a natureza,

USO TERAPÊUTICO

E RELIGIOSO DAS ERVAS*

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* Recebido em: 30.11.2013. Aprovado em: 20.12.2013.

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sendo reconhecidos vegetais alimentícios, tóxicos e curativos. Esse saber era repassado de gerações a gerações através dos costumes e crenças de cada povo. As ervas foram empregadas também com fins religiosos, estando presentes em dife-rentes tipos de rituais e cerimônias. Dessa forma, o estudo do uso das plantas revela aspectos religiosos, sociológicos e culturais dos povos. No correr do tempo, à medida que a ciência evoluía, o aspecto religioso do uso das ervas foi se perdendo, prevalecendo hoje, porém, em algumas práticas religiosas, como a umbanda e o candomblé realizados no Brasil e na África virgem, e em rituais místicos do Norte brasileiro, como a prática recente da ingestão da ayahuasca, por exemplo.

O presente artigo pretende abordar um pouco desse conhecimento, que ainda permane-ce em muitas comunidades em todo o mundo.

USO DAS ERVAS: UM CONHECIMENTO MILENAR

O emprego de elementos da natureza, como as plantas, foi originariamente o único meio de tratamento em todas as comunidades até bem pouco tempo, antes do advento da medicina como ciência.

De cunho universal, o uso medicamentoso das plantas é um conhecimento milenar, adquirido pelos povos de modo empírico e indutivo, com a experimentação, para fins de cura e sobrevivência, não tendo, porém, uma história inicial clara e delimitada no tempo e no espaço. Todas as comunidades antigas (China, Egito, Suméria, Assíria, Babilônia, Índia, Grécia, Arábia, Ásia, África) conheciam os segredos curativos das plantas, sem saber exatamente como tal conhecimento foi criado ou adquirido. Na sua relação íntima com a natureza e nas suas an-danças e moradias por cavernas, florestas, savanas, pradarias, pântanos, vales, montanhas, os seres humanos primitivos de todos os lugares e também os indígenas conhecidos nos últimos tempos (nas Américas) acumularam grande conhecimento sobre as plantas. Esse saber passou a fazer parte dos hábitos, costumes, crenças e tradições, sendo repassado pelos mais velhos aos mais jovens, que repetiam e perpetuavam as práticas aprendidas, acreditando total-mente nas mesmas e prosseguindo a tradição. Em todas as comunidades, quem detinha o vasto conhecimento sobre o uso das plantas gozava de prestígio e poder.

O conhecimento sobre o uso das plantas adveio em grande parte da observação da na-tureza e do comportamento dos animais, conforme Paula e Trasvenzol (2001, p. 1) historiam:

O estudo das plantas medicinais remonta praticamente ao princípio da evolução do homem sobre a terra. O homem pré-histórico observava o comportamento

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instintivo dos animais para cicatrizar suas feridas e curar suas enfermidades. [...]. Em sua contínua movimentação o homem pôde observar que certas plantas eram aptas ao consumo alimentício e outras eram tóxicas. Tais observações de-ram origem ao processo intuitivo que caracterizou os primeiros povos e permi-tiu-lhes ensaiar os efeitos de diversas plantas a fim de verificar quais possuíam ou não efeitos medicinais.

Por sua vez, escreve Rey Bueno (2009, p. 17), outra estudiosa do uso medicinal das plantas, mostrando a antiguidade do seu emprego:

O estudo das propriedades curativas das plantas se perde nas brumas do tempo. Um dos primeiros escritos sobre o tema é o chamado Papiro Ebers, com mais de 3.500 anos de antiguidade. Denominado assim por seu tradutor, o egiptólogo George Moritz Ebers, foi encontrado na cidade de Luxor. Trata-se do mais im-portante escrito sobre medicina egípcia, no qual se pode identificar cerca de 150 plantas de utilidade terapêutica.

