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Padronização das técnicas radiográficas para estudos dos pés de crianças*

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Padronização das técnicas radiográficas para estudos dos pés de crianças*

IDYLLIO DO PRADO JÚNIOR1, CAIO AUGUSTO DE SOUZA NERY2, SÉRGIO BRUSCHINI3

RESUMO

São descritas pormenorizadamente as técnicas para obtenção de radiografias de frente, perfil e axial poste- rior, utilizadas para estudos dos pés de crianças entre se- te e 13 anos de idade. É ressaltada a importância do po- sicionamento e demarcações prévias no chassi radiográfi- co são idealizadas com o intuito de diminuir as varia- ções provenientes de erros técnicos. As imagens obtidas permitiram boa definição dos elementos necessários pa- ra a constituição da maioria dos ângulos utilizados nos estudos dos pés.

SUMMARY

Standardization of X-ray techniques to study the feet of children

The authors make a detailed study of the techni- ques to obtain frontal, lateral, and axial X-rays of the feet of children from 7 to 13 years of age. They em- phasize the importance of positioning the feet and of

making previous marks in the frame of the X-ray film in order to reduce variations that may arise from techni- cal errors. The images obtained allowed for a good defi- nition of the necessary data used in the formation of those angles most used in the study of feet.

INTRODUÇÃO

As goniometrias radiográficas dos pés são importan- tes parâmetros utilizados em diagnósticos(2,6,18), avalia-

* Trab. realiz. na Disc. de Ortop. e Traumatol. da Fac. de Med. do Triângulo Mineiro (Uberaba, MG) e no Dep. de Ortop. e Trauma- tol. da Esc. Paul. de Med. (Serv. do Prof. Dr. José Laredo Filho).

1. Prof. Adjunto-Doutor da Disc. de Ortop. e Traumatol. da Fac. de Med. do Triângulo Mineiro (Uberaba, MG).

2. Doutor em Med. e Chefe do Grupo de Pé do Dep. de Ortop. e Trau- matol. da Esc. Paul. de Med.

3. Prof. Adjunto-Doutor do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Esc.

Paul. de Med.

Rev Bras Ortop – Vol. 28, Nº 5 – Maio, 1993

ções de evoluções clínicas(4,13,22) e análises pré e pós-ope- r a t ó r i a s( 7 , 1 1 , 1 2 , 1 6 )

.

Entretanto, para bom aproveitamento, é necessário obter-se as radiografias a serem estudadas através de téc- nicas padronizadas, que produzam imagens nas quais visualizem-se bem os elementos que formam os ângu- los.

Quando o intuito das radiografias dos pés for tam- bém o goniométrico, elas devem ser realizadas sistemati- camente em três incidências: dorsoplantar ou de frente, lateral ou de perfil e axial posterior do retropé. Através delas, verifica-se a maioria das relações ósseas dos três segmentos podálicos entre si, com o eixo de queda do peso corporal e com o solo.

No presente trabalho, procuramos padronizar as téc- nicas radiográficas nas citadas incidências, a fim de con- seguir-se imagens satisfatórias para as goniometrias.

MATERIAL E MÉTODO

As técnicas radiográficas que serão descritas nas in- cidências de frente, perfil e axial posterior do retropé fo- ram testadas em 330 crianças entre sete e 13 anos de ida- de, procurando-se verificar os principais procedimentos que nos permitissem posicionamento idêntico dos pés em todas as crianças, obtenção de boas imagens e defini- ção precisa dos pontos referenciais importantes.

As radiografias foram realizadas no Departamento de Som e Imagem da Faculdade de Medicina do Triângu- lo Mineiro (Uberaba, MG), com aparelho de raios X marca Siemens, modelo Heliophos 55, com capacidade de 500 milliampères e 117 quilovolts, sempre sob nossa supervisão e pelo mesmo técnico.

Durante a realização dos exames, as crianças usaram avental protetor plumbífero e as visões panorâmicas das incidências encontram-se nas figs. 1, 2 e 3.

