Unidade 02
O PÓLO EPISTEMOLÓGICO
2.1. Vigilância crítica da pesquisa
2.1. Vigilância crítica da pesquisa
2.2. Causalidade
2.1. Vigilância Crítica da Pesquisa
•
Lógica da Descoberta
-> O Pólo Epistemológico se
preocupa com a ciência enquanto processo, ou seja,
examina como o conhecimento científico de uma dada
área produz os seus objetos: achados, métodos etc.
•
Lógica da Prova
-> A Epistemologia analisa os
•
Lógica da Prova
-> A Epistemologia analisa os
procedimentos lógicos de validação e propõe critérios
de demarcação/legitimação para as práticas científicas.
•
Nem sempre a reflexão epistemológica é consciente
2.2. Causalidade
•
Tipologia para o uso do conceito de causa:
1. Relação acidental entre eventos diferentes (senso
comum): aplicável a casos singulares, que não garantem
qualquer replicabilidade para circunstâncias similares.
Ex: “
Maria se casou com Paulo por causa de seu
dinheiro
”.
•
Evolução das concepções de causalidade:
–
Aristóteles:
• Existência de quatro tipos de causas para um mesmo
efeito).
–
Galileu Galilei:
• Causa eficiente -> “a condição necessária e suficiente para o
aparecimento de algo” aparecimento de algo”
• Princípio do Universo Determinado na Física Clássica -> a
causa é determinada por um agente externo ao efeito.
–
Werner Heisenberg:
• Princípio da Indeterminação quântica (partícula/onda) -> o
•
Causalidade em ciências sociais ->
Modelo de
Rosenberg
:
1. Relações
assimétricas
(=
uma
das
variáveis
influencia outra)
2. Relações simétricas (= nenhuma das variáveis afeta
2. Relações simétricas (= nenhuma das variáveis afeta
a outra)
•
Sob o ponto de vista prático da pesquisa (Pólo Técnico ou
estratégias de pesquisa, coleta e tratamento dos dados etc.),
nem sempre a causalidade é o objeto focal do estudo. Ex:
Estudos de caso descritivos.
•
As abordagens teórica e metodológica escolhidas (Pólos
Teórico e Metodológico) condicionam as explicações causais
de um mesmo fenômeno.
•
As Teorias Organizacionais convencionais abordam a
•
As Teorias Organizacionais convencionais abordam a
•
As Teorias Organizacionais não-funcionalistas abordam a
causalidade como compreensão do significado interno dos
fenômenos, segundo paradigmas sociológicos alternativos
(ex: Estruturalismo Radical, Fenomenologia, Teoria Crítica,
Teoria Institucional etc.) (BURREL e MORGAN, 1978).
•
Exemplo: Num estudo sobre comportamento humano em
2.3. Significância, confiabilidade e validade
dos achados de pesquisa
•
Validade (validez) e confiabilidade (fidedignidade) são os
critérios de significância dos instrumentos de medição,
avaliação ou quantificação de dados e informações em
uma pesquisa (ex: questionários, testes, entrevistas
etc.).
•
Validade implica na capacidade do instrumento de
•
Validade implica na capacidade do instrumento de
medir de fato aquilo a que se propôs medir.
•
Confiabilidade se relaciona à constância dos resultados
Validade
•
Técnicas de validação de um instrumento de coleta de
dados/informações:
1. Validade Aparente: Refere-se a aparência de validade emanada
da percepção teórica consensual do(s) pesquisador(es),
pesquisado(s) ou julgador(es) da pesquisa. A mais simples, mais subjetiva e menos satisfatória de todas. Porém, ela é a base para todas as outras, pois se um instrumento parece já aos olhos do(s) pesquisador(es), pesquisado(s) ou julgador(es) como inadequado, tolo ou irrelevante, nenhum outro critério de inadequado, tolo ou irrelevante, nenhum outro critério de validade adicional é viável.
3. Validade de Critério / Empírica: Comparação das medidas geradas por um instrumento de pesquisa com algum critério/padrão externo. Quanto mais os resultados coletados pelo instrumento se aproximam do critério/padrão, maior a validade do instrumento. Esta categoria de validade se divide nas seguintes situações:
a) Validade Convergente/Simultânea -> Os resultados do instrumento se correlacionam com o critério no mesmo momento do tempo. Ex: Numa pesquisa de clima organizacional, pode-se validar o instrumento ao mesmo tempo em que se o aplica numa organização mesmo tempo em que se o aplica numa organização (questionário-teste).
3. Validade de Construto: Um construto é uma variável ou conjunto de variáveis que busca expressar o verdadeiro significado teórico de um conceito. Pode ser de primeira ordem (= variável principal) ou de segunda ordem (= subvariáveis componentes da variável principal). Sua validade refere-se ao grau em que um instrumento de medidas se relaciona consistentemente com outras medições similares derivadas da mesma teoria e medições similares derivadas da mesma teoria e conceitos que estão sendo medidos.
5. Hipóteses concorrentes plausíveis: As hipóteses (ou explicações) concorrentes devem ser explicitadas e
controladas (“isolamento experimental”). Uma
dificuldade de implantar essa abordagem nas Ciências dificuldade de implantar essa abordagem nas Ciências Sociais Aplicadas é a irreprodutibilidade integral dos fenômenos investigados (diferentemente das Ciências Naturais). Isto reduz a possibilidade de eliminar experimentalmente as hipóteses concorrentes de modo plausível.