Hoje é vasta e detalhada a literatura sobre a descrição das ervas e seu uso como medicamento, mostrando a origem remota e lendária dessa prática curativa. Hartmann (1997), por exemplo, em Duas ou três coisas que me contaram

sobre as ervas: uso terapêutico das plantas, aborda o uso das ervas desde

os primórdios da raça humana até os dias atuais, mostrando origens e nomes científicos de muitas plantas. Biazzi, em Saúde pelas plantas (1996), apre-senta diversas receitas de medicamentos à base de vegetais. Segundo essa autora: “A Natureza também está à nossa disposição. Existem milhares de plantas que podem auxiliar o organismo nas suas funções corretivas ou neu-tralizam tóxicos e ajudam a eliminá-los“ (BIAZZI, 1996, p. 8). Por sua vez, Leite (2003, p. 1151) declara, citando a Bíblia: “As ervas eram cultivadas pelos antigos com propósitos práticos, que variavam desde a fabricação de óleos, essenciais e de usos em culinária, até fins medicinais (Gn 1, 29). Esses últimos eram os mais importantes“.

Rey Bueno (2009), em História das ervas mágicas e medicinais, remonta à Antiguida-de Clássica, cujos conhecimentos práticos se misturavam aos mitos, oferecendo interessantes passagens de tratamentos mesclados com poderes mágicos. Segun-do a autora, o enciclopedista romano Plínio cita o Centauro Quíron como o pri-meiro herborista e boticário da humanidade. Herboristas e boticários gozavam de importância social em razão de poderem aliviar o sofrimento causado por dores e doenças, proporcionando alívio e cura. Praticado pelo povo simples e por nobres, o costume do uso das ervas atravessou os tempos, passando pela Idade Média e o Renascimento europeus, sendo inclusive tema de estudos nas

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primeiras universidades. As pessoas colhiam plantas em campos e florestas e cultivavam hortas no quintal de suas residências; universidades, instituições diversas e monarcas formavam jardins botânicos com plantas exóticas, orna-mentais e medicinais.

Portanto antigamente as doenças eram tratadas com a terapia vegetal, sendo a qui-mioterapia uma conquista recente da humanidade, como destaca Rey Bueno (2009, p. 23-4):

Desde as civilizações mais primitivas, o ser humano tem se ocupado não só em aperfeiçoar e aumentar o cultivo das plantas para a sua alimentação, como também tem tentado buscar as propriedades medicinais de cada uma delas – conhecimento transmitido de geração em geração. A terapia química, tão di-fundida atualmente, é uma invenção relativamente recente. Até o século XIX, os medicamentos eram feitos, quase em sua totalidade, a partir de plantas que o boticário se encarregava de preparar e misturar adequadamente, com a finali-dade de potencializar sua ativifinali-dade.

Nessa fitoterapia empírica, nascida nas sociedades primitivas e aprimorada ao longo dos tempos, havia um cuidado rigoroso na escolha da planta e no modo de prepará-la, envolvendo sua colheita, secagem, trituração e a elaboração do medicamento. Esse trato mais especializado era seguido por boticários, herbo-ristas, alquimistas, herbanários, curadores, feiticeiros, rezadores, benzedores e demais pessoas dedicadas à atividade. Junto ao povo, no âmbito das famílias, a prática era menos rigorosa. Assim, diversos remédios populares, denominados pelo senso comum de “receitas da vovó“, eram utilizados para diversos tipos de doenças, como inflamações da epiderme e da mucosa, problemas gástricos, dores em geral, febres e outros males.

Ao lado do valor medicinal, destacava-se também o emprego das plantas como cosmé-tico, auxiliando na beleza da pele, dos cabelos, na desintoxicação de órgãos e na tonificação do corpo. O emprego estético das ervas intensificou-se com o tempo, resultando na sofisticada cosmetologia moderna.

O USO RELIGIOSO DAS ERVAS

No contexto das sociedades primitivas, dominadas por mitos religiosos, tanto doenças quanto suas curas vinculavam-se a crenças, sistemas religiosos, ritos mágicos. Daí a incorporação do aspecto religioso e místico do emprego das plantas nos tratamentos de doenças. Acreditava-se, na visão de uma teologia pagã, que o mundo vegetal possuía propriedades ocultas e segredos que tinham sido reve-lados à humanidade pelos deuses. Assim, por atuação divina, muitas plantas