Para aprimorar a padronização, idealizamos uma demarcação prévia no chassi radiográfico traçando li- 315

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I. PRADO JR., C.A.S. NERY & S, BRUSCHINI

Fig. 1 — Visão panorâmica da incidência radiográfica de frente e o uso do avental protetor plumbífero

Fig. 2 — Visão panorâmica da incidência radiográfica de perfil e o uso do avental protetor plumbífero

Fig. 3 — Visão panorâmica da incidência radiográfica axial posterior do retropé e o uso do avental protetor plumbífero

nhas referenciais que permitissem posicionar os pés sem- pre de maneira idêntica (fig. 4).

Do mesmo modo, para a incidência lateral, utiliza- mos uma banqueta porta-chassi com a plataforma que recebe os pés das crianças, dimensionada para permitir algum afastamento entre os membros inferiores e propi- ciar melhor equilíbrio (fig. 5).

1) Incidência de frente — a) posicionamento: a crian- ça era colocada em posição ortostática sobre o chassi ra- diográfico de 24x30cm, com os pés corretamente localiza- dos nas demarcações (figs. 6 e 7), de modo a ficarem

Fig. 4 — Chassi radiográfico de 24x30cm com as linhas referenciais auxiliaries, idealizadas para o posicionamento sempre idêntico das crian - ças. Demarcação realizada da seguinte maneira: inicialmente, a linha central no maior sentido (longitudinal) e outras duas exatamente para- lelas e equidistances a cada lado da central em 3cm, portanto 6cm en- tre si, e a seguir uma transversal a essas, afastada 2,5cm da borda do chassi que se localizará posteriormente ao examinado.

Fig. 5 — Ilustração da banqueta utilizada na incidência de perfil, mon- tada com o chassi radiográfico, e os pés da criança posicionados com algum afastamento entre si e propiciando melhor equilíbrio

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PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS RADIGRÁFICAS PARA ESTUDOS DOS PÉS DE CRIANÇAS

Fig. 6 — Visão anterior na incidência radiográfica de frente do posicionamento dos pés paralelos

Fig. 7 — Visão látero-posterior na incidência de frente do posiciona- mento dos pés no chassi radiográfico, colocados paralelos entre si e orientados corretamente nas demarcações auxiliares

paralelos entre si; o exame era realizado nos lados direi- to e esquerdo simultaneamente; b) raio central: inclina- do 30° em relação ao plano vertical, com orientação cra- niocaudal e sentido ântero-posterior, incidindo entre os pés na demarcação longitudinal central e dirigido para a região correspondente à dos ossos naviculares; c) fato- res radiográficos: distância foco-filme de 100cm e os co- mandos do aparelho ajustados para eseala de 160mA, 3,2mA/seg e 36-40 quilovolts dependendo do tamanho variável dos pés.

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Fig. 8 — Raio central na incidência de perfil incidindo na demarcação longitudinal do chassi radiográfico, oproximadamente na altura correspondente ao local do osso n a v i c u l a r

Fig. 9 — Ilustração do posicionamento dos pés na incidência radiográfica axial posterior, colocados paralelos entre si e orientados corretamente nas demarcações auxiliaries

2) Incidência lateral — a) posicionamento: a crian- ça era colocada em pé sobre a banqueta porta-chassi, que já se encontrava montada com o chassi radiográfi- co de 24x30cm, realizando-se os exames separadamente para os lados direito e esquerdo; b) raio central: era colo- cado perpendicularmente ao plano sagital do corpo, com orientação e sentido látero-lateral, incidindo na demarca- ção que corresponde ao centro do chassi, coincidindo aproximadamente com a região do osso navicular (fig.

8); c) fatores radiográficos: os mesmos utilizados na inci- dência de frente.

