Profile of physical fitness related to the health of women participating in the extension project ESF em Ação of UNICRUZ
FRESE, Cristiele Batista
1; DEUS, Gabriela Brum de
2; CARDOSO, Pablo Jean
3; CÔRTES, Manoela Farias
4; KRUG, Marilia de Rosso
5 RESUMOO presente estudo tem por objetivo analisar o perfil de aptidão física relacionada a saúde das participantes do projeto de extensão ESF em Ação diagnosticando especificamente as variáveis da composição corporal, resistência aeróbia, flexibilidade e resistência muscular localizada. Participaram do estudo 13 mulheres da comunidade, assistidas pela Estratégia da Saúde da Família IX, do bairro Jardim Primavera Argemiro Gama da Silva da cidade de Cruz Alta – RS, do gênero feminino, com idades entre 20 a 76 anos. Foram realizadas avaliações antropométricas das variáveis da aptidão física relacionada a saúde. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, média e desvio padrão e estatística inferencial (frequência percentual). Concluiu-se que as participantes não apresentaram bons resultados na composição corporal e na resistência aeróbia. Desta maneira, para melhorar os resultados destas variáveis, se faz necessário intervenções no estilo de vida destas mulheres.
Palavras-chave: Projeto de extensão. Saúde. Mulheres.
ABSTRACT
The present study aims to analyze the physical fitness profile of the participants of the ESF extension project in Action, specifically diagnosing the variables of body composition, aerobic resistance, flexibility and localized muscular endurance. Participants included women from the community, assisted by the Family Health Strategy IX, of the Jardim Primavera Argemiro Gama da Silva neighborhood in the city of Cruz Alta - RS, female, aged between 20 and 76 years. Were realized anthropometric assessments of physical fitness variables related to health. Data were analyzed through descriptive statistics, mean and standard deviation and inferential statistics (percentage frequency). It was concluded that the participants did not present good results in body composition and aerobic resistance. Thus, to improve the results of these variables, it is necessary to intervene in the lifestyle of these women.
Keywords: Extension project. Health. Women
.
1Acadêmica do Curso de Educação Física – Bacharelado da Universidade de Cruz Alta/RS. Bolsista de demanda induzida. E-mail: tielefrese@gmail.com.
2Acadêmica do Curso de Educação Física – Licenciatura da Universidade de Cruz Alta/RS. Bolsista PROBIC/FAPERGS. E-mail: gabrielabruum96@gmail.com.
3Acadêmico do Curso de Educação Física – Bacharelado da Universidade de Cruz Alta/RS. E-mail:
jean632008@gmail.com.
4Acadêmica do Curso de Educação Física – Licenciatura da Universidade de Cruz Alta/RS. Bolsista PIBEX/UNICRUZ. E-mail: manoelafcortes@hotmail.com.
5Doutora em Educação em Ciências pela Universidade de Santa Maria/RS. Docente do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta/RS. E-mail: mkrug@unicruz.edu.br.
1 INTRODUÇÃO
Aptidão física é definida como a capacidade de realizar as atividades cotidianas com menor esforço. Sendo dividida em duas dimensões: relacionada à prática desportiva e a relaciona à saúde (OLIVEIRA, 2012). O foco do presente estudo é nos componentes da aptidão física relacionada à saúde que se constituí das seguintes variáveis: composição corporal, resistência aeróbica, flexibilidade e resistência muscular localizada, sendo estas as principais valências corporais a serem trabalhadas nos programas de atividades físicas que visam a promoção da saúde (PEREIRA, 2011). Estes componentes, estão amplamente relacionados ao estado de saúde, seja nos aspectos da prevenção e redução dos riscos das doenças e/ou incapacidades funcionais, ou na disposição para a realização das atividades diárias do indivíduo (PETROSKI, 2011).
A prática de atividade física tem papel crucial na promoção da saúde, pois promove muitos benefícios a seus praticantes (CAVALCANTI, 2011), sendo estes, o aumento da capacidade aeróbia, flexibilidade e a melhora da composição corporal, variáveis da aptidão física relacionada a saúde, (FRANHI et al., 2008), como já referido anteriormente.