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eram sagradas e tinham poderes sobrenaturais para curar problemas de saúde e outros malefícios. Esse princípio que liga saúde e religião parece fazer parte da natureza humana, vigorando até hoje, como afirma Terrin: “Tudo faz pensar que a relação entre religião e saúde é consubstancial, imemorável e inatacável, que certamente não poderá ser dissolvida por nosso mundo técnico-científico“ (TERRIN, 1998, p. 197). Quanto ao aspecto religioso e sagrado da utilização das ervas por diferentes povos, escreve Albuquerque (1997, p. 13):

Outrora dominava a crença de que algumas plantas foram dadas ao homem pe-los deuses ou heróis míticos, como auxiliares na cura de processos patológicos, ferimentos de guerra, ou como livramento de males; outras plantas, por sua vez, decoravam templos erguidos para adoração de determinadas divindades, onde eram consumidas em bebidas ou queimadas [...], e que ainda hoje encontram aplicação em ritos de diversas crenças religiosas.

No processo de cura pelas ervas e divindades, é fundamental, dentro da dinâmica cul-tural, a questão da fé, em nível pessoal e coletivo, sendo envolvida também a relação de poder, como declara Reimer (2008, p. 66):

Os processos terapêuticos pressupõem uma relação interpessoal de fé/confiança entre a pessoa doente/possessa e a divindade/seu agente. Nisto se reflete não apenas o poder divino de perdoar e curar, mas também a importância e a abran-gência de poderes em relação: a fé é uma expressão de poder que, intercedendo, articula e –libera– o poder (dynamis) da divindade/seu representante, possibili-tando uma poderosa dinâmica de libertação e superação do Mal. Esta relação de poderes articulados entre a pessoa doente/possessa, a coletividade e a divin-dade é que atua também na (re)construção de identidivin-dades após a cura.

Biazzi tem uma interpretação religiosa sobre o uso dos elementos da natureza (matas, rios, mar, terra, animais) na vida, sobrevivência e saúde do ser humano muito próxima de um deus único (diferentemente da visão pagã sobre entidades e deuses diversos). Ela escreve:

Assim como os diversos regulamentos e itens asseguram o sucesso no funciona-mento de uma nave, a vontade da Suprema Inteligência do Universo assegura o sucesso para a vida do homem.

Exatamente no momento da criação, a vontade do Criador já assegurou a saúde e normalidade das coisas criadas.

Descobrir a vontade de Deus, ou as Leis Naturais e incorporá-las à vida é des-cobrir o segredo para o sucesso e para a saúde, é conseguir ‘conversar’ com o

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próprio corpo e compreendê-lo, é perceber a linguagem das matas, dos rios, do mar, da terra, dos animais e corresponder a ela (BIAZZI, 1996, p. 17).

O próprio Deus bíblico, monoteísta, do judaísmo, ofereceu a natureza e as ervas aos homens. A Bíblia, o livro sagrado dessa religião, se refere a diversas plantas para diferentes fins. O livro de Gênesis (1: 29) traz: “E disse Deus: “Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento“ (Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica do Brasil, Casa Publicadora das Assembleias de Deus).

Em vários livros da Bíblia, do Velho e do Novo Testamento, são citadas diversas er-vas, como açafrão, aloés, arruda, coentro, cominho, endro, funcho, hissopo, hortelã, incenso, losna, manjerona, mirra, sálvia e outras. A arruda e a hor-telã, juntamente com hortaliças, são mencionadas em Lucas 11:42 (BÍBLIA SAGRADA, 2004) como dízimo ou oferenda religiosa. Traz uma versão d“A

Bíblia da Mulher (2003):

Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.

Diz ainda Leite sobre a hortelã: ““A erva da graça“ era espalhada pelos prédios como proteção contra doenças. Apreciada pelo seu sabor forte e por suas proprieda-des medicinais“ (A BÍBLIA DA MULHER, 2003, p. 1151).

Também Rey Bueno (2009, p. 56) expõe sobre referências bíblicas a ervas:

A tradição conta que o zimbro (juniperus communis) deu proteção à Família Sa-grada, o qual ofereceu seus galhos para que a Família se escondesse neles, com o Menino Jesus, durante a perseguição de Herodes. Desde então, possui pro-priedades especiais para expulsar os demônios e destruir qualquer sortilégio. Fernán Caballero, no entanto, acredita que o alecrim (Rosmarinus officinalis) foi o que prestou ajuda à Virgem em sua fuga para o Egito. Diz-se que floresce no dia da Paixão de Cristo pelo fato de a virgem ter colocado para secar sobre os alecrins as fraldas do menino Jesus.