6. Validação em diferentes estratégias de pesquisa nas Ciências Sociais Aplicadas
Estratégia de
Pesquisa Exemplos Vantagens Desvantagens
Pesquisa Experimental
•Estudos de
comportamento em ambientes organizacionais simulados.
•Simulação de linhas de
produção para estudos ergonômicos.
•Maior controle do pesquisador
sobre os sujeitos e variáveis.
•Uso de métodos aleatórios de
amostragem e seleção de sujeitos.
•Maior rigor lógico no
estabelecimento da relação de causa e efeito.
•Menor realismo empírico do
fenômeno sob controle
experimental.
•Menor potencial de
generalização dos resultados.
•Menor validade externa.
ergonômicos. causa e efeito.
•Maior validade interna.
Pesquisa Quase-Experimental
•Estudosex-post facto
sobre a influência da informação contábil sobre preços de ações no
mercado de capitais.
•Estudos de pré e
pós-testes sobre os efeitos de um novo produto no mercado ou de uma nova
•Maior realismo empírico do
fenômeno nos
quase-experimentos.
•Maior validade externa que os
experimentos.
•Uso de métodos não-aleatórios
de amostragem e seleção de sujeitos.
•Menores rigor lógico e
capacidade de evitar a influência de efeitos rivais.
•Menor validade interna que os
Estratégia de
Pesquisa Exemplos Vantagens Desvantagens
Levantamento (Survey)
•Pesquisas
quantitativa sobre comportamento de gestores em situações dadas, através de amostragem aleatória. •Pesquisas quantitativas sobre comportamentos de consumo de segmentos mercadológicos
•Maior potencial de generalização
dos resultados (= amostras representativas das populações estudadas).
•Uso de métodos aleatórios de
amostragem e seleção de sujeitos.
•Maior validade externa dentre
todas as estratégias de pesquisa praticadas.
•Quando se usam estratégias como
a produção de hipóteses causais concorrentes a partir de revisão de literatura, consegue-se maior
•Menor validade interna quando
não formulam hipóteses do tipo causal (explicativa).
mercadológicos específicos.
literatura, consegue-se maior validade interna.
Estudos de Caso
•Estudos
organizacionais de cunho descritivo ou qualitativo, que buscam aprofundar a compreensão ou interpretação de um certo fenômeno.
•Conhecimento mais detalhado
sobre o fenômeno estudado no nível micro.
•Contribuições para a riqueza de
teorias e conceitos.
•Potencial de generalização de
resultados é o menor dentre todos as estratégias de pesquisa.
•Maiores dificuldades em produzir
e analisar evidências para testes de hipóteses.
•Menor rigor lógico e capacidade
Estratégia de
Pesquisa Exemplos Vantagens Desvantagens
•Pesquisas visando a
solução de
problemas/desafios organizacionais ou comunitários.
•Maior potencial de intervenção no
domínio empírico, visando a persecução de objetivos sociais ou organizacionais validados coletivamente pelos sujeitos envolvidos na pesquisa.
•Pouca preocupação com os
aspectos de validade interna (teste de hipóteses, relação de causa-efeito) e externa
Pesquisa-Ação
•Pesquisas de
intervenção que objetivam o desenvolvimento organizacional, em base sóciotécnica.
•Quando realizada com uma atitude
de rigor científico, preserva a preocupação com alguns critérios
de validade, ainda que
intersubjetivos (ao invés de objetivos, como na ciência tradicional).
causa-efeito) e externa (generalização de resultados).
•Reduzida capacidade de produzir
Confiabilidade
•
A
inconstância
das
medidas
realizadas
pelos
instrumentos de pesquisa representa um desafio
específico dos fenômenos sociais, diferentemente dos
fenômenos naturais (físicos, químicos, biológicos), que
mantém certa estabilidade quando as mesmas
mantém certa estabilidade quando as mesmas
circunstâncias de medição são observadas.
•
Por isso, a confiabilidade dos instrumentos de pesquisa
•
Técnicas e procedimentos para elevar a confiabilidade da
pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas:
1. Técnica do Desvio-Padrão (DP) de medidas estatísticas relativas a variáveis pesquisadas -> Quanto menor o DP em relação ao comportamento médio da variável, maior é a confiabilidade dos instrumentos de medição e de seus resultados.
3. Técnica de Formas Equivalentes -> Duas ou mais versões diferentes do mesmos instrumento de coleta (mas com o mesmos conteúdo e objetivo) são aplicadas à mesma amostra ou população em dois momentos separados no tempo. Depois, calcula-se a correlação entre as respostas dadas nos dois momentos. Sendo elevada, maior a confiabilidade. A dificuldade reside na disponibilidade de versões diferentes dos instrumentos.
4. Técnica das Metades Partidas (split-half) -> O instrumento
4. Técnica das Metades Partidas (split-half) -> O instrumento
5. Confiabilidade a partir de avaliadores: Se dois ou mais avaliadores (juízes) observarem o mesmo comportamento, a partir das mesmas instruções e igual treinamento, a confiabilidade das medidas será dada pelo cálculo do coeficiente de Pearson entre os escores dos juízes.
6. Coeficiente Alfa de Cronbach: Alfa é a média de todos os coeficientes de corelação de Pearson obtidos entre os coeficientes de corelação de Pearson obtidos entre os escores de respostas. Quando for superior a 70%, diz-se que há confiabilidade nas medidas.