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Diagnóstico do médio e baixo cursos da bacia hidrográfica do Rio AcaraúCE com ênfase na análise da

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Academic year: 2018

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UNIV E R S ID A D E F E D E R A L D O C E A R Á C E NT R O D E C IÊNC IA S

D E P A R T A ME NT O D E G E O G R A F IA

P R O G R A MA D E P ÓS -G R A D U A Ç Ã O E M G E O G R A F IA

C A R O L INE V IT OR L OUR E IR O

D IA G NÓS T IC O D O MÉ D IO E B A IX O C UR S O S D A B A C IA HID R O G R Á F IC A D O R IO A C A R A Ú/C E C O M ÊNF A S E NA A NÁ L IS E D A V UL NE R A B IL ID A D E

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C A R O L INE V IT O R L OUR E IR O

D IA G NÓS T IC O D O MÉ D IO E B A IX O C UR S O S D A B A C IA HID R OG R Á F IC A D O R IO A C A R A Ú/C E C OM ÊNF A S E NA A NÁ L IS E D A V UL NE R A B IL ID A D E

T es e apres entada ao C urs o de D outorado em G eografia do D epa rtamento de G eografia da Univers idade F ederal do C eará, como parte dos requis itos para obtençã o do título de D outor em G eografia. Á rea de c onc entraçã o: E s tudos S oc ioambienta is da Z ona C os teira.

O rienta dora: P rofª D rª A dryane G orayeb Nogue ira C aetano.

C oorientador: P rof. D r. C hris tian B ranns trom.

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D ados Internac ionais de C atalog açã o na P ublic açã o Univers idade F ederal do C eará

B ibliotec a U nivers itária

G erada a utomatic amente pelo módulo C a talog , media nte os dados fornec idos pelo( a) autor( a)

L 928d L oureiro, C aroline V itor.

D iag nós tic o do médio e baixo c urs os da bac ia hidrográfic a do rio A c araú/C E c om ênfas e na a nális e da vulnera bilida de / C aroline V itor L oure iro. – 2016.

151 f. : il. c olor.

T es e ( doutorado) – Univers ida de F e dera l do C eará, C entro de C iênc ias , P rog rama de P ós -G raduaçã o em G eografia , F ortalez a, 2016.

O rientaçã o: P rofa. D ra. A drya ne G ora ye b Nogue ira C aetano. C oorientaçã o: P rof. D r. C hris tian B ranns trom.

1. V ulnerabilidade Natural. 2. R io A c araú. 3. B ac ia Hidrog ráfic a. 4. G overnança. I. T ítulo.

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C A R O L INE V IT O R L OUR E IR O

D IA G NÓS T IC O D O MÉ D IO E B A IX O C UR S O S D A B A C IA HID R OG R Á F IC A D O R IO A C A R A Ú/C E C OM ÊNF A S E NA A NÁ L IS E D A V UL NE R A B IL ID A D E

T es e apres entada ao D outorado em G eografia do D epartamento de G eografia da Univers idade F ederal do C eará, c omo parte dos requis itos pa ra obtençã o do título de D outor em G eog rafia. Á rea de c onc entraçã o: E s tudos S oc ioambientais da Z ona C os teira.

A provada em: _ _ _ /_ _ _ /_ _ _ _ _ _ .

B A NC A E X A MINA D OR A

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ P rofa. D ra. A dryane G orayeb (O rientadora)

Univers idade F ederal do C eará (UF C )

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ P rof. D r. C hris tian B ranns trom (C oorientador)

T exas A &M Univers ity (T A MU)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ P rof. D r. R odrigo G uimarã e s de C arvalho

Univers idade E s tadual do R io G rande do Norte (UE R N) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

P rofa. D ra. Maria E lis a Z anella Univers idade F ederal do C eará (UF C )

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ P rof. D r. J ader de O liveira S antos

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A G R A D E C IME NT O S

Nenhum res ultado é alc ançado s em uma rede de c olaboradores , e para a exec uçã o des te trabalhou fui apoiada por um grupo muito de dic ado e importante para mim: minha família, meus amigos e meus profes sores .

Nes s es quatro anos muitos pas s aram ou s imples mente c ruz aram a minha jornada, e outros c ontinuam faz endo parte dela. S ou extremamente grata a todos pelo carinho e tempo a mim dedic ados .

A grade ço aos meus pais , irmã s e amigos por apoiarem-me nos meus momentos de ang ús tia e medo, princ ipalmente quando prec is ei me aus entar do c onvívio de les pa ra vivenc iar o s onho de c urs ar o D outorado s anduíc he .

P eço des culpas s inc eras por nã o es tar perto nos momentos de alegria e tris tez a que vivenc iaram enquanto nã o es tive aqui e por nã o s abe r c omo lhes trans mitir meu verdadeiro amor.

A grade ço à minha orientadora, profª A dryane G orayeb, ao P rograma de P ós -G raduaçã o em -G eog rafia por c onfiarem-me a mis s ã o de troc ar expe riê nc ias c om T exas A &M Univers idade , a C oordenadoria de A perfeiçoamento de P es s oa l de Nível S uperior (C A P E S ) pelo o financ iamento do P rojeto P es quis ador V is itante E s pec ial (P V E ) C A P E S /Minis tério da E duc açã o do B ras il, e ao geógrafo T iago R odrigue s pela ajuda c om o g eoproc es s amento e o apoio nos traba lhos de c ampo.

A grade ço também ao meu c o-orienta dor, o prof. D r. C hris tian B ranns trom por ac ompanhar meu período de es tudos na univers idade s uprac itada.

F oi um pe ríodo de c onquis tas e es c olhas difíc eis c om muitos ônus e bônus , os qua is organiz o até o pres ente pe ríodo, mas que tornaram-me um s er mais equilibrado e evoluído.

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“A S erra da s Mata s c hora ao ver nas c er s eu filho nu, s em s ombra s em a mata verde. O que há de s er do rio A c araú. Nas c ente é o berço s agrado, fonte de vida que c aminha para o mar, levando es pe rança e alimentando tantos s onhos pra plantar. R io, meu eterno rio, já nã o tem mais a c ompanhia dos s aguis , dos c anários e dos s abiás . F rio, ó homem tã o frio. Nã o des mate as s ua s margens , nã o ate rre o s eu leito, de direito o s eu filho vai também querer plantar. E aí pode até lhe faltar água pra matar a s ua s ede e lavar a s ua mágoa . Ou a cheia invadir a s ua c as a, arras tando a s ua alma, s em pode r olha r pra trás [...].”

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R E S UMO

A inte rferê nc ia nas condições naturais do ambiente pelas atividades humanas expõem a s us c eptibilidade dos meios à degrada çã o e à c riaçã o de fatores geradores do ris c o. P artindo-s e des s a premis s a res s alta-s e a importâ nc ia do c onhec imento e do rec onhe c imento da vulnerabilidade natural do meio em que s e vive pa ra fins de gerenc iamento, ne s s e s entido a ba c ia hidrog ráfic a é indic ada c omo rec orte es pac ial de es tudo e planejamento ambiental. R es s altamos a importâ nc ia de s e realiz ar diag nós tic os ambientais c om ê nfas e na anális e da vulnerabilidade. A porçã o c entro-norte do es tado do C eará, área drenada pe la B a c ia Hidrog ráfica do R io A c araú (B HA ), abriga um divers ificado mos aic o de s is temas ambientais e é marc ada pe lo proc es s o his tórico de oc upaçã o das áreas fluviais c ea rens es . O s divers ific ados us os e oc upa ções , exis tentes s ã o muitas vez es inadequados e exaus tivos aos ambientes . C ons iderando-s e o quadro aqui delineado realiz ou-s e anális e das c ondições de vulne rabilida de natural do médio e baixo A c araú, a fim de atender aos s eguinte s objetivos : a realiz açã o de um diagnós tico do médio e baixo c urs os do rio A c araú c om ê nfas e na anális e das c ondições de vulnerabilidade natural, fundamentando-s e na vis ã o geos s is tê mica, na utiliz açã o da bacia hidrográfic a c omo unidade de es tudo e no diagnós tic o das c ondições de vulne rabilida de, no s entido de orienta r o planejamento e ges tã o da bac ia. T al objetivo também s e delineou em avaliar c omo as atividades de us o e oc upaçã o da área de s enc adeiam alteraçõe s no meio, e o papel exerc ido pelo C omitê de B ac ia Hidrográfic a do rio A c araú. P or meio de levantamento bibliográfic o e c artográfico, obs ervaçã o em c ampo e utiliz açã o de téc nic as de geoproces s amento verific ou-s e que a área naturalmente mais vulne rável - o s etor de baixo c urs o da bac ia – é o mais intens amente oc upado por divers ific ados us os . G e rir es s a bac ia, em es pec ial s eu médio e ba ixo c urs os , imprime as nec es s idades de uma ges tã o nã o-hierárquic a e democ rátic a, que bus que pautar-s e nos princ ípios da governança ambiental, pois envolve múltiplos interes s es dos us uários .