A frente disto está o profissional de Educação Física, responsável pela orientação e prescrição de todas as atividades físicas em todas as suas manifestações (ginásticas, exercícios físicos, jogos, desportos, lutas, danças, entre outros), tendo como propósito auxiliar no desenvolvimento da educação e saúde, contribuindo para a aquisição e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal (DIAS et al., 2007).
O profissional de Educação está inserido em vários âmbitos, um destes, onde vem
desempenhando papel fundamental é nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), sendo o
profissional de Educação Física um ator importante na intervenção do processo saúde/doença
e possuindo um grande potencial de promover coletivamente ações de promoção de saúde
(LUCENA et al., 2004). De acordo a referida autora, o objetivo da Educação Física nas ESF é
fomentar e promover estilo de vida saudável através da atividade física nas suas diferentes
manifestações, constituindo‐ se em um meio efetivo para a construção coletiva da qualidade
de vida. Dias et al. (2007) destaca a importância da presença de um profissional de Educação
Física nas ESF, pois o grupo de pessoas da comunidade geralmente é carente e não tem
condições e tampouco conhecimentos mínimos necessários para a prática do exercício físico.
Nesta perspectiva foi proposto pelo Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física da Universidade de Cruz Alta – GEPEF/UNICRUZ o projeto de extensão ESF em Ação
6. Este projeto tem como objetivo aumentar o nível de atividade física e estimular a mudança de hábitos saudáveis para melhoria da qualidade de vida da população em contexto de alta vulnerabilidade, auxiliando os profissionais de Educação Física das ESFs, no planejamento e desenvolvimento de um programa de exercícios físicos com vistas a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) em indivíduos com fatores de risco (KRUG, 2018).
Antes de darmos início as atividades do projeto as participantes passaram por uma bateria de avaliação funcional, com o objetivo de utilizar os resultados como subsídios para a elaboração do programa de exercícios físicos, desta forma este estudo tem como objetivo analisar o perfil de aptidão física relacionada a saúde das participantes do projeto de extensão ESF em Ação diagnosticando especificamente as variáveis da composição corporal, resistência aeróbia, flexibilidade e resistência muscular localizada.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Participaram deste estudo de caso descritivo 13 mulheres integrantes do projeto de extensão ESF em Ação que é desenvolvido em parceria com a Estratégia da Saúde da Família IX, do bairro Jardim Primavera Argemiro Gama da Silva da cidade de Cruz Alta – RS.
Dentre os componentes da aptidão física relacionada a saúde está a composição corporal, que foi identificada a partir do índice de massa corporal (IMC), do percentual de gordura (%G) e da relação cintura quadril (RCQ). Para determinação do IMC, as participantes do estudo foram pesadas com balança digital portátil da marca welmy, modelo 110 CH, capacidade de 150Kg e divisões de 100g e aferidos sua estatura com estadiômetro portátil, da marca Sanny®, modelo Personal Caprice, com precisão de 1 milímetro. Após coletado as medidas de peso e estatura foi calculado o IMC com a seguinte equação, IMC = Peso (Kg) dividido pela estatura ao quadrado (m). Após as mesmas foram classificadas de acordo com a tabela proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1997). A relação cintura- quadril (RCQ) foi determinada a partir da divisão do perímetro da cintura pelo perímetro do quadril.