AS ERVAS NO BRASIL

Apesar de aspectos universais, evidentemente cada povo, com sua cultura, hábitos, cosmovisão, desenvolveu particularidades no uso das plantas. No Brasil Colô-nia, agrário e intercultural, formado com a miscigenação de brancos europeus

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(portugueses), indígenas nativos e o negro africano escravo, o uso das ervas como medicamento teve importante papel medicinal e religioso. Cada uma das raças formadoras do povo brasileiro já trazia as suas práticas, que aqui se mesclaram, em influências recíprocas, criando-se, então, em razão da grande diversidade da flora tropical, uma medicina popular e de origem rural riquíssi-ma, misturada com aspectos religiosos das três etnias.

As ervas eram manipuladas por benzedores, raizeiros, curandeiros, rezadores, que in-dicavam chás, emplastros, banhos, unguentos, garrafadas, pós, pomadas, xaro-pes, raizadas, infusões, feitos com folhas, flores, raízes, cascas, troncos e semen-tes, para promover a cura de doenças, muitas vezes junto com passes, orações e rituais sagrados. Os tratamentos eram indicados para males físicos e espirituais, tendo ainda o fim de abertura de caminhos, combate à inveja, mau-olhado, fei-tiço, arca caída, espinhela caída, vento virado, quebranto, cobreiro. A esse respeito falam Maciel e Guarin Neto (2006, p. 74), expondo pensamento de F. Portugual, em Rezas, folhas, chás de rituais dos orixás (1987):

Portugual (1987) comenta que o uso de folhas, raízes, cascas e frutos é cerca-do de rituais mágicos, de guias, curandeiros, raizeiros e benzecerca-dores. O autor ainda relaciona tal utilidade das plantas a um passado da medicina oculta da Antiguidade, dominada por sacerdotes e sacerdotisas, os quais receitavam chás e poções e rezavam. Pode-se dizer que, ainda hoje, isto pode ser observado em diversas regiões do Brasil, onde benzedores e benzedeiras perpetuam esta forma de ligação entre o ser humano e a natureza, através da fé.

Por sua vez, os padres jesuítas trabalhavam com suas boticas, usando plantas vindas do Reino (mirra, incenso, estoraque) e manipulavam remédios, dando assistência a índios e colonos (CAMARGO, 1998, p. 27-8). Sousa e Lima (s/d, p. 6-7) afirmam que “os jesuítas tiveram grande importância na difusão dos conheci-mentos dos indígenas sobre as plantas medicinais para a população em geral“. Segundo esses autores, os primeiros registros sobre o uso das plantas no Brasil foram feitos pelo padre Anchieta no século XVI.

Os jesuítas, em suas missões, visando catequizar e proteger principalmente os índios da escravidão, tiveram um papel importante na defesa de negros e índios con-tra fenômenos discriminadores criados pelos brancos (demonização, folclori-zação, paganismo, pecado, temor de envenenamento dos senhores brancos e outras atitudes de preconceito, temor e rejeição das culturas índias e negras conforme expõem D“Adeski (2001) e Laplantine (2007). Prudentemente os jesuítas perceberam a importância de priorizar plantas em que os índios e os negros confiavam, passando então a estudá-las. Assim, em 1625, o padre Ma-nuel Tristão produziu a “Coleção de Receitas Medicinais“, que trazia grande

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conhecimento. Dessa forma, os jesuítas contribuíram para a valorização da flora local.

Quanto à mistura de raças e aspectos culturais na medicina popular brasileira da época, escreve Gomes (2008, p. 111):

No Brasil, a medicina popular é o resultado de uma série de aculturações de técnicas utilizadas pelo português, pelo indígena e pelo negro. A contribuição do pajé ameríndio, do feiticeiro negro e do bruxo europeu foi de tal maneira misturada que hoje seria difícil distinguir o que é puramente indígena, negro ou branco.