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A B S T R A C T

T he interferenc e of the na tural c onditions of the environment by human ac tivities expos es s us c eptibility to de gradation of the media and the c reation of ris k generating fac tors . F rom this premis e it is emphas iz ed the importance of knowledge and rec ognition of the natural vulnerability of the environment in whic h they live for manag ement purpos es , in this s ens e the waters hed is indicated as s patial area of s tudy and environmental planning. T he north-c entral portion of the s ta te of C eará, area drained by the bas in of the R io A c araú, is home to a divers e mos aic of environmental s ys tems and is marked by the his toric al proc es s of oc c upation of C eará river areas . T he divers e us es and oc cupa tions that exis t are often inadequate and exha us ting to environments . in orde r to meet the following objec tives : a diag nos is of the medium and low A c araú river c ours es with emphas is on the analys is of the c onditions of Natural vulnerability, ba s ed on the geos ys temic view, on the utiliz ation of the hydrographic ba s in as a unit of s tudy and on the diagnos is of the vulne rability c onditions , in order to guide the planning and mana gement of the bas in. T his objec tive was als o de lineated in as s es s ing how the ac tivities of us e and oc c upation of the area trig g er c hanges in the e nvironment, and the role played by the A c araú R iver B as in C ommittee. T hrough bibliographical and c artog raphic s urvey, field obs ervation and us e of geoproc es s ing tec hniques it was found that the na turally more vulnerable area - the lower c ours e of the bas in s ec tor - is the mos t intens ely bus y for divers e us es . T his intens e c onc entration has c aus ed, therefore, that area to be more environmentally vulnerable. Mana ging this bas in, es pec ially its middle and lower c ours es , prints the nee ds of a non-hierarc hic al and democ ratic mana gement, whic h s eeks to be bas ed on the princ iples of environmental governanc e as it involves multiple interes ts of us ers .

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L IS T A D E T A B E L A S

T abela 1 - O s C omitê s de B ac ia Hidrográfic a do E s tado do C eará... 56

T abela 2 - C ompos içã o dos C B Hs do E s tado do C eará... 57

T abela 3 - C ompos içã o do C omitê da B ac ia Hidrográfic a do R io A c araú... 57

T abela 4 - C ompos içã o do C omitê da B HA por s egmento... 58

T abela 5 - D efiniçã o da s unidades e c odinâ mic as ... 62

T abela 6 - E s tabilidade das unidades ... 63

T abela 7 - G rau de vulnerabilidade das c las s es identificadas ... 63

T abela 8 - Média das c las s es de V ulnerabilidade natural... 64

T abela 9 - D is tribuiçã o das unidade s geológic as na área do médio e baixo c urs os da B HA ... 73

T abela 10 - D is tribuiçã o das unidade s geomorfológicas do médio e baixo c urs os da B HA ... 79

T abela 11 - C arac teriz açã o hidroc limátic a por s etores da bac ia... 84

T abela 12 - P rec ipitaçã o pluviométric a média dos munic ípios da B HA ... 84

T abela 13 - D is tribuiçã o da s c las s es de s olo na área do médio e baixo A c araú... 92

T abela 14 - D is tribuiçã o da s unidades de vegetaçã o na área do médio e baixo c urs os da B HA ... 92

T abela 15 - P artic ipaçã o dos munic ípios da B HA no P IB c ea rens e ... 99

T abela 16 - D is tribuiçã o da populaçã o res idente... 102

T abela 17 - P rivações , IE S , E s c olarida de e populaçã o... 103

T abela 18 - D éfic it habitac ional total do C eará... 112

T abela 19 - Inadequa çã o domiciliar relac ionada à c arê nc ia de banhe iros ... 112

T abela 20 - Q uantific açã o da área de manguez al do complexo es tuarino do rio A caraú... 125

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L IS T A D E Q U A D R O S

Q ua dro 1 - Unidades geológic as ide ntific adas no médio e baixo A c araú... 72 Q ua dro 2 - S íntes e dos as pe c tos geomorfológic os do médio e baixo

c urs os da B HA ... 79 Q ua dro 3 - Munic ípios drenados integ ralmente ou parc ialmente pela

B HA ... 84 Q ua dro 4 - P rinc ipais c las s es de s olo e unidade s de vegetaçã o do

médio e baixo A c araú... 91 Q ua dro 5 - S íntes e dos princ ipais tipos de us o identificados no médio

e baixo A c araú... 129 Q ua dro 6 - R ec omendações para o ajus tamento entre vulnerabilidade

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L IS T A D E G R Á F IC OS

G ráfic o 1 - P rec ipitaçã o pluviométrica média dos munic ípios da B HA ... 87 G ráfic o 2 - P opulaçã o total dos munic ípios do médio e baixo c urs os

da B HA ... 101 G ráfic o 3 - A nos de es colaridade da populaçã o res idente nos

munic ípios do médio e baixo c urs os da B HA ... 105 G ráfic o 4 - P erc entual de privaçã o à educaçã o da populaçã o

res idente nos munic ípios do médio e baixo c urs os da B HA ... 106 G ráfic o 5 - P erc entual da populaçã o res ide nte nos munic ípios do

médio e ba ixo c urs os da B HA c om renda de 0-2 s alários mínimos ... 107 G ráfic o 6 - P as s ivo ambienta l da populaçã o res ide nte nos

munic ípios do médio e baixo c urs os da B HA ... 109 G ráfic o 7 - Número de autoriz ações para atividade s expe didas pe la

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L IS T A D E F IG UR A S

F igura 1 - A floramento de granito, Marc o-C E ... 71

F igura 2 - S e dimentos eólic os , A c araú-C E ... 71

F igura 3 - F aixa de praia, A c araú-C E ... 76

F igura 4 - P laníc ie fluviomarinha, A c araú-C E ... 76

F igura 5 - Imagem G O E S /ME T E O S A T de 14 de março de 2016 indic ando a atua çã o da Z C IT no C ea rá... 82

F igura 6 - V e getaçã o c om influê nc ia fluvial (C arnaúbas ) em Marc o-C E .. 90

F igura 7 - V e getaçã o c om influênc ia fluviomarinha (Mang ue z al) em A c araú-C E ... 90

F igura 8 - Números do emprego formal nos munic ípios do médio e baixo A c araú – C E ... 100

F igura 9 - Moradores locais pratic antes do extrativis mo vegeta l e maric ultura, A c araú-C E ... 116

F igura 10 - P rojeto de melhoria da infraes trutura turís tic a na praia de A rpoe iras , A c araú-C E ... 117

F igura 11 - C entro C omunitário que atende ao T uris mo C omunitário em C urral V elho, A c araú-C E ... 117

F igura 12 - C arc inic ultura, A c araú-C E ... 117

F igura 13 - C arc inic ultura em área de apic um, A c araú-C E ... 117

F igura 14 - P lac a indic ativa do P olo Moveleiro de Marc o-C E ... 119

F igura 15 - F ábrica de c imento, S obral-C E ... 119

F igura 16 - C entral eólica de V olta do R io, A c araú-C E ... 120

F igura 17 - A çudagem e pis c ic ultura. A çude J aibaras , S obral-C E ... 121

F igura 18 - A çude A c araú-Mirim, Mas s apê -C E ... 121

F igura 19 - A çude S abiá, Meruoc a-C E ... 121

F igura 20 - A çude do Q uebra, Meruoc a-C E ... 121

F igura 21 - B ombeamento da ág ua do rio para c arc inic ultura, A c araú-C E ... 123

F igura 22 - A gric ultura de s ubs is tê nc ia, S antana do A c araú-C E ... 123

(14)

F igura 24 - F ábrica de benefic iamento de pe s cado, A c araú-C E ... 124

F igura 25 - Naveg açã o em A c araú-C E ... 124

F igura 26 - Naveg açã o, S obral-C E ... 124

F igura 27 - D es s edentaçã o de animais , Morrinhos -C E ... 124

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L IS T A D E MA P A S

Mapa 1 - L oc aliz açã o da B ac ia Hidrográfica do R io A c araú... 22

Mapa 2 - Mapa de localiz açã o do médio e baixo A c araú... 70

Mapa 3 - Mapa das unidades geológ ic as do médio e baixo A c araú... 74

Mapa 4 - Mapa geomorfológic o do médio e baixo A c araú... 81

Mapa 5 - Mapa dos s olos do médio e baixo A c araú... 94

Mapa 6 - Mapa de vegeta çã o do médio e ba ixo A c araú... 95

Mapa 7 - Mapa de loc aliz açã o dos parque s eólic os ins ta lados em A c araú... 122

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L IS T A D E A B R E V IA T UR A S E S IG L A S