Para tal, a voluntária foi orientada a ficar de pé, ereto, com o abdômen relaxado, braços
6 Aprovado no Edital Nº 63/2017 de Demanda Induzida de Projetos Integrados de Pesquisa e Extensão da Universidade de Cruz Alta/RS.
estendidos ao longo do corpo, pernas paralelas e ligeiramente separadas. Realizou-se uma pequena marcação no ponto médio entre a borda inferior da última costela e o osso do quadril (crista ilíaca), e a fita métrica inelástica foi posicionada ao redor deste ponto, estando no mesmo nível em todas as partes da cintura. Foi solicitado à pessoa que inspirasse e em seguida realizasse uma expiração profunda, sendo realizada a leitura da medida antes de uma nova inspiração. A circunferência do quadril (CQ) foi medida com fita métrica inelástica, no ponto onde se localiza o perímetro de maior extensão, entre o quadril e as nádegas, ou seja, na área de maior protuberância glútea. A classificação da RCQ foi realizada de acordo com a tabela proposta por Applied Body Composition Assessment (ABCA, 1996). O %G foi calculado a partir da equação de sete dobras de Jackson e Pollock (1978). As dobras cutâneas dos voluntários foram avaliadas com a utilização de adipômetro científico da marca Cardiomed, com divisão de 0,1mm. Para a mensuração das dobras cutâneas, a medida foi realizada no hemicorpo direito do avaliado, o avaliador identificou e marcou o ponto anatômico correspondente à dobra cutânea; definindo o tecido subcutâneo das estruturas mais profundas por intermédio do polegar e do dedo indicador da mão esquerda; elevou a dobra cutânea por volta de 1cm acima do ponto de medida e manteve a dobra cutânea elevada enquanto se estava realizando a medida; aplicou a borda superior do compasso perpendicular à dobra cutânea e a cerca de 1cm abaixo do ponto exato de reparo; e, soltou a pressão das hastes do compasso levemente e aguardou por volta de 4 segundos após soltou a pressão das hastes do compasso para que a leitura da medida fosse realizada. As regiões anatômicas que foram realizadas as medidas de espessura das dobras cutâneas foram: subescapular, supra ilíaca, tricipital, peitoral, axilar-média, abdominal e coxa. Para determinação do %G utilizou-se a equação de Pollock et al. (1978) (Quadro 2).
Quadro 2 – Equação de Jackson e Pollock (1978).
D = 1,101 –0,0004115(∑7DC) + 0,00000069(∑7DC)
2 –0,00022631(ID) – 0,0059239(PAB) + 0,0190632(PAT)
Onde: ∑7DC= somatório de dobras cutâneas subscapular, tríceps, peitoral, axilar média, supra-ilíaca, abdominal e coxa; ID= idade em anos; MC= massa corporal (Kg); PAT= perímetro do antebraço (m); PAB= perímetro do abdômen (m).
Para identificar a RML foi utilizado o teste de abdominal em um minuto, proposto por
Pollock, (1993) sendo classificadas de acordo com o número de repetições em um minuto
(POLLOCK; WILMORE, 1993). Para a realização do teste de RML, utilizou-se um
colchonete e um cronômetro. Foi registrado o número máximo de execuções completas em 60
segundos (tocar o solo com as costas e tocar os joelhos com os cotovelos). O avaliado iniciou o teste deitado com as pernas fletidas e com as mãos cruzadas sobre o peito. As mulheres foram classificadas em excelente, acima da média, média, abaixo da média e fraco, de acordo com a classificação proposta por Pollock e Wilmore (1993).
A flexibilidade foi determinada a partir do teste de sentar e alcançar com banco (TSA), proposto por Wells e Dillon (1952). Neste teste as avaliadas ficaram descalças e os calcanhares tocaram o banco, estando os mesmos separados 30 centímetros. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, o avaliado inclinou-se lentamente e estendeu as mãos para frente o mais distante possível. Os avaliados permaneceram nesta posição o tempo necessário para a distância ser anotada. Foram realizadas três tentativas. As mulheres foram classificadas em excelente, acima da média, média, abaixo da média e ruim, seguindo a padronização canadense para os testes de avaliação da aptidão física do Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF).