Sobre a busca de conhecimento das plantas medicinais brasileiras, Jorge (s/d, p. 10) destaca que:

A primeira história natural brasileira, elaborada por Wilhem Pies e Georg Mar-cgraf, integrantes da comitiva de Maurício de Nassau, incluía um herbário de plantas medicinais (Historia Naturalis Brasiliae). Os paulistas com suas ‘Entra-das e Bandeiras’ foram os primeiros a utilizarem a medicina herbalista, e mais tarde os negros escravos.

Entre os índios o uso das ervas, mesmo com fins curativos, sempre tinha algum aspecto místico. Os indígenas possuíam seus rituais religiosos, que não se realizavam sem as ervas sagradas, como o xamanismo, o toré e o catimbó (CUMINO, 2011, p. 59-60). Embora guardando algumas diferenças, havia nessas práticas religiosas a presença de um líder, o pajé ou xamã, que dirigia os rituais de pajelança, fazendo a mediação entre os vivos e as entidades transcendentais ou espirituais (deuses), exercendo o papel de médico, sacerdote, curandeiro. Eram rituais de magia para realizar tratamentos, curas, profecias. O líder in-geria bebidas ou fumos, para obtenção de diversos efeitos: ampliar a consci-ência, fazer a pessoa sair do corpo, incorporar a energia poderosa de uma en-tidade ou de um animal a fim de auxiliar os membros do ritual e a tribo. Eram feitas também defumações para afugentar os maus espíritos. Bastide (1971, p. 244) descreve que, no trabalho dos feiticeiros indígenas, “tragava-se a fumaça até a produção do transe místico em que se chamava o espírito de santidade“. As plantas entorpecentes levavam o feiticeiro a sonhar com os espíritos, que revelavam a erva adequada ou o modo de curar o enfermo.

No ritual do toré1 eram ingeridas bebidas feitas com a erva jurema para o encontro com o transcendente. Como explica Cumino, tais bebidas são enteógenas ou alucinógenas: criam o estado de êxtase xamânico; conduzem à alteração de consciência. “Da árvore de jurema os índios usam as folhas, as sementes e o

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tronco para fazer bebidas, maracás (chocalhos) e cachimbos, nos quais o fumo também é misturado com folhas de jurema“ (CUMINO, 2011, p. 60).

O catimbó3 (ou linha da jurema), conforme Cumino (2011, p. 60), corresponde à jun-ção das tradições do toré com a magia europeia, tendo ainda influência de elementos católicos e africanos. Cumino (2011, p. 60) relata que nesses rituais é fundamental o uso de bebidas feitas com a jurema, a fim de produzir os tran-ses, levando o espírito da pessoa ao encontro do seu mestre no astral a fim de aprender a arte da jurema.

Ainda no campo do sagrado, destacam-se no Brasil dois segmentos religiosos que fa-zem largo uso das plantas, a umbanda e o candomblé, duas práticas místicas trazidas ao Brasil pelos negros africanos escravos. Em perfeita simbiose com a natureza, o negro africano extraiu das grandes florestas nativas toda a força da seiva das plantas consubstanciada em sacralidade concedida pelas divindades ou entidades espirituais que regem a vida das pessoas. Com o fim de atender, curar e resolver problemas dos consulentes, os líderes dessas práticas reli-giosas, os pais ou mães de santo, estavam em relação direta com as entidades espirituais, os orixás.

A umbanda foi mesclada com o cristianismo e santos da igreja católica; já o candomblé manteve-se mais fiel às matrizes africanas, realizando feitiços e práticas de cura de enfermidades e solução de problemas cotidianos, utilizando-se far-tamente das ervas. Atesta um dos estudiosos desses ritos: “no século XVIII generalizou-se, por influência do negro feiticeiro, o uso da diamba (Cannabis

indica) e da jurema (Pithecolobium tortum), vegetais de efeito narcótico, nas festas feiticistas, e por todo o país preparavam-se “feitiços““ (SANTOS FILHO, 1991, p.135-6) com fins diversos, inclusive como uma arma de resistência do afrodescendente contra o seu senhor.

A crença na cura proporcionada pelos feiticeiros negros justificava-se também pela insuficiência dos tratamentos realizados pelos brancos:

A ineficácia apresentada pela medicina favoreceu a crença em um viés mágico de cura. Todas aquelas doenças para as quais os médicos oficiais não tinham cura entravam na denominação de doenças mágicas, causadas por um castigo divino, uma intervenção diabólica ou uma maldição provocada por um feiticeiro

(REY BUENO, 2009, p. 103).