A NA A g ê nc ia Nac iona l de Á guas B HA B a c ia Hidrog ráfica do rio A c araú B NB B a nc o do Norde s te do B ras il

B ND E S B a nc o Nac ional de D es envolvimento E conômic o e S oc ial C B Hs C omitê s de B ac ias Hidrográficas

C E E IB H C omitê E s pe c ial de E s tudos Integ rados de B acias Hidrográficas C NUMA D C onferê nc ia da s Nações Unida s s obre Meio A mbiente e

D es envolvimento

C O G E R H C ompanhia de G es tã o dos R ecurs os Hídricos C P R M C ompanhia de P es quis as de R ec urs os Minerais D NO C S D epartamento Nac ional de O bras contra a S ec a F UNA S A F unda çã o Nac iona l de S a úde

F UNC E ME F undaçã o C earens e de Meteorologia G P S G loba l P os ition S ys te m

IB G E Ins tituto B ras ileiro de G eog rafia e E s tatís tic a IE S Índic e de E xc lus ã o S oc ial

IP E C E Ins tituto de P es quis a e E s tratégia E conômic a do C eará IS D R International S trate gy for D is as ter R educ tion

P NUMA P rograma das Naçõe s Unidas para o Meio A mbiente R MF R eg iã o Metropolitana de F ortalez a

S E MA C E S upe rinte ndê nc ia E s tadual do Meio A mbiente S D R S ec retaria de Des envolvimento R ural

S IG S is tema de Informaçã o G eog ráfic a

S ING R E H S is tema Nac ional de G erenc iamento de R ecurs os Hídric os S NUC S is tema Nac ional de Unidades de C ons ervaçã o da Naturez a S O HID R A S uperintendê nc ia de Obras Hidráulicas

S UD E NE S uperintendê nc ia de Des envolvimento do Nordes te UF C Univers idade F ederal do C eará – UF C

UC Unidade de C ons ervaçã o

UE Uniã o E urope ia

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S UMÁ R IO

1 INT R O D UÇ Ã O ... 20

2 MA T E R IA L E MÉ T O D O ... 30

2.1 F undamentaçã o teóric a... 30

2.1.1 P erc urs os e dimens ã o his tóric a do c o nc eito de v ulnera bilidade... 30

2.1.2 B rev e his tóric o s o bre a g es tã o dos rec urs os hídric os no B ras il... 39

2.1.3 A B ac ia Hidrog ráfic a c omo unidad e de es tudo fís ic o -territorial... 42

2.1.4 A c o ntrib uiçã o da anális e de v ulnerabilidade ao es tudo de bac ias hidrog ráfic as c o m v is tas ao planejamento... 48

2.1.5 G ov ernança ambiental em bac ias hidrog ráfic a s ... 50

2.1.6 O s C omitê s de B ac ia Hidrog ráfic a (C B Hs ): O C B H do R io A c araú... 54

2.2 P roc e dimentos operac ionais : s is tematiz açã o dos trabalhos ... 59

2.2.1 S ens o riamento R emoto e G eo proc es s a mento: proc e dimentos realiz ados ... 61

2.2.2 S eleçã o das v ariáv eis e indic ad ores de v ulnerabilid ade... 65

3 A B A C IA HID R O G R Á F IC A D O R IO A C A R A Ú: C A R A C T E R IZ A Ç Ã O F ÍS IC O-A MB IE NT A L D OS MUNIC ÍP IO S D R E NA D O S P E L A B A C IA ... 69

3.1 C arac teriz açã o g eoambiental... 71

3.1.1 B as e s g eológ ic as ... 71

3.1.2 D omínios g eo morfológ ic os ... 75

3.1.3 C ondiçõ es c limátic a s e hidrog ráfic as ... 82

3.1.4 O s s o los e a c o bertura v e g etal... 87

4 P A NO R A MA S O C IO E C O NÔ MIC O A T U A L D A B H A ... 97

(19)

4.2 Indic a dores s oc iais : Índic e de E x c lus ã o S oc ial (IE S )... 103

4.2.1 P as s iv o E duc açã o ... 104

4.2.2 P as s iv o R enda... 106

4.2.3 P as s iv o A mbiental... 107

4.3 Infraes trutura d omic ilia r: défic it e inadequaçã o... 111

5 P O T E NC IA L ID A D E S , L IMIT A Ç Õ E S NA T UR A IS E US O S : S ÍNT E S E D O O B J E T O... 115

6 A V A L IA Ç Ã O D A V UL NE R A B IL ID A D E D O S E T O R D E MÉ D IO E B A IX O C UR S O S D A B A C IA HID R O G R Á F IC A D O R IO A C A R A Ú... 132

6.1 A nális e d as d imens ões da V ulnerabilidade Natural... 132

6.2 A v aliaçã o dos proc es s os de us os e g ov ernança ... 134

6.3 A jus tamentos de g es tã o e territoriais das ativ idades de us o e oc upaçã o... 134

6.4 A p ontamentos e rec omendações para o us o... 136

7 C O NS ID E R A Ç Õ E S F INA IS ... 139

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1 INT R O D UÇ Ã O

A s relações e dinâ mic as ambientais es ta belec idas pelas c ondições naturais de func ionamento dos ambiente s s ã o modificada s frente à implantaçã o da s atividades humanas , res ultando, muitas vez es , no comprometimento das funçõe s ambientais de divers os meios .

O s c omponentes dos ambientes pos s uem variados graus de es tabilidade o que c onfere aos meios uma vulne rabilida de divers ificada. E s s a pe rcepçã o dos ambientes em s ua condiçã o inic ial de exis tê nc ia, incluindo s eus padrões naturais pré-es tabelec idos de dinâ mic a, é compree ndido c omo vulnerabilidade natural, c onforme dis c us s ões realiz adas por T agliani (2002).

A inte rferê nc ia des s as c ondições naturais do ambiente pelas atividades humanas expõem a s us c eptibilidade dos meios à deg radaçã o, e à c riaçã o de fatores geradores do ris c o.

P artindo-s e des s a dis cus s ã o res s alta-s e a importâ nc ia do c onhec imento e do rec onhe c imento da vulne rabilida de natural do meio em que s e vive, be m c omo dos elementos c omponentes e de terminante s da dis tribuiçã o e ocupa çã o dos es pa ços , c omo por exemplo, a água .

A s trans formaçõe s s oc iais em torno dos us os múltiplos da ág ua avançaram c onforme a evoluçã o tecnológic a e c ientífica das s oc iedades . A água nã o atende mais s omente à des s ede ntaçã o dos grupos humanos , mas à produçã o agrope c uária, atividade s indus triais divers ific adas , turis mo, balne abilidade entre outros , além de c ontinuar direc ionando a oc upaçã o dos e s paços .

D es de o proc es s o de oc upaçã o do es tado c earens e foram privilegiadas as áreas próximas aos c urs os fluviais por meio da pec uária extens iva e implantaçã o de faz endas de gado no vale dos princ ipais rios (S O UZ A , 2007) marc ando o iníc io da modificaçã o des s es ambientes . A s alteraçõe s nes s es rec urs os s ã o, portanto, his tóric as . A ág ua enqua nto elemento es s enc ial à vida no plane ta inevitavelmente direc iona a tendê nc ia de ocupa çã o do território (A L ME ID A ; P E R E IR A , 2009), no

es ta do c earens e a irreg ularidade c limátic a fortalec eu ainda mais es s a c ondic ionante. A porçã o centro-norte do es tado do C eará, área drenada pe la B a c ia

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c earens es . Nos munic ípios drenados por es ta ba c ia s ã o muitos os problemas dec orrentes dos us os e oc upa ções , inadequa dos e exaus tivos aos ambientes .

C onforme des c riçã o e c las s ific açã o da C ompanhia de G es tã o dos R ec urs os Hídric os - C O G E R H (2012), a ba c ia do rio A c araú tem uma área de drena gem de 14.416 km², c orres pondente a 9, 73% do território c earens e. P os s ui o rio A c araú como princ ipal e os rios dos Mac ac os , G roiaíras , J ac urutu, S abonete e J aiba ra como princ ipais afluentes (Mapa 1).

S eg undo c aracteriz açã o morfométric a da bac ia hidrográfic a do rio A c araú realiz ada por P inheiro, R os a e S ucupira (2006), a ba c ia drena o território de 27 munic ípios , s ituando-s e no médio e no baixo c urs os os munic ípios de S obral, Meruoc a, A lc â nta ras , Mas s apé, S antana do A c araú, Morrinhos , Marc o, B ela C ruz , C ruz e A c araú, c orres pondendo a 21, 5% do total da ba c ia, portanto aproximadamente 3.100km².