A resistência aeróbica foi determinada através do teste de andar e/ou correr 12 minutos, de Cooper (1978). O teste foi realizado na pista de atletismo da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Os avaliados foram identificados através de coletes, sendo separados em três grupos. Com os valores de metragem individualmente percorridos foi calculado o VO
2máx predito para cada participante, através da fórmula proposta por Cooper (1968):
[VO
2máx (ml/kg/min) = Distância (m) – 504,9) / 45,1]. As mulheres foram classificadas em, muito fraca, fraca , regular, boa, excelent e e superior, de acordo com a classificação proposta por Cooper (1982).
Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, média e desvio padrão e estatística inferencial (frequência percentual).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram do estudo 13 mulheres com idades média de 48,53 ± 13,67, sendo, 20
anos a idade mínima e 76 a máxima. Destas, 6 (46,2%) tinham ensino médio completo, 4
(30,8%) ensino fundamental incompleto e apenas 3 (23,1%) apresentaram ensino superior
completo. Quanto a profissão, dentre as 13 que emergiram, 5 (38,5%) são agentes
comunitários de saúde, 3 (23,1%) domésticas e as demais profissões que surgiram com apenas
uma participante em cada, foram: faxineira, higienizadora, técnica de enfermagem, estudante e
funcionária pública. A partir destas informações percebeu-se que na média o grupo é
composto por mulheres adultas e idosas, com baixa escolaridade, sendo a maioria agentes comunitárias de saúde.
Na tabela 1 encontram-se os resultados das variáveis de composição corporal (IMC, Percentual de gordura e RCQ) das participantes do projeto.
Tabela 1 - Dados de frequência relativa (fr) e percentual (f%) das variáveis de composição corporal das participantes do projeto ESF em Ação.
Variáveis Indicadores fr F%
Índice de Massa Corporal
Peso Normal 3 23,1
Sobrepeso 3 23,1
Obesidade Grau 1 4 30,8
Obesidade Grau 2 2 15,4
Obesidade Grau 3 1 7,7
Percentual de Gordura
Abaixo da media 2 15,4
Ruim 3 23,1
Muito Ruim 8 61,5
RCQ
Baixo 1 7,7
Alto 3 23,1
Muito Alto 9 69,2
Observando os resultados expostos na tabela 1, nota-se que apenas 3 (23,1%) das mulheres encontravam-se no peso ideal, e 76,9% estavam acima, este resultado assemelhasse ao percentual de gordura, visto que, somente 2 (15,4%) das mulheres possuíam percentual de gordura abaixo da média, e 84,6%, encontravam-se acima da classificação ideal, resultado este preocupante, considerando que estas variáveis são um importante fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis e outras morbidades associadas (BARROSO, 2017). Observa-se através dos resultados obtidos do cálculo RCQ, que as participantes além de possuírem o %G elevado, esta está localizada na região abdominal. Achados similares foram observados por Petribú et al. (2012), que observaram em uma amostra de 517 mulheres, com média de idade de 29 anos, sendo que 32,5% das avaliadas estavam com sobrepeso e mais da metade da amostra com obesidade abdominal, quando analisados circunferência de cintura
Nas mulheres, isto poderia ser atribuído à maior concentração de gordura corporal comumente relatada no sexo feminino, por conta de gestações e das diferenças hormonais.
Isto soma-se ao fato de que o processo de envelhecimento ocasiona um declínio do hormônio
do crescimento, da taxa metabólica basal e da redução natural do nível de atividade física,
além da piora dos hábitos saudáveis na alimentação, aumentando, desta forma, a redistribuição progressiva da gordura; assim, as mulheres passam a acumular mais gordura abdominal (BARROSO, 2017).
Tabela 2 - Dados de frequência relativa (fr) e percentual (f%) das variáveis motoras das participantes do projeto ESF em Ação.
Variáveis Indicadores fr F%
RML
Excelente 6 46,2
Acima da Média 2 15,4
Média 3 23,1
Abaixo da Média 2 15,4
Flexibilidade
Acima da Média 3 23,1
Média 4 30,8
Abaixo da Média 1 7,7
Ruim 5 38,5
VO2máx
Bom 1 7,7
Regular 2 15,4
Fraca 1 7,7
Muito Fraca 9 69,2