Nos rituais afro-brasileiros as ervas tinham diversas finalidades: “usa-se as folhas para defumar o terreiro (abaçá), para preparar a iaô (iniciada), para amacis4, Boris5 e para todas obrigações e preceitos“ [...] Sem folhas, não existiria Candomblé“ (FARELLI, 2002, p. 35).

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Além das receitas diversas, as plantas eram usadas ainda em defumações, incensos e patuás, com funções magísticas e terapêuticas, liberando essências balsâmi-cas, purificando o ambiente, emitindo “radiações energizadoras, purificadoras, curadoras, cicatrizadoras, higienizadoras e potencializadoras“ (VIEIRA, 2006, p. 30). Nessas práticas a natureza era vista como aquela que, “sem qualquer egoísmo, na exaltação suprema do altruísmo, nos oferece as fontes e as dádi-vas necessárias para cuidarmos de nosso corpo com a mais elementar simpli-cidade” (YARZA, 1982, p. 260).

Detentoras de grande quantidade de energia mágico-universal sagrada, as ervas possuem axé (força), atuando energeticamente sobre o corpo espiritual das pessoas, pois são hipersensíveis, catalisadoras de energia, possuindo capacidades mágico-te-rapêuticas. Bem combinadas entre si, unindo os campos medicinal e simbólico, e com a intervenção de entidades espirituais, as plantas têm o poder de realizar a limpeza da aura, produzindo energia positiva e equilíbrio interior; de resolver questões da vida material, trazendo prosperidade em negócios, fartura, dinhei-ro; resolver casos amorosos; proporcionar alegria; proteger a saúde; controlar desavenças; retirar sentimentos negativos, como ira, ciúme, inveja, mau-olhado, desafeto; proporcionar cura, sorte e vigor; afastar forças negativas; limpar, puri-ficar e harmonizar o ambiente; acalmar; afastar pensamentos negativos; apurar a intuição e a capacidade premonitória; atrair o amor e energias positivas; etc. Toda essa ação das plantas em rituais religiosos brasileiros representa uma cultura

na-cional peculiar dentro de um mosaico vastíssimo que o uso das plantas pode oferecer se consideradas as demais culturas de outros países.

CONCLUSÃO

Embora em menor escala, em razão do desenvolvimento científico e da medicina moder-na, conserva-se ainda o uso terapêutico das plantas, em medicamentos de apli-cação interna e externa, havendo manuais, guias, livros que tratam do assunto (YARZA, 1982; BALBACH, 1986; HARTMANN, 1997; BIAZZI, 1996). Tais obras trazem listas de plantas com fotografias, receitas e indicações de uso para dezenas de doenças (inclusive doenças codificadas pela medicina), produzindo no organismo efeito relaxante, digestivo, depurativo, afrodisíaco, energético, diu-efeito relaxante, digestivo, depurativo, afrodisíaco, energético, diu-rético, estimulante (físico e mental), tonificante, fortificante, desintoxicante, la-xante, vermífugo, antidepressivo, balsâmico, expectorante, cicatrizante, antifebril, cardiotônico, circulatório, hepatoprotetor, calmante, antidiarreico, anti-inflamató-rio, sedativo, fortalecedor pulmonar, anti-hemorrágico, adstringente, puricador do sangue, espasmódico e outros.

Essa medicina fitoterápica nem sempre se relaciona à religião. Trata-se do uso curativo das plantas em si. Afirma Santos Filho sobre a medicina popular brasileira que

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emprega as plantas: “Foi ela, principalmente, empírica, e, em menor escala, mágica e religiosa“ (SANTOS FILHO, 1991, p. 348).

No entanto, o sentido místico e religioso ligado às plantas ainda persiste, de alguma for-ma, nos dias de hoje. Os florais de Bach, por exemplo, um método descoberto e praticado pelo Dr. Edward Bach, em 1930, visam ao equilíbrio das emoções e, associados ou não a outros tratamentos, proporcionam a cura de forma natural para diversos males, tendo, porém, um teor místico. O Dr. Bach acreditava que os florais tinham o poder de elevar as vibrações das pessoas e abrir canais para o seu “eu espiritual“; de elevar a natureza pessoal, promover virtudes necessárias e remover imperfeições; de aproximar a pessoa da sua própria alma, trazendo paz e aliviando sofrimentos. Portanto a ação dos florais não é exatamente a de combater as enfermidades e doenças, mas de dissolvê-las por meio de vibrações sublimes retiradas da “natureza superior“ das pessoas.