E m es pec ial no médio e no baixo c urs os da bac ia, objeto de pes quis a des te es tudo, os proc es s os de us o e oc upaçã o apres entam altos potenc iais de intervençã o e modificaçã o dos fluxos de energia des s e ambiente, alterando as c ondições de vulnerabilida de natural. V e rific am-s e us os múltiplos , variando des de as atividades de oc upaçã o urbana intens a, como no munic ípio de S obral, até a produçã o de camarã o em cativeiro, em A c araú.

No munic ípio de S obral, munic ípio c om 188.223 habitantes e 2.129km

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(IB G E , 2010) , loc aliz ado no noroe s te do es tado do C eará e drenado pela bac ia hidrográfic a do rio A c araú, pequena parcela da populaçã o ainda utiliz a o rio s uprac itado para lavag em de roupas e utens ílios domés tic os , mes mo c om a poluiçã o das água s . E nquanto que o inc remento da malha urbana do munic ípio com a inc lus ã o de novas atividades e us os provoc a tens ões s obre os ambientes . Na c idade de S obral é fac ilmente vis ualiz ada a pres ença de mac rófitas no es pelho-d’água , o que tem de s enc ade ado uma preoc upaçã o na c idade pelo des envolvido de ações

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Mapa 1 - L oc aliz açã o da B ac ia Hidrográfic a do R io A c araú

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O munic ípio de A c araú que pos s ui uma populaçã o de aproximadamente 57.551 habitantes e 842,555 km

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(IB G E , 2010), loc aliz ado no baixo c urs o da bac ia, abriga uma das mais ricas áreas da reg iã o, pois é onde es tá loc aliz ado um dos ec os s is temas mais expres s ivos do litoral, o manguez al, que dá s uporte econômic o a pes c adores e maris que iras , s endo alvo de his tóric as dis putas entre es te s e os c arc inic ultores . A c arcinic ultura tem s e apropriado das áreas de apic uns , c ons ideradas áreas de expa ns ã o do bos que de manguez al (ME IR E L L E S , S IL V A e S E R R A , 2001) , poluindo es s e ambiente e provoc ando prejuíz os à s prátic as exerc idas pe las c omunidades tradic ionais , c omo oc orre na c omunidade de C urral V elho

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, loc aliz ada na z ona es tuarina do rio A c araú.

Nes s e es tudo foram levantadas as potenc ialidades e us os dos ambientes do médio e ba ixo c urs o da B HA , onde s e obs ervaram alguns de s ajus tes no que s e refere à relaçã o us o e potenc ial, o que direc ionou a uma anális e des s as ações c omo agravantes da vulnerabilidade dos ambiente s .

A problemática res umidamente expos ta trata do proc es s o de vulne rabiliz açã o do médio e baixo c urs os da B a c ia Hidrográfica do rio A c araú, e requer a realiz açã o de es tudos e diagnós tic os a fim de c riar s ubs ídios para um melhor gerenc iamento e utiliz açã o da ba c ia hidrográfic a em anális e. Nes te c ontexto, c ons ideramos e jus tific amos que a realiz açã o de um diag nós tico pode te r c omo ê nfas e a anális e da vulnerabilidade e s er feito utiliz ando a bac ia hidrográfic a c omo unidade .

S antos (2004) c ons idera que na prática de realiz açã o de diagnós tic os o es ta do do meio cos tuma s er avaliado por temas relac ionados aos as pec tos fís icos , biológic os e avaliaçã o das atividades humanas , s oc iais e econômic as . Nes s e s entido, c ons ideramos que a avaliaçã o de um ambiente por meio da anális e da vulne rabilida de engloba ta is elementos e enfatiz a as res pos ta s do ambiente frente à interfe rê nc ia humana exis tente.

A ba c ia hidrográfic a por s er uma unidade na tural de pais agem, que repres enta a definiçã o es pa c ial de um s is tema aberto, onde ocorre uma c ontínua troc a de energia c om o meio (W A L L ING , 1980) é utiliz ada c omo rec orte es pac ial de

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es tudo e planejamento ambiental. P ermite, também, compatibiliz ar as divers idades demográfic as , s oc iais , c ulturais e ec onômicas das reg iões , bem c omo o c ontrole objetivo dos rec urs os na turais e s oc ioec onômicos , favorec endo a integraçã o de prátic as de us o e manejo do s olo, da ág ua e a organiz açã o comunitária (P INHE IR O , R O S A ; S UC UP IR A , 2006) . A lis ta de problemas exis tentes na B HA , s uprac itados , traz a nec es s ida de urgente de açõe s de melhoria no planejamento das c idades drenada s por es te rec urs o hídric o e a orientaçã o da dis tribuiçã o das atividades de us o e oc upaçã o. A jus tific ativa pa ra a es colha des te objeto e es tudo parte-s e de s s e pres s upos to.

P ara identific açã o, anális e e plane jamento dos proces s os que s e des enc adeiam nes s a área faz -s e nec es s ária uma vis ã o inte grada que totaliz e e as s oc ie elementos como geologia, geomorfologia, vegetaçã o, s olos , rec urs os hídric os , os proces s os de us o e oc upa çã o, bem c omo ec onomia e s oc iedade.

T odos os s etores da B HA apres entam grande divers idade de ambientes e us os , no entanto, nos s etores de médio e baixo c urs o es s es dados s ã o ainda mais elevados , o que introduz um alto número de elementos a s erem tabulados e ana lis ados , s itua çã o que direc ionou es te es tudo a utiliz ar s omente o rec orte do médio e ba ixo A c araú, bus c ando uma melhor qualidade à pes quis a, c ons iderando o tempo pré-es tabe lec ido c omo limite de aprofundamento do trabalho.

E m es tudos e monitoramentos já realiz ados ne s ta bac ia – Nas cimento (2006); A raújo e F reire (2007), entre outros - s e verific a preliminarmente um quadro s oc ial c om parcela da populaçã o em s itua çã o de vulnerabilidade s oc ial, inc apaz de res ponde r à s demandas ec onômic as , bus cando alternativas de s obrevivê nc ia de c erta forma impac tantes ao equilíbrio ambienta l, o que des encadeia, a c ontraponto, o a gravamento da vulnerabilida de ambiental.

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ou c ris es do amanhã ou do depois de amanhã , para tomar preoc upações e m relaçã o a e les ” ( B E C K , 1944, p. 40). A s oc iedade é, portanto, c oloc ada de s obreavis o.

D iante des s a dis c us s ã o, apropriar-s e da ges tã o dos ambientes , tendo as s oc iedades como partic ipantes nos proces s os dec is órios em torno de recurs os que envolvem múltiplos us os e inte res s es s obre ele, vis ando c ompatibiliz ar os interes s es de todas as pa rtes na manutençã o de um meio ambiente s adio, res ponde a es s a demanda .

E s s a propos içã o pauta-s e no princ ípio da governança, importante dis c us s ã o realiz ada por E linor O s trom na déc ada de 1990, quando foi res s altada a nec es s idade incontornável de que os be ns comuns tives s em um tipo de governança “polic ê ntrica”, que nã o prioriz as s e os padrõe s hierárquic os tradic iona is e s im a partic ipaçã o de divers os s egmentos na formulaçã o e implementaçã o de polític as públicas , c ontrole e ges tã o de recurs os de us o c omum (J A C OB I & S INIS G A L L I, 2012; V E IG A , 2014; OS T R O M, 2002).

Na ges tã o dos recurs os hídric os , o princ ípio da governa nça es tá materializ ado na atuaçã o dos c omitê s de bacia hidrográfic a, que prevê uma tomada de dec is ões democ rátic as em torno des te recurs o.

T ais carac terís tic as des c revem um panorama onde as condições naturais de vulnerabilidade natural da B HA impõem res trições ao us o em determinados ambientes , c ons iderando-s e s uas c ondições potenc iais à ocupaçã o por atividades antrópicas ; a nec es s idade de avaliaçã o des s as res trições ; o ajus ta mento entre potenc ialidade s e us os dos meios ambientes c omponentes da bac ia; e a es tratég ia de atuaçã o do C omitê de B ac ia Hidrog ráfica do rio A c araú pautado nos princ ípios da governança ambiental.

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A es c olha pela anális e da vulnerabilidade natural jus tific a-s e pela nec es s idade de s e cons iderar as c aracterís tic as naturais dos c omponentes do ambiente (geologia, g e omorfologia, s olos , veg eta çã o e rec urs os hídric os ) c omo uma vertente importante na determinaçã o da dis tribuiçã o da ocupaçã o pe las atividades humanas , mos trando as áreas que oferec em maior ou menor ris c o ambienta l.

P ara a anális e da vulnerabilidade, es te c onc eito é c ons ide rado c omo uma vertente do ris c o, elemento que foi pos to em des taque nas dis c us s ões rea liz adas no c apítulo de fundamentaçã o te óric a.