3) Incidência axial posterior — a) posicionamento:

a criança era colocada em posição ortostática sobre o chassi radiográfico de 24x30cm, com os pés corretamen- te localizados nas demarcações, de modo a ficarem para- 317

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I. PRADO JR., C.A.S. NERY & S. BRUSCHINI

Fig. 10 — Imagem radiográfica obtida na incidência de frente

lelos entre si (fig. 9); b) raio central: inclinado em 45º com relação ao plano do solo, com orientação craniocau- dal e sentido póstero-anterior, incidindo exatamente en- tre os dois pés, na demarcação que corresponde ao cen- tro do chassi e a aproximadamente 5cm do plano de su- porte do pé; c) fatores radiográficos: distância foco-fil- me de 110cm e os comandos do aparelho ajustados pa- ra escala de 160mA, 4mA/seg e 40-42 quilovolts, depen- dendo do tamanho variável dos pés.

RESULTADOS

De modo geral, as radiografias apresentaram quali- dade técnica satisfatória, permitindo fácil identificação dos elementos necessários para a constituição dos ângu- los mais comumente utilizados na prática clínica podálica.

Nas figs. 10, 11 e 12, encontram-se, respectivamen- te, as imagens obtidas nas incidências de frente, perfil e axial posterior do retropé.

DISCUSSÃO

Como nos estudos goniométricos pequenas varia- ções de posição dos pés podem distorcer resultados, pro- curamos adotar procedimentos técnicos que os minimi- zassem, principalmente quanto à padronização(5,14,17), evitando as causas de erros apontadas por Venning &

Hardy(19). Preferimos as radiografias sob carga para a obtenção de informações corretas acerca das solicitações mecânicas que estavam sendo impostas aos elementos esqueléticos e articulares (9), indicadas nas mais diferen- tes condições(1-3,8,15). Com a demarcação do chassi radio-

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Fig. 11 — Imagem radiográfica obtida na incidência de perfil

Fig. 12 — Imagem radiográfica obtida na incidência axial posterior d o r e t r o p é

gráfico, repetimos com facilidade o posicionamento dos pés, o que nos propiciou manter constante a relação en- tre a fonte de radiação, o objeto e o filme. Esse detalhe foi introduzido por nos com o objetivo de diminuir va- riações decorrentes de erros técnicos na determinação dos ângulos.

Realizamos o exame radiográfico na incidência de frente com a ampola no sentido ântero-posterior e supe- ro-inferior(5,9,15,18,21)

, sendo que sua inclinação em relação

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PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS PARA ESTUDOS DOS PÉS DE CRIANÇAS

ao plano o vertical foi de 30°, diferente da maioria dos a u t o r e s( 5 , 9 , 1 4 , 1 5 , 2 1 )

, que utiliza 15°. Assim procedemos após testes que mostraram melhoria na visualização das porções posteriores do talo e do calcâneo. Além disso, em decorrência do formato da ampola do aparelho de RX que utilizamos, sua menor inclinação com freqüên- cia incomoda a criança, que, pela sua labilidade emocio- nal e por se encontrar em ambiente estranho, poderia ter reações capazes de distorcer os resultados.

Na incidência de perfil, procedemos como a maioria dos autores(4,5,14-18,21)

. Somente foi acrescentado o detalhe da banqueta porta-chassi, que possibilita equilíbrio satis- fatório das crianças.

Na incidência axial posterior, preferimos manter os joelhos estendidos(3,5,8,20), por favorecer o equilíbrio, tor- nando mais estável e uniforme a distribuição do peso so- bre os membros inferiores, evitando assim modificar as relações dos elementos que seriam úteis nas mensurações angulares. O posicionamento dos pés paralelos entre si permitiu boa visualização do corpo do calcâneo, do sus- tentáculo do talo e da articulação subtalar(8).A inclina- ção da ampola em 45° em relação ao plano vertical, no sentido craniocaudal e súpero-inferior, foi como reco- mendado por Weissman(21).

Finalizando, podemos concluir que a rigorosa padro- nização das técnicas radiográficas que apresentamos, além de oferecer vantagens quanto à reprodutibilidade, possibilita boa definição dos elementos necessários para a constituição da maioria dos ângulos utilizados nos estu- dos dos pés.

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