Outro caso do século XX surgiu no Brasil com o uso de uma bebida, a ayahuasca6, no ritual denominado de Santo Daime. O Santo Daime é uma manifestação religio-sa da região amazônica, surgida nas primeiras décadas do século XX. A doutri-na, de fundo religioso cristão, visa ao autoconhecimento das pessoas, levando-as a adquirir sabedoria, a praticar o perdão e a regeneração do ser. O objetivo é que o daimista corrija seus defeitos e alcance a perfeição. O criador da doutrina, descendente de escravos, teve uma visão em que um ser superior lhe conferiu a missão do Santo Daime.

Dessa forma, percebe-se que, com início entre os povos antigos, o uso terapêutico e religioso das plantas permanece no mundo moderno. Possivelmente pesquisas científicas até intensifiquem o poder curativo das ervas, com novas descober-tas sobre suas propriedades. Quanto ao aspecto religioso, esse mistério que povoa a alma e o imaginário humanos, o tempo se encarregará de inscrever os rumos que tomarão as plantas em rituais magísticos e sagrados.

THERAPEUTIC AND RELIGIOUS USE OF HERBS

Abstract: this article focus on religious and therapeutic use of herbs. The use of plants for

medical purpose is universal and millennial. It appeared since primitive times through an empirical medical practice. This practice came into existence from the contact with nature, the need for survival, the observation of animals be-havior and also from religiosity of ancient people. It was believed that cure and disease were caused by deities that granted to human beings the plants’ magic power healing. Therefore plants besides physical treatment were used for reli-gious purposes in different rituals and offering to gods and spiritual deities. Palavras-chave: Herbs. Healing. Religion.

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Notas

1 “Toré é uma religião ameríndia, na qual as pessoas buscam remédios para as suas doenças, procuram conselhos com os caboclos que baixam. Já o mestre defuma, receita e aconselha. Certamente é o mesmo Catimbó dos arredores das capitais e grandes cidades nordestinas, onde os destituídos da fortuna procuram como oráculo para minorar os penares e desditas” (Dispo-nívem em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A9>. Acesso em: 24 dez. 2013. 17:16:45). 2 “Enteógeno (ou enteogénico) é o estado xamânico ou de êxtase induzida pela ingestão

de substâncias alteradoras da consciência. É um neologismo que vem do inglês: entheo-gen ou entheoentheo-genic, tendo sido proposto em 1973 por investigadores, dentre os quais se pode citar Gordon Wasson (1898-1986)” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ente%C3%B3geno>. Acesso em: 24 dez. 2013. 17:26:10).

3 “Catimbó é um conjunto específico de atividades mágico-religiosas, originárias da Região Nordeste do Brasil. Conhecido desde meados do século XVII, o catimbó resulta da fusão entre as práticas de magia provenientes da Europa e rituais indígenas de pajelança, que foram agregados ao contexto das crenças do catolicismo. Conforme a região de culto, influências africanas podem ser notadas, de forma limitada, entretanto” (Disponívem em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Catimb%C3%B3>. Acesso em: 24 dez. 2013. 17:36:15). 4 “Amaci é o banho feito de várias ervas conforme a orientação do pai ou guia chefe

dirigente de um terreiro” (Disponível em: <http://guerreirosdapaz.forumeiros.com/ t4-amacis-fundamentos-na-umbanda-de-nacao>. Acesso em: 26 dez.2013. 19:00). 5 Bori é um processo de iniciação na umbanda, na “feitura“ de um Orixá (Disponível em:

<http://umbandalivre.forumeiros.com/t68-feitura-de-orixa-na-umbanda>. Acesso em: 26 dez. 2013.19:53).

6 Ayahuasca é uma bebida produzida a partir de duas plantas amazônicas: Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ayahuasca>. Acesso em: 10 nov. 2013. 19:15:23).

7 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Daime>. Acesso em: 10 nov. 2013. 12:27:13.

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