O es tudo amplia-s e ainda, ou s eja, pos s ui como objetivos es pec ífic os , a realiz açã o do mapeamento geológic o, geomorfológic o, pedológic o e de vegetaçã o da área pa ra fins de z oneamento; a elaboraçã o do levantamento das potenc ialidade s e limitações dos s is temas ambientais ao long o do médio e baixo c urs os da bac ia; a s eleçã o de indicadores para anális e da vulnerabilidade natural ao long o do s etor em es tudo; e na anális e do papel do c omitê de ba cias na ges tã o do rec urs o hídric o.

R es s alta-s e a importâ nc ia des te es tudo, c arac te riz ado por s ua vis ã o integ rada da relaçã o s oc iedade -naturez a, pois c ons idera as condições do ambiente e a atua çã o das s oc iedade s s obre ele, pauta ndo-s e, s obretudo, na jus tificativa de que a nã o c onformidade de determinados us os c om a potenc ialidade dos ambientes exis tentes , aliados a uma populaçã o com divers ific ados us os , variando de ac ordo c om s ua s ituaçã o econômic a e c ultural, agra vam a s ituaçã o degrada c iona l des ta bac ia hidrog ráfica.

A anális e das condições de vulnerabilidade pode auxiliar na organiz açã o de projetos e planejamento des s a área pautados em uma lógic a s us tentável, be m c omo, fundamentar futuras pe s quis as e avaliaçõe s , c omo E s tudos de Impac tos A mbientais (E IA s ) e polític as públic as ambientais .

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No s entido de des envolver a temátic a apres entada, e uma melhor ope rac iona liz açã o, es s a tes e foi dividida em oito c apítulos .

O C apítulo 1 c ontextua liz a a B ac ia Hidrog ráfic a do rio A c araú, em es pe c ial s eus médio e baixo c urs o, cons iderando os elementos que tornam pertinente s eu es tudo. O c apítulo também apres enta a jus tific ativa e os objetivos des te es tudo, e traz uma breve a pres entaçã o do objeto de es tudo.

O C apítulo 2 apres enta os proc edimentos adotados para a realiz açã o do es tudo, c itando as etapas realiz adas em gabinete e em c ampo. É des c rito um breve his tóric o s obre a ges tã o dos rec urs os hídric os no B ras il e traz uma apres entaçã o e dis c us s ã o ac erc a dos c onc eitos pertinente s para o des envolvimento da temática propos ta: a apropriaçã o dos c onceitos de B ac ia Hidrográfic a, R is c o, V ulne rabilida de, s eus perc urs os , dimens ã o his tóric a, aplicabilidade , integralidade e a relaçã o c om o planejamento integrado, bem c omo a des criçã o dos princ ípios de G overnança e G overnança ambiental. A des c riçã o e objetivos dos c omitê s de bac ias hidrográfic as também s ã o realiz ados nes te c apítulo.

No C apítulo 3 foram detalhadas as c arac terís tic as ambienta is (geologia, geomorfologia, c ondiçõe s c limáticas e hidrográfic as , s olos , vegetaçã o e potenc ialidade s e limita ções naturais ) do objeto de es tudo, traz endo imag ens , mapas , carta-imag ens , gráfic os e tabe las que auxiliam na de s c riçã o do ambiente em epígrafe.

No C apítulo 4 de s c reve e dis c ute o panorama s oc ioec onômic o atua l da B HA a pa rtir da c aracteriz açã o s oc ioec onômic a atual utiliz ando indic adores s oc iais s elec ionados a partir do Índic e de exc lus ã o S oc ial (IE S ) , e avaliaçã o da infraes trutura domic iliar c ons iderando s eu défic it e inade quaçã o.

O C apítulo 5 s intetiz a os us os – des tac ando os mais repres entativos - potenc ialidade s e limitações naturais da área de es tudo.

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us os e atividades de oc upaçã o, c ons iderando a vulnerabilidade , bem c omo propos tas de governança ajus tadas à realidade da B HA .

O C apítulo 7 apres enta apontamentos , cons ideraçõe s e propos ições ac erc a dos res ultados enc ontrados . O c apítulo também faz uma reflexã o s obre a nec es s idade de s erem reforçadas as polític as ambientais e de rec urs os hídric os , partindo da lógic a do plane jamento integrado e a reflexã o delineada no de c orrer do es tudo.

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2 MA T E R IA L E MÉ T O D O

2.1 F undamentaçã o teóric a

O de s envolvimento des te es tudo perc ebeu-s e a ne ces s idade de uma revis ã o do his tóric o da ges tã o dos rec urs os hídric os no B ras il que pe rmeas s e o c ontexto no qual s e ins ere a ba c ia hidrog ráfic a em es tudo. P ortanto, c ompreender c omo vem avançando as polític as de ges tã o da água é elemento importante para o embas amento des te traba lho, pois reflete o cenário atual e s ugere apontamentos de c omo s erã o de lineadas es s as polític as futuramente.

Na tentativa de c ompatibiliz ar as ativida des humanas de us o/oc upaçã o ao potenc ial ambiental, a fim de fornec er elementos a um melhor gerenc iamento da área em anális e, es s e es tudo também bus c ou s ubs ídio nos métodos e c onc eitos que permitem uma abordagem integ rada dos elementos pres ente s e atua ntes em c ada ambiente.

F oram elenc ados c omo mais pertinentes ao es tudo os c onc eitos de B ac ia Hidrográfic a, des tac ando-a c omo unidade de es tudo; o R is c o e a V ulnerabilidade, s endo es te último ana lis ado em algumas de s uas diferente s c onfigurações : natural e ambiental; G overnança e G overnança A mbiental; e a avaliaçã o do papel dos C omitê s de B a c ia Hidrog ráfic a ( C B H).

A as s oc iaçã o da anális e fís ic a e do c onhec imento teórico ac erc a do us o das bac ias e as alterações que podem s er des enc adeadas através da nã o c ompatibilidade entre us os e potenc iais ambientais enc aminha a dis c us s ã o para a anális e da vulne rabilidade natural que os ambientes pos s uem e ao quadro de vulne rabilida de ambienta l que s e des enha diante da s apropriaçõe s humanas .

2.1.1 P erc urs os e dimens ã o his tóric a d os c onc eitos de ris c o e v ulnerabilidade

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A c ons truçã o de um referenc ial teóric o s obre vulnerabilidade expõe a nec es s idade de aprofundamento nes s e termo, a fim de compreender as que s tões que envolvem des de os ambientes , em s ua forma natural, até aqueles com intens a intervençã o humana, bem c omo os grupos s oc iais envolvidos . S obretudo, devido à c arê nc ia de uma unidade de pens amento s obre es s e conc eito.

T raçando uma linha his tóric a do us o do c onc eito de vulne rabilida de, Marandola J r. e Hog an (2005) afirmam que os geóg rafos foram os primeiros a traz ê -lo pa ra o debate ambienta l no c ontexto dos es tudos s obre os ris c os . A dis c us s ã o ganha maior atençã o nas décadas de 1980 e 1990, quando as pes quis as deixam de s e oc upar apena s com os perigos naturais , pas s ando a enfoc ar também os pe rigos s oc iais e tec nológic os .

O ris c o por s er uma cons truçã o s oc ial, uma perc epçã o, é fator importante para a definiçã o da vulnerabilidade de de terminada área ou o grau de vulne rabilida de ao qual uma c omunidade es tá expos ta, pois proporc iona uma vis ã o ac erc a de uma potenc ialidade de ac idente, perturbaçã o ambiental ou catás trofe a que s e es tá expos to.

A lmeida relac iona em obra publicada em 2012 que a déc ada de 1980 es tá relac ionada c om a emergê nc ia da c iê nc ia da vulnerabilidade. O tratamento do referido c onc eito traz , ao long o do tempo, algumas mudanças de abordagem. D e ac ordo c om o autor s uprac itado, a vulne rabilidade é uma vertente do c onc eito de ris c o, onde R = f (P , V ) , onde P é o próprio evento perigos o (perigo), ou a s ua potenc ialidade de oc orrênc ia, e V é a vulnerabilida de intríns ec a de um indivíduo ou grupo de indivíduos .

O ris c o é determinado após o conhec imento do grau de vulnerabilida de e do perigo, pois ele res ulta des ta relaçã o. Des ta forma, o ris c o é uma s ituaçã o ou uma c ondiçã o (MA R A ND O L A J R ; HO G A N, 2004) e a vulnerabilidade ac aba por traduz ir es s a c ondiçã o. T orna-s e, portanto, indis pe ns ável o tratamento do c onc eito de ris c o para a definiçã o e rec onhec imento do que s e entende por vulnerabilidade em s uas diferentes abordag ens : natural, ambiental, s oc ial ou s oc ioambiental.

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D e ac ordo c om V eyret (2007, p. 24), o ris c o é a pe rc epçã o do perigo da c atás trofe pos s ível, s endo os fatores de ris c o os proc es s os naturais ou as c ons equê nc ias da s atividade s humanas ; e o perigo “[...] as c ons equê nc ias objetivas de uma áleas obre um indivíduo, um grupo de indivíduos , s obre a organiz açã o do território ou s obre o meio ambiente”. O ris co nas ce da pe rcepçã o de um pe rigo ou de uma ameaça potenc ial que pode ter origens divers as . P ode -s e defini-lo c omo a repres entaçã o de um pe rigo que afeta os alvos e que c ons tituem indic adores de vulne rabilida de (V E Y R E T , 2007) .

P ara B ec k (1986) é o c onc eito c entral do s éc ulo X X , uma das c omponentes maiores da es truturaçã o das s oc iedade s , mas s ua pos içã o no c ampo s oc ial varia ao longo do pe ríodo. O c onceito vivenc iou mudanças no us o dos c omponentes fís ic o e s oc iais e s ua trans formaçã o s e de u na perc epçã o do potenc ial de intrus ã o e modificaçã o que a atividade humana exerc e s obre os diferente s ambientes . R is c os tê m, portanto, “fundamentalmente, que s erem vis tos c om antec ipa çã o, c omo des truições que ainda nã o oc orreram, mas que s ã o iminentes , e que jus tamente nes s e s entido, já s ã o reais hoje (B E C K , 1986, p. 39)”.

O referido autor res s altou ainda que a his tória da dis tribuiçã o dos ris c os mos tra que es tes s e atê m, as s im como as rique z as , ao es quema de c las s es , porém, invers amente as rique z as ac umulam-s e em c ima, os ris c os em baixo. Is s o nã o s ignific a que em algum momento es tes ris c os nã o alcanc em o grupo que os produz iu, o que irá s e diferenc iar é a forma c omo reagirã o em res pos ta e os meios que os c apac itam para is s o, ou s eja, s e es tã o ou nã o em s itua çã o de vulne rabilida de. Q uem dis põe de c alço financ eiro de longo praz o pode tentar c ontornar os ris c os através da es c olha e do loc al e do tipo de moradia, mas s ofrer o impac to e nã o s ofrer o impac to des enc adeado pe lo ris c o nã o s e polariz am c omo ter propriedade e nã o ter (B E C K , 1944).

E ntendido c omo um componente rec orrente da s oc iedade moderna e uma c ons truçã o eminentemente s oc ial, é a perc epçã o de um indivíduo ou grupo de indivíduos da probabilidade de ocorrê nc ia de um evento potenc ialmente perigos o e c aus ador de danos , c ujas c ons equê nc ias s ã o uma funçã o da vulnerabilidade inerente ao indivíduo ou grupo (A L ME ID A , 2012).

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na atual c onc epçã o da s oc iedade nã o ate nde a es s e pa pel, s e trata do de forma is olada dos as pec tos ambientais e s oc iais .

A s bibliografias a pontam que s omente nas déc adas de 1950 e 1960 que é dis pe ns ada uma maior atençã o à s ques tões relac ionada s à s ativida des humana s e o ambiente de forma conjunta. O geóg rafo norte-americano G ilbert F . W hite com traba lhos relac ionados à E c ologia Humana no â mbito da S oc iologia e da G eografia, na Univers idade de C hic ago, na virada do último s éculo (MIL E T I, 1999) , é c ons iderado c omo pioneiro ne s s a inc lus ã o das influê nc ias humana s nos es tudos ambientais .

O s es tudos ainda c arec iam de uma propos ta mais s is te matiz ada, mas a tentativa s omente ocorre em 1972 quando, de ac ordo c om A lmeida (2012) , as abordag ens mais integrativas c omeçam a s e materializ ar. A té entã o, as pe s quis as c onc entravam-s e nas ameaças na turais e propunham res pos tas téc nic as c omo es tratég ia de res oluçã o. A s propos tas geográfic as e s oc iológ ic as foram agreg ada s , pautada s na anális e do pe rigo relac iona da à es c ala da pes quis a s obre de s as tres .

Na atualidade , o grupo de pes quis a de W hite é referê nc ia para a pes quis a ac erc a do ris c o e perigo, pois traz importantes c ontribuições , c omo a perc epçã o de que havia um c res c imento da frequê nc ia e da mag nitude dos eventos c atas tróficos , bem como de s uas perdas e c us tos , rec aindo rec orrentemente de forma diferenc iada em relaçã o a vários país es ; e que a forte inte rdependê nc ia exis te nte entre a dinâ mic a fís ic o-natural da T erra e os proc es s os de ocupaçã o do território, tem s e tornado o princ ipal res pons ável pe lo c res c imento das inc ertez as e dos danos à s populações , em es pec ial aque las mais vulne ráveis .

P ara Mendonça (2011) , ris c os , vulne rabilida des e res iliê nc ia inovam as abordag ens da produçã o des te c ampo do c onhec imento, pois introduz em uma nova pers pec tiva na pe rcepçã o e analis e dos es paços geog ráfic os , c ons tituindo as s im um tripé de fundamental importâ nc ia pa ra os es tudos geog ráfic os .

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P or s er um conc eito abordado em diferentes áreas da c iê nc ia, tornou-s e difíc il s ua formulaçã o e c ons ens o. S ua multidis c iplinariedade lhe permite perpas s ar pelas áreas ec onômicas , s oc iais e da s aúde, por exemplo, variando de uma vis ã o objetiva que qua ntifica es s a vulnerabilidade a uma mais s ubjetiva alc ançada por meio da anális e das interações s oc iais , c om uma leitura c arac terís tic a pa ra c ada dimens ã o em que é abordada.

Na C iê nc ia G eográfica, o es tudo da vulnerabilidade é as s oc iado aos ambientes e à s populações , podendo s er na tural, ambiental, s oc ial e s oc ioambiental, c omo s erá dis c utido a s eg uir.

P artindo da perc epçã o dos ambientes em s ua c ondiçã o inicial de exis tênc ia aborda-s e a vulnerabilida de c omo natural. A s c ondições naturais dos ambientes têm pas s ado por modific açã o de s eus fluxos de energia, potenc ializ ando o ris c o natural que de terminado ambiente oferece à s atividades humanas . Modificando, portanto, o que T agliani (2002) define c omo vulne rabilida de natural, que vis a mos trar a inte ns idade da s us c eptibilidade do ambiente levando-s e em c ons ideraçã o, para os fatores geomorfologia, geologia e s olos , a es tabilidade em relaçã o à morfog ê nes e e à pe dogê nes e e, para o fator vegetaçã o, a es trutura das redes e teias alimentares , o es tágio de fitos s uc es s ã o e a biodivers idade .

A preende -s e, des te modo, vulnerabilidade na tural c omo a s us c eptibilidade dos c omponentes naturais à de gradaçã o. Nas anális es e planejamentos ambientais , o es tudo da vulnerabilida de natural proporc iona o rec onhec imento das áreas s us c eptíveis a algum tipo de inte rvençã o humana, auxiliando na dete rminaçã o das aptidões ao us o e oc upaçã o.

P ara G rigio (2003) a geraçã o da c arta de vulne rabilidade natural objetiva a vis ua liz açã o da predis pos içã o do ambiente frente a fa tores ambientais naturais tais c omo: vegeta çã o, geomorfologia, geologia e s olos e es tabilidade em relaçã o à morfog ê ne s e e à pedogê nes e.

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Nes s a s itua çã o em que é inc lus o no ambiente um novo elemento à s ua dinâ mic a, o fator antrópic o, é carac teriz ado c omo vulnerabilidade ambiental. E ntende-s e por vulnerabilida de ambiental a s us c etibilidade maior ou menor de pes s oas , lug ares , infraes truturas ou ecos s is te mas de s ofrerem algum tipo de ris c o, perigo ou agravo. S egundo R ebelo (2003), exprime o grau da s c ons equê nc ias previs íveis gerada s por um fenômeno natural e que podem afetar um alvo. C arac teriz a-s e pelo potenc ial da pais agem em abs orver impac tos . A vulnerabilidade s e mede pela es timativa dos danos potenc iais e exprime a c apac idade de res is tê nc ia das pes s oas , lug ares , infraes truturas ou ecos s is temas diante de um perigo ou proc es s o.

P ara T agliani (2002), vulnerabilida de ambiental é definida c omo uma maior ou menor s us c eptibilidade que um ambiente qualquer apres enta a um potenc ial impac to neg ativo provoc ado por açõe s antrópicas .

P odemos entende r por vulnerabilidade ambiental a s us c eptibilidade de um s is tema à degrada çã o ambiental, cons iderando-s e a expos içã o do s is tema à s pres s õe s ambientais , a s ens ibilidade do s is tema à s pres s ões exerc idas e a c apa c idade de res pos ta do meio (A D G E R , 2006).

A definiçã o da vulnerabilidade ambiental pa rte, inic ialmente, das c arac te rís tic as naturais c omo geologia, geomorfologia, s olo e vegeta çã o, que s omados definem a es tabilidade do meio. Q uando o us o e oc upaçã o de s s e ambiente nã o s ã o c ondiz ente s com a aptidã o do mes mo, há um de s res peito à s limitações na turais , provoc ando impac tos negativos que ac ometem a própria populaçã o res pons ável por es te des res peito, bem c omo as áreas limítrofes (L O UR E IR O ; ME IR E L E S , 2013).

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E s s e fenômeno que c ombina a s us cetibilidade das pes s oas e c omunidade s expos tas c om s uas habilidades s oc iais , ec onômic os e culturais para lidar c om os danos que poderiam oc orrer, é denominado por B irkmann (2006) , c omo vulne rabilida de. A inda s egundo es te autor, a vulnerabilida de que lida c om a s us c eptibilidade dos s eres humanos e as condições nec es s árias de s ua s obrevivê nc ia e adaptações , é de nominada vulnerabilidade s oc ial.

Na c ondiçã o de vulnerabilida de, de ve-s e c ons iderar também a s ituaçã o das pes s oas quanto à ins erçã o e es tabilidade no merc ado de trabalho, a debilidade de s uas relaçõe s s oc iais e o grau de regularidade de ac es s o aos s erviços públic os ou outras formas de proteçã o s oc ial (K A T Z MA N, 1999) .

P ara Z anella et al. (2009) , a vulne rabilida de s oc ial é uma noçã o multidimens iona l, de corrente de fenômenos divers os , c om c aus as e c ons equê nc ias dis tintas , que afeta de forma diferenc iada a s pes s oas e g rupos s oc iais .

D es te modo, grupos s oc iais que nã o pos s uem meios de res ponde r a eventos advers os s ã o, c ons equentemente, mais afetados por es tres s es de na turez a ambiental e mais lentamente s e rec upe ram e s e preparam para outra advers idade.

P ara C ardona (2001, p. 03)

E n los país es en des arrollo s e perc ibe un inc remento en la vulnerabilidad oc as ionado por fac tores c omo el rápido e inc ontrolable c rec imiento urba no y el deterioro ambiental, que oc as ionan la pérdida de la c alidad de vida, la des truc c ión de los rec urs os naturales , del pais aje y la divers idad ge nétic a y c ultural ( C A R D O NA , 2001, p. 03)

Há, portanto, s eg undo o referido autor, uma reduçã o da c apac idade de país es em de s envolvimento, em es pec ial das grandes c idade s , de adapta r-s e ou ajus tar-s e a determinadas c irc uns tâ nc ias .

A s populações pobres que vivem na s c idades , de vido ao baixo poder aquis itivo, apropriam-s e da s áreas es quec ida s pelo poder públic o, geralmente ac ometidas por ris c os ambientais urbanos . Nes s a es treita relaçã o de oc upaçã o de áreas de ris c o pelos grupos vulneráveis s oc ialmente, D es champs (2004) c ons iderou a vulnerabilidade s oc ioa mbienta l c omo a coexis tê nc ia de ris c os ambientais e uma populaçã o em s ituaçã o de vulnerabilidade s oc ial, ou s eja, uma populaçã o em des vantagem s oc ial.

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s oc ioambienta l urbana que, “[...] também atrelada a uma s érie de c ontingê nc ias s oc iais , polític as , ec onômicas , c ulturais , tec nológic as , etc. explic itam diferentes c ondições de expos içã o e de fragilidade de grupos s oc iais aos ris c os ”. (ME ND O NÇ A , 2011, p. 114) .

A c ompreens ã o da s c ondições de vida da populaçã o que habita as c idades s e torna, no contexto atual, elemento fundamental para o entendimento dos problemas ambientais urbanos , pois , como res s altam G raz ia e Q ueiroz (2001), a vulne rabilida de s oc ioambiental é um exemplo de c omo o es paço é aque le onde vive e no qual s e artic ula indis s oluvelmente s oc iedade e meio ambiente.

A lmeida e C arvalho (2007) , ao traçarem uma breve dis c us s ã o ac erc a des s e arc abouço c onc eitual, des c revem que a vulne rabilida de é um c onc eito c omplexo, c om diferentes dimens õe s que podem s er c ons ideradas quando de s eu diag nós tic o. E s s as dimens ões inc luem: condições ec onômicas , s tatus s oc ial, as pe c tos étnic os , gênero, educaçã o, c ultura, entre outros . E s ta anális e mos tra a amplitude e o c uidado que s e deve te r ao s e traba lhar com es s e tema.

Na leitura aqui feita s obre os c onc eitos de vulnerabilidade, obs erva-s e que para a realiz açã o de um planejamento que es teja de ac ordo c om as potenc ialidade s e limita ções ambientais , devem-s e c ons ide rar as c ondições de s us c eptibilidade dos ambientes e o grau de alteraçã o que as atividades humanas des enc adeiam nos s is temas ambientais , ou s eja, c ons iderar as c ondições de vulne rabilida de natural e ambiental. D evem s er c ons iderados , também, os grupos s oc iais envolvidos , obs ervando c omo s e apropriam dos es pa ços .

É partindo des s a definiçã o que es s e es tudo irá s e pautar, em uma vis ã o integ rada que artic ule o s oc ial e o ambiental, utiliz ando-s e os c onc eitos de vulne rabilida de, por s e ins erirem nes ta pers pec tiva e por c ons iderarem os atores e s ua relaçã o com o meio, mos trando-s e c omo um es tudo dinâ mic o da relaçã o s oc iedade-ambiente.

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A vulnerabilidade tornou-s e um conc eito es s enc ial na abordag em dos ris c os e pe rigos , e c entral para o des envolvimento de es tratégias de reduçã o e mitigaçã o das c ons equê nc ias dos des as tres na turais , nas divers as es c alas de anális e (A L ME ID A , 2012). É importante res s altar a relevâ nc ia da avaliaçã o das vulne rabilida des ambientais no planejamento munic ipal e no ordenamento do es pa ço urbano, c onforme aponta S antos (2007).

A s s im, dentre as c iê nc ias ambientais , a c iê nc ia da vulnerabilidade pode c ontribuir pa ra o entendimento das c ircuns tâ nc ias que põem as pes s oa s s ob ris c o e das c ondic ionantes que reduz em a habilidade com que as pes s oas e os lugares res pondem à s ameaças ambientais , ou s eja, reduz em s ua res iliê nc ia (C UT T E R , 2003) .

C onforme já dis c utido por B ec k (1944) , os pe rigos podem ameaçar igualmente as c las s es s oc iais , no entanto, ating em aqueles grupos mais vulneráveis s oc ialmente por fatores divers os , mas , s obretudo, a c ondiçã o da moradia, a s ituaçã o de renda, e a oc upa çã o de áreas de ris c o que os fragiliz am para res ponde r a es s as s ituações . C ontrolar o efeito dos ris c os ambientais nã o is enta a populaçã o de s er atingida, o trabalho em torno des ta problemátic a envolve ainda outros fa tores , como c apa c itá-la para tal s ituaçã o.

A reduçã o da vulnerabilida de é apontada por Hogan e Marandola J r. (2005) c omo c ruc ial para o aumento das açõe s voltadas à s us tenta bilidade , pois c apa c ita os grupos a res ponderem à s s ituaçõe s advers as , tanto de ris c os s oc ial c omo ambienta l. P ortanto, c ompreender es s a c onjuntura dos problemas s oc iais e as c ondições dos ambientes diante das divers as apropriações aos quais es tã o s ujeitos requer a anális e e compreens ã o da vulnerabilida de dos dois elementos envolvidos : naturez a, reconhec endo s uas potenc ialida des e limitações , e s oc iedade, inves tigando o que as torna vulnerável, ne s ta anális e uma naturez a delimitada pela área de uma bac ia hidrog ráfic a.

E s s e es tudo es tá centrado apenas na utiliz açã o dos conc eitos de vulne rabilida de natural e ambiental, porém realiz ar uma revis ã o te óric a que perpas s a pelos conc eitos de vulnerabilida de s oc ial e s oc ioambiental amplia a vis ã o das pos s ibilida des de anális e do objeto.

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2.1.2 B rev e his tóric o s o bre a g es tã o dos rec urs os hídric os no B ras il

A mane ira de pens ar e gerir os rec urs os hídric os também tem evoluído para ac ompanhar s eus us os , no entanto perc ebe-s e um des enc ontro entre a apropriaçã o do rec urs o água pelas divers as vertentes da s oc iedade , formas de planejamento, ges tã o e gerenc iamento. S obretudo, porque as bacias hidrográfic as , nunca es tã o delimitada s c onforme a divis ã o munic ipal, drenando mais de um munic ípio ou até es tado, o que reque r uma ges tã o integ rada que envolva os trê s entes fede rados .

D e ac ordo c om R ibeiro (2008) a pa rtir de inúmeros enc ontros mundiais oc orreram alguns avanços em bus c a de organiz ar a ges tã o da água , s endo eles : a C onferê nc ia de Dublin (1992) ; a C onfe rê nc ia do R io (1992); a C onferê nc ia de Noordwijk (1994); ou, ainda, a c riaçã o do C ons elho Mundial da Á gua (1996) e a P arc eria G lobal da Á gua (1996); a C onvençã o de Hels inque (1992) ; a C onfe rê nc ia de P aris (1992) ; os F óruns Internac ionais da Á gua (1994-2007) e, por fim, a legitimaçã o do A no Internac ional da Á gua.

Nota-s e, de ac ordo com F elic idade, Martins e L eme (2006) que uma s ignific ativa trans formaçã o s oc ial es tá em andamento, impuls ionando ges tores públicos e us uários , de forma geral, a pens ar em dimens ões que ultrapas s am a es fera do ec onômic o no ac es s o e no us o da ág ua. D imens ões tais c omo a valoriz açã o de alguns dos direitos de c idadania e c ritérios de s us tentabilidade ambiental.

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No c as o bras ileiro, os atua is modelos de ges tã o das bac ias hidrográfic as tê m a c omplexa mis s ã o de s uperar s éc ulos de vis õe s reduc ionis tas das relaçõe s s oc iedade-naturez a, pois embora a pe rc epçã o das frag ilidade s ambientais s eja remota, formalmente as dis c us s ões s ó foram inic iada s nos anos de 1970. A s C onferê nc ias A mbientais em pauta na déc ada s uprac itada impuls iona ram ta l dis c us s ã o. No pa ís a primeira tentativa de s e organiz ar uma ges tã o voltada para as água s remonta à década de 1930, c om o C ódigo de Á guas , publicado em 10 de julho de 1930 (A L ME ID A ; P E R E IR A , 2009).

A leitura do C ódigo de Á guas (B R A S IL , 1934) demons tra que es s a L e i repres entou c ons ideráveis a vanços , até mes mo à frente de s ua época, porém nã o c ons eguiu ter s eus dis pos itivos c ompletamente implementados . É c ons iderado c ompleto, pois nã o s e ateve apenas à utiliz açã o das ág ua s , mas também à oc upaçã o da s áreas de mangue, à formaçã o ou des aparec imento de ilhas e aos efeitos de enc hente s , além de c ons iderar as ág ua s pluviais e a naveg açã o, e prever a ne c es s ida de de autoriz açã o adminis trativa para a agric ultura e indús tria para des c artarem s eus efluente s (C E A R Á , 2004) .

C omo apontado ante riormente, o iníc io dos proc es s os de ges tã o da água no B ras il remonta à c riaçã o da D iretoria de Á guas do Minis tério da A gric ultura, em 1933 e fortalec ido pe la ediçã o do C ódigo da s Á guas em 1934 (A L ME ID A ; P E R E IR A , 2004) , no entanto, es s e gerenc iamento da água era de res pons abilidade do s etor elétric o, pois o C ódigo entendia que a geraçã o de energia e ra prioridade.

A ág ua pos s ui divers os us uários , entre eles o s etor energétic o, no entanto, apenas es te us uário c uidava de s ua adminis traçã o, c onfiguraçã o s us te ntada por pelo menos s eis déc ada s . S omente c om a ins tituiçã o da P olític a Nac iona l de R ec urs os Hídricos de 1997, L ei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, es s e gerenc iamento foi direc ionado para um órgã o inde pende nte. T rans fe riu-s e pa ra o S is tema Nac ional de G e renc iamento de R ec urs os Hídricos (S ING R E H) a c ompetê nc ia de legis lar a res pe ito, órgã o que te ve s ua c riaçã o indic ada ainda na C ons tituiçã o de 1988, mas efetivado em 1997 (B R A S IL , 1997) .

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c omitê s exec utivos de bac ias hidrog ráfic as para um novo s is tema e a ins tituiçã o dos s is temas es taduais de gerenc iamento de rec urs os hídricos (C E A R Á , 2004) . T odo es s e proces s o res ultou na inc lus ã o, na C ons tituiçã o F ederal de 1988, da c ompetê nc ia da Uniã o pa ra legis lar s obre a ins tituiçã o S ING R E H (B R A S IL , 2011) .

A P olític a Nac ional de R ec urs os Hídric os foi bas eada nos fundamentos da água c omo um bem de domínio públic o, como um recurs o natural limitado, dotado de valor ec onômico. S eu us o prioritário pa ra o c ons umo humano e a des s edentaçã o de animais e s ua ges tã o devem s empre proporc ionar o us o múltiplo da s água s , tendo a ba c ia hidrog ráfica c omo a unida de territorial para implementaçã o de s ua polític a e atuaçã o do S ING R E H, as s im, s ua ges tã o deve s er des c entraliz ada e c ontar com a partic ipaçã o do P ode r P úblic o, dos us uários e das c omunidade s (B R A S IL , 1997).

P ara s eu des empenho, no A rt. 33 da L ei s uprac itada , o S ING R E H c onta c om integ rantes , s endo eles : I - o C ons elho Nac ional de R ec urs os Hídricos ; I – A - a A gê nc ia Nac iona l de Á g uas ; II - os C ons elhos de R ec urs os Hídric os dos E s tados e do D is trito F ederal; III - os C omitê s de B ac ia Hidrográfic a; IV - os órgã os dos poderes públicos federal, es taduais , do D is trito F ede ral e munic ipais c ujas c ompetê nc ias s e relac ionem c om a ges tã o de rec urs os hídric os ; V - as A gê nc ias de Á gua (B R A S IL , 1997) .

V oltando um pouc o na linha dos ac ontec imentos , logo após a C ons tituiçã o do B ras il de 1988 vieram as c ons tituições es taduais que, em s ua maioria, também abordaram o tema rec urs o hídrico. E m s eguida, alguns es tados bras ileiros c omeçaram a c riar as leis es taduais de rec urs os hídricos (MOR E IR A , p.70, 2006), originando as S ec retarias de R ec urs os Hídric os (S R H).

É ne s s a conjuntura que os es tados bras ileiros pa s s am a redis c utir e fundamentar s uas leis pa ra a ges tã o de recurs os hídric os , te ndo c omo bas e alguns des s es princ ípios , c omo: uma ges tã o des c entraliz ada e partic ipativa da água; a ág ua c omo um bem público e c om valor ec onômic o; os ins trumentos de planejamento e regulaçã o por bac ia; ins trumentos ec onômic os para a ges tã o da ág ua c omo c obrança pelo s eu us o, e, s obretudo, a ba c ia hidrográfic a como unidade territorial de planejamento e ges tã o (B R A S IL , 1997) .

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refere à problemátic a da degrada çã o ambienta l, vis ível no es tado do C eará, alguns deles as s oc iados ao fenômeno da des ertificaçã o (NA S C IME NT O , 2013; P E R E IR A ; S IL V A , 2007). A c ondiçã o de exis tê nc ia de Neos s olos L itólic os , c arac teriz ados de ac ordo com P ereira e S ilva (2007) c omo s olos de alta s us c eptibilidade aos proc es s os eros ivos e à des ertific açã o, aliada à s irreg ularidades c limátic as e a nã o organiz açã o dos proces s os de us o-oc upaçã o do s olo, princ ipalmente nas bac ias hidrográfic as , gera uma s itua çã o de frag ilida de ambiental, onde a intervençã o humana pode des enc adear impac tos ambientais de diferentes magnitudes .

É importante res s altar que o termo fragilidade refere-s e à es tabilida de e equilíbrio dinâ mico dos ambientes , as s im c omo avaliou R os s (1994) ao ampliar o c onc eito de ecodinâ mic a de T ricart (1977) e definir as unidades de fragilidade em potenc ial e emergente, c riando c inc o s ubc ategorias em níveis hierárquic os .

D iante dos elementos que podem ag ravar a s itua çã o de vulnerabilidade dos ambientes e s eus rec urs os naturais , a ág ua , s obretudo, s ua ges tã o, nã o pode mais s er res trita ao s eu valor ec onômic o as s oc iado aos us os , mas s im, s er ampliado à es fera da s us tentabilidade s oc ial, o direito ao ac es s o e à s ques tõe s de J us tiça ambiental. A s diferentes formas de apropriaçã o des s e rec urs o devem res peitar a uma lógic a democ rátic a que envolva todos os inte res s ados na tomada das dec is ões .

2.1.3 A B ac ia Hidrog ráfic a c omo unidad e de e s tudo fís ic o-territorial

O planejamento na atua lidade c ontempla a s oc iedade c omo elemento atuante devido s eu papel c omo inte rventora da dinâ mic a ambiental, e c omo es péc ie que pos s ui a manutençã o de s ua exis tê nc ia c ondic ionada ao recurs o ág ua em s ua utilida de mais s imples .

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